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12/02/20 1 CINESIOTERAPIA I FLÁVIA PORTO Plano de ensino UNIDADE I: HISTÓRIA DA CINESIOTERAPIA • Utilização de exercícios como modalidade terapêutica na pré-história, história antiga em história moderna. • Relação entre o movimento sendo lesional e também terapêutico. UNIDADE II: PRINCÍPIOS E MEIOS DA CINESIOTERAPIA • Análise das necessidades do paciente • Desenvolvimento e implementação do plano de tratamento • Avaliação do plano de tratamento UNIDADE III: MOBILIZAÇÃO MANUAL PASSIVA • Conceito • Osteocinemática e artrocinemática • Princípios básicos • Técnicas específicas • Indicações e contra-indicações UNIDADE IV: EXERCÍCIOS ATIVOS • Fundamentos • Princípios básicos • Ativo assistido • Ativo-livre • Indicações e contra-indicações UNIDADE V: EXERCÍCIOS ISOTÔNICOS E ISOMÉTRICOS • Introdução • Estrutura muscular • Estrutura nervosa • Tipos de contração muscular • Amplitude de trabalho muscular UNIDADE VI: ALONGAMENTOS • Conceito • Classificação: estático, balístico, cíclico, flexionamento, facilitação neuromuscular proprioceptiva e rítmico • Efeitos fisiológicos (platicidade) a curto e longo prazo • Indicação, contra-indicação e precauções UNIDADE VII: EXERCÍCIOS DE POTÊNCIA E RESISTÊNCIA • Resistência • Potência • Princípios básicos • Técnicas específicas • Indicações e contra indicações UNIDADE VIII: MECANOTERAPIA • Mecânica do movimento • Força e massa • Leis de Newton do movimento • Trabalho mecânico e energia mecânica • Conceitos de comportamentos elástico e plástico • Primeira condição de equilíbrio • Torque de uma força • Segunda condição de equilíbrio • Alavancas, máquina simples, polias e pêndulos • Aparelhos utilizados: Barras paralelas, escada rampa ou escada de canto, tábua de abdução, tábua de eversão e de inversão, bicicleta estacionária, bicicleta ergométrica, exercitador de tornozelo, mesa de quadriceps o Bonnet, botas de Delorme, espaldar ou barra de Ling, escada digital, rolo de punho, prono-supinador, roda náutica ou roda de ombro, exercitador de dedos e mãos, mesa ortostática, tração cervical, tração lombar, suspensão e acessórios para cinesioterapia. • Princípios • Técnicas 12/02/20 2 UNIDADE IX: EXERCÍCIOS DE ESTABILIDADE, EQUILÍBRIO E PROPRIOCEPÇÃO (CINESTESIA) • Conceito dos exercícios cinestésicos e proprioceptivos • Estruturas neurofisiológicas envolvidas • Exercícios para aumento da cinestesia • Efeitos neurofisiológicos dos exercícios • Indicação, contra-indicação e precauções UNIDADE X: REEDUCAÇÃO/ TREINAMENTO FUNCIONAL • Reeducação funcional de atividades na cama • Movimento e estabilidade ao nível do chão • Reeducação funcional dos membros • Reeducação funcional da marcha CINESIO = MOVIMENTO + TERAPIA é o uso do movimento ou exercício como forma de tratamento QUAL O SEU GRAU DE MOBILIDADE? QUAL A FREQUÊNCIA DE EXERCÍCIOS? Histórico • Em um período entre 4000 a.C. e 395 d.C. o movimento humano era utilizado no tratamento de disfunções estabelecidas, já instaladas e faziam parte das funções dos sacerdotes. • Final da idade média e início do Renascimento: exercício era ligado à cultura da beleza física, do belo. • Final do renascimento: cinesioterapia tinha a finalidade de manutenção de uma saúde forte, tratamento de enfermidades, reeducação de convalescentes e correção de deformidades. • Guerras: grande campo de atuação da cinesioterapia, favorecendo o crescimento da fisioterapia e desta área. • O exercício terapêutico tem como objetivo manter, corrigir e/ou recuperar uma determinada função, ou seja, restaurar a função normal de corpo ou manter o bem estar. • Principal finalidade: manutenção ou desenvolvimento do movimento livre para a sua função, e seus efeitos baseiam-se no desenvolvimento, melhora, restauração e manutenção da força, da resistência à fadiga, da mobilidade e flexibilidade, do relaxamento e da coordenação motora. 12/02/20 3 • O exercício ativo se divide em três tipos: ü Ativo-assistido: realizado pelo paciente que recebe ajuda parcial do terapeuta; ü Ativo livre: realizado pelo paciente com ou sem a ação da força da gravidade; ü Ativo-resistido, quando o movimento é realizado contra a resistência manual, mecânica ou fluida. Amplitude de movimento • ADM: movimento completo possível. • “Quando um seguimento se move em sua amplitude de movimento, todas as estruturas da região são afetadas: músculos, fáscias, vasos e nervos.” (Kisner & Colby, 1998) • Amplitude articular: geralmente medida com goniômetro e registrada em graus (flexão, extensão, abdução, rotação,...). • Amplitude muscular: está relacionada com a excursão funcional dos músculos. ü Excursão funcional: distância que um músculo é capaz de encurtar após ter sido alongado ao máximo. • ADM passivo: movimento dentro da ADM livre para um segmento, produzido por força externa (gravidade, aparelho ou outra pessoa); – Não há contração muscular voluntária; – Usada quando a pessoa não está apta para mover, ativamente, um segmento do corpo OU para demonstrar um movimento. • ADM ativo: movimento dentro da ADM livre, produzido por uma contração ativa dos músculos que cruzam a articulação. • ADM ativo-assistido: assistência realizada por força externa, manual ou mecânica; ü Os músculos que realizam o movimento precisam de assistência para completá-lo. AMBAS SÃO USADAS QUANDO A PESSOA ESTÁ APTA PARA CONTRAIR ATIVAMENTE OS MÚSCULOS E MOVER O SEGMENTO, COM OU SEM ASSISTÊNCIA. 12/02/20 4 MOBILIZAÇÃO MANUAL PASSIVA • Mobilização articular refere-se às técnicas de terapia manual usadas para modular a dor e tratar as disfunções articulares que limitam a amplitude de movimento, abordando especificamente alterações na mecânica articular. • Movimento passivo realizado pelo fisioterapeuta com velocidade baixa. • Visa diminuir a dor ou aumentar a mobilidade (ADM) Artrocinemática ARTRO = ARTICULAÇÃO CINÉTICA = MOVIMENTO • Movimentos que ocorrem no interior da articulação ü Rolamento (um osso rola sobre o outro). ü Deslizamento (um osso desliza sobre o outro). ü Giro (um osso gira sobre o outro). ü Tração (um osso se afasta do outro – separação das superfícies articulares). ü Compressão (um osso de aproxima do outro – diminuição do espaço articular). • Rolamento ü Ocorre na mesma direção que a oscilação. ü Causa compressão de um lado e separação de outro. • O rolamento é sempre na mesma direção que o movimento ósseo convexo ou côncavo. • Deslizamento ü As superfícies são planas. ü Regra do convexo- côncavo. 12/02/20 5 • Giro ü Rotação de um segmento sobre um eixo estacionário. ü Ocorre em combinação com o rolamento e deslizamento. • Compressão ü Diminuição do espaço articular ü Cargas compressivas normais: nutrição ü Cargas compressivas altas: deterioração • Tração ü Separação das superfícies. ü Controla a dor e alonga a cápsula retraída. Osteocinemática • Movimentos fisiológicos da diáfise óssea. • Podem ser realizados voluntariamente de acordo com os planos do corpo. 12/02/20 6 Lei do côncavo - convexo • O movimento articular é uma combinação variável de movimentos acessórios. • A variação dessa combinação depende da direção em que ocorre o movimento, da área de superfície do osso estacionário ou em movimento. • “Se um osso da convexidade move-se sobre o osso que apresenta a concavidade, a superfície convexa move-se em sentido oposto ao do segmento ósseo.” (Lehmkuhl,1997) • Quando um osso convexo move-sesobre um côncavo, ele deve primeiro realizar um movimento de rolamento anterior e deslizamento posterior – direções opostas. QUANDO A SUPERFÍCIE ARTICULAR PROXIMAL FOR CONVEXA E A DISTAL CÔNCAVA, O MOVIMENTO ARTROCINEMÁTICO OCORRE NA MESMA DIREÇÃO DO MOVIMENTO OSTEOCINEMÁTICO • “Se um osso com a concavidade for movido sobre o osso sobre a convexidade, a estrutura côncava se moverá no mesmo sentido do segmento ósseo.” • Quando um osso côncavo for movido sobre um osso convexo, a estrutura côncava deve primeiro rolar anterior e deslizar posterior - as direçoes dos dois movimentos são para o mesmo sentido. 12/02/20 7 QUANDO A SUPERFÍCIE ARTICULAR PROXIMAL FOR CÔNCAVA E A DISTAL CONVEXA, O MOVIMENTO ARTROCINEMÁTICO OCORRE NA DIREÇÃO OPOSTA DO MOVIMENTO OSTEOCINEMÁTICO Côncavo fixo Convexo móvel Convexo fixo Côncavo móvel Rotação e translação em sentidos opostos Rotação e translação no mesmo sentido Movimento Movimento • Técnicas passivas de baixa velocidade usadas para tratar disfunções articulares como a rigidez, hipomobilidade e dor. Movimentos Fisiológicos • Tipos Mov. Integrante Movimentos acessórios Mov. Intra articular • Movimentos acessórios: dentro da articulação e tecidos vizinhos, que são necessários para a ADM normal. ü Movimentos integrantes: acompanham o mov. ativo mas não estão sob controle voluntário; ex. mov. de escápula e clavícula que ocorrem com flexão de ombro. ü Movimentos intra-articulares: ocorrem dentro da articulação e descrevem a distensibilidade na cápsula articular, que permite que os ossos se movam. Podem ser demonstrados passivamente, mas não podem ser realizados ativamente pela pessoa. Benefícios da mobilização articular • Movimenta o líquido sinovial – traz nutrientes para a cartilagem articular. • Mantém a extensibilidade nos tecidos articulares e periarticulares. • Estímulo proprioceptivo - mellhor percepção de posição e movimento, causada pelos proprioceptores articulares. • Analgesia e diminuição do espasmo muscular. • Aumento ou manutenção da ADM. • Aumenta a velocidade de execução do movimento. • Recupera ou melhora a função estabilizadora. 12/02/20 8 Indicações 1.DOR E ESPASMO MOVIMENTOS OSCILATÓRIOS DE PEQUENA AMPLITUDE ESTIMULAM OS MECANORRECEPTORES INIBINDO A TRANSMISSÃO DE ESTÍMULOS NOCICEPTIVOS NA MEDULA ESPINHAL OU NO TRONCO CEREBRAL + TRAÇÃO OU DESLIZAMENTO DE PEQUENA AMPLITUDE PROMOVEM MOVIMENTAÇÃO DO LÍQUIDO SINOVIAL 2. HIPOMOBILIDADE ARTICULAR ALONGAMENTO MANTIDO OU OSCILATÓRIO INTRA- ARTICULAR DISTENDE MECANICAMENTE O TECIDO ENCURTADO 3. LIMITAÇÃO PROGRESSIVA MANTÉM A MOBILIDADE EXISTENTE OU RETARDA RESTRIÇÕES MECÂNICAS PROGRESSIVAS EM CASOS DE DOENÇAS LIMITANTES 4. IMOBILIDADE FUNCIONAL PARA MANTER A MOBILIDADE INTRA- ARTICULAR EXISTENTE E PREVENIR EFEITOS DEGENERATIVOS E RESTRITIVOS DA IMOBILIDADE Cuidados 1. HIPERMOBILIDADE: técnicas suaves podem ser benéficas 2. DERRAME ARTICULAR: a cápsula já se encontra distendida pelo edema; movimento limitado; utilizar movimentos oscilatórios suaves. 3. PROCESSOS INFLAMATÓRIOS: oscilações suaves podem reduzir a dor. 4. NEOPLASIAS 5. OSTEOPOROSE 6. FRATURA 7. DISTÚRBIOS VASCULARES GRAUS (Maitland) • Grau 1- movimentos de pequena amplitude no início do arco de movimento. Indicado quando o paciente está com dor e espasmo, limitando o início do movimento. • Grau 2- movimentos de grande amplitude. Indicado quando a dor aparece no meio da amplitude de movimento e quando o espasmo limita o movimento em uma oscilação mais rápida. 12/02/20 9 • Grau 3- Movimentos de grande amplitude até a barreira patológica, com o objetivo de gerar estresse no tecido encurtado por aderências. Utilizada quando a dor e o espasmo limitam o movimento próximo ao final do arco de movimento. • Grau 4- Movimentos de pequena amplitude realizados no final do arco de movimento. É utilizado quando a resistência é responsável pela limitação do movimento, sem dor ou espasmo. O estresse gerado pelos micromovimentos neste grau é capaz de movimentar discretamente os tecidos fibróticos. • Grau 5- thrust (movimento em alta velocidade e com muita precisão). Movimentos de pequena amplitude com impulso rápido (thrust) ao final, podendo ou não ocorrer um estalido. MOBILIDADE INTRA- ARTICULAR EXISTENTE ALONG RE SIS TÊ NC IA DO TE CI DO LIM ITE AN AT ÔM IC O 1 2 3 4 Aplicações • Graus I e II : analgesia (fase aguda). Contribuem no movimento do líquido sinovial para melhorar a nutrição da cartilagem. • Graus III e IV : aumentar a ADM (fase subaguda e crônica) à manobras de alongamento. Velocidade e duração • Grau I e IV: oscilações rápidas 3 à 4 segundos; vibrações manuais. • Grau II e III: oscilações regulares 1 à 2 minutos (2 ou 3 por segundo). Graus (Kaltenborn) • Grau I: separação (tração) de pequena amplitude sem sobrecarga sobre a cápsula articular. • Grau II: separação (tração) ou deslizamento suficiente para tensionar os tecidos em torno da articulação. • Grau III: separação (tração) ou deslizamento com grande amplitude, suficiente para alongar a cápsula articular e estruturas periarticulares. 12/02/20 10 MOBILIDADE INTRA- ARTICULAR EXISTENTE ALONG RE SIS TÊ NC IA DO TE CI DO I II III LIM ITE AN AT ÔM . Velocidade e duração • Tração intermitente por 7 a 10 segundos. • Intervalos de poucos segundos. Observações • Aplicar em dias alternados: contribui para redução da dor e regeneração tecidual causada pelo alongamento. • Dor após 24h: atividade exagerada à reduzir a dosagem • Feedback do paciente antes da próxima intervenção Alongamento • ADM normal = mobilidade e flexibilidade de tecidos moles que circundam a articulação. • Flexibilidade: habilidade para mover uma articulação através de uma ADM livre de dor e sem rstrições. • Alongamento: manobra terapêutica elaborada para aumentar o comprimento de estruturas de tecidos moles patologicamente encurtadas – aumentando, também, a ADM. • Propriedades dos tecidos moles relacionadas ao alongamento: ü Elasticidade: capacidade do tecido mole retornar ao seu comprimento de repouso após o alongamento passivo. ü Plasticidade: tendência do tecido mole assumir um comprimento novo e maior após a força de alongamento ter sido removida. 12/02/20 11 • Alongamento passivo manual ü Paciente relaxado – força externa, aplicada manualmente ou mecanicamente – alongamento de tecidos encurtados. ü Não existe contração voluntária dos músculos agonistas (músculo oposto ao alongado). ü Os tecidos são alongados além do seu comprimento de repouso. ü As estruturas vão além da sua ADM livre. ü 15 a 30 seg; repetido várias vezes. (Kisner & Colby, 1998) • Alongamento passivo mecânico: ü Força externa de baixa intensidade, por um período prolongado de tempo (20 min a várias horas) • Alongamento ativo: existe a ocorrência de contração voluntária dos músculos agonistas. • Ativo-assistido: no início de sua aplicação é feito de forma ativa com auxílio do profissional visando completar a amplitude de movimento, mas o indivíduo não deixa de buscar a realização voluntária do movimento. 12/02/20 12 • Reflexo de estiramento:ü Quando ocorre alongamento da fibra muscular o fuso envia sinais sensitivos à medula espinhal e a resposta é uma contração deste mesmo músculo para evitar a ruptura das suas fibras, gerando uma resposta protetora. ü Alongamentos em alta velocidade aumentam a tensão no músculo que deveria ser alongado. ü Alongamentos em baixa velocidade – OTG dispara e inibe a tensão no músculo, permitindo que o componente elástico do músculo se alongue.
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