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Direito Empresarial _ Pdf de conteúdo 39 Exame

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Prévia do material em texto

1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
1 
 
 
 
 
 
 
1ª FASE 38° EXAME 
Direito Empresarial 
Prof.ª Cristiane Pauli 
Prof. Douglas Azevedo 
Prof.ª Luciana Aranalde 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
2 
 
 
Olá! Boas-Vindas! 
 
Cada material foi preparado com muito carinho para que você 
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade. 
Lembre-se: o seu sonho também é o nosso. 
Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! 
 
Com carinho, 
Equipe Ceisc. ♥ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
3 
 
1ª FASE OAB | 39° EXAME 
Direito Empresarial 
Prof.ª Cristiane Pauli 
Prof. Douglas Azevedo 
Prof.ª Luciana Aranalde 
 
 
Sumário 
 
1. Teoria Geral do Direito Empresarial ......................................................................................... 4 
2. Sociedade .............................................................................................................................. 20 
3. Arbitragem e Procedimento Arbitral ....................................................................................... 61 
4. Contratos Empresariais .......................................................................................................... 68 
5. Títulos de Crédito ................................................................................................................. 118 
6. Direito Recuperacional e Falimentar .................................................................................... 135 
7. Propriedade Industrial .......................................................................................................... 162 
8. Lei Geral de proteção de Dados (LGPD) ............................................................................. 167 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para 
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, reco-
menda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. 
 
Bons estudos, Equipe Ceisc. 
Atualizado em julho de 2023. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
4 
1. Teoria Geral do Direito Empresarial 
Prof. Douglas Azevedo 
@prof.douglasazevedo 
 
1.1. Parte geral: empresário; estabelecimento; nome empresarial 
1.1.1. A empresa 
O Direito Empresarial historicamente é organizado a partir de três grandes fases. 
A primeira fase é a do Direito Mercantil, no final da Idade Média (a partir do século XII), 
quando os usos e costumes eram concebidos nos estatutos das Corporações de Ofício, verda-
deiras jurisdições privadas de direito consuetudinário e corporativista. Trata-se da chamada Te-
oria das Corporações de Ofício. É nessa fase que são criados os primeiros títulos de créditos e 
alguns protótipos de sociedades e de contratos. 
A segunda fase do Direito Comercial, já na Idade Moderna, é marcada pelas inspirações 
advindas da codificação napoleônica. No Brasil, o Código Comercial (1850) marcou a fase da 
Teoria dos Atos de Comércio. O Direito Comercial era destinado a todos os comerciantes e, em 
razão da codificação, assumiu um papel autônomo em relação ao Direito Civil. Destaca-se que 
os comerciantes eram considerados exclusivamente aqueles que exerciam atos de comércio. 
A terceira fase corresponde à fase atual, chamada de Teoria da Empresa. Com a criação 
da figura do empresário, passa-se do Direito Comercial ao Direito Empresarial. A inspiração foi 
o CC italiano de 1942. A Teoria da Empresa passa a ser disciplinada com a redação do art. 966 
do CC, que preconiza que é considerado empresário aquele que exerce profissionalmente ativi-
dade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
1.1.2. Empresário 
Atualmente, existem no ordenamento jurídico duas categorias que são enquadradas no 
conceito de empresário: a) o empresário individual; e b) a sociedade empresária. 
Extinção da EIRELI: A Lei no 14.195/2021 revogou tacitamente o art. 980-A do CC e foi 
somente a MP no 1.085/2021, convertida na lei 14.382/22, que revogou de forma expressa o 
dispositivo, extinguindo, portanto, a EIRELI. 
O empresário individual é uma pessoa natural, porém, de natureza jurídica. Como indica 
o seu próprio nome, representa um tipo empresarial no qual não é admitida a existência de um 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
5 
sócio. Seu modelo já não é tão corriqueiro, tendo em vista que a escolha atrai a obrigação da 
responsabilidade direta e ilimitada. Ou seja, o CPF e o CNPJ acabam interpenetrando-se. 
A responsabilidade do empresário individual é direta e ilimitada. O Enunciado no 5 das 
Jornadas de Direito Comercial veio a indicar que primeiramente deve o empresário responder 
com os bens da empresa, depois com os particulares. 
Conforme referido, o art. 966 do CC conceitua o empresário, e seu parágrafo único deter-
mina: “não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício 
da profissão constituir elemento de empresa”. Isso impõe destacar que aqueles que exercem 
profissão intelectual (dentistas, contadores, médicos, advogados, professores etc.) não são con-
siderados empresários para os fins legais. A exceção é quando o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa, ou seja, quando exploram a profissão de forma a fazer desaparecer as 
características personalíssimas do profissional. 
O art. 972 do CC indica que, para que se possa exercer a atividade de empresário, é 
necessário estar em pleno da capacidade civil e, ainda, não pode ser legalmente impedido. Um 
exemplo disso é a restrição aos magistrados, que não podem ser empresários. Não se pode 
confundir esse impedimento com a possibilidade de ser sócio/acionista que lhe é resguardada 
desde que a responsabilidade seja limitada e não exerçam cargos de administração. 
Caso aquele legalmente impedido exerça a atividade, irá responder pessoalmente pelas 
obrigações contratadas. Nesse caso, precisamos diferenciar impedimento com incapacidade. O 
art. 974 do CC indica que “poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assis-
tido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de 
herança”. Assim, não se pode começar uma empresa individual sendo incapaz, contudo, é pos-
sível, em casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão 
por morte, que a empresa continue as atividades dessa forma. 
Como visto, o art. 974 do CC disciplina a questão referindo que, para tanto, é necessária 
a autorização judicial e que, nesse caso, uma espécie de limitação da responsabilidade, referindo 
que “não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da 
sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela”. A questão deve estar clara 
no alvará que concede a autorização. 
O legislador previu no art. 975 do CC que “se o representante ou assistente do incapaz 
for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com 
a aprovação do juiz, um ou mais gerentes”. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
6 
Em relação ao empresário casado, a regra do art. 978 do CC merece muita atenção pois 
refere textualmente que “o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, 
qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa 
ou gravá-los de ônus real”. Contudo, há que destacar-se que o Enunciado no 58 das Jornadas 
de Direito Comercial afirma que a regra apenas vale “desde que exista prévia averbação de 
autorização conjugal à conferência do imóvel ao patrimônio empresarial no cartório de registro 
deimóveis, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no registro público”. 
Porém, cumpre reforçar que, pelo CC, esse “porém” não existe. 
O empresário deve observar sempre a regra do art. 979 do CC, mantendo o arquivamento 
na Junta de todos os pactos e declarações antenupciais, bem como os títulos de doação, he-
rança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Ainda, desta-
que-se a previsão do art. 980 do CC, que determina que a “sentença que decretar ou homologar 
a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, 
antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis”. 
Por fim, um empresário pode ser representado pela sociedade empresária, que será 
estudada com maiores detalhamentos na Seção 2. Contudo, para fins de caracterização, tem-se 
que possui natureza jurídica de pessoa jurídica. Os sócios podem ser pessoa natural ou jurídica 
e a responsabilidade dos sócios é subsidiária e limitada, ilimitada ou mista, a depender do tipo 
societário eleito. 
 
1.1.3. Estabelecimento empresarial 
A primeira questão a ser pontuada é a de que estabelecimento empresarial não é sinô-
nimo de local onde são desenvolvidas as atividades empresariais, o conceito de estabelecimento 
comercial é muito mais longo. Segundo o art. 1.142 do CC, «considera-se estabelecimento todo 
complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade 
empresária». Ainda, o local onde se exerce a atividade empresarial poderá ser físico ou virtual: 
Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado 
para fins de registro poderá ser, conforme o caso, o do empresário individual ou o de um dos 
sócios da sociedade empresária; art. 1.142, § 2o do CC. 
Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de 
funcionamento competirá ao município, observada a regra geral do inciso II do caput do art. 3o 
da Lei no 13.874, de 20-9-2019; art. 1.142, § 3o do CC. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
7 
Com isso é preciso entender que o estabelecimento comercial compreende tanto os bens 
de natureza material quanto imaterial, utilizados para que possa se dar o exercício da atividade 
econômica. Tem-se, portanto, um olhar à universalidade dos bens. Tanto é que é possível reali-
zar a venda do estabelecimento empresarial como um todo: o chamado contrato de trespasse, 
conforme regulado no art. 1.144 do CC. 
Percebe-se que, para que seja válido perante terceiros, é necessário o seu registro e pos-
terior publicação. Há que se pontuar que o CC determinou diversas regras aplicáveis ao tres-
passe, tendo em vista a sua evidente importância. 
Assim, por exemplo, a regra insculpida no art. 1.145 do CC prevê que, antes da alienação, 
deve ser providenciado o pagamento dos credores ou deve ser colhida uma autorização que 
contenha o consentimento desses. Essa autorização se dá por meio de uma notificação cuja 
resposta deve dar-se em trinta dias, sob pena de ser considerada uma autorização tácita. 
Outro ponto de suma importância diz respeito à sucessão empresarial, prevista no art. 
1.146 do CC: “o adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores 
à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solida-
riamente obrigado pelo prazo de um ano [...]”. Esse prazo de um ano é contado, em relação aos 
créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. 
Obviamente tal regra é considerada apenas em relação às dívidas que podem ser nego-
ciadas, o que não se aplica no caso das dívidas de natureza tributária e trabalhista. Nesses casos 
devem ser observadas as previsões do art. 133 do CTN e do art. 448 da CLT. 
É lícito e usual que esses contratos venham com a previsão de uma cláusula de não 
concorrência. Em referência a isso, inclusive, o art. 1.147 do CC indica que “não havendo auto-
rização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, 
nos cinco anos subsequentes à transferência”. Nada impede de ser previsto um prazo menor, 
valendo esse regramento no silêncio. 
Por fim, vale mencionar o caso de sub-rogação nos contratos de exploração, pelo art. 
1.148 do CC, que indica que “salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-roga-
ção do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem 
caráter pessoal”. Refere ainda que nada impede que os terceiros rescindam o contrato em no-
venta dias, a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste 
caso, a responsabilidade do alienante. 
 
 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
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1.1.4. Nome empresarial 
O nome empresarial é o que irá identificar a pessoa jurídica perante a sociedade em todas 
as suas relações. A escolha do nome empresarial irá aparecer no ato constitutivo da sociedade, 
ou seja, ou no contrato social ou no estatuto, que posteriormente será arquivado na Junta Co-
mercial. Não se confunde o nome empresarial com a marca, nome de domínio e nem com o 
nome fantasia. 
Marca: sinal distintivo que identifica produtos e/ou serviços. Vide art. 122 da Lei no 
9.279/1996. 
Nome de domínio: endereço eletrônico que hospeda o sítio eletrônico do empresário. 
Nome fantasia: é o título do estabelecimento. 
Ele deve obedecer ao princípio da novidade e da veracidade (arts. 1.158 e 1.165 do CC). 
Isso quer dizer que não pode valer-se de uma expressão que não corresponda à realidade em-
presarial e, ainda, não se deve utilizar de um registro igual ou que guarde notória semelhança 
com outro já registrado na Junta Comercial (vide arts. 1.163 e 1.666 do CC). 
O nome empresarial pode ser constituído de firma ou denominação. Essa é a regra tra-
zida no art. 1.155 do CC. Enquanto a firma necessita possuir um nome civil em seu núcleo (ex-
tenso ou abreviado), a denominação admite a inserção de qualquer expressão linguística. 
Lei no 14.195/2021: A Lei no 14.195/2021 incluiu o art. 35-A na Lei de Registro Público de 
Empresas Mercantis (Lei no 8.934/1994), dispondo que: “O empresário ou a pessoa jurídica po-
derá optar por utilizar o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) 
como nome empresarial, seguido da partícula identificadora do tipo societário ou jurídico, quando 
exigida por lei. Outra importante alteração se deu no art. 35 da mesma lei, que antes vedava o 
arquivamento de atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro já exis-
tente. Agora, a palavra “semelhante” foi retirada do dispositivo, permitindo o registro de empresas 
com nome empresarial parecido a outro já registrado. 
Existe uma polêmica no que diz respeito à necessidade de indicação da atividade empre-
sarial. Na firma a indicação é facultativa, já na denominação, em que pese haja exigência pelo 
art. 1.158 do CC, a Lei no 8.934/1994 indica a desnecessidade. 
Um cuidado importante é que na sociedade limitada há a opção de escolha entre firma e deno-
minação, contudo, ao final do nome deve estar incluída a palavra “limitada” ou “ltda.”. Caso essa 
regra não seja observada, haverá responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que 
assim utilizarem-se da firma ou denominação. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
9 
Outro importante detalhe é que a cooperativa deve utilizar-se de denominação integrando 
a palavra “cooperativa’’ por extenso. Por outro lado, as sociedades anônimas devem utilizar-se 
da denominação junto do vocábulo “sociedade anônima” ou “companhia”, sendo facultado utili-
zar-se da abreviatura “cia” ou “S.A.”. Nada impede que o nome de um fundador ou acionista 
importante componha o nome empresarial. 
Por seu turno, a sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar de-
nominação aditada daexpressão ‘comandita por ações’, facultada a designação do objeto social. 
 
*Para todos verem: tabela. 
TIPO SOCIETÁRIO NOME EMPRESARIAL 
EI FIRMA OU CNPJ 
COMANDITA SIMPLES FIRMA OU CNPJ 
COMANDITA POR AÇÕES FIRMA, DENOMINAÇÃO OU CNPJ 
EM NOME COLETIVO FIRMA OU CNPJ 
LTDA FIRMA, DENOMINAÇÃO OU CNPJ 
ANÔNIMA DENOMINAÇÃO OU CNPJ 
EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO SEM REGISTRO 
 
1.1.5. Registro e escrituração 
O registro (arts. 1.150 a 1.154 do CC) dos empresários no Brasil é uma obrigação legal. 
A inscrição deve ser feita na Junta Comercial ainda antes do início das atividades empresariais. 
A questão está prevista de forma taxativa no art. 967 do CC. 
O art. 984 do CC é uma exceção importante, indicando que o empresário rural é o único 
que possui a faculdade de registrar-se, ou seja, o seu registro é facultativo. 
Caso as atividades iniciem sem o devido registro, estará imposta a sua irregularidade, 
mas não a sua inexistência, uma vez que desde que reúna os requisitos do art. 966 do CC, será 
considerado empresário. 
Importante que se saiba que é a Lei no 8.934/1994 que dispõe sobre o Registro Público 
de Empresas Mercantis e Atividades Afins. O registro nas Juntas Comerciais possui um principal 
interesse: o da publicidade dos atos e, portanto, qualquer pessoa pode consultar os contratos e 
documentos lá arquivados. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
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De acordo com o art. 36 da Lei no 8.934/1994, o registro do Contrato Social deve se dar 
em até trinta dias contados de sua assinatura. Caso feito nesse prazo, os efeitos retroagem. Se 
fora do prazo, o arquivamento só possui eficácia a partir do despacho de concessão. O mesmo 
texto é trazido pelo art. 998 do CC. 
O pedido de inscrição deve ser acompanhado do instrumento autenticado do contrato, e, 
de acordo com o Código Civil, “se algum sócio nele houver sido representado por procurador, o 
da respectiva procuração, bem como, se for o caso, da prova de autorização da autoridade com-
petente” (letra do § 1o do art. 998). 
A escrituração (arts. 1.179 a 1.195 do CC) é outra obrigação legal estendida aos empre-
sários e está prevista no art. 1.179 do CC. A lei impõe a obrigação do empresário de manter a 
escrituração contábil dos resultados dos negócios que participa. A escrituração tem uma função 
interna ou administrativa, na medida em que possibilita: 
• Verificar os resultados do negócio; 
• Fundamentar ações corretivas visando aumento/diminuição dos lucros/prejuízos; 
• Posicionar os sócios acerca do desempenho da sociedade empresária. 
Por outro lado, também possui uma função externa: 
• O Estado se vale da escrituração para fiscalizar e cobrar tributos; 
• Os registros servem como prova do exercício da atividade comercial e de seus resul-
tados perante órgãos do Poder Judiciário. 
 
Prejuízos ao empresário pela ausência de escrituração contábil: 
• Impossibilidade de usufruir dos benefícios da recuperação judicial (art. 51 da Lei no 
11.101/2005); 
• Crime falimentar se for decretada a falência (art. 178 da Lei no 11.101/2005); 
• Inviabilidade de utilizar os dados da escrituração para fazer prova a seu favor; 
• Possibilidade de o fisco lançar Imposto de Renda devido com base no lucro anual 
por arbitramento. 
 
Assim, compreende-se que existe a obrigação de ser mantido um sistema de contabili-
dade (mecanizado ou não), com base na escrituração uniforme dos seus livros. A escrituração 
deve ser elaborada com base na documentação a ela vinculada. Ainda, anualmente deve ser 
levantado balanço patrimonial e resultado econômico. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
11 
Dica: Cuidado com a exceção do § 2o, que flexibiliza a exigência aos pequenos empresá-
rios, conforme art. 970 do CC. 
A regra é de que a escrituração seja elaborada pelo contabilista, em idioma e moeda 
corrente, a partir da obrigatoriedade da ordem cronológica de dia, mês e ano. Deve ser feita a 
autenticação na Junta Comercial. Esses livros são sigilosos, salvo os casos de autorização judi-
cial ou para fins fiscalizatórios. 
Lei no 14.195/2021: A Lei no 14.195/2021 esclarece que os órgãos e entidades envolvidos 
no processo de registro de empresas deverão disponibilizar, de forma gratuita, informações que 
permitam pesquisas prévias sobre as etapas de registro, inscrição, alteração e baixa de empre-
sas, além de informações para licenciamento e autorização de funcionamento. Antigamente a 
gratuidade era apenas para pesquisa da denominação social. 
Outro importante detalhe é que não poderão mais ser exigidos, no processo de registro 
via REDESIM, quaisquer dados e informações que já constem da base de dados do governo 
federal. Isso se deve à centralização de dados das empresas no CNPJ. 
Além disso, o art. 6o-A da Lei no 11.598/2007 agora dispõe que, nos casos em que o grau 
de risco da atividade seja considerado médio, o alvará de funcionamento e as licenças serão 
emitidos automaticamente, sem análise humana. 
 
1.2. Parte geral: registro e elementos do contrato social 
1.2.1. Especificidades 
Constituída a sociedade pela formalização e assinatura do contrato social, devem os só-
cios proceder ao registro do ato constitutivo da sociedade no órgão competente (Cartório ou 
Junta, a depender do objeto social), para que ela adquira personalidade jurídica (art. 985 do CC) 
e possa dar início às suas atividades (art. 967 do CC). 
De acordo com o art. 998 do CC, o prazo para a efetivação do registro do ato constitutivo 
da sociedade é de 30 dias após sua constituição (ver também art. 36 da Lei no 8.934/1994). 
Complementando a regra citada, dispõem seus parágrafos: “o pedido de inscrição será 
acompanhado do instrumento autenticado do contrato, e, se algum sócio nele houver sido repre-
sentado por procurador, o da respectiva procuração, bem como, se for o caso, da prova de au-
torização da autoridade competente” (§ 1o); e “com todas as indicações enumeradas no artigo 
antecedente, será a inscrição tomada por termo no livro de registro próprio, e obedecerá a nú-
mero de ordem contínua para todas as sociedades inscritas” (§ 2o). 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
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A constituição das sociedades empresárias, do tipo limitada, para o correto registro pe-
rante o Registro Público de Empresa, deve conter, obrigatoriamente o instrumento de contrato 
social, em três vias, assinado por todos os sócios ou seus procuradores. 
No caso de o instrumento de constituição social que será levado a registro conter repre-
sentação por procurador, é obrigatório exigir a respectiva procuração com poderes específicos 
para o ato, bem com a aprovação prévia do órgão governamental competente, quando for o caso. 
É preciso estar devidamente consignado no corpo do instrumento de constituição a declaração 
de desimpedimento do administrador ou em ato separado, se não constar em cláusula própria. 
Participação societária de empresa estrangeira: deve ser anexada ao instrumento de 
constituição que será levado a registro a prova da existência legal da empresa e da legitimidade 
de sua representação. 
Participação societária de empresa pública: para sociedade de economia mista, autar-
quia ou fundação pública, é necessário juntar ao instrumento de constituição social a edição da 
folha do Diário Oficial da União, do Estado ou do Município que contiver o ato de autorização 
legislativa; ou citação, no contrato social, da natureza, número e data do ato de autorização 
legislativa, bem como do nome, data e folha do jornal oficial em que foi publicada; fotocópia do 
documento de identidade do representante legal; ficha de cadastro; comprovantes de pagamento 
dos emolumentos dos serviços: recolhimento federal; recolhimento estadual. 
Elementos: título; preâmbulo; corpo do contrato; cláusulas obrigatórias (Lei no 
8.934/1994); fecho. O instrumento contratual não poderá conter emendas, rasuras ou entreli-
nhas. 
Obrigatoriamente constará do preâmbulodo instrumento de constituição social a qualificação 
completa dos sócios, pessoas físicas ou jurídicas, e ou de seus representantes. Caso qualquer 
dos sócios seja representado por procurador, deve vir no preâmbulo do instrumento a qualifica-
ção completa do mesmo. 
O contrato social conterá: o nome empresarial (poderá ser razão social ou denominação 
social – a razão social deve ser composta com sobrenome ou nome civil completo ou abreviada 
de, pelo menos, um dos sócios); capital da sociedade; a participação de cada sócio; a forma e o 
prazo de sua integralização; município da sede, com endereço completo, bem como o endereço 
das filiais – se houver; declaração precisa e minuciosa do objeto social; prazo de duração da 
sociedade; data de encerramento do exercício social, quando não coincidente com o ano civil; e 
a nomeação do administrador, devidamente qualificado. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
Direito Empresarial 
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No final do instrumento contratual deverá constar local e data; nomes dos sócios e res-
pectivas assinaturas; nomes das testemunhas instrumentárias (duas, pelo menos) respectivas 
assinaturas, com o número do documento da identidade (RG) e órgão expedidor e o visto de 
advogado, sendo este último não determinado para as Microempresas (ME) e as Empresas de 
Pequeno Porte (EPP). 
Podem ser sócios: desde que não haja empecilho legal, os absolutamente capazes e o 
menor emancipado. Os menores, desde que devidamente representados. 
Não podem ser sócios: os estrangeiros sem visto permanente. 
Nome empresarial: obedecerá ao princípio da veracidade e da novidade, incorporando 
os dados específicos ou complementares exigidos ou não proibidos em lei (tanto na razão social 
como na denominação social deve haver a indicação do objeto social). 
Capital social: as quotas serão correspondentes ao montante da contribuição de cada 
sócio. Poderão ser utilizados para integralização de capital quaisquer bens, desde que suscetí-
veis de avaliação em dinheiro. 
Filiais: é necessário que o instrumento de constituição para cada uma delas indique o 
respectivo município e endereço completo. 
 
1.2.2. Da alteração contratual 
São os mesmos requisitos exigidos para o registro de instrumento de alteração contratual 
e para o instrumento de constituição social, principalmente no que se refere ao preâmbulo e 
quanto ao seu corpo. Deve-se mencionar as alterações pretendidas e, no caso de consolidação, 
inserir uma nova redação, conforme a alteração efetuada. 
Redução de capital: Devido a perdas irreparáveis, o instrumento de alteração contratual 
deverá ser firmado pelos sócios, onde se formalizará a redução, com a diminuição proporcional 
do valor nominal das quotas (arts. 1.082 e 1.083 do CC). 
Por ser considerado demasiado em relação ao objeto da sociedade, o instrumento de 
alteração contratual deverá ser formalizado com a indicação da redução com a devolução de 
parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-os de prestações ainda devidas, com a 
redução proporcional também neste caso, do valor nominal das quotas. 
Instrumento de alteração: Em uma via original, podendo ser realizado por escritura pú-
blica ou particular, independentemente da forma de que se houver revestido o respectivo ato de 
constituição. Devem conter os seguintes elementos: título, preâmbulo e corpo da alteração (nova 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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redação das cláusulas alteradas, expressando as modificações introduzidas, redação das cláu-
sulas incluídas, indicação das cláusulas suprimidas; fecho. 
Quando o instrumento de alteração for requerido por deliberação majoritária, deverá cons-
tar do preâmbulo apenas o nome dos sócios que dela fazem parte e que a deliberação se faz 
por maioria do capital. 
O instrumento de alteração pode conter a hipótese de a sociedade adquirir quotas de 
sócio quando houver quotas liberadas, ou seja, integralizadas, desde que o faça com fundos 
disponíveis e sem ofensa ao capital, por acordo dos sócios; e quotas não liberadas de sócio 
remisso excluído, desde que o faça com fundos disponíveis e sem ofensa ao capital. 
As alterações contratuais, quando registradas por instrumento particular, serão assinadas 
por todos os sócios e por duas testemunhas, salvo na hipótese de determinação majoritária. 
Em hipótese alguma os registros de instrumentos de alterações sociais representam a 
constituição de nova sociedade. 
 
1.2.3. Da natureza jurídica do capital social 
O conceito de capital social está intrinsecamente ligado à estrutura do contrato social. 
Estabelece-se a partir da constituição de um patrimônio separado para a criação de uma socie-
dade, via de regra, para conciliar a limitação da responsabilidade dos sócios, com a garantia dos 
credores. 
Em outras palavras, a sociedade, para dar início à sua atividade econômica, necessita de 
recursos. Cabe aos sócios prover tais recursos. Fazem-no transferindo do seu patrimônio ao da 
pessoa jurídica. O capital social é a medida da contribuição dos sócios para a sociedade e serve 
como referência à sua força econômica. 
Capital social subscrito: mensuração do montante prometido pelos sócios para a soci-
edade a título de capitalização. 
Capital social integralizado: recursos já transferidos para o patrimônio social. 
Uma das principais funções do capital social é a de mensurar a contribuição dos sócios, 
de modo a funcionar como um fundo de garantia dos credores – e assenta-se na ideia da limita-
ção da responsabilidade dos sócios. 
Princípios do regime legal do capital social: 
Unidade: toda sociedade deve ter um único capital social; 
Fixidez: o capital social somente pode ser modificado nos casos previstos em lei e de 
acordo com as normas legais; 
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Irrevogabilidade: os sócios não podem ser dispensados da obrigação de realizar as en-
tradas que se obrigaram perante a sociedade; 
Realidade: a cifra do capital deve corresponder ao valor real das entradas feitas pelos 
sócios; 
Intangibilidade: os sócios não podem “beliscar” o capital social, ou seja, não podem tocar 
neste fundo permanente enquanto a sociedade continua operando e os credores não foram in-
tegralmente satisfeitos. 
 
1.2.3.1. Do entendimento da Junta Comercial 
O art. 35, III, da Lei no 8.934/1994 é claro e não admite concessões, quando proíbe o 
arquivamento dos atos constitutivos se deles não constar o capital da sociedade, a forma e o 
prazo de sua integralização. No mesmo sentido, temos o art. 1.054 c/c o art. 997, III e IV, do CC. 
Entre as orientações das Juntas Comercial, insertas nas instruções normativas do DREI, 
constam a necessidade de indicação numérica e por extenso do total do capital social; bem como 
a necessidade de mencionar o valor nominal de cada quota, que pode ter valor desigual. 
Há de se mencionar o total de quota(s) de cada sócio e declarar a forma e o prazo de 
integralização do capital – se houver sócio menor, o capital deverá estar totalmente integralizado. 
No caso de se tratar de integralização com bem imóvel, obrigatoriamente, haverá a des-
crição e identificação do imóvel, sua área, dados relativos à sua titulação, número de matrícula 
no Registro de Imóveis e autorização do cônjuge no instrumento contratual com a referência 
pertinente, salvo se o regime de bens for o de separação absoluta. 
O legislador concedeu liberdade aos sócios de escolherem a maneira de integralizar o 
capital social, tornou, porém, obrigatória cláusula contratual dispondo sobre o prazo e a forma 
de sua integralização (dinheiro ou bens suscetíveis de avaliação em dinheiro). 
 
1.3. Parte geral: tipos de desconsideração da pessoa jurídica 
1.3.1. Personalidade jurídica 
A personalidade jurídica é o que confere à pessoa jurídica a aptidão de adquirir direitos, 
bem como contrair obrigações. Assim, não é pura e simplesmente a condição de sujeito de direito 
que caracterizaa personalidade, mas a aptidão genérica para tanto, até porque os entes des-
personalizados também são sujeitos de direitos capazes de praticar atos jurídicos, ainda que de 
forma limitada, como é o caso da massa falida e do espólio. 
 
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1.3.2. Pessoas jurídicas 
As pessoas jurídicas se dividem em dois grupos: de direito público (interno ou externo) 
e de direito privado (estatais ou particulares), que possuem regulamentação nos arts. 40, 41, 
42 e 43, todos do CC: 
 *Para todos verem: tabela. 
PESSOAS JURÍDICAS DE 
DIREITO PÚBLICO INTERNO: 
PESSOAS JURÍDICAS DE 
DIRIEITO PÚBLICO EXTERNO: 
PESSOAS JURÍDICAS DE 
DIREITO PRIVADO: 
União; 
Estados, DF e Territórios; 
Municípios; 
Autarquias, inclusive as associa-
ções públicas; 
Demais entidades de caráter pú-
blico criadas por lei. 
Estados estrangeiros; 
Todas as pessoas regidas pelo 
Dir eito Interno Público. 
Associações; 
Sociedades; 
Fundações; 
Organizações Religiosas; 
Partidos públicos. 
 
Lembre-se de que as pessoas jurídicas de direito público estão submetidas a regime dis-
tinto das pessoas jurídicas de direito privado, na medida em que têm suas regras sujeitas ao 
Direito Administrativo, submetendo-se ao princípio da estrita legalidade. 
Quanto às pessoas jurídicas de direito privado, é importante saber que não se limitam 
àquelas previstas no art. 44 do CC, podendo existir outras, tais como os sindicatos, as confede-
rações, as federações, dentre outras. 
 
1.4. Autonomia patrimonial da pessoa jurídica 
Assim prevê o art. 1.024 do CC: “Os bens particulares dos sócios não podem ser execu-
tados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”. 
Isso se dá em virtude da autonomia patrimonial das sociedades, a qual determina que a respon-
sabilidade dos sócios pelas obrigações sociais será subsidiária, podendo também ser limitada a 
depender do tipo societário. Essa concepção tornou-se ainda mais forte a partir da edição da Lei 
da Liberdade Econômica (Lei no 13.874/2019) a partir da inclusão do art. 49-A no CC. 
 
1.4.1. Responsabilidade subsidiária dos sócios 
A regra geral, portanto, é que os bens da sociedade responderão pelas dívidas sociais 
enquanto a empresa ainda os possuir. Isso garante aos sócios o chamado benefício de ordem. 
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No caso de a empresa não possuir bens, deve-se atentar para o tipo de responsabilidade 
dos sócios, se limitada: seus bens particulares poderão ser executados, se ilimitada; seus bens 
particulares não poderão, a princípio, ser executados. 
Exemplos: 
Sociedade em nome coletivo: responsabilidade ilimitada. 
Sociedade anônima: responsabilidade limitada. 
 
1.5. Desconsideração da personalidade jurídica 
A desconsideração da personalidade jurídica surge para solidificar o instituto do princípio 
da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a fim de evitar que haja fraude ou abuso de direito. 
Ou seja, ela é um reforço indireto para que sócios e administradores atuem visando ao bem 
comum da sociedade empresária, preservando-a e mantendo a sua função social, coibindo ma-
nipulação da pessoa jurídica com o fim de fraudar credores. 
Assim, se utilizada para fazer valer fraude em detrimento de terceiros, considerar-se-á 
ineficaz a personificação com relação aos atos praticados de forma abusiva ou fraudulenta, po-
dendo atingir os bens particulares dos sócios envolvidos na administração da sociedade. 
O CDC foi a primeira norma a prever a possibilidade de desconsiderar a personalidade 
jurídica; neste caso a aplicação se dá quando há abuso em detrimento do consumidor, excesso 
de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito, violação dos estatutos ou do contrato social, ou ainda 
quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica 
provocados por má administração (art. 28). A teoria presente no CDC é chamada de “teoria me-
nor”, sendo a “teoria maior” aquela presente no CC (art. 50). 
 
1.5.1. Teoria maior versus teoria menor 
Existem duas teorias aplicadas quando da desconsideração da personalidade jurídica: a 
“teoria menor” e a “teoria maior”. 
A teoria menor é aplicada nos casos que envolvam relação de consumo (art. 28 do CDC), 
condutas lesivas ao meio ambiente (art. 4o da Lei no 9.605/1998) ou ainda quando se tratar de 
infração da ordem econômica (art. 34 da Lei no 12.529/2011). A teoria menor incide com a mera 
prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independente-
mente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. 
Já a teoria maior é considerada aquela prevista no art. 50 do CC. Sobre a distinção entre 
o art. 50 do CC e as demais regras legais que tratam da desconsideração da personalidade 
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jurídica, o Enunciado no 9 das Jornadas de Direito Comercial do CJF diz o seguinte: “quando 
aplicado às relações jurídicas empresariais, o art. 50 do CC não pode ser interpretado analoga-
mente ao art. 28, § 5o, do CDC ou ao art. 2o, § 2o, da CLT”. 
 
1.5.2. Desvio de personalidade e confusão patrimonial 
De acordo com o art. 50, § 1o, CC: “Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finali-
dade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos 
ilícitos de qualquer natureza”. 
No abuso por desvio de finalidade a personificação existe para um fim ilícito, como acon-
tece quando a atividade da pessoa jurídica é em si lícita, mas seria ilícita se exercida pelo sócio, 
ou seja, a pessoa jurídica é usada para encobrir a ilicitude da ação dos sócios. 
Não é desvio de finalidade: 
 
Art. 50, § 5o, CC. Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da 
finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. 
 
Confusão patrimonial: 
 
Art. 50, § 2o, CC. Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato 
entre os patrimônios, caracterizada por: 
I – Cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou 
vice-versa; 
II – transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de 
valor proporcionalmente insignificante; e 
III – outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
 
O pagamento de obrigações do sócio pela pessoa jurídica ou vice-versa é um exemplo 
clássico caracterizado como hipótese de confusão patrimonial, contudo, verifica-se que o dispo-
sitivo exige expressamente que se trate de um comportamento repetitivo. 
A transferência de ativos ou passivos realizada sem a devida justificativa econômica pode 
ser caracterizada quando os sócios ou administradores utilizam o patrimônio da pessoa jurídica 
e vice-versa. Empréstimos entre a pessoa jurídica e o sócio, por exemplo, embora comuns, pre-
cisam obedecer às condições normais de mercado, sob pena de representarem um mecanismo 
de mistura dos patrimônios. 
 
 
 
 
 
 
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Direito Empresarial 
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1.6. Desconsideração da personalidade jurídica e seus efeitos 
A desconsideração da personalidade jurídica tem os seus efeitos ligados ao caso concreto 
em que foi requerida, ou seja, continua a existir normalmente e a ter os efeitos da sua persona-
lização respeitados em todas as demais relações jurídicas em que figurar. 
A aplicação da teoria da desconsideração atinge, tão somente, aqueles sócios que se 
beneficiaram do uso abusivo da pessoa jurídica, logo, não significa que atingirá todos os sócios 
e/ou administradores da sociedade, indistintamente. 
Essa interpretação ganhou reforço após a edição da Lei no 13.874/2019 (Lei da Liberdade 
Econômica), que alterou a redação do caput do art. 50 do CC para deixar claro que a desconsi-
deraçãoda personalidade jurídica só pode atingir os administradores ou sócios “beneficiados 
direta ou indiretamente pelo abuso”. 
 
1.7. Desconsideração inversa da personalidade jurídica 
Conforme já vimos, a teoria da desconsideração é aplicada com a finalidade de permitir a 
execução de bens particulares dos sócios e/ou administradores por dívidas da sociedade. O 
caminho inverso também pode ser feito: desconsiderar a pessoa jurídica para executar bens 
sociais por dívidas pessoais de um de seus sócios. 
A desconsideração inversa consiste na aplicação dos fundamentos da disregard doc-
trine para permitir que a pessoa jurídica responda por obrigações pessoais de um ou mais sócios. 
A aplicação da desconsideração inversa é bem comum em questões que envolvam Direito 
de Família, quando se constata, por exemplo, que um dos cônjuges cria uma pessoa jurídica 
com o objetivo de ocultar seu patrimônio, o afastando da partilha ou frustrando a cobrança de 
pensão alimentícia. 
Dispõe o Enunciado no 283 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “é cabível a descon-
sideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio que se 
valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros”. 
Vale destacar que, desde a edição da Lei no 13.874/2019 (Lei da Liberdade Econômica), a des-
consideração inversa está expressamente autorizada pelo CC no § 3o do art. 50. 
 
1.8. Desconsideração e dissolução da personalidade jurídica 
É comum ocorrer, no Brasil, a chamada “dissolução irregular” da empresa, isto é, o encer-
ramento das atividades sem a devida baixa na Junta Comercial. 
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De acordo com o Súmula no 435 do STJ, “presume-se dissolvida irregularmente a em-
presa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competen-
tes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente”. 
No entanto, esse entendimento restringe-se à execução fiscal. As Turmas de direito pri-
vado do STJ (3ª e 4ª Turmas, que compõem a 2ª Seção) entendem que a mera dissolução irre-
gular da empresa não é motivo suficiente para aplicação da desconsideração da personalidade 
jurídica. 
 
1.9. Prazo para requerimento da desconsideração da personalidade ju-
rídica 
Assim prevê o art. 1.032 do CC: “a retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou 
a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após 
averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual 
prazo, enquanto não se requerer a averbação”. 
Assim, há quem alegue que a desconsideração da personalidade jurídica não poderia, por 
exemplo, atingir um sócio que já se retirou da sociedade há mais de dois anos. No entanto, o 
STJ já decidiu que a regra do art. 1.032 do CC não tem aplicação quando se trata de desconsi-
deração da personalidade jurídica, conforme é possível verificar no REsp no 1.269.897 /SP (STJ, 
rel. Min. Nancy Andrighi – 3ª T. – DJe 23 -11 -2009) e REsp no 1.312.591 /RS. (STJ, rel. Min. 
Luis Felipe Salomão, 4ª T. – Dje 11 -5 -2013). 
Dica: A desconsideração da personalidade jurídica não se confunde com a despersona-
lização da pessoa jurídica, esta atinge a validade do ato constitutivo, ao passo que a desconsi-
deração objetiva atinge o patrimônio dos sócios, tratando-se de um ato momentâneo. 
 
 
2. Sociedade 
 
Prof.ª Luciana Aranalde 
@luciana_aranalde 
 
2.1. Sociedade simples 
As sociedades simples, além de se constituírem no tipo pertinente a atividade societária 
intelectual, também têm suas normas consideradas uma espécie de parte geral do Direito 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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21 
Societário, pois suas regras têm aplicação subsidiária à maioria das sociedades empresárias 
contratuais. Nesse sentido, inclusive, as sociedades cooperativas são consideradas sociedades 
simples, conforme dispõe o parágrafo único do art. 982 do CC. 
Reguladas nos artigos 997 a 1.038 do CC, as sociedades simples são constituídas por 
meio de contrato. 
 
2.1.1. Contrato social 
2.1.2. Qualificação dos sócios 
A qualificação dos sócios no contrato social está prevista no inciso I do art. 997 do CC. 
 
* Para todos verem: tabela. 
SÓCIOS PESSOAS NATURAIS: SÓCIOS PESSOAS JURÍDICAS: 
- Incapazes 
- Impedidos 
- Pessoas casadas 
- Holding 
 
 
2.1.3. Qualificação das sociedades 
Já quanto à qualificação das sociedades, está prevista no inciso II do art. 997 do CC. 
 
* Para todos verem: tabela. 
NOME EMPRESARIAL: OBJETO SOCIAL: 
- Firma1 
- Denominação 
Profissão intelectual / atividade rural 
 
 
2.1.4. Capital social 
Capital social é o montante correspondente à participação dos sócios na sociedade, de-
corrente de aportes dos sócios, consistentes na transferência de dinheiro, bens ou créditos para 
a sociedade. 
Segundo o inciso III do art. 997 do CC, o capital social deverá ser expresso em moeda 
corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária. 
 
1 Enunciado 213 da III Jornada de Direito Civil: O art. 997, inc. II, não exclui a possibilidade de sociedade simples 
utilizar firma ou razão social. 
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Art. 1.059 do CC. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias reti-
radas, a qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia 
se distribuírem com prejuízo do capital. 
 
Capital social = patrimônio inicial; 
Patrimônio líquido > capital social > distribuir/reservar lucros. 
O capital funciona como uma garantia dos credores, bem como é o que viabiliza a reali-
zação do objeto social e define as relações de poder dos sócios no controle da sociedade, da 
mesma forma que define a responsabilidade de cada sócio. 
Quanto ao valor do capital social, o debate sobre a necessidade ou não de haver um 
capital social mínimo para constituição de uma determinada sociedade é antigo, havendo orde-
namentos jurídicos que fazem essa exigência. Existem diversos fundamentos acerca da exigên-
cia de um capital mínimo, como por exemplo: cumprimento das funções de garantia e produtivi-
dade. No Brasil não se exige capital social mínimo para a constituição de sociedades. 
A exigência de adequação do capital social ao objeto social pode ser extraída de uma 
interpretação do art. 173 da Lei no 6.404/1976 (“a assembleia geral poderá deliberar a redução 
do capital social se houver perda, até o montante dos prejuízos acumulados, ou se julgá-lo ex-
cessivo”) e art. 1.082, II, do CC (“pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente 
modificação do contrato: [...] II – se excessivo em relação ao objeto da sociedade” (princípio da 
congruência). 
 
Subcapitalização formal: a sociedade possui um capital próprio ínfimo em relação à ati-
vidade que desenvolve, porque obtém recursos de terceiros (financiamentos, por exemplo). 
 
Subcapitalização substancial: há uma clara desproporção entre o volume de negócios 
de uma empresa e o seu capital social, sem que existam outras fontes de recursos para com-
pensar. 
 
2.1.5. Subscrição do capital 
No Direito brasileiro, exige-se a subscrição total do capital social no momento da consti-
tuição da sociedade, contudo, a integralização pode ser futura. 
O ato de subscrição representa o comprometimento dos sócios de contribuir para a for-
mação do capital social, e é com base nele, em tese, que se estabelecem as respectivas partici-
pações societárias. 
 
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Art. 997 do CC. [...] IV – A quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; 
V – As prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; 
 
A integralização consiste na efetiva contribuição dos sócios para a formação do capital 
social, podendo ser feita de diversas formas: com bens – móveisou imóveis, materiais ou ima-
teriais –, dinheiro ou créditos. Na sociedade simples, admite-se até a contribuição em serviços 
(Enunciado no 206 das Jornadas de Direito Civil). 
Se o sócio integralizar sua quota com transferência de bens, estes devem ser suscetíveis 
de avaliação pecuniária, além de o sócio responder pela evicção, isto é, caso a sociedade perca 
esse bem posteriormente em razão de ele ser de outrem (art. 1.005, CC), o sócio que o havia 
transferido terá que pagar a ela o seu valor. Já se integralizar sua quota com a transferência de 
créditos de sua titularidade, responderá pela solvência do devedor, ou seja, caso os créditos 
cedidos não sejam pagos pelos seus devedores, o sócio que os cedeu terá que pagá-los (art. 
1.006, CC). 
 
2.1.6. Administração da sociedade simples 
 
Art. 997 do CC. [...] VI – as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, 
e seus poderes e atribuições; 
 
Verifica-se que as sociedades simples (e isso vale também para as demais sociedades 
contratuais) não podem ser administradas por pessoa jurídica, já que o dispositivo usa a 
expressão pessoas naturais para se referir aos administradores. 
Também não podem administrar a sociedade as pessoas mencionadas no art. 1.011, § 1o 
do CC: 
Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os conde-
nados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por 
crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a eco-
nomia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da con-
corrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdu-
rarem os efeitos da condenação. 
 
Caso o contrato social não designe expressamente seus administradores, aplica-se o 
art. 1.013 do CC: “a administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete 
separadamente a cada um dos sócios”. Dispõem seus parágrafos: § 1o: “se a administração 
competir separadamente a vários administradores, cada um pode impugnar operação pretendida 
por outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria de votos”; § 2o: “responde por perdas e 
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24 
danos perante a sociedade o administrador que realizar operações, sabendo ou devendo saber 
que estava agindo em desacordo com a maioria”. 
E, ainda, o art. 1.014 do CC, que prevê que: “nos atos de competência conjunta de vários 
administradores, torna-se necessário o concurso de todos, salvo nos casos urgentes, em que a 
omissão ou retardo das providências possa ocasionar dano irreparável ou grave”. 
Nada impede que os sócios, embora não tenham designado o administrador no próprio 
contrato social, façam-no em ato separado posteriormente. Nesse caso, deve-se atentar apenas 
para a imprescindibilidade de averbação do ato no órgão de registro da sociedade, em obediên-
cia ao art. 1.012 do CC: “o administrador, nomeado por instrumento em separado, deve averbá-
lo à margem da inscrição da sociedade, e, pelos atos que praticar, antes de requerer a averba-
ção, responde pessoal e solidariamente com a sociedade”. 
A diferença entre o administrador nomeado no contrato social e o administrador nomeado 
em ato separado está no fato de que os poderes daquele, caso seja sócio, são, em tese, irrevo-
gáveis, salvo por decisão judicial que reconheça a ocorrência de justa causa para a revogação. 
Já os poderes de administrador não sócio ou de administrador designado em ato separado, ainda 
que sócio, são revogáveis a qualquer tempo pela vontade dos demais, conforme prevê o art. 
1.019 do CC: “são irrevogáveis os poderes do sócio investido na administração por cláusula 
expressa do contrato social, salvo justa causa, reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer 
dos sócios. Parágrafo único. São revogáveis, a qualquer tempo, os poderes conferidos a sócio 
por ato separado, ou a quem não seja sócio”. 
Nota-se que sócio administrador contratualmente nomeado possui uma espécie de esta-
bilidade, podendo representar aos demais sócios um grave comprometimento de seus interes-
ses. Para afastar essa estabilidade, a nomeação dos administradores pode ser processada por 
ato separado. Esse termo, para efeito de eficácia externa, deverá ser averbado à margem da 
inscrição da sociedade. Importa mencionar que, ainda que nomeado administrador no próprio 
contrato, o não sócio não está protegido contra a destituição. 
A atividade do administrador é personalíssima, não podendo outrem exercer suas fun-
ções; o máximo permitido é a delegação de certas atividades a mandatários, nos termos do art. 
1.018 do CC: “ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas funções, sendo-
lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especificados 
no instrumento os atos e operações que poderão praticar”. 
1ª Fase | 39° Exame da OAB 
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Teoria orgânica: Prevê o art. 1.022 do CC que “a sociedade adquire direitos, assume 
obrigações e procede judicialmente por meio de administradores com poderes especiais, ou, não 
os havendo, por intermédio de qualquer administrador”. 
Os administradores são os representantes legais da sociedade. De acordo com a teoria orgânica, 
o administrador não é tecnicamente representante, mas presentante (órgão integrante da própria 
sociedade, que externa a sua vontade, ou seja, torna-a presente). Não obstante, o art. 1.011, § 
2o, do CC dispõe que “aplicam-se à atividade dos administradores, no que couber, as disposições 
concernentes ao mandato”. 
 
2.1.7. Dever de diligência dos administradores 
O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a 
diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios 
negócios (art. 1.011, CC, art. 153 da Lei no 6.404/1976). Entende-se que esse dever de diligência 
será atendido sempre que o administrador atuar em conformidade com os padrões de gestão 
fixados pela ciência da administração de empresas. Para tanto, deve-se verificar se sua atuação 
foi (i) independente, (ii) desinteressada, (iii) informada e (iv) no interesse da companhia (business 
judgement rule). 
 
2.1.8. Limitação de poderes dos administradores 
Se houver lacuna no contrato social acerca dos poderes e atribuições dos seus adminis-
tradores, entende-se que estes podem praticar todos e quaisquer atos pertinentes à gestão da 
sociedade, salvo oneração ou alienação de bens imóveis, o que só poderão fazer se tais atos 
constituírem o próprio objeto social (art. 1.015, CC). 
Caso o contrato social estabeleça expressamente os poderes e atribuições dos adminis-
tradores, é preciso analisar que efeitos para a sociedade produzirão os atos de gestão que ex-
trapolarem os limites estabelecidos. 
 
2.1.9. Distribuição nos lucros e resultados 
Da mesma forma que todos os sócios devem contribuir para a formação do capital social, 
é também requisito especial de validade do contrato social a garantia de que todos eles partici-
pem dos resultados sociais (lucros ou prejuízos), cabendo-lhes disciplinar a matéria no ato 
constitutivo. 
 
 
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2.1.10. Participação proporcional x participação desproporcional 
O sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas 
aquele cuja contribuição consiste em serviços somente participa dos lucros na proporção da 
média do valor das quotas, salvo se os sócios dispuserem em contrário (art. 1007, CC). Portanto, 
em tese, a participação dos sócios é proporcional às suas respectivas quotas, porém o contrato 
social pode dispor de forma diversa, determinando uma participação desproporcional. 
 
2.1.11. Cláusula leonina 
Conforme art. 1.008 do CC “é nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de 
participar dos lucros e das perdas”, depreendendo-se, portanto,que é vedada a chamada “cláu-
sula leonina”. 
Outrossim, a distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta responsabilidade solidá-
ria dos administradores que a realizarem e dos sócios que os receberem, conhecendo ou de-
vendo conhecer-lhes a ilegitimidade (art. 1.009, CC). 
 
2.1.12. Responsabilidade dos sócios 
Conforme já vimos, a pessoa jurídica não se confunde com seus sócios, administradores, 
associados, instituidores (art. 49-A do CC). 
 
2.1.13. Responsabilidades subsidiária dos sócios 
A responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais, seja qual for o tipo societário, é 
sempre subsidiária em relação à sociedade, nos termos do art. 1.024 do CC: “os bens particu-
lares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de execu-
tados os bens sociais”. Desta forma, enquanto a sociedade possuir bens, são esses bens que 
devem responder por suas dívidas, garantindo-se aos sócios o benefício de ordem. 
Não havendo mais bens sociais a serem executados, a responsabilidade dos sócios pelas 
dívidas sociais remanescentes será determinada pelo tipo societário escolhido: na sociedade em 
nome coletivo, todos responderão de forma ilimitada e solidária (art. 1.039 do CC); na sociedade 
em comandita simples, apenas os comanditados responderão de forma ilimitada e solidária (art. 
1.045 do CC); e na sociedade limitada, nenhum sócio responderá, salvo se o capital não estiver 
integralizado, caso em que todos responderão solidariamente pelo que faltar a integralizar (art. 
1.052 do CC). 
Em se tratando de sociedade simples “pura”, a responsabilidade, em princípio, é ilimitada, 
mas não solidária, conforme previsão do art. 1.023 do CC: “se os bens da sociedade não lhe 
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cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das per-
das sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária”. 
Destaque-se, porém, que a parte final do dispositivo legal em questão ressalva a possibi-
lidade de pactuação de cláusula de responsabilidade solidária, tornando a responsabilidade 
dos sócios da sociedade simples “pura”, nesse caso, igual à dos sócios de uma sociedade em 
nome coletivo. 
Essa cláusula de responsabilidade solidária é a prevista no art. 997, VIII, do CC, que 
estabelece a possibilidade de o contrato social prever “se os sócios respondem, ou não, subsi-
diariamente, pelas obrigações sociais”. 
 
2.1.14. Responsabilidade dos sócios na sociedade simples 
No caso de omissão no contrato da sociedade simples propriamente dita contrato, valerão 
as regras gerais dos arts. 1.023 e 1.024 do CC, ou seja, a responsabilidade dos sócios será 
subsidiária em relação à sociedade (art. 1.024), mas ilimitada e proporcional entre eles (art. 
1.023, 1ª parte). Porém, se pactuado expressamente, a responsabilidade dos sócios será subsi-
diária em relação à sociedade (art. 1.024), mas ilimitada e solidária entre eles (art. 1.023, parte 
final). 
Ainda sobre a responsabilidade dos sócios da sociedade simples, o Enunciado no 10 das 
Jornadas de Direito Comercial diz o seguinte: “nas sociedades simples, os sócios podem limi-
tar suas responsabilidades entre si, à proporção da participação no capital social, ressalvadas 
as disposições específicas”. 
 
Art. 1.025 do CC. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas 
sociais anteriores à admissão. 
Art. 1.032 do CC. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdei-
ros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada 
a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual 
prazo, enquanto não se requerer a averbação. 
 
Os ministros da 3ª turma do STJ reconheceram que o sócio que sai da sociedade res-
ponde por dívidas sociais até dois anos após sua saída, mas destacaram que essa responsabi-
lidade se refere a dívidas anteriores à sua saída, e não a dívidas posteriores no julgamento do 
REsp 1.537.521/RJ (STJ, rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva – 3ª T. – DJe 5 -2 -2019). 
Art. 1.026 do CC. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do 
devedor, fazer recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou 
na parte que lhe tocar em liquidação. 
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Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor requerer a liquida-
ção da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma do art. 1.031, será depositado em 
dinheiro, no juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação. 
 
Esse dispositivo admite a penhora de quotas para execução de dívida particular de sócio, 
nesses casos, aplica-se a regra do art. 861 do CPC. 
 
2.1.15. Deliberações sociais 
Em princípio, compete aos administradores praticar os atos pertinentes à gestão dos ne-
gócios da sociedade, conforme o seu objeto social, contudo, quando se tratar de assuntos mais 
relevantes, a decisão não cabe ao administrador, mas ao conjunto de sócios, ou seja, exige, 
deliberação social prévia. 
As matérias que dependem da deliberação dos sócios poderão ser expressas no contrato 
social. Em alguns casos, porém, é a própria lei que o faz, como nas hipóteses de dissolução da 
sociedade (art. 1.033, III, do CC) ou de exclusão do sócio remisso (art. 1.004, parágrafo único, 
do CC). 
Quanto ao quórum de deliberação dispõe o art. 1.010: “quando, por lei ou pelo contrato 
social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão toma-
das por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um”. 
A regra é que as deliberações sejam tomadas por maioria, mas a própria lei ou o contrato 
social pode estabelecer quórum qualificado para certas matérias, como 2/3 (dois terços), ¾ (três 
quartos) ou até mesmo unanimidade (o art. 999 do CC, por exemplo, exige unanimidade para 
mudanças nas cláusulas obrigatórias do contrato social, descritas no art. 997). 
Enunciado no 385 das Jornadas de Direito Civil: “a unanimidade exigida para a modifica-
ção do contrato social somente alcança as matérias referidas no art. 997, prevalecendo, nos 
demais casos de deliberação dos sócios, a maioria absoluta, se outra mais qualificada não for 
prevista no contrato”. 
 
Art. 1.010, § 2o, do CC. Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no 
caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz. 
 
A maioria absoluta não diz respeito ao número de sócios votantes, mas ao valor de suas 
quotas. A aferição do número de sócios votantes será importante, entretanto, quando pelo valor 
das quotas houver empate na votação. Nesse caso, prevalecerá a decisão que teve o apoio da 
maior quantidade de sócios. No caso de empate também no número de sócios, a matéria deverá 
ser levada ao Poder Judiciário. Lembrando que, conforme art. 1.101, § 3o, responderá por perdas 
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e danos sócio que, tendo interesses contrários a sociedade, participar de deliberação que aprove 
graças a seu voto. 
 
2.1.16. Da morte, retirada ou exclusão do sócio 
 
Art. 1.028 do CC. No caso de morte do sócio: 
I – se o contrato dispuser diferentemente; 
II – se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; 
III – se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido. 
 
Assim consta no manual de registro da sociedade limitada: 
 
4.4.3. Retirada nos casos de prazo determinado ou indeterminado. Além dos casos pre-
vistos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade: I – se de prazo 
indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de ses-
senta dias, a contar da notificação do último sócio. Nesta hipótese, observar-se-á o se-
guinte: a) passado o prazo, deverá ser providenciado arquivamento da notificação, que 
poderá ser por qualquer forma que ateste a cientificaçãodos sócios; b) a junta anotará no 
cadastro da empresa a retirada do sócio; c) a sociedade deverá, na alteração contratual 
seguinte, regularizar o quadro societário; e II – se de prazo determinado, provando judici-
almente justa causa. 
 
Ainda, deve-se observar o que trata o art. 1.030 sobre a exclusão do sócio: 
 
Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído 
judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumpri-
mento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente. 
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou 
aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026. 
 
Em resumo, quanto à exclusão do sócio, pode ser ordenada a seguinte orientação: 
a) o sócio remisso, por iniciativa da maioria dos demais sócios, poderá ser excluído da 
sociedade, exclusão essa que se realizará de forma extrajudicial; 
b) o sócio declarado falido ou civilmente insolvente, na forma das respectivas leis de 
regência, bem como o sócio cuja quota for liquidada nos termos do parágrafo único do art. 
1.026 do Código, serão, de pleno direito, excluídos da sociedade, exclusão essa que se dá, 
portanto, no plano extrajudicial; 
c) o sócio que incorrer em falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, 
o sócio declarado incapaz por fato superveniente, poderão ser excluídos por decisão da mai-
oria dos demais sócios, mas a exclusão far-se-á judicialmente. 
Nesses casos, observa-se quanto às quotas o que prevê o art. 1.031. 
Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, 
considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em 
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contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em 
balanço especialmente levantado. 
 
§ 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios supri-
rem o valor da quota. 
§ 2o A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liqui-
dação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. 
 
Importante salientar ainda que, no que diz respeito à apuração de haveres, o ideal é que 
esteja disciplinado no próprio contrato social, estabelecendo: 
a) O critério de apuração dos haveres (art. 606, CPC). 
b) A forma e prazo de pagamento dos haveres (art. 604, §§ 1o a 3o, CPC). 
c) Os direitos do sócio durante a apuração dos haveres (art. 608, parágrafo único, CPC). 
A respeito da dissolução da sociedade simples, importante lembrar que a Lei no 
14.195/2021 alterou de forma significativa o art. 1.033 do CC, pois revogou seu parágrafo único, 
viabilizando a sociedade unipessoal. Referido parágrafo previa um prazo de 180 dias para re-
composição do quadro societário na hipótese de saída de um sócio, o que, a partir da vigência 
da Lei nº 14.195/2021 deixa de existir. 
 
2.2. Sociedade limitada 
2.2.1. Responsabilidade dos sócios 
Na sociedade limitada, conforme previsto no Art. 1.052 do CC, a responsabilidade de 
cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integra-
lização do capital social. 
Responsabilidade subsidiária: Se a sociedade tiver bens, é a própria sociedade quem 
responde pelas dívidas sociais (autonomia patrimonial da sociedade: arts. 49-A e 1.024 do CC). 
Responsabilidade limitada: Se a sociedade não tiver mais bens, e o capital social estiver 
totalmente integralizado, os sócios não respondem com seus bens pessoais pelas dívidas soci-
ais. 
Responsabilidade solidária: Se a sociedade não tiver mais bens, e o capital social não 
estiver totalmente integralizado, os sócios respondem com seus bens pessoais pelas dívidas 
sociais, solidariamente, pelo que faltar para a integralização. 
Responsabilidade direta: Se houver abuso de personalidade jurídica, o(s) sócio(s) que 
se beneficiou (aram) direta ou indiretamente do abuso responde(m) com seus bens pessoais 
pelas dívidas sociais, independentemente de a sociedade ainda ter bens (desconsideração da 
personalidade jurídica: art. 50 do CC). 
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2.2.2. Sociedade limitada unipessoal 
Segundo o art. 1.052, § 1o, do CC, a sociedade limitada pode ser constituída por uma 
única pessoa. 
Na limitada unipessoal não se exige capital mínimo, o sócio (mesmo sendo pessoa natu-
ral) pode constituir mais de uma limitada unipessoal e pode ser responsabilizado pelas dívidas 
da sociedade não apenas em caso de fraude, mas em qualquer situação que permita a descon-
sideração da PJ. 
Não se trata de um novo tipo societário. 
 
2.2.3. Aplicação subsidiária das normas da sociedade anônima 
A aplicação supletiva das normas da sociedade anônima (art. 1.053, parágrafo único, do 
CC) à sociedade limitada será feita quando o contrato social previr e se tratar de matéria que os 
sócios podem contratar. 
A regência supletiva não pode ser absoluta, somando-se ao texto da lei da sociedade 
limitada todo o texto das normas das sociedades simples ou todo o texto da lei das sociedades 
anônimas. Tal forma de regência encontra seus limites no critério de compatibilidade, enten-
dida esta como a necessidade de se respeitar as questões ligadas à natureza e às finalidades 
econômicas e empresariais das sociedades, bem como de não lesar normas gerais e abstratas 
não adstritas à vontade dos sócios. 
Os limites de regência supletiva se aplicam tanto em relação à sociedade anônima como 
em relação à sociedade simples. 
Tratando-se de direitos disponíveis, reguláveis no contrato social por conta do contratua-
lismo da sociedade, as regras do contrato prevalecem em detrimento das normas de regên-
cia supletiva, ainda que, sobre a questão, o capítulo da sociedade limitada seja omisso. 
A regência supletiva não deve implicar a transformação do tipo societário. Assim, a limi-
tada não deve transformar-se em subespécie de sociedade anônima ou subespécie de socie-
dade simples. Não pode ainda implicar a descaracterização, desnaturação, perda de flexibilidade 
e adaptabilidade, que são as principais riquezas da sociedade limitada, juntamente com a res-
ponsabilidade limitada dos sócios. 
 
 2.2.4. Contrato social 
 Quanto ao contrato social, prevê o Art. 1.054 do CC que o contrato deverá mencionar, no 
que couber, as indicações do art. 997, e, se for o caso, a firma social, quais sejam: 
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Art. 997 do CC. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, 
que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: 
I – nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas natu-
rais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; 
II – denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; 
III – capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer 
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; 
IV – a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; 
V – as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; 
VI – as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e 
atribuições; 
VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; 
VIII – se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. 
 
Cláusulas obrigatórias: 
• Qualificação dos sócios: sócio incapaz, sócio impedido e sócios casados. 
• Qualificação da sociedade: nome empresarial, objeto, sede e prazo. 
• Capital social: funções, diferença para o patrimônio e “subcapitalização”. 
• Subscrição e integralização das quotas: impossibilidade de contribuições em serviços. 
• Administração da sociedade: administrador não sócio e conselho de administração. 
• Participaçãonos lucros e nas perdas: quotas preferenciais. 
 
Art. 1.055 do CC. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma 
ou diversas a cada sócio. 
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente 
todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade. 
Art. 1.005 do CC. O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio, posse ou uso, 
responde pela evicção; e pela solvência do devedor, aquele que transferir crédito. 
 
 
2.2.5. Integralização em bens ou créditos 
a) Se o sócio integralizar sua quota com transferência de bens, estes devem ser sus-
cetíveis de avaliação pecuniária, além de o sócio responder pela evicção, isto é, caso a socie-
dade perca esse bem posteriormente em razão de ele ser de outrem, o sócio que o havia trans-
ferido terá que pagar a ela o seu valor (segundo doutrinadores, deveria o CC ter previsto também 
a responsabilidade do sócio por eventuais vícios redibitórios da coisa). 
b) Se o sócio integralizar sua quota com a transferência de créditos de sua titulari-
dade, responderá pela solvência do devedor, isto é, caso os créditos cedidos não sejam pagos 
pelos seus devedores, o sócio que os cedeu terá que pagá-los. 
c) Nas sociedades limitadas não é necessário laudo de avaliação dos bens usados 
para integralização do capital social, e isso vale tanto para a constituição da sociedade quanto 
para os casos de aumento do capital social. 
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d) A doutrina costuma destacar que os bens cedidos à sociedade a título de integralização 
do capital social (i) devem estar relacionados ao objeto social, tendo utilidade direta ou indireta 
para a atividade exercida pela sociedade, e (ii) devem ser aptos à execução por eventuais cre-
dores sociais, de modo que não seria permitido integralizar quotas com bens impenhoráveis. 
 
2.2.6. Integralização em bens móveis 
 
Art. 35, VII, ‘a’, da Lei no 8.934/1994: o contrato social deve conter “a descrição e identi-
ficação do imóvel, sua área, dados relativos à sua titulação, bem como o número da ma-
trícula no registro imobiliário”. 
 
O arquivamento de contrato social com essa estipulação não é suficiente para transferir 
a propriedade do imóvel do sócio para a sociedade. Deve-se observar o art. 64 da Lei no 
8.934/1994. Após fazer o arquivamento do contrato social, pega-se a certidão da Junta Comer-
cial para que ela seja levada a registro no cartório de imóveis, e é isso o que operará a transfe-
rência de titularidade do bem. 
 
2.2.7. Contribuição em serviços 
Nas sociedades limitadas, não se admite a contribuição em serviços (art. 1.055, § 2o, do 
CC). 
 2.2.8. Indivisibilidade das Quotas 
No que diz respeito às quotas, importante ressaltar que são indivisíveis em relação à so-
ciedade, salvo para efeito de transferência, nos termos do Art. 1.056 do CC. De acordo com o 
§ 1o, em caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente poderão ser exercidos 
pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio falecido. Além do mais, 
dispõe o § 2o, também do art. 1.056, do CC, que: sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os 
condôminos de quota indivisa respondem solidariamente pelas prestações necessárias à sua 
integralização. 
 O condomínio de quotas pode ser decorrente de ato inter vivos ou de sucessão causa 
mortis. Nesse caso, a quota terá mais de um dono, mas, perante a sociedade, como ela é indivi-
sível, apenas um dos condôminos poderá exercer os direitos que ela confere, o condômino-sócio 
(condômino escolhido ou inventariante). 
 
 2.2.9. Cessão de quotas 
Já com relação à cessão de quotas, tem-se a partir da leitura do Art. 1.002 do CC que o 
sócio não poderá ser substituído no exercício das suas funções, sem que haja o consentimento 
dos demais sócios, expressamente previsto em modificação do contrato social. 
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Dispõe o Art. 1.003 do CC que a cessão poderá ser total ou parcial de quota, entretanto, 
não havendo a correspondente modificação do contrato social e o consentimento dos demais 
sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. 
Ainda a respeito da cessão de quotas, deve se lembrar que, nos termos do Art. 1.057 do 
CC havendo omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem 
seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição 
de titulares de mais de um quarto do capital social. O parágrafo único do referido artigo acres-
centa que a cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do pará-
grafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios 
anuentes. 
 
2.2.9.1. Contrato social 
• Quotas transferíveis/intransferíveis; 
• Transferência condicionada/incondicionada; 
• Direito de preferência aos sócios; 
• Silêncio. 
a) Livre transferência entre sócios; 
b) Transferência condicionada para estranhos. 
 
2.2.9.2. IN 81 do DREI 
Item 4.4.2 do Manual de Registro da Sociedade Limitada: 
 
Na omissão do contrato social, a cessão de quotas de uma sociedade limitada pode ser 
feita por instrumento de cessão de quotas, total ou parcialmente, averbado junto ao 
registro da sociedade, com a devida repercussão no cadastro e independentemente de 
alteração contratual (Enunciado no 225 das Jornadas de Direito Civil. 
 
Notas: 
I. A reunião ou assembleia de sócios pode ser suprida, se substituída pela expressa 
anuência escrita, no instrumento de cessão ou em outro, de detentores de mais de setenta 
e cinco por cento do capital social da limitada em questão. 
II. Será obrigatória, na primeira alteração contratual que sobrevier após a averbação da 
cessão, a consolidação do Contrato Social, com o novo quadro societário. 
 
2.2.10. Responsabilidade do cedente e do cessionário de quotas 
O sócio que cedeu suas quotas a outrem não fica automaticamente exonerado de even-
tuais obrigações perante terceiros e perante a própria sociedade. Art. 1.003, parágrafo único: 
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“Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente 
com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio”. 
O sócio que ingressou na sociedade, por sua vez, não ficará responsável apenas pelas obriga-
ções sociais posteriores, mas também pelas anteriores à sua entrada (art. 1.025, CC). 
 
2.2.10.1. Sócio remisso 
Ao sócio que está em mora quanto à integralização de suas quotas, nos termos do art. 
1.004 do CC, dá-se o nome de sócio remisso, podendo os demais sócios, conforme previsto na 
regra em comento, cobrar dele uma indenização por eventuais prejuízos que sua mora tenha 
causado à sociedade. 
Mas essa não é a única medida que os demais sócios podem tomar contra o remisso. Nos 
termos do parágrafo único do art. 1.004, “verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios 
preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já rea-
lizado, aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1o do art. 1.031”. 
Assim, o sócio remisso pode ter sua participação na sociedade reduzida ao número de 
quotas que ele efetivamente já integralizou, ou ainda ser excluído da sociedade, por deliberação 
da maioria restante (ou seja, a exclusão é extrajudicial, sem necessidade de ação judicial). 
Tratando-se de sociedade limitada, há regra especial sobre o sócio remisso, prevista no 
art. 1.058 do CC: “não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem 
prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a ter-
ceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da 
mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas”. 
 
2.2.11. Administração

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