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Questões Direito Ambiental 1a fase OAB

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1. Caso o órgão ambiental do município de Americana (SP) tomasse conhecimento dos fatos acima narrados (alteração da qualidade da água e morte de peixes), poderia lavrar auto de infração contra a empresa Tex? E, se a CETESB, entidade responsável pelo licenciamento, posteriormente lavrasse um novo auto em razão do mesmo fato, Tex seria obrigada a responder e pagar as duas multas ou um dos autos prevaleceria? Qual? Justifique. 
Sim, ambas poderão lavrar o auto de infração em face da empresa concomitantemente, indiferentemente do mesmo fato ter gerado esta demanda. Vejamos:
Primeiramente vale salientar que a competência para preservação e atuação em matéria de meio ambiente é comum a Estados, Municípios, Distrito Federal e à União, conforme atribui a nossa Constituição Federal em seu artigo 23, VI, VII[footnoteRef:1]. No mesmo sentido a Constituição estabelece que a responsabilidade em matéria ambiental pode ocorrer em 03 (três) esferas distintas, sendo elas, penal, administrativa e civil, conforme artigo 225 §3º[footnoteRef:2]. [1: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; (grifos nossos)
] [2: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. ] 
Sabendo-se que o auto de infração, constitui ato sancionador na esfera administrativa, a responsabilidade de impor condutas aos entes administrados fica a cargo das Pessoas Jurídicas de Direito Público, nas palavras de Hely Lopes[footnoteRef:3], portanto, não resta dúvida em relação a competência dos entes supracitados para impor tais sanções à empresa Tex, não obstante, a dúvida recai somente em relação ao fato que gerou ambos autos de infração. [3: MEIRELLES, Hely Lopes, (in Direito Administrativo Brasileiro, 35ª ed. 2009, São Paulo, Malheiros Editores.] 
Como é sabido, via de regra, o direito brasileiro veda a possiblidade aplicar sanções que decorrem do mesmo fato, caracterizando com essa prática uma afronta ao princípio do “non bis in idem”. Tal vedação deve ocorrer pois, muito embora a competência de atuação dos entes da federação, na seara ambiental seja para preservar e evitar condutas lesivas ao meio ambiente, não se pode usar do poder de polícia conferido para expropriar os agentes que eventualmente cometam atos sancionáveis, sobretudo quando já houve punição sobre o fato por algum ente competente, tal punição seria desproporcional.
Além disso o artigo 17 da Lei Complementar 140/2011[footnoteRef:4], prevê que a competência para impor sanções é de responsabilidade do órgão competente pelo licenciamento, no nosso caso a CETESB, dessa forma, deve prevalecer o auto lavrado pela CETESB. [4: Art. 17.  Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada. 
§ 1o  Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia. 
§ 2o  Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis. 
§ 3o  O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput. ] 
Apenas para caráter informativo, cumpre salientar que o SJT, no julgamento do REsp 1.132.682, entendeu de forma contrária e votou no sentido de afastar a aplicação do non bis in idem sob a alegação de que embora passível de questionamento, o fato é que, no âmbito infraconstitucional, houve uniforme e expressa opção no sentido de que, em relação ao mesmo fato, a sanção imposta por estados, municípios, Distrito Federal e territórios predomina sobre a multa de natureza federal. 
Além disso, entendeu que, não há margem para interpretação de que a multa paga à União impossibilita a cobrança daquela aplicada pelo Município, sob pena de non bis in idem, uma vez que a atuação conjunta dos poderes públicos, de forma cooperada, na tutela do meio ambiente, é dever imposto pela Constituição Federal, a qual, no parágrafo único de seu art. 23, delegou à Lei Complementar a fixação de normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (REsp 1.132.682 – Rel. Min. Herman Benjamin – 2º Turma – STJ)
2. Imagine que Tex deseje celebrar um termo de ajustamento de conduta (TAC) comprometendo-se a reparar integralmente dano ambiental e consertar a Estação de Tratamento de Efluentes. O termo poderia ser firmado com a CETESB ou apenas com o Ministério Público? Caso o termo seja descumprido, que medida pode ser adotada pelo Ministério Público? O cumprimento do termo extinguiria a punibilidade de Tex e das pessoas físicas envolvidas na esfera criminal? Explique. 
O TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA pode ser firmado por qualquer um dos entes. São legitimados para promover essa execução todos os órgãos públicos a que a Lei conferiu atribuição para o ajuizamento da Ação Civil Pública, quais sejam: o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, além da autarquia, da empresa pública, da fundação e da sociedade de economia mista (art. 5º, I a IV c/c 5º e 6º da Lei 7.347/1985)[footnoteRef:5] [5: ] 
Em caso de descumprimento ou inadimplemento desse titulo executivo extrajudicial, este está sujeito às regras do CPC/15.
Portanto, conclui-se que, poderá a Defensoria Pública intentar ação de execução contra a empresa inadimplente, face à inércia do município, assim como o Ministério Público ou qualquer outro órgão co-legitimado.
Nesse contexto, o não cumprimento do TAC pode ensejar em, se tratando de título executivo extrajudicial, protesto em cartório do título, ou mesmo protesto judicial, ou seja, o MP munido desse título descumprido, recorre ao Judiciário, e pede ao juiz que determine por meio de decisão judicial, o cumprimento das obrigações de fazer ou não fazer constantes no instrumento, a adequação á legislação vigente do infrator ou mesmo o ressarcimento do dano causado, sob pena de impor uma sanção mais severa daquela imposta no próprio título. Em que pese o silêncio da Lei, cuido ser plenamente admissível que qualquer pessoa do povo possa também promover essa execução.
Considerando tratar-se da tutela de interesses difusos, diviso que, além do próprio tomador do ajuste e dos demais órgãos legitimados por força da Lei 7.347/1985, qualquer pessoa poderá promover individualmente a execução do TAC, pois ostenta legitimidade para o fazer demonstrado em juízo seu interesse jurídico por ocasião da promoção da execução.
É a mesma lógica que confere ao terceiro prejudicado a legitimidade para recorrer, cabendo-lhetão somente “demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial” (CPC, artigo 461, parágrafo 1º).
Os Tribunais brasileiros acompanham este entendimento:
“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO AMBIENTAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA (TAC). NÃO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES NO PRAZO FIXADO. EXIGIBILDADE DA MULTA.
Não cumprindo o executado com obrigações assumidas em com promisso de ajustamento de conduta firmado com o Ministério Público no prazo fixado, cabível a execução da multa avençada.
(…)”
(TJRS, AC 70051327799, Relator: Carlos Eduardo Zietlow Duro) 
Outro autor que se posiciona no sentido que o TAC tem influencia na esfera Penal é Guilherme de Souza Nucci, o qual afirma:
’’ Se houver acordo entre os órgãos de controle ambiental e pessoas físicas ou jurídicas para a regularização de atividades relativas à exploração ambiental, pode haver reflexo na órbita penal, afetando a prova do dolo ou da culpa, bem como servindo de obstáculo à propositura da ação penal, por falta de justa causa. Depende, pois, da análise do caso concreto.
(NUCCI, 2010, p. 1024)”.
Utilizando-se da terceira justificativa, extinção da punibilidade, deve ser citado um fundamental julgado do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, no qual decidiu que a assinatura do TAC anterior ao oferecimento da denúncia configura uma causa extintiva da punibilidade:
“APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME AMBIENTAL – PRELIMINARES REJEITADAS - MÉRITO - ASSINATURA DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA ANTERIOR AO OFERECIMENTO DE DENÚNCIA - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
(AC n. 1.0342.03.035062-9/001, Rel. Des. Paulo Cezar Dias, j. 19/05/2009, DJe 15/07/2009)”.
No caso do presente acórdão, o Ministério Público apresentou denúncia pela suposta prática do crime previsto no art. 38, caput, da Lei de Crimes Ambientais, sendo, em primeiro grau, houve a condenação em 01 (um) ano de detenção.
Em sede de recurso, foi requerida a absolvição, sob a alegação de que a existência de Termo de Ajustamento de Conduta afasta a justa causa da ação penal. Em seu voto, o Desembargador Relator, Dr. Paulo Cesar Dias, destacou a assinatura do TCA entre o acusado e o Ministério Público, no dia 24 de novembro de 2003, sendo que mesmo celebrado o acordo, no dia 26 de agosto de 2004, houve oferecimento da denúncia, sem que fosse comprovado qualquer tipo de descumprimento pelo acusado. Ademais, para ficar ainda mais claro tal posicionamento, deve-se transcrever parte do voto do Desembargador, tendo em vista a importância do seu posicionamento:
“O art. 79-A da Lei 9.605/98 dispõe que o Termo de Ajustamento de Conduta (assinado pelo apelante antes do oferecimento da inicial acusatória) tem força de título executivo extrajudicial, extinguindo, na conformidade da jurisprudência consolidada neste Tribunal de Justiça, a punibilidade daquele que aceita os compromissos ali firmados, impedindo, dessa forma, a propositura da respectiva ação penal. Na hipótese de descumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta, firmado com o Ministério Público, que não ocorreu no presente caso, o agente poderá ser executado civilmente, não subsumindo assim a conduta do denunciado no art. 38 da Lei 9.605/98. Assim, não se vislumbra justa causa para a instauração de ação penal contra o paciente, tendo em vista a celebração do termo de ajustamento de conduta antes do oferecimento da denúncia. (AC n. 1.0342.03.035062-9/001, Rel. Des. Paulo Cezar)”.
Dessa forma, o operador do Direito, tem o dever de demonstrar que o Direito Penal não pode ser utilizado na solução dos mais diversos conflitos sociais, especialmente nos casos em que os outros ramos do Direito são mais que suficientes para a proteção desejada, o que, consequentemente, contribui enormemente para a descongestionamento do Poder Judiciário que poderá se ocupar de ações que realmente demandem esforços, como nos casos em que a análise fática revele algum outro elemento que indique a impossibilidade de se promover o arquivamento dos autos, como, por exemplo, o não cumprimento do TCA ou a própria recusa em se firmar o TCA.

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