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2020-Livro-Direito Penal Descomplicado - Pacote Anticrime - Claudia Serpa

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Após diversos pedidos de alunos, resolvi ceder e elaborar
este Ebook. Espero poder auxiliar você em seus estudos, de
forma objetiva e descomplicada.
 Aqui apresento os principais temas cobrados em provas de
concursos e provas para o Exame da OAB. Trago as
divergências mais cobradas e alguns "pulos do gato" na hora de
estudar a matéria, isso já contando com as modificações
trazidas pelo Pacote Anticrime.
 Qualquer dúvida pode entrar em contato nas minhas redes
sociais.
 Ah, não esquece de fazer parte do meu grupo privado do
Telegram, lá eu disponibilizo muito material, insights e dicas de
Direito Penal. 
 No rodapé de todas as páginas deste ebook tem um link
direto para você participar e também me seguir nas redes
sociais.
 Espero que você goste,
 Abraço,
 Prof. Claudia Serpa
SOBRE A AUTORA
Saiba mais nas minhas redes:
Advogada. Mestre em Direito pela
Universidade Estácio de Sá. Especialista em
Direito Público e Privado pela Escola da
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro.
Graduada em Direito pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Professora de
Direito Penal nos cursos de graduação e
pós-graduação de Instituições
reconhecidas nacionalmente.
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https://www.youtube.com/channel/UCj2X1OVJnu3xbSkzTpIiIew/videos
https://t.me/professoraclaudiaserpa
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I. LEI PENAL NO TEMPO
Tempo do crime
Teoria da Atividade
Teoria do Resultado 
Teoria da Ubiquidade
 Extra atividade da Lei Penal: Ultratividade
e Retroatividade
Combinação de Leis
II. LEI PENAL NO ESPAÇO
Extraterritorialidade (condicionada e
Incondicionada)
Princípios aplicados à Extraterritorialidade
Conflito aparente de normas
III. NORMA PENAL EM BRANCO
Norma penal em branco homogênea/
sentido amplo/ complementação
homóloga ou imprópria
Norma penal em branco heterogênea/
sentido estrito/ complementação
heteróloga ou própria
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DIRE I TO PENAL
DESCOMPL ICADO
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IV. DA CONDUTA
Teorias da Conduta
conduta dolosa ou culpasa
Conduta comissiva (positiva) e omissiva
(negativa)
Dos Crimes comissivos e omissivos
(próprios e impróprios)
A ausência da conduta: coação física
irresistível, movimentos reflexos, e estados
de inconsciência
Fases de realização da ação
V. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Teoria da equivalência dos antecedentes
causais ou da conditio sine qua non
Processo Hipotético de eliminação de
Thyrén
Causa: conceito e espécies
Nexo causal da omissão
Teoria da imputação objetiva 
 
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DIRE I TO PENAL
DESCOMPL ICADO
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VI. DO TIPO DOLOSO
Conceito de dolo
Teorias do dolo
Espécies de dolo
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VII. DO TIPO CULPOSO
Conceito e elementos do delito culposo
Crime cuposo como crime de tipo aberto
Culpa Consciente e Culpa Inconsciente
Diferença entre culpa Consciente e Dolo
Eventual
Culpa Imprópria
A Tentativa nos crimes Culposos
VIII. CRIMES PRETERDOLOSOS
 
 
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DIRE I TO PENAL
DESCOMPL ICADO
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IX. ITER CRIMINIS
Tentativa
Desistênca voluntária e arrependimento
eficaz
Arrependimento posterior
Crime impossível (Teoria Subjetiva e
Objetiva)
Absoluta ineficácia do meio e absoluta
impropriedade do objeto
Crime impossível e a Súmula 145 do STF
Diferença entre crime impossível e crime
putativo
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X. ILICITUDE
Causas de exclusão da ilicitude
Princípio da Razoabilidade
Legítima defesa 
Estrito cumprimento de dever legal
Exercício regular de um direito
XI. ERRO DE TIPO
Erro de tipo essencial
Erro de tipo acidental
Erro provocado por terceiro
Descriminantes putativas
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DIRE I TO PENAL
DESCOMPL ICADO
Saiba mais nas minhas redes:
XII. CULPABILIDADE
Imputabilidade
Excludentes legais da culpabilidade
Coação moral irresistível e obediência
hierárquica 
Inexigibilidade de conduta diversa como
causa supralegal de exclusão da
culpabilidade
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XIV. CONCURSO DE AGENTES
Conceito e requisitos
Coautoria
Autoria mediata - hipóteses
Partícipes e espécies de participação
 
 
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DESCOMPL ICADO
Saiba mais nas minhas redes:
XV. CONCURSO DE CRIMES
Conceito
Concurso material ou real
Concurso formal
Crime continuado
XIII. ERRO DE PROIBIÇÃO
Erro de proibiçõ direto, indireto e
mandamental
Erro de proibição escusável e inescusável
Diferença entre erro de tipo e de proibição
XVI. ESPÉCIES DE PENA
Penas privativas de liberdade
Penas restritivas de direito
Pena de multa
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XVII. LIVRAMENTO CONDICIONAL
Conceito
Características (Liberdade antecipada,
condicional e precária). Natureza jurídica.
Diferença entre SURSIS e Livramento
condicional
Juízo competente
Requisitos objetivos
Requisitos Subjetivos
Rito do livramento
condições para concessão
Revogação do Livramento
Suspensão do Livramento
Prorrogação do período de prova
Extinção da pena
XVIII. CRIMES EM ESPÉCIE
Dos crimes contra a vida
Dos crimes contra a honra
Dos crimes contra o patrimônio
Dos crimes contra a dignidade sexual
Dos crimes contra a paz pública
Dos crimes contra a fé pública
Dos crimes conta a administração pública
Dos Crimes praticados por particular conra
Administração Pública
 
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DIRE I TO PENAL
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DIREITO PENAL 
DESCOMPLICADO 
 
I. LEI PENAL NO TEMPO 
 
Tempo do crime 
 
 No Direito Penal, ao contrário do que se estuda nos 
demais ramos do Direito, nem sempre se aplica aquilo que 
chamamos de tempus regit actum (ou seja, a norma aplicada 
será aquela vigente na data da prática do fato). Isso porque, pela 
regra da retroatividade mais benéfica, se na data do 
julgamento, houver uma lei mais benéfica do que a vigente na 
data do fato, a lei em vigor retroagirá para beneficiar o réu. Caso 
contrário, se na data do fato houver uma lei mais benéfica do 
que a lei vigente na data do julgamento, ela produzirá efeitos 
ultra ativos e será aplicada a lei vigente na data do fato, mesmo 
se ela já estiver revogada. 
 
 Existem três teorias acerca do tempo do crime: teoria da 
atividade,teoria do resultado e teoria mista ou da ubiquidade: 
 
a) Teoria da atividade – para essa teoria, o tempo do 
crime é o momento da ação ou da omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado. Essa é a teoria adotada pelo 
Código Penal. É a regra do tempus regit actum 
 
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DIREITO PENAL 
DESCOMPLICADO 
b) Teoria do resultado – aqui, o tempo do crime seria 
aquele no qual seria aplicável a lei vigente no do momento do 
resultado 
 
c) Teoria da ubiquidade – para essa teoria, o tempo do 
crime seria o da ação ou omissão, bem como o momento do 
resultado. 
 
 No entanto, convém analisar, no âmbito da Classificação 
Doutrinária de Crimes, o que ocorre com os crimes 
permanentes e os crimes continuados. Crime permanente é 
aquele cuja consumação se alonga no tempo, ou seja, o 
momento consumativo não se esgota em único ato, ou seja, o 
bem jurídico tutelado é violado de forma duradoura, 
renovando-se a consumação do delito a cada momento. Já o 
crime continuado é uma espécie de concurso de crimes, 
prevista no art. 71 do Código Penal, no qual o agente, mediante 
mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, mas 
desde que demonstrado o nexo de continuidade e outros 
requisitos de ordem objetiva (mesmas condições de tempo, 
lugar, maneira de execução...), deverá ser feita a exasperação ao 
invés de ser aplicado o cúmulo material. 
 
 Para se explicar como seria feita a aplicação da lei penal 
em crimes permanentes e crimes continuados em caso de 
sucessão de leis penais no tempo, o STF editou a confusa 
Súmula 711 que dispõe o seguinte: “A lei penal mais grave 
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DIREITO PENAL 
DESCOMPLICADO 
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a 
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência”. 
 
 Em se tratando de crime permanente, deve-se observar 
o seguinte: a lei que deverá ser aplicada será aquela que estiver 
vigente no momento em que cessar a permanência. Assim, no 
caso de um sequestro, se no momento da privação da 
liberdade da vítima, estiver em vigor uma lei mais branda, mas 
quando da libertação da vítima, houver um a lei mais, grave, 
aplica-se a lei mais grave, uma vez que a execução do crime 
persistiu até a entrada em vigor da lei mais grave. 
 
 No caso do crime continuado, a explicação mais 
detalhada ocorrerá no momento do estudo do concurso de 
crimes, mas já é possível adiantar que temos nada mais nada 
menos do que a estrita aplicação do que dispõe o próprio artigo 
71 do Código Penal. 
 
Extra atividade da lei penal: ultratividade e retroatividade 
 
 Chama-se extra atividade da lei penal a sua capacidade 
de se movimentar no tempo. Ela pode regular fatos ocorridos 
durante a sua vigência se já tiver sido revogada bem como 
poderá retroagir a situações anteriores à sua vigência, desde 
que favoráveis ao réu. 
 
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 A ultratividade permite que a lei, mesmo depois de 
revogada, continue regulando fatos ocorridos na sua vigência. 
Um ótimo exemplo diz respeito à lei 11.343/2006, com relação 
ao tráfico de drogas. Na lei revogada, lei 6368/76, o tráfico era 
punido com uma pena de 3 a 15 anos. Na atual lei, o tráfico é 
punido com uma pena de 5 a 15 anos, sendo portanto, crime 
mais grave. Assim, se o fato foi praticado na vigência da Lei 
6368/76, mesmo após revogada, poderá ser aplicada uma vez 
que mais benéfica do que a atual lei. 
 
 Na retroatividade temos exatamente o contrário. Uma lei 
penal posterior, estabelece um crime menos grave e que, por 
ser mais benéfica, alcança fatos passados, ainda que já tenha 
uma sentença transitada em julgado. Como exemplo, é possível 
mencionar a Lei 13.654/18 que revogou o inciso I do § 2º do art. 
157 do Código Penal. O dispositivo revogado trazia uma causa 
especial de aumento de pena caso houvesse violência ou 
ameaça exercidas com emprego de arma. Apesar de a doutrina 
divergir com relação ao alcance daquilo que poderia ser 
considerado arma, prevalecia o entendimento mais amplo, ou 
seja, armas de fogo e qualquer objeto que fosse utilizado com 
capacidade de intimidar, ferir. 
 
 O legislador, no mesmo diploma alterador, inseriu o § 2º-
A ao art. 157, que, no inciso I, traz uma causa de aumento de 
pena se a violência ou a ameaça é exercida com emprego de 
arma de fogo. O legislador optou excluir da abrangência da 
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majorante a chamada arma imprópria ou seja, objetos que, 
apesar de poderem utilizados para intimidar, não foram 
concebidos com esta finalidade. Assim, não mais incide a 
majorante da pena do roubo o emprego de facas, cacos de 
vidro, etc. Esses objetos caractetrizam a grave ameaça, 
elementar do roubo, mas não tem mais a natureza de 
majorante. A utilização de tais objetos agora será levada em 
consideração pelo magistrado na aplicação da pena base, 
quando da análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP. 
 
 Assim, estamos diante de lei mais benéfica que deve 
retroagir para retirar a majorante relativa aos roubos cometidos 
com objetos que sejam armas impróprias. 
 
 A expressão em latim novatio legis significa lei nova. 
Pode ser para prejudicar o réu, e por isso possui o nome de 
novatio legis in pejus, ou pode ser para beneficiar, que receberá 
o nome de novatio legis in mellius. 
 
 Já a expressão Abolitio Criminis significa que uma a 
conduta deixa de ser considerada criminosa. O Código Penal 
traz a hipótese de abolitio criminis, que tem natureza de causa 
de extinção da punibilidade em seu art. 2º. Além disso, 
desaparecem todos os efeitos penais da sentença condenatória 
(o nome do agente deve ser retirado do rol dos culpados, não 
pode se considerar para fins de reincidência, nem mesmo maus 
antecedentes), permanecendo apenas os efeitos civis. 
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 Combinação de leis 
 
 Seria possível o juiz, ao perceber que uma lei tem uma 
parte mais benéfica e outra prejudicial ao acusado, realizar a 
combinação de leis, de forma que a norma vise uma aplicação 
mais benéfica ao réu? O STF entende que não é possível haver 
combinação de leis. Essa violaria o princípio da separação dos 
poderes, uma vez que o judiciário não pode agir como 
legislador positivo. O STJ, com relação à lei de drogas também 
sumulou o tema com relação à Lei de Drogas e 
consequentemente afastou a possibilidade de combinação de 
leis. 
 
 De acordo com o que dispõe a Súmula 501 do STJ, é 
cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o 
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja 
mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. Essa súmulafoi 
editada porque a Lei 11.343/2006 trouxe uma causa de 
diminuição de pena que não existia na revogada Lei 6368/76 
para o tráfico no caso de criminoso ser primário, de bons 
antecedentes, que não se dedicar a atividades criminosas e 
nem integrar organização criminosa. 
 
 Muitos então sustentaram que se o fato tivesse sido 
praticado na vigência da Lei 6368, mas se o acusado 
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preenchesse o disposto no art. 33§4º, seria possível aplicar a 
causa de diminuição de pena da nova lei ao crime previsto na 
Lei 6368. O STJ então se manifestou no sentido da 
impossibilidade de combinação de leis, de forma que deveria 
ser verificada qual a norma mais benéfica, sem fracionamento 
dos seus dispositivos. 
 
II. LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
 Agora que você já é capaz de identificar o tempo do 
crime, ou seja, qual lei será aplicada ao caso concreto, deverá 
então verificar a limitação do campo de validade da lei penal. 
A regra é que seja aplicada a territorialidade, prevista no art. 5º 
do Código Penal. O Brasil adota a teoria da territorialidade 
temperada, ou seja, a lei nacional se aplica aos fatos praticados 
no Brasil, mas excepcionalmente permite a aplicação da lei 
estrangeira quando for estabelecido de forma diversa em 
algum tratado ou convenção internacional. 
 
O art. 5º §1º traz o conceito do que é considerado 
extensão do território nacional. Assim temos que também será 
considerado território nacional embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro onde quer que se encontrem. Assim, se alguém, em 
uma aeronave oficial vier a cometer um crime, ainda que esteja 
em território chinês, responderá segundo a lei brasileira. O 
mesmo artigo também determina a aplicação da lei brasileira 
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DIREITO PENAL 
DESCOMPLICADO 
caso o crime aconteça no interior de embarcações ou 
aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada se 
estiverem em alto mar ou em espaço aéreo correspondente ao 
alto mar. 
 
Logo, se no interior de uma aeronave de propriedade de 
uma empresa brasileira houver um crime, se essa aeronave 
estiver sobrevoando o alto mar, haverá aplicação da lei 
brasileira. 
 
O art. 5º §2º também trata da territorialidade. Assim, se 
uma embarcação estrangeira estiver em mar territorial 
brasileiro ou uma aeronave estrangeira estiver sobrevoando o 
espaço aéreo correspondente ao território nacional, haverá a 
aplicação da lei brasileira. Vale lembrar que tanto a 
embarcação quanto a aeronave devem ser de propriedade 
privada. 
 
 O estudo da Lei Penal no Espaço diz respeito à 
necessidade de se saber se o Brasil poderá aplicar ou não a sua 
lei. Trata-se de um estudo que envolve o Direito Penal 
Internacional, ou seja, hipótese de a conduta criminosa violar 
sistema jurídico de mais de um país. Não se pode confundir 
com critérios de fixação de competência previstos no art. 70 do 
CPP e seguintes uma vez que ali há a definição do juízo 
competente para processar e julgar crimes cometidos no Brasil. 
 
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 As teorias aplicadas para o estudo do lugar do crime 
recebem os mesmos nomes das teorias para estudo do tempo 
do crime. Porém, em se tratando de lugar do crime, o Código 
Penal, no seu art. 6º, adota a teoria da ubiquidade que define 
lugar do crime como sendo tanto o local da conduta quanto o 
local do resultado. Isso é importante nos casos de crimes com 
atos executórios cometidos no estrangeiro com o resultado no 
Brasil e vice e versa, pois determina a competência da justiça 
brasileira para qualquer hipótese, impedindo que o crime fique 
impune. 
 
 A extraterritorialidade preocupa-se com a aplicação da 
lei brasileira aos crimes cometidos fora do território nacional. 
Trata-se do disposto no art. 7º do CP. A extraterritorialidade 
pode ser condicionada ou incondicionada. Será 
incondicionada como o próprio nome diz, quando não houver 
qualquer condição a ser preenchida. São as hipóteses previstas 
no art. 7º I. 
 
 Já a extraterritorialidade condicionada requer que sejam 
preenchidas as seguintes condições, de forma cumulativa: 
a) entrar o agente no território nacional; 
 
b) ser o fato punível também no país em que foi 
praticado; 
 
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DESCOMPLICADO 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei 
brasileira autoriza a extradição 
 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou 
não ter aí cumprido a pena; 
 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por 
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei 
mais favorável. 
 
 No caso de crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil a lei brasileira também será aplicada se 
além reunidas as condições previstas no parágrafo segundo do 
art. 7º também preencher as seguintes condições: 
 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
 A doutrina nomeia os seguintes princípios em se 
tratando de extraterritorialidade: 
 
 Princípio da defesa, real ou proteção: prevalece a lei 
referente à nacionalidade do bem jurídico lesado – art. 7º I a, b, 
c, d 
 
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 Princípio da universalidade, justiça universal ou 
cosmopolita – art. 7º II – todo país pode punir qualquer crime, 
seja qual for a nacionalidade de quem o cometeu. 
 
 Princípio da personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira 
ao autor do crime, qualquer que seja o local da infração, se ele 
for brasileiro – art. 7º II b 
 
 Princípio da representação: é o previsto no art. 7º, II, 
 
Conflito aparente de normas 
 
 Ocorre quando para um único fato, aparentemente, há 
mais de uma norma que sobre ele poderá incidir. O conflito é 
meramente aparente, porque na verdade, não há conflito. 
 
 Vamos optar pela mais abrangente abordagem dos 
princípios que visam solucionar o referido conflito. 
 
a) Princípio da especialidade: O referido princípio pode 
ser estudado através de duas óticas. 
 
 A primeira diz respeito à norma especial que afasta a 
aplicação de norma geral. Explica-se: em alguns tipos penais, 
há elementos que se tornam especiais com relação a outros. 
 
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 O exemplo mais fácil que podemos analisar é o do 
homicídio (art. 121) com o do infanticídio (art. 123). O homicídio 
fala em matar alguém. No infanticídio também há a morte de 
alguém, porém, nesse caso,a norma se torna mais específica 
por conta da presença desse elemento especializante: a mãe 
mata o próprio filho, durante o parto ou logo após, sob a 
influência de estado puerperal. Veja como a norma se 
especializou: para ser caracterizado tal crime, precisa que a 
mãe mate o próprio filho que acabou de nascer e exige-se 
ainda que ela esteja sob o estado puerperal. 
 
 A segunda ótica diz respeito ao que estabelece o art. 12 
do Código Penal, ou seja, se houver uma lei especial relativa ao 
tema, esta será aplicada. Ao contrário, aplica-se a regra geral. 
 
b) Princípio da subsidiariedade: segundo Nelson 
Hungria, a norma aqui fica como uma espécie de “soldado de 
reserva” da outra norma. 
 
A subsidiariedade pode ser expressa, como é o caso do 
art. 132 do CP (“se o fato não constitui crime mais grave”), ou 
pode ser tácita (como no caso do Código de Trânsito), art. 311 – 
ou seja, se a pessoa, ao praticar a conduta prevista em tal art. 
matar alguém, praticará o crime de homicídio culposo na 
direção de veículo automotor – o crime de dano afastará o 
crime de perigo. 
 
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A norma subsidiária é aquela que descreve um grau 
menor de violação ao bem jurídico. Segundo Rogério Greco, 
isso não deixa de ser uma especialidade. 
 
c) Princípio da consunção – um fato definido como 
crime atua como fase de preparação ou de execução, ou como 
exaurimento de outro crime mais grave, ficando por ele 
absorvido. 
 
A diferença para a subsidiariedade é que nele enfocam-
se as normas e na consunção enfocam-se os fatos. Existem 
algumas hipóteses em que se aplica o princípio da consunção: 
 
Crime progressivo: o agente, desde o início deseja a 
produção de um resultado mais grave e mediante diversos atos 
realiza sucessivas e crescentes violações ao bem jurídico: o 
agente, porém, só vai responder pelo resultado final e mais 
grave obtido. Ex: para matar alguém, há necessidade que antes 
a pessoa fique lesionada. Porém, o agente só vai responder pelo 
resultado final. 
 
Requisitos para o crime progressivo: 
 
a) O agente que cometer apenas o crime mais grave 
 
b) Vários atos são praticados para que se alcance o 
resultado. 
 
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c) Crescentes violações ao bem jurídico. 
 
Progressão criminosa: ela pode ser: 
 
a) Em sentido estrito – o agente, desejando um 
resultado, após atingi-lo, pratica novo crime, produzindo um 
resultado mais grave. Há pluralidade de fatos e de dolos. 
 
Ex: o agente queria lesionar o indivíduo, porém muda de ideia 
e resolve matá-lo. 
 
Requisitos: 
 
o Pluralidade de elementos subjetivos 
o Pluralidade de fatos 
o Crescentes violações ao bem jurídico 
 
b) Antefactum impunível: fato menos grave praticado 
pelo agente antes de um fato mais grave. O fato menos grave é 
meio necessário para se atingir o fato mais grave. 
 
Ex: subtrair uma folha de cheque em branco para preenche-lo 
posteriormente. O estelionato absorve o crime anterior. Ver 
Súmula 17 do STJ. 
 
c) Postfactum impunível: é um fato menos grave 
praticado contra um mesmo bem jurídico da mesma vítima 
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após praticar o fato mais grave. Esse fato posterior é 
considerado mero exaurimento do crime. Ex. alguém furta uma 
bicicleta e depois a destrói. Somente será punido pelo crime de 
furto. 
 
Crime complexo: é aquele que resulta da união de dois 
ou mais crimes autônomos. Pelo princípio da consunção, o 
agente só responde pelo crime complexo. Ex: latrocínio – crime 
de roubo e homicídio; extorsão mediante sequestro: crime de 
extorsão com o crime de sequestro. 
 
Princípio da alternatividade 
 
 Tal princípio será aplicado quando houver crimes 
considerados de ação múltipla ou tipos alternativos, ou de 
conteúdo variado. O tipo penal possui diversos núcleos, sendo 
o agente punido somente uma vez, mesmo que tenha 
praticado vários núcleos. Ex: art. 33 da lei 11.343/2006 
 
O tipo misto cumulativo ou princípio da cumulatividade. 
 
 Seria a possibilidade de um tipo penal prever várias 
condutas, mas sem qualquer fungibilidade entre elas, de forma 
que seria possível um concurso de crimes dentro de um mesmo 
tipo penal. 
 
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 Essa questão voltou à tona com a redação conferida ao 
art. 213 do Código Penal, que foi alterado pela Lei 12.015/2009. 
Pela referida lei, foi revogado o art. 214 também do Código 
Penal, que estabelecia o crime de atentado violento ao pudor, 
caracterizado pela prática de atos libidinosos diversos da 
conjunção carnal mediante violência ou ameaça. 
 
 No entanto, não houve uma abolitio criminis do art. 214, 
mas a aplicação do princípio da continuidade normativo típica 
que se caracteriza pela revogação de uma norma, sem a 
extinção da conduta típica, de forma que ela passa a pertencer 
a um novo tipo penal. 
 
 Com isso, o crime de estupro passou a ser caracterizado 
pela prática de conjunção carnal e atos libidinosos diversos da 
conjunção carnal mediante violência ou ameaça. 
 
 Essa nova redação levantou a seguinte discussão: se, em 
um mesmo contexto fático, houver a prática de conjunção 
carnal e atos libidinosos diversos, haverá um concurso de 
crimes, sendo esse tipo penal um tipo misto cumulativo ou 
haverá crime único, pelo fato de o art. 213 do CP se caracterizar 
um tipo misto alternativo? 
 
 O entendimento que tem predominado é no sentido de 
que estamos diante de um tipo misto alternativo, ou seja, a 
prática de várias condutas, dentro de um mesmo contexto 
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fático, caracteriza-se por crime único. Nesse sentido, temos o 
seguinte julgado: 
 
HC 274848 / SP - HABEAS CORPUS 2013/0250408-6 – 
PUBLICAÇÃO EM 04/02/2015 PROCESSUAL E PENAL. 
HABEAS CORPUS. (1) IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DE 
RECURSO ORDINÁRIO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. (2) 
CRIMES DE ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. 
DUAS VÍTIMAS. CRIME ÚNICO EM RELAÇÃO ÀS CONDUTAS 
PRATICADAS CONTRA CADA UMA DAS VÍTIMAS. LEI Nº 
12.015/09. (3) CONTINUIDADE DELITIVA RELATIVA ÀS 
CONDUTAS PRATICADAS CONTRA AS DUAS VÍTIMAS. 
UNIDADE DE DESÍGNIOS. AUSÊNCIA.CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. (4) NÃO CONHECIMENTO. 
ORDEM DE OFÍCIO. 
 
 Com o advento da Lei n.º 12.015/09, as práticas de 
conjunção carnal e de ato libidinoso passaram a ser tipificadas 
no mesmo dispositivo legal, deixando de configurar crimes 
diversos, de estupro e de atentado violento ao pudor, para 
constituir crime único, desde que praticados no mesmo 
contexto. Tal compreensão, por ser mais benéfica, deve 
retroagir para alcançar os fatos anteriores. 
 
III. NORMA PENAL EM BRANCO OU NORMA PENAL DO 
MANDATO EM BRANCO 
 
 É aquelaque possui uma necessidade de 
complementação para que se possa compreender o âmbito de 
aplicação de seu preceito primário. Ou seja, para entender 
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exatamente o que se quer, há necessidade de outro diploma 
legal para complementá-la, lei, decreto, portaria, resolução. 
Sem esse complemento, não é possível sua aplicação. 
 
 Essas normas existem porque a regulação jurídico-penal 
de determinadas matérias (ex. ordem tributária, relações de 
consumo, meio-ambiente, combate ao tráfico de drogas) 
exigem uma atividade normativa constante e variável, pois são 
influenciadas por fatores que também variam no tempo. 
 
 As normas penais em branco possuem uma subdivisão 
que levam em consideração as fontes de produção: 
 
Norma penal em branco homogênea ou em sentido amplo ou 
de complementação homóloga ou imprópria 
 
 É a norma penal em que o seu complemento se 
encontra em outro ato normativo derivado da mesma fonte de 
produção legislativa da norma penal a ser complementada. 
 
 As normas penais em branco de natureza homogênea 
ainda podem se subdividir em: 
 
a) De complementação homóloga homovitelina: 
quando o complemento estiver na própria lei. 
 
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 Ex. art. 333 do CP. Tem que se recorrer ao art. 327 do próprio CP 
para se saber o conceito de funcionário público. 
 
b) De complementação homóloga heterovitelina: 
quando o complemento estiver em outra lei. 
 
Ex. art. 235. Tem que se recorrer ao Código Civil, para saber o 
que é casamento. 
 
Norma penal em branco heterogênea ou em sentido estrito ou 
de complementação heteróloga ou própria 
 
 É a norma penal em que o seu complemento se 
encontra em outro ato normativo derivado da fonte diversa de 
produção legislativa da norma penal a ser complementada. 
 
 Diante desta realidade questiona-se se as denominadas 
normas penais do mandato em branco, de natureza 
incriminadora e cujo preceito primário necessita de 
complementação por outra norma, de fonte legislativa ou não, 
violam o princípio da legalidade. 
 
 Desta forma, para que a norma penal do mandato em 
branco não afronte ao princípio da legalidade e, 
consequentemente seja eivada de vício de 
inconstitucionalidade necessário o respeito às seguintes 
exigências: determinação da conduta; determinação da pena; 
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determinação das remissões (SILVA, Pablo Rodrigo Alflen da, 
Leis Penais em Branco e o Direito Penal do Risco: Aspectos 
Críticos e Fundamentais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p 
146-160). 
 
 Por determinação da conduta devemos entender que a 
conduta proibida deva ser descrita da forma mais clara e 
objetiva possível, deixando para a norma complementadora 
estabelecer apenas os conceitos cujo legislador penal não é 
competente para legislar como, por exemplo, o conceito de 
“drogas” para efeitos da incidência da Lei n.11343/2006 cuja 
competência é do Ministério da Saúde. 
 
 Com relação à determinação da pena, esta decorre do 
princípio da estrita legalidade da pena e, portanto, do princípio 
da proporcionalidade, na medida em que este preconiza a 
proibição do excesso, bem como das normas que o violem por 
proteção deficiente (STRECK, Lênio Luiz. Do Garantismo 
Negativo ao Garantismo Positivo: a dupla face do princípio da 
proporcionalidade. In. Juris Poesis. Revista do Curso de Direito 
da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, ano 8, n. 7, jan., 
2005, ISSN 1516-6635-225, p.256) 
 
 Por fim, por determinação das remissões podemos 
entender a obrigatoriedade da norma complementadora ser 
expressamente identificada e determinada pela norma em 
branco. 
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CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME 
 
FATO TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL 
CONDUTA 
- dolosa ou culposa 
- comissiva ou 
omissiva 
NÃO PODEM ESTAR 
PRESENTES AS 
CAUSAS DO ART. 23 
IMPUTABILIDADE 
 
NEXO CAUSAL 
 
POTENCIAL 
CONSCIÊNCIA DA 
ILICITUDE 
RESULTADO 
TIPICIDADE 
EXIGIBILIDADE DE 
CONDUTA DIVERSA 
 
IV. DA CONDUTA: 
 
 A conduta é o primeiro elemento que vamos estudar 
integrante do fato típico. Conduta significa ação, 
comportamento humano. Quanto à pessoa jurídica vamos 
estudar a controvérsia se pessoa jurídica pode praticar crime 
quando analisarmos sujeito ativo do delito. A conduta deve ser 
comissiva (importa em fazer alguma coisa) ou omissiva (é o 
deixar de fazer), dolosa ou culposa. 
 
 
 
 
 
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Teorias da Conduta 
 
a) Causalismo - Sistema causal-naturalista – Liszt e 
Beling.: ação seria todo movimento corporal voluntário 
responsável por uma modificação no mundo exterior. 
 
A grande crítica que se recebeu aqui foi que não se 
explicava o problema da omissão. Diziam que a omissão seria a 
distensão muscular. Na verdade, não está correta tal assertiva, 
uma vez que uma mãe pode deixar de alimentar seu filho para 
ir fazer ginástica e não há que se falar em distensão. 
 
b) Conceito neoclássico de delito – Mezger e Sauer: ação 
passou a ser entendida como a realização da vontade humana 
no mundo exterior. Isso conseguiria explicar a omissão, 
inspirado num sentido normativo. 
 
 Aqui acabava não havendo uma explicação para os 
crimes culposos. No crime culposo, o autor não deseja a 
produção do resultado. 
 
 c) Finalismo – Welzel: ação é todo comportamento 
humano, voluntário, dirigido a uma finalidade. Essa finalidade 
pode ser ilícita (quando atua com dolo de praticar algo proibido 
pela lei penal) ou lícita (inobservando um dever de cuidado, 
utiliza-se meios inadequados para alcançar a finalidade). 
 
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 d) Teoria Social da Ação – Jescheck: ação é todo 
comportamento socialmente relevante. Ação é o processo 
causal, desenvolvido pelo homem, que produz um resultado 
querido ou não, mas socialmente desvalorado. 
 
Condutas dolosas e culposas 
 
 O agente atua com dolo quando quer diretamente a 
produção de um resultado ou assume o risco de sua produção. 
Atuará com culpa se com sua ação não observar um dever de 
cuidado, agindo com imprudência, negligência ou imperícia. A 
regra no nosso Código Penal é que o crime seja doloso, somente 
podendo ser punido por culpa se houver previsão legal – art. 18 
parágrafo único do CP. 
 
Condutas comissivas e omissivas. 
 
 A conduta será considerada comissiva quando o agente 
fizer alguma coisa. O agente direciona sua conduta a uma 
finalidade. Diz-seque a conduta é positiva. Quando a conduta 
é omissiva, o agente deixa de fazer alguma coisa quando tinha 
o dever de agir (ex.: art. 135 do Código Penal). Diz-se, nesse caso, 
que a conduta é negativa. 
 
 
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Crimes omissivos próprios e impróprios 
 
 Os crimes omissivos poderão ser próprios ou impróprios. 
Serão considerado próprios quando houver descrito no tipo 
penal um deixar de fazer aquilo que a lei determina, pois para 
esses crimes há um dever genérico de proteção (art. 135 do CP). 
 Serão considerados impróprios os crimes que somente 
as pessoas previstas no art. 13 § 2º poderão praticar. Essas 
pessoas teriam um dever especial de proteção – a pessoa 
funciona como uma espécie de agente garantidor, ou seja (ler 
alíneas do art. 13§ 2º do CP). 
 
A ausência de conduta: coação física irresistível, movimentos 
reflexos e estados de inconsciência. 
 
 Como anteriormente foi dito, a ação regida pela vontade 
é sempre uma ação final, ou seja, dirigida à obtenção de uma 
finalidade. Se não houver vontade dirigida a uma finalidade, 
não há que se falar em conduta. Se o agente não atua dolosa 
ou culposamente, não há ação. Isso acontece em alguns casos: 
 
a) Força irresistível – pode vir através da ação de um 
terceiro (coação física) ou de um fenômeno da natureza. A 
ausência da ação obviamente existe com relação àquele que 
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sofre a força irresistível. Aquele que a exerce, atua com vontade, 
sendo autor de uma conduta. 
 
b) Movimentos reflexos – ocorre quando nosso 
organismo reage a pequenos impulsos (ex.: uma pessoa leva 
um choque e com o reflexo lesiona alguém). Porém, se o reflexo 
era previsível, a pessoa poderá ser punida a título de culpa, por 
inobservar um dever objetivo de cuidado. 
 
c) Estados de inconsciência:: um exemplo de 
inconsciência é o sonambulismo. 
 
Fases de realização da ação. 
 
Aqui, podemos observar que, para o agente praticar uma 
ação, e atingir sua finalidade, deverá passar por duas fases: 
interna e externa. 
 
A fase interna é aquela que se dá na esfera do 
pensamento e é composta: 
 
a) representação e antecipação mental do resultado 
a ser alcançado 
 
b) escolha dos meios para se alcançar esse resultado 
 
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c) a consideração dos efeitos produzidos se houver a 
utilização de tais meios. 
 
Já na fase externa, o agente exterioriza tudo que tinha 
arquitetado mentalmente. Para que o agente seja punido pelo 
Estado há necessidade que exteriorize a vontade. Se 
permanecer na cogitação ou nos atos preparatórios, a conduta 
é irrelevante, salvo nos casos que a lei prevê expressamente, 
como no crime de quadrilha ou bando (art. 288. do CP) 
 
V. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
 
 O nexo causal ou relação de causalidade é o elo 
necessário que une a conduta do agente ao resultado 
produzido. Não havendo esse nexo, o resultado não poderá ser 
atribuído ao agente. 
 
Dos crimes em que ocorre o nexo causal. 
 
 Cabe salientar que a relação de causalidade deverá ser 
analisada apenas nos crimes que apresentam um resultado 
naturalístico, ou seja, aqueles em que há uma modificação no 
mundo exterior, ou seja, estamos falando de crimes materiais e 
dos crimes omissivos impróprios (ou comissivos por omissão). 
 
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 É importante salientar, porém, que todos os crimes 
produzem um resultado jurídico, que é a lesão ou perigo de 
lesão ao bem jurídico tutelado pela lei, mas nem todos 
produzem um resultado naturalístico, que é a modificação no 
mundo exterior. 
 
Teoria da equivalência dos antecedentes causais ou da conditio 
sine qua non 
 
 Teoria de Von Buri e adotada pelo nosso Código Penal, 
considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido da maneira que ocorreu. 
 
 Partindo do resultado naturalístico, devemos fazer uma 
regressão e verificar tudo aquilo que tenha exercido influência 
na sua produção. 
 
Ex.: em um crime de homicídio, destaquemos uma série de 
fatos antecedentes:1. produção do revólver pela indústria; 2) 
aquisição da arma pelo comerciante; 3) compra do revólver 
pelo agente; 4) o agente almoça; 5) emboscada; 6) disparo na 
vítima; 7) morte da vítima. Dentro desse raciocínio, se 
excluirmos os nº 1 a 3, 5 e 6, o resultado morte não teria ocorrido. 
Então, tais pontos são considerados causas. Mas se excluirmos 
o 4, nada altera e, portanto, o 4 não poderá ser considerado 
causa. Crítica: para buscarmos a causa do resultado, acabamos 
chegando a uma regressão infinita, o que nos leva a entender 
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como causa até mesmo o pai e a mãe do agente o terem 
gerado. 
 
Processo Hipotético de Eliminação de Thyrén 
 
 Segundo tal estudioso, tal processo consiste em: 
 
a) pensar no fato que entendemos como influenciador 
do resultado; 
 
b) suprimir esse fato da cadeia, 
 
c) se houver a supressão e o resultado se modificar, o fato 
suprimido mentalmente deverá ser considerado causa. 
 
Segundo Heleno Fragoso, causa é todo antecedente que 
não pode ser suprimido em mente sem afetar o resultado. 
 
Considera-se causa toda a ação ou omissão sem a qual o 
resultado não teria ocorrido da maneira que ocorreu”. Como 
assim da maneira que ocorreu? Tomemos por exemplo a 
hipótese de uma pessoa estar gritando por socorro e você, 
quando passa, escuta e vai lá ver. 
 
Ao chegar próximo, percebe que é seu maior inimigo 
pendurado em um galho de árvore, que está quase quebrando 
e você, ao invés de ajuda-lo, balança o galho de leve e ele cai. 
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Se você não passasse ali o galho mais cedo ou mais tarde 
se quebraria, certo? Mas a partir do momento que você sacudiu 
o galho e precipitou a queda de seu inimigo, você interferiu na 
cadeia causal e, portanto, deverá responder pelo resultado, 
mesmo que ele ocorresse sem a sua colaboração. 
 
Causa: conceito e espécies 
 
O art. 13§ 1º do Código Penal traz as causas 
supervenientes relativamente independentes. Mas não 
podemos esquecer que há também causas preexistentes e 
concomitantes, absoluta e relativamente independentes 
 
Causas absolutamente independentes 
 
 São aquelas segundo as quais o resultado teria ocorrido 
independentemente da conduta do agente. 
 
Preexistentes: aquela que ocorreu anteriormente à conduta do 
agente. 
 
Ex.: A, querendo matar B, atira em seu peito e B morre, mas nãodo tiro e sim da ingestão de veneno que havia feito 
anteriormente. A não responderá por homicídio e sim por 
tentativa de homicídio. Ou seja, responderá apenas por seu 
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dolo. A ingestão do veneno foi anterior à conduta do agente, 
por isso é considerada uma causa preexistente. 
 
Concomitante: é aquele que acontece no mesmo instante da 
conduta do agente. 
 
Ex.: A e B querem matar C. Ao mesmo tempo, ambos atiram 
contra C. Apenas o tiro proferido por A acerta C mortalmente e 
o de B passa de raspão. B poderá responder pelo resultado 
morte? Não, pois quem causou o resultado foi A. Logo, B 
responderá apenas pelo seu dolo: tentativa de homicídio. 
 
Superveniente: é aquela causa ocorrida após a conduta do 
agente e que não tem nenhuma relação com a conduta. Ex: A 
atira em B, que fica muito ferido. Logo após, o prédio que B SE 
encontrava ferido desaba e ele morre. A responderá apenas 
pela tentativa de homicídio. 
 
 Em todos os casos, não houve modificação do resultado 
se for feito um processo hipotético de eliminação. Então, 
conclui-se que, em se tratando de causas absolutamente 
independentes, o resultado não poderá ser imputado ao 
agente, devendo este responder apenas pelo seu dolo. 
 
Causas relativamente independentes – 
 
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São aquelas que somente poderão produzir o resultado 
se conjugada com a conduta do agente. a ausência de uma 
delas acarreta uma modificação no resultado. Também podem 
ser: 
 
a) Preexistentes: já existia antes do comportamento do 
agente e conjugada com tal conduta, produziu o resultado. 
 
Ex: hemofílico. A quer matar B e desfere um golpe de faca, 
sabendo que B era hemofílico. Mesmo que tenha sido em um 
local que não fosse causar a morte, ele morreu porque era 
hemofílico e em virtude da facada. Responderá, portanto, por 
homicídio. Se ele sabia e não queria matar, somente lesionar, 
responderá por lesão corporal seguida de morte, uma vez que 
não havia previsibilidade da morte. Porém, se o agente não 
sabia que B era hemofílico, não poderá ser responsabilizado 
pelo resultado morte. 
 
b) Concomitantes: é aquela causa que em uma relação 
de simultaneidade com a conduta do agente e com ela 
conjugada, é considerada produtora do resultado. Quando a 
conduta do agente e a causa concomitante são conjuntamente 
causadoras do resultado, o agente deverá responder pelo 
resultado. 
 
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OBS: As causas preexistentes e concomitantes relativamente 
independentes, quando conjugadas com a conduta do agente, 
fazem com que esse sempre responda pelo resultado. Mas para 
isso, há necessidade de que essas causas entrem na esfera de 
conhecimento do agente. 
 
c) Supervenientes: aqui está regulado no Código 
Penal, em seu art. 13 §1º. Somente poderá ser excluído o 
resultado ao agente quando a causa, por si só, vier a causar o 
resultado. Senão vejamos: A dá um tiro em B que é levado para 
o hospital. Quando já está no hospital, o hospital pega fogo e B 
falece. Vamos então raciocinar: se A não tivesse atirado em B, B 
não estaria no hospital e, portanto, não teria morrido. Porém, se 
retirarmos o incêndio, a vítima não teria morrido da maneira 
como ocorreu. Logo, o agente deverá responder pelo crime de 
tentativa de homicídio. 
 
O art. 13§1º traz a expressão “por si só”. Significa 
dizer que somente serão imputados ao agente os resultados 
que se encontrarem em uma linha de desdobramento físico 
causal da ação. Ou seja, que pela conduta do agente seriam 
previsíveis ocorrer. Não sendo previsíveis, ou seja, não estando 
na linha de desdobramento físico causal, o agente somente 
responderá pelos atos praticados por seu dolo. É importante 
verificarmos também a significância da lesão para que não 
cheguemos à situações absurdas. 
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O nexo causal na omissão 
 
Na leitura do art. 13 do Código Penal, podemos verificar 
que a omissão também poderá ser considerada causa do 
resultado, bastando que o omitente tenha o dever jurídico de 
impedir ou de tentar impedir o resultado. Trata aqui de o 
agente não fazer aquilo que a lei que determinava fazer. 
 
Teoria da imputação objetiva 
 
Não é a teoria adotada pelo nosso Código Penal. Tem por 
fundamento o incremento do risco e a finalidade de proteção 
da norma. A causação de um resultado típico só se observará se 
o agente criou um risco juridicamente reprovável. 
 
Nessa teoria, devemos abstrair o dolo e a culpa, 
analisando o tipo penal objetivamente. Por isso que a teoria se 
chama imputação objetiva. A conduta do agente deverá ter 
criado ou aumentado um risco juridicamente proibido. 
 
Ex: uma pedra vai cair na cabeça de A. Ao perceber o que pode 
acontecer, B empurra A, que se machuca nas pernas para que 
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a pedra não caia na cabeça de A. B teria cometido o crime de 
lesão corporal. Porém, devemos verificar que B reduziu um risco 
que iria acontecer e, portanto, não poderá ter o resultado a ele 
imputado. Alguns princípios surgem nessa teoria: 
 
 Princípio da proibição do regresso: o agente não pode 
responder por um resultado produzido por terceiro ou pela 
própria vítima. 
 
Ex.: uma pessoa deixa uma arma em cima de uma mesa, o 
agente pega a arma e mata alguém. Não poderá ser 
responsabilizado pelo resultado morte, uma vez que a ação de 
terceiro é que causou o resultado. 
 
Princípio da confiança: quando eu vivo em sociedade, 
confio que as pessoas tenham atitudes dentro de seus papéis a 
serem desempenhados. 
 
Ex.: um médico está operando um paciente. Ele espera que as 
pessoas dentro de sua equipe desempenhem os seus papéis 
corretamente. 
 
Pode acontecer também de que a pessoa que criou ou 
incrementou o risco não tenha causado o resultado e, portanto, 
a ela não poderá ser imputada a conduta. 
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Ex.: uma pessoa vai roubar a vítima, essa se assusta, sai correndo 
para o meio da rua e morre atropelada. Ao agente deverá ser 
imputado apenas o crime de roubo. 
 
VI. DO TIPO DOLOSO 
 
Conceito de dolo: 
 
 Dolo é a vontade livre e consciente dirigida a realizar a 
conduta prevista no tipo penal incriminador. Desse conceito, 
podemos concluir que o dolo é formado por dois elementos: 
um elemento intelectual e um elemento volitivo. 
 
 A consciência, momento intelectual do dolo, significa 
que o agente deve saber exatamenteaquilo que faz, para que 
lhe possa atribuir um resultado lesivo a título de dolo. 
 
Ex.: alguém, durante uma caçada, pretendendo matar uma 
onça, confunde um homem com um animal e atira, matando 
o homem. Não havia dolo de matar o homem, e sim de matar 
o animal. Nesse caso, o dolo ficará afastado porque não havia 
consciência, incorrendo o agente em erro de tipo (matéria que 
será tratada na última aula). 
 
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A vontade é outro elemento sem o qual desnatura o 
crime doloso. Como já falamos anteriormente, aquele que sofre 
uma coação física, age com ausência de dolo. Não há vontade 
e portanto, deverá ser afastado o dolo da conduta do agente. 
 
Então: faltando um desses elementos – consciência e 
vontade – descaracterizado estará o crime doloso. 
 
No nosso código Penal, o dolo está com previsão no art. 
18, de onde podemos concluir que: a regra é o crime ser doloso. 
Somente poderá haver punição por crime culposo se houver 
previsão expressa na lei, pois estaremos diante de uma norma 
de exceção. É necessário que se leia todo o capítulo referente 
àquele crime para que possamos constatar se haverá punição 
a título de culpa ou não. Caso não exista, não há punição para 
aquela conduta (exemplo: dano culposo). 
 
Teorias do dolo 
 
a) Teoria da vontade: o dolo seria tão somente a vontade 
livre e consciente de querer praticar a infração penal. 
 
b) Teoria do assentimento: atua com dolo aquele que 
antevendo como possível o resultado lesivo com a sua conduta, 
não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco da 
produção do resultado. 
 
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c) Teoria da representação: quando o agente tem a 
previsão do resultado como possível e ainda assim deseja dar 
continuidade à sua conduta. Essa teoria não distingue o dolo 
eventual da culpa consciente. 
 
O nosso Código Penal adota a teoria da vontade, quando 
menciona quanto ao dolo direto e adota a teoria do 
assentimento, quando se refere ao dolo eventual. 
 
Espécies de dolo. 
 
Distingue-se o dolo em direto e indireto. O dolo será 
direto quando o agente quer efetivamente cometer a conduta 
descrita no tipo penal. O agente pratica a conduta dirigida 
finalisticamente à produção do resultado por ele pretendido 
inicialmente. No dolo direto, o agente quer praticar a conduta 
descrita no tipo. É o dolo por excelência. 
 
O dolo direto divide-se em dolo direto de primeiro grau 
e dolo direto de segundo grau. Será de primeiro grau quando 
for referente ao fim proposto e aos meios escolhidos. Será de 
segundo grau quando se referir aos seus efeitos colaterais, 
necessários para que se possa chegar ao dolo direto de primeiro 
grau. 
 
Ex.: um terrorista pretende matar um Chefe de Estado que 
estará viajando em um avião. Coloca dentro desse avião uma 
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bomba, o avião explode e todos morrem. Quanto ao Chefe de 
Estado, haverá dolo direto de primeiro grau. Quanto aos 
passageiros do avião, haverá dolo direto de segundo grau, pois 
para matar o Chefe de Estado, a morte dos passageiros seria 
necessária para que se pudesse alcançar o dolo direto de 
primeiro grau. A finalidade primeira não era de se alcançar a 
morte dos demais passageiros, mas de qualquer forma ela foi 
querida pelo agente, como consequência necessária do meio 
escolhido. Também é conhecido por dolo de consequências 
necessárias. 
 
O dolo poderá também ser indireto. O dolo indireto se 
divide em alternativo e eventual. 
 
O dolo será considerado alternativo quando o aspecto 
volitivo o agente se encontra direcionado de maneira 
alternativa, seja em relação ao resultado, seja em relação à 
pessoa contra a qual o crime é cometido. 
 
Ex.: Astrogildo deseja ferir ou matar Teobaldo. 
 
Ex.2: Astrogildo deseja matar Teobaldo ou Pafúncia. 
 
O dolo será considerado eventual quando o agente, 
embora não querendo diretamente praticar a infração penal, 
não deixa de agir e com isso, assume o risco de produzir o 
resultado que por ele já havia sido previsto e aceito. O agente 
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representa em sua mente o resultado e, embora não querendo 
sua produção, não se importa com a sua ocorrência 
 
OBS: DOLO GERAL: o autor acredita ter alcançado o resultado 
pretendido, quando na verdade o resultado somente se produz 
por uma ação posterior, com a qual buscava encobrir o feito. 
Ex.: o agente, supondo que a vítima já estivesse morta, de forma 
a ocultar o crime, atira o corpo no mar, momento que a vítima 
vem a falecer por afogamento. 
 
VII. DO TIPO CULPOSO 
 
 Previsto no art. 18 II do Código Penal. 
 
Conceito e elementos 
 
Tem-se o crime culposo quando o agente pratica a 
infração penal inobservando um dever de cuidado. A definição 
trazida pelo Código Penal não se mostra suficiente para que se 
possa aferir com precisão se a conduta do agente pode ser 
considerada culposa ou não. 
 
Para a caracterização do crime culposo, há necessidade 
de que se faça uma conjugação dos seguintes elementos: 
 
a) Conduta humana voluntária, omissiva ou comissiva: 
inicialmente, a conduta do agente é direcionada a uma 
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finalidade lícita. Entretanto, por não observar um dever de 
cuidado, dá causa a um resultado não querido pelo agente. O 
meios escolhidos e empregados pelo agente foram 
inadequados ou mal utilizados. 
 
b) Inobservância de um dever objetivo de cuidado: é um 
dever que todos nós temos que observar, pois são regras de 
comportamento para que possamos conviver 
harmoniosamente em sociedade. Cada membro da sociedade 
parte do princípio de que o dever de cuidado objetivo será 
observado pelo seu semelhante. Essa infringência decorre de 
hipóteses de imprudência, negligência ou imperícia. 
 
Imprudência: conduta positiva praticada pelo agente 
que, por não observar o seu dever de cuidado, causasse o 
resultado lesivo que era previsível. A imprudência é portanto, 
fazer alguma coisa. 
 
Negligência: é deixar de fazer aquilo que a diligência 
normal impunha. 
 
Imperícia: ocorre uma inaptidão momentânea ou não 
do agente para o exercício de uma arte ou profissão. 
 
c) Há necessidade da ocorrência de um resultado 
naturalístico em virtude da conduta do autor. Então se o agente 
deixa um pesado vaso de plantas no parapeito de uma janela 
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alta, o simples fato de o vaso estar ali, não há crime culposo. 
Porém, se o vasocair machucando alguém, o agente 
responderá por lesão corporal culposa. 
 
d) Deve existir um nexo de causalidade entre a conduta 
do agente praticada e o resultado dela advindo, para que esse 
possa ser imputado ao agente. 
 
e) O fato deve ser previsível ao agente. Explico: se o fato 
escapar totalmente à previsibilidade do agente, o resultado não 
lhe poderá ser atribuído. É a possibilidade de conhecimento do 
perigo que sua conduta gera para os bens jurídicos alheios. A 
previsibilidade condiciona o dever de cuidado. Em se tratando 
de crime culposo,a previsibilidade deverá ser objetiva, ou seja, o 
agente, no caso concreto, deverá ser substituído por uma 
pessoa de prudência normal (o chamado homem médio). Se 
para essa pessoa o resultado persistir, é porque poderá ser 
considerado imprevisível, e, portanto, não se poderia exigir do 
agente nada além do que a capacidade normal dos homens. 
Se o homem médio, no lugar do agente, atuasse de forma 
diferente, e assim o resultado não viesse a acontecer, é porque 
havia previsibilidade. A doutrina fala também em 
previsibilidade subjetiva, em que se leva em consideração as 
condições pessoais do agente, que se afere no caso concreto. A 
previsibilidade subjetiva será estudada quando da exigibilidade 
conduta diversa. 
 
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f) Tipicidade, ou seja, há necessidade de previsão em lei 
do tipo culposo. A regra no Código é de que os crimes venham 
a ser dolosos. Sendo a culpa regra, o código deverá 
expressamente fazer uma ressalva. 
 
O crime culposo como crime de tipo aberto 
 
Os crimes culposos são considerados tipos abertos uma 
vez que há necessidade de uma valoração do intérprete para se 
amoldar a conduta do agente. 
 
Não há uma descrição completa e perfeita da figura 
típica nos crimes culposos, devendo o julgador, no caso 
concreto, analisar todos os elementos que compõem o crime 
culposo e amoldar a conduta do agente. 
 
Culpa consciente e culpa inconsciente 
 
Na culpa inconsciente, o agente não prevê o resultado, 
embora esse possa ser previsível. Já na culpa consciente, o 
agente prevê o resultado, mas mesmo assim prossegue com os 
seus atos, pois acredita sinceramente que o mesmo não vá 
ocorrer. 
 
 
 
 
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Diferença entre culpa consciente e dolo eventual 
 
Na culpa consciente, embora o agente preveja o 
resultado, acredita sinceramente que ele não irá ocorrer. Já no 
dolo eventual, é diferente. O agente prevê que o resultado pode 
ocorrer e assume o risco de produzi-lo, ou seja, não se importa 
que ele ocorra. 
 
O grande problema que vem acontecendo ultimamente 
é uma aplicação errada do dolo eventual e da culpa consciente 
quando se trata de embriaguez ao volante e crimes de trânsito. 
 
A fórmula que vem se criando é: embriaguez ao volante 
+ velocidade excessiva= dolo eventual é errada. Não se pode 
partir do princípio que todas as pessoas que dirigem 
embriagadas e com velocidade excessiva não se importem em 
causar morte ou lesão em outras pessoas. É claro que em alguns 
casos pode acontecer de existir um dolo eventual na direção de 
veículo automotor. Mas deve-se levar em consideração o 
elemento anímico: acreditou sinceramente na não ocorrência 
do resultado? É culpa consciente. Não se importou com a sua 
ocorrência?? Dolo eventual 
 
Culpa imprópria 
 
São hipóteses previstas na parte final do art. 20§1º. São as 
descriminantes putativas, em que o agente, em virtude de erro 
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evitável pelas circunstâncias dá causa dolosamente a um 
resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito 
culposo. 
 
Vou exemplificar para facilitar: Teobaldo, sentado ao 
lado de um banheiro em um bar, vê Cristóvão se levantando em 
sua direção com uma cara de irritação. Supondo que Cristóvão 
iria mata-lo, arremessa em no peito de Cristóvão uma faca, que 
acaba por mata-lo. Temos aqui um caso de discriminante 
putativa, na qual a situação só existia na mente do agente. 
Estamos diante de uma legítima defesa putativa. Sendo esse 
erro evitável, o agente deverá responder pelo crime cometido a 
título de culpa. Embora o agente tenha agido com dolo, por 
questões de política criminal, responderá por um crime 
culposo. 
 
Nessa hipótese é que a doutrina vislumbra a 
possibilidade de tentativa em delitos culposos, pois como foi 
dito, a conduta é dolosa, porém, será punida com as penas 
correspondentes ao crime culposo. 
 
A tentativa nos crimes culposos 
 
Como anteriormente foi estudado, não é possível haver 
tentativa em crimes culposos, uma vez que o iter criminis é um 
instituto somente aplicado para crimes dolosos. 
 
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Somente na hipótese da culpa imprópria (por extensão, 
assimilação, equiparação) é que a doutrina vislumbra a 
possibilidade de tentativa em delitos culposos, pois como foi 
dito, a conduta é dolosa, porém, será punida com as penas 
correspondentes ao crime culposo. (questão que 
especificamente envolverá o erro de tipo) 
 
VIII. O CRIMES PRETERDOLOSO 
 
O crime preterdoloso (art. 19.) é uma das espécies de 
crime qualificado pelo resultado. Nesse caso, haverá conduta 
dolosa do autor no antecedente e culpa na conduta 
consequente. 
 
Ex.: lesão corporal seguida de morte. Já no crime qualificado 
pelo resultado, haverá conduta dolosa na antecedente e na 
consequente: ex.: lesão corporal qualificada pela perda de um 
membro. A conduta do agente foi direcionada para a prática 
daquele tipo gravíssimo de lesão. 
 
O art. 19 do Código Penal visa afastar a responsabilidade 
penal objetiva, evitando que o agente venha a ser 
responsabilizado por infrações que sequer ingressaram na sua 
órbita de previsibilidade. 
 
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Para o agente ser responsabilizado por um crime 
preterdoloso, há necessidade de que pelo menos o resultado 
possa ser previsível ao homem médio. 
 
Ex.: Uma pessoa é derrubada por um agente na areia que 
deseja lesioná-la, essa pessoa bate com a cabeça em uma 
pedra e morre. Não é previsível que tenha um pedregulho em 
uma areia que venha causar a morte da pessoa. Nesse caso, o 
agente deverá responder apenas pelo crime de lesão corporal. 
Já se houver um tombo desses no meio da rua, e o agente bater 
com a cabeça em uma pedra e morrer, haverá o crime de lesão 
corporal seguida de morte, pois é perfeitamente previsível que 
haja uma pedra na rua. 
 
IX. ITER CRIMINIS 
 
Trata-se do caminho que a infração penal irá percorrer 
desde a cogitação do agente até seu exaurimento 
(esgotamento da figura típica). É um instituto importante para 
verificar se a infração comporta ou não tentativa. Assim, pode-se dizer que essa análise será cabível apenas em crimes dolosos. 
 
A doutrina enumera as seguinte fases do iter criminis: 
Cogitação, Atos Preparatórios, Atos Executórios, Consumação e 
Exaurimento. 
 
 
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Tentativa 
 
Instituto previsto no art. 14, II do Código Penal e sua 
punição encontra-se descrita no art. 14, parágrafo único. O 
pressuposto para se falar em tentativa é haja o início da 
execução do crime, mas a não consumação, decorrente de 
circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
A tentativa é considerada perfeita quando o agente faz 
tudo que está ao seu alcance para consumar o crime e ainda 
assim, ele não se consuma por circunstâncias alheias à vontade 
do agente. Será considerada imperfeita quando o agente inicia 
a execução do crime, mas sequer chega ao fim, e o crime não 
se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
A punição pela tentativa leva em consideração a 
proximidade que o agente ficou da consumação do delito. Se o 
agente ficou perto da consumação, a pena será diminuída da 
fração mínima. Se o agente ficou distante da consumação, ou 
seja, se foi caso de tentativa imperfeita, a pena ficará diminuída 
no seu patamar máximo. 
 
Algumas infrações não são passíveis de punição pela 
tentativa. São as seguintes: Crimes Culposos, Crimes Habituais, 
Crimes Preterdolosos, Crimes Omissivos Próprios e Crimes 
Unissubsistentes 
 
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Vale lembrar que não se pune a tentativa de 
contravenção penal – art. 4º DL 3688/41. 
 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 
Vale lembrar que esses dois institutos (art. 15 do cp) têm 
por objetivo beneficiar o agente, de forma que ele não 
responda pela tentativa, uma vez que, por conta própria, evitou 
a produção do resultado. 
 
De forma a diferenciar a tentativa da desistência 
voluntária, pode-se trabalhar com a Fórmula de Frank, na qual 
o agente, ao se deparar com a situação deve-se questionar: “se 
eu posso prosseguir, mas não quero”, tenho o instituto da 
desistência voluntária. Mas, se por acaso, ele ao se questionar 
diz para si “quero prosseguir, mas não posso”, temos o instituto 
da tentativa. 
 
Assim, ao reconhecer a desistência voluntária, não será 
possível responsabilizar o agente pela tentativa, mas sim pelos 
atos lesivos ao bem jurídico que ele tiver causado. 
 
Já no arrependimento eficaz, o agente, por conta 
própria, evita a consumação do delito. Vale lembrar que, para 
fazer jus ao benefício, a consumação deve ser por ele evitada. 
Assim, se o agente fizer tudo que está ao seu alcance para evitar 
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a consumação do delito, mas o crime ainda assim se consumar, 
temos que ele será responsabilizado pelo crime consumado. 
 
Arrependimento Posterior 
 
No caso do arrependimento posterior ( art. 16 do CP), o 
crime alcançou a sua consumação, mas o agente, se reparar o 
dano ou restituir a coisa antes do recebimento da denúncia ou 
da queixa, receberá uma diminuição da pena. Vale lembrar que 
não se aplica o referido instituto aos crimes cometidos com 
violência ou ameaça à pessoa. 
 
Crime impossível 
 
Quando o legislador fala do crime impossível (art. 17 do 
CP) já prevê que o agente já ingressou na fase dos chamados 
atos de execução. Isso a gente consegue extrair da redação do 
art., que diz “não se pune a tentativa” e só se pode falar em 
tentativa quando o agente já der início aos atos de execução. 
Por isso que o crime impossível também é conhecido 
como tentativa inidônea, quase-crime ou tentativa inadequada. 
 
Teorias sobre o crime impossível: 
 
a) Teoria subjetiva: a teoria de Von Buri dispõe que não 
importa se há a ineficácia do meio ou impropriedade do objeto. 
Para que esteja configurada a tentativa, basta que o agente 
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tenha agido com vontade de praticar a infração penal. Para essa 
teoria, o agente é punido pela intenção. 
 
b) Teoria objetiva: biparte-se em teoria objetiva pura e 
teoria objetiva temperada. A primeira, segundo Nelson Hungria, 
dispõe que não se pode distinguir entre inidoneidade absoluta 
ou relativa: em ambos os casos, não haveria bem jurídico em 
perigo e, portanto, não existe fato a ser punido. No entanto, 
nosso legislador adotou a teoria objetiva temperada, que 
dispõe que se houver meios e objetos relativamente eficazes, 
ou seja, se houver alguma possibilidade de o agente alcançar o 
resultado pretendido, o agente será punido. 
 
Absoluta ineficácia do meio e absoluta impropriedade do 
objeto 
 
Absoluta ineficácia do meio: o que poderia ser 
considerado meio? Meio é tudo aquilo utilizado pelo agente, 
capaz de ajudá-lo a produzir o resultado por ele pretendido. 
 
 Ex.: uma faca, um revólver, um taco de golfe, veneno. 
 
 Meio absolutamente ineficaz: é aquele de que o agente 
se vale a fim de cometer a infração penal, mas no caso concreto 
não possui aptidões para produzir o resultado pretendido. 
Exemplos: revólver sem munição, quando o agente se 
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confunde e ao invés de colocar veneno colocar açúcar, 
falsificação grosseira. 
 
IMPORTANTE: quando a ineficácia do meio for relativa, 
teremos o crime tentado. 
 
Ex.: o agente se utiliza de munição envelhecida no revólver. 
 
Absoluta impropriedade do objeto: objeto é tudo aquilo 
contra o qual se dirige a conduta do agente. É a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta do agente. 
 
Ex.: alguém atirar contra uma pessoa que já está morta; quando 
a mãe, supondo estar grávida, ingere substância abortiva, mas 
no fundo não existe gravidez. 
 
IMPORTANTE: o objeto será relativamente impróprio 
quando este fica em uma situação de perigo. nesse caso, haverá 
o crime também tentado. 
 
Crime impossível e Súmula 145 do STF 
 
Nesse caso, ficou pacificado o entendimento de que se a 
polícia preparar o flagrante de modo a tornar impossível a 
consumação do delito, haverá o crime impossível. Flagrante 
preparado é quando o agente é estimulado pela vítima ou pela 
autoridade policial a cometer a infração penal. 
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Contudo, se a infração penal restar consumada, o agente 
responderá pelo crime consumado, mesmo que tenham sido 
tomadas todas as providências para evita-la. Se o resultado foi 
alcançado, significa que os meios ou objetos não eram 
absolutamente ineficazes ou impróprios. 
 
Flagrante esperado é diferente: este

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