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DIREITO A IDENTIDIDADE GENÉTICA DA CRIANÇA CONCEBIDA POR REPRODUÇÃO ASSISTIDA HETERÓLOGA
Rafaela Valeri da Silva - UNIPAR
Angélica Giosa Candido - UNIPAR
Introdução: O presente artigo busca apresentar à possibilidade da quebra de sigilo do doador e o direito a identidade da criança/adolescente que nasce sem ter conhecimento de sua origem, na modalidade Heteróloga, também irá abordar assuntos relacionados ao Direito de Família e os Direitos da Criança. Tendo em vista que há legislação tanto para buscar a possibilidade de conhecimento da criança à sua origem, tanto para proteger o anonimato do doador, torna-se este tema bastante discutível e a grande indagação que surge por esse estudo é: A criança concebida por reprodução assistida Heteróloga tem direito de conhecer sua verdadeira identidade genética? 
Objetivo: Analisar os direitos da criança ou adolescente concebida por reprodução assistida na modalidade heteróloga.
Desenvolvimento: Conceitua-se como família (GONÇALVES, 2017, p.16): “todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e pela adoção”, e nos dias de hoje há casais que pretendem construir uma família e não conseguem gerar filhos na forma natural esperada, diante de diversos problemas, dentre eles a fertilização, motivo pelo qual acabam optando pela reprodução assistida e neste entendimento, há diversas modalidades de inseminação artificial, tais como, a homóloga e em especial a estudada por esta pesquisa a heteróloga. Conforme aponta Maria Berenice Dias :“A fecundação ou inseminação homóloga é realizada com sêmen originário do marido. Neste caso, o óvulo e o sêmen pertencem à mulher e ao marido[...].”(2016a, p. 416). 
No tocante a reprodução assistida heteróloga, segue entendimento de Dias, Maria Berenice: “Ocorre tal modalidade de inseminação quando é utilizado sêmen de outro homem, normalmente doador anônimo, e não o do marido, para a fecundação do óvulo da mulher [...]” (2016b, p. 420) assim, o filho gerado por esta modalidade não tem conhecimento de sua identidade genética, pois, como já mencionado acima o material genético utilizado é de um terceiro, e com base no art. 1.597, inciso V do Código Civil de 2002, considera-se como filho a criança concebida por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
 Contudo, mesmo essa modalidade ocorrer de forma anônima, a criança concebida não deixa de ser considerada como um filho do doador, com base no artigo mencionado acima, a criança tem o direito de conhecer sua ascendência, tanto pela curiosidade de saber a sua paternidade ou até mesmo em questões de urgência, tais como, doenças graves.
Esse direito a identidade genética está correlacionado ao princípio da dignidade da pessoa humana que constitui um Estado Democrático de Direito, a dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito a vida. Fala-se em dignidade espiritual, intelectual, social e moral (VARGAS, 2010, p. 160). A Constituição Federal também afirma em art. 227, que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança ou adolescente, com absoluta prioridade, o direito à dignidade, e à convivência familiar e comunitária. O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) também garante à criança e o adolescente a dignidade como pessoas humanas. No tocante a identidade genética da criança, está ligada a um direito de personalidade, de acordo com Maria Helena Diniz “com apoio na lição de Limongi França, os conceitua como “direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, sua integridade física” (2015, p. 188).
Em relação ao sigilo do doador o Conselho Federal de Medicina em Resolução 1.957/2010 adverte que é obrigatório o sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, porém, que em “situações especiais” as informações sobre doadores, por motivação médica, podem ser fornecidas exclusivamente para médicos, essas “situações especiais” poderia se encaixar nos motivos de doenças graves, conforme mencionado acima. A Constituição Federal em seu art. 5º, inciso X e XII também garante a intimidade e o sigilo como forma de direito fundamental. 
Conclusão 
Assim sendo, conforme já mencionado acima, a criança concebido por reprodução assistida tem direito identidade genética, pois diante do art. 1.597, inciso V do Código Civil é considerado como filho e principalmente à luz do princípio da dignidade da pessoa humana e direito da personalidade.
Referências
ROBERTO GONÇALVES, Carlos. Direito Civil Brasileiro Parte Geral. São Paulo. Editora Saraiva. 13. ed. 2015.
 VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais. 2011.
BERENICE DIAS, Maria. Manual de Direito das Famílias. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais. 11. ed. 2016.
ROBERTO GONÇALVES, Carlos. Direito Civil Brasileiro Direito das Famílias. São Paulo. Editora Saraiva. 14. Ed. 2017. 
Resolução 1.957/2010. Conselho Federal de Medicina. Acesso em: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2010/1957_2010.htm.

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