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Unidade na Igreja de Cristo

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UM CORPO 
UM ESPÍRITO 
UM SENHOR
Caixa Postal 201
30.161 - Belo Horizonte - MG
Revisão
Maria de Lourdes C. de Queiroz (Tucha)
P R E F Á C I O
0 manuscrito deste livro foi lido no todo, ou em 
parte, por um considerável número de ministros de 
vários grupos evangélicos, incluindo também vários líderes de igrejas.
Desejamos, nesta oportunidade, reconhecer as 
mais valiosas sugestões que recebemos destes 
homens, muitas das quais estão incorporadas neste 
trabalho. Honestamente podemos afirmar que 
estes homens representam a essência de quase 
todo o universo evangélico e que concordam 
substancialmente com as proposições aqui des­
critas.
ÍNDICE
Capítulo I
Qual é o preço da unidade?............................ 7
Capítulo II
O grande desafio da Igreja............................. 17
Capítulo III
Obstáculos à unidade do Corpo..................... 28
Capítulo IV
A doutrina de Cristo — Base da comunhão ... 37
Capítulo V
Exclusões bíblicas da comunhão no Corpo de 
Cristo................................................................ 53
Capítulo VI
O que não deve ser teste de comunhão........ 71
Capítulo VII
A chave esquecida para a unidade da Igreja — 
Disciplina divina................................................ 77
Capítulo VIII
Ética cristã........................................................ 105
Capítulo IX
Sete coisas que precisamos fazer................... 130
Capítulo I
QUAL É O PREÇO DA 
UNIDADE?
As questões de vital importância que nos pro­
pomos examinar neste livro, bem como as soluções 
aqui oferecidas, não representam, na verdade, as 
convicções profundas de um único indivíduo, mas 
de muitos homens de Deus, alguns dos quais ocu­
pam posições de liderança no mundo cristão e car­
regam no coração o oneroso fardo do bem-estar da 
Igreja de Jesus Cristo. O autor, além de haver 
estudado exaustivamente o assunto, viajou milhares 
de quilômetros e conversou com muitos ministros 
já experientes, na busca de soluções para os proble­
mas peculiares que a Igreja enfrenta neste momen­
to excepcionalmente crítico de sua história. Impres- 
sionou-o a surpreendente unanimidade de senti­
mentos em tomo dessas questões, relevantes como 
são, na relação que mantêm com o futuro sucesso 
do reavivamento que já percorre a terra.
A proposta na qual nos empenhamos com 
maior ênfase, neste momento, é um apelo ao uni-
7
versai reconhecimento, por parte da Igreja, da uni­
dade essencial de seus membros. Que os verda­
deiros filhos de Deus, sem a importância de se 
considerar a que grupo ou organização pertençam, 
sejam membros do mesmo Corpo, o Corpo de 
Cristo. Acreditamos que a lealdade ao Corpo de 
Cristo não deveria colocar em risco, de maneira 
alguma, a lealdade do crente a qualquer organi­
zação consagrada que fervorosamente acredite em 
reavivamento e no poder de Deus. Em outras pala­vras, cremos que há uma base verdadeira de comu­
nhão entre todos os membros do Corpo de Cristo, 
a despeito de filiações.
O autor e outros com os quais se tem associa­
do na promoção de reavivamentos de massa 
acharam-se em condições de declarar, de sã cons­
ciência, suas convicções em tomo desta questão. A 
evolução dos acontecimentos, em escala mundial, e 
os avanços dentro da Igreja têm-se dado num ritmo 
tal, que já não podemos ignorar as questões 
envolvidas sem provocar sérias repercussões. Nós — 
que desde o início já estamos envolvidos no pre­
sente reavivamento, na organização e promoção de 
grandes concentrações, assinaladas pela presença 
de pessoas filiadas a muitas organizações e denomi­
nações — temos visto a necessidade, cada vez mais 
urgente, de proclamar a unidade essencial do Cor­
po de Cristo e os meios bíblicos pelos quais a 
unidade poderá ser mantida.
Falando sobre a unidade do Corpo de Cristo, os 
estudiosos do Novo Testamento concordam em 
que o plano de Deus, conforme revelado nas Escri­
turas, tem por meta uma Igreja que seja única. 
Pondo de parte as claras afirmações da Bíblia, 
parece improvável que Deus pretendesse dividir Sua 
igreja em grupos incompatíveis, até mesmo, em 
alguns casos, hostis uns para com os outros. Não 
queremos dizer com isso que não haja (e sempre
8
haverá nesta presente era) certas esferas bem 
definidas de responsabilidade e influência dentro da 
Igreja. Há espaço para muitos empreendimentos, 
contanto que cada um reconheça os outros num 
verdadeiro espírito cristão. Pedro tinha um minis­
tério definido junto aos judeus, ao passo que o 
apostolado de Paulo se dirigia especificamente aos 
gentios. Mas, a despeito das diferenças de costu­
mes e temperamentos então existentes, as lideran­
ças da Igreja primitiva se esforçavam constante­
mente para que o Corpo da comunhão fosse man­
tido intacto entre todos os crentes. Compreendiam 
que o plano de Deus para Sua Igreja era que ela 
fosse apenas um Corpo. Assim é que, na época 
dos apóstolos, e mesmo depois, por algum tempo, 
essa unidade foi essencialmente conservada. Che­
gou o dia, entretanto, em que certos acontecimen­
tos passaram a marcar presença na Igreja, fazendo 
com que a unidade fosse gradualmente se extin­
guindo.
Na verdade, a unidade da Igreja desapareceu 
quando a liderança de Cristo foi abandonada em 
favor de uma liderança humana. Quatro séculos 
após o nascimento da Igreja, uma Sé Papal usur­
pou a preeminência de Cristo e se transformou em 
um tribunal superior de apelação. Essa desastrosa 
mudança na ordem da Igreja não foi aceita por 
todos; nenhum líder, entretanto, pareceu capaz de 
defender a grande verdade da liderança de Cristo 
como o apóstolo Paulo. Nos séculos que se segui­
ram, a Igreja acabou dividida em muitos campos 
independentes.
A ordem divinamente nomeada dos “apósto­
los, profetas, evangelistas, pastores e mestres” — 
que havia sido ordenada para o “aperfeiçoamento 
dos santos... até que todos estejamos reunidos na 
unidade da fé” — cedeu espaço às ordens humanas.
9
Assim, durante muitos séculos a preciosa uni­
dade da Igreja ficou perdida. O que até certo pon­
to, lamentavelmente, ainda ocorre. Entretanto, pa­
rece que já chegou a hora, e certos sinais já estão 
indicando, que Deus, finalmente, já começa a resta­
belecer a unidade tão longamente perdida. De fato, 
as Escrituras declaram que no final a Igreja será 
uma Igreja perfeita, sem mancha, sem ruga e que o 
Senhor apresentará a Si próprio (Efésios 5:27). 
Somos levados a crer que o tempo está próximo, 
isto é, que já em breve Deus restaurará o seu 
modelo original de um Corpo único, funcionando 
com todos os dons que lhe foram designados.
Nessa declaração de unidade do Corpo de 
Cristo, propomo-nos mostrar a urgente razão pela 
qual a Igreja não deve impedir nem retardar, por 
excesso de precaução, o restabelecimento dessa 
unidade divinamente desejada. A crise mundial a 
exige. A sobrevivência do cristianismo apostólico a 
requer. E vem surgindo uma igreja modernista e 
unificada, que ousadamente se proclama como a 
verdadeira Igreja. Um maior atraso implica em um 
gravíssimo risco, e que, de fato, poderá tomar a 
Igreja vulnerável ao avanço do maligno que procura 
devorá-la. Amarga perseguição ou grande tribula- 
ção: qualquer das duas coisas poderia resultar na 
reunificação da Igreja, mas seria deplorável que o 
plano de Deus, para atingir o seu objetivo, depen­
desse de que uma calamidade tão medonha se aba­
tesse sobre o seu povo. Podemos ter aquela unida­
de agora mesmo, se estivermos dispostos a subor­
dinar nossos interesses pessoais aos interesses de 
toda a Igreja.
A SUPERIGREJA NÃO É A RESPOSTA
Mas que não haja dúvida: é preciso deixar claro 
que não propomos, como saída para a unidade, a
10
construção de uma nova organização ou a fusão 
das já existentes numa superorganização. Assim 
como se há de preservar a autonomia da igreja 
local, também se há de preservar a autonomia de 
qualquer grupo, grande ou pequeno, que faça parte 
do Corpo de Cristo. Dessa maneira mantemos o 
reconhecimento da liderança de Cristo. A história 
mostra que quando o poder aparece empossadonum determinado centro (Roma, por exemplo), ele 
só se move numa direção: a da Igreja apóstata. 
Como membros do Corpo de Cristo, somos inter­
dependentes uns dos outros, mas dependemos to­
talmente do Cabeça, que é Cristo.
O mais importante agora é que nós, membros 
do Corpo de Cristo, reconheçamos uns aos outros, 
unamos os nossos esforços em mútua cooperação 
e alcancemos publicamente o mundo com a nossa 
condição de membros do Corpo de Cristo, sem 
darmos importância às diferenças de denominação. 
Para que possamos efetivamente agir com esta fi­
nalidade, precisamos acompanhar o método bíblico 
capaz, só ele, de manter intacta esta unidade.
Como deve o evangelista se conduzir na igreja 
de um pastor? Que deve o pastor fazer para cum­
prir a sua obrigação cristã para com o evangelista? 
Como poderão dois ou três pastores de uma mesma cidade formarem um grupo entre si e em 
seguida desenvolverem a comunhão no local? Sob 
que condições seria possível realizar uma reunião 
que trouxesse unidade? Qual o acordo doutrinário 
necessário para que isso aconteça? Quais as outras 
qualificações necessárias? O que excluiría uma 
organização qualquer da comunhão ativa no Corpo 
de Cristo?
E com relação a tais perguntas que devemos 
buscar na Bíblia uma resposta, se de fato deseja­
mos uma comunhão verdadeira e restauradora da­
quela unidade do Corpo de Cristo pela qual Ele
11
próprio, Jesus, intercedeu em oração. Continuar 
promovendo com sucesso grandes reavivamentos e 
manter de pé seus resultados exige que se encontre 
uma solução para tais problemas. Acreditamos que 
a resposta se acha na Bíblia.
A NECESSIDADE DA DISCIPLINA NO 
NOVO TESTAMENTO
Devemos lembrar que uma das maiores difi­
culdades por que passa a Igreja, e que vem impe­
dindo a unidade do Corpo, é não estarmos conse­
guindo, na presente geração, aplicar corretamente 
a disciplina do Novo Testamento; manter adequa­
damente os resultados da disciplina em meio à 
confusão reinante. A falta da disciplina bíblica entre 
os membros do Corpo, assim acreditamos, fez da 
Igreja um alvo fácil do diabo.
Sem dúvida alguma, existem pessoas que, cons­
cientemente, têm procurado manter a unidade ar­
rancando as “travas” da Igreja por meios carnais. 
Porém, como ensinou Jesus, isso acaba resultando 
também na destruição do que é bom. Quando 
evangelistas ou pastores visitantes são arrastados 
para o meio de uma contenda ou desentendimento 
no seio da congregação local, o resultado é sempre 
uma troca de insultos e recriminações entre as par­
tes diretamente envolvidas, decepção profunda e 
dispersão entre os fiéis. Disso também resulta, 
muitas vezes, que o Espírito de Deus se aflige e o 
reavivamento acaba reprimido. O Evangelho ensina 
amor e perdão. As palavras de Paulo aos Coríntios 
se aplicariam perfeitamente a muitos desses casos. 
“Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não 
sofreis antes o dano? (I Cor. 6:7).
Reconhecemos, todavia, que em determinadas 
situações a exclusão do Corpo de Cristo representa 
a única solução de fato. Há circunstâncias que exi­
12
gem o desmembramento do fiel insubordinado ou 
desonesto. Entretanto, o uso dos meios errados, 
no cumprimento dessa medida, só aumenta ainda 
mais a confusão. A lei sem penalidade é insufi­
ciente, e isso vale tanto para o terreno espiritual 
como para o natural.
A discussão plena desse assunto ficará reservada 
para um capítulo posterior. Diremos apenas isto 
por ora: se a Igreja deseja avançar numa linha bíbli­
ca, o disciplinamento dos insubordinados deve-se 
ater ao padrão bíblico. Excomunhão sem auto­
ridade divina só deixa as pessoas confusas e 
divididas em seus sentimentos de lealdade. 
Ao mesmo tempo, os que anelam por comunhão 
com todo o povo de Deus são obrigados a tomar 
partido numa guerra que não desejam e que não 
pode beneficiá-los. Temos de voltar aos métodos 
bíblicos, se quisermos que a Igreja seja apenas uma. 
Devemos nos lembrar de que os “dons de cura" e 
o ofício de “governar” são ambos sobrenaturais (I 
Cor. 12:28). Por não termos pensado no dom mi­
nisterial de “governar” como coisa dotada de auto­
ridade sobrenatural, o diabo tirou proveito da situa­
ção e semeou a ilegalidade na Igreja de Deus. En­
quanto continuar esse estado de coisas, não tere­
mos uma Igreja unida. É necessário que os encarre­
gados do ofício de governar reconheçam o poder 
que acompanha o ofício. Será realmente necessário 
exigir das ovelhas certas atitudes para tomar efetiva 
e excomunhão? Isso geralmente as divide e, em 
particular, confunde os novos convertidos, incapa­
zes normalmente de discernir entre a mão direita e 
a esquerda. Isso também lança na Igreja um espírito 
contrário ao que deveria prevalecer nela: o espírito 
do amor.
O reconhecimento do Corpo de Cristo, seguido 
de uma comunhão baseada nesse princípio,
13
contribuirá para a promoção e prosperidade de 
qualquer organização estabelecida que se dedique 
ao reavivamento. O próprio princípio da comu­
nhão já é uma busca do bem-estar de todo o povo 
de Deus. O homem que de fato acredite na comu­
nhão servirá com lealdade e fidelidade em qualquer 
cargo ou posição em que Deus o tenha colocado. 
O homem deve ser leal a qualquer organização a 
que se tenha filiado, visto que fazê-lo também é ser 
leal à Palavra de Deus. Pois o Senhor não nos chamou para a discórdia, mas para a paz e a boa 
vontade entre os homens. Mas a lealdade à lide­
rança de Cristo deve sempre vir em primeiro lugar.
Há que se compreender que uma declaração em 
prol da base bíblica da unidade do Corpo de Cristo 
e do grande reavivamento que se vai desenrolando 
não signifiça tomada de posição a favor de tudo o 
que se faz em nome do reavivamento. O fato de 
convivermos com determinada pessoa não significa 
que endossamos tudo que ela faz. Longe disso. 
Insistir nessa idéia nada tem de realista nem de 
justo. Jamais ocorreu um reavivamento na História 
que não fosse marcado por alguns lamentáveis 
extravagâncias cometidas por pessoas ambiciosas. 
Um exemplo bem conhecido disso são os excessos 
da revolta dos camponeses, ao tempo da Grande 
Reforma, excessos que o próprio Martinho Lutero 
tanto deplorou. (Essa revolta foi uma desesperada 
tentativa de derrubar o governo, tramada e ensaia­
da pela demagogia de certos religiosos sob o dis­
farce da Reforma.) A posição de Lutero em favor 
da lei e da ordem deixou claro que o ativismo im­
prudente dos precipitados não deveria ser identi­
ficado com o verdadeiro movimento da Reforma. 
Em nossa presente declaração enfatizamos que a 
unidade do Corpo de Cristo só poderá ser alcan­
çada, na prática, pela dedicação dos verdadeiros 
crentes em obediência aos mandamentos de Jesus
14
e à Sua Regra Suprema: a Regra de Ouro. É 
indispensável que o egoísmo e as ambições pes­
soais sejam subordinados para o bem do Corpo 
como um todo.
Embora sabendo que os verdadeiros crentes 
devem reconhecer a importância da crítica cons­
trutiva e tirar proveito disso, é preciso admitir que 
estarão sujeitos a críticas não construtivas, radica­
das na inveja de pessoas secretamente convencidas 
de que sua segurança ou posição estarão sendo 
ameaçadas. Aos envolvidos nesse ministério de 
livramento pode ocorrer a tentação de pagar a seus 
opositores com a mesma moeda. Acreditamos que 
seria um grande erro ceder ao desejo de retaliação. 
Os homens de fé nunca deveríam comprometer 
esta mensagem, mas é preciso que evitem as dis­
cussões insignificantes. Pode ser necessário que o 
indivíduo declare francamente sua posição, mas a 
causa de Cristo nada tem a ganhar com disputa ou 
contendas. É preciso que os servos do Senhor não 
se desviem de suas tarefas reagindo aos prejudiciais 
ataques de pessoas amarguradas. O sábio mari­
nheiro traça de antemão o mapa de seu curso, de 
maneira que, se surgir uma emergência, ele saberá 
exatamente o que fazer. Semelhantemente, o curso 
do sábio seguidor de Cristo requer dele que de­
monstre fielmente o Evangelho “com os sinais que 
se seguem”. Não deve desviar-se para a direitanem para a esquerda, se deseja prestar contas com 
alegria Àquele que o chamou. O poder de um 
Evangelho miraculoso sustentará o homem de 
Deus, e é a resposta a toda crítica.
O tempo e o evoluir dos fatos, bem como a na­
tureza deste grande reavivamento, tomam neces­
sário dirigir uma mensagem à Igreja agora. Faze­
mo-lo com moderação e seriedade, sabendo que há 
muitos olhos atentos à nossa posição em face das 
questões que envolvem o bem-estar da Igreja.
15
Humildemente, apresentamos esta mensagem, a 
mesma, em termos de conteúdo, do início deste 
reavivamento, mas agora elaborada com mais de­
talhes. Cremos que isso indica o verdadeiro cami­
nho para o cumprimento da oração de Jesus, ainda 
sem resposta (João 17).
0 leitor perceberá que não temos a pretensão 
de resolver a questão “organização" versus “igreja 
independente”. Organização, seja com envolvi­
mento de duas pessoas ou de uma multidão, é es­
sencialmente um acordo de trabalho entre homens 
para a promoção de uma causa. Nesse assunto de 
uma organização qualquer, formada para promover 
a obra do Corpo de Cristo, o único perigo contra o 
qual devemos nos prevenir, não importando que se 
trate de uma igreja- local ou de um movimento 
internacional, é o risco de se violar a liderança de 
Cristo.
Finalmente, gostaríamos de dizer que não igno­
ramos o bom trabalho de promover o reconheci­
mento do Corpo de Cristo, o qual já vem contando 
com a zelosa atenção de vários líderes nas 
organizações do Evangelho Pleno. Apreciável tem 
sido o seu trabalho, sobretudo porque estabeleceu 
oficialmente o princípio da unidade da Igreja. O 
que precisa agora, para tomá-lo efetivo, é de um 
poderoso movimento popular, nascido das “ba­
ses”. Permita Deus que esse movimento reúna for­ças necessárias até que se transforme num movi­
mento de massa, movimento ininterrupto que não 
pare de crescer enquanto a Igreja toda não se tiver 
fundido num só Corpo.
16
Capítulo II
O GRANDE DESAFIO DA 
IGREJA
A Igreja de Jesus Cristo, à medida que vai 
executando o plano de Deus, espera alcançar três 
grandes objetivos, que se hão de atingir antes 
mesmo da vinda de Cristo: primeiro, executar Sua 
ordem para que se evangelize o mundo; segundo, 
que ela receba e manifeste a glória divina que lhe 
foi prometida; terceiro, que a Igreja “prossiga até a 
perfeição”, de modo que Jesus Cristo, quando vier 
apresentá-la a Si mesmo, possa ver nela uma “igre­
ja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer 
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef. 
5:27).
Como alcançaremos esses três objetivos? Como 
se convencerá o mundo de que Jesus é de fato o 
Cristo, enviado pelo Pai? Como se restabelecerá a 
glória divina da Igreja primitiva? Como a Igreja 
poderia ser aperfeiçoada? A resposta a todas essas 
perguntas nós a encontramos já na intercessão de 
Cristo, em João 17, quando Ele ora para que Seus
17
seguidores sejam um só Corpo. A Igreja é mais que 
uma organização, é um organismo, um corpo cons­
tituído de muitos membros, e, se queremos que ela 
cumpra a sua finalidade, é necessário que cada 
membro seja encontrado no lugar certo e funcio­
nando numa justa relação com os demais.
A ORAÇÃO DE CRISTO PELA UNIDADE
Analisemos a oração de Cristo, em João 17, e 
observemos como essa intercessão pela unidade da 
Igreja se relaciona com estes três grandes objetivos:
1. A evangelização do mundo2. A glorificação da Igreja
3. O aperfeiçoamento da Igreja
“Para que todos spjam um; como tu, ó 
Pai, o és em mim, e eu em ti, que tam­
bém eles sejam um em nós; para que o 
mundo creia que tu me enviaste” (João 17:21).
Em sua oração, Jesus nos dá a entender 
claramente que, apenas quando a Igreja se tomar 
um só Corpo, o mundo acreditará que Ele foi 
enviado pelo Pai. A divisão em seitas, quase 
sempre incompatível ou mesmo hostil, permite ao 
mundo um subterfúgio para não se crer na mensa­
gem da Igreja. Por essa razão, a Igreja precisa de 
unidade, se quisermos ganhar o mundo para Cristo 
ainda na presente geração.
Observe que a oração de Cristo pela unidade se 
repete mais duas vezes. Só existe um outro registro 
nas escrituras onde o Senhor repetiu por três vezes 
Sua oração. Foi quando agonizava no Horto, no 
momento em que orava para que a vontade do Pai 
se cumprisse. O fato de, por três vezes, haver repe­
18
lido a mesma súplica parece sugerir algo de vital 
importância e de significado extraordinário. Será 
que o problema da unificação da Igreja, para que 
seu Corpo se tome apenas um, demonstraria ser 
uma tarefa comparável em dificuldade à própria 
redenção? Vejamos as outras duas orações a favor 
da unidade da Igreja.
“E eu dei-lhes a glória que a mim mo 
deste, para que sejam um, como nós 
somos um” (v. 22);
“Eu neles, e tu em mim, para que eles 
sejam perfeitos em unidade, e para que o 
mundo conheça que tu me enviaste a 
mim, e que os tens amado a eles, como 
me tens amado a mim" (v. 23).
Ponderemos o sentido dessas três orações de 
Cristo. As três mais importantes obrigações ou ne­cessidades da Igreja se acham diretamente asso­
ciadas ao cumprimento de tais súplicas:
1. a conquista do mundo pela mensagem do 
evangelho;
2. que a glória do Pai repouse sobre a Igreja;
3. o aperfeiçoamento da Igreja.
Todos esses objetivos extremamente importan­
tes possuem ligações com a transformação da Igre- 
|a num só Corpo, ou são fundamentalmente de­
pendentes disso.
Pois bem: essa oração de Cristo se cumprirá ou 
não? Ou ela talvez só se cumpra no céu? Não existe ,i menor possibilidade de erro! A oração de Jesus em 
favor da unidade se refere a este tempo presente — 
“para que o mundo creia que tu me enviaste”.
O maior desafio da Igreja está diante de nós. 
Precisamos evangelizar o mundo em nosso tempo!
19
Mas poderiamos realizar semelhante tarefa de outra 
maneira senão seguindo o caminho de Cristo? É 
preciso que a Igreja se tome um só Corpo. Para 
que o mundo creia na missão de Cristo, precisamos 
subordinar nossas ambições pessoais ao bem de 
todos. Ninguém sairá perdendo se primeiro esco­
lher o caminho de Cristo.
Ainda hoje o Corpo de Cristo se encontra divi­
dido. O profeta, estendendo a vista por sobre os 
séculos adia*nte, anteviu de que modo o Corpo de 
Cristo seria desfigurado. “Como pasmaram muitos 
à vista dele, pois o seu aspecto estava tão desfigu­
rado, que não era o de um homem, e a sua figura 
não era a dos filhos dos homens" (Is. 52:14). Nos 
dias de Sua carne, o corpo de Cristo foi desfigu­
rado. De modo que é preciso de novo confessar 
que o Corpo místico de Cristo se acha tão desfigu­
rado, que não é o de um homem, e a sua figura 
não é a dos filhos dos homens”.
O CORPO DE CRISTO É UM 
ORGANISMO
A incitante razão pela qual deve a Igreja vir a ser 
uma só é que ela é mais que uma organização 
apenas; é um organismo — o Corpo de Cristo na 
terra. Deus “sujeitou todas as coisas debaixo dos 
seus pés (isto é, dos pés de Cristo), e para ser 
cabeça sobre todas as coisas o deu à Igreja, que é 
o Seu Corpo” (Ef. 1:22-23).
Paulo, naquela sua grande Epístola aos Efésios, 
discute em detalhes essa unidade do Corpo de 
Cristo. Ele começa dizendo: “Procurando diligente­
mente guardar a unidade do Espírito no vinculo da 
paz” (Ef. 4:3). Essa unidade é do Espírito, mas 
observe que se trata também de algo que não se 
cumprirá sem a nossa cooperação!
20
O apóstolo fala das sete unidades que devem ser 
guardadas (v. 4-6):
1. Um só Corpo
2. Um só Espírito
3. Uma só esperança4. Um só Senhor
5. Uma só fé
6 . Um só batismo
7. Um só Deus e Pai
COMO A UNIDADE DO CORPO DE 
CRISTO PODERÁ SE REALIZAR?
A realização da unidade do Corpo de Cristo, 
assim como nos foi expressamente dita, é obra do 
Espírito de Deus, que agirá através dos dons sobre­
naturais dos ministérios que Deus conferiu à Igreja 
(v. 7-11):
1. Apóstolos
2. Profetas
3. Evangelistas4. Pastores
5. Doutores
Fomos igualmente advertidos de que esses dons 
ministeriais são indispensáveis à tarefa de aper­
feiçoar a Igreja, até que seus membros “cheguem à 
unidade da fé”. Um só domministerial que falte, e 
a obra estará incompleta:
“E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e 
outros para profetas, e outros para evan­
gelistas, e outros para pastores e douto­
res, querendo o aperfeiçoamento dos 
santos, para a obra do ministério, para a 
edificação do Corpo de Cristo.
21
Até que todos cheguemos à unidade da fé, 
e ao conhecimento do Filho de Deus, a 
varão perfeito, à medida da estatura 
completa de Cristo” (Ef. 4:11-13).
Esta passagem das Escrituras deve ser lida cui­
dadosamente. O propósito de Deus é que todo o 
Corpo de Cristo seja “bem ajustado”, cada mem­
bro suprindo sua parte “na justa operação” e 
“crescimento do corpo” (v. 16). A Igreja é um 
Corpo cujos membros devem-se encontrar de tal 
maneira unificados, que formem uma só unidade; 
do contrário, o resultado será um Corpo doente 
que nunca estará apto para cumprir o propósito de 
Deus para ele.
A SAÚDE DO CORPO ESTÁ EM JOGO
O grande reavivamento que se vem espalhando 
pelo mundo é, basicamente, um reavivamento de 
cura da alma e do corpo. Há hoje em dia muitos 
cristãos enfermos do corpo e, o que é de se la­
mentar, quase sempre também o são da alma. Por 
que isso acontece? Encontramos uma resposta a 
essa pergunta em I Coríntios 11 e 12. Aí somos 
advertidos que o risco que ameaça a saúde e o 
bem-estar dos membros da Igreja se deve ao fato 
de que muitos dentre eles não conseguem discernir 
ou reconhecer o Corpo:
“Porque o que come e bebe indignamen­
te, come e bebe para sua própria con­
denação, não discernindo o Corpo do 
Senhor. Por causa disto há entre vós 
muitos fracos e doentes e muitos que 
dormem” (I Cor. 11:29-30).
22
Na comunhão, os cristãos discernem o Corpo 
do Senhor, que foi dividido em favor do nosso, e 
por Seus açoites somos curados. Deixar de discer­
nir devidamente o Corpo do Senhor, pode ter 
como resultado enfermidade e morte prematura. 
Mas Paulo se serve de todo o capítulo seguinte 
para mostrar aos membros do Corpo de Cristo 
que, ao deixarem de reconhecer o lugar dos outros 
membros, podem atrair também separação e doen­
ça para dentro desse Corpo! Veja como I Coríntios 
12 trata desse assunto:
1. Os membros do Corpo de Cristo hão de 
formar um todo, assim como o corpo é 
apenas um, constituído embora de muitos 
membros. “Porque, assim como o corpo é 
um, e tem muitos membros, e todos os 
membros, sendo muitos, são um só corpo, 
assim também é Cristo” (v. 12).2. Pois todos nós fomos batizados em um 
espírito formando um corpo (v. 13).3. Mas agora Deus colocou os membros no 
corpo, cada um deles como quis (v. 18).4. Antes, os membros do corpo que parecem 
ser os mais fracos são necessários (v. 22).
5. Não poderá um membro desprezar outro 
membro, nem dizer: ”Não tenho necessida­
de de ti” (v. 21).
6 . Os “membros devem ter igual cuidado uns 
dos outros” (v.25).
7. Se “um membro padece, todos os mem­
bros padecem com ele” (v. 26).
8 . Se “ um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele” (v. 26).
9. Deus dispôs os membros no Corpo na 
seguinte ordem (v. 28):
1. Apóstolos2. Profetas
23
3. Mestres (Doutores)4. Milagres
5. Dons de cura
6 . Socorros
7. Governos
8 . Diversidade de línguas
Este capítulo deixa bem claro que o Corpo de 
Cristo é um só, “pois por um só Espírito sois todos 
batizados no Corpo”. Nenhum membro poderá 
dizer de outro: “Não tenho necessidade de ti”. 
Todos devem cuidar uns dos outros. Todos têm o 
propósito de servir na edificação do Corpo de 
Cristo.
O que acontecerá se deixarmos de reconhecer 
todos os membros do Corpo de Cristo? Existe algu­
ma condenação para isso? De certo que sim. Paulo 
adverte os que não “discernem” o Corpo do Se­
nhor — fraqueza, enfermidade e até mesmo morte 
para os que deveríam ser membros sadios do Cor­
po de Cristo.
O que fazer então? O imperativo que hoje se 
nos impõe é que nós, como membros do Corpo de 
Cristo, devemos reconhecer os membros como 
sendo um único Corpo. Não podemos mais dizer a 
nenhum deles: “Não tenho necessidade de ti”. Só 
quando a Igreja reconhecer os membros do Corpo 
inteiro, estará ela em condições de provar ao mun­
do que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Só então 
poderá revestir-se da glória que Jesus lhe conce­
dería. Só então poderá marchar em frente, rumo à 
perfeição.
Podemos organizar nossos esforços para a prá­
tica do evangelismo, mas não podemos organizar o 
Corpo de Cristo. Ele já foi organizado. Já é um 
organismo. O Espírito que lhe traz motivação e o 
leva a funcionar é o Espírito de Deus. Os dons que 
se manifestam no Corpo são sobrenaturais, e não
24
de origem humana. A única coisa que podemos 
fazer é reconhecer os membros na sua individuali­
dade. Devemos, de fato, reconhecer o que Deus já 
fez. É Ele que fez com que o Corpo de Cristo fosse 
apenas um. Devemos reconhecer o que Ele fez.
HÁ PODER NA UNIDADE
Era intenção de Cristo que Sua Igreja exercesse 
grande poder sobre a terra. “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis 
testemunhas” (Atos 1:8). Por que tem sido tão 
pequena a força espiritual da Igreja? Por que a 
evangelização tem sido de lentidão tão penosa? Por 
que a Igreja ainda não conseguiu levar o mundo 
como um todo a assumir seriamente sua missão? Não terá sido por ter dito aos seus membros: 
“Milagres, dons de cura, não tenho necessidade de 
vós”? Se a Igreja deseja forças para alcançar o 
mundo nesta nossa geração, é necessário que ela 
se tome apenas uma, que reconheça todos os seus 
membros. Assim acabarão crendo que o Pai enviou 
Cristo ao mundo (João 17:21).
ALTERNATIVA DA IGREJA PARA A 
CALAMIDADE
Até o reino de Satanás depende de certa unida­
de. Por isso, disse Jesus: “Todo reino dividido con­
tra si mesmo será assolado, e a casa dividida contra 
si mesma cairá. Ora, pois, se Satanás está dividido 
contra si mesmo, como substituirá o seu reino?” 
(Lucas 11:17-18). Se o reino de Satanás não pode 
substituir, dividido contra si mesmo, que dizer da 
Igreja? Que dizer dela na presente geração? Subsis­
tiremos juntos? Poremos de lado nossas mesqui­
nhas diferenças? Perceberemos a tempo que todos 
precisamos uns dos outros?
25
Ainda agora a igreja secular vem reunindo suas 
forças. Encontrou afinidade em elementos que se 
opõem ao sobrenatural. Essa igreja modernista 
representa-se a si mesma, ousadamente, como a 
Igreja. O que acontecerá em tempo de crise 
nacional? Quando as nações partirem para a luta 
de vida ou morte pela sua existência, a verdadeira 
Igreja estará tão dividida que não lhe restará 
nenhuma voz, nenhum reconhecimento como tal? 
Não saberá tudo sobre o futuro. Mas de uma coisa 
estará certa: é indispensável que os homens que 
compõem o Corpo de Cristo reconheçam urgente­
mente todos os que estão “do nosso lado”, que 
proclamem corajosamente essa unidade e não per­
mitam que barreira alguma se erga para ameaçá-la, 
seja como for.
Na unidade há força. Josué incentivou os filhos 
de Israel quando disse: “Um só homem dentre vós 
perseguirá a mil...” (Josué 23:10). Moisés declarou 
que dois “poriam em fuga dez mil”. Um perseguirá 
mil, mas dois — dez mil! A Igreja não é um agre­
gado de individualistas; é um organismo vivo, 
envolvido por um único Espírito e trabalhando por 
uma causa e objetivo comuns.
Neste momento é importante lembrarmo-nos da 
extraordinária profecia do Sumo Sacerdote que 
tomou parte na conspiração da morte de Cristo. 
Ninguém negaria ter achado estranho que o Espí­
rito de Deus se utilizasse de uma pessoa dessas 
para comunicar uma profecia de tão profundo 
significado sobre a unidade vindoura do povo de 
Deus. No entanto, esse homem, com toda a sua 
enorme responsabilidade pela morte do corpo 
físico de Cristo, foi quem profetizou:
“... que Jesus haveria de morrer pela 
nação, e não somente pela nação, mas também para congregar num só corpo
26
os filhos de Deus que estão dispersos”
(João 11:51-52).
Ora, se Deus pode transformar a ira de um 
homem em louvor a Ele próprio e levar os ini­
migos de Cristo a testemunhar do triunfo de Seu 
corpo, quem poderia detero eventual cumprimento 
de uma profecia divina?
27
Capítulo III
OBSTÁCULOS À UNIDADE DO 
CORPO
Sendo, pois, evidente que o plano de Deus para a Igreja, conforme demonstram as Escrituras, é que 
ela se tome uma só, e que tanto a sua perfeição 
quanto o bem-sucedido cumprimento da ordem di­
vina, para que se evangelize o mundo, dependem 
dessa unidade, quais as causas principais que impe­
diram a consecução desses objetivos? É óbvio que 
deveriamos descobrir quais as medidas necessárias 
para que se efetue a cura.
AMBIÇÃO PESSOAL
Se queremos que o Corpo de Cristo funcione 
harmoniosamente, é necessário que todo membro se adapte ao lugar que Deus ordenou para ele. 
“Mas agora Deus colocou os membros no corpo, 
cada um deles como quis” (I Cor. 12:18). Porém, 
como explica o apóstolo Paulo no mesmo capítulo, 
nem todo membro, infelizmente, se acha satisfeito
28
com o lugar que Deus lhe reservou. Ou então se 
recusa a reconhecer a posição que Deus reservou a 
outro membro. Daí, como resultado, o “cisma” no- 
interior do Corpo.
Essa situação perturbou até mesmo o grupo 
apostólico. Os apóstolos nem sempre estavam 
livres da ambição carnal. A mãe de Tiago e João, a 
exemplo de outras mães, e não poucas, era am­
biciosa no tocante a seus filhos. Tanto assim que 
procurou Jesus e Lhe fez um apelo, em favor deles, 
provocando ali mesmo, na hora, a indignação dos 
outros discípulos. Pediu que se permitisse que um 
de seus filhos se sentasse à direita dele, e o outro à 
esquerda, quando já estivessem em Seu reino. 0 
resultado já era de se esperar. “E ouvindo isso os 
dez, indignaram-se contra os dois irmãos” (Mat. 
20:24). Se Jesus não estivesse lá para reagir à 
altura da situação, o incidente teria aberto uma 
brecha no grupo apostólico. Jesus reprovou a mãe 
dos dois discípulos e mostrou que esse desejo de 
que ambos fossem colocados acima dos demais 
apóstolos era incompativel com o Espírito de Deus. 
Não seria desta forma que alcançariam a magnifi­
cência. “Porque nem do oriente, nem do ocidente, 
nem do deserto vem a exaltação. Mas Detis é o 
Juiz; a um abate, e a outro exalta” (Salmo 75: 6- 
7). A ambição interesseira, no final das contas, só 
faz malograr sua própria finalidade. Cabe aos 
membros do Corpo de Cristo não invejar uns aos 
outros, mas cumprir o propósito para o qual foram 
convocados.
A ambição pessoal é a causa principal da desu­
nião. É um desejo humano natural querer sobres­
sair, tomar-se grande aos olhos humanos, ser con­
siderado um grande pregador, um grande evange­
lista, ter a maior igreja, contar com a mais concor­
rida escola dominical. Pode ser que, para se atingir 
o ápice da pirâmide, tenhamos de empurrar alguém
29
para baixo. Decerto que não há nada de errado em 
se desejar fazer uma grande obra para Deus, mas 
fazê-la de tal maneira que se provoque o ciúme e a 
inveja dos outros, isso é errado. Se queremos unir 
o Corpo, devemos evitar que se despertem as 
emulações resultantes do espírito de competição do 
homem. Somos todos membros de um único Cor­
po, razão para que nenhum membro se regozije 
contra o outro. “De maneira que, se um membro 
padece, todos os membros padecem com ele; e, se 
um membro é honrado, todos os membros se 
regozijam com ele” (I Cor. 12:26).
Princípio n. 1: Se desejamos a unidade no 
Corpo de Cristo, devemos subordinar a ambição 
pessoal ao bem de todo o Corpo. “Todo o que a si 
mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si 
mesmo se humilhar será exaltado” (Lucas 18:14).
TENDÊNCIA A DIVIDIR-SE POR
INFLUÊNCIA DE PERSONALIDADE
Paulo, quando escrevia à Igreja de Corinto, 
notou com pesar que já começavam a aparecer 
divisões entre os seus membros. Percebeu que não 
estavam perfeitamente unidos no mesmo pensa­
mento e no mesmo parecer (I Cor. 1:10). Dizia um 
dos membros que ele era de Paulo. Outro dizia ser 
de Apoio, outro de Pedro, e ainda outro de Cristo. 
Paulo ficou alarmado com a situação. Não quis 
acolher a idéia de que se tornara líder de uma 
“panelinha”, isto é, de um grupo isolado. Só havia 
uma Igreja, um só Corpo de Cristo. Ele era um 
apóstolo junto à Igreja, não o líder ambicioso de 
uma nova seita. Ele fez os coríntios verem que, em­
bora diferentes pessoas trabalhassem na vinha de 
Deus, do Senhor é que provinha o crescimento.
Paulo estava lidando com uma das fontes mais 
férteis da desunião na Igreja: aquela que surge do
30
problema da personalidade. A causa disso, às 
vezes, são as próprias pessoas, tal como ocorreu 
na Igreja de Corinto. Elas incitam o crescimento de 
lideranças em torno de sua personalidade. A 
História mostra não poucos casos de líderes que se 
deixaram influenciar tanto, que acabaram desenvol­
vendo uma espécie de complexo messiânico. A 
conseqüência disso foi um sectarismo da forma 
mais extrema que se pode imaginar. A História 
mostra também que quando um grupo qualquer se toma preso à idéia de que só ele representa o 
Corpo de Cristo, o que vem pela frente é calami­
dade na certa. É patente que nenhuma organização 
humana pode identificar-se como representante do 
Corpo total de Cristo.
O poder de instalar os membros no Corpo de 
Cristo não é dado ao homem; é uma prerrogativa 
do Espírito de Deus. “Pois, em um só Espírito, 
fomos todos nós batizados em um só corpo” (I 
Cor. 12:13). A Igreja de Corinto estava a ponto de 
se fragmentar em seitas, cada um seguindo uma 
liderança diferente. Paulo mostrou que isso estava 
errado. Deus não se achava no meio disso. Foram 
todos batizados num só Corpo, e a tentativa de 
desdobrá-lo em vários outros corpos era algo que 
se desviava inteiramente de Seu plano.
Deus estabeleceu os membros em sua Igreja 
como lhe aprouve. Tudo que podemos fazer é 
reconhecer o que Ele fez. Uma só Igreja. Estará 
agindo erroneamente qualquer líder que aliene 
seus seguidores dos outros membros do Corpo de 
Cristo. A verdadeira Igreja representa a comunhão 
entre todas as pessoas que Deus instalou no 
Corpo.
Princípio n. 2: Os membros do Corpo de 
Cristo não devem incentivar seus líderes a levantar 
muros que, de uma forma ou de outra, dividam a 
comunhão do Corpo de Cristo.
31
DIFERENÇAS DOUTRINÁRIAS
O apóstolo Paulo, no capítulo em que trata do 
amor divino, declara: “Porque agora vemos como 
por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhe­
cerei plenamente, como também sou plenamente 
conhecido” (I Cor. 13:12). Sendo isso verdade, 
parece fora de dúvida que a perfeita unidade 
doutrinária jamais será alcançada, em todos os seus 
pormenores, no momento. Qualquer tentativa de impor a conformidade doutrinária em todos os 
pontos só resultará em graves disputas e con­
tendas.
Ministros que ocupam o púlpito da mesma 
denominação costumam discordar entre si sobre 
determinados assuntos. O mesmo indivíduo, no 
curso de uma vida, modifica seus pontos de vista 
uma série de vezes. A comunhão entre pessoas 
imperfeitas não pode basear-se na conformidade 
doutrinária sobre todos os pontos. Deve, antes, 
basear-se no que está no coração, e não no que 
está na cabeça. As controvérsias doutrinárias mar­
caram presença na Igreja primitiva. A mais famosa 
girou em tomo da circuncisão. A Igreja de Jeru­
salém, com seu quadro de membros oriundos do 
judaísmo, estava certa de que, sem circuncisão, nin­
guém seria salvo. “Então alguns que tinham desci­
do da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos 
circuncidardes, segundo o rito de Moisés, não po­
deis ser salvos” (Atos 15:1). Dispunham de um for­
te argumento em favor de sua tese: a circuncisão 
fora recebida como legado de Abraão, confirmado 
pela Lei mosaica. Os judeus teriam antes preferido 
a morte a desistir da circuncisão.
Observe-se como o Espírito Santo e os após­
tolos tratavam desse assunto. A ninguém foi dito 
que a circuncisão já se não fazia necessária. Tam-
32
pouco procuraram os apóstolos explicar a mudança 
de dispensação que vinha ocorrendo. Obviamente 
em se tratando dos judeus da Igreja de Jerusalém, 
estreitos de visão como eram, seria impossívelfazê- 
los entender as razões pelas quais a circuncisão se 
tornara desnecessária. Deus mesmo, quando jul­
gasse oportuno, cuidaria desse problema (o que de 
fato ocorreu, quando os judeus foram dispersos, no 
ano 70 da Era Cristã).
A Igreja não proibia que os judeus fossem 
circuncidados; nem eles tampouco exigiam que os 
gentios o fossem. Mostravam desta maneira que as 
diferenças de crença, nessa questão pelo menos, 
não era necessária para a comunhão entre eles. 
Aos judeus permitia-se prosseguir com a circun­
cisão, ao passo que os gentios gozavam do direito 
de permanecer incircuncisos. Dispunha assim cada 
grupo de liberdade de consciência nesse assunto, 
com a condição única de não deixar que ele se 
transformasse em matéria de disputas.Essa questão de manter a unidade do Cor­po de Cristo é mais importante que o zelo de resolver diferenças insignificantes de ponto de vista doutrinário. Afinal de contas, a verda­
deira unidade não se alcança nem mesmo entre 
aqueles que concordam entre si doutrinariamente, 
exceto quando cingidos pelo Espírito de Deus. 
Logo, não é pela conformidade sobre todos os 
pormenores da doutrina que se há de produzir a 
unidade da Igreja, mas pela obra do Espírito, que 
funde o povo de Deus num só Corpo.
Existe, é certo, uma concordância doutrinária 
do que é básico e que envolve os princípios dos 
ensinamentos de Cristo. Disso falaremos mais detalhadamente no próximo capítulo.Principio n. 3: Não se deve permitir que o 
Corpo de Cristo se divida pela falta de completa
33
concordância com detalhes doutrinários — a ver­
dadeira unidade vem do coração, e não da cabeça.
SECTARISMO
Três incidentes relatados nas Escrituras, em 
Lucas.9, poderíam, à primeira vista, não apresentar 
relação alguma entre si. Mas apresentam, pois se 
trata de certas inclinações da natureza humana que 
sempre dificultam a obra do Espírito, quando Ele 
busca reunir os membros do Corpo de Cristo em 
harmoniosa relação uns com os outros.
O primeiro incidente diz respeito a uma falha. 
Os discípulos haviam tentado expulsar o demônio 
de uma criança, mas, por falta de fé, fracassaram 
no seu intento. O Senhor dissera que se dois den­
tre eles estivessem de acordo sobre alguma coisa, 
por certo que teriam sucesso na busca do fim alme­
jado. Mas não estavam unidos a esse princípio, e o 
próximo incidente irá mostrar por quê. Na verdade, 
eram rivais entre si, cada um pretendendo ser o 
maior dos discípulos de Jesus. A ambição pessoal 
resultara numa disputa entre eles, visando à con­
quista de posições. “E suscitou-se entre eles uma 
discussão sobre qual deles seria o maior” (Lucas 
9:46). O Senhor lhes mostrou que esses motivos 
eram errados; que, ao invés de desejarem pela con­quista de preeminência, deveríam ambicionar, isto 
sim, o ser como uma criança. E “aquele que entre 
vós é o menor, esse é grande” (Lucas 9:48).
O desejo de poder e de uma boa posição, 
entretanto, ainda não havia sido expulso da cabeça 
dos discípulos. O lugar que Jesus lhes reservara 
colocava-os em pé de igualdade entre si, mas, em 
relação a outras pessoas, o mínimo que ocorria era 
se acharem superiores. Vendo um homem sem 
credenciais apostólicas expulsar demônios, João o 
convidou a unir-se ao grupo. Para indignação do
34
apóstolo, o homem recusou o convite, e João or­
denou-lhe então que não expulsasse mais demô­
nios. Mas Jesus anulou a excomunhão do apóstolo. 
Pediu mesmo que João não lhe “proibisse” a 
prática da boa obra; pelo contrário, que lhe 
permitisse continuá-la.
Jesus mostrou que o sectarismo de João mili- 
tava contra a causa apostólica. Declarou que esse 
homem estava do lado deles. “Pois quem não é 
contra nós, é por nós” (Marcos 9:40). Ao expulsar 
demônios em nome de Jesus, ele havia cerrado 
fileiras na guerra comum contra o inimigo. Em 
lugar de atrito, um espirito de mútuo entendimento 
é que deveria estabelecer-se entre o grupo apos­
tólico e aquele homem.
Essas palavras de Jesus eram de grande signi­
ficação. Os doze apóstolos haveríam de se tomar 
uma peça importante na fundação da Igreja. Certa­
mente, era para que se associassem oficialmente a 
esses homens que detinham um lugar tão impor­
tante na Igreja. Contudo, pela fé, e em nome de 
Jesus, antes que por quaisquer credenciais apos­
tólicas, é que a Igreja haveria de cingir-se por meio 
da comunhão. Deus abençoaria esse obreiro inde­
pendente, se ele preferisse continuar trabalhando 
sozinho pela causa comum. Ao invés de repreendê- lo, deveríam é tê-lo incentivado. A base da comu­
nhão estaria assentada em Deus, não nos apósto­
los. O homem precisa reconhecer essa comunhão.
O homem estava expulsando demônios em 
nome de Jesus. Esse seu gesto de operar milagres 
era um bom sinal de que a bênção de Deus pairava 
sobre ele. Por isso, cabia aos discípulos não apenas 
incentivá-lo, senão também ajudá-lo naquilo que 
estivesse ao alcance deles. Sublinhando o preceito, 
Jesus ainda acrescentou: “Por que qualquer que 
vos der a beber um copo de água em meu nome, 
porque sois discípulos de Cristo, na verdade vos
35
digo que de modo algum perderá a sua recom­
pensa” (Marcos 9:41).Princípio n. 4: Mesmo que a pessoa não per­
tença a uma organização credenciada, ainda que 
seja a Igreja Apostólica, se ela estiver fazendo uma 
boa obra, devemos reconhecer nela um co-obreiro 
e membro do Corpo.
36
Capítulo IV
A DOUTRINA DE CRISTO — 
BASE DA COMUNHÃO
A despeito do que ficou dito no capítulo ante­
rior, havemos de convir que há certas doutrinas 
fundamentais que são absolutamente necessárias à 
verdadeira comunhão cristã. A descrença em qual­
quer desses elementos fundamentais, ou o hábito 
de fazer oposição a estes, foi causa de rompimento 
da comunhão na Igreja Apostólica.
Qual a base doutrinária da comunhão dos mem­
bros do Corpo de Cristo? Ou, dito de outra manei­
ra, em que base se assenta a falha da comunhão? 
O apóstolo João nos dá a resposta:
“Todo aquele que vai além do ensino de 
Cristo e não permanece nele, não tem a 
Deus; quem permanece neste ensino, 
esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se 
alguém vem ter convosco, e não traz 
este ensino, não o recebais em casa, 
nem tampouco o saudeis" (João 9-10).
37
A base doutrinária da comunhão, portanto, é a 
crença nos princípios da doutrina de Cristo e a prá­
tica dos mesmos.
Em que parte do Novo Testamento podemos 
encontrar uma declaração desses principios básicos 
da doutrina de Cristo? Encontramo-la em Hebreus 6 : 1- 2 :
“Pelo que, deixando os rudimentos da 
doutrina de Cristo, prossigamos até a 
perfeição, não lançando de novo o fun­
damento de arrependimento de obras 
mortas e de fé em Deus, e o ensino 
sobre batismo e imposição de mãos, e 
sobre ressurreição de mortos e juízo 
eterno”.
Aqui encontramos as seis coisas, além de uma 
sétima, implícita, que compreendem os princípios 
da doutrina de Cristo. Também somos informados 
de que se uma pessoa negar ou esquecer essa dou­
trina, ela põe em risco sua parte no Corpo de 
Cristo. Eis os sete princípios:
1. Arrependimento das obras mortas
2. Fé em Deus
3. Doutrina dos batismos
4. Imposição das mãos
5. Ressurreição dos mortos
6 . Juízo eterno7. O prosseguirmos “até a perfeição”
Até aqui já se redigiram inúmeras profissões de 
fé, e muita controvérsia tem sido levantada tendo 
por tema o que deveria incluir-se em tàis declara­
ções e o que deveria ser deixado de fora. Temos 
aqui uma lista inspirada, contendo os elementos 
essenciais. Exclui-se a controvérsia, a menos que se
38
queira disputar com inspiração. A doutrina de Cris­
to contém sete princípios. Honestamente, pode-se 
ignorá-los, mas desviar-se deles, uma vez que já se 
tomaram conhecidos, é “cair fora” e se tomar um 
apóstata.
“Porque é impossível que os que uma 
vez foram iluminados e provaram o dom 
celestial, e se fizeram participantes do 
Espírito Santo, e provaram a boa palavra 
de Deus, e os poderes do mundo vin­
douro, e depois caíram, sejam outra vez 
renovados para arrependimento; visto 
que, quanto a eles, estão crucificando de 
novoo Filho de Deus, e o expondo ao 
vitupério” (Heb. 6:4-6).
A doutrina de Cristo provê:
1. Iluminação
2. A prova do dom celestial
3. Participação do Espírito Santo
4. A prova da boa palavra de Deus
5. E dos poderes do mundo vindouro
Isso, verdadeiramente, representa uma expe­
riência apostólica! A experiência acima descrita 
provê a base da comunhão apostólica. Examine­
mos agora esses sete princípios da doutrina de 
Cristo.
DOUTRINA 1 — ARREPENDIMENTO 
DAS OBRAS MORTAS
É o arrependimento que chega em primeiro 
lugar na doutrina de Cristo. Crer nEle, sem arre­
pendimento, não basta. Disse Jesus aos judeus 
religiosos: “... se não vos arrependerdes, todos de
39
igual modo perecerão” (Lucas 13:3). O homem 
natural, se de alguma forma acredita na salvação, a 
salvação em que acredita é a das obras. Mas só 
através do “sangue de Cristo” seremos purificados 
da “obras mortas para servirmos ao Deus vivo” 
(Heb. 9:14).
Foi essa a grande doutrina que Martim Lutero 
recuperou para a Igreja na Reforma. A Igreja me­
dieval era cheia de obras mortas. Ela intercedia 
junto aos santos, jejuava, modificava o corpo, reza­
va o terço, comprava indulgências, fazia romaria — 
tudo isso num tremendo esforço para obter a salva­
ção. Mas era tudo inútil. Sem arrependimento não 
há base para comunhão.
DOUTRINA 2 — FÉ EM DEUS
O próximo grande princípio da doutrina de 
Cristo é a fé em Deus. Fé, não nas obras mortas, 
mas em Deus, através de Cristo. A segunda grande 
verdade proclamada pela Reforma foi esta: “O 
justo viverá pela fé”. Cristo mostrou que ter fé nEle 
é ter fé em Deus. “Ninguém vem ao Pai, senão por 
mim” (João 14:6). Nenhuma doutrina bíblica é 
mais importante que a doutrina da fé no Senhor 
Jesus Cristo. “Porque Deus amou o mundo de tal 
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que 
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a 
vida eterna” (João 3:16). “O Pai ama ao Filho, e 
todas as coisas entregou nas suas mãos. Quem crê 
no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê 
no Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece 
a ira de Deus” (João 3:35-36).
DOUTRINA 3 — DOUTRINA DOS 
BATISMOS
40
Batismo pela água
Note-se que o terceiro princípio não é a doutri­
na do batismo, mas a doutrina dos batismos. 
Algumas pessoas acreditam em batismo, mas não 
em batismos.
O batismo pela água é o primeiro batismo. 
Jesus mostrou ser essa a Sua doutrina quando dis­
se: “Quem crer e for batizado será salvo” (Marcos 
16:16). Pedro explicou que o batismo pela água é 
uma figura ou símbolo de uma obra interna — “a 
resposta de uma boa consciência”.
"... que também agora, por uma verda­
deira figura — o batismo — vos salva, o 
qual não é o despojamento da imundícia 
da carne, mas da indagação de uma boa 
consciência para com Deus, pela ressur­
reição de Jesus Cristo” (I Pedro 3:21).
A resposta de uma boa consciência nos salva. 
Paulo mostra, especificamente, que a controvérsia 
sobre o batismo não nos salva.
“Será que Cristo está dividido? Foi Paulo 
crucificado por amor de vós? Ou fostes 
vós batizados em nome de Paulo? Dou 
graças a Deus que a nenhum de vós 
batizei, senão a Cristo e a Gaio; para 
que ninguém diga que fostes batizados 
em meu nome. E verdade, batizei tam­
bém a família de Estéfanas, além, não sei 
se batizei algum outro. Porque Cristo 
não me enviou para batizar, mas para 
pregar o evangelho; não em sabedoria 
de palavras, para não se tomar vã a cruz 
de Cristo (1 Cor. 1:13-17).
41
O batismo é a resposta de uma boa consciência 
perante Deus. Um símbolo externo de iniciação no 
Corpo de Cristo. Paulo proibiu que o rito do batis­
mo fosse usado para dividir o Corpo de Cristo, 
derrotando desta maneira sua própria finalidade. 
Ele se negou a batizar em Corinto, para que seu 
ato não se transformasse num instrumento de divi­
são da Igreja. A questão foi entregue aos ministros 
locais. A doutrina de Cristo proclama: “Quem crer 
e for batizado será salvo; mas quem não crer será 
condenado” (Marcos 16:16).
Batismo no Espírito Santo
Além do batismo na água, há o batismo no 
Espírito Santo. Essa é a doutrina de Cristo, que 
disse: “João batizou em água, mas vós sereis 
batizados no Espírito Santo, dentro de poucos 
dias” (Atos 1:5). Foi essa a experiência que os 120 
receberam no dia de Pentecostes, e que Pedro 
disse que “vos pertence a vós, a vossos filhos, e a 
todos os que estão longe: a quantos o Senhor 
nosso Deus chamar” (Atos 2:39).
Ao mesmo tempo em que lhes falou da futura 
experiência no Pentecostes, Jesus também revelou 
a grande finalidade dela: poder para evangelizar o 
mundo.
“Mas recebereis poder, ao descer sobre 
vós o Espírito Santo, e ser-me-eis teste­
munhas, tanto em Jerusalém, como em 
toda a Judéia e Samaria, e até os confins 
da terra” (Atos 1:8).
A doutrina do batismo no Espírito Santo é um 
princípio básico da doutrina de Cristo. João Batista 
falou de Cristo batizando Seu povo no Espírito
42
Santo (Mat.3:11-12). Os que rejeitaram a Cristo 
eram a palha, que queimaria no fogo que nunca se 
apaga.
Batismo em um só Corpo
Associado ao batismo no Espírito Santo existe o 
ato pelo qual o Espírito Santo batiza os membros 
de Cristo' em um só Corpo. Os homens podem 
juntar-se a uma organização humana, mas só se 
tornam membros do Corpo de Cristo através do 
batismo pelo Espírito no Corpo. “Pois em um só 
Espírito fomos todos nós batizados em um só 
Corpo”(I Cor. 12:13).
O Espírito de Deus colocou Cristo como Cabeça 
do Corpo, e todo crente verdadeiro como membro 
do Corpo. A doutrina dos batismos nos compele, 
desta forma, a aceitar e reconhecer a unidade de 
todos os crentes verdadeiros.
Visto que o Espírito coloca membros no Corpo, 
nenhuma personalidade humana poderá dominar 
ou romper essa relação sem violar a integridade do 
Corpo de Cristo.
Quem são os membros batizados pelo Espírito 
Santo em um só Corpo? Temos uma lista deles em 
I Coríntios 12:27-28:
“Ora, vós sois Corpo de Cristo, e seus 
membros em particular. E a uns pôs 
Deus na igreja..."
1. Primeiramente, apóstolos
2. Em segundo lugar, profetas
3. Em terceiro, mestres (doutores)
4. Depois, operadores de milagres5. Depois, dons de curar6 . Socorros7. Governos
43
8 . Variedade de línguas
9. (Cristo é o Cabeça)
Esses membros do Corpo de Cristo estão habili­
tados a prestar serviço através de certos dons que 
lhes são concedidos pelo Espírito Santo. São estes 
os dons:
1. A palavra de sabedoria
2. A palavra de conhecimento
3. Fé4. Dons de cura
5. Operação de milagres
6. Discernimento de espíritos
7. Profecia
8 . Variedade de línguas
O reconhecimento dos dons do Espírito e dos 
dons de ministério que Deus concedeu à Igreja é, 
essencialmente, a doutrina de Cristo, pois o Espí­
rito Santo, através do batismo, instala esses mem­
bros na Igreja. (Observação: A ordem teológica 
desses três batismos não é, necessariamente, a 
ordem que temos utilizado.)
A Ceia do Senhor
Como o batismo pela água é o símbolo externo 
do batismo em Cristo (Rom. 6:3), assim também a 
divisão do pão na Ceia do Senhor é o símbolo do 
habitar de Cristo dentro de nós e do nosso habitar 
nEle (João 6:56). Tomamo-nos membros do Corpo 
de Cristo quando participamos de Cristo pela fé.
“O pão que partimos, não é porventura 
a comunhão do Corpo de Cristo? Por­
que nós, embora muitos, somos um só 
pão, e um só corpo; porque todos par­
44
ticipamos de um mesmo pão” (I Cor. 
10:16-17)).
Este comer do Corpo de Cristo, através do qual 
nos tomamos parte de Seu Corpo, é uma das Suas 
grandes doutrinas. O Senhor repetiu seguidamente 
esta verdade em Seu grande sermão, em João 6 :
“Disse-lhe Jesus: Em verdade, em verda­
de vos digo: Se não comerdes a carne do 
Filho do homem, e não beberdes o seu 
sangue, não tereis vida em vós mesmos. 
Quem come a minha came e bebe o 
meu sangue tem a vida eterna; e eu o 
ressuscitarei no último dia. Porque a mi­
nha came verdadeiramente é comida, e 
o meu sangue verdadeiramente é bebi­
da. Quem come a minha came e bebe o 
meu sangue permanece em mim e eu 
nele” (João 6:53-56).Os que participam de Cristo na fé, habitam em 
Cristo e, por isso, são parte de Seu Corpo. Essa 
doutrina de Cristo é absolutamente essencial à 
comunhão. Alguns que haviam acompanhado o 
Senhor até essa época foram incapazes de aceitar 
essa doutrina. Quando a ouviram, viraram as costas 
e não andaram mais com Ele.
“Por causa disso muitos dos seus discí­
pulos voltaram para trás e não andavam mais com ele (João 6 :66).
DOUTRINA 4 — A IMPOSIÇÃO 
DAS MÃOS
O próximo princípio básico da doutrina de 
Cristo é o da imposição das mãos. Isso tem sido
45
praticado pela Igreja há muito tempo, mas quase 
sempre sem fé e sem a unção de Deus. Nesse caso, 
trata-se apenas de uma formalidade, de uma ceri­
mônia.A imposição das mãos era uma doutrina do 
Velho Testamento. Josué recebeu o espírito da sa­
bedoria através da imposição das mãos de Moisés, 
ato este que havia sido autorizado pelo Senhor 
(Num. 27:18,23).
“Ora, Josué, filho de Num, foi cheio do 
espírito de sabedoria, porquanto Moisés 
lhe tinha imposto as mãos” (Deut. 34:9).
A imposição das mãos para curar
Jesus iniciou Seu ministério de cura impondo as 
mãos sobre enfermos. “E não podia fazer ali ne­
nhum milagre, a não ser curar alguns poucos enfer­
mos, impondo-lhes as mãos” (Marcos 6:5).
Na Grande Comissão, Cristo menciona a impo­
sição das mãos. Ele ordenou a seus discípulos que 
impusessem as mãos sobre os enfermos, para recu­
peração dos mesmos. “Porão as mãos sobre os 
enfermos, e estes serão curados" (Marcos 16:18). 
Os apóstolos acataram essa ordem em seu minis­
tério junto aos enfermos, na Igreja primitiva. “E 
muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo 
pelas mãos dos apóstolos” (Atos 5:12). Paulo 
recuperou a visão através da imposição das mãos 
de Ananias (Atos 9:17-18).
A imposição das mãos para receber o Espírito Santo
Com exceção das duas efusões espontâneas, 
ainda no início, a recepção do Espírito Santo só se 
dava pela imposição das mãos. Foi assim, por
46
exemplo, que os crentes da Samaria receberam o 
Espírito Santo, isto é, pela imposição das mãos de 
Pedro e João.
“Os apóstolos, pois, que estavam em 
Jerusalém, tendo ouvido que os de 
Samaria haviam recebido a palavra de 
Deus, enviaram-lhes Pedro e João; os 
quais, tendo descido, oraram por eles, 
para que recebessem o Espírito Santo. 
Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido mas somente tinham sido batiza­
dos em nome do Senhor Jesus. E então 
lhes impuseram as mãos, e eles recebe­
ram o Espírito Santo” (Atos 8:14-17).
Os discípulos, em Éfeso, receberam o Espírito 
Santo pela imposição das mãos de Paulo.
“Paulo... chegou a Éfeso e, achando ali 
alguns discípulos [e]... havendo-lhes im­
posto as mãos, veio sobre eles o Espírito 
Santo" (Atos 19:1,6).
O próprio apóstolo Paulo recebeu o Espírito 
Santo pela imposição das mãos de um obscuro dis­
cípulo, Ananias (Atos 9:17). Isso mostra que esse 
ministério não estava reservado exclusivamente 
para os apóstolos.
Imposição das mãos para os dons de ministério
Pratica-se também a imposição das mãos para 
os diversos ministérios. No caso de Paulo e Bar- 
nabé, após terem ministrado ao Senhor com ora­
ção e jejum, veio o Espírito Santo e os separou 
para determinada tarefa. Impuseram sobre eles as
47
mãos, e a partir daí foram enviados para fora, a 
cumprir sua missão.
“Enquanto eles ministravam perante o 
Senhor e jejuavam, disse o Espírito San­
to: Separai-me a Bamabé e a Saulo para 
a obra a que os tenho chamado. Então, 
depois que jejuaram, oraram e lhes impu­
seram as mãos, os despediram” (Atos 
13:2-3).
Pela imposição das mãos Timóteo recebeu um 
dom.
“Não desprezes o dom que há em ti, o 
qual te foi dado por profecia, com a im­
posição das mãos do presbitério” (Tim. 
4:14).
“Por esta razão te lembro que despertes 
o dom de Deus que existe em ti pela im­
posição das minhas mãos” (II Tim. 1:6).
Vemos que, no caso de Timóteo, o dom foi 
ministrado a ele no momento em que lhe eram im­
postas as mãos, momento este seguido de profe­
cia. Mais tarde Paulo o admoestou a despertar o 
dom que lhe havia sido concedido naquela ocasião.
É evidente que, na imposição de mãos, o ho­
mem coopera com Deus. Mas as Escrituras não 
nos ensinam uma imposição de mãos indiscrimi­
nada. Paulo adverte Timóteo para que “a ninguém 
imponhas precipitadamente as mãos” (I Tim. 
5:22). Timóteo era um converso de Paulo, a cujos 
pés se sentava e com quem trabalhou por muitos 
anos. Paulo conhecia o passado, a formação de 
Timóteo, e sabia da fé de sua mãe e sua avó (II 
Tim. 1:5). Antes mesmo de impor-lhes as mãos, 
Paulo já sabia dessas coisas.
48
Atos 13 nos fala da separação entre Paulo e 
Bamabé, feita pelo Espírito Santo, com vistas a um 
ministério especial. Foi esse chamado do Espírito 
Santo precedido -de jejum e oração. Impuseram- 
lhes então as mãos e eles foram enviados para 
fora. Estes homens enviados em missão não eram 
noviços, mas obreiros já experientes, amadure­
cidos.
Só 9 Espírito Santo concede dons para o minis­
tério. É uma prerrogativa dele. “Mas um só e o 
mesmo Espírito opera todas estas coisas, repar­
tindo particularmente a cada um como quer (I Cor. 
12:11). Assim é que Deus levou Moisés a impor as 
mãos sobre Josué, quando ele foi comissionado 
para um ministério especial (Num. 27:18-23). A 
iniciativa da concessão de dons pertence a Deus; 
ao homem cabe a iniciativa de despertá-los.
DOUTRINA 5 — A RESSURREIÇÃO
O quinto princípio básico do ensinamento de 
Cristo é a doutrina da ressurreição dos mortos. 
Esse glorioso evento ocorre simultaneamente com 
o Advento do Senhor:
“Não quero, porém, irmãos, que sejais 
ignorantes acerca dos que já dormem, 
para que não vos entristeçais, como os 
demais, que não têm esperança. Porque, 
se cremos que Jesus morreu e ressus­
citou, assim também aos que em Jesus 
dormem Deus os tomará a trazer com 
ele.Digo-vos, pois, isto, pela palavra do Se­
nhor, não precederemos os que dor­
mem. Porque o mesmo Senhor descerá 
do céu com alarido e com voz de arcan­
jo, e com a trombeta de Deus; e os que
49
morreram em Cristo ressuscitarão primei­
ro. Depois nós, os que ficarmos vivos, 
seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos 
ares, e assim estaremos sempre com o 
Senhor” (I Tess. 4:13-17).
Jesus fez dela a Sua doutrina quando, ao falar 
da ressurreição dos mortos, em João 5, disse:
“Não vos maravilheis disto; porque vem 
a hora em que todos os que estão nos 
sepulcros ouvirão a sua voz. E os que 
fizeram o bem sairão para a ressurreição 
da vida; e os que fizeram o mal para res­
surreição da condenação” (João 5:28- 
29).
A ordem dessas duas ressurreições é revelada 
em Apocalipse 20. A doutrina da ressurreição dos 
que morreram como justos e o evento simultâneo 
da Segunda Vinda de Cristo, em favor dos santos que ainda permaneçam vivos, é um princípio 
essencial da doutrina de Cristo. Ele mesmo nos fala 
desse evento em Mat. 24:30-31.
A gloriosa verdade da ressurreição de todos os 
mortos foi confirmada e certificada pela ressurrei­
ção de Jesus Cristo (I Cor. 15:12). Este é o quinto 
grande princípio da doutrina de Cristo.
DOUTRINA 6 — JUÍZO ETERNO
Esta solene verdade é parte essencial da dou­
trina de Cristo. Ele advertiu para a realidade do juí­
zo ou condenação eterna (Marcos 3:29). Falou de 
um fogo eterno preparado para o diabo e seus 
anjos (Mat. 25:41). Falou do castigo eterno para os 
maus (Mat. 25:46). Os que tentaram diminuir a
50
seriedade desta verdade ou negar a eternidade do 
juízo de Deus são do mesmo espírito que carac­
terizava Satanás quando, no Jardim do Éden, disse 
a primeira mentira: “Certamente não morrerás.”
DOUTRINA 7 — A PERFEIÇÃO
O autor do livro de Hebreus afirmou que esses 
seis princípios da doutrina de Cristo estavam 
incompletos. Havia mais um: os cristãos deveríam 
prosseguir “até a perfeição”. É preciso avançar ou 
morrer. Não que alguns deles já sejam perfeitos, mas é preciso que prossigam até o alvo.
“Não que já a tenha alcançado, ou que 
seja perfeito; mas prossigopara alcançar 
aquilo para o que fui também alcançado 
por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, 
não julgo que o haja alcançado; mas uma 
coisa faço, e é que, esquecendo-me das 
coisas que atrás ficaram, e avançando 
para as que estão diante de mim, pros­
sigo para o alvo pelo prêmio da sobe­
rana vocação de Deus em Cristo Jesus”(Fil. 3:12-14).
Não interessa saber até que ponto já chega­
mos, mas se estamos prosseguindo para o alvo, 
pelo prêmio da soberana vocação de Deus em 
Cristo Jesus. Esta é a doutrina de Cristo, pois Ele 
próprio foi quem disse: “Sede vós, pois, perfeitos, 
como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mat. 5:48). 
O plano de Deus é que no final Ele terá uma Igreja 
perfeita.
Essa, pois, é a doutrina de Cristo, e os que 
gostariam de ser membros de Seu Corpo precisam 
acreditar nela e praticá-la. No que diz respeito a 
determinadas coisas, “vemos como que através de
51
espelho, obscuramente”, mas são esses os princí­
pios de Cristo essenciais à unidade do Corpo. Seria 
impossível ser membro do Corpo de Cristo e não 
acreditar na sua doutrina. Em verdade, fomos até 
advertidos para não receber em casa quem não seja 
portador dessa doutrina. Nem mesmo saudá-lo.
52
Capítulo V
EXCLUSÕES BÍBLICAS DA 
COMUNHÃO NO CORPO DE 
CRISTO
INCREDULIDADE E DETURPAÇÃO DA 
DOUTRINA DE CRISTO
As Escrituras deixam clara a impossibilidade de 
comunhão entre o crente e os que negam ou per­
vertem a doutrina de Cristo. A estes não devemos 
receber em casa, nem mesmo saudá-los:
“Todo aquele que vai além do ensino de 
Cristo e não permanece na sua doutrina, 
não tem a Deus; quem permanece na dou­
trina de Cristo, esse tem tanto ao Pai co­
mo ao Filho. Se alguém vem ter convosco, 
e não traz esta doutrina, não o recebais 
em casa, nem tampouco o saudeis. Por­
que quem o saúda tem parte nas suas más 
obras” (II João 9-11).
53
No Novo Testamento encontramos exemplos 
de comunhão negada aos que violaram a doutrina 
de Cristo.No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi der­
ramado sobre 120 discípulos, que passaram a falar 
em outras línguas (Atos 1:15; 2:4). Algumas pes­
soas zombaram dessa manifestação (Atos 2:13) e 
disseram que os que procediam daquela maneira na 
verdade estavam embriagados de vinho. Outras, 
arrependidas em seu coração, indagaram dos após­
tolos: “Que faremos, irmãos?” (Atos 2:37). Pedro 
lhes disse então quatro coisas que deveríam fazer 
(Atos 2:38-39):
1. Arrepender-se
2. Aceitar o Senhorio de Cristo (v. 36-38)
3. Ser batizado4. Receber o Espírito Santo
Os que alegremente receberam a palavra de 
Pedro foram batizados, e naquele dia 3.000 almas 
agregaram-se à Igreja. Mas os que zombaram e os 
que rejeitaram a exortação de Pedro, estes não se 
agregaram.
Excluídos os que rejeitam o batismo pela água
Os fariseus começaram a rejeitar o Evangelho 
quando recusaram o batismo de arrependimento:
“Mas os fariseus e os doutores da lei 
rejeitaram o conselho de Deus quanto a 
si mesmos, não sendo batizados por ele" 
(Lucas 7:30).
Jesus exortou Seus discípulos a que rejeitassem 
a companhia deles:
54
“Deixai-os; são guias cegos; ora, se um 
cego guiar outro cego, ambos cairão na 
cova” (Mat. 15:14).
Deturpação da doutrina da imposição das mãos e o batismo no Espírito Santo
Simão, o feiticeiro, viu que as pessoas recebiam 
o batismo no Espírito Santo através da imposição 
das mãos. Tentou então comprar esse poder para 
fins de exploração comercial, achando que o “dom 
de Deus” passaria, indiscriminadamente, para to­
dos sobre os quais impusesse suas próprias mãos:
“E Simão vendo que pela imposição das 
mãos dos apóstolos era dado o Espírito, 
ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: Dai-me 
também a mim esse poder, para que 
aquele sobre quem eu impuser as mãos, 
receba o Espírito Santo” (Atos 8:18-19).
Pedro repreendeu essa flagrante tentativa de 
perverter a doutrina de Cristo dizendo a Simão que 
ele não tinha “parte nem sorte neste ministério”, e 
que ele perecería com seu dinheiro se não se 
arrependesse imediatamente.
Deturpação da doutrina da ressurreição
Himeneu e Fileto deturparam a doutrina da res­
surreição — espiritualizando-a — ao dizerem que ela 
já era coisa do passado:
“E a palavra desses roerá como gangre­
na; entre os quais estão Himeneu e File­
to, os quais se desviaram da verdade, 
dizendo que a ressurreição era já feita e
55
* assim perverteram a fé de alguns” (II 
Tim. 2:17-18).
Aos que negam a verdade da ressurreição tam­
bém será negado o privilégio da comunhão. Paulo 
entregou Himeneu e Alexandre “a Satanás, para 
que aprendam a não blasfemar” (I Tim. 1:19-20). 
Hoje $ maioria dos modernistas rejeitam a doutrina 
da ressurreição física. Os espiritualistas, geralmen­
te, agem da mesma maneira, ensinando que os 
mortos continuam ativos num mundo nebuloso, ha­
bitado por espíritos, e que nada sabem do corpo 
ressurrecto e glorifiçado.
Deturpação da doutrina do juízo final
O Livro de Judas fala dos que foram entregues 
ao fogo etemo. É o caso de Sodoma e Gomorra. 
Também mostra Enoque, já nos tempos em que 
antecipa o dilúvio, chamando a atenção de seus 
contemporâneos para o juízo vindouro. Mas não 
lhe deram ouvidos. Judas afirmou que em seu tem­
po também pessoas como essas “se introduziram 
furtivamente” na Igreja (v. 4). Os santos deveríam 
estar alertas contra elas e a “pelejar pela fé a qual 
de uma vez foi dada aos santos” (v. 3). Eis como 
descreve a inevitável sorte dessa gente:
“Estes são manchas em vossas festas de 
amor, banqueteando-se convosco e apas­
centando-se a si mesmos sem temor: são 
nuvens sem água, levadas pelos ventos 
de uma para outra parte: são como ár­vores murchas, infrutíferas, duas vezes 
mortas, desarraigadas; 
ondas impetuosas do mar, que espumam 
as suas mesmas abominações: estrelas
56
errantes, para os quais está etemamente 
reservada a negrura das trevas” (Judas 
12-13).
Esses “escamecedores, que não acreditavam no 
juízo final, seriam lançados para sempre na negrura 
das trevas”. Judas disse que estes tinham o Espírito 
e, por causa de sua concupiscência, provocariam 
eles mesmos a sua “separação” (Judas 18,19). A 
veracidade desse fato sempre foi comprovada. Os 
que não crêem no juízo final também não desejam 
a comunhão dos que nele crêem.
Deturpação da doutrina do “prosseguimento até a perfeição”
O autor de Hebreus mostrou aos crentes que 
não deveríam se deter nos seis princípios da 
doutrina de Cristo e continuar como bebês “que 
têm necessidade de leite, e não de alimento sóli­
do”. Estimulou-os para que se tornassem como 
“adultos”, que se alimentassem de “alimento só­
lido”. E resumiu o conselho dizendo: “Prossigamos 
até a perfeição” (Hebreus 5:11, 6:1).
O autor acrescentou ainda que se os homens 
não avançassem sempre, estariam sujeitos a retro­
ceder, isto é, a “cair” (v. 6). Ele os comparou a 
“espinhos”:
“Mas se produz espinhos e abrolhos, é 
rejeitada, e perto está da maldição; o seu 
fim é ser queimada” (Hebreus 6 :8).
E assim entendemos que o Corpo de Cristo vive 
em uma perfeita comunhão, onde os seus mem­
bros estão unidos por uma fé comum nos sete prin­
cípios da doutrina de Cristo.
57
IMORALIDADE
Houve um caso flagrante de imoralidade na 
Igreja de Corinto: um homem possuiu a esposa do 
pai. Paulo censurou asperamente esse relaxa­
mento de permitir que um imoral continuasse em 
comunhão com os da Igreja. Mostrou a eles que o 
impuro precisa separar-se dos puros:
“Já por carta vos escrevi que não vos 
associeis com os que se prostituem; com 
isto não me referia à comunicação com 
os fomicadores deste mundo, ou com os 
avarentos, ou com os roubadores, ou 
com os idólatras; porque então vos seria 
necessário sair do mundo. Mas agora vos 
escrevo que não vos associeis com aque­
le que, dizendo-se irmão, for fomicador 
ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, 
ou beberrão, ou roubador como esse tal 
nem sequer comais” (I Cor. 5:9-11).
Divórcio e novo casamento
A santa declaração sobre o matrimônio é que 
ele deve ser observado com toda a pureza. O ato 
do divórcio, especificamente,este foi proibido por 
Cristo, exceto quando se tratasse de fomicação, 
esse procedimento impuro entre solteiros ou casa­
dos (I Cor. 5:1), e que também inclui a sodomia 
(Judas 7). Os que se divorciam e se casam de novo, 
por razões outras que a ressalvada por Cristo (Mat. 
19:9), são culpados de adultério, e os adúlteros e 
fomicadores, bem o sabemos, são excluídos do 
reino de Deus (I Cor. 5:11; 6:9).
Quanto aos que se envolveram em relações 
amorosas antes de se converterem, a seguinte de­
claração, proposta por numerosos grupos reli-
58
giosos, é talvez a que melhor exprima a atitude da 
Igreja de Cristo com essa gente:
“Hoje, entre o povo cristão, há pessoas 
que, no passado, quando ainda viviam 
no pecado, se envolveram em relações 
conjugais embaraçosas e agora não sa­
bem como resolver o problema. Reco­
mendamos que esses casos sejam entre­
gues ao Senhor, e que essas pessoas 
caminhem na luz, à medida que Deus 
permita que ela ilumine suas almas."
OS QUE SÃO INDISCIPLINADOS OU CAMINHAM DESORDENADAMENTE, 
SOBRETUDO NAS QUESTÕES 
FINANCEIRAS
Paulo admoestou a Igreja a se afastar dos que 
procedem sem ordem nem disciplina, sobretudo em 
suas transações financeiras:
“Mandamo-vos, porém irmãos, em no­
me do Senhor Jesus Cristo, que vos 
aparteis de todo irmão que andar desor­
denadamente, e não segundo a tradi­
ção que de nós recebeu” (II Tess. 3:6; e 7-12).
Aqui a impugnação visa, particularmente, aos 
que, ao invés de lutar pela vida honestamente, 
procuravam subtrair aos outros o que era deles. A 
advertência é bastante clara: a Igreja deve afastar-se 
de todos os que procedem desta maneira.
O exemplo mais surpreendente de excomunhão 
por desonestidade talvez seja o caso de Ananias e 
Safira. A propriedade em questão pertencera a eles
59
mesmos, mas representaram a idéia de que fora 
integralmente doada ao Senhor, quando, na ver­
dade, haviam ambos retido para si uma parte dela. 
Como resultado dessa iníqua e calculada deso­
nestidade, foram fulminados ali mesmo, no meio 
da assembléia, pelo juízo do Senhor. Esse foi o pri­
meiro ato de exclusão na Igreja no Novo Testa­
mento. Ato que revela a atitude de Deus para com 
a desonestidade em questões de dinheiro. Os 
culpados desse terreno serão sempre excluídos da 
comunhão do Novo Testamento.
OS QUE PROMOVEM DISSENSÕES
Paulo avisa que os que se inclinam a causar 
divisões também serão excluídos:
“Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos con­
tra a doutrina que aprendestes; desviai- 
vos deles” (Rom. 16:17).
O homem que entrasse para uma igreja e, apro­
veitando a oportunidade, se empenhasse em dividir 
a congregação ou roubar a lealdade para com seu 
pastor, certamente seria visto como um agente de 
divisões, e mui digno de ser disciplinado.
LÍDERES ARROGANTES, IRASCÍVEIS E 
SECTARISTAS NÃO SAO PARA SER 
SEGUIDOS
João adverte que os líderes irascíveis, sectaris- 
tas, teimosos e intransigentes, que falam em públi­
co linguagem maliciosa e se opõem à comunhão, 
não devem ser seguidos:
60
“Tenho escrito à Igreja; mas Diótrefes, 
que procura ter entre eles a preferência, 
não nos recebe.
Pelo que, se eu for, trarei a memória as 
obras que ele faz, proferindo contra nós 
palavras maliciosas; e, não contente com 
isto, não recebe os irmãos, e impede os 
que querem recebê-los, e os lança fora 
da Igreja.
Amado, não sigas o mal, mas o bem. 
Quem faz o bem é de Deus; mas quem 
faz o mal não tem visto a Deus" (III João 
9-11).
Diótrefes era um líder arrogante e arbitrário, 
que se opunha ao apóstolo João, reconhecido 
apóstolo da Igreja. Achando Diótrefes que não lhe 
davam o devido reconhecimento, passou a falar com linguagem maliciosa aos que não se dobravam 
diante dele. Também era dado a gabolices. João, 
que se achava ausente, prometeu tratar com ele na 
chegada, e nesse ínterim procurou Diótrefes impe­
dir que a congregação se submetesse à liderança do 
apóstolo. Nesse caso, entretanto, não há indícios 
de excomunhão.
OS QUE DESONRAM SUA SEPARAÇÃO 
DO MUNDO
Ensina o Novo Testamento que os cristãos são pessoas que se apartaram das coisas do mundo. 
Estão no mundo, mas não são do mundo. Por isso, 
não participam dos deleites carnais e loucuras deste 
mundo que comprometem esta separação. Paulo 
compara a Igreja a “uma virgem” a ser apre­
sentada a Cristo. O ato de desonra dessa sepa­
ração é chamado de fomicação e adultério espiri­
tuais:
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“Adúlteros, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Por­
tanto, qualquer que quiser ser amigo do 
mundo constitui-se inimigo de Deus” 
(Tiago 4:4).
Na Igreja de Tiatira levantou-se uma mulher que 
se dizia profetisa e que, aparentemente, levou mui­
ta gente daquela congregação a se desonrar prati­
cando a fomicação espiritual, O Senhor repreen­
deu severamente a Igreja por haver tolerado esse 
estado de coisas:
“Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, 
mulher que se diz profetisa, ensinar e 
enganar os meus servos, para que se 
prostituam e comam dos sacrifícios da 
idolatria.
E dei-lhe tempo para que se arrependes­
se de sua prostituição; e não se arrepen­
deu.
Eis que a porei numa cama, e sobre os 
que adulteram com ela virá grande tribu- 
lação, se não se arrependerem das suas 
obras” (Ap. 2:20-22).
A doutrina de Balaão
A doutrina de Balaão era um falso ensinamento da mesma categoria. Balaão foi contratado por 
Balaque para proferir uma maldição contra os 
filhos de Israel, mas a maldição dele acabou trans­
formada numa bênção. Para alcançar seu perverso 
desígnio, ele ensinou os filhos de Israel a desonrar 
sua separação casando-se com as mulheres de 
Moabe (Num. 31:16; 25:1-2), fazendo com que a 
maldição, desta maneira, sobreviesse aos filhos de 
Israel.
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Essa doutrina de Balaão penetrara na Igreja de 
Pérgamo. O Senhor repreendeu asperamente seus 
líderes por permitirem que essa falsa doutrina conti­
nuasse irreprimida:
“Entretanto, algumas coisas tenho con­
tra ti; porque tens lá os que seguem a 
doutrina de Balaão, o qual ensinava 
Balaque a lançar tropeços diante dos 
filhos de Israel, induzindo-os a comerem 
das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem” (Ap. 2:14).
No final da história, o juízo de Deus abateu-se 
sobre Balaão, e ele foi morto quando os filhos de 
Israel entraram na terra de Canaã. Qualquer dou­
trina do suposto profeta ou profetisa que confunda 
liberdade cristã com libertinagem pode ser consi­
derada falsa. A Igreja tem obrigação de ser fiel a si 
própria negando a comunhão com o mundo e as 
suas obras.
A doutrina de uma santa caminhada com Deus 
era um dos princípios básicos da Igreja primitiva. O 
apóstolo João mostrou isso claramente quando 
disse:
“Não ameis o mundo, nem o que há no 
mundo. Se alguém ama o mundo, o 
amor do Pai não está nele.
Porque tudo o que há no mundo, a con- 
cupiscência da carne, a concupiscência 
dos olhos e a soberba da vida, não é do 
Pai, mas sim do mundo.
Ora, o mundo passa, e a sua concupis­
cência; mas aquele que faz a vontade de 
Deus permanece para sempre” (I João 
2:15-17).
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OS DE ESPÍRITO FARISAICO
Embora o Senhor, em geral, fosse bondoso e 
paciente para com os pecadores, a denúncia que 
Ele dirigiu contra os fariseus era extremamente severa. Em Mateus 23:33, Jesus se dirige a eles 
nestes termos: “Serpentes, raça de víboras! como 
escapareis da condenação do inferno?” Pode pare­
cer, inicialmente, que não há relação alguma entre 
essa afirmação e o assunto de que estamos nos 
ocupando — isso até compreendermos exatamente 
quem eram os fariseus. Nem sempre nos damos 
conta de que Cristo reconhecia nos fariseus os legí­
timos sucessores de Moisés! Eles eram os funda- 
mentalistas de seu tempo e poderíam ser conside­
rados portadores de muitos dos sinais externos do 
verdadeiro cristão!
1. Jesus reconheceu neles os sucessores ofi­
ciais de Moisés quando disse: “Na cadeira 
de Moisés se assentam os escribas e fari­
seus. Portanto, tudo o que vos disserem, 
isso fazei e observai; mas não façais con­
forme as suas obras; porque dizem e

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