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ARTIGO DE MARIA DE FÁTIMA- FINAL TCC

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15
PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL
MARIA DE FÁTIMA
A LUDICIDADE
Feira de Santana
2015
MARIA DE FÁTIMA
A LUDICIDADE
Trabalho de Conclusão de Curso, sob a forma de Artigo Científico, apresentado a Universidade Candido Mendes (UCAM), como requisito obrigatório para a conclusão do curso de Pós-graduação Lato Sensu em Educação Infantil.
Orientador(a): 
Feira de Santana
2015
A LUDICIDADE
Maria de Fátima 
Resumo:
A ludicidade na educação infantil constitui-se como um dos instrumentos que promove o desenvolvimento de um aprendizado de qualidade para a criança, a partir das técnicas que promovem o progresso das habilidades fundamentais nesse processo. Assim, esse trabalho tem a finalidade de analisar e compreender a inserção da criança e das atividades lúdicas no contexto da educação infantil e os resultados dessa prática em seu desenvolvimento global. Para isso, utilizou-se uma pesquisa de natureza bibliográfica e listou-se assuntos pertinentes para esse entendimento. Desta feita, foi exposta a história do brincar, o lúdico na educação infantil, a importância do lúdico, dentre outros pontos importantes. A partir deste pressuposto houve um entendimento de que as brincadeiras como metodologia pedagógica beneficiam o processo de ensino-aprendizagem e tornam o indivíduo mais consciente de seu papel na sociedade.
 Palavras-Chave: Lúdico. Educação Infantil. Ensino-aprendizagem. Criança.
1. Introdução
O presente artigo aqui apresentado, dentre outras, tem por finalidade mostrar que o lúdico na educação infantil, tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na educação infantil, procurando provocá-lo, para que insira o brincar em seus projetos educativos, tendo intencionalidade, objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e a aprendizagem infantil. Que conduz a criança a experimentação de diversas realidades do mundo que o cerca.
É muito importante aprender com alegria, a brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto no âmbito de grupos sociais diversos. Favorece e promove o encontro consigo, no contexto da auto realização, e do encontro com o outro, sem o qual não seria possível a completa realização do indivíduo.
A infância é a idade das brincadeiras, que por meio delas a criança satisfaz em grande parte. Seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. Digo que o lúdico como um dos meios mais eficazes de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é um ato de troca de busca, de refletir e descobrir o mundo que o cerca. Os jogos lúdicos viabilizam ainda à criança, imaginar, criar, fazer de contas; é uma espécie de laboratório de construção do conhecimento.
São vários os benefícios das atividades lúdicas, porém, mais importante do que o tipo de atividade lúdica é a forma como é dirigida e como é vivenciada, e o porquê de estar sendo realizada. Toda criança que participa de atividades lúdicas, adquire novos conhecimentos e desenvolve habilidades de forma natural e agradável, que gera um forte interesse em aprender e garante o prazer, na educação infantil, por meio das atividades lúdicas a criança brinca, joga e se diverte. Ela também age, sente, pensa, aprende e se desenvolve, as atividades lúdicas podem ser consideradas, tarefas do dia-a-dia na educação infantil.
A infância é a idade das brincadeiras, que por meio delas a criança satisfaz em grande parte seus interesses, necessidades e desejos particulares, sendo um meio privilegiado de inserção da realidade, pois expressa a maneira como a criança reflete, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. O lúdico como um dos meios mais eficaz de envolver o aluno nas atividades, pois a brincadeira é algo inerente na criança, é um ato de troca de busca, de refletir e descobrir o mundo que o cerca. Os jogos lúdicos viabilizam ainda a criança, imaginar, criar, fazer de contas; é uma espécie de laboratório de construção do conhecimento.
2. Conceito
O Homem nasceu predestinado a descobrir, aprender, apropriar-se de todos os conhecimentos, passando pelos mais simples até os mais complexos. Por meio do ambiente onde vive e da interação com as pessoas a sua volta o sujeito irá descobrir e aprender novas coisas durante toda a sua vida, edificando seu caráter, suas qualidades como proletário e cidadão do mundo. A este desenvolvimento chamamos de educação. 
As oportunidades do conhecimento ofertadas as crianças tem papel de suma importância no desenvolvimento da sua construção motora, cognitiva e social. Neste contexto está incluso a Escola e o Educador, onde em conjunto trabalham para proporcionar a criança um lugar de alegria, de confraternização e de apreciação pelo estudo, além de projetar diretrizes capazes de modificar a sociedade. 
No meio das inúmeras formas de educar e transformar, uma muito importante, acreditamos ser a Educação Lúdica - do latim Ludus que (jogo) - que é o tema de estudo deste artigo. Uma criança que joga “gude” ou brinca de “pega-pega” só não está apenas brincando e se divertindo. Neste ato ela está desenvolvendo e operando várias funções físico-motoras e cognitivas que serão cruciais para toda a sua vida. 
Acredita-se que a Educação pautada no Lúdico está longe de ser uma simples brincadeira ou passatempo. É uma atividade relativa a criança que leva o ser humano ao encontro do conhecimento, da socialização e do desenvolvimento de suas atitudes e caráter. 
Na educação infantil, o lúdico tornou-se uma das estratégias mais bem sucedidas no que se refere à estimulação do desenvolvimento cognitivo e de aprendizagem de uma criança. Essas atividades são indispensáveis na medida em que desenvolvem as capacidades de atenção, memória, percepção, sensação e todos os conceitos básicos inerentes à aprendizagem. 
A escola e o educador devem atuar em consonância com a finalidade de direcionar as atividades, desvincular a brincadeira de uma ideia livre e focar em um aspecto pedagógico, de forma que promova a interação social entre as crianças e desenvolva habilidades intelectivas que respaldem o seu percurso na escola.
Aplicar o lúdico no âmbito escolar requer que o educador tenha uma fundamentação teórica bem estruturada e consistente, dinâmica e atenção para entender o universo de cada criança, bem como entender que o repertório de atividades deve estar ajustado às situações. É imprescindível que o jogo lúdico seja planejado e sistematizado para mediar progressos e promover condições para que a criança interaja e aprenda a brincar no ambiente coletivo, desenvolvendo habilidades e competências diversas. 
Nessa perspectiva, a psicologia pode contribuir para essa compreensão do desenvolvimento global da criança e fornece suporte para a educação infantil no sentido de melhorar as técnicas de manejo já existentes.
3. Contexto Histórico
Segundo Wajskop (2007),
A brincadeira, desde a antiguidade, era utilizada como um instrumento para o ensino, contudo, somente depois que se rompeu o pensamento românico passou-se a valorizar a importância do brincar, pois antes, a sociedade via a brincadeira como uma negação ao trabalho e como sinônimo de irreverência e até desinteresse pelo que é sério. Mas mesmo com o passar do tempo o termo brincar ainda não está tão definido, pois ele varia de acordo com cada contexto, os termos brincar, jogar e atividades lúdicas serão usados como sinônimos (WAJSKOP, 2007, p.23).
A ludicidade encontra-se presente em diferentes tempos e lugares. Dessa forma, cada brincadeira tem um significado nos diferentes contextos históricos e sociais que a crianças vivem. As brincadeiras experimentadas ao longo do tempo também estão vivas na vida das crianças, mas, com diferentes formas de brincar. Assim, elas são reinventadasa partir do poder de recriação e imaginação de cada indivíduo.
Assim, de acordo com Silva (2009),
As brincadeiras são universais, estão na história da humanidade ao longo dos tempos, fazem parte da cultura de um país, de um povo. Achados arqueológicos do século IV a.C., na Grécia, descobriram bonecos em túmulos de crianças. Há referências a brincadeiras e jogos em obras tão diferentes como a Odisséia de Ulisses e o quadro jogos infantis de Pieter Brughel, pintor do século XVI. Nessa tela, de 1560, são apresentadas cerca de 84 brincadeiras que ainda hoje estão presentes em diversas sociedades (SILVA, et al 2009, p. 4).
Nesse contexto, o ato de brincar constitui-se como parte integrante da vida do ser humano, e tem sua história marcada desde antes do seu nascimento. O primeiro brinquedo da criança é o cordão umbilical da mãe, onde, a partir do 4º mês, através de toques, apertos, puxões, o bebê começa a criar uma relação dessa ordem. 
Nessa perspectiva, Machado (2003) diz que 
A mãe também brinca com seu bebê mesmo antes de ele nascer, pois fica imaginando como será ser mãe, e associa as lembranças de quando brincava com sua boneca. Assim, quando o bebê nasce, já há uma relação criada da mãe para com o bebê e do bebê para com a mãe, pois esse já reconhece sua voz. No princípio, a relação acontece como se o bebê fosse o brinquedo de sua mãe e ao interagir com ele diariamente, a criança vai aprendendo a linguagem do brincar e se apropriando dela (MACHADO, 2003, p. 47).
Em seu livro – “A ludicidade numa perspectiva humana”, Bacelar (2009), também, traz o embasamento da compreensão da ludicidade reconhecendo sua legitimidade como possibilidade de uma vivência mais plena em todos os contextos da convivência humana, seja no ambiente familiar, no ambiente de trabalho, no ambiente escolar ou nos círculos de amizade. E evidencia, em seus escritos, que a vivência lúdica como uma experiência plena pode colocar o sujeito em um estado de consciência estendida e, em função disso, em contato com conteúdo inconscientes de experiências passadas, restaurando-as e, em contato com o presente, anunciando possibilidades para tempos posteriores. 
4. A linguagem lúdica
Especialistas no tema não coincidem ao encontrar um conceito quanto ao desenvolvimento do lúdico na educação. Entretanto, alguns autores estabelecem uma relação entre o lúdico e os jogos, estes, estudam profundamente o lúdico na Educação.
Um dos autores que mais se aprofundou nos estudos sobre o assunto, estudando o jogo nas diferentes línguas e culturas foi Hiuzinga (1990). Pesquisou suas aplicações na língua grega, chinesa, japonesa, hebraica, latim inglês, alemão, holandês e muitas outras. Pesquisando a etimologia da palavra jogo nos diferentes idiomas, constatou que em todas eles coincidiam em defini-lo como sinônimo de brincar, gracejar ou traçar.
O mesmo autor se propõe uma definição que engloba tanto as manifestações competitivas quanto às demais. O jogo é uma atividade de ocupação espontânea, exercida dentro de certos e determinados limites temporais e espaciais, obedecendo regras livremente consentidas, porém absolutamente obrigatórias, munido de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão psicológica, de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida rotineira.
Na concepção de Jean Piaget (1995), conceitos como jogo, brinquedo e brincadeira são construídos ao longo da vida. É a maneira que cada sujeito encontra utiliza para nomear o seu brincar. Entretanto, tanto a palavra jogo quanto a palavra brincadeira podem ser consideradas sinônimos de diversão.
Neste trabalho, apresentarei a palavra jogo, brincadeira, brinquedo e lúdico num sentido mais abrangente.
5. O Lúdico aplicado à Educação Infantil 
Muitos estudiosos corroboram que o brincar deve ter lugar primário na vida da criança. Na medida em que constitui uma das linguagens expressivas do homem, viabiliza a comunicação, a descoberta do mundo, a socialização e o desenvolvimento integral. A ludicidade é um mecanismo que permite a inserção da criança na cultura, por meio do qual podem permear suas vivências internas com a realidade externa. É uma facilitadora para a interação com o ambiente, embora seja muito pouco pesquisado. 
A brincadeira é uma atividade culturalmente definida e representa um dos requisitos para o saudável desenvolvimento infantil. Pesquisas apontam que o homem sempre brincou, por meio dos diversos povos e culturas e no decorrer da história, porém, ao longo do tempo, as maneiras de brincar, os espaços e os tempos de brincar, os objetos foram se modificando. 
As brincadeiras nos variados ambientes (brincadeiras na rua, em casa e na escola, e as festas) são parte profundamente importante para a inclusão no universo social. Com o lúdico, se faz o processo de humanização ética da criança, por esse motivo, deve ser utilizado para o progresso intelectual das crianças, tanto em casa, como na escola, principalmente por isso deve haver parceria entre família e escola. A criança não progredirá intelectualmente, se um não tiver o subsídio do outro, se um transferir a responsabilidade para o outro. Todos são responsáveis pela educação, pelo progresso intelectual da criança. 
Além de se constituir um espaço agradável para a criança, a pré-escola deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro, afetivo, com educadores realmente preparados para acompanhar a criança nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de desenvolvimento. Necessita ofertar a possibilidade de uma base consistente que influenciará o progresso intelectual futuro dessa criança. 
Dessa forma, se as atividades desenvolvidas nessa fase (pré-escola) desenvolvem as experiências infantis e possuem um sentido para a vida das crianças, elas podem beneficiar o processo de desenvolvimento e aprendizagem, seja no nível do reconhecimento e da representação dos objetos e das suas vivências, ou ainda no nível da expressão de seus pensamentos e afetos. 
A ludicidade é encarada como uma situação diária e um direito das crianças. Por meio do lúdico, elas se apropriam dos elementos da realidade e dão a eles novos significados.
Com as brincadeiras, se aprende e são apropriados conceitos, preconceitos e valores. Além disso, nelas se materializam as trajetórias individuais de vida das crianças, seus valores e suas experiências. O lúdico faz parte integral do desenvolvimento da criança e a família e a escola devem considerar isso de forma a estar seriamente comprometido com o brincar de modo a desenvolver e educar a criança. 
De acordo com Velasco (1996), 
o brinquedo é capaz de estimular a criança a desenvolver muitas habilidades na sua formação geral e isso ocorre espontaneamente, sem compromisso e obrigatoriedade. A brincadeira faz parte da infância de toda criança e quando usada de modo adequado na Educação Infantil produz significado pedagógico, estimula o conhecimento, a aprendizagem e o desenvolvimento (VELASCO, 1996, p.67).
Segundo Redin (2000),
O lúdico é a mediação universal para o desenvolvimento e a construção de todas as habilidades humanas. De todos os elementos do brincar, este é o mais importante: o que a criança faz e com quem determina a importância ou não do brincar. A brincadeira vai desde a prática livre, espontânea, até como uma atividade dirigida, com normas e regras estabelecidas que têm objetivo de chegar a uma finalidade. Os jogos podem desenvolver a capacidade de raciocínio lógico, bem como o desenvolvimento físico, motor, social e cognitivo (REDIN, 2000, p.51).
6. A importância da ludicidade para a construção dos saberes
Existem inúmeros motivos para brincar, que vai desde o prazer que o lúdico propicia até mesmo a importância para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da criança. Nota-se que é na brincadeira que a criança expressa suas vontades e desejos. 
Na educação infantil essa dinâmica estimula a capacidade criadora, bem como a capacidade de abstração, fantasia, cognição, além dos aspectos emocionais e sociais na criança.
Segundo Carneiro e Dodge(2007), 
O movimento é, sobretudo para criança pequena, uma forma de expressão e mostra a relação existente entre ação, pensamento e linguagem”. A criança consegue lidar com situações novas e inesperadas, e age de maneira independente, e consegue enxergar e entender o mundo fora do seu cotidiano (CARNEIRO e DODGE, 2007, p. 59).
 Ainda segundo os Autores: 
Para que a prática da brincadeira se torne uma realidade na escola, é preciso mudar a visão dos estabelecimentos a respeito dessa ação e a maneira como entendem o currículo. Isso demanda uma transformação que necessita de um corpo docente capacitado e adequadamente instruído para refletir e alterar suas práticas. Envolve, para tanto, uma mudança de postura e disposição para muito trabalho (CARNEIRO e DODGE, 2007, p.91).
É indispensável estabelecer uma parceria entre escola, família e criança a fim de explicitar os benefícios do ato de brincar na educação infantil, visto que além de deixar as crianças mais alegres, possibilita o desenvolvimento de habilidades físicas, motoras, cognitivas, etc. Ocorre que quando as crianças têm essa estimulação na escola e no contexto familiar, os benefícios têm um valor muito maior. Nessa perspectiva, Carneiro e Dodge (2007), afirmam que: 
Ao estimular as crianças durante a brincadeira, os pais tornam-se mediadores do processo de construção do conhecimento. Também, ao brincar com os pais, as crianças podem se beneficiar de uma sensação de maior segurança e liberdade para exploração, além de se sentirem mais próximas e mais bem compreendidas, o que pode contribuir para o melhor desenvolvimento de sua autoestima e independência (CARNEIRO e DODGE, 2007, p. 201).
As brincadeiras, não só beneficiam os laços de afetividade entre os familiares como também abre espaço para a construção da autoestima.
7. O desenvolvimento da Cognição da Criança
Desde que é concebido, o ser humano, ultrapassa por uma sequência de estágios de desenvolvimentos, formando um sujeito biopsicossocial e espiritual, através da interação entre o indivíduo e seu meio. Pode-se afirmar que a infância é o estágio em que a criança vai gradativamente e lentamente se apropriando dos conhecimentos do mundo. Ao se referir ao desenvolvimento, associa-se tal termo à ideia de crescimento, sobretudo o físico e o biológico. Mas essa expressão vai muito mais além do que apenas se nota. A progressão intelectual humana resulta num processo de construção de uma diversidade de fatores, entre influências biológicas, intelectuais, sociais e culturais. Sobre o assunto, Bock (2002) diz que: 
O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais.” O crescimento orgânico entende-se aquele ligado ao desenvolvimento físico do ser humano, que acontece desde o nascimento (BOCK, 2002, p.98). 
As construções de conhecimentos pela criança são involuntariamente produzidas, por intermédio de cada estágio de desenvolvimento em que a mesma se encontra. De acordo com Jean Piaget apud Bock (2002), 
a criança passa por quatro estágios de desenvolvimentos, sendo eles: o primeiro período compreendido pelo estágio sensório-motor (0 a 2 anos); segundo período, correspondido pelo pré-operatório ( 2 a 7 anos); terceiro período, operações concretas (7 a 12 anos); e por último o quarto período que são as operações formais (12 anos em diante) (JEAN PIAGET apud BOCK, 2002, p. 206).
Ainda segundo o autor, os períodos de desenvolvimento de acordo com a perspectiva de Piaget são: 
O jogo simbólico, o faz de conta e a fantasia, acontecem fazendo com que a criança crie imagens mentais sem a presença do objeto ou ação. Caracteriza-se também nesse estágio, o animismo, onde a criança “dá alma” aos objetos inanimados, como por exemplo, o caminhão foi “dormir’, há a transformação também do objeto em satisfação do prazer (tampa de panela como volante de um carro). Nesse período a criança leva-se pela aparência sem relacionar os fatos, por exemplo, um menino diz que tem mais suco do que sua irmã porque seu suco foi despejado em um copo alto e fino, e o dela em um outro copo, só que pequeno e largo. 
O terceiro período, das operações concretas, a criança já compreende regras, ordena elementos por tamanho, peso, desenvolvimento das noções de tempo, espaço, ordem, entre outros. Ao estabelecer relações, a criança passa a pensar logicamente, diminuindo seu egocentrismo, levando em conta inúmeros aspectos de uma determinada situação. Adquire a noção de reversibilidade, que é a capacidade de compreender um processo inverso ao observado anteriormente. 
E por fim, o período das operações formais, é o ápice do desenvolvimento cognitivo. O pensamento antes representativo torna-se abstrato, o pensamento torna-se hipotético-dedutivo, ou seja, é capaz de pensar em diferentes relações possíveis, a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade. Nessa fase, através da possibilidade de pensar e lidar com os conceitos de liberdade e justiça, no plano emocional o adolescente vivencia conflitos desejando liberta-se do adulto mesmo dependendo dele (JEAN PIAGET apud BOCK, 2002, p. 209).
Nessa perspectiva, de acordo o autor referenciado acima, o desenvolvimento da cognição é marcado por transformações tanto no âmbito qualitativo como no quantitativo, relacionadas aos estágios anteriores, permitindo que o sujeito se “construa e reconstrua” a cada estrutura, tornando cada vez mais hábil ao equilíbrio. As transformações caracterizadas como qualitativas, são aquelas referentes a números ou quantidade, são elas, peso, altura e tamanho do vocabulário. Por outro lado, as quantitativas, engloba a mudança na estrutura do sujeito, isto é, são aprendizagens de novas aptidões, tomando como modelo nas crianças, a transição da comunicação não verbal para a verbal. 
À medida que se desenvolve, a criança, vai ajustando-se à realidade que ao seu redor, e superando de modo cada vez mais eficaz, as inúmeras situações com que se confronta. Na concepção de Vygotsky apud Nunez (2009), 
A aprendizagem desenvolve-se a partir das relações sociais, e o pensamento e linguagem são processos interdependentes, desde o início da vida. Para Vygotsky, o sujeito é interativo pois, a partir das relações intra e interpessoais e de troca com o seu meio, passa a adquirir o conhecimento (VYGOTSKY apud NUNEZ, 2009, p. 61). 
Assim, a formação da criança recebe influxo mediante às trocas sociais, isto é, através da interação com o meio que a criança vai progredindo intelectualmente, em função das práticas educacionais à qual irá ser submetida. Caso não haja a interação entre o sujeito e o meio, o desenvolvimento intelectual ficará defasado, em consequência da falta de situações favoráveis ao aprendizado. 
Na concepção de Oliveira (1995):
[...] essa importância que Vygotsky dá ao papel do outro social no desenvolvimento dos indivíduos cristaliza-se na formulação de um conceito específico dentro de sua teoria, essencial para a compreensão de suas ideias sobre as relações entre desenvolvimento e aprendizado: o conceito de zona de desenvolvimento proximal (OLIVEIRA, 1995, p. 58). 
Essa ligação entre o progresso intelectual e a aprendizagem está engajada ao fato de o ser humano viver em ambiente social, sendo este o impulsor para estes dois processos, um caminhando em paralelo ao outro. Para uma melhor percepção do processo de ensino-aprendizagem, Levi Vygotsky (1989) sugere estudar a aprendizagem a partir do conceito de “Zona de Desenvolvimento Proximal”, o que pra ele se constitui como como: 
A distância entre o nível de desenvolvimento determinado pela capacidade de resolver um problema e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de um problema sob a ajuda de um adulto ou em colaboração com outro colega capaz (LEVI VYGOTSKY, 1989, p.89). 
Em outras palavras, a Zona de Desenvolvimento Proximal, pode ser melhor definida, como o espaço entre a capacidade dealgo que a criança pode fazer sozinha e o que ela é capaz de realizar com a mediação de alguém. Vale destacar, que a capacidade de desenvolver determinada tarefa, depende muito do tipo de nível de desenvolvimento à qual a criança encontra-se no momento. 
A afetividade é um fator também à ser considerado como influenciável no desenvolvimento da aprendizagem. Através desta, Marrocos (2008) valida que as funções cognitivas se inter-relacionam seja de forma operacional ou dialética, em conjunto com o meio social à qual está inserida. Assim, a criança ao receber uma gama de afetividade, constrói seu saber de uma forma mais sólida. Pinheiro (1999) apud Mendonça (2009, p. 22) enfatiza que sobre a importância do afeto “a sua importância é básica, pois considera o alimento afetivo tão necessários, como os nutrientes orgânicos”. O aspecto afetivo proporciona ao impulso que a criança almeja aprender, buscando novos conhecimentos, isto é, Ultrapassando as emoções e sentimentos, Por meio dessa dimensão, o sujeito manifesta externamente suas emoções e vontades.
8. A Ludicidade na Educação Infantil: Formação Docente.
Falar sobre a ludicidade, sobre a criança adquirir conhecimento tendo prazer na atividade é de inquestionável valia. Mas é de suma importância destacar o papel do professor da educação infantil, quem ele é; quais são seus medos, seus anseios, seus desejos e os incentivos que o mesmo tem para trabalhar a ludicidade. 
A formação de educadores como a atividade lúdica tem tido muito evidente nos últimos tempos. Existem diversas discussões acerca dos jogos e brincadeiras que proporcionam às crianças além de momentos de interação e socialização, aprendizagem. Kishimoto (2003, p. 655) afirma que: “se desejarmos formar sujeitos criativos, críticos e habilidosos para tomar decisões, um dos requisitos é o enriquecimento do cotidiano infantil com a inserção de contos, lendas, brinquedos e brincadeiras”. 
O professor constitui o eixo central do processo educativo escolar, uma vez que, a ele está designado à mediação entre conteúdo/conhecimento e a criança. O professor que organiza as atividades, o tempo, os espaços refletindo sobre cada uma das dificuldades das crianças e enriquece o cotidiano dos alunos para que eles adquiram o conhecimento de forma satisfatória e completa. 
Nos discursos de muitas crianças e também de alguns professores, nota-se que a criança está cada vez mais sendo o centro, e o professor como simples “objeto”, porém, de nada adianta ter recursos metodológicos, ter uma consciência de que mediante a ludicidade a aprendizagem pode ser mais proveitosa. É necessário ter o professor reconhecido e também com uma formação solidificada consistente e digna. 
Durante muito tempo, o que se observava em creches e pré-escolas, eram responsáveis que apenas trabalhavam ali por se identificar-se com crianças. Nesse contexto, Vasconcellos (2001) evidencia que a legislação aponta algumas conquistas que ainda não se materializaram na prática das instituições de educação infantil, sendo uma delas, uma realidade que deixa a área educacional indignada é que quanto menor a idade da criança, a oportunidade de formação e a renumeração são menores também. Com a LDB 9394/96 o fator escolaridade passou a ser requisito básico para ingressar no trabalho nos Centros de Educação Infantil, assumindo cargos de professores.
O importante é que nos cursos de formação de professores, a vida, a realidade, a vivência de cada professor seja revelada, tenha um momento todo especial, voltado para o mostrar e revelar da sua verdadeira identidade, em que possa compartilhar e socializar as suas experiências de forma prazerosa. O conteúdo teórico é de valor inigualável para a formação, mas um momento onde se pode abrir discussões e debates socializando suas experiências é enriquecedor.
Para Ortiz (2007), o professor da educação infantil:
É aquele que sabe mediar as experiências da criança pequena de modo a contribuir positivamente para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Ele auxilia a criança a utilizar suas diferentes linguagens para aprender sobre si mesma e sobre o mundo que a cerca, assim como simbolizar suas experiências e expressar o que sente sobre elas. (p. 11).
Contudo, para que o professor dê conta de realizar essa mediação e a partir disso criar experiências que sejam relevantes para as crianças, o mesmo precisa de uma formação sólida e consciente. 
[...] o professor de educação infantil precisa de uma sólida formação básica. Não falo apenas da formação profissional, advinda dos cursos de magistério e pedagogia, mas daquela formação básica a que todos temos direito. São necessários conhecimentos de história, de filosofia, de antropologia, que ofereçam aos professores alicerces básicos e sólidos para que possam construir compreender e confrontar ideologias, uma vez que no mundo educacional é calcado em representações ideológicas (ORTIZ, 2007, p.12). 
De fato, percebe-se que não existe uma prática infalível e sem erros, porém é necessário refletir sobre a prática e sobre sua postura mediante ás crianças, dessa forma é preciso que os profissionais que formam esses professores saibam possibilitar essa reflexão aos estudantes dos cursos de formação. Levando em conta que:
Educar é ir além da transmissão de informações ou de colocar à disposição do educando apenas um caminho, limitando a escolha ao seu próprio conhecimento. É ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade, oferecendo ferramentas para que o outro possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. (SANTOS, 1997, p. 11 apud RAU; ROMANOWSKI; MARTINS, 2005, p. 656).
Na atualidade ainda há o conceito dicotômico de que ao professor cabe o ensino, e ao aluno a aprendizagem. Por essa visão é impossível um ensino-aprendizado realmente significativo. Para que o processo didático se amplie, a ação docente precisa de quatro dimensões propriamente ditas: ensinar, aprender, pesquisar e avaliar. Compreender esse processo pode ser algo complexo, mas tanto professor quanto aluno precisam estreitar esses vínculos, uma vez que esses vínculos precisam estar cheios de intencionalidades sejam elas de cunho sociopolíticos e/ou pedagógicos. Para compreender esse processo Metodológico, faremos uma análise do mapa à seguir que faz uma esquematização das dimensões e conexões do processo Didático.
Fig. 1. Conexões e Dimensões do processo Didático-Metodológico
O mapa da figura acima traz uma visualização da dinâmica e da inter-relação entre todas as dimensões desse processo Didático-metodológico. É necessário que haja uma integração entre todas as partes com o intuito de se atingir a unificação do processo didático. As dimensões não existem por si só, mas existem na dinâmica interna de sala de aula se correlacionando. Nesse ínterim, Contreras (apud VEIGA, 2005) corrobora que:
O ensino é um jogo de práticas ajustadas a um mesmo processo, onde fatores históricos, culturais, sociais, institucionais e trabalhos tomam parte, junto com os individuais (CONTREIRAS apud VEIGA, 2005, p.75). 
Essas práticas integradas possibilitariam a correlação entre teoria e prática que são produtos do processo de ensinar, pesquisar, avaliar e aprender e por outro lado a aprendizagem do aluno mediante o nível de conhecimento do mesmo. 
Nesse processo, o professor aparece sempre como o maior responsável pelo ensino, onde orienta, onde tem que estabelecer uma relação pedagógica com o aluno, mediando sempre o conhecimento. Sendo esse o responsável maior pelo ensino, nas instituições escolares, também é considerado como agente transformador da sociedade. Assim,
O ideário da reforma do sistema educacional atribui ao professor papel de agente de mudança. Delega a este, não só a responsabilidade em potencial pelas mazelas do ensino escolar, como também o poder de superá-las. Em resposta a essa expectativa, são sugeridas mudanças substanciais no processo de formação detais profissionais. Na atualidade, tal processo é julgado como ineficaz, e, portanto, precisa ser repensado. (OLIVEIRA, 2006). 
Nessa perspectiva, de acordo com o pensamento do autor (2006), o professor é um agente de transformação social, e a ele é atribuída às enfermidades e também potencialidades, como se sozinha, as suas ações pudessem fazer uma transformação na sociedade atual. 
Em virtude disso, é necessário ter em mente que além da formação básica da graduação, é preciso que seja considerado a identidade, realidade que esse profissional vive, as suas experiências, suas interações com o mundo que o cerca, sua vida. Conhecer quem é esse profissional da educação; faz toda a diferença. De acordo com Cerisara (2002 apud SANTOS, 2005, p. 90) a identidade é um processo social, isto é, processo social de construção da identidade profissional que está sempre relacionado à dinâmica presente no contexto em que esta construção tem espaço.
É de inquestionável importância ter um profissional atuante que seja conhecedor e consciente de sua identidade. Uma vez que é ele quem ajuda na formação da identidade da criança. As características desse profissional de Educação Infantil, os saberes e fazeres necessários à docência constituem-se, segundo Santos (2005, p. 94) na busca individual e coletiva; atingem a dimensão pessoal, institucional e sindical; inter-relacionam-se com o conhecimento científico, com o senso comum, com os saberes construídos ao longo da atividade profissional. 
O professor enfrenta muitos conflitos e dilemas, porém manter-se informado e atualizado e com práticas didático-pedagógicas que sejam eficazes são grandes desafios para o mesmo. Dessa forma, o professor necessita continuar se informando, estudando e precisa do apoio da escola, uma ajuda coletiva que depende necessariamente da experiência e da reflexão como insumos. Por isso o trabalho coletivo é rico. 
Dessa maneira, o professor da Educação Infantil pode ser considerado como: 
[...] profissional que reflete sobre sua prática, um pesquisador, um co-construtor do conhecimento das crianças como dele próprio, sustentando as relações e a cultura da criança criando ambientes e situações desafiadoras, questionando constantemente suas próprias imagens de crianças e seu entendimento de aprendizagem infantil e outras atividades, apoiando a aprendizagem de cada criança, mas também aprendendo com elas. (MOSS, 2002, apud SANTOS, 2005, p.99). 
É necessário que o profissional da Educação infantil tenha a capacidade de se debruçar sobre a sua prática e de fazer com que ela seja voltada para a sua realidade e também para a realidade dos alunos. 
Kuhlmann (2000) corrobora que: 
Quando se indica a necessidade de tomar a criança como ponto de partida, quer-se enfatizar a importância da formação do profissional que irá educar essa criança nas instituições de educação infantil. Não é a criança que precisaria dominar conteúdos disciplinares, mas as pessoas que a educam. (p.65). 
A formação por parte do professor não deve ser concebida apenas sob a ótica de uma simples acumulação de conhecimentos que ficarão inertes e estagnados, como os cursos, as diversas teorias que existem, técnicas diversas, e também a reconstrução cotidiana da identidade desse profissional, porém deve estar relacionada à valores, saberes e em algumas atitudes que podem ser encontradas nas experiências que cada professor tem, dessa forma, o conhecimento transmitido aos alunos terá significado. 
A formação de profissionais da educação infantil precisa ressaltar a dimensão cultural da vida das crianças e dos adultos com os quais convivem, apontando para a possibilidade de as crianças aprenderem com a história vivida e narrada pelos mais velhos, do mesmo modo que os adultos concebam a criança como sujeito histórico, social e cultural. Reconhecer a especificidade da infância – sua capacidade de criação e imaginação - requer que medidas concretas sejam tomadas, requer que posturas concretas sejam assumidas. A educação da criança de 0 a 6 anos tem o papel de valorizar os conhecimentos que as crianças possuem e garantir a aquisição de novos conhecimentos, mas, para tanto, requer um profissional que reconheça as características da infância. (KRAMER, 2005, p.129). 
Essa formação deve conter o respeito e a diferença fundamental que a ludicidade traz à vida das crianças, em que os ideais de liberdade, prazer, alegria e brincar estão inclusos na condição básica da educação infantil. Nesse contexto, Feijó (1992, p.61 apud HONÓRIO, 2010, p.28) elucida que o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, faz das atividades essenciais da dinâmica humana. 
O objetivo do educador é sempre fazer com que aquilo que ele ensina tenha significado para seu educando. Para tanto, é importante que o educador consiga construir condições favoráveis de aprendizagem; como trabalhos em equipe e também individuais. Através desses momentos de ludicidade, as crianças têm a oportunidade de conviver com conceitos inerentes ao seu convívio em sociedade: as regras, normas, onde podem criar, recriar, modificar, redefinir, desenvolver seu raciocínio e aprender de forma muito satisfatória. Assim, Ignachewski (2003) conclui que:
[...] a formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora. (IGNACHEWSKI, 2003, p.81).
O professor na condição de mediador do conhecimento, necessita reconhecer que a educação lúdica é imprescindível à vida da criança. Muitas vezes quando fazem referência à ludicidade, logo vem à mente de algumas pessoas, o brincar sem propósito. Esse mero brincar sem uma “finalidade” estabelecido também é importante à vida das crianças, uma vez que é onde elas podem interagir e se socializar. E quando a ludicidade é usada em sala de aula, esta deve ter o papel didático, com “objetivos propostos” ou para distrair e descontrair as crianças. Assim Almeida (1998) menciona que:
A educação lúdica integra uma teoria profunda e uma prática atuante. Seus objetivos, além de explicar as relações múltiplas do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural, psicológico, enfatizam a liberação das relações passivas, técnicas para as relações reflexivas, criadoras, inteligentes, socializadoras, fazendo do ato de educar um compromisso consciente intencional, de esforço, sem perder o caráter de prazer, de satisfação individual e modificador da sociedade. (ALMEIDA, 1998, p.31-32).
O educador consciente da importância dessa educação lúdica, precisa vivenciar, aprimorar a sua prática pedagógica, onde e como pode trabalhar a ludicidade em suas múltiplas funções. Precisa estabelecer uma integração entre o brincar e o estudar, sendo que os dois podem “caminhar” juntos. Segundo afirma Winnicott (1982), a brincadeira estabelece uma aliança entre a realidade interna e externa do indivíduo, mantendo-o intacto. Com a brincadeira a criança pode perceber o outro como um ser independente, diferente e singular.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Na elaboração desse trabalho difundiu-se conceitos acerca da importância do lúdico no processo de ensino-aprendizagem da criança, revelando que a ludicidade é um grande laboratório para o desenvolvimento integral da criança, que deve ter atenção dos pais e dos educadores, considerando que é através das brincadeiras que a criança descobre a si mesmo o outro e o mundo que a cerca. 
O ser sujeito passa por constantes transformações tanto no contexto biológico quanto no contexto social, intelectual e cultural resultando assim numa construção de uma sequência de processos que se interligam ora harmonicamente ora conflituosamente. O desenvolvimento cognitivo ultrapassa uma série de períodos, atrelados por transformações tanto no plano qualitativo, quanto no quantitativo à cada etapa vivenciada. O que permite ao indivíduouma construção e reconstrução a cada estrutura, tornando-o mais apto à estabilidade. Faz-se necessário destacar, que o desenvolvimento de cada indivíduo, varia de acordo com os fatores internos (biológico) e externos (sociais, culturais e intelectuais) aos quais estão inseridos. 
Em função do fato de que o mundo real é de difícil absorção, a criança cria seu próprio universo, mais conhecido como as fantasias infantis. Nesse universo construído com base na invenção, elas fazem um paralelo do imaginário com o real, e através de seus personagens fictícios encontram soluções para quaisquer situações. Através do simbólico, os desejos e vontades tornam-se explícitos, além de criar possibilidades para que a criança exponha e elabore também seus conflitos e angústias da realidade. 
A ludicidade abre caminhos à uma série de aprimoramentos em diversos âmbitos dos desenvolvimentos, cognitivo, motor, social e afetivo. Por meio do brincar a criança inventa, descobre, experimenta, adquire habilidades, desenvolve a criatividade, autoconfiança, autonomia, amplia o desenvolvimento da linguagem, pensamento e atenção. Através de sua dinamicidade, o lúdico proporciona além de situações prazerosas, o aparecimento de comportamentos e assimilação de regras sociais. Auxilia no desenvolvimento do seu intelecto, tornando lúcidas suas emoções, angústias, ansiedades, reconhecendo suas dificuldades, proporcionando dessa forma, soluções e promovendo um enriquecimento na vida interior da criança. 
Espera-se que esse artigo sirva como embasamento para difundir a importância do lúdico na educação infantil e também para a construção do processo de imaginação, criatividade, desenvolvimento motor, interação social e no aprendizado de regras. Nessa perspectiva, entende-se que a vivência do lúdico no ambiente escolar contribui para a integração de vários aspectos do ser humano, bem como na esfera emocional, corporal, cognitiva, espiritual, e possibilita cada indivíduo ativo - aluno e professor- a se perceber enquanto um ser único e relacionar-se melhor consigo mesmo e com o universo, o que implica um enfrentamento mais autêntico frente ás suas dificuldades. Assim, é fundamental que a família, a escola e a criança formem um tripé que sustente essa etapa essencial na vida da criança.
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� Pós- Graduação Latu Sensu em Educação Infantil.

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