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[folha leitura em sala] EURIPEDES Fragmento da peça 'Sisyphus'

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Folha 1 Fragmento da peça 'Sisyphus' (Eurípides)
Fragmento da peça “Sisyphus” de Eurípides (ca. 415 a.C.)
1. Havia uma época em que a vida dos seres humanos era desordenada
2. e bestial, e a vida era governada pela força,
3. quando não havia recompensa para o bom
4. nem punição para o mau.
5. E então acredito que os humanos decidiram estabelecer leis [nomos]
6. para punir [os que faziam o mal] de modo que a justiça pudesse governar
7. e ser soberana sobre o crime e sobre a violência [hybris].
8. E se punia qualquer um que fizesse algo de errado.
9. Então, uma vez que as leis [nomoi] imepediam os homens de cometerem 
10. manifestos atos de violência,
11. mas eles agiam assim secretamente, então ocorreu, acredito,
12. que algum homem astuto e perspicaz
13. inventou para os mortais o medo dos deuses, de modo que
14. pudesse haver algo que detivesse os maus, mesmo se
15. eles agissem ou dissessem ou pensassem alguma coisa em segredo.
16. Daí, dessa fonte foi introduzido o divino,
17. narrando como o divino desfruta de uma vida interminável,
18. ouvindo e vendo, com sua mente, seus pensamentos
19. e atenção, todas as coisas, sua natureza tão divina
20. que ele ouviria o que quer que fosse dito entre os mortais,
21. sendo capaz de ver o que quer que fosse feito.
22. Se você urdisse algum plano malévolo em silêncio,
23. mesmo isso não escaparia aos deuses. Pois eles
24. têm conhecimento. Foram tais histórias que ele contou
25. quando introduziu este ensinamento em tudo deleitável
26. e escondeu a verdade com falsas narrativas.
27. Ele disse que os deuses lá habitam e os colocou onde
28. eles poderiam causar a mais forte impressão entre seres humanos,
29. lá, onde ele sabia que pavores acometem os mortais
30. e beneficiam também [para aliviar] as misérias da vida,
31. do topo nas alturas, onde eles contemplavam
32. os golpes de relâmpagos e estrondos do trovão
33. e céu repleto do brilho das estrelas,
34. magnífico desígnio do Tempo o sábio construtor,
35. pavimento para a ofuscante massa do sol
36. e fonte das chuvas que umedecem a terra abaixo.
37. Tais foram os pavores com os quais ele cercou os homens
38. E pelos quais esse homem astuto estabeleceu a deidade
39. Em lugar próprio, com uma bela história,
40. e eliminou a falta-de-lei [anomian] por meio de leis [nomois].
. . . 
41. Foi assim que, acredito, alguém pela primeira vez persuadiu
42. os mortais a acreditar que existe uma classe de deuses.
OBS: Traduzido a partir da tradução inglesa de Charles Kahn, publicada em “Greek Religion and Philosophy in the Sisyphus Fragment”. In: Phronesis, vol. 42, n. 3, 1997, p. 247-262. O texto grego se encontra em DK 88B.25, onde é equivocadamente atribuído a Crítias. Kahn começa o artigo com a seguinte afirmação: 
“The Sisyphus fragment (DK 88B.25) consists of 42 iambic trimeters cited by Sextus Empiricus as an expression of the atheistic views of the tyrant Critias. Sextus does not mention the name Sisyphus, but another citation (in the doxography known as Aetius) tells us that the speech was delivered by Sisyphus in a play by Euripides.” (…) “The quotation must belong to the satyr play Sisyphus, which is known to have been produced by Euripides in 415 B.C., together with the trilogy consisting of Alexander, Palamedes and The Trojan Women.”

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