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Módulo 2 Filosofia UNIP

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10/12/2019 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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Módulo II - Mito
Um mito[5] é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo,
da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder etc.).
A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do
verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes
que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na
autoridade e na confiabilidade da pessoa do narrador. Essa autoridade vem do fato de que ele ou testemunhou diretamente o que está
narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.
Quem narra o mito? O poeta-rapsodo[1]. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe
mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la
aos ouvintes. Sua palavra - o mito - é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.
Registre-se que a origem do mundo e de tudo o que nele há também já foi objeto de narrativas mitológicas. Veja-se, por exemplo:
a. Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é, tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais.
Essas relações geram os demais deuses: os titãs (seres semi-humanos e semidivinos), os heróis (filhos de um deus com uma humana ou de
uma deusa com um humano), os humanos, os metais, as plantas, os animais, as qualidades, como quente-frio, seco-úmido, claro-escuro,
bom-mau, justo-injusto, belo-feio, certo-errado etc.
A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, narrativa da geração dos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são
seus pais ou antepassados.
Tomemos um exemplo da narrativa mítica:
b. Houve uma grande festa entre os deuses. Todos foram convidados, menos a deusa Penúria, sempre miserável e faminta. Quando a festa
acabou, Penúria veio, comeu os restos e dormiu com o deus Poros (o astuto engenhoso). Dessa relação sexual, nasceu Eros (ou Cupido),
que, como sua mãe, está sempre faminto, sedento e miserável, mas, como seu pai, tem mil astúcias para se satisfazer e se fazer amado. Por
isso, quando Eros fere alguém com sua flecha, esse alguém se apaixona e logo se sente faminto e sedento de amor, inventa astúcias para
ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora rico e cheio de vida.
c. Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma
guerra entre as forças divinas, ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens.
O poeta Homero, na Ilíada, que narra a guerra de Troia, explica por que, em certas batalhas, os troianos eram vitoriosos e, em outras, a
vitória cabia aos gregos. Os deuses estavam divididos, alguns a favor de um lado e outros a favor do outro. A cada vez, o rei dos deuses,
Zeus, ficava com um dos partidos, aliava-se com um grupo e fazia um dos lados - ou os troianos ou os gregos - vencer uma batalha.
A causa da guerra, aliás, foi uma rivalidade entre as deusas. Elas apareceram em sonho para o príncipe troiano Paris, oferecendo a ele seus
dons e ele escolheu a deusa do amor, Afrodite. As outras deusas, enciumadas, fizeram-no raptar a grega Helena, mulher do general grego
Menelau, e isso deu início à guerra entre os humanos.
d. Encontrando as recompensas ou os castigos que os deuses dão a quem os desobedece ou a quem os obedece.
Como o mito narra, por exemplo, o uso do fogo pelos homens? Para os homens, o fogo é essencial, pois com ele se diferenciam dos
animais, porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar caminhos na noite, a se aquecer no inverno, quanto podem fabricar
instrumentos de metal para o trabalho e para a guerra.
Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do que dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente para os humanos.
Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu fígado) e os homens também
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn1
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foram castigados (cf. A caixa de Pandora).
Vemos, portanto, que o mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que
governam o mundo e o destino dos homens. Como os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que
são cosmogonias e teogonias.
A palavra gonia vem de duas palavras gregas: do verbo gennao (engendrar, gerar, fazer nascer e crescer) e do
substantivo genos (nascimento, gênese, descendência, gênero, espécie). Gonia, portanto, quer dizer: geração, nascimento a partir da
concepção sexual e do parto. Cosmos, como já vimos, quer dizer mundo ordenado e organizado. Assim, a cosmogonia é a narrativa sobre o
nascimento e a organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas.
Teogonia é uma palavra composta de gonia e theós, que em grego significa: as coisas divinas, os seres divinos, os deuses. A teogonia é,
portanto, a narrativa da origem dos deuses, a partir de seus pais e antepassados.
A Filosofia, ao nascer, é, como já dissemos, uma cosmologia, uma explicação racional sobre a origem do mundo e sobre as causas de
transformações e repetições das coisas; para isso, ela nasce de uma transformação gradual dos mitos ou de uma ruptura radical com os
mitos? Continua ou rompe com a cosmogonia e a teogonia?
Respostas dadas:
A primeira delas foi dada no fim do século XIX e começo do século XX, quando reinava um grande otimismo sobre os poderes científicos
e capacidades técnicas do homem. Dizia-se, então, que a Filosofia nasceu por uma ruptura radical com os mitos, sendo a primeira
explicação científica da realidade produzida pelo Ocidente.
A segunda resposta foi dada a partir de meados do século XX, quando os estudos dos antropólogos e dos historiadores mostraram a
importância dos mitos na organização social e cultural das sociedades e como os mitos estão profundamente entranhados nos modos de
pensar e sentir de uma sociedade. Por isso, dizia-se que os gregos, como qualquer outro povo, acreditavam em seus mitos e que a Filosofia
nasceu, vagarosa e gradualmente, do interior dos próprios mitos, como uma racionalização deles.
Atualmente, consideram-se as duas respostas exageradas e afirma-se que a Filosofia, percebendo as contradições e as limitações dos mitos,
foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e
diferente.
Assim, temos algumas diferenças entre filosofia e mito:
1) O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso; voltando-se para o que era
antes que tudo existisse tal como existe no presente. A Filosofia, ao contrário, preocupa-se em explicar como e por que, no passado, no
presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são.
2) O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas.
A Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. O mito falava em Urano,
Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais,
homens) e marinhos pelos casamentosde Gaia com Urano e Ponto. A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição,
combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou água, terra, fogo e ar.
3) O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa
mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia, ao contrário, não
admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a
autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.
Resolvido esse problema, no que tange as diferenciações entre mito e filosofia, temos ainda um último a solucionar: o que tornou possível
o surgimento da Filosofia na Grécia no final do século VII e no início do século VI a.C.? Quais as condições materiais, isto é, econômicas,
sociais, políticas e históricas que permitiram o surgimento da Filosofia?
Podemos apontar como principais condições históricas para o surgimento da Filosofia na Grécia:
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4.1. As viagens marítimas, que permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis
eram, na verdade, habitados por outros seres humanos e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitados por monstros e seres
fabulosos não possuíam nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a desmistificação do mundo,
que passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua origem, explicação que o mito já não podia oferecer;
4.2. A invenção do calendário, que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que
se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova ou uma percepção do tempo como algo natural e não como um poder
divino incompreensível;
4.3 A invenção da moeda, que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos
trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando,
portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
4.4 O surgimento da vida urbana, com predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e troca, e
diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o
surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio da
aristocracia de terras e de sangue (as linhagens constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e
estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos, favorecendo um ambiente em que a Filosofia poderia surgir;
4.5. A invenção da escrita alfabética, que, como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de
generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas - como os hieróglifos dos egípcios ou os
ideogramas dos chineses - supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia dela, o que dela se pensa e se
transcreve;
4.6. A invenção da política, que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da Filosofia:
1. A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela
definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade - da polis - servirá de modelo para a Filosofia propor o aspecto
legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
2. O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo
mito. Neste, um poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que guiavam o poeta) uma
iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses que eles deveriam obedecer.
Com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os
outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana
compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para
fazer ou não fazer alguma coisa.
A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou
condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.
3. A política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios
sagrados, mas que procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A ideia de um pensamento que
todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para a Filosofia. 
O Mito da Caverna narrado por Platão no livro VII do Republica é, talvez, uma das mais poderosas metáforas imaginadas pela filosofia,
em qualquer tempo, para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver
sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos homens, escrita há quase 2500 anos, inspirou e
ainda inspira inúmeras reflexões pelos tempos afora.
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro, cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde seu
nascimento, geração após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem poder mover a cabeça para a entrada, nem locomover-se,
forçados a olhar apenas a parede do fundo, e sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do sol. Acima do muro, uma réstia de luz
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exterior ilumina o espaço habitado pelos prisioneiros, fazendo com que as coisas que se passam no mundo exterior sejam projetadas como
sombras nas paredes do fundo da caverna. Por trás do muro, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras de homens,
mulheres, animais cujas sombras são projetadas na parede da caverna. Os prisioneiros julgam que essas sombras são as próprias coisas
externas e que os artefatos projetados são os seres vivos que se movem e falam. Um dos prisioneiros, tomado pela curiosidade, decide
fugir da caverna. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões e escala o muro. Sai da caverna, e no primeiro instante fica
totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados; pouco a pouco, habitua-se à luz e começa ver o
mundo. Encanta-se, deslumbra-se, tem a felicidade de, finalmente, ver as próprias coisas, descobrindo que, em sua prisão, vira apenas
sombras. Deseja ficar longe da caverna e só voltará a ela se for obrigado, para contar o que viu e libertar os demais. Assim como a subida
foi penosa, porque o caminho era íngreme e a luz ofuscante, também o retorno será penoso, pois será preciso habituar-se novamente às
trevas, o que é muito mais difícil do que habituar-se à luz. De volta à caverna, o prisioneiro será desajeitado, não saberá mover-se nem
falar de modo compreensível para os outros, não será acreditado por eles e correrá o risco de ser morto pelos que jamais abandonarão a
caverna.
A caverna, diz Platão, é o mundo sensível onde vivemos. A réstia de luz que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira
(as ideias) sobreo mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis que tomamos pelas verdadeiras. Os grilhões
são nossos dogmas, preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e faz a escalada do
muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do ser, isto é, o bem, que ilumina o mundo
inteligível como o sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna é o diálogo filosófico. Os anos despendidos na criação do
instrumento para sair da caverna são o esforço da alma, descrito na Carta Sétima, para produzir a "faísca" do conhecimento verdadeiro
pela "fricção" dos modos de conhecimento. Conhecer é um ato de libertação e iluminação.
O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento ascendente de libertação do nosso olhar que nos libera da cegueira para vermos
a luz das ideias. Mas descreve também o retorno do prisioneiro para ensinar aos que permaneceram na caverna como sair dela. Há, assim,
dois movimentos: o de ascensão (a dialética ascendente), que vai da imagem à crença ou opinião, desta para a matemática e desta para a
intuição intelectual e à ciência; e o de descensão (a dialética descendente), que consiste em praticar com outros o trabalho para subir até a
essência e a ideia. Aquele que contemplou as ideias no mundo inteligível desce aos que ainda não as contemplaram para ensinar-lhes o
caminho. Por isso, desde Mênon, Platão dissera que não é possível ensinar o que são as coisas, mas apenas ensinar a procurá-las.
Os olhos foram feitos para ver; a alma, para conhecer. Os primeiros estão destinados à luz solar; a segunda, à fulguração da ideia. A
dialética é a técnica liberadora dos olhos do espírito.
O relato da subida e da descida expõe como dupla violência necessária: a ascensão é difícil, dolorosa, quase insuportável; o retorno à
caverna, uma imposição terrível à alma libertada, agora forçada a abandonar a luz e a felicidade. A dialética, como toda a técnica, é uma
atividade exercida contra uma passividade, um esforço para concretizar seu fim forçando um ser a realizar sua própria natureza. No mito, a
dialética faz a alma ver sua própria essência - conhecer - vendo as essências (ideia) - o objeto do conhecimento -, descobrindo seu
parentesco com elas. A violência é libertadora porque desliga a alma do corpo, forçando-a a abandonar o sensível pelo inteligível.
O Mito da Caverna nos ensina algo mais, afirma o filósofo alemão Martin Heidegger, num ensaio intitulado "A doutrina de Platão sobre a
verdade", que interpreta o mito como exposição platônica do conceito da verdade. Desse ensaio, destacamos alguns aspectos:
A ideia do Bem, correspondente ao sol, não só ilumina todas as outras, isto é, torna todas as outras visíveis para o olho do espírito, mas é
também a ideia suprema, tanto porque é a visibilidade plena porque é a causa da visibilidade de todo o mundo inteligível. A filosofia,
conhecimento da verdade, é conhecimento da ideia do bem, princípio incondicionado de todas as essências. Assim como o sol permite aos
olhos ver, assim o bem permite à alma conhecer. A luz é a meditação entre aquele que conhece e o aquilo que se conhece.
Outra narrativa antiga é a “Caixa de Pandora” que é um mito grego que narra a chegada da primeira mulher à Terra e, com ela, a origem de
todas as tragédias humanas. Essa história é apresentada na obra Os Trabalhos e os Dias, do poeta grego Hesíodo, que viveu no século VIII
a.C.
Prometeu, deus cujo nome em grego significa "aquele que vê o futuro", doou aos homens o fogo e os ensinou as técnicas para acendê-lo e
mantê-lo. Zeus, o soberano dos deuses, enfureceu-se com esse ato, porque o segredo do fogo deveria ser mantido entre os deuses. Por isso,
ordena a Hefesto, deus do fogo e das habilidades técnicas, que criasse uma mulher que fosse perfeita e que a apresentasse à assembleia dos
deuses. Atena, a deusa da sabedoria e da guerra, vestiu essa mulher com uma roupa branquíssima e adornou-lhe a cabeça com uma
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guirlanda de flores, montada sobre uma coroa de ouro. Hefesto a conduziu pessoalmente aos deuses e todos ficaram admirados; cada um
lhe deu um dom particular. Atena lhe ensinou as artes que convêm ao seu sexo, como a arte de tecer. Afrodite lhe deu o encanto, que
despertaria o desejo dos homens. As Cárites, deusas da beleza, e a deusa da persuasão ornaram seu pescoço com colares de ouro. Hermes,
o mensageiro dos deuses, concedeu-lhe a capacidade de falar, juntamente com a arte de seduzir os corações por meio de discursos
insinuantes. Depois que todos os deuses lhe deram seus presentes, ela recebeu o nome de Pandora, que em grego quer dizer "todos os
dons".
Finalmente, Zeus lhe entregou uma caixa bem fechada e ordenou que ela a levasse como presente a Prometeu. Entretanto, ele e Pandora
não quiseram receber a caixa e recomendou a seu irmão, Epimeteu, que também não aceitasse nada vindo de Zeus. Epimeteu, cujo nome
significa "aquele que reflete tarde demais", ficou encantado com a beleza de Pandora e a tomou como esposa.
Pandora, não resisitindo à curiosidade, abriu a caixa e de lá escaparam todos os males que, a partir de então, assolam a humanidade e que
tornam miserável a existência dos homens. Ao fechá-la, amedrontada diante do que via, deixou aprisionada na caixa a Esperança, uma
criatura alada que estava prestes a voar que é a única forma por meio da qual os homens podem suportar todo mal que se abateu sobre eles.
Esse mito, como muitos outros, tem versões diferentes. Numa delas, por exemplo, a Esperança chega a escapar da caixa, e é graças a ela
que os homens conseguem enfrentar todos os males e não desistem de viver. Além disso, nessa outra narrativa, o presente de Hermes não é
a capacidade de seduzir, mas sim a falsidade. Fala-se, ainda, que não era uma caixa o que Pandora levava, mas um vaso. Essas variações,
aliás, mostram como os mitos sofriam modificações à medida que eram narrados.
Na Grécia antiga, em suma, é importante ressaltar essa "familiaridade" das pessoas com os deuses. Os mitos formavam, para os gregos
daquele tempo, um sistema complexo, que explicava praticamente todos os elementos de sua cultura. Eles estavam organizados num
conjunto coerente, lógico; em termos amplos, era uma maneira de ver o mundo, de explicá-lo e compreendê-lo.
O conteúdo relata-nos o modo como os gregos compreendiam a natureza feminina, acentuando sua beleza, sensualidade e poder de
destruição para o homem, diz Fernando Segolin, professor de Literatura da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo.
A importância de compreendermos tal metáfora reside, essencialmente, na condição de entendermos que a memória que constrói a imagem
da mulher é pautada por fato que culminam em uma imagem complexa, na medida em que ela parece catalisar a culpa pelos males da
humanidade. Se pensarmos na versão do Pecado Original, como trata a Bíblia Sagrada, teremos uma outra construção da imagem da
mulher que lhe confere características negativas.
A curiosidade, o poder de sedução e a beleza da mulher formam uma imagem de pouca confiança e a apresentam ao mundo dentro de uma
complexa dualidade – desejada e temida pelos males que poderá causar.
Uma leitura sob a ótica da ideologia que perpassa o texto permite-nos compreender que a fúria de Zeus pode ser atribuída ao fato de que ao
poder dominante sempre interessa a alienação dos dominados, pois o conhecimento leva o homem a enxergar a realidade e, diante desta, de
questionar suas incoerências. Logo, o homem, dotado de conhecimento, torna-se crítico e, desse modo, indesejável ao poder dominante.
Sob a mesma perspectiva, podemos dizer que, sendo o homem – dominante – em função da memória que o define como um ser dotado de
força e coragem, a imagem da mulher – dominada – em função da memória que a definefrágil e dependente do homem – uma vez descrita
por ele, não poderia ser constituída de elementos capazes de desfazer a relação de dominação entre ambos.
[5]Texto adaptado da obra Convite à Filosofia, Unidade 1, A Filosofia, Capítulo 1 Origem da Filosofia da autoria de Marilena Chauí,
Editora Ática, São Paulo, 2000.
 
[1] É o nome dado a um artista popular ou cantor que, na antiga Grécia, ia de cidade em cidade recitando poemas.
 
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftnref1
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Exercício 1:
Exercício 1
“Na Grécia Antiga utilizava-se de narrativas para explicar o surgimento e
o porquê de determinadas coisas ou situações. Tais narrativas tinham
grande aceitabilidade pelo povo grego sendo que estes, pelo menos num
primeiro momento, escutavam e aceitavam como verdades
incontestáveis”. O texto em questão sintetiza a utilização:
 
 
A)
A) da filosófica.
 
B)
B) da epistemologia.
 
C)
C) da teogonia.
 
D)
D) do mito
E)
E) da cosmogonia.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
E) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
A) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
C) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
D) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
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Exercício 2:
Exercício 2
Considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa que contenha
assertivas que são incorretas.
I. O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no
passado memorial, longínquo e fabuloso; voltando-se para o que era
antes que tudo existisse tal como existe no presente.
A Filosofia, ao contrário, preocupa-se em explicar como e por que, no
passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as
coisas são como são.
II. O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou
alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas.
A Filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por
elementos e causas naturais e impessoais.
III. O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e
terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros), terrestres
(plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com
Urano e Ponto.
A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição,
combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e
frio, ou água, terra, fogo e ar.
IV. O mito se importava com contradições, com o fabuloso e o
compreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa
mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da
autoridade religiosa do narrador.
A Filosofia, ao contrário, admite contradições, fabulação e coisas
incompreensíveis, não exige que a explicação seja coerente, lógica e
racional; a autoridade da explicação vem da pessoa do filósofo, não da
razão.
 
A)
a) Apenas a I;
 
B)
b) Apenas a II;
 
C)
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c) Apenas a I e a IV; 
 
D)
d) Apenas a II e a IV;
 
E)
e) Apenas a I e a III.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
E) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
C) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
Exercício 3:
Exercício 3
Ao interpretarmos o Mito da Caverna, podemos dizer que estão corretas
as assertivas:
I - A Caverna, segundo Platão, é o mundo sensível onde vivemos.
II - As sombras são as coisas sensíveis que tomamos por verdadeiras.
III - Os grilhões são os nossos dogmas, preconceitos, nossa confiança em
nossos sentidos e opiniões.
IV - O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo.
V - O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento ascendente
de libertação do nosso olhar que nos libera da cegueira para vermos a luz
das ideias.
 
A)
A) Apenas a I.
 
B)
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B) Apenas a II.
 
C)
C) Apenas III e IV.
 
D)
D) Apenas IV e V.
 
E)
E) Todas estão corretas.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
E) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
Exercício 4:
Exercício 4
A respeito da narrativa mítica na sociedade grega é correto afirmar:
 
 
A)
A) aqueles que a ouviam não recebiam de bom grado as narrativas proferidas.
 
B)
B) aqueles que a ouviam recebiam de bom grado as narrativas proferidas, tendo
em vista que o narrador era um deus.
 
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C)
C) aqueles que a ouviam recebiam de bom grado as narrativas proferidas, tendo
em vista que confiavam no narrador por ser esse considerado um escolhido dos
deuses.
 
D)
D) embora as narrativas míticas tivessem sido reveladas por revelações divinas
eram sempre passíveis de contestação.
 
E)
E) o narrador sempre havia presenciado os fatos que narrava.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
A) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
D) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
C) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
Exercício 5:
Exercício 5
As narrativas mitológicas sempre procuraram explicar as mais variadas
questões que atormentavam os serem humanos. Dentre essas questões
encontra-se a narração da origem. Qual é o nome das narrativas
mitológica que tinham por objeto explicar a origem as coisas?
 
A)
A) teogonia.
 
B)
B) cosmogonia.
 
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C)
C) genealogia
 
D)
D) aporia.
 
E)
E) sofismo.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
B) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
A) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
C) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
Exercício 6:
Exercício 6
A narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de
forças geradoras (pai e mãe) divinas denomina-se:
 
A)
A) teogonia.
 
B)
B) cosmogonia
 
C)
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C) genealogia.
 
D)
D) aporia.
 
E)
E) sofismo.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
Comentários:
C) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
A) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.
B) Somente essa assertiva responde ao que foi questionado.

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