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Organização da Bíblia 
 
"Introdução 
Nomes, divisões e conteúdo: 
Os cinco primeiros livros da Bíblia formam um conjunto que os judeus 
denominam "Lei" ou Torá. O primeiro testemunho certo dessa 
denominação encontra-se no prefácio do Eclesiástico, e ela já era de uso 
corrente no começo da nossa era, por exemplo, no Novo Testamento (Mt 
5,17; Lc 10,26; cf. Lc 24, 44). Bem entendido, o termo "Lei" não se aplica 
somente à parte legislativa, como mostra tal citação do NT(cf. Mc 12,26; Lc 
20,37). 
O desejo de obter cópias manejáveis desse grande conjunto fez com que se 
dividisse seu texto em cinco rolos de tamanho quase igual. Daí provém o 
nome que lhe foi dado nos círculos de língua grega: he pentateuchos 
(subentendido biblo), "O livro em cinco volumes", que foi transcrito em 
latim como Pentateuchus (subentendido liber) donde a palavra portuguesa 
Pentateuco. Por sua vez, os judeus de língua hebraica deram-lhe também o 
nome de "os cinco quintos da lei". 
 
Essa divisão em cinco livros é atestada antes de nossa era pela versão 
grega dos Setenta. Esta - e seu uso se impôs à Igreja - intitulava os 
volumes segundo o seu conteúdo: Gênesis (porque começa pelas origens do 
mundo), Êxodo (porque começa com a saída do Egito), Levítico (porque 
contém a lei dos sacerdotes da tribo de Levi), Números (por causa dos 
recenseamentos dos caps. 1-4) e Deuteronômio (ou a segunda lei de acordo 
com uma interpretação grega). Mas em hebraico os judeus designavam, e 
designam ainda, cada livro pela primeira palavra, ou pela primeira palavra 
importante de seu texto: Bereshit "No princípio"; Shemôt, "eis os nomes"; 
Wayyiqra "Iahweh chamou"; Bemidbar, "Iahweh falou a Moisés no deserto"; 
Debarîm, "eis as palavras". 
 
O Gênesis divide-se em duas partes desiguais: a história primitiva, sendo 
assim como que o pórtico da história da salvação, da qual a Bíblia inteira vai 
falar; ela remonta às origens do mundo e estende sua perspectiva à 
humanidade inteira. Relata a criação do universo e do homem, a queda 
original e suas consequências, e a perversidade crescente, castigada pelo 
dilúvio. A partir de Noé, a terra se repovoa, mas listas genealógicas cada 
vez mais restritas concentram finalmente o interesse em Abraão, pai do 
povo eleito. A história patriarcal evoca a figura dos grandes antepassados: 
Abraão, o homem da fé, cuja obediência é recompensada por Deus, que 
promete, a ele, uma posteridade e, a seus descendentes, a Terra Santa; 
Jacó o homem da astúcia, que suplanta seu irmão Esaú, rouba a benção de 
seu pai Isaac e vence em esperteza seu tio Labão. Mas de nada lhe 
serviram toda essas habilidades se Deus não o tivesse preferido a Esaú 
desde antes de seu nascimento e não lhe tivesse renovado as promessas da 
aliança condediadas a Abraão. Entre Abraão e Jacó, Isaac é uma figura 
bastante apagada, cuja vida é narrada, sobretudo em vista da de seu pai ou 
de seu filho. Os doze filhos de Jacó são os antepassados das Doze Tribos 
de israel. A um deles é consagrado todo o final do Gênesis: os caps. 37 - 50 
são uma biografia de José, o homem da sabedoria. Esta narração, que 
difere das precedentes, se desenvolve sem intervenção direta de Deus e 
sem nova revelação, mas toda ela é uma lição: a virtude dos sábios é 
recompensada e a providência divina converte em bem as faltas dos 
homens. 
 
O Gênesis forma um todo completo: é a história dos antepassados. Os três 
livros seguintes formam outro bloco, no qual, dentro do contexto da vida de 
Moisés, narram-se a formação do povo eleito e o estabelecimento de sua lei 
social e religiosa. 
 
O êxodo desenvolve dois temas principais: a libertação do Egito e a Aliança 
no Sinai; esses temas são interligados pelo tema da caminhada no deserto. 
Moisés, que recebeu a revelação do nome de Iahweh na montanha de Deus, 
é o condutor dos israelitas libertadas da escravidão. Numa teofania 
impressionante, Deus faz aliança com o povo e lhe dita suas leis. Mal fora 
concluído, o pacto é violado pela adoração do bezerro de ouro, mas Deus 
perdoa e renova a Aliança. O grande conjunto dos caps. 25-31 e 35-40 
relata a construção da tenda, lugar de culto na época do deserto. 
 
O Levítico, de caráter quase exclusivamente legislativo, interrompe a 
narração dos acontecimentos. Contém: um ritual dos sacrifícios; o 
cerimonial e investidura dos sacerdotes, aplicando a Aarão e a seus filhos; 
as normas referentes ao puro e ao impuro, que terminam com o ritual do 
grande dia das Expiações; e a "lei da santidade", que inclui um calendário 
litúrgico e se encerra com bênçãos e maldições. Em forma de apêndice, o 
cap. 27 determina as condições do resgate das pessoas, dos animais e dos 
bens consagrados a Iahweh. 
 
Números retoma o tema da caminhada pelo deserto. A partida do Sinai é 
preparada por um recenseamento do povo e pelas grandes ofertas feitas 
para a dedicação do Tabernáculo. Após a celebração da segunda Páscoa, os 
israelitas deixam uma montanha santa e chegam, depois de várias etapas, 
a Cades, de onde fazem uma tentativa frustrada de penetrar em Canaã pelo 
sul. Depois de estada em Cades põem-se de nova a caminho e chegam às 
estepes de Moab, em frente a Jericó. Vencidos os madianitas, as tribos de 
Gad e Rúben se estabelecem na Transjordânia. Uma lista resume as etapas 
do Êxodo. Uma lista resume as epatas do Êxodo. Em torno dessas 
narrações são agrupadas prescrições que completam a legislação do Sinai 
ou que preparam a estabelecimento em Canaã. 
 
O Deuteronômio tem estrutura particular: é código de leis civis e religiosas, 
enquadrando num grande discurso de Moisés. Este conjunto, por sua vez, é 
precedido do primeiro discurso de Moisés e seguindo do terceiro discurso e 
também de trechos referentes ao fim de Moisés: missão de Josué, cântico e 
bênçãos de Moisés e sua morte. O código deuteronômico retoma, em 
parte, as leis promulgadas no deserto. Os discursos recordam os grandes 
acontecimentos do Êxodo, do Sinai e da conquista que começava; 
salientavam seu sentido religioso, sublinham o alcance da lei e exortam à 
fidelidade. 
 
Composição literária 
A composição desta vasta coletânea era atribuída a Moisés pelo menos 
desde o começo de nossa era, e Cristo e os apóstolos conformaram-se com 
essa opinião. Mas as tradições mais antigas jamais haviam afirmado 
explicitamente que Moisés fosse o redator de todo o Pentateuco. Quando o 
próprio Pentateuco diz, que é muito raro, que "Moisés escreveu", aplica 
essa fórmula a alguma passagem particular. Efetivamente o estudo 
moderno desses livros apontou diferenças de estilo, repetições numerosas, 
sobretudo nas leis, e desordens nos relatos, que impedem de ver no 
Pentateuco uma obra que tenha saído toda mão de um só autor. Depois de 
longas hesitações, no fim do século XIX uma teoria conseguiu impor-se aos 
críticos, sobretudo por influência dos trabalhos de Graf e de Wellhausen: o 
Pentateuco seria a compilação de quatro documentos diferentes quanto à 
idade e ao ambiente de origem, mas todos eles muito posteriores a Moisés. 
Teria havido primeiramente duas obras narrativas: o Javista, que desde o 
relato da criação usa o nome de Iahweh, com o qual Deus se revelou a 
Moisés, e o Eloísta que designa Deus, pelo nome comum de Elohim; o 
javista teria sido escrito no século IX em Judá, o Eloísta um pouco mais do 
Norte, os dois documentos teriam sido reunidos num só; depois de Josias, o 
Deuteronômio lhe teria sido acrescentado; e depois do Exílio, o código 
Sacerdotal, que continha, sobretudo leis, com algumas narrações, teria sido 
somada a essa compilação, à qual serviu arcabouço e de moldura. 
Essa teoria documentária clássica, que, aliás, estava ligada a uma 
concepção evolucionista das idéias religiosas em Israel, foi frequentemente 
questionada, e outros autores só aceitam com modificações mais ou menos 
consideráveis; ela podia ser até rejeitada em bloco por diferentes razões, a 
ligação com a tradição antiga, judaica ou cristã,desempenhando talvez um 
papel particularmente importante. Não se deve esquecer que a teoria 
documentária é apenas uma hipótese e elaborada por tentar explicar certo 
número de fatos literários. Seria fácil (é o que se faz habitualmente hoje), 
argumentar a partir do fato que jamais houve verdadeiro consenso quanto à 
repartição preciosa dos textos entre os diferentes documentos propostos. 
Ora, se as conclusões da hipótese documentária podiam ser consideradas 
frágeis há 20 anos, elas parecem ter sido desde então desmanteladas, tanto 
assim que o panorama das certezas sobre a composição literária do 
Pentateuco parece aflitivo. A "nova crítica" é questionamento sistemático 
das conclusões às quais conduzia o lento trabalho de gerações de biblistas 
há vários século. Há 20 anos as diferenças de um poutor para o outro 
podiam ser significativas, até mesmo consideráveis, mas a hipótese de 
conjunto era a mesma: hoje não existe mais uma hipótese geral 
comumente admitida; propõem-se antes diferentes modelos para atentar 
explicar a gênese do Pentateuco. Assiste-se mesmo à rejeição pura e 
simples de todo o trabalho da crítica julgado inadequado ou inoperante para 
a compreensão dos textos, até mesmo contrário a uma aproximação que os 
considere como Escritura. 
Todavia, mesmo que não tenhamos certezas na questão, ainda que 
ignoremos o que se mantém finalmente de tantas pesquisas indo um pouco 
a todos os sentidos e de posições que se exclui mutuamente, certo número 
de indicações de base pode ajudar o leitor a melhor compreender o que ele 
lê; é por isso que as propomos aqui, mesmo que estejamos conscientes dos 
limites daquilo que propomos.”

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