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QUESTÕES – LIRA DOS 20 ANOS – ÁLVARES DE AZEVEDO 1 (FUVEST) Ossian o bardo é triste como a sombra Que seus cantos povoa. O Lamartine É monótono e belo como a noite, Como a lua no mar e o som das ondas... Mas pranteia uma eterna monodia, Tem na lira do gênio uma só corda; Fibra de amor e Deus que um sopro agita: Se desmaia de amor a Deus se volta, Se pranteia por Deus de amor suspira. Basta de Shakespeare. Vem tu agora, Fantástico alemão, poeta ardente Que ilumina o clarão das gotas pálidas Do nobre Johannisberg! Nos teus romances Meu coração deleita-se... Contudo, Parece-me que vou perdendo o gosto. (…) (Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos) Considerando-se esse excerto no contexto do poema a que pertence (Ideias íntimas), é correto afirmar que, nele, a) o eu lírico manifesta tanto seu apreço quanto sua insatisfação em relação aos escritores que evoca. b) a dispersão do eu lírico, própria da ironia romântica, exprime-se na métrica irregular dos versos. c) o eu lírico rejeita a literatura e os demais poetas porque se identifica inteiramente com a natureza. d) a recusa dos autores estrangeiros manifesta o projeto nacionalista típico da segunda geração romântica brasileira. e) Lamartine é criticado por sua irreverência para com Deus e a religião, muito respeitados pela segunda geração romântica. 2 (FUVEST) Teu romantismo bebo, ó minha lua, A teus raios divinos me abandono, Torno-me vaporoso... e só de ver-te Eu sinto os lábios meus se abrir de sono. (Álvares de Azevedo, “Luar de verão”, Lira dos vinte anos) Nesse excerto, o eu lírico parece aderir com intensidade aos temas de que fala, mas revela, de imediato, desinteresse e tédio. Essa atitude do eu lírico manifesta a: a) ironia romântica. b) tendência romântica ao misticismo. c) melancolia romântica. d) aversão dos românticos à natureza. e) fuga romântica para o sonho. 3 São características da obra de Álvares de Azevedo: 1. A obra de Álvares de Azevedo é marcada por uma visão dualista que envolve atração e medo, desejo e culpa, temendo, sobretudo, a realização amorosa. 2. Articulação consciente de um projeto literário baseado na contradição, utilizando as entidades mitológicas Ariel e Caliban para representarem, respectivamente, o bem e o mal. 3. A obra de Álvares de Azevedo é caracterizada por um grande engajamento social, conciliando ideias de reforma social com procedimentos específicos da poesia. 4. É possível perceber traços do pessimismo e da melancolia na obra de Azevedo, elementos característicos também na obra do poeta Byron. Elementos de humor e drama em algumas obras, assim como traços de ironia, também são perceptíveis. 5. Linguagem grandiosa, com gosto acentuado por hipérboles e por espaços amplos, como o mar, o céu, o infinito, o deserto. a) I e II. b) III e IV. c) II e IV. d) II e III. e) I, II e IV 4 Sobre o Ultrarromantismo, é incorreto afirmar: a) Grupo composto por jovens poetas universitários de São Paulo e Rio de Janeiro nas décadas de 50 e 60 do século XIX. Foram fortemente influenciados pela leitura de obras literárias de Musset e Byron, escritores cujo estilo de vida imitavam. b) Uma de suas principais características é o espírito do mal do século, uma onda de pessimismo doentio que se traduzia no apego a certos valores decadentes, como a bebida e o vício, na atração pela noite e pela morte. e) Entre as principais características do Ultrarromantismo estão o nacionalismo, o indianismo, o regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e linguística, além da crítica aos problemas nacionais. d) Seus principais representantes foram os poetas Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire. e) Também conhecido como segunda geração do romantismo, o Ultrarromantismo apresentou características como egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Gabarito 1 A 2A 3 E 4 C QUESTÕES – SAGARANA – GUIMARÃES ROSA 1 . (CEFET-PR) Sobre os contos de Sagarana é INCORRETO afirmar: A) A volta do marido pródigo demonstra, no comportamento do protagonista, o poder criador da palavra, dimensão da linguagem tão apreciada por Guimarães Rosa. B) Tanto em Corpo fechado quanto em Minha gente o espaço é variado, deslocando-se a ação de um lugar para outro. C) Em Duelo e Sarapalha figuram personagens femininas cujos traços não aparecem nas mulheres de outros contos. D) O burrinho pedrês, Conversa de bois e São Marcos trabalham com a mudança de narradores. E) A hora e a vez de Augusto Matraga não apresenta a inserção de casos ou narrativas secundárias. 2. (UPF) Nos contos de Sagarana, Guimarães Rosa resgata, principalmente, o imaginário e a cultura: A) da elite nacional B) dos proletários urbanos C) dos povos indígenas D) dos malandros de subúrbio E) da gente rústica do interior 3. (FUVEST) Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe: — E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear? — Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de idéia. — E, se me permite, qual é mesmo a sua graça? — Macabéa. — Maca — o quê? — Bea, foi ela obrigada a completar. — Me desculpe mas até parece doença, doença de pele. Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome ue nin uém tem mas arece ue deu certo — arou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é... — Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande divida de honra. Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado: — Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor? Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo. (Clarice Lispector, A hora da estrela) Ao dizer: "(..) promessa é questão de grande dívida de honra", Olímpico junta, em urna só afirmação, a obrigação religiosa e o dever de honra. A personagem de Sagarana que, em suas ações finais, opera uma junção semelhante é: A) Major Saulo, de O burrinho pedrês. B) Lalino, de Traços biográficos de Lalino Salãthiel ou A volta do marido pródigo. C) Primo Ribeiro, de Sarapalha. D) João Mangolô, de São Marcos. E) Augusto Matraga, de A hora e vez de Augusto Matraga. 4. (UEL) O trabalho com a linguagem por meio da recriação de palavras e a descrição minuciosa da natureza, em especial da fauna e da flora, são uma constante na obra de João Guimarães Rosa. Esses elementos são recursos estéticos importantes que contribuem para integrar as personagens aos ambientes onde vivem, estabelecendo relações entre natureza e cultura. Em Sarapalha, conto inserido no livro Sagarana, de 1946, referências do mundo natural são usadas para representar o estado febril de Primo Argemiro. Com base nessa afirmação, assinale a alternativa em que a descrição da natureza mostra o efeito da maleita sobre a personagem Argemiro: A) “É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca de pedra seca, do tempo de escravos; um rego murcho, um moinho parado; um cedro alto, na frente da casa; e, lá dentro uma negra, já velha, que capina e cozinha o feijão.” B) “Olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, seestira o vôo de uma garça, em direção à mata. Também, não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos olhos, que doem e choram, por si sós, longo tempo.” C) “É de-tardinha, quando as mutucas convidam as muriçocas de volta para casa, e quando o carapana mais o mossorongo cinzento se recolhem, que ele aparece, o pernilongo pampa, de pés de prata e asas de xadrez.” D) “Estava olhando assim esquecido, para os olhos... olhos grandes escuros e meio de-quina, como os de uma suaçuapara... para a boquinha vermelha, como flor de suinã....” E) “O cachorro está desatinado. Pára. Vai, volta, olha, desolha... Não entende. Mas sabe que está acontecendo alguma coisa. Latindo, choramingando, chorando, quase uivando.” 5. (PUC-SP) O conto Conversa de bois integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa. De seu enredo como um todo, pode afirmar-se que: A) os animais justiceiros, puxando um carro, fazem uma viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura e um defunto e termina com dois. B) a viagem é tranqüila e nenhum incidente ocorre ao longo da jornada, nem com os bois nem com os carreiros. C) os bois conversam entre si e são compreendidos apenas por Tiãozinho, guia mirim dos animais e que se torna cúmplice do episódio final da narrativa. D) a presença do mítico-lendário se dá na figura da irara, “tão séria e moça e graciosa, que se fosse mulher só se chamaria Risoleta” e que acompanha a viagem, escondida, até à cidade. E) a linguagem narrativa é objetiva e direta e, no limite, desprovida de poesia e de sensações sonoras e coloridas. GABARITO 1 C 2 E 3 E 4 B 5 A QUESTÕES – POESIA PAU BRASIL – OSWALD DE ANDRADE 1 São características da obra de Oswald de Andrade, exceto: a) A obra de Oswald de Andrade representa um dos cortes mais profundos do modernismo brasileiro em relação à cultura do passado. b) Sua obra é debochada, irônica e crítica, sempre pronta para satirizar os meios acadêmicos ou a própria burguesia, classe da qual se originara. c) A linguagem utilizada por Oswald caracteriza-se pela síntese, pelas rupturas sintáticas e lógicas, pelas imagens bruscas e pela fragmentação. d) Em sua obra estão presentes o lirismo, a piada, a imaginação, a fala popular, a ironia, os flashes cinematográficos, todos elementos observados nos chamados poemas-minuto. e) Os temas mais comuns de sua obra são a paixão pela vida, a morte, o amor e o erotismo, a solidão, a angústia existencial, o cotidiano e a infância. 2 Vício na fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade Sobre o poema de Oswald de Andrade, julgue as seguintes proposições: I. O poema de Oswald de Andrade volta-se contra o preconceito linguístico e nos chama a atenção para a necessidade de uma espécie de ética linguística pautada na diferença entre as línguas, nesse caso em uma única língua. II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro, sobretudo das classes incultas que desconhecem o nível formal da língua. III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”, de certa forma, constroem um “telhado”, ou seja, criam novas formas de pronúncia que se sobressaem, em muitos casos, à norma culta. IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denota certo preconceito linguístico do autor, que julga a norma culta superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas menos esclarecidas. a) Todas estão corretas. b) I e III estão corretas. c) I, III e IV estão corretas. d) II e III estão corretas. 3. (UNIFESP – SP) SENHOR FEUDAL Se Pedro Segundo Vier aqui Com história Eu boto ele na cadeia. Oswald de Andrade O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas cantigas de amor, a ideia de poder retoma o conceito de a) fé religiosa. b) relação de vassalagem. c) idealização do amor. d) saudade de um ente distante. e) igualdade entre as pessoas. 1 E 2b 3B QUESTÕES – O FILHO ETERNO – CRISTOVÃO TEZZA 1. (UNESPAR) Leia atentamente o trecho a seguir, retirado do livro O filho eterno, de Cristovão Tezza, p. 63 e marque A ÚNICA ALTERNATIVA INCORRETA. “Escrever: fingir que não está acontecendo nada, e escrever. Refugiado nesse silêncio, ele voltava à literatura, à maneira de antigamente. Uma roda de amigos- o retorno a tribo- e ele lê em voz alta o capítulo quatro do Ensaio da Paixão, que continua a escrever para esquecer o resto. Ler em voz alta: um ritual que jamais repetiu na vida. Naquele momento, ouvir a própria voz e rir de seus próprios achados, com a plateia exata, é um bálsamo. E ele escreve de outras coisas, não de seu filho ou de sua vida- em nenhum momento, ao longo de mais de vinte anos, a síndrome de Down entrará em seu texto. Esse é um problema seu, ele repete, não dos outros, e você terá que resolvê-lo sozinho.” (TEZZA, Cristovão. Rio de Janeiro: Record, 2009. p.63) • A O narrador em terceira pessoa é um recurso utilizado pelo autor que facilita o distanciamento e mantém o narrador afastado do sentimentalismo, já que o livro tem forte cunho autobiográfico; • B Ao narrar a história do filho com síndrome de Down, CristovãoTezza abandona a ficção para construir uma autobiografia, na qual todos os fatos narrados realmente aconteceram; • C O Filho Eterno é um romance muito premiado, reconhecido pela crítica, de modo geral, já como um clássico, embora tenha sido publicado há pouco tempo; • D Embora a narrativa seja em terceira pessoa, o narrador, diversas vezes, parece penetrar na mente do personagem “pai”, aproximando-se da narração em primeira pessoa, embora personagem e narrador nunca se confundam; • E O texto dialoga frequentemente com as várias artes e também há várias referências a outras obras de Tezza, como acontece no trecho selecionado. 2. Assinale a alternativa correta, sobre o romance O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza. a) O pai de Felipe narra sua complexa relação com o filho portador de deficiência e, ao mesmo tempo, repassa sua carreira de escritor e de professor. b) O menino Felipe passa por um tratamento psicomotor que o deixa três anos afastado do pai, o qual só o encontra nos fins de semana. c) O menino Felipe passa os primeiros dez anos de vida reduzido ao círculo familiar, uma vez que as creches e escolas não o recebem. d) O pai de Felipe, o narrador da estória, engaja-se no tratamento do filho depois do episódio em que o menino se perdeu ao sair de casa. e) O menino Felipe demonstra serenidade e maturidade no episódio em que o pai, descontrolado, se envolve em uma briga de trânsito. 3. Leia atentamente o trecho abaixo, retirado de O filho eterno, de Cristovão Tezza. Marque a única alternativa certa em relação ao trecho, ao autor e ao romance como um todo. Um ser que se move no deserto, ele talvez escrevesse, com alguma pompa, para definir a própria solidão. A solidão como um projeto, não como uma tristeza. Eu ainda não consegui ficar sozinho, concluí com um fio de angústia- e agora (ele olha para a porta basculante, sem pensar) nunca mais. Começou há pouco a escrever outro romance, Ensaio da paixão, em que – ele imagina passará a limpo a sua vida. E a dos outros, com a língua da sátira. Ninguém se salvará. Três capítulos prontos. É um livro alegre, ele supõe. Eu preciso começar, de vez por todas, ele diz a ele mesmo, e só escrevendo saberá quem é. Assim espera. São coisas demais para organizar, mas talvez justo por isso ele se sinta bem, feliz, povoado de sonhos. (p.16) TEZZA, Cristovão. O filho eterno. Rio de janeiro: Record, 2011. A) O trecho apresenta um tema que se desenvolve na obra, que é a solidão dos escritores no Brasil,pois através do personagem principal, Tezza discute as questões de produção da obra literária no Brasil; B) Ao utilizar a primeira pessoa, o autor faz uma escolha quanto ao tipo de narrador que marcará seu texto e será responsável pelo tom confessional da obra, já que o autor tem um filho com síndrome de Down; C) Ao citar uma outra obra sua já publicada, o autor utiliza uma estratégia muito comum na literatura contemporânea, que é a digressão, e leva o leitor a refletir sobre o processo de criação, um tema que perpassa O filho eterno; D) O trecho antecede o nascimento de Felipe e retrata um momento em que se constrói uma ponte entre o fazer literário e o fazer-se pai, relação que se estenderá pelo texto e será fundamental para a construção do amor entre pai e filho; E) Neste livro, Tezza deixa de lado uma característica que é constante em sua obra: o diálogo com outras artes, que geralmente aparece em forma de citações, marcando a intertextualidade em sua obra. 4 Sobre o livro O filho eterno, de Cristovão Tezza, assinale a única alternativa correta. A) O flashback, utilizado no romance, é uma característica do narrador em primeira pessoa, que constrói a narrativa a partir de suas lembranças e resgata pela memória os acontecimentos que marcaram sua vida, como o nascimento do filho; B) Um dos principais momentos da narrativa é quando Felipe desaparece e o pai se dá conta de que havia aprendido a amá-lo; que o filho era capaz de se locomover sozinho, portanto não era tão dependente quanto ele imaginava; C) O desaparecimento do filho é o momento crucial da narrativa, quando o pai se dá conta de que apesar de tê- lo rejeitado a princípio, já o ama. A partir daí o pai e o escritor se constroem em relação direta; D) Nas lembranças do narrador, escritas quase vinte anos depois do acontecido, percebe-se que as informações não são precisas, apesar de o narrador em primeira pessoa descrever detalhadamente seus sentimentos na época; E) Há dois momentos cruciais na vida do pai: um de alegria, quando o filho “foi anunciado ao mundo” e o outro de desespero, quando o pai acha que havia perdido o filho para sempre. 1 – B 2 – a 3-D 4-c
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