Buscar

EMBARGOS DE TERCEIRO cc TUTELA DE URGÊNCIA

Prévia do material em texto

AO JUÍZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE RIO DO OESTE - SANTA CATARINA 
Autos da Execução por título extrajudicial nº 0300022-33.2017.8.24.0144
JOCA TICO TICO, brasileiro, casado, comerciante, portador do CPF nº XXX.xxx.XXX-xx, residente e domiciliado na rua XXX, por sua advogada infra-assinado, conforme procuração em anexo (doc. 1), com endereço eletrônico xxxx@xxxx.xx onde recebe intimações, com escritório profissional situado na xxxxx, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 674 e seguintes do Código de Processo Civil, opor os presentes 
EMBARGOS DE TERCEIRO c/c TUTELA DE URGÊNCIA
em face da execução movida por PATINHAS, já qualificado nos autos do processo de execução nº 0300022-33.2017.8.24.0144, em trâmite perante este juízo, em face de CARRO CERTO Ltda., igualmente qualificada, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1. DOS FATOS 
Em 01/03/2023, o Embargante celebrou contrato de compra e venda de um veículo automotor, o qual seja, veículo XXXX, ano/modelo XXX, cor XXX, placas XXXX, Renavam XXXXX, celebrado com a empresa CARRO CERTO Ltda, mediante pagamento integral do valor de R$ 68.000,00, conforme comprovado por meio de transferência bancária realizada na mesma data e a entrega do bem.
 O Embargante, por motivos alheios à sua vontade, somente procurou o Departamento de Trânsito em 10/12/2023 para efetuar a transferência de propriedade do automóvel adquirido, ocasião em que descobriu que o mesmo estava penhorado nos autos da execução nº 0300022-33.2017.8.24.0144 movida pela financeira PATINHAS em face da executada CARRO CERTO Ltda. 
A penhora do veículo em questão foi promovida em 23/11/2023, conforme consta nos autos da execução, ajuizada em 15/07/2023 pela financeira PATINHAS, que objetivava a satisfação de uma dívida contraída pela CARRO CERTO Ltda. 
 Cabe destacar que a empresa CARRO CERTO Ltda, executada na referida ação, foi quem indicou o veículo adquirido pelo Embargante para ser penhorado, conforme se depreende dos autos da execução, devendo assim configurar o polo passivo, nos termos do artigo 677, parágrafo 4, do CPC, na medida em que indicou o veículo vendido à penhora. 
Ocorre que, muito embora recaísse sobre o Embargante a responsabilidade de proceder com a transferência junto ao DETRAN/SC, o mesmo, por questões diversas, acabou por não fazê-lo até o presente momento, em virtude de doença na família e de estar assoberbado de trabalho.
 Acontece que agora o Embargante tomou conhecimento de que tal veículo sofrera com a imposição de restrição de execução por certidão imposta ao veículo, oriunda de processo movido pela Embargada. Ocorre não pode o Embargante suportar o ônus de restrição de seu veículo, uma vez que devidamente comprovado que o mesmo já o pertencia muito tempo antes das aludidas anotações. 
Evidentemente, caso existisse alguma má-fé no negócio, o Embargante teria concluído a transferência na data da compra, mas como já afirmado, por questões alheias a sua vontade, buscou o despachante para efetivar a etapa final da transferência junto ao DETRAN, quando tomou ciência da restrição judicial. 
2. DO DIREITO 
 Nos termos do artigo 674 do Código de Processo Civil, o terceiro que, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio dos Embargos de Terceiro. 
 A jurisprudência pátria é pacífica ao entender que o adquirente de bem penhorado em processo alheio, como é o caso do Embargante, possui legitimidade para opor Embargos de Terceiro visando à defesa de seu direito de propriedade, conforme demonstrado no seguinte julgado:
Desta forma, serve os presentes Embargos, comprovada a posse e propriedade do bem veículo XXXX, ano/modelo XXX, cor XXX, placas XXXX, Renavam XXXXX, para ser dada a baixa, inclusive liminarmente, na restrição de execução por certidão.
No presente caso, a embargante sofreu constrangimentos pela restrição imposta, impedindo que se exerça todas as faculdades inerentes ao seu domínio, tais como uso, gozo, e disposição do bem. 
Também, resta comprovado que a embargante agiu de boa-fé, pois Ana é proprietária do veículo, pois a transferência de propriedade do automóvel se deu com a tradição, na forma do artigo 1.267 do CC.
Portanto, não há fraude à execução, uma vez que a aquisição do referido veículo foi anterior à ação de execução, com fulcro no artigo 792 do CPC.
 Sobre a necessária e urgente baixa na restrição, é exatamente o que se extrai da jurisprudência de nossos Tribunais, Vejamos:
EMBARGOS DE TERCEIRO. [...] INEXISTÊNCIA DE GRAVAME SOBRE O BEM À ÉPOCA DA TRANSAÇÃO. INSTRUMENTO DE PROCURAÇÃO OUTORGADO PELO PROPRIETÁRIO QUE SERVE PARA CONFIGURAR O EXERCÍCIO DA POSSE, INDEPENDENTE DA TRADIÇÃO DO REGISTRO NO ÓRGÃO COMPETENTE. POSTERIOR RECAIMENTO DE RESTRIÇÃO JUDICIAL SOBRE O BEM. PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ DO ADQUIRENTE NÃO DERRUÍDA PELA EMBARGADA, AO MENOS, NESTE JUÍZO DE COGNIÇÃO SUMÁRIA. TUTELA DE URGÊNCIA CONCEDIDA PARA LEVANTAMENTO DO BLOQUEIO. RECURSO PROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 5021700-06.2020.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Maria do Rocio Luz Santa Ritta, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 27-4-2021).
Por esta razão é que não pode o Embargante conforme com a restrição de execução por certidão imposta ao veículo já mencionado anteriormente, por ter sido adquirido na mais absoluta transparência e de forma lícita, tendo Ana a qualidade de terceira, conforme comprovada tais alegações mediante o contrato de compra e venda e o recibo de pagamento, conforme previsto no artigo 677, do CPC, requerendo assim a suspensão da penhora, e com a manutenção provisória da posse, na forma do artigo 678 do CPC.
Ademais, a conduta da empresa CARRO CERTO Ltda, ao indicar o veículo adquirido pelo Embargante para penhora em ação de execução na qual é parte, caracteriza abuso de direito e violação aos princípios da boa-fé objetiva e da lealdade contratual, conforme preconizado nos artigos 187 e 422 do Código Civil.
3. DO PEDIDO DE LIMINAR 
Em sede de antecipação de tutela, necessário se faz a urgente remoção da restrição de execução por certidão, uma vez que a embargante é legítima proprietária do veículo e tal medida atende os pressupostos previstos no art. 300, do CPC, sendo absolutamente reversível em caso de julgamento final diverso do pretendido. 
A verossimilhança das alegações encontra-se na prova documental acostada aos autos, demonstrando que a embargante adquiriu o automóvel de boa-fé em 01/03/2023, ou seja, muito antes do peticionamento do executado na Ação de Execução, que ocorrera em 15/07/2023, e também da imposição da restrição judicial, a qual se tomou conhecimento somente em 23/11/2023. 
A probabilidade do direito, por sua vez resta caracterizada principalmente pela documentação acostada, a qual se destaca: procuração pública, dando conta da compra do veículo em março de 2023; comprovante de pagamento da aquisição do bem também ocorrida em março de 2023; comprovante de pagamento do IPVA; comprovante de pagamento de multas; fotos que demonstram a posse do veículo, etc.
Já o fundado receio de dano irreparável está presente no fato da embargante se ver privada de exercer a propriedade plena do bem que adquiriu, de modo que sua finalidade se encontra prejudicada por uma demanda proposta pela embargada Cooperativa. 
Por isso, é que se requer que, liminarmente e sem a oitiva da parte contrária, seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela, visando a imediata baixa/cancelamento na restrição de execução por certidão do veículo XXXX, ano/modelo XXX, cor XXX, placas XXXX, Renavam XXXXX.
DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer-se:
a) De início, seja determinada a suspensão imediata do processo de execução de título extrajudicial de n. 0300022-33.2017.8.24.0144, até a decisão final do mérito dos presentes Embargos de Terceiro; 
b) O recebimento da presente petição inicial, com a consequentecitação da empresa CARRO CERTO Ltda, na pessoa de seu representante legal, para, querendo, contestar os presentes Embargos de Terceiro;
c) O cancelamento da penhora, com o reconhecimento do domínio do bem pela autora, com fulcro no artigo. 681 do CPC;
d) LIMINARMENTE, e sem que ocorra a oitiva da parte contrária, que ocorra baixa/cancelamento da restrição de execução por certidão imposta ao veículo veículo XXXX, ano/modelo XXX, cor XXX, placas XXXX, Renavam XXXXX, ante o preenchimento dos requisitos autorizadores; 
e) NO MÉRITO, requer-se seja confirmada a medida liminar, para que ocorra a PROCEDÊNCIA dos pedidos dos presentes EMBARGOS DE TERCEIRO, visando confirmar definitivamente a baixa/cancelamento da restrição de execução por certidão imposta ao veículo acima declinado, nos termos do artigo 678 do CPC; 
f) Por fim, seja condenado a Embargada no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, inclusive de sucumbência, estes com espeque no art. 85 do CPC; 
g) A produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente o depoimento pessoal do representante legal da empresa CARRO CERTO Ltda, sob pena de confesso, e a juntada de documentos.
h) O desinteresse na audiência de conciliação, requerendo-se o prosseguimento do feito.
 Dá-se à causa o valor de R$ 68.000,00 (...). 
Termos em que, Pede deferimento. 
ADVOGADA OAB XXX

Continue navegando