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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 2 Capacitando, Para complementar seus estudos, assista também aos vídeos disponíveis na apresentação do curso e ao Vídeo do Módulo 1. MÓDULO 1 – O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS Prezado capacitando, Bem-vindo ao Módulo 1 do curso de capacitação para elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico na modalidade a distância. Neste módulo, inicia nossa jornada de compreensão acerca da importância do ato de planejar, direcionado à área do saneamento básico e do papel de cada ator social nesse contexto. Convidamos você a embarcar conosco em uma viagem histórica tanto pelo Brasil quanto pelo mundo, buscando compreender em quais condições o saneamento básico surgiu, como as ações de saneamento básico se estruturaram ao longo do tempo e como surgiu a necessidade de serem reguladas por políticas públicas. Também convidamos você a imergir na temática do saneamento básico da atualidade, estudando qual é a situação do Brasil hoje e, portanto, quais são seus principais desafios. Paralelamente, introduzimos aspectos relevantes para a compreensão da natureza pública dos serviços de saneamento, através da análise do principal instrumento de efetivação desses serviços: a Lei Federal nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Para atingirmos esses objetivos é indispensável ler atentamente este material, acessar os sites e materiais sugeridos, realizar as leituras complementares, bem como as atividades propostas. Ao final deste módulo esperamos que você compreenda o surgimento e a evolução das ações de saneamento no Brasil e no mundo, o contexto no qual surgiu a Lei Federal nº 11.445/07, seu principal objetivo e diretrizes. Bons estudos! MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4 1.1. Aspectos históricos sobre saneamento básico ......................................................................... 4 2. A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL ...................................... 13 2.1 Contexto atual de desafios ..................................................................................................... 13 2.2 Legislação aplicada ................................................................................................................. 21 3. PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO: PRESSUPOSTOS ............................................................... 24 3.1 A natureza pública das ações de saneamento básico ............................................................ 24 3.2 Os princípios da Política de Saneamento Básico .................................................................... 25 3.3 A gestão associada e o papel dos diferentes entes da federação .......................................... 29 3.4 Aspectos metodológicos ........................................................................................................ 31 4. PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO: INTER-RELAÇÕES COM OUTROS PLANOS .......................... 32 4.1 Plano de Bacia Hidrográfica e Plano de Saneamento Básico ................................................. 34 4.2 Plano Diretor e Plano de Saneamento Básico ........................................................................ 34 4.3 Saúde e Plano de Saneamento Básico .................................................................................... 35 4.4 Planos Setoriais e Plano de Saneamento Básico .................................................................... 35 5. POLÍTICA MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO ................................................................... 36 5.1 A Política Municipal de Saneamento como instrumento para buscar a efetividade do plano no âmbito do município ................................................................................................................ 36 6. PRESTAÇÃO, REGULAÇÃO, FISCALIZAÇÃO E FINANCIAMENTO DOS SERVIÇOS ........................ 42 6.1 Competências municipais sobre a gestão dos serviços de saneamento básico ..................... 43 6.2 Planejamento ......................................................................................................................... 45 6.3 A prestação dos serviços de saneamento básico ................................................................... 45 6.4 Regulação dos serviços de saneamento básico ...................................................................... 49 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 55 CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 4 “O saneamento, sendo no seu aspecto físico uma luta do homem em relação ao ambiente, existe desde o início da humanidade, ora desenvolvendo-se de acordo com a evolução das diversas civilizações, ora retrocedendo com a queda das mesmas e renascendo com o aparecimento de outras.” (ROSEN, 2006) 1. INTRODUÇÃO 1.1. Aspectos históricos sobre saneamento básico Quando refletimos acerca dos aspectos históricos do saneamento básico no mundo, algumas perguntas fundamentais vêm à tona, tais como: Qual teria sido a primeira ação de saneamento básico no mundo? Em que civilização ela teria ocorrido? Há quantos anos ocorreu? As ações passadas possuíam a mesma natureza que as atuais? Até que ponto os problemas do passado continuam presentes em nossos dias? Para iniciar a discussão sobre esse tema, apresentamos uma citação de Rosen (2006), retirada de seu livro “Uma História da Saúde Pública”, sobre a história e a evolução das ações de saneamento básico ao longo do tempo: Rosen (2006) destaca que, com maior ou menor ênfase, as ações de saneamento sempre fizeram parte do processo civilizatório. Significa dizer que diferentes civilizações, estabelecidas em diferentes locais e em diferentes épocas, chegaram à mesma conclusão: as ações de saneamento básico são benéficas à sociedade de uma forma geral. As civilizações antigas, assim como nós, concluíram que a promoção do saneamento básico é um fator indissociável à promoção e manutenção da saúde da população, por isso a unanimidade quanto a sua relevância. Tenhamos presente que o próprio termo “saneamento” provém do verbo “sanear”, que significa “tornar higiênico, salubrificar, remediar, tornar habitável, tornar apto à cultura”. Embora a preocupação com a saúde e com o saneamento tenha sempre estado presente nos aglomerados humanos, a percepção da importância de ações sanitárias somente aflorou de forma significativa quando a agricultura e a criação animal passaram a fazer parte do rol de atividades humanas. À medida que o domínio humano sobre a agricultura e a pecuária foi sendo consolidado, a população existente deixou de praticar o nomadismo e tornou-se sedentária, fixando moradia em local específico, e consequentemente, modificando profundamente a percepção e a relação entre pessoas e dejetos. No âmbito da cultura nômade, a migração em busca de alimentos fazia com que as pessoas permanecessem pouco tempo em um mesmo local. Ainda, como os grupos eram pequenos e o contingente populacional da Terra era igualmente diminuto, quando outro grupo chegava a um local utilizado anteriormente para descarte de rejeitos, a natureza já havia feito sua parte. Dentro deste contexto, a fixação desses grupos em locais específicos, o desenvolvimento de MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 5 técnicas de agricultura e criação animal afloraram a percepção humana acerca dos cuidados que devem ser tomados com rejeitos para evitar problemas de saúde. Desde então, as ações de saneamento estiveram sempre presentes, de uma forma ou de outra, nas práticas das civilizações. Podemos citar,entre elas, os chineses, os indianos, os egípcios, os hebreus, os gregos, os romanos, os astecas, os maias, os quíchuas (povo indígena que habitava a América do Sul), dentre tantas outras civilizações, como exemplos de povos que em algum momento de sua história apresentaram contribuições relevantes ao saneamento. Caro capacitando, agora que sabemos como as ações de saneamento básico iniciaram, vamos entender como elas evoluíram? Para isso, convidamos você para uma viagem ao longo da história do saneamento, com o objetivo de conhecer o processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento das ações sanitárias. As informações apresentadas a seguir são adaptações de Brasil (2006). Boa viagem e até 2013! Antiguidade – A civilização greco-romana é mundialmente conhecida pela estruturação racional do pensamento, e daí provém o estabelecimento de importantes critérios sanitários que empreenderam, com vistas à promoção da saúde pública. Sem perder de vista que outras civilizações já haviam instituído critérios de saneamento básico, coube aos romanos o desenvolvimento de grandes obras de engenharia sanitária, sendo os pioneiros na organização político-institucional das Antigos aquedutos romanos Fonte: Vema (2008) ações de saneamento. Idade Média – A ruptura radical do homem com o conhecimento provocou um grande retrocesso sanitário. A Igreja, principal detentora da “conservação e transmissão” dos conhecimentos antigos, ao mesmo tempo em que contribuiu para manter a unidade cultural da Europa, ao patrimonializar a cultura, a arte, a ciência e as letras, nos legou um grande atraso evolutivo, para garantir seu domínio e alcançar seus interesses. Idade Moderna – É o período a partir do qual se dá a derrubada do antigo sistema e a formação dos estados nacionais. O conhecimento sobre a relação entre a saúde e saneamento é fortalecido, levando ao desenvolvimento científico da saúde pública. Na administração da saúde pública nas cidades renascentistas, os habitantes eram os responsáveis pela limpeza das ruas, e os causadores da poluição em cursos de água de abastecimento ou nas ruas eram punidos. Revolução Industrial – O trabalho assalariado passa a ser o elemento essencial para a geração da riqueza nacional, e a procura por mecanismos que minimizassem os problemas de saúde dos trabalhadores é estimulada pelo mercado. A evolução tecnológica e a industrialização nos países capitalistas possibilitam a execução, em larga escala, de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Idade Contemporânea – A Revolução Francesa inicia um O moinho de ferro, de Adolph Menzel Fonte: Pennsylvania Center for the Book CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 6 processo de revisão dos direitos humanos e do próprio conceito de cidadania. Nos países capitalistas, os problemas de saúde são tomados como prioritários. Entretanto, o aumento populacional e a estratificação social provocam demandas que superam os esforços de modernização do saneamento. Século XIX – As principais cidades brasileiras operam o saneamento através de empresas inglesas. Destaca-se o planejamento e a execução de intervenções feitas pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito em diversas cidades brasileiras no início do século passado, cujos resultados chegam até nossos dias. Século XX (Brasil) Osvaldo Cruz Fonte: Wikimedia Commons (2006) Década de 1900 – Ocorre a constituição da medicina social como campo de intervenção: polícia médica, quarentena e controle de portos, hospitais e cemitérios. É a fase higienista, protagonizada por Oswaldo Cruz e Pereira Passos, que colocaram em cena novos saberes sobre saúde, que passaram a orientar as modalidades de intervenção no espaço urbano. Ocorre a Revolta da Vacina. Em 1909, ocorre a criação da Inspetoria de Obras Contra as Secas, sendo reformulada em 1919, denominada Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas; em 1945, é transformada no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, visando à integração do desenvolvimento regional. Década de 1910 – Ocorre a divulgação do diagnóstico sobre as condições de saúde da população brasileira, através da Liga Pró-Saneamento, que acenava para a necessidade do desenvolvimento rural (1918). Década de 1930 – É criada, em alguns estados, uma nova estrutura administrativa para os serviços de saneamento, constituindo os departamentos federal e estaduais sob a forma de administração centralizada. Esta prática mostrou sua fragilidade quando os municípios, sem condições de gerirem os próprios sistemas, viram os recursos investidos desperdiçados, devido à incapacidade de administrá-los e mantê-los. Década de 1940 – É criado o Serviço Especial de Saúde Pública, que assumiu o “Programa de Saneamento da Amazônia” e ações de saneamento em regiões estratégicas para o esforço de guerra, ampliando sua atuação para todo o país após a II Guerra Mundial. Década de 1950 – Verifica-se a busca da autonomia do setor de saneamento. É criado o Serviço Autônomo de Água e Esgoto em vários municípios. Década de 1960 – Constata-se o distanciamento entre ações de saúde e saneamento na época em que o regime autoritário agiu para desmobilizar forças políticas e restringir a atuação de determinadas instituições. Década de 1970 – É instituído o Plano de Metas e Bases para a Ação de Governo, o qual definiu metas para o setor de saneamento, constituindo o embrião do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA). São previstas a minimização e a racionalização dos investimentos da União a fundo perdido; a atuação descentralizada, por meio das esferas estaduais e municipais e do setor MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 7 privado; a criação de conjuntos integrados de sistemas municipais de abastecimento de água e de esgotamento sanitário e tarifação adequada. Deflagra-se reação da sociedade ao autoritarismo e repressão, através de movimentos populares. Década de 1980 – Ocorre a ampliação de conquistas no campo da cidadania para todos os brasileiros, por meio da mobilização social. Ocorrem importantes mudanças no setor de saneamento. É viabilizada a reunião de recursos significativos provenientes do Fundo de Garantia por Tempo e Serviço (FGTS) para o investimento em abastecimento de água e esgotamento sanitário pelo PLANASA. Em 1986, houve a extinção do Banco Nacional da Habitação (BNH) e a interrupção dos financiamentos para o setor com recursos do FGTS, em decorrência do elevado endividamento e inadimplência sistêmica das companhias estaduais de saneamento e dos estados. São realizadas duas Conferências Internacionais sobre a Promoção da Saúde, com a discussão do tema saneamento (1986 e 1988). Em 1981, houve a promulgação da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938/81). Década de 1990 – É tempo de lutas cívicas pela cidadania, em que os valores éticos e morais foram enfatizados. Há um descrédito por parte da sociedade civil aos políticos e à política. Criação do Fórum Social Mundial (FSM) para se discutir, pensar e planejar novas formas de viver o mundo na diversidade de ideias. Estímulo à concorrência entre a atuação do setor público e da iniciativa privada, que já indicava seu interesse por setores controlados por estatais. No ano de 1990, acontece a regulamentação da Política Fórum Social Mundial Fonte: Galiza CIG (2009) Nacional de Meio Ambiente, através do Decreto Federal nº 99.274 (BRASIL, 1990a). 1991 – É realizada a 3ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde; 1992 – Acontece a dispersão dos organismos que fomentavam o PLANASA e o declínio desse plano, sem que suas metas fossem atingidas. É criado o Programa de Saneamento para Núcleos Urbanos e do Programa de Saneamento para População de Baixa Renda, a fim de implantar sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário em favelas e periferias urbanas, com a participação da comunidade; 1994 – NoCongresso Nacional ocorre a aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC nº 199) que dispunha sobre a Política Nacional de Saneamento e seus instrumentos. Implementa-se a renegociação das dívidas das Companhias Estaduais de Saneamento e dos estados junto ao FGTS e viabiliza-se o retorno dos financiamentos; 1995 – O PLC nº 199 é vetado integralmente pelo Presidente da República, sendo proposto, em seu lugar, o Programa de Modernização do Setor de Saneamento, que representou uma medida privatista para o setor de saneamento. É sancionada a Lei nº 8.987/95, conhecida como Lei de Concessões, que disciplina o regime de concessões de serviços públicos, favorecendo sua ampliação, inclusive para o setor de saneamento. Essa lei gerou polêmica, por seu caráter também privatista. É instituída a Lei Federal nº 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos. 8 CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 1996 – Ocorre a proposição de diretrizes para as concessões de serviços de saneamento por meio do Projeto de Lei do Senado (PLS nº 266), visando reduzir os riscos da atuação da iniciativa privada e transferir a titularidade dos serviços de saneamento dos municípios para os estados. 1997 – Verifica-se nova interrupção de empréstimos de recursos do FGTS e suspensão do Pró-Saneamento, único programa a financiar o setor público, além da aprovação, pelo Conselho Curador do FGTS, do Programa de Financiamento a Concessionários Privados de Saneamento, por meio do qual foram concedidos, pela primeira vez, recursos desse fundo à iniciativa privada. Realiza-se a 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Institui-se, nesse ano, a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal nº 9.433). 1999 – Firma-se acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O Brasil compromete- se a acelerar e ampliar o escopo do programa de privatização e concessão dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, limitando o acesso dos municípios aos recursos oficiais. É realizada a 1ª Conferência Nacional de Saneamento, que aponta para a universalização do atendimento, com serviços de qualidade prestados por operadores públicos, reconhecendo o caráter essencialmente local dos serviços e, portanto, a titularidade dos municípios, além de permitir o desenvolvimento de mecanismos de controle social e de participação popular na definição da prestação dos serviços. Século XXI (Brasil) A União retoma seu papel de grande financiador do saneamento básico e assume sua responsabilidade constitucional de instituir as diretrizes nacionais para o saneamento básico. A concessão dos financiamentos passou a ser condicionada à viabilidade econômica e social dos novos projetos. Ocorre a reinserção da União nas políticas urbanas por meio da: 1) criação do Ministério das Cidades, com o qual pretende-se mudar o paradigma da desarticulação para se implantar o conceito das políticas urbanas integradas dialogando entre si; 2) criação da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA). Busca-se a instauração de um processo inovador, de abertura à participação da sociedade civil por meio de conferências e do Conselho das Cidades. No ano de 2000, foi realizada a 5ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. 2001 – É instituída a Lei Federal nº 10.257, também denominada Estatuto da Cidade, a qual estabelece diretrizes gerais da política urbana. 2003 – Mais de 3.457 cidades, por meio dos seus representantes organizados, entram em debate até convergirem na 1ª Conferência Nacional das Cidades, que elegeu o Conselho das Cidades e propôs as alterações necessárias para a legislação pertinente. Instala-se, em âmbito federal, um processo amplo e democrático para o debate do presente e, sobretudo, do futuro das cidades, por meio da parceria estabelecida entre o Ministério das Cidades e entidades da sociedade civil. Iniciam-se os estudos e debates sobre as premissas da Política Federal de Saneamento Básico. 2005 – Realiza-se a 2ª Conferência Nacional das Cidades, onde participaram 1.820 delegados. Foram discutidas as formulações em torno da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, envolvendo temas como participação e controle social, questão federativa, política urbana regional e metropolitana e financiamento. Inicia-se o debate da 9 MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS construção do sistema de desenvolvimento urbano. Realiza-se a 6ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. É instituída a Lei Federal nº 11.107, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos. 2007 – Em 5 de janeiro de 2007, após aprovação do Congresso Nacional, o Presidente da República sanciona a Lei nº 11.445, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico. Inicia-se, nesse momento, uma nova e desafiadora fase do saneamento no Brasil, onde o maior protagonista é o município, na condição de titular dos serviços de saneamento básico. Ficam definidas mais claramente as competências municipais quanto ao planejamento, ação indelegável a outro ente, à prestação, à regulação, à fiscalização dos serviços e à promoção da participação e controle social. É promulgado o Decreto Federal nº 6.017, o qual decretoregulamentada a Lei Federal nº 11.107 através do. Na 3ª Conferência Nacional das Cidades é feito um balanço das ações desenvolvidas desde a criação do Ministério das Cidades e uma reflexão acerca da capacidade das políticas de investimento de reverter a lógica da desigualdade e da exclusão social. Nesse mesmo ano, é criado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o qual promove a retomada dos investimentos para a execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, incluindo obras de saneamento básico, contribuindo para o desenvolvimento econômico. Fonte: Brasil (2011d) 2008 – É criada a Resolução Recomendada nº 62, que aprova o Pacto Nacional de Saneamento Básico. Esse Pacto busca a adesão e o compromisso de toda a sociedade em relação ao processo de elaboração do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) e visa estabelecer um ambiente de confiança e entendimento na construção dos caminhos para a universalização do acesso ao saneamento básico e à inclusão social. 2009 – Realiza-se a 7ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. 2010 – É promulgada a Lei Federal nº 12.305 e o Decreto Federal nº 7.404 – lei que institui e decreto que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no país. Ocorre a regulamentação da Lei Federal nº 11.445/07, através do Decreto Federal nº 7.217. Em julho de 2010, é aprovada a Resolução da Assembleia Geral da ONU A/RES/64/292, que reconhece formalmente o direito ao abastecimento de água e ao esgotamento sanitário como essenciais à concretização de todos os direitos humanos. 2011 – A proposta do PLANSAB, elaborada pelo Governo Federal, em amplo processo participativo, planejado e coordenado pelo Ministério das Cidades, entra em sua fase final de conclusão. 2012 – A proposta do PLANSAB, elaborada pelo Governo Federal, coordenado pelo Ministério das Cidades, é aberta para avaliação popular. 2013 – Em novembro, é realizada a 5ª Conferência Nacional das Cidades na qual se discute CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 10 Vamos refletir? Considerando seu conhecimento prévio sobre a importância das práticas de saneamento, você conseguiu ampliá-lo por meio dessa viagem que empreendemos ao longo da história do saneamento? Quais informações você conhecia anteriormente a leitura deste material? Quais informações são novas para você? a criação do Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano. No mesmo ano, o Plansab é aprovado, por meio do Decreto n° 8.141 e da Portaria n° 571, consolidando um amplo processo de pactuação do Governo com a sociedadebrasileira para a melhoria do saneamento básico no Brasil. Mas afinal, o que é saneamento? Como você já deve ter percebido, as ações em saneamento estão interligadas à promoção da saúde da população. Assim, antes de compreendermos o que é saneamento básico, devemos outros conceitos, tais como saúde e saneamento ambiental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem-estar físico, social e mental, e não apenas a ausência de doenças. Sendo assim, o conceito de saúde pode ser muito mais amplo do que normalmente consideramos, o que torna a condição “saudável” bastante difícil de ser obtida, praticamente uma utopia, embora sua definição esteja correta. A relação entre saúde e saneamento, embora intrínseca desde tempos remotos, ganhou grande significância em diferentes encontros e reuniões internacionais. Destacam-se Conferências Internacionais sobre Promoção da Saúde, especialmente sua terceira edição, realizada na Suécia no ano de 1991. A declaração elaborada neste evento deixa clara a influência que um ambiente ecologicamente equilibrado exerce sobre a saúde da população em geral, sendo tais fatores considerados interdependentes e inseparáveis. Utilizando como base seu conceito de saúde, a OMS define saneamento ambiental como o controle de todos os fatores do meio físico, onde o homem atua, que exercem ou podem exercer efeitos contrários sobre seu bem-estar físico, social ou mental, ou seja, que possam interferir na sua saúde. Essa definição de saneamento ambiental, embora essencialmente coerente, está pouco clara. Ela não traz, de fato, quais são as ações que controlam ou poderiam controlar os fatores que influenciam na saúde das pessoas. Saneamento ambiental pode ser definido como o conjunto de ações técnicas e socioeconômicas que, quando aplicadas, resultam em maiores níveis de salubridade ambiental1. Estas ações compreendem o abastecimento de água em quantidade e em qualidade adequada; a coleta, o 1 Salubridade ambiental é o estado de higidez em que vive a população urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar (GUIMARÃES et al, 2007). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8141.htm MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 11 tratamento e a disposição adequada dos resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas; o manejo de águas pluviais; o controle ambiental de vetores e reservatórios de doenças; a promoção sanitária e o controle ambiental do uso e ocupação do solo; e a prevenção e controle do excesso de ruídos. Como você pode ver, saneamento ambiental é algo bastante complexo, que envolve ações de naturezas distintas. O controle de todos esses fatores exige um grande esforço tanto por parte da população, quanto do poder público, visando harmonizar as relações nas cidades. Dentro deste contexto, o saneamento básico pode ser compreendido como um recorte do saneamento ambiental. A Figura 1 sintetiza a ideia dos quatro eixos do saneamento básico, e tem por objetivo apresentar a você as áreas temáticas integrantes do saneamento básico, conforme a Lei 11.445/072, bem como uma breve explicação sobre cada uma delas. Embora sejam apresentadas separadamente na figura, para efeitos de explicação, deve-se ter em mente que as quatro áreas constituintes do saneamento básico são integradas, tanto no que se refere à legislação que regulamenta o assunto, quanto à prática diária. Quer ver um exemplo? Leia atentamente o texto apresentado após a Figura 1. ² Lei 11.445/07: Art. 3º - Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d) drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas; CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 12 Atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição. Em algumas situações, quando não é possível a oferta do serviço público, são adotadas soluções individuais ou coletivas. Atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. Em algumas situações, quando não é possível a oferta do serviço público, são adotadas soluções individuais ou coletivas. Atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais. Atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas. Em algumas situações, quando não é possível a oferta do serviço público, são adotadas soluções individuais ou coletivas. Atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. Em algumas situações, quando não é possível a oferta do serviço público, são adotadas soluções individuais ou coletivas. Atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas. Em algumas situações, quando não é possível a oferta do serviço público, são adotadas soluções individuais ou coletivas. Atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição. Em algumas situações, quando não é possível a oferta do serviço público, são adotadas soluções individuais ou coletivas. Atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais. Figura 1 - Áreas temáticas do saneamento básico Fonte: Elaborado pelos autores Se um município localizado a montante3 lançar o efluente doméstico de sua população sem o devido tratamento no mesmo rio em que outro município a jusante4 realiza a captação de água, este último terá problemas com a qualidade da água bruta captada. Assim, terá de empregar maioresconcentrações de compostos químicos para torná-la potável, ou ainda poderá ter que realizar melhorias estruturais nas estações de tratamento da água, tornando o processo mais oneroso. Da mesma forma, o resíduo sólido lançado inadvertidamente em via pública favorecerá o entupimento das bocas de lobo, o que, por sua vez, dificultará o manejo das águas pluviais, causando alagamentos localizados. 3 Montante: Local situado antes de um determinado fato ou situação. Lado de cima ou da nascente de um curso de água. 4 Jusante: Local situado depois de um determinado fato ou situação. Lado de baixo ou da foz de um curso de água. Vamos refletir? Mas afinal, o que é saneamento? Será que agora podemos formular uma resposta para essa pergunta? O que você diria? Sugerimos que, levando em conta seus conhecimentos prévios e o que temos estudado sobre aspectos fundamentais do saneamento básico, você ensaie uma resposta para a pergunta inicial. MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 13 2. A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL 2.1 Contexto atual de desafios Constata-se, com base em índices e indicadores, que o quadro sanitário da maior parte da população da América Latina e Caribe ainda é muito precário. Quem de nós nunca viu ou vivenciou situações como as apresentadas abaixo? Créditos: Thiago Gaspar dos Santos Créditos: Vladimir Platonow / Agência Brasil A realidade precária das condições sanitárias é decorrente tanto da carência crônica de recursos para investimento, quanto da deficiência ou da ausência de políticas públicas de saneamento básico, o que historicamente contribuiu com a proliferação de uma série de enfermidades evitáveis quando há saneamento. Entre essas enfermidades, a OMS cita: cólera, dengue, diarreia, hepatite, leptospirose e malária. De uma forma geral, as intervenções sempre foram fragmentadas e/ou descontínuas, com desperdício de recursos e baixa efetividade das ações implantadas. A partir de 2003, houve uma retomada de investimentos no setor. A partir 2007, com a implantação do PAC, os investimentos foram ampliados e passaram a ser contínuos. Embora atualmente o Brasil esteja entre as 10 maiores economias do mundo, tendo assumido a 6ª posição em 2011, a situação do saneamento no país, segundo estimativas do Centro de Pesquisas Econômicas e de Negócios – CEBR (CEBR, 2011) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), não é diferente daquela verificada nos demais países da América Latina e Caribe. Apesar de ser inegável o avanço que o Brasil vem alcançando nas questões de saneamento básico (IBGE, 2010), ainda há muito trabalho pela frente. Observe na Figura 2 a posição do Brasil no PIB internacional. Antes de continuarmos nossa discussão, vamos conhecer a situação do saneamento básico no Brasil hoje? Abordamos alguns tópicos sobre isto na Leitura Complementar, apresentada na sequência da Figura 2. CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 14 Figura 2 - Posição do Brasil no PIB internacional MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 15 Existem várias metodologias que buscam avaliar a situação do saneamento básico no Brasil. Um dos mais recentes estudos é o que embasou a proposta do Plano Nacional de Saneamento Básico - PLANSAB, cuja metodologia de avaliação foi elaborada com base no conceito de déficit, considerando não somente a infraestrutura implantada, mas também aspectos socioeconômicos e culturais, bem como a qualidade dos serviços ofertados ou das soluções empregadas, conforme figura a seguir. Fonte: Brasil (2011d) Para materialização do modelo conceitual do fluxograma, foi necessário adotar os sistemas de informações e bancos de dados disponíveis sobre saneamento básico, considerando que cada qual foi concebido sob uma lógica diferenciada, e que grande parte está incompleta e/ou desatualizada. Além disso, muitos deles não possuem dados sobre todos os municípios brasileiros, nem variáveis e indicadores apropriados para avaliação dos aspectos qualitativos da prestação dos serviços e da tecnologia utilizada, restringindo-se, em geral, à dimensão quantitativa da oferta e da demanda de serviços. Veja a seguir a conceituação para caracterizar o déficit de três, das quatro áreas do saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos). As situações que caracterizavam atendimento precário foram compreendidas como déficit, visto que, apesar de não impedirem o acesso ao serviço, este é ofertado em condições insatisfatórias ou provisórias, comprometendo a saúde humana e a qualidade do ambiente domiciliar e do seu entorno. Destaca- se que o tema manejo de águas pluviais foi desenvolvido de forma distinta, baseada principalmente na proporção de municípios participantes de pesquisas, que declararam a ocorrência de enchentes e inundações nos últimos anos. CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 16 Caracterização do atendimento e do deficit de acesso ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos COMPO- NENTE (1) ATENDIMENTO ADEQUADO DÉFICIT Atendimento precário Sem atendimento ABASTECIMENTO DE ÁGUA – Fornecimento de água potável por rede de distribuição ou por poço, nascente ou cisterna, com canalização interna, em qualquer caso sem intermitências (paralisações ou interrupções). – Dentre o conjunto com fornecimento de água por rede e poço ou nascente, a parcela de domicílios que: – não possui canalização interna; – recebe água fora dos padrões de potabilidade; – tem intermitência prolongada ou racionamentos. – Uso de cisterna para água de chuva, que forneça água sem segurança sanitária e, ou, em quantidade insuficiente para a proteção à saúde. – Uso de reservatório abastecido por carro pipa. – Todas as situações não enquadradas nas definições de atendimento e que se constituem em práticas consideradas inadequadas (3) ESGOTAMENTO SANITÁRIO – Coleta de esgotos, seguida de tratamento; – uso de fossa séptica (2) . – Coleta de esgotos, não seguida de tratamento; – uso de fossa rudimentar. MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – Coleta direta, na área urbana, com frequência diária ou em dias alternados e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos; – Coleta direta ou indireta, na área rural, e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos. – Dentre o conjunto com coleta, a parcela de domicílios que se encontram em pelo menos uma das seguintes situações: – na área urbana, com coleta indireta ou com coleta direta, cuja frequência não seja pelo menos em dias alternados; – destinação final ambientalmente inadequada. Fonte: PLANSAB – Plano Nacional de Saneamento Básico (1) Em função de suas particularidades, o componente drenagem e manejo de águas pluviais urbanas teve abordagem distinta. (2) Por “fossa séptica” pressupõe-se a “fossa séptica sucedida por pós-tratamento ou unidade de disposição final, adequadamente projetados e construídos”. (3) A exemplo de ausência de banheiro ou sanitário; coleta de água em cursos de água ou poços a longa distância; fossas rudimentares; lançamento direto de esgoto em valas, rio, lago, mar ou outra forma pela unidade domiciliar; coleta indireta de resíduos sólidos em área urbana; ausência de coleta, com resíduos queimados ou enterrados, jogados em terreno baldio, logradouro, rio, lago ou mar ou outro destino pela unidade domiciliar. MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 17 Os indicadores apresentados abaixo correspondem à situação do saneamento básico no Brasil, quanto ao atendimento e déficit, segundo o PLANSAB, para as três áreas do saneamento básico. Atendimento e deficit porcomponente do saneamento básico no Brasil, 2010 COMPONENTE ATENDIMENTO ADEQUADO DÉFICIT ATENDIMENTO PRECÁRIO SEM ATENDIMENTO (x 1.000 hab.) % (x 1.000 hab.) % (x 1.000 hab.) % Abastecimento de água 112.497 (1) 59,4 64.160 33,9 12.810 6,8 Esgotamento sanitário 75.369 (2) (3) 39,7 96.241 50,7 18.180 9,6 Manejo de resíduos sólidos 111.220 (4) 58,6 51.690 (5) 27,2 26.880 14,2 Fontes: Censo Demográfico (IBGE, 2011), SNIS (SNSA/MCidades, 2010), PNSB (IBGE, 2008). (1) Corresponde à população atendida pelas soluções expostas na Tab. 4.1, subtraída da proporção de moradias atingidas por paralisação ou interrupção em 2010. Uma vez que os dados sobre desconformidade da qualidade da água consumida não permitem estimar a população atingida, adicionalmente àquela que enfrenta intermitência, foi assumido que a dedução para paralisações e interrupções já abrangeria o contingente com qualidade da água insatisfatória, para todas as formas de abastecimento. (2) As bases de informações do IBGE adotam a categoria “rede geral de esgoto ou pluvial” e, portanto, os valores apresentados incluem o lançamento em redes de águas pluviais. (3) Embora, para efeito de conceituação do atendimento, as fossas sépticas tenham sido consideradas como solução adequada, para a estimativa de investimentos o número de fossas sépticas existentes não pode ser considerado integralmente aproveitável para a população a ser futuramente atendida. Por um lado, apesar de significativa mudança no número de fossas sépticas enumeradas pelo Censo Demográfico de 2010, observando-se uma redução relativa desta categoria em relação ao Censo Demográfico de 2000, infere-se que ainda há problemas de classificação indevida, denominando-se de fossas sépticas diferentes tipos de fossas precárias, devido a dificuldades inerentes aos levantamentos de campo, que necessitam ser aprimorados. Por outro, domicílios atendidos por fossas sépticas adequadas podem passar a contar com rede coletora de esgotos no futuro, podendo conduzir a que essas fossas sejam desativadas ou tenham seu efluente lançado nesta rede. (4) Não se deduziu, do atendimento adequado, a população atendida com frequência de coleta inferior a dias alternados, em função da inexistência de tais informações no Censo 2010 e da limitação das informações da PNSB. Como destinação final ambientalmente adequada foram considerados os volumes de resíduos sólidos destinados às seguintes unidades: aterro sanitário, aterro controlado em municípios com até 20.000 habitantes, estação de compostagem, estação de triagem e incineração. (5) Considerou-se destinação final ambientalmente inadequada a destinação em vazadouro a céu aberto e em aterros controlados, nesse caso em municípios com população superior a 20.000 habitantes. Por fim, antes de propor qualquer ação na área de saneamento, é importante que o gestor municipal conheça a situação do saneamento básico em seu município. Os indicadores descritos podem auxiliar na compreensão da questão em escala macro e meso, mas não em nível local. Caso você precisasse compor um indicador semelhante aos apresentados aqui, você saberia onde buscar essas informações? CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 18 Existem diversas fontes de informação sobre saneamento, as quais podem ser muito úteis para a elaboração de um Plano Municipal de Saneamento Básico. No Módulo 4 você poderá verificar as fontes nas quais são obtidas informações relevantes sobre o tema. Ainda no sentido de ampliar os conhecimentos sobre o saneamento, pode-se afirmar que a melhoria das condições de saneamento básico e ambiental no Brasil é função do despertar coletivo pelo qual a sociedade brasileira vem passando, impulsionada por discussões em âmbito global acerca da temática ambiental. Isso tem frutificado na elaboração e aplicação de novas medidas legais na área ambiental, resultando no adensamento das proposições que visam à preservação e manutenção do meio ambiente como um todo. O ponto de partida para a compreensão de qualquer política ambiental é a dualidade direito/dever vinculada à salubridade ambiental. Embora todos nós tenhamos o direito de usufruir de um ambiente ecologicamente equilibrado, também temos o dever de protegê-lo, evitando que o direito dos demais (e até mesmo o nosso) seja afetado. A manutenção da salubridade ambiental influencia diretamente a garantia de alguns dos direitos sociais estabelecidos pela Constituição Federal de 19885, tais como o direito à saúde e a uma vida digna. Os serviços de saneamento são indissociáveis à promoção da qualidade de vida da população, à promoção e manutenção da salubridade ambiental e à proteção dos ambientes naturais. Portanto, sua necessidade de regulação por meio de princípios legais é evidente. A aprovação da Lei Federal nº 11.445/07, bem como o Decreto Federal nº 7.217/10, inauguraram uma nova e desafiadora fase na história do saneamento no Brasil. Dentre diversos pontos relevantes, a Lei do Saneamento confirma o município como o grande protagonista dos serviços vinculados ao saneamento básico no país, reafirmando a competência municipal para legislar sobre assuntos considerados de interesse local, destacado sob o amparo da Constituição Federal. Para nortear as ações dos entes federados no sentido da promoção do saneamento básico, a Lei do Saneamento define quatro funções básicas para a gestão: o planejamento, a prestação dos serviços, a regulação e a fiscalização. Ainda, prevê que essas funções devam atender ao princípio fundamental do controle social, garantindo à sociedade informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação, relacionados aos serviços públicos de saneamento básico. Embora todas as ações anteriormente citadas sejam de responsabilidade do titular do serviço de saneamento, somente a função de planejamento é indelegável. Isso significa dizer que tanto a prestação dos serviços, quanto a regulação e fiscalização, podem ser repassadas a outros atores, reafirmando a responsabilidade do município frente à organização e prestação dos serviços públicos de interesse local, seja de modo direto, sob regime de concessão ou permissão, ou via acordo de cooperação e contrato de programa. Esta responsabilidade é destacada na Constituição Federal e na Lei Federal nº 11.445/07. Com relação à função de planejamento, a Lei do Saneamento destaca claramente a responsabilidade dos municípios na formulação da Política Municipal de Saneamento Básico. A lei ainda prevê a elaboração dos Planos de Saneamento Básico para cada município, os quais devem 5 Constituição Federal: é um conjunto de regras de governo que rege o ordenamento jurídico de um País. Deve regular e pacificar os conflitos e interesses de grupos que integram uma sociedade através do estabelecimento de regras que tratam desde os direitos fundamentais dos cidadãos até a organização dos Poderes (BRASIL, 2011b). MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 19 MEDIDAS ESTRUTURAIS - Correspondem aos tradicionais investimentos em obras, com intervenções físicas relevantes nos territórios, para a conformação das infraestruturas físicas de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e manejo das águas pluviais. Essas medidas são evidentemente necessárias para suprir o déficit de cobertura pelos serviços e favorecer a proteção da população quanto a riscos epidemiológicos, sanitários e patrimoniais. MEDIDAS ESTRUTURANTES - São aquelas que fornecem suporte técnico, político e gerencial para a sustentabilidade da prestação dos serviços. Encontram-se tanto na esfera do aperfeiçoamento da gestão, como ações de capacitação de programas de redução de perdas e desperdício de água, em todas as suas dimensões, quanto na da melhoria cotidiana e rotineira da infraestrutura física. sercompreendidos como uma ferramenta estratégica de planejamento para regulamentação dos serviços de saneamento básico, para o embasamento da tomada de decisões técnicas dos gestores quanto a este assunto. Até o presente momento, dos 5.570 municípios brasileiros (IBGE, 2013), poucos dispõem de Planos de Saneamento Básico, e tampouco de políticas que regulamentem o assunto. Quando se pensa em Planos Municipais de Saneamento Básico que cumpram seu papel como efetiva ferramenta de planejamento e gestão, esse número é ainda menor. Nesse momento, convém destacar duas definições incorporadas no PLANSAB e que devem integras os Planos de Saneamento Básico. Trata-se dos conceitos de medidas estruturais e medidas estruturantes. Dessa forma, entende-se como uma estratégia de gerenciamento primordial, promover o deslocamento do tradicional foco dos planejamentos clássicos em saneamento básico, pautados somente na hegemonia de investimentos em obras físicas, para um melhor equacionamento desses investimentos em face das medidas estruturantes. Assim, partimos do pressuposto de que o fortalecimento das ações em medidas estruturantes assegurará uma crescente eficiência, efetividade e sustentação aos investimentos em medidas estruturais. No horizonte do PLANSAB, projeta-se a gradativa substituição dos esforços concentrados na implantação de medidas estruturais para medidas estruturantes, conforme demonstrado na Figura 3. CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 20 Figura 3- Esforços do planejamento em medidas estruturais e estruturantes para alcance da estabilidade das ações Fonte: Brasil (2011d) De acordo com a Figura 3, defende-se que as medidas estruturais se mantenham preponderantes até o alcance da universalização, incluindo cada um dos elementos do saneamento básico, porém com destacado crescimento e fortalecimento das medidas estruturantes, que lhe dão sustentação. Com o alcance da universalização, as medidas estruturantes é que passam a ser preponderantes, indicando que os aspectos de gestão do sistema de saneamento devem persistir de forma a se obter um controle e uma intervenção mais efetivos e eficazes. Nesses estágios, as medidas estruturais praticamente estariam relacionadas às necessidades de pequenos ajustes, operação e manutenção e ampliações dos sistemas. Verifica-se na Figura 3, por conseguinte, quatro fases: I. Histórico, no qual tem prevalecido a lógica de priorização das medidas estruturais; II. Inercial, em que ainda haverá forte necessidade de investimentos nas ações estruturais, mas também já se iniciam os investimentos nas ações estruturantes; III. Reversão, quando passa a haver progressiva ênfase nos investimentos às ações estruturantes, enquanto que para as estruturais significa um período de redução nessa intensidade de investimentos; IV. Estabilização, posteriormente à universalização, quando há, ainda, um período de crescimento dos investimentos nas ações estruturantes e sua posterior estabilização, enquanto que há um decrescimento na necessidade de investimentos nas ações estruturais seguidas também da sua posterior estabilização. Observa-se também que a soma dos investimentos em medidas estruturais e em medidas estruturantes, indicadas na curva denominada "total", tende a uma certa estabilização a partir da fase III – Reversão. Essa é uma decisão de planejamento fundamental e positiva, que vai ao encontro da racionalização e economicidade do sistema. Muito provavelmente, caso sejam MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 21 Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988 Institui a norma matriz brasileira, sob a qual todas as demais legislações devem estar baseadas. Recomendamos a você uma leitura mais aprofundada do Capítulo VI – Do Meio Ambiente. Acesse a Constituição Federal através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm cessados ou reduzidos os esforços em investimentos após atingir-se a universalização, haverá a necessidade de imprimir esforços e recursos ainda maiores para retornar à universalização. Trata-se de um processo contínuo de planejamento e seu monitoramento, avaliação e revisão sistemáticos, em que a construção do sistema de saneamento não pode cessar, e deve manter-se o equilíbrio nos investimentos. O foco deste equilíbrio está na capacidade de fazer com que a totalização (medidas estruturais + medidas estruturantes) atinja certo patamar e se mantenha constante. 2.2 Legislação aplicada Quaisquer ações na área do saneamento devem ser realizadas de forma articulada com as demais políticas existentes, sendo a intersetorialidade uma de suas características mais marcantes. Assim, o conhecimento das ferramentas legais que possuem interface com a temática tratada é fundamental para a proposição de uma política municipal eficiente, em consonância com as tendências federal e estaduais, mas também com as peculiaridades das condições municipais. A seguir, apresenta-se a legislação com maior relevância na temática do saneamento, com sua respectiva disposição legal. Caso você queira conhecê-las em maior profundidade, basta acessar os sites indicados em cada tópico. Lei Federal nº 8.080 19 de setembro de 1990 Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Acesse esta Lei através do site: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm Lei Federal nº 8.142 28 de dezembro de 1990 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 22 Lei Federal nº 8.666 21 de junho de 1993 Regulamenta o artigo nº 37, inciso nº XXI, da Constituição Federal; institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666compilado.htm Lei Federal nº 8.987 13 de fevereiro de 1995 Lei Federal nº 9.074 07 de julho de 1995 Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no artigo nº 175 da Constituição Federal e dá outras providências. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8987cons.htm Estabelece normas para outorga e prorrogação das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras providências. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9074compilada.htm Lei Federal nº 9.433 08 de janeiro de 1997 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso nº XIX do artigo nº 21 da Constituição Federal, e altera o artigo nº 1 da Lei Federal nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei Federal nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9433.htm Lei Federal nº 9.795 27 de abril de 1999 Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm Lei Federal nº 10.257 10 de julho de 2001 Regulamenta os artigos nº 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Acesse esta Lei atravésdo site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8987cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9074compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9433.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 23 Lei Federal nº 11.079 30 de dezembro de 2004 Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm Lei Federal nº 11.124 16 de junho de 2005 Dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS e institui o Conselho Gestor do FNHIS. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11124.htm Lei Federal nº 11.107 06 de abril de 2005 Dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos e dá outras providências. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11107.htm Lei Federal nº 11.445 05 de janeiro de 2007 Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera a Lei Federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979; Lei Federal nº 8.036, de 11 de maio de 1990; Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993; Lei Federal nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei Federal nº 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm Decreto Federal nº 6.017 17 de janeiro de 2007 Regulamenta a Lei Federal nº 11.107, de 06 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos. Acesse este Decreto através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm Lei Federal nº 12.305 02 de agosto de 2010 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Acesse esta Lei através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato 2007-2010/2010/lei/l12305.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11124.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11107.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 24 3. PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO: PRESSUPOSTOS 3.1 A natureza pública das ações de saneamento básico Planejar, conforme será abordado com maior propriedade no Módulo 2, consiste em um meio sistemático de se determinar a situação atual de um processo, onde se deseja chegar e qual trajeto deverá ser percorrido. Contudo, é fundamental ter um bom grau de domínio sobre o objeto que está sob planejamento, nesse caso o saneamento básico. A ação de planejamento não deve envolver procedimentos meramente técnicos, a partir dos quais são elaborados diagnósticos e prognósticos, mas, sobretudo, implica em um debate a partir das diversas formas de reconhecimento e interpretação da realidade. Portanto, planejar pressupõe reconhecer e debater conceitos e visões de mundo sob as quais o objeto é percebido e interpretado. Assim, justifica-se a necessidade de se discutir o saneamento básico, buscando compreender seus conceitos, a forma como foi entendido ao longo do tempo e como foi apropriado pelos diversos segmentos da sociedade. Sem a participação social, o Plano Municipal de Saneamento Básico será mais uma peça para gavetas e estantes, incapaz de cumprir seu relevante papel na transformação social. Convidamos você a acompanhar a linha do tempo apresentada na Figura 4, voltada à natureza pública das ações em saneamento básico, mostrando a evolução brasileira acerca da temática do saneamento, até chegar aos princípios da Lei Federal nº 11.445/07. Para tanto, faz-se um recorte temporal desde os anos 1940 até o momento, instituindo quatro diferentes macro visões: período Decreto Federal nº 7.217 21 de junho de 2010 Regulamenta a Lei Federal nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e dá outras providências. Acesse este Decreto através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7217.htm Decreto Federal nº 7.404 23 de dezembro de 2010 Regulamenta a Lei Federal nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências. Acesse este Decreto através do site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914 12 de dezembro de 2011 Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Acesse esta Portaria através do site: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7217.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 25 • Foi criada a tarifa por serviços de saneamento tanto como recuperação do investimento, quanto para abatimento dos custos de operação e manutenção do sistema; • Os investimentos eram direcionados a cidades situadas em regiões industrializadas, bem como os serviços ofertados apenas para a população com capacidade de pagamento. • Início do processo de desigualdade vinculado aos serviços de saneamento. de 1940 a 1960; década de 1960 – 1970; década de 1980 – 1990; e primeira década do século XXI. A partir da Figura 4, podemos concluir que a formulação de políticas e planos é fortemente influenciada por fatores políticos, sociais, econômicos, culturais, dentre outros. A última década, especialmente, fez emergir tanto visões de mundo, quanto saberes que compõem os pressupostos sob os quais, hoje, o planejamento das ações pode se sustentar. Tais pressupostos dão origem a princípios, os quais vinculam-se à noção de saneamento como um direito social, como um serviço de interesse local, como uma medida de promoção à saúde e de proteção ambiental, como uma ação de infraestrutura que promove o desenvolvimento urbano e a habitação salubre e, ainda, como meta social de responsabilidade do Estado, que pressupõe a universalidade6, a equidade7, a integralidade, a intersetorialidade, a qualidade e regularidade da prestação de serviços, a transparência das ações, a participação e o controle social. Figura 4 - Evolução do saneamento básico no Brasil 1940 1950 1960 1980 1990 Assim, para promoverem transformações substanciais e serem igualmente inclusivos e pautados em princípios de justiça social, os Planos de Saneamento Básico devem estar embasados nos 6 Universalidade: supõe que todos os brasileiros tenham acesso igualitário ao saneamento básico, sem barreiras de qualquer natureza (BRASIL, 2011d). 7 Equidade: possibilita a concretização da justiça, com a prestação de serviços destacando um grupo ou categoria essencial alvo especial das intervenções (BRASIL, 2011d). 1970 2000 2014 • Criação doMinistério das Cidades e da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental; os investimentos são retomados e o projeto de uma política pública de saneamento passa a ser discutido com a sociedade (PL nº 5.296/2005); • Em 2007, é aprovada a Lei Federal nº 11.445/07; • Novas modalidades de concessão de serviços públicos são apresentadas como parcerias público-privadas, culminando na aprovação da Lei Federal nº 11.079/04. • Aprovação do Plansab – Plano Nacional de Saneamento Básico em 2013. • As ações de saneamento voltavam-se para o controle de endemias (malária e febre amarela); • O saneamento vinculava-se à ideia de prevenção, sendo uma medida capaz de interromper o ciclo da doença. • Constituição Federal de 1988: define as ações de saneamento como políticas sociais, relacionadas com a promoção da saúde pública, de direito do cidadão, e vinculada ao estabelecimento de condições de moradia digna, bem como de direito social, de interesse local e de controle ambiental. • Os serviços de saneamento são tidos como meras mercadorias, fruto da privatização das ações. CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 26 princípios acima destacados. Com isso, mediante processos participativos, os Planos de Saneamento Básico serão capazes de garantir saneamento de qualidade para todos. 3.2 Os princípios da Política de Saneamento Básico A Lei Federal nº 11.445/07 elenca uma série de princípios básicos, os quais norteiam as proposições acerca do saneamento. É essencial conhecê-los, pois, além de fazerem parte da política federal, deverão ser considerados na elaboração de uma política pública de saneamento. Os quadros abaixo permitem que você visualize, de forma esquemática, os princípios da Lei nº 11.445/07. Para conhecer o significado de cada princípio da Lei do Saneamento Básico, vamos visualizar a sequência de quadros a seguir. Universalização do acesso do serviço de saneamento básico • Com integridade das ações(inciso II); e segurança qualidade e regularidade (inciso XI). Promoção da saúde pública (incisos III e IV) • Segurança da vida e do patrimônio (inciso IV); e proteção do meio ambiente (inciso III). Articulação com as políticas de: • Desenvolvimento urbano; proteção ambiental; e interesse social (inciso VI). Adoção de tecnologias apropriadas às peculiaridades locais e regionais (inciso V) • Uso de soluções graduais e progressivas (inciso VIII); e integração com gestão eficientede recursos hídricos (inciso II). Gestão de transparência • Baseada em sistema de informação e segurança, qualidade e regularidade (inciso XI). Promoção da interferência e sustentabilidade econômica (inciso VIII) • Com consideração à capacidade de pagamento dos usuários. MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 27 CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 28 Conforme destacamos anteriormente, as ações de saneamento básico devem ser consideradas como de direito social, de serviço público de interesse local, de medida de promoção à saúde e de proteção ambiental, e, ainda, de ação de infraestrutura para a salubridade da população. Com tamanha relevância em tantas áreas distintas, o saneamento básico é um conjunto de ações multi, inter e transdisciplinares. Na prática, para que essa multidisciplinaridade8 possa ser atingida, sugere-se que o assunto seja tratado de forma intersetorial9, primando pela integração dos diversos setores da administração pública, nos níveis municipal, estadual e federal. Setores da área da saúde, educação, meio ambiente, planejamento urbano, habitação, recursos hídricos, administração, direito, dentre outros, devem trabalhar conjuntamente para que haja aumento da eficiência e eficácia das medidas públicas propostas. Salienta-se que o êxito de qualquer ação intersetorial, além da participação de todos os entes, envolve a promoção de uma nova forma de pensar, pautada em uma visão global dos setores e das políticas públicas. A materialização dessas ações deverá ser realizada em nível local, por meio de ações coletivas, de troca de saberes e experiências dos diversos atores sociais (população, poder público, poder judiciário, representantes de diversos setores da economia e da sociedade, etc.). Contudo, compreende-se que essa é uma tarefa bastante árdua, visto que a tradição da administração pública brasileira (e muitas vezes da própria iniciativa privada) é marcada pela verticalização e setorização das ações, com o oferecimento de serviços bastante especializados, mas que não permitem ou não consideram a interface com outras áreas e setores. Infelizmente, não há fórmula mágica para solucionar esse problema; nenhuma “receita de bolo” pode ser fornecida, uma vez consideradas as peculiaridades locais. Os contextos de ordem política, econômica, cultural, social e ambiental devem se constituir em pontos de partida para se pensar e agir de forma intersetorial. Há uma série de leis federais que incentivam a prática da intersetorialidade no ambiente público. Embora a Lei Federal nº 11.445/07 seja um bom exemplo desse esforço, ela não é a única. Alguns exemplos de legislações que primam pela intersetorialização são: a Lei Federal nº 8.080 (BRASIL, 1990b), a qual dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde; a Lei Federal nº 9.433/97, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos; a Lei Federal nº 10.257/01, que estabelece diretrizes gerais da política urbana; a Lei Federal nº 9.795/99, que 8 Multidisciplinaridade: pode ser compreendida como um sistema onde há a justaposição de elementos em um único nível hierárquico, estando ausente uma cooperação sistemática entre os diversos campos disciplinares. A Interdisciplinaridade pode ser compreendida como um sistema onde há a justaposição de elementos em diferentes níveis hierárquicos, sendo que o elemento que se encontra no nível hierárquico superior atua não somente como integrador e mediador, mas principalmente como coordenador. Enquanto que a transdisciplinaridade pode ser compreendida como a completa integração de elementos, o que resulta na geração de um novo elemento capaz de desenvolver uma autonomia teórica e metodológica perante os elementos que lhe originaram. 9 Intersetorial: pode ser compreendida como uma estratégia para tornar a ação pública mais efetiva e eficaz, através do rompimento da sua visão fragmentada. Seria muito mais do que somente agrupar setores; seria criar uma nova dinâmica para a execução das ações públicas, que considerem a integração dos objetivos, metas e procedimentos de diversos órgãos governamentais. Implica a necessidade de se promover mudanças de estratégias de ação, formas de destinação de recursos públicos, estrutura organizacional e burocrática. MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 29 institui a Política Nacional de Educação Ambiental; a Lei Federal nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em todas essas, é comum encontrarmos termos que remetem à intersetorialidade, tais como “integração das ações”, “articulação de políticas e programas”, “acompanhamento, avaliação e divulgação”, “participação”, “colaboração”, “articulação do planejamento”, “articulação da gestão”, “integração da gestão”, “articulação dos estados”, “integração das políticas locais”, “integração e complementaridade”, dentre outras. Sempre que você encontrar termos similares a estes, quando estiver analisando uma legislação, lembre-se: TRATA-SE DE DISPOSIÇÕES DE CARÁTER INTERSETORIAL. Lembrar-se disso quando você participar de discussões para a formulação de políticas públicas municipais, como a Política Municipal de Saneamento Básico, é igualmente importante! 3.3 A gestão associada e o papel dos diferentes entes da federação Conforme já destacado, a associação entre diferentes entes federados é essencialao regramento da questão do saneamento básico no Brasil, dado seu caráter multi, inter e transdisciplinar. Para coordenar a atuação desses entes e evitar ações divergentes e contraditórias, a legislação brasileira estabelece as responsabilidades de cada ente federado nos âmbitos legislativo, administrativo e tributário, respeitando o princípio da predominância de interesses. O princípio da predominância de interesse facilita a repartição de atribuições/competências, remetendo, de acordo com Cury (2011), ao âmbito de aplicabilidade de um interesse nacional, regional ou local. Ressalte-se que predominância é diferente de exclusividade, e tais assuntos estão discriminados basicamente na Constituição Federal. Vamos refletir? Quando da elaboração do Plano Municipal de Saneamento, considerando o caráter intersetorial deste, é importante mobilizar as diversas secretarias e profissionais que permeiam os temas abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e manejo de águas pluviais. Considerando esse assunto, quais secretarias/setores do seu município seriam importantes mobilizar para elaboração do Plano? O princípio da predominância de interesses partilha competências entre os entes federados, sendo que ficam a cargo da União assuntos de predominante interesse geral ou nacional; aos estados, assuntos de predominante interesse regional; aos municípios, assuntos de interesse local; e ao Distrito Federal o somatório das competências estaduais e municipais. CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 30 Convidamos você para conhecer um pouco mais sobre essas competências, quando aplicadas à temática do saneamento básico. Primeiramente, para compreender melhor a hierarquia do princípio da predominância de interesses, vamos observar a Figura 5. Figura 5 - Princípio da predominância de interesses entre os entes da federação Fonte: Elaborado pelos autores No campo da política urbana, é dever da União instituir diretrizes legais para o desenvolvimento urbano, incluindo-se aqui medidas voltadas à habitação, ao saneamento básico e ao transporte urbano. É de competência comum entre União, estados e distrito federal a proposição de medidas legais que visem a proteção do meio ambiente, o controle da poluição e a proteção e defesa da saúde. Nesses casos, quando a competência é concorrente, ou seja, comum aos entes federados, cabe à União estabelecer normativas gerais, enquanto que os demais entes federados devem trabalhar para complementá-la. Já aos municípios, cabe legislar sobre assuntos de interesse local; suplementar a legislação federal e estadual no que couber; organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local; promover, no que couber, o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. Dentro da temática do saneamento básico, é responsabilidade do município, formular a política pública de saneamento básico, devendo, para isso, elaborar o Plano de Saneamento Básico. Essa ação é indelegável, sendo-lhe facultado delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses serviços. Os entes federados podem ainda, baseados na Constituição Federal, associarem-se cooperativamente por meio de convênios de cooperação e consórcios públicos, promovendo a gestão associada dos serviços; a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. Tomando como exemplo o abastecimento de água, existem diversos sistemas implantados no Brasil que usam mananciais de suprimento de água fora dos limites administrativos dos municípios MÓDULO 1 - O SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS 31 atendidos por esses sistemas. No caso, por exemplo, de projeto de esgotamento sanitário que vise despoluir um recurso hídrico, às vezes, pode ser necessário executar ações em município situado a montante. Pode-se citar, ainda, o manejo de resíduos sólidos municipal, cujas exigências para a localização do destino final podem indicar a seleção de área fora do município. O planejamento requer considerar o território municipal e a sua relação com outros territórios, municípios e regiões. Assim é que, em determinadas situações, o consórcio público entre municípios e/ou plano regional mostra-se importante para construir soluções tecnológicas que atendam a mais de um município. 3.4 Aspectos metodológicos Planejar faz parte do nosso cotidiano; é uma ação praticamente involuntária que todos nós realizamos, mesmo que mentalmente, todos os dias. Uma iniciativa de planejamento adquire os sentidos de empreendimento, projeto, sonho e intenção quando estiverem associadas a ela informações complementares sobre como viabilizar seus propósitos no espaço e no tempo. Isso revela a vontade de intervir sobre uma dada realidade em uma determinada direção, a fim de se concretizar alguma intenção. Que tal buscarmos um exemplo prático do que é planejamento? Um jovem acaba de concluir o ensino médio e está à procura de um emprego. Ele faz inúmeras entrevistas, mas todas exigem qualificação superior àquela possuída no momento. Baseado nisso, o jovem decide ingressar no ensino superior, almejando um emprego diferenciado quando se formar. Esse breve exemplo apresenta as três etapas básicas do planejamento: 1ª) a avaliação ou o reconhecimento da situação atual (sua qualificação momentânea); 2ª) a situação almejada no futuro (um emprego); 3ª) a estratégia que será implementada para se alcançar a situação futura (o ensino superior). Antes de o jovem ingressar no ensino superior, provavelmente, deverá reavaliar sua decisão, baseado na análise de uma série de variáveis relevantes: qual curso pretende realizar? Qual instituição de ensino superior escolherá? A universidade está localizada na mesma cidade na qual reside? Como se deslocará até a universidade? Como vai se sustentar durante o período da graduação? etc. A consideração dessas variáveis, além de fazer parte do processo de planejamento, é essencial e primordial a sua viabilidade. Assim, independentemente do tipo de planejamento que se faz, todas as variáveis que influenciam o processo devem ser avaliadas (aspectos políticos, técnicos, econômicos, sociais, ambientais, institucionais, etc.). Na Figura 6 podemos observar esquematicamente, os principais aspectos a serem avaliados na realização de um processo de planejamento aplicado ao saneamento básico. CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO 32 Figura 6 - Aspectos a serem avaliados no processo de planejamento Fonte: Adaptado de Brasil (2011d) Um tipo ideal de modelo sustentável de gestão de serviços de saneamento básico privilegiaria as escalas institucionais e territoriais de gestão; a construção da intersetorialidade; a possibilidade de conciliar eficiência técnica e econômica e eficácia social; o controle social e a participação dos usuários na gestão dos serviços; a sustentabilidade ambiental. 4. PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO: INTER-RELAÇÕES COM OUTROS PLANOS Você já deve ter se perguntado acerca do porquê da exigência legal de tantos planos: Plano de Segurança das Águas, Plano de Bacia Hidrográfica, Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, Plano Diretor, Plano de Riscos, Plano Municipal de Saúde, Plano Nacional de Habitação, etc. Bem, a esta altura do nosso curso, você já deve ter compreendido que os planos são ferramentas fundamentais ao processo de planejamento. Seu intuito é organizar, documentar e auxiliar na execução do planejamento, considerando minimamente as três etapas já destacadas: avaliação da situação atual, estimativa da situação futura e elaboração de meios para que a realidade futura seja atingida (através de diretrizes, programas, projetos, ações, normas, etc.). Conforme também destacado
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