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SANEAMENTO Ronei Stein Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir saneamento básico segundo a Lei Federal nº. 11.445, de 5 de janeiro de 2007 Identificar as diretrizes nacionais para o saneamento básico. Nomear quais atividades e estruturas estão contempladas no abas- tecimento de água, no esgotamento sanitário, na limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e na drenagem e manejo das águas pluviais urbanas Introdução Neste capítulo, serão discutidas as diretrizes nacionais do saneamento básico. Essas diretrizes são orientadas pela Lei nº. 11.445/2007 e estão diretamente vinculadas aos quatro eixos do saneamento: abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e drenagem de águas superficiais. Importância da Lei nº. 11.445/2007 para o saneamento De modo geral, saneamento é o conjunto de medidas que buscam preservar ou modifi car o meio ambiente para prevenir doenças e semear saúde. Com saneamento, é possível melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, a produtivi- dade do indivíduo e otimizar a atividade econômica. No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei nº. 11.445/2007, a Lei Federal de Saneamento Básico. A Lei nº. 11.445/2007 trouxe novas diretrizes nacionais e definiu o plane- jamento dos serviços básicos como instrumento fundamental para se alcançar o acesso universal ao saneamento básico. Todas as cidades devem formular as suas políticas públicas visando à universalização, sendo o plano municipal de saneamento básico (PMSB) o instrumento de estratégia e diretrizes. Os componentes do saneamento básico são o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos e a dre- nagem e manejo das águas pluviais urbanas (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2018). Saneamento é um fator essencial para o desenvolvimento econômico e social de um país. Os serviços de água tratada, de coleta e tratamento dos esgotos levam à melhoria da qualidade de vidas das pessoas, sobretudo na saúde infantil, com redução da mortalidade infantil e melhorias na educação. Tembém levam à expansão do turismo, valorização dos imóveis, melhoria da renda do trabalhador, despoluição dos rios e preservação dos recursos hídricos, etc. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta algumas medidas para promover o saneamento básico: instalação e manutenção de esgotos sanitários; drenagem das águas pluviais; administração do nível de poluição do meio ambiente; planejamento para ocupação dos territórios levando em conta o saneamento; abastecimento da população com água potável; administração da quantidade de insetos e animais nocivos à saúde humana; coleta de lixo e sua adequação; saneamento dos lares, locais de trabalho e de lazer. Aspectos relevantes da Lei nº. 11.445/2007 A Lei nº. 11.445/2007 cria as diretrizes básicas para a organização dos serviços de saneamento básico no Brasil. Entre as quais, pode-se destacar (BRASIL, 2007): Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II2 a) Definição: a lei define saneamento básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: ■ abastecimento de água potável, compreendendo desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; ■ esgotamento sanitário, compreendendo a coleta, o transporte, o tra- tamento e a disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; ■ limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, compreendendo a coleta, o transporte, o transbordo, o tratamento e o destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; ■ drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, compreendendo o transporte, a detenção ou a retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas. b) Titularidade: a lei não aborda diretamente a questão da titularidade dos serviços de saneamento básico. A esse respeito, determina apenas que o titular deve prestar os serviços diretamente ou deve: ■ delegar a organização, a regulação, a fiscalização dos serviços a outros entes da federação por meio de consórcios públicos e convênios de cooperação entre os entes federados; ■ delegar a prestação dos serviços a ente que não integre a adminis- tração do titular por meio de contrato, sendo vedada a disciplina mediante convênios, termos de parceria ou outros instrumentos de natureza precária. c) Entidade Reguladora: a lei prevê a criação de uma entidade regula- dora, que deve editar normas sobre as dimensões técnicas, econômicas e sociais de prestação dos serviços. A entidade reguladora deve ter autonomia administrativa, orçamentária e financeira para que possa atuar com independência decisória e transparência. Além disso, de acordo com Pereira Júnior (2008), a Lei nº. 11.445/2007 apresenta alguns dispositivos quanto à regularização dos serviços de sanea- mento básico: Reconhecimento da necessidade de que os serviços de saneamento tenham sustentabilidade econômica. Visão equilibrada da função social do saneamento. O saneamento é importante para a saúde pública, para o meio ambiente e para o bem- 3Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II -estar geral da sociedade, mas, como um “serviço público”, tem de ter sustentabilidade econômica para garantir sua prestação com qualidade, confiabilidade e continuidade. Possibilidade de resolução gradual dos problemas ambientais decorrentes da deficiência ou ausência de serviços de saneamento básico. Regulamentação da prestação regionalizada de serviços de saneamento básico, criando condições legais estáveis para a atuação de entidades e empresas estaduais, municipais e privadas em vários municípios, com ganhos de escala e otimização de recursos logísticos, administrativos, técnicos e operacionais. Elaboração de planos de saneamento básico, compatibilizando os quatro serviços que o compõem, além da elaboração de mecanismos de controle social e de sistema de informações sobre os mesmos. Formalização por contrato de toda relação entre titular e prestadores de serviços e entre prestadores de etapas complementares do mesmo serviço. Planejamento e regulação de todos os serviços. A lei fornece o conteúdo mínimo da regulação e permite que o planejamento seja elaborado mediante cooperação de outras entidades, inclusive prestadores de serviços. Também permite e delegação da regulação a outras entidades, inclusive de outros entes da federação, e a consórcios de municípios. Estabelecimento de diretrizes econômicas e sociais, as quais incluem as regras gerais para a cobrança dos serviços de saneamento — tarifas, taxas e tributos, além das formas de quantificação dos serviços, como o volume de água consumida e de esgoto coletado e a quantidade de lixo coletado. Estabelecimento de diretrizes técnicas para a prestação de serviços de saneamento básico: requisitos mínimos de qualidade, regularidade e continuidade. A lei centraliza na União a definição de parâmetros mínimos de potabilidade da água para o abastecimento público, o que já é feito pelo Ministério da Saúde. Estabelece condições específicas para o licenciamento ambiental de unidades de tratamento de esgotos e de resíduos gerados pelos processos de tratamento de água. Torna obrigatória a ligação de toda edificação nas redes públicas de água e de esgotos. Controle social dos serviços de saneamento básico, remetendo aos titulares dos serviços a definição da forma como esse controle será organizado e exercido. Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II4 Diretrizes nacionais para o saneamento básico A superação das desigualdades sociais no acesso aos serviços públicos desaneamento básico é questão fundamental para alavancar a área e cumprir seu objetivo de universalização no atendimento à população, conforme esta- belecido nas diretrizes nacionais e na Política Federal de Saneamento Básico (BRASIL, 2007). Conforme art. 48 da Lei nº. 11.445/2007, a União deve respeitar as seguintes diretrizes (BRASIL, 2007): prioridade para as ações que promovam a equidade social e territorial no acesso ao saneamento básico; aplicação dos recursos financeiros, de modo a promover o desenvolvi- mento sustentável, sua eficiência e eficácia; estímulo ao estabelecimento de adequada regulação dos serviços; utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento so- cial no planejamento, implementação e avaliação das suas ações de saneamento básico; melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública; colaboração para o desenvolvimento urbano e regional; garantia de meios adequados para o atendimento da população rural dispersa, inclusive mediante à utilização de soluções compatíveis com suas características econômicas e sociais peculiares; fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de tecnologias apropriadas e à difusão dos conhecimentos gerados; adoção de critérios objetivos de elegibilidade e prioridade, levando em consideração fatores como nível de renda e cobertura, grau de urbanização, concentração populacional, disponibilidade hídrica, riscos sanitários, epidemiológicos e ambientais; adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o pla- nejamento de suas ações; estímulo à implementação de infraestruturas e serviços comuns a mu- nicípios, mediante mecanismos de cooperação entre entes federados. estímulo ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de equipamentos e métodos economizadores de água. 5Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II Em relação ao Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), ele deve ser elaborado obrigatoriamente pelo titular dos serviços municipais de sa- neamento básico. Trata-se de instrumento fundamental para que os gestores públicos possam controlar ou conceder os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e manejo de águas pluviais urbanas e limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos. A Lei nº. 11.445/2007 define como funções essenciais da gestão dos serviços públicos de saneamento básico o planejamento, a regulação, a prestação e a fiscalização dos serviços e o controle social. O plano de saneamento básico será revisto periodicamente, em prazo não superior a quatro anos. O PMSB é o documento básico do planejamento, contemplando os modelos de gestão, as metas, os projetos e as respectivas tecnologias e as estimativas dos custos dos serviços. Ele deverá ser elaborado de acordo com os princípios/diretrizes da lei. Estas diretrizes são, de acordo com a Fundação Nacional de Saúde — FUNASA (BRASIL, 2012): universalização do acesso com integralidade, segurança, qualidade e regularidade na prestação dos serviços; promoção da saúde pública, segurança da vida e do patrimônio, proteção do meio ambiente; articulação com as políticas de desenvolvimento urbano, saúde, proteção ambiental e interesse social; adoção de tecnologias apropriadas às peculiaridades locais e regionais; uso de soluções graduais e progressivas e integração com a gestão eficiente de recursos hídricos; gestão com transparência baseada em sistemas de informação, processos decisórios institucionalizados e controle social; promoção da eficiência e sustentabilidade econômica, considerando a capacidade de pagamento dos usuários. Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II6 O Quadro 1 apresenta os princípios de uma política básica de saneamento. Princípio Definição Universalidade As ações e serviços públicos de saneamento básico, além de serem, fundamentalmente, de saúde pública e de proteção ambiental, são também essenciais à vida, um direito social básico e um dever do Estado. Assim, o acesso aos serviços de saneamento básico deve ser garantindo a todos os cidadãos mediante tecnologias apropriadas à realidade socioeconômica, cultural e ambiental. Integralidade das ações As ações e os serviços públicos de saneamento básico devem ser promovidos de forma integral, em face da grande inter- relação entre os seus diversos componentes, principalmente, o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de águas pluviais, o manejo de resíduos sólidos e o controle ambiental de vetores e reservatórios de doenças. Muitas vezes, a efetividade, a eficácia e a eficiência de uma ação de saneamento básico dependem da existência dos outros componentes. Igualdade A igualdade diz respeito aos direitos iguais, independentemente de etnia, credo, situação socioeconômica. Ou seja, considera-se que todos os cidadãos têm direitos iguais no acesso a serviços públicos de saneamento básico de boa qualidade. Participação e controle social A participação social na definição de princípios e diretrizes de uma política pública de saneamento básico, no planejamento das ações, no acompanhamento da sua execução e na sua avaliação constitui-se um ponto fundamental para democratizar o processo de decisão e implementação das ações de saneamento básico. Essa participação pode ocorrer com o uso de diversos instrumentos, como conferência e conselhos. Quadro 1. Princípios e elementos para a realização do plano municipal de saneamento básico (Continua) 7Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II Fonte: Adaptado de Brasil (2012). Princípio Definição Titularidade municipal Uma vez que os serviços públicos de saneamento básico são de interesse local e o poder local tem a competência para organizá- los e prestá-los, o município é o titular do serviço. Uma política de saneamento básico deve partir do pressuposto de que o município tem autonomia e competência para organizar, regular, controlar e promover a realização dos serviços de saneamento básico de natureza local, no âmbito de seu território; pode fazê-lo diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, associado com outros municípios ou não, respeitando as condições gerais estabelecidas na legislação nacional sobre o assunto. A gestão municipal deve se basear no exercício pleno da titularidade e da competência municipal na implementação de instâncias e instrumentos de participação e controle social sobre a prestação dos serviços em âmbito local, qualquer que seja a natureza dos prestadores, tendo como objetivo maior promover serviços de saneamento básico justos do ponto de vista social. Gestão pública Os serviços públicos de saneamento básico são, por sua natureza, públicos, prestados sob regime de monopólio, essenciais e vitais para a vida humana, em face da sua capacidade de promover a saúde pública e fazer o controle ambiental. Esses serviços, conforme o art. 4º, são indispensáveis para a elevação da qualidade de vida das populações urbanas e rurais. Contribuem também para o desenvolvimento social e econômicos. Sendo um direito social e uma medida de saúde pública, a gestão dos serviços deve ser de responsabilidade do poder público. Articulação ou integração institucional As ações dos diferentes componentes e instituições da área de saneamento básico são, geralmente, promovidas de forma fragmentada no âmbito da estrutura governamental. Essa prática gera, na maioria das vezes, pulverização de recursos financeiros, materiais e humanos. A articulação e integração institucional representam importantes mecanismos de uma política pública de saneamento básico, uma vez que permitem compatibilizar e racionalizar a execução de diversas ações, planos e projetos, ampliando a eficiência, efetividade e eficácia de uma política. A área de saneamento básico tem interface com as de saúde, desenvolvimento urbano e rural, habitação, meio ambiente e recursos hídricos, entre outras. Aconjugação de esforços dos diversos organismos que atuam nessas áreas oferece um grande potencial para a melhoria da qualidade de vida da população. Quadro 1. Princípios e elementos para a realização do plano municipal de saneamento básico (Continuação) Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II8 Atividades e estruturas contempladas no saneamento básico Mesmo que nos dias atuais tenhamos uma lei para reger o saneamento básico, é direito e dever de cada cidadão atentar às boas práticas e formas de garantir o avanço do desenvolvimento de uma vida saudável e que abranja não só uma parte da população, mas o todo. De acordo com a Lei nº. 11.445/2007, entre as ações de saneamento há aquelas que nós chamamos de “básicas”, compre- endendo o abastecimento de água, a acesso a rede coletora e tratamento de esgoto, o acesso a coleta e destinação de resíduos sólidos e a drenagem de águas pluviais. Cada um desses serviços tem peculiaridades próprias, e devem ser tratados com tecnologias atualizadas e compatíveis com o grau de desenvolvimento de cada município. Independentemente do estágio socioeconômico, o zelo e os cuidados pela boa funcionalidade desses sistemas indicam o estágio cultural, organizacional e de desenvolvimento de seus habitantes. A ausência desses serviços tem como resultados condições de saúde precárias e incidência de doenças, principalmente de veiculação hídrica. Mas o que engloba essas categorias? A seguir, você vai ver um pequeno resumo de cada uma. Distribuição de água potável A água é um componente essencial do nosso corpo e desempenha um papel vital na manutenção do nosso equilíbrio. De acordo com Von Sperling (2005) e Marengo (2008), entre os principais usos da água estão o abastecimento doméstico, o abastecimento industrial, a irrigação, a dessedentação do homem e dos animais, a preservação da fl ora e da fauna, a recreação e lazer, a criação de espécies, a geração de energia elétrica, a navegação, a harmonia paisagística e a diluição e transporte de despejos. Na América Latina, a agricultura se destaca como principal consumidora de água. A área industrial ocupa o segundo lugar, seguida do uso doméstico. O consumo diário de água é muito variável ao redor do globo. Além da dis- ponibilidade do local, o consumo médio de água está fortemente relacionado ao nível de desenvolvimento do país e ao nível de renda das pessoas. Uma pessoa necessita de, pelo menos, 40 litros de água por dia para beber, tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos, cozinhar, etc. 9Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II Em território brasileiro encontram-se 12% da água doce do mundo, porém ela não está igualmente distribuída. No Norte encontram-se 68,5% dos recursos hídricos, já no Nordeste, apenas 3,3% de água são encontrados, Sudeste 6%, Sul 6,5% e Centro-oeste 15,7% (TOMAZ, 2001; BOTEGA, 2007). No Brasil, a região hidrográfica amazônica detém 73,6% dos recursos hídricos su- perficiais. Ou seja, a vazão média dessa região é quase três vezes maior que a soma das vazões das demais regiões hidrográficas. A segunda maior região, em termos de disponibilidade hídrica, é a do Tocantins/Araguaia, com 13.624 m3 /s (7,6%), seguida da região do Paraná, com 11.453 m3 /s (6,4%). As bacias com menor vazão são, respecti- vamente: Parnaíba, com 763 m3 /s (0,4%); Atlântico Nordeste Oriental, com 779 m3 /s (0,4%) e Atlântico Leste, com 1.492 m3 /s (0,8%). Coleta e tratamento de esgoto Esgoto consiste em resíduos líquidos provenientes de diversas atividades que, em sua maioria, utilizam água em áreas como cozinha e sanitários. Os esgotos domésticos contém aproximadamente 99,9 % de água, sendo o restante (0,1 %) composto de sólidos orgânicos e inorgânicos, bem como de microrganismos (bactérias, fungos, protozoários, vírus e helmintos). Apesar da baixa porcen- tagem de poluentes, necessitam ser tratados antes de serem lançados no meio ambiente (ROSA; FRACETO; MOSCHINI-CARLOS, 2012). As unidades de tratamento de esgoto são conhecida como ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), onde a água suja passa por vários tipos de tratamento, que variam de empresa para empresa. O sistema de coleta é caracterizado pelas instalações prediais de esgotos sanitários e pelos componentes de uma rede pública de coletores de esgotos (Figura 1). Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II10 Figura 1. Sistema de esgoto sanitário. Fonte: HIDROSAM (2018). Muitas zonas rurais ou imóveis isolados das grandes cidades ainda sofrem com a falta de tratamento correto de esgoto. A fossa séptica pode ser uma importante aliada para solucionar esse problema. dela é um reservatório subterrâneo para o qual o esgoto é destinado. Essa unidade trata o esgoto, realizando a separação físico-química da matéria sólida e, posteriormente, conduz os materiais, já livres de contaminação, a um sumidouro — poços profundos que permitem a entrada dos efluentes. Coleta e manejo de resíduos sólidos A coleta seletiva é o primeiro e o mais importante passo para encaminhar os vários tipos de resíduos para reciclagem ou destinação fi nal ambientalmente correta, pois o resíduo separado corretamente deixa de ser lixo. A coleta seletiva de lixo é de extrema importância para a sociedade. Com ela, todos os resíduos são devidamente descartados e evita-se a poluição do solo e dos lençóis 11Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II freáticos, além da poluição das ruas e esgotos, que pode causar enchentes e, consequentemente, grandes prejuízos aos cofres públicos e aos moradores das cidades (ROSA; FRACETO; MOSCHINI-CARLOS, 2012). Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas O sistema de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas pode ser defi nido como o conjunto de obras, equipamentos e serviços projetados para receber o escoamento superfi cial das águas da chuva que caem nas áreas urbanas. A água da chuva é coletada nas ruas, estacionamentos e áreas verdes e encaminhada aos córregos, lagos ou rios. Para manter o sistema em funcionamento, algumas ações simples são essenciais: evitar o descarte de lixo nas ruas; não fazer ligações de esgoto na rede pluvial; manter áreas permeáveis nos lotes. A Figura 2 ilustra uma possível consequência da ineficiência da drenagem de águas pluviais urbanas. Figura 2. As enchentes podem ser uma consequência da drenagem de águas pluviais urbanas ineficiente. Fonte: AMFPhotography/Shutterstock.com Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II12 Segundo Castro et al. (2003), a principal causa das enchentes é a ocor- rência de chuvas intensas e concentradas. Entretanto, também podem estar relacionadas com causas indiretas, como o assoreamento dos rios, a redução da capacidade de infiltração do solo, o estrangulamento dos leitos dos rios e o rompimento de barragens. Frank e Sevegnani (2009) comentam que não são apenas os eventos intensos que provocam enchentes — elas estão relacionadas também com a saturação de umidade do solo, devido a precipitações com intensidades menores. 1. Conforme o art. 2º da Lei nº. 11.445/07, os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais: a) utilização de tecnologias apropriadas, considerando apenas a capacidade de pagamento dos usuários. b) abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente. c) disponibilidade, em todas as áreas rurais, de serviços de drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado. d) integração das infraestruturas e produtos com a gestão eficiente dos recursos hídricos. e) adoção de métodos, técnicas e processos que considerem apenas as peculiaridades locais. 2. Para efeitos da Lei nº. 11.445/2007, considera-se saneamento básico o conjunto de serviços, infraestruturas e instalaçõesoperacionais de: a) abastecimento de água potável, constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e os respectivos instrumentos de medição. b) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta e tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e de vias públicas. c) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, sendo o conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas. d) a universalização, sendo a ampliação progressiva do 13Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II acesso de todos os domicílios ocupados ao saneamento básico, localizados em zonas rurais. e) localidades de pequeno porte, como vilas, aglomerados rurais, povoados, núcleos, lugarejos, exceto as aldeias, assim definidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 3. Para efeitos da Lei nº. 11.445/2007, assinale a alternativa que define corretamente esgotamento sanitário. a) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. b) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. c) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. d) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de tratamento dos esgotos sanitários desde as ligações prediais até a metade do processo. e) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações de transporte desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. 4. Conforme Capítulo IV, Do Planejamento, da Lei nº. 11.445/07, art. 19, a prestação de serviços públicos de saneamento básico observará o plano, que poderá ser específico para cada serviço e terá a seguinte abrangência: a) o plano não poderá ser específico para cada serviço, e deve sim abranger, no mínimo, o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos, e apontando as causas das deficiências detectadas; os objetivos e metas de curto e longo prazos para a universalização; os programas, projetos e ações necessários para atingir os objetivos e as metas; as ações para emergências e contingências; os mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficácia das ações programadas. b) o plano poderá ser específico para cada serviço, e deve sim abranger, no mínimo, o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II14 socioeconômicos, e apontando as causas das deficiências detectadas; os objetivos e metas de curto e longo prazos para a universalização; os programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas; as ações para emergências e contingências; os mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas. c) o plano poderá ser específico para cada serviço, e deve, sim, abranger, no mínimo, o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos, e apontando as causas das deficiências detectadas; os objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização; os programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas; as ações para contingências; os mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e da eficácia das ações programadas. d) o plano deve incluir o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos, e apontando as causas das deficiências detectadas; os objetivos e metas de curto prazo para a universalização; os programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas; as ações para emergências; os mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e da eficácia das ações programadas. e) o plano deve incluir o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos, e apontando as causas das deficiências detectadas; os objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização; os programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas; as ações para emergências e contingências; os mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas. 5. Conforme Capítulo IX, Da Política Federal de Saneamento Básico, da Lei nº. 11.445/07, art. 48, a União, no estabelecimento de sua política de saneamento básico, observará as seguintes diretrizes: a) adoção de uma referência para o planejamento das ações, exceto a bacia hidrográfica. b) prioridade para as ações que promovam a equidade social e territorial no acesso ao saneamento básico. c) melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais. d) utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento social no planejamento das suas ações de saneamento básico. 15Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II e) fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico e à adoção de tecnologias apropriadas. BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Política e plano municipal de saneamento básico. Brasília, DF: FUNASA, 2012. BRASIL. Lei nº. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Brasília, DF, 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/ l11445.htm>. Acesso em: 13 jun. 2018. BOTEGA, G. C. C. Estudo e proposta de reciclagem das águas em indústria alimentícia. Lajeado, RS: Centro Universitário Univates, 2007. CASTRO, A. L. C. et al. Manual de desastres: desastres naturais. Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional, 2003. v. 1. FRANK, B.; SEVEGNANI, L. (Org.). Desastre de 2008 no Vale do Itajaí: água, gente e política. Blumenau, SC: Agência de Água do Vale do Itajaí, 2009. HIDROSAM. Saneamento básico e sua relação com o meio ambiente. 2018. 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