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A INFLUÊNCIA DE JOÃO PEDRO SCHMITT PARA O RESGATE DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE NOVO HAMBURGO

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A INFLUÊNCIA DE JOÃO PEDRO SCHMITT PARA O RESGATE DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE NOVO HAMBURGO 
 
Paula Michele Carvalho / Furg
paulamichcarvalho@gmail.com
 
RESUMO 
Esse estudo se destina a demonstrar a influência que João Pedro Schmitt teve sobre a cidade de Novo Hamburgo, quando ainda se chamava Hamburgerberg e fazia parte da colônia de São Leopoldo no século XIX. Como, essa influência descoberta por Ernesto Frederico Sheffel e Ângela Sperb, tornou-se fator crucial para todo o tombamento histórico da cidade Novo Hamburgo, começando pela casa, onde João Pedro Schimitt estabelecia residência e comércio. E também as demais casas ao seu entorno, incluindo a casa do pintor Ernesto Frederico Sheffel, que veio a ser o maior defensor da região histórica de Hamburgerberg. Como pode duas pessoas tão distintas e com mais de um século de diferença, serem ambas igualmente responsáveis por salvar o patrimônio histórico de uma cidade. Com este artigo pretendo demostrar o quanto uma boa administração pode influenciar toda uma sociedade de forma positiva. 
PALAVRAS-CHAVE: influência, tombamento e patrimônio histórico. 
 
Introdução 
É de fundamental importância a preservação do patrimônio cultural para a sociedade. O legado histórico de uma cidade, tem grande influência sobre a vida de seus moradores, as relações étnicas e sociais partem de pressuposto oriundo do passado. O que nos leva a crer que seja qual for a história de uma sociedade, ela não pode se perder. Assim destaca Pedro Paulo A. Funari (2009) em seu artigo, Patrimônio e memória: considerações sobre os bens culturais: 
Os monumentos históricos e os restos arqueológicos são importantes portadores de mensagens e, por sua própria natureza como cultura material, são usados pelos actores sociais para produzir significado, em especial ao materializar conceitos como identidade nacional e diferença étnica. (Potter s.d.) 
 
 Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivos demonstrar a importância da casa Schmitt-Presser como patrimônio histórico da cidade de Novo Hamburgo, vindo a estudar mais profundamente a história de João Pedro Schmitt, através do tombamento da sua casa. Verificando que o resgate da história de vida desse imigrante alemão, contribuiu diretamente na preservação do patrimônio cultural da cidade de Novo Hamburgo. 
 Como base para o presente trabalho, foi realizada uma entrevista com o curador da Fundação Scheffel, o senhor Ângelo Reinheimer, ocorrida na segunda-feira dia 05 de novembro de 2018. Outra fonte foi uma reportagem feita pelo Jornal NH com Ernesto Frederico Scheffel. 
 Acrescenta-se a isto, o trabalho da historiadora Ângela Sperb e do artista plástico Ernesto Frederico Scheffel que se mobilizaram para que o tombamento do patrimônio cultural se concretizasse, através da luta pela preservação da casa Schmitt-Presser. A pesquisadora desenvolveu um trabalho de levantamento sobre a história de João Pedro Schmitt, pois com a preservação da sua antiga residência que é toda construída em estilo enxaimel, todo um trabalho de tombamento de outros prédios começou. Esse tombamento ocorreu em 1985, tendo a casa mais antiga da região, 1831, preservada pelo Iphan. 
 Através desse trabalho, fica evidente a grande importância de João Pedro Schmitt para o começo da cidade, sua importância como morador, comerciante e político influente em sua época. E como sua descendência também contribuiu para o desenvolvimento local. 
 A casa hoje abriga o Museu Comunitário Casa Schmitt-Presser no bairro de Hamburgo Velho em Novo Hamburgo, sendo um dos pontos históricos mais lembrados da cidade. Esse tema foi escolhido para explicar como esse personagem histórico se tornou de grande importância para Novo Hamburgo, como ele chegou aqui no Brasil, como viveu e o que deixou de legado. 
 Destaca-se também a dificuldade de material impresso sobre João Pedro Schmitt, quase todas as fontes são orais e deixam lacunas. Mas as informações recolhidas deixam evidente a relevância de João Pedro Schmitt para a história da cidade e para a toda a região. 
Foto atual da casa Schmitt-Presser (museu comunitário Casa Schmitt-Presser) ao lado parte do Museu de Arte Scheffel, foto tirada no dia 26/11/2019 dia da Festa de Hamburguerberg
Fundação Ernesto Frederico Scheffel (museu de Arte Scheffel), foto tirada no dia 21/10/2018 dia da Festa de Hamburguerberg
Um breve relato sobre a vida de João Pedro Schmitt 
 
Na primeira metade do século XIX a cidade de Novo Hamburgo ainda não existia com este nome, apenas fazia parte da Colônia de São Leopoldo, assim como as outras cidades da região. Estas cidades estavam sendo colonizadas por alemães. O vilarejo que deu início a cidade Novo Hamburgo surgiu em um ponto estratégico da cidade, situado no entroncamento das estradas principais que faziam a ligação comercial da época, sendo elas: Estrada das Tropas e a Estrada Geral. 
 
Mapa das estradas cujo entroncamento deu origem ao povoamento de Hamburgerberg. Disponível em:
www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/27781/000735164.pdf?sequence=1
 
Chamava-se Nossa Senhora da Piedade, mais como o nome não foi bem aceito pela comunidade, passaram a chama-la de: Hamburgerberg, que na tradução livre para o português significa: “Morro de hamburguês” devido a sua localização o núcleo cresceu rapidamente. O ponto comercial principal de Hamburgerberg, era a venda do Schmitt, que possuía produtos de todos os gêneros, também funcionava como local de socialização dos moradores, se tornando um salão de baile aos finais de semana e também agência bancária. 
 
[...] No entroncamento da estrada de São Leopoldo para Dois Irmãos, com a derivação para Sapiranga, foi construída uma “venda” por Johann Peter Schmitt. Como era de costume na época, o vendeiro tratou logo de construir uma igreja nas imediações de seu estabelecimento. Como a igreja servia de escola, teve de ser construída uma casa para o professor e para o pastor [...] (WEIMER, 1983, p.28). 
 
 
Foto da Venda do Schmitt, tirada no centenário da independência do Brasil em 1922. (Arquivo Fundação Scheffel)
 
João Pedro Schmitt era oriundo da cidade de Bechenheim Hessen, Alemanha, veio para o Brasil no ano de 1825, com a mãe e cinco irmãos, sendo ele o irmão mais velho. Inicialmente instalou-se nas proximidades de Lomba Grande, e fazia serviço de transporte de mercadorias. 
 
[...] Ele tinha serviço de lanchões, não sei se bem navegador porque de onde ele vem na Alemanha, não é uma área portuária. Ele faz esse transporte de lanchões, já desde o início da venda dele, e ele na verdade, ele não recebe esse lote aqui onde ele se instalou. O lote dele é em outra área, é mais adiante lá pros lados de Lomba Grande, pelo o que eu sei, acho que a Carla tenha isso melhor. Ele compra essa casa e o lote do tal de Major Kersink [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 
 Foi o segundo imigrante alemão a se naturalizar brasileiro na região e essa legalização lhe proporcionou algumas vantagens, que unidas a sua influência advinda do fato de ser um comerciante respeitado e conhecido em todos os lugares da região. Ele pode entrar no universo político da época. 
 
[...] Eu fiquei sabendo uma coisa que eu não sabia, faz pouco tempo, ele foi o segundo imigrante alemão aqui da região a se naturalizar brasileiro, o primeiro foi o João Daniel Hillebrand, que era o chefe da Colônia de São Leopoldo, o cara tinha um cargo público pode-se dizer assim. Mas o João Pedro Schmitt foi o segundo a se naturalizar e com isto ele também vem a abrir um monte de possibilidades. Após naturalização ele pode concorrer a cargos públicos, talvez não fosse bem isso, mas, ele foi nomeado Juiz de Paz, foi nomeado Delegado, coisa que um imigrante não naturalizado não poderia e também podia ter escravos, muitos tinham escravos e não eram naturalizados, mais era uma questão legal, quem tinha cativos ou era brasileiro ou naturalizado [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
Casou-se com Anna Barbara Blauth, em 23 de abril de 1827, com quem teve quatro filhos. Sua esposa Anna, faleceu aos trintae seis anos, no ano de 1838 de causa natural, mas atribuída por relatos orais a um trauma pós-parto do seu último filho que nascera em 16 de março do mesmo ano. 
 
[...] Tem aí uma especulação bem interessante, porque houve invasão do movimento Farroupilha em Hamburgo Velho, isso passou por tradição oral. Mais provavelmente, tenha realmente acontecido, porque a casa dele era o principal comércio e a casa dele teria sido saqueada, parcialmente incendiada e que a mulher morreu de trauma pós-parto. Porque ela estaria parindo quando isso aconteceu. E essa história meio que se confirma porque quando a casa foi restaurada nos anos 90, foram encontradas marcas de incêndio no madeirame do sótão principalmente, então realmente a casa sofreu um incêndio. Mais a tradição oral, é que a casa teria sido invadida pelos revolucionários farroupilhas [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 
No dia 30 de agosto de 1839, João Pedro casa-se novamente, agora com Catharina Keiper, com quem teve mais dezesseis filhos. Catharina faleceu no ano de 1904 com uma idade bastante avançada. 
A venda e o transporte de lanchões, eram apenas parte dos negócios de João Pedro. Outro empreendimento realizado por ele e seu vizinho Kraemer, era compra e loteamento de terras. Um desses empreendimentos gerou bastante conflito após sua morte. Um lote de terras que havia sido vendido por Schmitt e Kraemer, não havia sido devidamente escriturado quando João Pedro morreu. Esse lote de terras agregava a Fazenda Padre Eterno na cidade Sapiranga, os compradores desses lotes acabaram por se envolver em brigas pela posse das terras. Essas disputas ficaram conhecidas como “Questão do Padre Eterno”. Sendo esse um dos motivos que desencadearam o movimento chamado de “Mucker”, que faz parte do contexto histórico de Sapiranga. 
 
 [...] Ele comprava terras com o vizinho dele o Kraemer. Ele fez um dos primeiros empreendimentos de loteamento, na verdade ele loteou toda aquela área do Morro Ferrabraz, onde depois acontece aquele episódio dos Mucker. A professora Dóris Magalhães também da FACCAT, também escreveu um artigo sobre o Episódio da Fazenda Padre Eterno, que gerou um processo enorme. Porque o que aconteceu, ele morreu em 1868 sem ter escriturado essas áreas que ele vendeu, existem teorias que foi por causa disto, uma das maiores causas de ter havido aquele episódio no Ferrabraz que foi briga entre vizinhos, aquela futrica toda, porque as terras não estavam legalizadas, isso foi um processo enorme [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 
A maneira com que João Pedro Schmitt consegue essas terras também foi um fato polêmico, elas não foram compradas, mas sim resgatadas judicialmente como pagamento de dívidas. Esse fato não é de conhecimento público. Ao se pesquisar sobre a Fazenda Padre Eterno, sempre encontramos informações sobre a venda das terras para João Pedro Schimitt, que oficialmente ele teria arrematado as terras em um leilão. 
 [...] Isso é uma coisa muito interessante, ele na verdade, ele cobra essas terras como dívidas de um tal de Manoel Leão, que era o dono daquela área, ele era um sesmeiro, pode-se dizer assim, esse Manoel Leão. Ele contrai dívidas com o João Pedro, que deve ter emprestado dinheiro pra ele e ele depois cobra isso em terras. E com a morte do Manoel Leão, essas terras, a parte da herança dos filhos que eram órfãos e das duas esposas, porque Manoel Leão teve duas mulheres. Nós tivemos acesso a esse documento, ele (João Pedro) entra com uma ação judicial pra tirar o resto das terras pra cobrir a dívida dele, então ele entra com uma ação contra as esposas e contra os órfãos, e ele tira terra dos órfãos também [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 
Com o passar dos anos João Pedro Schmitt, mostra-se ser um visionário, usando toda sua influência também na área cultural. Foi cantor do primeiro Coral do Estado fundado no ano de 1851. 
 
[...] Foi o primeiro coro de que se tem notícia aqui na região de imigração alemã, que era um coro masculino, era um coro de mais de uma voz, eram três vozes. Tu vais encontrar informações sobre o coro na comunidade evangélica de Campo Bom, tem um livro [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
Seu refino e gosto por música, também se evidenciam pelo fato dele ter sido o único cidadão a possuir um piano em casa, objeto que não era comum ser visto devido ao seu alto custo. 
 
 [...] Têm coisas muito interessantes, no inventário dele, ele deixa um piano. Não existia nem um piano no teatro São Pedro e ele tinha um piano, então tu vês que ele também tinha certo refino. Também era uma demonstração de status, o cara ter um piano em casa, mas ele realmente tinha muito dinheiro [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 
O envolvimento de João Pedro com a comunidade deixa claro os seus propósitos políticos ao envolver-se com a construção das igrejas católica e evangélica, assim como escolas. 
 
[...] E ele se mete numas outras empreitadas muito interessantes, ele é o cara que articula a construção ou a destinação da área pra ser igreja católica em Hamburgo Velho, sendo luterano. Isso da igreja católica é meio estranho, mais depois nós ficamos sabendo, nós vimos pelas pesquisas que isso era uma forma até de dar um status maior pra essa vila aqui, porque ai vira capela Curada e com isso, cargo de inspetor, delegado, juiz de paz então, ele cria o ambiente também pra se impor [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 
Seu prestígio, influência e elevada situação financeira também lhe renderam cargos de liderança e soberania como Inspetor da Colônia e Juiz de Paz da igreja Evangélica. O cargo de Inspetor da Colônia lhe atribuía às funções de intermediador de conflitos ocorrentes não só no vilarejo de Hamburgerberg, mas também nas localidades vizinhas, assim como levar os assuntos de maior complexidade para a câmara de São Leopoldo, onde todos os tramites legais eram resolvidos. 
 
 [...] Era autoridade pra também ouvir os clamores judiciais, era pra intervir em pequenos conflitos, tipo: o que existia muito aqui era briga em função de divisas, porque as terras só foram demarcadas lá em 1870. A coisa era por ai, acho que era pra intermediar. Também havia casos de assassinatos, mortes, de maltrato de escravos. E também devia ter alguém, devia ter um imediato que levava esses assuntos para São Leopoldo, que eram resolvidos, basicamente na câmara de vereadores [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
Seus feitos e prestígio não foram reconhecidos somente pelos moradores e líderes da colônia de São Leopoldo, o próprio Imperador Dom Pedro II reconheceu sua importância para comunidade. João Pedro Schmitt e sua esposa foram chamados à corte e receberam presentes em agradecimento aos serviços prestados por Schmitt durante a Revolução Farroupilha. A viagem de Schmitt ao Rio de Janeiro também proporcionou o registro da sua imagem, a única que se tem, sendo uma fotografia tirada em chapa de vidro. 
 
[...] A única que tem, é uma foto em chapa de vidro, que foi tirada no Rio de Janeiro. Ele vai pra corte e recebe do Dom Pedro II, uma espada e a esposa dele uma coberta de mesa de porcelana inglesa. Eles recebem essa menção. Eles são convidados à corte por serviços prestados durante a revolução farroupilha. Eles se mantêm fiéis ao império e isso é reconhecido! [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 
Retrato de João Pedro Schmitt e sua esposa Catharina, única imagem existente do casal. (Arquivo: Museu Casa Schmitt – Presser)
Após seu falecimento, sua esposa Catharina continuou com a venda, mais acabou falindo. A casa foi então alugada para a padaria Reis e mais tarde foi a leilão, sendo arrematada pelo filho mais novo do casal: Adão Adolfo Schmitt, que havia sido inicialmente lesado por seus irmãos mais velhos, na partilha de bens logo após a morte do pai.
 
[...] É ela fica com a venda, ela faleceu em 1904, mas antes disso acho que ela já não estava com a venda, pelas datas, essa casa inclusive, como ela não consegue levar o negócio como ele, ela meio que se descuida em alguns assuntos e ela terminafalindo, ela faliu a venda, na verdade. A venda terminou porque faliu, e inclusive essa casa vai a leilão. Quem compra essa casa no leilão é o filho mais novo, o dono dessa casa, aquele que ganhou as terrinhas que não valiam nada. Então ele consegue arrematar essa casa em Hasta Pública [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 
Anos depois, o marido de uma neta de João Pedro, filha de Adão Adolfo, reabriu a venda e com o nome de Loja Presser, igual ao seu sobrenome. Por isso a conhecemos hoje como Casa Schmitt - Presser. A casa foi restaurada e hoje permanece igual, apenas a parte de trás foi demolida, onde havia o forno de pão. A demolição dessa parte da casa, influenciou diretamente o movimento em prol do resgate e valorização do Centro Histórico de Hamburgo Velho.
 
[...] Que é exatamente uma das filhas do Adão Adolfo, e aí a venda vai até 1969, 70. Mais a padaria Reiss, chegou em 1902,1903, ele se instala primeiro na casa da frente, na casa dos Kreff, depois desocupa aqui e ele aluga. E existia um forno de pão, que foi demolido nos anos 70, quando se restaurava essa casa aqui [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 Um dos últimos empreendimentos de Schmitt antes da sua morte foi à aquisição de ações da Estrada de Ferro, que viria a passar em terras de sua propriedade. Terras situadas no centro de Novo Hamburgo, que até o momento não passavam de um banhado sem valor algum, isso confirma o quão visionário e articulado ele era, já que as terras só foram valorizadas depois de sua morte. 
 
[...] A área onde hoje, fica o centro de Novo Hamburgo. Originalmente o traçado era pra vir até Hamburgo Velho. Só que termina ficando. O trem chega a São Leopoldo em 1874 e em 1876 ele chega a Novo Hamburgo e não continua até Hamburgo Velho, parou. E aí tem sempre aquela explicação, porque faltou dinheiro. Eu nunca levei essa coisa muito em consideração, porque o João Pedro Schmitt, quando ele morreu em 1868 ele já tinha ações da estrada de ferro, até NH. E curiosamente a estação era construída em área que era dele em NH. Aquele charco era uma área que ele tinha e que não valia nada, porque era um banhado, passava o arroio que hoje é arroio preto Luís Rau, e a estação de trem é muito próxima a esse arroio. Não sei se não foi uma jogada política que ele fez antes, porque ele era tão articulado, ele pensava tão na frente que eu não sei se ele não quis valorizar aquela área dele, que era uma área que não teria nada, aquilo ali nunca seria uma área boa. E o cara quando morreu em 1868, ele já tinha ações dessa estrada de ferro, que é uma, outra coisa muito maluca. Claro, e ninguém me tira essa impressão que ele sabia que ele fez algo pra que a estação viesse só até Novo Hamburgo, porque aqui as terras já estavam valorizadas era o centro da cidade. [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
João Pedro Schmitt demonstrou várias facetas ao longo de seus 67 anos, foi um grande empreendedor político e financeiro e tinha apreço pela cultura. Mais ainda merece ser melhor pesquisado. Os filhos e netos de João Pedro continuaram sendo pessoas influentes, e não somente na região de São Leopoldo mais em outras mais longínquas também, fizeram parte e formaram famílias muito bem estruturadas. 
 
[...] Ele era um personagem muito complexo, tu tens aí várias frentes dele. Tu pegas o João Pedro político, tu pegas o João Pedro comerciante, enfim ele tem várias facetas. É, é uma figura que precisa muito ser pesquisada. E os filhos depois, os netos são tudo gente influente aqui na região, em Porto Alegre, ele realmente construiu uma família muito influente que após a morte dele ainda continuaram sendo pessoas influentes. Teve neta dele que se casa com Waimamm, lá de São Leopoldo da fábrica de vinagre e de licor, teve outras que se casaram com um povo lá de Bento Gonçalves de uma vinícola importante. Então assim, é gente que via de regra teve formação, teve possibilidades, ele deixou muita grana pros filhos [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 
Infelizmente todo seu prestígio e influência pareceram ter sido esquecidos por mais de um século após sua morte. Nem mesmo a influência de seus filhos foram o suficiente para manter sua memória viva. Mesmo depois de a sua história ter sido investigada, percebe-se uma grande carência de material escrito e há ainda muitas lacunas no material encontrado. 
A história da sua vida foi retomada e investigada, praticamente por acaso. O pintor Ernesto Frederico Scheffel, estava na cidade de Novo Hamburgo, pelo motivo dos festejos do Sesquicentenário da Imigração e Colonização Alemã no Brasil (SESQUIBRAL), ocasião em o pintor resolveu doar grande parte de sua obra para a cidade. O local destinado a abrigar seu acervo foi um casarão antigo em estilo neoclássico, construído em 1890, por Adão Adolfo Schmitt. Essa casa foi adquirida e restaurada pela prefeitura para poder abrigar todo o acervo que o pintor doara a cidade. 
Scheffel que é defensor da preservação do patrimônio histórico e estava engajado em um trabalho de revitalização do bairro de Hamburgo Velho. Localidade esta que se chamava Hamburgerberg, antes da emancipação do município. Scheffel, juntamente com um grupo de voluntários, na sua maioria estudantes, estavam pintando as fachadas das casas e prédios do bairro nos domingos à tarde após o almoço. Quando se deparou com uma situação inaceitável do ponto de vista histórico. A casa que anos depois seria a sede de sua fundação, que era uma enorme casa do final do século XIX, estava sendo restaurada e outra muito mais antiga, que ficava ao lado estava sendo demolida. 
 
[...] O dono dessa casa aqui (Fundação Scheffel), deu licença pro guarda, que cuidava da obra aqui, pra demolir essa casa ao lado e pra usar o material. Então o cara demoliu toda a parte dos fundos, a senzala o forno de pão, tudo. E o Scheffel quando viu isso, pirou ele não sabia nem de quem era essa casa, se era importante se não era importante. Mas ele achou horrível essa casa aqui sendo restaurada e o entorno sendo destruído. Então ele conseguiu segurar essa casa desde aquela época [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
Foto atual dos fundos da Casa Schmitt-Presser, onde aparece a parte que foi demolida na década de 1970, foto tirada no dia 21/10/2018 dia da Festa de Hamburguerberg
Scheffel e historiadora Ângela Tereza Sperb, buscaram formas para proteger as casas mais antigas. Para isso foi feita uma investigação sobre atuais e antigos proprietários dos casarios. Eis que então Ângela Sperb, chega a João Pedro Schmitt. Ela faz todo um trabalho sobre o inventário de João Pedro, aonde todos os seus feitos e influências foram resgatados. 
 
[...] A Ângela Sperb, fez um trabalho bem interessante sobre o inventário dele que é uma revista de estudos da Feevale, com certeza na biblioteca da Feevale tu vais encontrar, é muito interessante aquele trabalho porque ele é exato [...] (REINHEIMER, Ângelo, 5/11/2018). 
 
 No ano de 1975, Scheffel impede que a casa Schmitt seja demolida, mais o seu tombamento pelo IPHAN, ocorreu somente no ano de 1985. Foram dez anos de espera. Durante esse tempo ocorreram vários fatos prós e contra. Constatou-se também que políticas públicas em favor da conservação do patrimônio histórico não estavam sendo cumpridas. 
Como consta na Carta de Atenas, escrita no IV- Congresso Internacional De Arquitetura, realizado em 1933, os modernistas demonstraram desejos de preservação das edificações antigas. Conforme Le Corbusier, 
 
A morte atinge tanto as obras como os seres. 
Quem fará a discriminação entre aquilo que deve substituir a aquilo que deve desaparecer? O espírito da cidade formou-se no decorrer dos anos; simples construções adquiriram um valor eterno na medida em que simbolizam a alma coletiva; constituem o arcabouço de uma tradição que, sem querer limitar a amplitude dos progressos futuros, condiciona a formação do indivíduo, assim como o clima, a região, a raça, o costume. Por ser uma pequena pátria, a cidade comporta um valor moral que pesa e que lhe está indissoluvelmente ligado. (Carta deAtenas, 1933, artigo 7. In: LE CORBUSIER, 1999.). 
 
 
Contudo, por estarem em período pós-guerra praticamente todos os países que foram atingidos de alguma forma, deixaram essas premissas de lado, importando-se exclusivamente com a reconstrução e urbanização das cidades. 
 
Passado, presente e futuro são para nós um processo que não pode ser interrompido. Contudo não vivemos para trás, mas sim para frente. Embora o passado nos fortifique com a certeza de que nossas vontades não são limitadas e individuais, o futuro, aconteça o que acontecer, aparece-nos como tendo maiores consequências. (GIEDION, apud REYNER, 2003, p.481). 
 
 
 Essa falta de preocupação quase que mundial com o passado, também se fazia presente em Novo Hamburgo. Antes de haver o PDUA (Plano Diretor Urbanístico Ambiental), já havia desde 1929 os chamados Códigos de Postura. O 1º Código de Postura faz referência ao aspecto estético da cidade conforme o Art.127: “O estilo arquitetônico dos prédios ou edifícios é da livre escolha do interessado, ressalvas as regras da arte e as leis da estética”. (NOVO HAMBURGO, 1929). O segundo código vigente a partir do ano de 1954, também não contempla a preservação do patrimônio, mas sim, faz ênfase a “modernização” da cidade. Fazendo-se entender que a demolição do antigo e substituição pelo novo seria uma assertiva para a urbanização e modernismo da cidade, desvinculando-se assim da história. 
No ano de 1963, período pós-guerra, foi desenvolvido e decretado o primeiro Plano Diretor da cidade, que ao longo dos anos foi sendo agregado a eles, especificações conforme necessidade. Para Demétrio Ribeiro, os planos tinham uma visão tecnicista e econômica: 
 
 “... um plano Diretor era, em suma, uma lei destinada a fazer com que investimentos materializados, com o tempo no modelo físico de cidade previamente fixado pelo planejador em nome da sociedade” (RIBEIRO, Demétrio. In: WEIMER, 1992, p. 138). 
 
 
Em Novo Hamburgo os anos entre 1970 e 1980, foram um período de tentativas de conscientização, pela preservação do patrimônio histórico, sob a argumentação de que a sua demolição levaria a sociedade ao esquecimento das suas raízes que é de maioria germânica. 
 
 [...] Numerosos fatores contribuíram para retardar de uma só vez a objetivação a inserção do espaço urbano numa perspectiva histórica: de um lado, sua escala, sua complexidade, a longa duração de uma mentalidade que identificava a cidade a um nome, a uma comunidade, a uma genealogia, a uma história de certo modo pessoal, mas que era indiferente ao seu espaço; de outro, a ausência, antes do início do século XIX, de cadastro e documentos cartográficos confiáveis, a dificuldade de descobrir relativos aos modos de produção a as transformações do espaço urbano ao longo do tempo (CHOAY, 2006, p.178). 
 
 
O grupo liderado por Scheffel e pela professora Ângela Sperb, chamava-se “Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico e Artístico em Hamburgo Velho”. Esse movimento objetivava somente preservar os prédios históricos. O trabalho feito por Scheffel e Sperb, sobre a casa Schmitt teve grande repercussão, conseguiram impedir sua demolição no ano 1975. A sua arquitetura em técnica enxaimel, juntamente com seu significado histórico para região, possibilitou o seu tombamento pelo IPHAN, no ano de 1985. No início da década de noventa a prefeitura auxiliada pelo IPHAN-RS restaurou a casa transformando-a no Museu Comunitário Casa Schmitt-Presser. Como o tempo entre o impedimento da demolição da casa e a data de tombamento foi um período muito longo, várias ações foram cometidas. Houve descontentamento por parte da população. 
As ideias de preservação e restauração do bairro de Hamburgo Velho, não foram bem aceitas por todos os moradores. Assim como havia um grupo que era a favor da preservação do bairro levando em consideração o a sua historicidade. Havia outro que se movimentou contra, pois achavam que a urbanização traria mais lucros para a localidade. 
Esse grupo intitulado “Moradores de Hamburgo Velho”, sentia-se lesado pelas ações de Scheffel, a começar pelas pinturas das fachadas de suas casas e pelo boato infundado sobre a questão do tombamento da casa Schmitt, que levaria a desapropriação das outras construções antigas do bairro. Os conflitos entre Scheffel e seus seguidores, e os Moradores de Hamburgo Velho, geraram discussões, uma destas foi acompanhada pelo Jornal NH em 8 de fevereiro de 1983, em uma reunião feita nas dependências do salão da Comunidade Evangélica de Hamburgo Velho e resultou uma matéria de uma página inteira de desabafos, por parte dos moradores e proprietários de edificações em Hamburgo Velho: 
 
 [...] o que seria de nosso país se todo mundo pensasse em preservar estas baratas, morcegos, pulgas e cupins, destas casas que estão caindo? Não vamos retardar a evolução. Vamos pensar em algo que venha em benefício de toda a comunidade e não como está acontecendo, onde estão sendo feitas as vontades de uma ou duas pessoas [...] (NH, jornal, 1983, 10 fev. p.19). 
 
 
Scheffel e Sperb, também haviam escrito uma carta aberta, a comunidade, que foi repassada a população através do jornal NH, onde demonstram o seu descontentamento com a recusa por parte dos moradores de preservar o seu patrimônio histórico. 
 
[...] É possível que Scheffel em sua vida tenha cometido dois grandes equívocos: o primeiro foi doar sua obra a Novo Hamburgo; o segundo foi investir seu tempo e dinheiro na luta pela preservação e valoração do patrimônio histórico e arquitetônico da cidade [...] (SCHEFFEL..., 1983, p.3). 
 
 
No mesmo ano, tais acontecimentos levaram Scheffel a fechar sua galeria e parar seu movimento em favor da valorização do patrimônio histórico e cultural. Temendo sofrer algum tipo de agressão.
 
[...] Pelo que foi exposto, temerosos de sofrermos alguma agressão física, além das já manifestadas verbalmente, Ernesto Frederico Scheffel e Ângela Tereza Sperb, declaramos publicamente que encerramos nossa atividade comunitária em Hamburgo Velho e fechamos a Galeria de Arte da FEFS, como única alternativa. (SCHEFFEL..., 1983, p.3). 
 
 
Neste mesmo ano Scheffel, havia escrito e mandado editar um jornal cultural chamado de “Hamburgerberg”, com o intuito de enaltecer a história e os valores artísticos e arquitetônicos do bairro. Apesar dos esforços o jornal seguiu apenas até sua sexta edição e foi suspenso por falta de financiamento. 
Passados todos os transtornos, no ano de 1978 toda a obra doada por Ernesto Frederico Scheffel foi abrigada na casa que havia sido restaurada para este fim. A população da cidade através de outros movimentos e organizações como: “A Associação de amigos de Hamburgo Velho”, a qual pertence à organização da festa que ocorre anualmente chamada de “Hamburgerberg”, tomou consciência da importância da preservação do patrimônio histórico e cultural de uma cidade, visto que é nele que sua história se fundamenta. As leis sempre existiram somente não eram cumpridas. Como a LEI Nº 007 de 7 de janeiro de 1992 – Lei de Tombamento. 
 
Dispõe sobre a proteção de Patrimônio Histórico, Cultural e Natural do Município de Novo Hamburgo, disciplina a integração de bens móveis e imóveis, cria incentivos ao tombamento e dá outras providências (NOVO HAMBURGO, 1992b, preâmbulo). 
 
 
O tombamento da Casa Schmitt-Presser, foi o primeiro da região, e deu sequência a novos processos de tombamento em nível municipal. Infelizmente a aplicação dessas leis demorou, para serem efetivadas, até o ano de 2007, somente este bem estava tombado em instância federal. Somente a partir de 2008 houve maiores iniciativas. 
O bairro de Hamburgo Velho, hoje é conhecido como Centro Histórico de Novo Hamburgo, e nele se encontra o Corredor Cultural, no qual foi proibido o trânsito de veículos pesados em frente à Casa Schmitt-Presser, devido a danos que estavam causando a casa e outros prédios aos arredores. Esta área forma o Sítio Histórico de Hamburgo Velho, a solicitação de tombamento foi encaminhada ao IPHAN no ano de 2009. 
 Recentemente a Fundação Scheffel,passou por problemas financeiros. Campanhas em redes sociais e o protesto “Abraço simbólico a Fundação Scheffel”, o que levou a prefeitura de Novo Hamburgo, a assinar um convênio com a Fundação, no qual se responsabilizou em fazer repasses mensais. 
No dia 4 de maio de 2015 a presidente do Brasil Dilma Rousseff, deu a notícia por telefone ao Pintor Ernesto Frederico Scheffel, sobre a regularização do tombamento do Centro Histórico de Hamburgo Velho, no qual está inserida a Fundação que leva seu nome e grande parte da sua obra, que conta atualmente com mais de 400 obras entre pinturas, esculturas, desenhos e partituras de autorias do próprio Scheffel. Está pinacoteca é considerada uma das maiores do mundo composta por obras do mesmo artista. Scheffel fez uma declaração de agradecimentos, segue na integra: 
 
“É muito gratificante. São memórias e debates muito ricos que foram construídos neste percurso de quatro décadas até essa publicação oficial. 
Destacando que em se tratando de publicações na imprensa, sempre tivemos o fundamental apoio do jornal NH em toda a trajetória. 
Desde as primeiras capas e textos sobre o assunto da preservação – muito polêmico para a época – o jornal teve um papel comunitário que merece todo o meu reconhecimento. 
É também fundamental reconhecer e agradecer pela sensibilidade da Presidente Dilma Rousseff no trato pessoal e direto desta questão e dessa publicação legal. 
E é imperativo dizer do meu credo nos avanços promissores para o turismo de Novo Hamburgo como um todo e no significado positivo para a nossa cultura local e de toda a região do Vale dos Sinos. 
Haverá um avanço indubitável para a valorização de nossa importante memória em prol de todos e neste aspecto temos a prova de que avançamos como sociedade organizada. 
Meus mais profundos parabéns para a cidade de Novo Hamburgo. 
Daqui de Porto Alegre 
Ernesto Frederico Scheffel (NH, online, 8 de maio, 2015)”. 
 
Dia 8 de maio foi divulgado no Diário Oficial da União (DOU) o tombamento do Centro Histórico de Hamburgo Velho, que inclui mais de 60 imóveis e o acervo do pintor gaúcho Ernesto Frederico Scheffel. 
Para todos os envolvidos e interessados em manter a história da cidade, foi uma grande conquista, visto que, agora todos os principais prédios históricos da cidade estão devidamente protegidos. 
 
Conclusão 
 
Em virtude do que foi mencionado, é imprescindível que todos se conscientizem de que a preservação do Patrimônio Histórico é indispensável para uma sociedade. Pois é assim que se resgata a história do lugar e de seus habitantes, sendo isso de extrema importância para que esta sociedade construa sua identidade e cultive suas tradições. 
Assim como Ernesto Frederico Scheffel e Ângela Sperb enfrentaram muitas dificuldades para conseguirem seu objetivo de preservar as construções históricas e não desistiram, é responsabilidade de todos auxiliarem nas ações de conservação do legado imóvel, móvel e natural que estão sendo destruídos em nome da modernização. Apesar de existirem, as leis de preservação muitas vezes não são cumpridas. Cabe ao poder público fiscalizar e aos órgãos responsáveis e fazerem as leis serem respeitadas. 
Outro ponto importante é a história de João Pedro Schimitt que deve ser introduzida nas escolas, principalmente em Novo Hamburgo. Sendo ele um personagem de suma importância para o município e para região, deve ser estudado e relembrado pela história nas salas de aula, pois João foi um dos primeiros imigrantes a se estabelecer na região e contribuir para a emancipação da cidade. E quanto à preservação, esse tema deve ser discutido em sala de aula e por toda a comunidade para que todos criem uma consciência preservadora para lutarem contra a demolição e degradação dos bens culturais deixados como herança para o povo. 
Portanto, esse trabalho foi desenvolvido para despertar a atenção para a importância do resgate da história de João Pedro Schmitt e como através da preservação da sua casa ocorreu à preservação do acervo da cidade de Novo Hamburgo, deixando claro que é interessante para todos saberem desses fatos ocorridos e que infelizmente poucos sabem. E também alertar para que futuramente esse assunto seja mais abordado pelas escolas para que esse pedaço da história do município não desapareça para sempre. 
 
Referências 
 
Entrevistas 
 
DAUBER, Carla. Por telefone, em 8 de novembro de 2018. 
REINHEIMER, Ângelo. Fundação Scheffel, em 5 de novembro de 2018. 
 
Publicações 
 
CARTA de Atenas. Disponível em: 
<http://ns.rc.unesp.br/igce/planejamento/carta%20de%20atenas.pdf> acesso em novembro de 2018. 
CHOAY, Françoise. O Urbanismo: utopias e realidades, uma antologia. São Paulo, editora Perspectiva, 2006. 
GIEDION, Sigfried, apud REYNER, Banham. Teoria e projeto na primeira era da máquina. São Paulo, editora Perspectiva, 2003. 
HAMBURGERBERG, Jornal. Hamburgo Velho, Ano I- Nº 3. Julho, 1983. 
JORNAL NH. Scheffel fecha sua galeria. E também para o movimento de preservação do nosso patrimônio histórico. Novo Hamburgo, 26 jan. 1983. 
JORNAL NH. Proprietários alegam que estão sendo lesados com a preservação de Hamburgo Velho. Novo Hamburgo, 10 fev.1983. 
JORNAL NH. Gente que fez a história do Vale, Jonhann Peter Schmitt. Novo Hamburgo, 25 maio 1999. 
RIBEIRO, Demétrio. O Planejamento Urbano no Rio Grande do Sul. In: WEIMER, et ali. Urbanismo no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Editora da Universidade – UFRGS, 1992 b. WEIMER, Günter. A Arquitetura da Imigração Alemã – um estudo sobre a adaptação da arquitetura centro-europeia ao meio rural do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da Universidade/Editora Nobel, 1983. 
 
Legislação 
 
NOVO HAMBURGO. Decreto-lei nº 22, de 21 de novembro de 1929. Institui o 1º Código de 
Posturas. Disponível em: < http://ceaam.net/nho/legislacao/index.php>. Acesso em novembro 2018. 
NOVO HAMBURGO. Lei Municipal nº 085, de 10 de dezembro de 1954. Institui o 2º Código de Posturas. Disponível em: < http://ceaam.net/nho/legislacao/index.php >. Acesso em novembro 2018. 
NOVO HAMBURGO. Lei nº 007, de 7 de janeiro de 1992b. Dispõe sobre proteção do Patrimônio Histórico e Artístico e Cultural e Patrimônio Natural, disciplina a integração de bens móveis e imóveis e cria incentivos ao tombamento. Disponível em: < http://ceaam.net/nho/legislacao/index.php >. Acesso em novembro 2018. 
 
Sites 
 
< http://heuser.pro.br/getperson.php?personID=1897&tree=heusers > Acesso em novembro 2018. 
< http://genealogia.tati.dickson.nom.br/getperson.php?personID=19329&tree=TatieDickson > Acesso em novembro 2018. <http://www.jornal.com.br/conteudo/2915/05/noticias/regiao/159044-centro-historico-dehamburgo-velho-e-acervo-da-fundacao-scheffel-saotombamentos.html > Acesso em novembro 2018. 
 <http://www.baraodemaua.br/comunicacao/publicacoes/pdf/_patrimonio_ribeirao2009.pdf> Acesso em novembro 2018. 
<www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/27781/000735164.pdf?sequence=1 > Acesso em novembro de 2018.

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