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Administração pública

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CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS 
DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA 
MATERIAL DE APOIO 
PROF. RICARDO ESPÍNDOLA, M.Sc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=bibliotecaConsultaProdutoBibliotecaSimboloJustica&pagina=temis
1 NOÇÕES PRELIMINARES 
 
1.1. Conceito de Ciência Política 
Parte da Sociologia que estuda a teoria do Estado e a prática do seu funcionamento. A 
Ciência Política estuda a organização política dos diversos tipos de sociedade, as implicações 
sociais de movimentos políticos e ideologias; origem, desenvolvimento e funções do Estado. 
 
Já a Sociologia é a ciência que estuda a vida social humana (Horton e Hunt, p. 20). É o 
estudo do comportamento social e das interações e organizações humanas e dos problemas sociais. 
Exemplo: liderança nas organizações, hierarquia de poder; conseqüências sociais das greves ou a 
influência delas na deterioração da moeda. 
Em tempos de mudança, em que a cultura e a estrutura estão atravessando transformações 
dramáticas, a Ciência Política torna-se especialmente importante (Nisbet, 1969). Como a 
sociedade deve ser mantida unida quando se torna maior, mais complexa, variada, diferenciada, 
especializada e mais dividida ? e qual é o papel do Estado em relação a sociedade que paga 
tributos (gênero) e impostos (espécie)? 
Conceito de Política: em português, a palavra “política” se refere tanto ao processo de 
disputa por cargos e negociação de interesses na sociedade quanto à implementação de ações 
governamentais específicas, na área de educação, saúde, meio ambiente, redução da pobreza, e 
outras. Os cientistas políticos de língua inglesa usam palavras diferentes para estes dois processos, 
“politics” no primeiro caso, e “policy” no segundo, expressão que costuma ser traduzida para o 
português como “política pública”. 
A tradição portuguesa e brasileira aponta para o fato de que estas duas coisas estão ligadas, 
e uma não pode ser entendida completamente sem a outra; a tradição clássica, por outro lado, nos 
lembra que a implementação de políticas públicas deve obedecer a uma lógica própria, que requer 
a existência de profissionais especializados, recursos definidos, metas explícitas, mecanismos de 
tomada de decisão, sistemas de avaliação de resultados, e assim por diante. 
Antigamente, gregos e romanos denominavam a sociedade política, respectivamente. A 
palavra Estado passou a denominar a sociedade política a partir do Renascimento, graças a 
Nicolau Maquiavel, que no seu livro clássico O Príncipe, já dizia: “Tutti gli stati, tutti e dominii 
Che hanno avuto e hanno império sopra gli uomini, sono stati e sono o republiche o principati” 
(Todos os Estados, todos os domínios que tiveram e que têm poder sobre os homens, foram e são 
ou républicas ou principados). 
 
Constitucionalismo (Canotilho prefere chamar de movimentos constitucionais): “técnicas 
específicas de limitação do poder com fins garantísticos”. (Canotilho) 
 
Direito Constitucional: Estabelece a estrutura do Estado, a organização de suas 
instituições e órgãos, o modo de aquisição e exercício do poder, bem como a limitação 
desse poder, por meio, especialmente, da previsão dos direitos e garantias fundamentais. 
(Vicente Paulo) 
 
O Objeto da lei constitucional é a Constituição. 
 
Constituição: lei fundamental e suprema e suprema de um Estado, que rege a sua 
organização político-jurídica. (Vicente Paulo) 
 
 Constituição e Estado 
 
 
Constituição: É o documento que reúne o conjunto dos elementos que constituem o Estado, 
é a regra máxima de um ordenamento jurídico. 
 
Estado: É a reunião de povo e território, quando dotada de soberania. 
 
a) O povo é também chamado de “elemento humano” do Estado. Não podemos confundir 
povo, elemento do Estado, com nação, tribo ou etnia, são coisas diversas, basta ver que 
dentro do território brasileiro temos nações indígenas, comunidades quilombolas, e as mais 
diversas etnias, mesmo assim o “povo brasileiro” é um só. 
 
b) O território, “elemento geográfico”, é o espaço físico por onde o povo se distribui ou de 
que tem a propriedade, exercendo controle. 
 
c) A soberania, “elemento político” dos Estados, é o poder de que são dotados os Estados 
de efetivarem suas ordens jurídicas. 
 
 
 
 
 Povo 
Estado Território 
 Soberania 
 
 
 
 
Estado Democrático de Direito: 
 
É o principio positivo, positivado na constituição, e pode ser definido como a reunião de 
três elementos: 
 
a) Estado de Direito - Aquele em que impera a lei; 
 
b) Estado Democrático – Soberania popular, participação popular, processo 
democrático; e 
 
c) Componente Revolucionário – As leis e a participação popular devem estar 
voltados à melhoria da condição do povo. 
 
 
1.2. A Estrutura Política e suas Práticas. 
 
Estado: conceito, funções e suas origens 
 
Conceito de Estado 
 
Estado é o organismo político-administrativo, que ocupa um território determinado, é 
dirigido por governo próprio e se constitui pessoa jurídica de direito público. 
O Estado constitui um mecanismo de controle existente na sociedade humana. É uma 
organização que exerce autoridade sobre seu povo, por meio de um governo supremo, dentro de 
um território delimitado, com direito exclusivo para a regulamentação da força. 
Só o Estado possui autoridade - poder legítimo - para regulamentar o uso da força: 
aprisionamento ou execução dos indivíduos. 
O Estado é criação do homem, pois ele serve (Estado) para atender exatamente as 
necessidades e interesses da sociedade. O Estado, que compreende a administração pública, 
dando poderes a esta última, tem um custo com pessoal e na realização de obras e prestação de 
serviços. As despesas públicas só poderão ser custeadas pelos próprios beneficiários, todos 
aqueles que convivem socialmente. Portanto, todos devem contribuir. 
Para Hobbes não é a força que cria o direito, ela pode ser um instrumento. Só há direito do 
conquistador ao conquistado quando aceito, ou seja, não é um rei ter mandado invadir que os 
indivíduos derrotados vão ter que aceitar pela força. Para Hobbes, é a vontade clara do individuo 
que irá criar a obrigação. Segundo Hobbes, todo homem precisa preservar e promover a paz e o 
bem estar-social. 
Já Platão, no livro República, menciona que toda “polis” passa primeiro pela justiça. 
Comenta ainda que a justiça é tão necessária que um bando de ladrão precisa ter noção de justiça 
para que esse empreendimento aconteça, pois se esses indivíduos forem dividir o furto ou roubo, 
terão que ter noções de divisões de igualdade da quantia subtraída, logo Platão percebe que o justo 
e a justiça faz parte da concepção dos homens. 
O interesse pelo Estado, pela sua organização, o estudo de sua origem, sua estrutura e 
funcionamento, acompanha o desenvolvimento do pensamento científico e filosófico. O filósofo 
grego ARISTÓTELES foi o fundador da Ciência do Estado, escreveu um tratado sobre o Estado, 
a que deu o nome de Política, porque o Estado grego era formado pela cidade. Já PLATÃO, outro 
gênio da antiguidade, escreveu também um tratado sobre o Estado, a República. 
ARISTÓTELES estudou o Estado real, tal como existia na sua época, deu a noção de Estado. 
Platão descreveu o Estado ideal, tal como devia ser, de acordo com sua própria concepção do 
homem e do mundo; dando a idéia de Estado. 
Já PLATÃO, no livro República, menciona que toda “polis” passa primeiro pela justiça. 
Comenta ainda que a justiça é tão necessária que um bando de ladrão precisa ter noção de justiça 
para que esse empreendimento aconteça, pois se esses indivíduos forem dividir o furto ou roubo, 
terão que ter noções de divisões de igualdade da quantia subtraída, logo Platão percebe que o justo 
e a justiça faz parte da concepção dos homens. 
No século XVI, MACHIAVEL escreve O Príncipe e lança os fundamentos da política, 
como arte de atingir, exercer e conservar o poder.Para ele, política era arte de governar a 
sociedade, a arte de conquistar o poder político, conserva-lo e exercê-lo. 
KELSEN adota uma concepção diferente, diz que a política descreve o Estado como deve 
ser e por que deve ser. 
KARL MARX – faz a crítica ao capitalismo em seu livro O Capital (mais-valia; acumulo 
líquido de capital; lutas de classes; partir para ação política). 
Elite e hierarquia, dois termos que a sociedade não abandona, o primeiro afasta a sociedade 
civil de alguns processos de estar inserida, já o segundo no sentido de determinar, ordenar, 
mandar. THOMAS HOBBES alega que o homem compete com ele mesmo, que o “Homem é o 
lobo do homem”. 
 
A publicação, em 1936, de A Teoria Geral do Emprego, do juro e da moeda, de autoria de 
John Maynard Keynes, célebre economista inglês que reformulou as noções da produção e do 
emprego, e que levaram o rótulo de economia keynesiana. Keynes falava sobre a economia de 
pleno emprego, onde o Estado cria estímulos, afirmando que se você elevar o salário (valor), 
haverá aumento na produção, que vai gerar conseqüentemente uma elevação também no emprego. 
Já a corrente clássica (conservadora, tradicional), alega que o mercado é que vai determinar as 
condições (demanda x oferta) de emprego e que as pessoas estão desempregadas pelo motivo de 
falta de qualificação e por querer o proletariado ganhar muito, através dos sindicatos. 
Crescimento econômico (quantifica) versus desenvolvimento sócio econômico. 
A política econômica, em síntese, é utilizada para: 
 Promover crescimento econômico e desenvolvimento; melhorando ou expandindo 
a disponibilidade estrutural de recursos, adequando a infra-estrutura; 
 Promover repartição, reduzindo desníveis regionais, melhorando a estrutura de 
repartição da renda e da riqueza e 
 Garantir a estabilidade, mantendo níveis de emprego, estabilizando os preços e 
equilibrando as transações econômicas com o exterior. 
 
Qualquer Páis so será rico quando seu povo for rico. O Brasil é um país relativamente 
pobre, pois não consegue distribuir equitativamente suas riquezas. O combate à miséria se dá 
através de políticas públicas, com investimento público; saneamento; reforma agrária e tributária 
(+ IMPOSTOS – EMPREGOS); habitação e não com a continuidade de políticas assistencialistas. 
 
Sociedade do conhecimento – sinônimo de poder. Lucas Jr. (economista), ganhou prêmio 
Nobel à 12 anos atrás, elaborou um estudo sobre o “estoque do conhecimento”, alegando que os 
países que tinham maior estoque de conhecimento teriam maior êxito no crescimento desta 
sociedade, ao passo que as outras sociedades, países com menor estoque do conhecimento, teriam 
maiores problemas e dificuldades. Daí, nasce a “gestão do conhecimento”. 
Ética versus vontade política. Ética sinônimo de belo, mas nem tudo que é belo é ético. 
 
Democracia – sistema político. No direito usa-se muito o princípio da maioria, da 
democracia. Isso ocorre no direito empresarial, onde a maioria presta a conta ao grupo minoritário 
e também tem uma grande responsabilidade por ser a maioria. A democracia significa também a 
alternância de poder. 
Caracterização da sociedade moderna: nada é certo; instabilidades; incertezas. Quanto 
mais rápida, célere for a justiça, maior será a equidade e a democracia em nosso país. Portanto, 
democracia é sinônimo de justiça atuante, célere, eficiente e que atenda as expectativas da 
população. 
 
1.3 Funções do Estado 
 
Nas sociedades modernas pode-se dizer que cabem ao Estado três finalidades: 
 
a- garantir a soberania: ou seja, o direito que cada Estado tem de manter seu próprio 
governo, elaborar suas próprias leis e de administrar os negócios públicos sem a interferência de 
outros Estados. 
b- manter a ordem: O Estado se encontra investido de poder coercitivo, proibindo 
uma série de atos ou obrigando os cidadãos a agir de uma ou de outra maneira, através das leis ou 
da força física. A coerção tem como objetivo propiciar um ambiente de ordem, preservando os 
direitos individuais ou coletivos. As leis estabelecem o que deve ou não ser feito. O Estado é a 
instituição autorizada a decretar, impor, administrar e interpretar as leis na sociedade moderna. 
 
c- promover o bem-estar social: isto é, propiciar à população de um Estado a paz, o 
respeito às leis, promovendo a justiça, dispor de meios suficientes para atender às necessidades 
humanas; manter a ordem social, através de leis existentes ou redigindo novas, que reajustem a 
própria ordem, quando as condições de mudanças o exigirem. 
Sobre o Estado recaem a conservação e o desenvolvimento dos recursos pessoais da 
comunidade, incluindo a regulamentação geral da educação, saúde pública, assistência social. 
 
 
1.4 Origens do Estado 
 
O Estado antes de atingir a forma definitiva de um governo organizado sobre um território, 
desenvolveu-se a partir de uma organização muito rudimentar. 
Os três estágios da evolução do Estado são: 
a – tribal: quando os grupos ainda não possuem governo; 
b – militar: a formação de Estados organizados, através da conquista realizadas por 
poderosos líderes guerreiros, 
c – industrial: quando a atividade econômica tende a substituir a militar. 
 
O Estado se desenvolveu gradativamente a partir da família, especificamente a patriarcal. 
O patriarca, exercendo sua autoridade em todos os aspectos da vida de seus subordinados, teria 
autoridade suprema, constituindo a primeira forma de governo. 
Alguns estudiosos sustentam ter o governo suas raízes na luta entre as classes pela 
propriedade privada, concluindo que a família patriarcal foi o núcleo original do Estado. 
Há aqueles que afirmam ser o Estado uma consequência de lutas, sendo o conflito entre os 
grupos o responsável pela criação e desenvolvimento da organização política. 
 
1.5 Formas de Governo 
 
A rigor, há duas formas de governo: Monarquia e República. Mas as modalidades de 
organização do poder político variam de acordo com os sistemas culturais em que se encontram: 
 
a. monarquia: poder supremo investido numa só pessoa. O rei ou soberano herda o poder 
e o mantém até a morte. Exemplos: Inglaterra, Holanda, Suécia, Bélgica, Japão; 
b. oligarquia: poder supremo investido nas mãos de um grupo pequeno. Exemplo: o 
triunvirato militar na Grécia, entre os anos 1967 e 1973. Quando exercido por pequena classe 
nobre é chamado aristocracia. Exemplo: cidades italianas na Idade Média; 
c. gerontocracia: governo dos idosos. Exemplo: tribos Masai, no Quênia; 
d. democracia: governo supremo investido no povo e exercido por ele direta ou 
indiretamente: governo do povo pelo povo, que manifesta sua vontade através do voto. Exemplos: 
Suiça, Áustria, Finlândia; 
e. república: pode assumir duas formas: Presidencialismo, quando o chefe do governo é o 
Presidente e lhe cabe o direito de escolha de seus ministros. Exemplos: Estados Unidos da 
América, Venezuela, Brasil. Parlamentarismo, no qual a composição do gabinete ministerial fica 
a cargo do Parlamento. Exemplos: França, Canadá, Israel. A Inglaterra é um exemplo de 
monarquia parlamentarista; 
f. teocracia: governo por direção sobrenatural, através de sacerdotes ou outros agentes 
sagrados. Exemplos: Tibet, antigo Egito; 
g. ditadura: poder concentrado na mão de uma única pessoa, o ditador. Exemplos: Cuba, 
de Fidel Castro. 
Todas essas formas de governo são encontradas entre os diversos povos existentes 
atualmente, sejam "primitivos" ou "civilizados". Não são mutuamente exclusivos: por exemplo, a 
maioria das repúblicas é democrática, e a monarquia pode ser parlamentar. 
 
1.6 Política Neoliberal versus Globalização 
 
Quando fala-se de neoliberalismo e globalização estamos falando de uma nova ordem mundial. 
Tal ordem é capaz de tornar obsoleta a já existente: o Estado entra em crise, e é obrigado a 
redefinir o seu papel; problemas sociais agravam-se cada vez mais e a desigualdade aumenta.As conseqüências desta nova ordem mundial não demoram aparecer: "A renda dos 
brasileiros que estão no topo da pirâmide social, os 10% mais ricos, é quase dez vezes maior que a 
soma dos rendimentos dos brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza, cerca de 30% da 
população, na estimativa mais otimista". Junto com o desemprego, esta é uma questão que deve 
ser o alvo principal de qualquer governo. Não pode-se negar que os planos de estabilização 
trouxeram uma relativa tranqüilidade, porém, sucedido de recessão. Isto mostra que, em primeiro 
momento, tais planos não são duradouros. Quanto ao futuro deles é bastante incerta qualquer 
previsão. 
 
 
 Sem dúvida, atualmente, estamos sujeitos às intempéries mundiais. A grande questão é: 
"para quem deve o governo governar, para os mercados ou para a sociedade?" A resposta óbvia 
seria governar para a sociedade, porém não é isto o que acontece. Os Estados nacionais muitas 
vezes não conseguem governar para a sociedade porque grande parte do dinheiro é gasto com 
juros, etc. 
 
2. DIREITO NA SOCIEDADE 
 
2.1 Natureza e função do direito 
 
A sociedade é caracterizada pelos elementos material (bases físicas da sobrevivência 
humana), formal (normas jurídicas, organização e poder) e finalístico (valores como “progresso”, 
“bem comum”, etc). E é apenas na relação entre estes elementos que a natureza e a função do 
direito podem ser compreendidas. 
Basicamente, a sociedade humana é determinada pelas condições materiais da existência, 
mas não se limita a isto. Pois, a sociedade também produz valores, que orientam a sua evolução. 
Nesse contexto, o direito pode ser considerado um “meio-caminho” entre o que é (a realidade 
existente) e o que deve ser (a realidade desejada). Mais do que um instrumento para a manutenção 
da ordem, as leis servem para aprimorar a sociedade, rumo aos objetivos que se considera mais 
importantes. 
 
2.2. Evolução do direito 
 
Podemos resumir o longo processo de evolução do direito com base nas principais 
transformações que ocorreram na sociedade. Em suas origens, e durante milênios, as relações 
sociais eram baseadas na força, e as normas serviam para afirmar o poder dominante, sem 
consideração por interesses minoritários – em outras palavras, o direito refletia uma profunda 
desigualdade entre as pessoas. Nos séculos recentes, as relações humanas começaram a apresentar 
um caráter mais contratual, em que diferentes interesses recebiam a mesma consideração – ou 
seja, o direito passou a exprimir uma noção de igualdade. Este processo alcançou um novo estágio 
com a democracia moderna, que caracteriza a maior parte dos países desenvolvidos, nos dias 
atuais. 
Assim, verifica-se um fortalecimento da questão dos valores no direito, e uma crítica cada 
vez maior ao uso das leis como simples instrumento de poder. 
 
3. OS DIREITOS HUMANOS NA SOCIEDADE 
 
3.1 Natureza e função dos direitos humanos 
 
Atualmente, não se considera mais o ser humano segundo crenças religiosas ou políticas. 
Tampouco se acredita que o pensamento científico pode resolver todos os problemas sociais, de 
modo infalível. A visão atual sobre o ser humano reconhece, simplesmente, que ele é portador de 
desejos e potenciais que merecem ser protegido, até o limite em que isto não prejudique os 
interesses de outras pessoas – proteção que deve ser realizada pelo Estado, na forma de políticas 
sociais, aplicadas com racionalidade e justiça. 
 
3.2. Luta pelos direitos humanos 
 
Os direitos humanos implicam, basicamente, na dignidade inerente às pessoas. Para 
colocar este conceito em prática, nas diversas situações da vida social, tornou-se necessário 
traduzi-lo em numerosas declarações de direitos – sobretudo, para defender os grupos mais 
vulneráveis, como negros, índios, mulheres, crianças, trabalhadores. Paralelamente às leis, foram 
criadas instituições que têm por finalidade garantir a aplicação dos benefícios no dia-a-dia das 
relações sociais. 
Mas, isto não significa que os direitos são devidamente respeitados. Pois, nos direitos 
humanos, verifica-se um aspecto fundamental do direito – sua plena aplicação ocorre apenas 
quando os interessados agem diretamente, no sentido de reivindicá-los. Ora, ainda existem largas 
parcelas da população que, desprovidas de riquezas e educação, não conseguem acesso à justiça, 
ou são negligenciados pelas autoridades judiciais. Numa sociedade extremamente desigual, abusos 
graves continuam afetando inúmeras pessoas, no mundo inteiro. 
 
3.3. Direitos humanos e função social do direito 
 
Afirmar os direitos humanos significa sugerir que o direito tem uma “função social” – 
expressão que se tornou comum nos dias de hoje. As leis não podem limitar-se a organizar a 
sociedade; é preciso usá-las para conduzir a sociedade rumo à concretização dos direitos humanos, 
que são o único fator capaz de garantir progresso duradouro. Assim, a função social do direito é, 
basicamente, fomentar o respeito pelo ser humano (e, pode-se acrescentar, pelo planeta também, 
incluindo todas as espécies vivas que abrange – já que a humanidade relaciona-se, numa estreita 
simbiose, com o ambiente onde vive). 
Através dos direitos humanos, o direito reencontra a sua missão primordial, que jamais 
devia ter esquecido: implementar a justiça nas relações humanas. Para isso, cumpre valorizar-se 
também o Direito Ambiental, sem o que a base da vida estará sempre ameaçada. O direito, junto a 
todos os demais setores do conhecimento, enfrenta este desafio, de auxiliar para construir uma 
sociedade mais justa, não só para alguns grupos ou indivíduos (como acontece até hoje), mas para 
todas as pessoas, em harmonia com a vida neste planeta. 
 
4. A concepção de Estado 
 
O Estado como ordem política da Sociedade é conhecido desde a Antiguidade até os dias 
atuais, mas nem sempre teve essa denominação. A polis do grego ou a civitas e a republica dos 
romanos era a linguagem que traduzia a idéia de Estado, principalmente por representar a idéia de 
comunidade, ordem política e cidadania. Mais tarde as palavras Imperium e Regnum, passaram a 
exprimir a idéia de Estado, que significava domínio e poder. Na Idade Media se empregava o uso 
da palavra Laender (Paises), que traz a idéia de território. O emprego moderno do nome Estado 
vem reparado por Maquiavel “ Todos os Estados, todos os domínios que têm tido ou têm império 
sobre os homens são Estados, são repúblicas ou principados”. 
Hegel, numa acepção filosófica descreveu o Estado como “a realidade da idéia moral”, a 
substância ética consciente em si mesma”, a manifestação visível da divindade”. 
Já Kant viu no Estado apenas o ângulo jurídico, ao explicá-lo como “a reunião de uma 
multidão de homens vivendo sob as leis do Direito”. Del Vecchio conceitua o Estado como “o 
sujeito da ordem jurídica na qual se realiza a comunidade de vida de um povo”. A definição de 
Del Vecchio, do ponto de vista jurídico, corresponde quando ele separando o Estado e a 
Sociedade, nota que o Estado é o laço jurídico ou político ao passo que a Sociedade é uma 
pluralidade de laços. O conceito de Estado de Burdeau é de igual teor jurídico, ele diz que “o 
Estado se forma quando o poder assenta numa instituição e não num homem, chegando nesse 
resultado mediante uma operação jurídica que ele chama de institucionalização do Poder”. 
Pelo lado sociológico podemos citar Marx e Engels como alguns dos maiores defensores, 
eles explicam o Estado como fenômeno histórico passageiro, oriundo da aparição da luta de 
classes na Sociedade, para esses pensadores o Estado, é uma instituição que nem sempre existiu e 
que nem sempre existira, fadado, portanto ao desaparecimento. Fundamentado neste conceito Max 
Weber acredita que só um instrumento consegue definir sociologicamente o Estado moderno, bem 
como toda associação política: a força. De modo que se valendo de tais reflexões Weber, chegaa 
um conceito de Estado: “ aquela comunidade humana que, dentro de um determinado território, 
reivindica para si, de maneira bem sucedida, o monopólio da violência física legitima”. 
 
5. Elementos constitutivos do Estado 
 
Pode-se ter como base dois elementos constitutivos que a teoria política ordinariamente 
reconhece no Estado, os elementos de ordem formal e os de ordem material. 
No elemento de ordem formal, há o poder político na Sociedade, que segundo Duguit, 
surge do domínio dos mais fortes sobre os mais fracos. 
E de ordem material, os elementos humanos, que se qualifica em graus distintos como, 
população, povo e nação, em termos demográficos, jurídicos e culturais, bem como o elemento 
território. 
Existe ainda outro conceito de elementos constitutivos de Estado, formulado por Jellinek, 
que diz que o Estado “é a corporação de um povo, assentada num determinado território e dotada 
de um poder originário de mando”. 
 
 
 
 
 
6. O poder do Estado 
 
O poder pode se resumir naquela energia básica que anima a existência de uma 
comunidade humana num determinado território, conservando-a unida, coesa e solidária. Com o 
poder se ligam a força e a competência, se o poder se repousa exclusivamente na força, ele se usa 
de meios violentos para impor a obediência, não importando sua solidez ou estabilidade, torna-se 
sempre um poder de fato. Mas se o poder busca seu apoio mais na competência, mais no 
consentimento dos governados, transforma num poder de direito. 
A força exprime a capacidade material de controlar interna e externamente, já o poder 
significa a organização ou disciplina jurídica da força, e a autoridade traduz o poder quando ele se 
explica pelo consentimento tácito ou expresso dos governados. O poder com autoridade é o poder 
total, apto a dar soluções aos problemas sociais. Quanto menor a contestação e maior o 
consentimento e adesão do grupo, mais estável se apresentará o ordenamento estatal, unindo a 
força ao poder e o poder a autoridade, onde o consentimento social for fraco, a autoridade refletirá 
essa fraqueza, onde for forte à autoridade se achará fortalecida. Os traços que descrevem a 
fisionomia do Estado podem ser, a imperatividade, a capacidade de auto-organização, a unidade e 
indivisibilidade do poder, o principio de legalidade legitimidade e a soberania. 
 
6.1 Imperatividade 
 
Todo indivíduo numa sociedade estatal não pode renunciar a autoridade da soberania, 
nascemos no Estado e é incompreensível a vida fora do Estado. Todas as associações que 
participamos seja ela a Família, a religião, são de participação voluntária, deixando aos seus 
membros sempre livres para entrar e sair, já do Estado não estamos livres, pois é ele que possui o 
monopólio da coação organizada, que além de emitir regras de comportamento, dispõe de meios 
materiais para impor o cumprimento rigoroso dos princípios de ordem da conduta social. 
O poder do Estado neste caso implica numa diferenciação entre governantes e governados, 
entre homens que mandam e homens que obedecem, entre os que detêm o poder e os que a ele se 
sujeitam. 
 
 
6.2 Capacidade de auto-organização 
 
A capacidade de auto-organização é outro traço que deriva da existência do poder estatal, o 
caráter estatal de uma organização social, é uma conseqüência, de um direito próprio, determinado 
pelo povo através do voto o seu próprio destino político, de uma autonomia constitucional, que vai 
exercer um poder de organização sobre os seu componentes. Existe o Estado desde que o poder 
social esteja em condições de elaborar ou modificar por direito próprio e originário uma ordem 
constitucional. 
 
6.3 A unidade e indivisibilidade do poder 
 
 A indivisibilidade do poder significa que somente pode haver um único titular 
desse poder, que será sempre o Estado. Esta indivisibilidade do poder do Estado, se da a conhecer 
através dos órgãos estatais, que determinam em seus atos e decisões o caráter e os fins do 
ordenamento político. O poder do Estado é indivisível, a divisão só se faz quanto ao exercício do 
poder, que podem ser de três tipos fundamentais: a função executiva, a legislativa e a judiciária. 
Portanto, no Estado só há a divisão de competências e não de poder. 
 
6.4 O principio da legalidade 
 
Exprime a observância das leis, isto é, o procedimento da autoridade em uniformidade 
exata com o direito estabelecido. Ou em outras palavras diz que o poder estatal deverá sempre 
atuar conforme as regras jurídicas vigentes. Neste caso o funcionamento do Estado e a autoridade 
dada aos governantes devem seguir a Constituição, cujos preceitos são a base sobre a qual se 
estabelece tanto o exercício do poder, como a competência dos órgãos estatais. 
 
7. A Relação homem e Sociedade 
 
O homem sempre viveu em sociedade desde os tempos mais primitivos de sua historia. Ele 
precisa desse relacionamento com outros homens para sobreviver e através desse convívio forma-
se a sociedade, que lhe dará segurança, proteção e de mais condições para se desenvolver. O 
homem precisa de uma sociedade para viver, pois é nela que divide suas tarefas, além de sua 
proteção e de seus bens e ainda encontra atração entre os sexos. 
O homem apresenta uma característica fundamental que consiste em depender de outros 
homens para a realização plena de sua natureza. 
 
8. Origem 
 
Alguns pensadores dizem que a sociedade é fruto da própria natureza humana, outros 
dizem que a sociedade é um ato de vontade humana. 
 
8.1 Sociedade Natural 
 
Aristóteles afirma que o homem é um ser eminentemente social, que necessita relacionar-
se constantemente com outros homens para poder se desenvolver. Nessa mesma linha de 
raciocínio São Tomas de Aquino compartilha as mesmas idéias de Aristóteles e afirma que o 
homem é um animal eminentemente social e político, e que a sociedade representa para o homem 
um elemento vital para sua sobrevivência. Porém, diz que o isolamento social pode ocorrer, mas 
este é uma exceção, pois só ocorre em casos excepcionais, tais como: em pessoas que sofrem de 
algum tipo de doença mental, em virtude de acidentes e naufrágios, ou no caso de pessoas 
extremamente inteligentes e bem dotadas que vivem em profunda união com a própria divindade, 
como é o caso dos eremitas. 
 
8.2 Sociedade Contratual 
 
 Em oposição à sociedade natural surgem os contratualistas, que defendem a tese de 
que somente a vontade humana justifica a existência de Sociedade. Para Platão em sua obra “A 
República” a organização social é criada racionalmente pelo homem e não por simples impulso 
natural. 
A sociedade necessita da convivência pacifica de seus membros para sobreviver, e isso só 
é possível mediante a implementação de normas sociais, que garantam os direitos de cada um. 
Sendo necessário também que se estabeleça os deveres e limites de atuação de cada cidadão nessa 
sociedade. 
Para que exista a sociedade é preciso ter-se três elementos presentes: os membros, os 
objetivos e as regras. 
 
9. Elementos característicos 
 
A Sociedade é composta de elementos materiais (homens e base física), elementos formais 
(norma jurídicas, organização e poder) e elementos finalísticos (o bem comum, o progresso, a 
cultura, etc.). 
O homem é um elemento fundamental para a sociedade, porque a concepção de sociedade 
está ligada ao de relações humanas, uma vez que ela não é uma mera zona de indivíduos 
isoladamente. A Sociedade surge em virtude da união de diversas relações entre os indivíduos 
visando a um bem comum. O que ocorre entre os animais irracionais nada mais é do que uma 
mera associação. 
 Por base física entende-se o local onde se desenvolvem as relações sociais. Ela é 
também um fato determinante para limitar o âmbito de atuação das normas vigentes em uma 
determinada sociedade. 
As normas jurídicas são o meio utilizado pela sociedade para disciplinar e organizar o 
comportamento de seus integrantessão também os veículos que estabelecem os direitos e deveres 
dos integrantes da sociedade, para que convivam de maneira harmônica e pacifica. 
O poder é um fenômeno social e bilateral, decorrente da vontade de dois ou mais 
indivíduos, onde uma sempre prevalece sobre a vontade dos demais. O poder sempre existiu, 
mesmo nas sociedades naturais, nelas ele estava implícito no respeito a regras intuitivas, formada 
pelo agir espontâneo do grupo. Nas sociedades primitivas o poder se confundia com a força física, 
os mais fortes fisicamente, mais valentes para defender o grupo eram dotados de maior poder. 
Com o passar do tempo o poder passou a se confundir com a capacidade econômica, indivíduos de 
maior reserva material eram mais poderosos, porque nos períodos de escassez de alimentos eram 
aqueles que sobreviviam. 
 
Com a evolução da sociedade o poder ficou associado a conceito de legitimidade. Isso 
significa que as aspirações da sociedade e os objetivos do poder devem ser coincidentes. O poder 
para ser legitimo necessita do consentimento da maioria dos membros que compõem a sociedade. 
Vale dizer que o poder e o direito são simultâneos, pois o poder sem normas, não passa de uma 
mera manifestação de violência que não chega à realização do bem comum. 
Outro elemento característico da sociedade humana é a cultura e o progresso, a cultura é o 
elemento impulsionador da dinâmica social. 
 
10. Tipos de Sociedades 
 
Existem vários tipos de sociedades: familiar; religiosa; política; etc. A sociedade familiar é 
a mais antiga que se conhece, porque todo homem nasce dentro de um núcleo familiar. Ela é a 
sociedade natural, é o local onde se da a socialização do homem pelo aprendizado dos seus 
valores e das suas regras fundamentais. 
O fenômeno associativo ultrapassa a existência da família para organizar-se em inúmeras 
entidades com fins e formas das mais variadas. O homem agrupa-se para realizar tarefas 
econômicas, culturais, recreativas, religiosas, esportivas, filantrópicas, políticas, etc, pois através 
dessas sociedades atinge objetivos que não alcançaria sozinho ou em seu pequeno grupo familiar. 
 
11. Sociedades Políticas 
 
A Sociedade política tem por notas caracterizadoras o fato de ser mais abrangente, pela 
amplitude dos seus fins, que as demais, e também por encerrar dentro de si mesma essas ultimas. 
 Tendo atingido um certo nível de complexidade as diversas sociedades existentes 
estavam requerendo uma organização mais ampla, que disciplinasse o seu mútuo relacionamento e 
passasse a zelar pelos interesses emergidos do conjunto dessas sociedades. Daí o surgimento dos 
governantes, detentores de um poder que sobrepairava a todos e cujos fins iam-se moldando as 
necessidades da época. Era a política que surgia. “Sociedade política é aquela que tem em mira a 
realização dos fins daquelas organizações mais amplas que o homem teve necessidade de criar 
para enfrentar o desafio da natureza e de outras sociedades rivais.” 
 
O poder político é o ponto para o qual divergem os demais poderes na medida em que 
pretendam influir nos destinos da sociedade. É ainda o poder que edita normas gerais a quem a 
sociedade deve obedecer(leis) e também a de aplicar estas normas através da administração e da 
Jurisdição no sentido de dar forma à sociedade. A Sociedade política de maior relevo é o Estado. 
 No mundo atual, verifica-se uma conjunção de fatores jurídicos, sociais e políticos. Os 
atos humanos – ao menos, aqueles mais relevantes para a vida individual e coletiva – são 
regulados por normas, definidas e impostas pelo Estado, que é representante da sociedade. Torna-
se cada vez mais difícil, hoje, citar um aspecto da existência em que o indivíduo não se relaciona – 
por força das leis, ou mesmo das convenções sociais – com os seus semelhantes. 
Assim, o direito nasceu num contexto de violência, como forma de legitimação 
(impositiva) da autoridade dos mais fortes. Com o desenrolar da História, esta legitimação 
assumiu outro aspecto (contratual), reconhecendo o direito de participação de um número 
crescente de indivíduos na condução da sociedade. É claro, o direito é sempre coercitivo, mas 
agora percebe-se que esta capacidade de coerção deve ser usada na defesa dos direitos, e não para 
suprimi-los. 
E é no contexto da sociedade que o ser humano constrói não apenas o direito, mas todas as 
condições necessárias para a sua sobrevivência. A sociedade é um resultado da natureza gregária 
do ser humano, e também de sua capacidade de orientar, racionalmente, as relações que estabelece 
com os seus semelhantes (e, num nível mais amplo, com o ambiente onde vive). Neste processo, a 
sociedade oferece, além daqueles elementos materiais indispensáveis à vida (alimento, moradia, 
segurança), elementos necessários para a evolução cultural do ser humano (por exemplo, a 
socialização do saber). Pode-se afirmar que há muitas formas de sociedade, que pode ser religiosa, 
familiar, etc – sendo que a sociedade política alcançou posição dominante, a ponto de abranger 
todas as demais. 
O Estado, com suas normas e seus instrumentos de aplicação das mesmas, é o ápice da 
organização social. Centraliza, justamente, a sociedade política, sendo, ao mesmo tempo, 
resultante e direcionador de suas relações. 
John Kennedy, proferiu em um de seus memoráveis pronunciamentos a seguinte frase: 
“Não pergunte o que seu país pode fazer por você, e sim o que você pode fazer pelo seu 
país”. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
GOYARD-FABRE, Simone. Os fundamentos da ordem jurídica. São Paulo: Martins 
Fontes, 2002. 
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. São Paulo: Malheiros Editores,10 edição, 2004. 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. São Paulo: 
Celso Bastos, 5 edição, 2002. 
 
12. Karl Marx e a crítica ao capital. 
 
Auguste Comte foi o criador do termo Sociologia. Comte viu logo cedo (1819), a 
importância de reorganizar as idéias, o saber e a opinião. 
Para Comte, a Sociologia compreende todo um contexto que se relaciona com o 
comportamento prático do homem em sociedade e ele acreditava que a sociedade humana só 
poderia ser convenientemente organizada a partir de uma certa ordem. 
O centro da filosofia positivista de Comte parte da idéia de que a sociedade só pode ser 
reorganizada através de uma completa reforma intelectual das pessoas. Do positivismo é que vem 
o lema da nossa bandeira Ordem e Progresso. 
 
Karl Marx – Obra: O Capital, escrito em 1867. Marx considera o capitalismo um modo de 
produção transitório, sujeito a crises econômicas cíclicas, e que, por efeito do agravamento de 
suas contradições internas, deverá ceder o lugar ao modo de produção socialista, mediante a 
prática revolucionária. A teoria política marxista, considera que a luta de classes é o motor da 
história e que o Estado é sempre um órgão a serviço da classe dominante, cabendo a classe 
operária lutar pelos seus direitos e garantias. 
Luta de Classes – conflitos e antagonismos entre as classes sociais, decorrentes da 
oposição de interesses econômicos e políticos. Pode-se expressar de diversas formas, desde a luta 
econômica, passando pela luta política (por exemplo, a disputa parlamentar entre os partidos 
representantes das diversas classes), até a luta armada. O marxismo considera a LUTA DE 
CLASSES a principal força matriz das transformações sociais. 
Marx mostra que: a Economia Política trata do modo pelo qual os homens procuram os 
bens dos quais têm necessidade para viver. 
Marx Alega que os homens procuram os bens exclusivamente pela compra e venda de 
mercadorias. As pessoas tomam posse delas comprando-as com dinheiro, que constitui sua renda. 
Na análise desse aspecto social o indivíduo satisfaz suas necessidades de adquirir os produtos e 
Marx mostra formas bastante diversas de renda que podem ser classificadas em trêsgrupos: 
o capital: rende a cada ano ao capitalista um lucro; 
a terra: rende ao proprietário rural uma renda fundiária; e 
a força de trabalho: rende ao operário um salário. 
Para o capitalista, o capital, para o proprietário rural, a sua terra e para o operário sua 
força de trabalho, ou melhor: lucro, renda fundiária e salário. 
Essas rendas constituem rendas anuais de três classes sociais: a) dos capitalistas; b) dos 
proprietários rurais (fundiários) e c) dos operários. 
Mais-valia - É o trabalho não pago, não remunerado; excedente de produção que vai para 
“as mãos”do capitalista. O valor excedente produzido pelo operário é o que Marx chama de mais-
valia. 
Marx mostra criticamente que a mais-valia é produzida nas organizações pelo emprego da 
força de trabalho. O capital compra a força de trabalho e paga em troca o salário. 
A idéia de alienação - Marx desenvolve o conceito de alienação mostrando que a 
industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de 
produção - ferramentas, matéria-prima, terra e máquina - que se tornaram propriedade privada do 
capitalista. 
Marx separava também, ou alienava, o trabalhador do fruto do seu trabalho, que também é 
apropriado pelo capitalista. Essa é a base da alienação econômica do homem sob o capital. 
Marx comenta que “na sociedade de classes o Estado representa apenas a classe 
dominante e age conforme o interesse desta. Segundo Marx, as desigualdades sociais observadas 
no seu tempo, eram provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, que dividem 
os homens em proprietários e não-proprietários dos meios de produção. As desigualdades são a 
base da formação das classes sociais. 
As relações entre os homens se caracterizam por relações de oposição, antagonismo, 
exploração e complementaridade entre as classes sociais. 
Marx identificou relações de exploração da classe dos proprietários - a burguesia - sobre a 
dos trabalhadores - o proletariado. Isso porque: a posse dos meios de produção, sob a forma legal 
de propriedade privada, faz com que os trabalhadores, a fim de assegurar a sobrevivência, tenham 
de vender sua força de trabalho ao empresário capitalista, o qual se apropria do produto do 
trabalho de seus operários (mais-valia). 
As relações entre as classes são complementares, pois uma só existe em relação à outra. Só 
existem proprietários porque há uma massa de despossuídos, cuja única propriedade é sua força de 
trabalho, que precisam vender para assegurar a sobrevivência. 
Relações Políticas - diante da alienação do operariado, as classes economicamente 
dominantes desenvolveram formas de dominação políticas que lhes permitem apropriar-se do 
aparato de poder do Estado e, com ele, legitimar seus interesses sob forma de leis e planos 
econômicos e políticos. 
Cada forma assumida pelo Estado na sociedade burguesa, seja sob o regime liberal, 
monárquico, constitucional ou ditatorial, representa maneiras diferentes pelas quais ele se 
transforma num “comitê para gerir os negócios comuns de toda a burguesia” (Karl Marx, 
Manifesto do Partido Comunista, in Cartas filosóficas e outros escritos, p.86). 
A classe trabalhadora sofrendo progressivo empobrecimento em razão das formas cada vez 
mais eficientes de exploração do trabalhador, acaba por se organizar politicamente. Essa 
organização é que permite a tomada de consciência da classe operária e sua mobilização para a 
ação política. 
 
13. O Estado contemporâneo e seus problemas 
 
Um dos principais motivos de crise do Estado contemporâneo é que o homem do século 
XX está preso a concepções do século XVIII, quanto à organização e aos objetivos de um Estado 
Democrático. A necessidade de eliminar o absolutismo dos monarcas, que sufocava a liberdade 
dos indivíduos, mantinha em situação de privilégio uma nobreza ociosa e negava segurança e 
estímulo às atividades econômicas, levou a uma concepção individualista da sociedade e do 
Estado. A aspiração máxima era a realização de valores individuais, e para isso considerou-se 
indispensável conter o poder político através da própria estruturação de seus organismos. 
Procurou-se, então, impor ao Estado um mecanismo de contenção do poder, destinado a assegurar 
um mínimo de ação estatal, deixando aos próprios indivíduos a tarefa de promoção de seus 
interesses. Desde então, todas as discussões sobre o Estado e todas as experiências levadas a 
efeito foram motivadas pela busca da melhor forma de atingir aqueles objetivos. 
 
Durante o século XIX a aspiração ao Estado Democrático vai-se definindo, até se 
transformar, já no século XX, num ideal político de toda a Humanidade, fazendo com que os 
regimes políticos mais variados e até contraditórios entre si afirmem ser melhores do que os 
demais por corresponderem mais adequadamente às exigências do Estado Democrático. 
Examinando-se as construções doutrinárias e as manifestações práticas tendentes à fixação das 
características fundamentais do Estado Democrático, vamos encontrar os seguintes pontos de 
conflito: 
 O problema da supremacia da vontade do povo. Durante o século XVIII surgiu a 
República, simbolizando o governo popular. No século seguinte, dando-se mais ênfase à função 
legislativa e preferindo-se concentrar maior autoridade nos corpos legislativos, como uma garantia 
contra os governos absolutos, surge o problema da representação. De início as dificuldades foram 
menores, porque todos os representantes, tanto conservadores quanto progressistas, eram 
originários de uma classe economicamente superior. Assim, as divergências não atingiam pontos 
fundamentais da organização social, como o regime de produção e o uso da propriedade. Mas o 
individualismo promoveu a concentração de grandes massas de trabalhadores em núcleos urbanos, 
e os exageros do capitalismo individualista levaram essas massas ao desespero, forçando-as a uma 
ação política. Desenvolvem-se então os movimentos proletários, mais violentos primeiro e mais 
habilidosos depois, trabalhando organizadamente para conquistar o poder, ou pelo menos ter uma 
participação nele. 
E o grande problema do sistema representativo no século XX acaba sendo o encontro de 
uma fórmula adequada para a integração política das massas operárias. Os representantes 
tradicionais, originários das classes economicamente superiores, têm mentalidade, métodos de 
trabalho e até linguagem que não se entrosam com as características dos representantes, provindos 
das classes trabalhadoras. Estes têm mais agressividade, pretendem reformas profundas e 
imediatas, revelando sempre acentuada desconfiança no seu relacionamento com os primeiros. E 
apesar desses desencontros tão pronunciados eles devem conviver nos partidos políticos e nos 
parlamentos. 
 
A conseqüência foi o descrédito do próprio sistema representativo, pois os conflitos 
freqüentes e profundos tornaram o processo legislativo demasiado lento e tecnicamente 
imperfeito, pela necessidade de acordos e transigências sempre que se debate um assunto 
relevante. E à vista disso tudo, vários autores e muitos líderes concluíram que a falta está no 
povo, que é incapaz de compreender os problemas do Estado e de escolher bons governantes. 
Esses é um dos impasses a que chegou o Estado Democrático: a participação do povo é tida como 
inconveniente, e a exclusão do povo é obviamente antidemocrática. 
 
Dilema entre a supremacia da liberdade ou da igualdade. No final do século XVIII 
consagrou-se a liberdade como o valor supremo do indivíduo, afirmando-se que se ela fosse 
amplamente assegurada todos os valores estariam protegidos, inclusive a igualdade. O que se 
considerava indispensável era que não houvesse qualquer interferência do Estado, deixando-se 
todos os indivíduos igualmente livres para cuidarem de seus próprios interesses. Mas a 
experiência demonstrou com muita eloqüência que tal regime, na realidade, só asseguravaa 
liberdade para os que participassem do poder econômico. Os que dependiam do próprio trabalho 
para viver foram ficando cada vez mais distanciados dos poucos que detinham o capital, mas 
ganhando para sobreviver e sem a mínima possibilidade de progredir econômica e socialmente. 
 Surgiu então uma corrente doutrinária e política manifestando a convicção de que a 
liberdade como valor supremo era a causa inevitável da desigualdade. Entendiam, por isso, 
indispensável um sistema de controle social que assegurasse a igualdade de todos os indivíduos. 
As injustiças profundas, contidas nas desigualdades, eram interpretadas como conseqüência de 
falhas na organização social, acumuladas durante muitos séculos. Chegara-se a um ponto em que 
havia uma classe cheia de privilégios, encontrando-se entre os privilegiados muitos indivíduos que 
não revelavam o mínimo valor pessoal e que nada tinham feito para justificar sua posição. 
 De outro lado, uma classe desprovida de qualquer proteção e sem possibilidade prática de 
exercer os direitos que formalmente possuía. Essa classe, portanto, não era tratada com igualdade. 
Colocou- se então a igualdade como valor supremo, do qual todos os outros deveriam depender, 
pois mesmo as restrições aos valores seriam impostas com igualdade para todos os indivíduos e 
isso seria justo. 
 
Chegou-se por essa via a um segundo impasse: ou dar primazia à liberdade, sabendo de 
antemão que isso iria gerar desigualdades muitas vezes injustas, ou assegurar a igualdade de todos 
mediante uma organização rígida e coativa, sacrificando a liberdade. Mas ambas as posições 
seriam contrárias ao ideal de Estado Democrático. 
 Problemas decorrentes da identificação do Estado Democrático ideal com determinada 
forma de Estado e de governo. A idéia inicial de que era necessário enfraquecer o poder do 
Estado e a posterior criação de mecanismo de controle contidos na própria organização do Estado 
levaram à conclusão de que só haveria Estado Democrático onde houvesse existência de um 
controle formal do poder aparentemente enfraquecido não assegurava o caráter democrático do 
Estado. Com muita facilidade o enfraquecimento aparente não correspondia à realidade, pois o 
mesmo grupo ou até o mesmo indivíduo exercia domínio sobre todas as partes e, em 
conseqüência, o controle recíproco que elas ostensivamente exerciam não tinha qualquer sentido 
prático, pois todas eram dependentes do mesmo centro de dominação. E o que se tornou mais 
grave foi que essa forma, aceita como um pressuposto de que o Estado era democrático, passou a 
ser utilizada para ocultar o totalitarismo, que se vestia com a capa do Estado Democrático. 
 Por outro lado, entretanto, havia a certeza de que a eliminação desses mecanismos de 
controle e enfraquecimento do poder político representaria, fatalmente, a eliminação da 
democracia. Daí um terceiro impasse: manter o Estado Democrático preso a uma forma, sabendo 
que isso poderia servir como um disfarce muito conveniente para a ditadura, ou eliminar a 
exigência de determinada forma, abolindo com isso o controle e favorecendo a concentração do 
poder e sua utilização arbitrária. 
 Tudo isso gerou a crise do Estado Democrático, levando os mais pessimistas à conclusão 
de que a democracia é utópica, porque na prática encontra obstáculos intransponíveis, 
emaranhando-se em conflitos insuperáveis. O povo, julgado incapaz de uma participação 
consciente, deveria se afastado das decisões, ficando estas a cargo de indivíduos mais preparados, 
capazes de escolher racionalmente o que mais convém ao povo. 
 A liberdade considerada um mal, porque é fonte de abusos, devendo portanto ser 
restringida, a bem da ordem e da paz social. A igualdade, por sua vez, não poderia ser aceita, pois 
os governantes, que sabem mais do que o povo e trabalham para ele, devem gozar de todos os 
privilégios, como reconhecimento por seus méritos e sua dedicação. Quanto à organização do 
Estado e do governo, é preciso que exista uma forma rígida, para que se assegure o máximo de 
eficácia do Estado. 
 Mas, evidentemente, a aceitação desses argumentos representa a rejeição da democracia 
e a aceitação da ditadura. E a experiência já comprovou amplamente que a melhor ditadura causa 
mais prejuízos do que a pior democracia. Na verdade, só o excesso de pessimismo ou o 
oportunismo político é que se satisfazem com a conclusão de que o Estado Democrático é uma 
impossibilidade. É inegável que há dificuldades a superar e que a experiência não tem sido muito 
animadora. Entretanto, como já foi ressaltado, as dificuldades têm decorrido, basicamente, da 
inadequação das concepções, pois o homem do século XX, vivendo a plenitude da sociedade 
industrial, orienta-se pelos padrões políticos da sociedade agrária e mercantilista do século XVIII. 
 O Estado Democrático é um ideal possível de ser atingido, desde que seu valores e sua 
organização sejam concebidos adequadamente. Para atingi-lo, é imprescindível que sejam 
atendidos os seguintes pressupostos: 
 Eliminação da rigidez formal. A idéia de Estado Democrático é essencialmente contrária 
à exigência de uma forma preestabelecida. Tanto uma estrutura capitalista quanto uma socialista 
podem ser democráticas ou totalitárias, o mesmo acontecendo quando o poder é concentrado ou 
formalmente dividido, quando o governo é parlamentar ou presidencial, monárquico ou 
republicano. O Estado Democrático, para que realmente ou seja, dependente de várias condições 
substanciais, que podem ser favorecidas ou prejudicadas pelos aspectos formais, mas que não se 
confundem com estes. Para que um Estado seja democrático precisa atender à concepção dos 
valores fundamentais de certo povo numa época determinada. 
 Como essas concepções são extremamente variáveis de povo para povo, de época para 
época, é evidente que o Estado deve ser flexível, para se adaptar às exigências de cada 
circunstância. Isso já demonstra que, embora a idéia de Estado Democrático seja universal quanto 
aos elementos substanciais, não é possível a fixação de uma forma de democracia válida para 
todos os tempos e todos os lugares. 
 Supremacia da vontade do povo. Um dos elementos substanciais da democracia é a 
prevalência da vontade do povo sobre a de qualquer indivíduo ou grupo. Quando um governo, 
ainda que bem intencionado e eficiente, faz com que sua vontade se coloque acima de qualquer 
outra, não existe democracia. Democracia implica autogoverno, e exige que os próprios 
governados decidam sobre as diretrizes fundamentais do Estado. O argumento de que o povo é 
incapaz de uma decisão inteligente não pode ser aceito, porque contém o pressuposto de que 
alguém está decidindo se a orientação preferida pelo povo é boa ou não. Assim sendo, a 
orientação será considerada boa ou má de acordo com as preferências de quem a estiver julgando. 
Basta atentar-se para o fato de que, qualquer que seja a decisão popular, sempre haverá grupos 
altamente intelectualizados e politizados que irão considerá-la acertada, como haverá grupos 
opostos, também altamente qualificados, que a julgarão errada. 
 Não havendo a possibilidade de um acordo total quanto às diretrizes políticas, não há 
razão para que prevaleça a opinião de um ou de outro grupo, devendo preponderar a vontade do 
povo. Mas o povo é uma unidade heterogênea, sendo necessário atender a certos requisitos para 
que se obtenha sua vontade autêntica. Em primeiro lugar, essa vontade deve ser livremente 
formada, assegurando-se a mais ampla divulgação de todas as idéias e o debate sem qualquer 
restrição para que os membros do povo escolham entre múltiplas opções. Em segundo lugar, a 
vontade do povo deve ser livremente externada, a salvo de coação ao vício de qualquer espécie. É 
indispensável que o Estado assegure a livre expressão e que os mecanismos de aferição da 
vontade popular não dêem margem à influência de fatores criados artificialmente,fazendo-se esta 
aferição com a maior freqüência possível. A par disso, é preciso ter em conta que existe uma 
igualdade substancial de todos os indivíduos. Todo homem é um ser racional, dotado de 
inteligência e de vontade, sendo todos igualmente capazes de proferir julgamento sobre os fatos 
que presenciam e que afetam seus interesses. E como esses julgamentos sempre deverão variar, 
em função dos pontos de vista de quem os profira, verifica-se que é inerente à convivência 
humana o direito de divergir, e que a todos os indivíduos deve ser assegurado esse direito. É este, 
aliás, o fundamento do predomínio da vontade da maioria, que tem por pressuposto que a vontade 
de todos os indivíduos é substancialmente igual em valor. 
 Evidentemente, a exclusão dos indivíduos física ou mentalmente inaptos não vicia o 
sistema, porque esses indivíduos não estão na plenitude do uso da inteligência e da vontade. Mas 
as exclusões devem ser reduzidas ao mínimo possível e devem ser conseqüência de decisões 
inequívocas do próprio povo. 
 
A preservação da liberdade. A possibilidade de escolha seria insuficiente, se não fosse 
orientada para os valores fundamentais da pessoa humana, revelados e definidos através dos 
séculos. Um desses valores é a liberdade, sem dúvida alguma. Entretanto, é indispensável que 
haja coerência na concepção de liberdade. Com efeito, as doutrinas individualistas exaltaram a 
liberdade individual, mas concebendo cada indivíduo isoladamente. Ora, se todos reconhecem 
que o homem é por natureza um ser social, é evidente que se deve conceber sua liberdade tendo 
em vista o homem social, o homem situado, que não existe isolado da sociedade. A liberdade 
humana, portanto, é uma liberdade social, liberdade situada, que deve ser concebida tendo em 
conta o relacionamento de cada indivíduo com todos os demais, o que implica deveres e 
responsabilidades. 
 O problema, como se vê, não é de maior ou menor quantidade de liberdade, mas é de 
qualidade de liberdade. A concepção individualista da sociedade, ignorando o homem como ser 
social, foi fundamentalmente egoísta, pois desligou o indivíduo de compromissos sociais e, por 
isso mesmo, deu margem à mais desenfreada exploração do homem pelo homem, pois cada um 
vivia isolado na sua liberdade, procurando obter o máximo proveito para si. Assim, pois, é 
inaceitável a afirmação de que a liberdade de cada um termina onde começa a do outro, pois as 
liberdades dos indivíduos não podem ser isoladas e colocadas uma ao lado da outra, uma vez que 
na realidade estão entrelaçadas e necessariamente inseridas num meio social. 
 A preservação da igualdade. Também a igualdade já se pôs como um valor fundamental 
da pessoa humana, ligado à igualdade substancial de todos os homens. Em relação à igualdade é 
preciso, também, uma reformulação da própria concepção. Realmente, o individualismo 
exacerbado afirmou a liberdade como um valor, mas limitou-se a considerá-la um direito, sem se 
preocupar em convertê-la numa possibilidade. Em conseqüência, também a igualdade foi apenas 
formal, pois os desníveis sociais profundos, mantidos em nome da liberdade, e a impossibilidade 
prática de acesso aos bens produzidos pela sociedade tornavam impossível, para muitos, o próprio 
exercício dos direitos formalmente assegurados. A reação a essa desigualdade foi também 
desastrosa, pois partiu de uma concepção mecânica e estratificada da igualdade, impondo, 
praticamente, o cerceamento da liberdade para que fosse mantida. 
 A concepção da igualdade como igualdade de possibilidades corrige essas distorções, pois 
admite a existência de relativas desigualdades, decorrentes da diferença de mérito individual, 
aferindo-se este através da contribuição de cada uma à sociedade. O que não se admite é a 
desigualdade no ponto de partida, que assegura tudo a alguns, desde a melhor condição econômica 
até o melhor preparo intelectual, negando tudo a outros, mantendo os primeiros em situação de 
privilégio mesmo que sejam socialmente inúteis ou negativos. 
 
A igualdade de possibilidades não se baseia, portanto, num critério artificial, admitindo 
realisticamente que há desigualdades entre os homens, mas exigindo que também as 
desigualdades sociais não decorram de fatores artificiais. 
 Aí estão os pressupostos fundamentais do Estado Democrático possível. Dotando-se o 
Estado de uma organização flexível, que assegure a permanente supremacia da vontade popular, 
buscando-se a preservação da igualdade de possibilidades, com liberdade, a democracia deixa de 
ser um ideal utópico para se converter na expressão concreta de uma ordem social justa. 
 Corroborando com tal menção, Dalmo de Abreu Dallari, Teoria Geral do Estado, Ed. 
Saraiva-SP (1 995). Págs: 254 – 259 diz que: 
 Assim continuamos no Século XXI com o objetivo de aperfeiçoarmos o modelo do 
Estado a fim de que o mesmo atinja o quanto antes o equilíbrio entre a liberdade e igualdade dos 
seres humanos. 
 Na esperança de ser preservada a verdadeira Democracia nossos destinos estão 
depositados nas mãos desta atual geração que saberá manter o conceito do Estado de Direito 
Social Democrático balanceando a autoridade estatal com o uso das liberdades individuais, 
dentro de um efetivo igualitarismo que reduza ao mínimo a exclusão dos milhões de cidadãos que 
vivem sem o indispensável a uma cidadania decente com educação, casa e saúde. 
 
14. Livro: O PRÍNCIPE – autor: Niccoló Machiavelli 
 
Quem foi Niccoló Machiavelli? 
Machiavelli foi o único velhaco sincero da História; viveu em uma época em que as 
pessoas falavam como anjos e agiam como ladrões. 
Machiavelli fez o que se pedia. Pintou os homens como eles realmente eram naquela época 
e não como fingiam ser. Realista como era, demonstrou ser a Europa nada mais do que um 
formigueiro de selvagens. E então, com uma franqueza brutal, explicou aos interessados, a única 
linguagem que podiam entender, o que precisavam fazer para prosseguir na sua selvageria. 
Deu ao mundo que fingia se ofender com isso, mas que na realidade se regogizava, um 
novo decálogo de brutalidade. Em vez de regras douradas, formulou regras de ferro. Rejeitou o 
Sermão da Montanha, como um sonho impraticável e, em seu lugar, passou a pregar o Sermão da 
Espada.Machiavelli foi um bárbaro, como o resto dos seus contemporâneos; mas, ao contrário do 
resto, não foi hipócrita. 
As idéias de Machiavelli estão claramente expressas na obra O Príncipe. Esse livro é o 
manual da opressão. Machiavelli não se interessava de nenhum modo pelo bem estar dos súditos; 
sua preocupação consistia apenas na grandeza do príncipe. 
 
14.1 O Príncipe 
O Príncipe foi uma das obras da literatura política de grande polêmica em todos os tempos, 
criando grandes inquietações nas mais diversas classes. 
O livro teve um significado universal. Foi escrito na época em que a Itália, dissociada em 
pequenos Estados, ou principados era dominada pela influência dos Estados e exércitos 
estrangeiros. Criado por Machiavelli que viveu numa época conturbada durante a república de 
Florença a qual foi chamado para dirigir a segunda chancelaria onde adquiriu grande experiência 
de governo e negócios político interno e externo, onde se desempenharam várias missões 
diplomáticas. Durante a sua aliança com César Bórgia mostrou-se um grande negociador, pois 
sua habilidade de tratar com os inimigos era incontestável. Com a vitória dos Médicis em 1512 
Machiavelli recolheu-se em Cassiano desenvolvendo estudos literários e históricos. 
O valor de Machiavelli era reafirmado por grandes pensadores que nele se inspiravam. 
Pelo seu apego a realidade política e pelos estudos do mecanismo das forças sociais. Muitos 
buscavam seus ensinamentos procurando auxilio e melhores esclarecimentos sobre fatos 
importantes. O apelo ao Príncipe para que se expusesse pessoalmente nos momentos de perigo e o 
conselho para apoiar-se diretamenteno povo e não nos grandes do estado, eis os elementos de 
relevante significado ético que realçaram alguns dos seus escritos políticos. 
Machiavelli ressalva, que na dúvida entre ser amado ou temido, o Príncipe deve em 
primeiro lugar se preocupar em manter o povo unido e franco. E em segundo lugar evitar o ódio, 
por que “o temor e a ausência de ódio podem coexistir”. É visto que, seria do querer de todos, ser 
amado e ao mesmo tempo temido, portanto, pelo fato de ser uma convenção difícil de ser 
alcançada, é mais seguro ser temido do que amado. O Príncipe não deve focar-se no medo de ser 
tido como cruel, mas sim na maneira como executa tal crueldade. Pois os que desejam ser amado, 
fazem-no com tal piedade, que acabam por desmerecidos de respeito e levam o Estado a desordem 
O Príncipe deve temer somente aos seus súditos, que nem sempre são confiáveis; e ás 
potências estrangeiras, que podem ameaçar seu principado. O meio de defender-se destas duas 
ameaças são as boas armas e os bons amigos. E todavia que tiver boas armas, terá bons amigos. 
O Príncipe dispõe de um dos mais poderosos instrumentos contra as aspirações, o de não 
ser odiado. Assim, o conspirador que sempre acredita poder satisfazer o povo com a morte do 
Príncipe, quando pensa em desagradá-lo, percebe que as dificuldades que terá serão infinitas. E 
quando o povo estiver ao seu lado ele deve temer pouco ás aspirações, mas quando este se voltar 
contra ele, deverá temer todas as coisas e todo o mundo. Os estados organizados e os príncipes 
sábios têm-se organizado para procurar satisfazer o povo e fazê-lo contente, porque esta é uma das 
principais funções que cabem a um Príncipe. “Um Príncipe deve valorizar aos grandes, mas não se 
fazer odiar pelo povo”. 
Nunca se viu um Príncipe que desarmasse seus súditos, pelo contrário, ao vê-los 
desarmados ele trata de arma-los, pois aos lhes dar armas, estas se tornam suas, tornando fiéis os 
que eram suspeitos, conserva-se leais os que já eram e transforma os súditos em seus partidários. 
E no momento em que os desarma, mostra-se desconfiança por má fé, e esta opinião faz com que 
cresça o ódio pelo Príncipe. Por isso, um Príncipe, mesmo que sendo novo, cria exércitos. 
Quando um Príncipe conquista um estado, ele desarma-o, exceto os que lhe ajudaram na 
conquista, sendo assim, com o tempo é preciso torná-los fracos e efeminados, de modo que todo o 
exército naquele estado seja inteiro composto dos seus próprios soldados, vivendo assim próximo 
ao Príncipe e no seu antigo estado. 
“O Príncipe que tiver mais medo do povo do que dos estrangeiros deverá construir 
fortalezas; mas o que tiver mais medo do estrangeiro do que do povo deverá deixa-los de lado”. 
Sendo assim, seria mais seguro não ser odiado pelo povo do que possuir fortalezas. Considerando 
todos esses aspectos, será apoiado quem fizer fortalezas e quem as não fizer também, e certamente 
não será apoiado, quem se confinar nas fortalezas e pouco se preocupar em ser odiado pelo povo. 
Alguns príncipes ou sofriam com a antipatia do povo ou eram bem aceitos pelo povo ou então não 
conseguiam manter sua autoridade perante os nobres. 
 
Os príncipes que culparem a sorte a razão da perda de seu domínio estão errados, pois a 
razão é sua própria negligência. Muitos deles depois dessa queda só pensam em fugir na espera 
que o povo os chamasse para o poder novamente, estando errados, pois quem é ajudado após uma 
queda como essa é considerado um covarde. 
Machiavelli mostra a antiga idéia que diz que, as coisas que acontecem no mundo vão de 
acordo com as decisões de Deus e pelo acaso, essa idéia reforça por acontecimentos rotineiros que 
fogem a previsão humana. Assim muitos se apóiam nessa opinião para deixar que o acaso decida 
o rumo das coisas, porém o próprio Machiavelli considera a condição dos fatos da vida sobre a 
responsabilidade da sorte em 50% e os outros 50% são de responsabilidade do nosso livre-arbítrio. 
Para um Príncipe ser admirado este deve introduzir novas leis, novos métodos para o bem 
de seu país. Deve se fundamentar em suas próprias forças; se cada soldado é bom individualmente 
então em grupo serão melhores ainda, é importante que eles organizem força para que sejam 
capazes de defender seu país dos estrangeiros. 
Machiavelli mudou o comportamento de muitos líderes no século XVI. Escreveu em sua 
obra O Principe muitos ensinamentos que causaram a vitória de muitos que o seguiram e a derrota 
do que o ignoraram. É imprescindível que um administrador tenha conhecimentos dos mesmos. 
Não que deva seguir literalmente suas palavras, mas que possa ter conhecimento de como agir nas 
mais variadas situações. 
Avaliando os capítulos, e adaptando os mesmos ao mundo atual, podemos ver a 
necessidade de sempre estudar o ambiente de uma organização, verificar sua hierarquia, saber os 
momentos certos para defender uma idéia. 
Na visão de Machiavelli, quando um administrador inicia seu trabalho em uma 
organização, ele deve ter consciência que a mesma possui uma cultura, e ela não vai mudar apenas 
pelo seu modo de agir ou pensar. Poucas são as pessoas dispostas as mudanças e, para que possam 
ocorrer ele deve buscar um contorno apresentando o sistema atual com breves alterações, até 
chegar ao nível desejado. Desta forma as mudanças se tornam mais fáceis, porém mais 
demoradas. Após aplicar essa alteração na cultura, deve-se buscar pelo domínio das conquistas 
sempre demonstrando valor pelo trabalho executado e atenção aos que vos falam. 
 
 
Sobretudo, qualquer de cargo elevado deve contar sempre com o apoio dos funcionários, 
sócios ou parceiros. Não é possível dominar uma grande organização sozinho, mas existem 
aqueles que atingem bons cargos usando de má fé. Se beneficiam, porém buscam apenas seu bem, 
e diretamente prejudicando a organização. 
 
15 PODER NAS ORGANIZAÇÕES 
 
 Poder - é a capacidade de influenciar indivíduos, grupos, acontecimentos e 
decisões, e está intimamente relacionado a liderança. O poder tende a corromper e o poder 
absoluto corrompe absolutamente; está amplamente divulgada em nossa cultura atual. 
A maior parte dos cientistas sociais compartilham da idéia de que poder é a capacidade 
para afetar o comportamento dos outros. O poder pode ser considerado como um meio que o 
grupo ou indivíduo tem de fazer com que as coisas sejam realizadas por outros indivíduos ou 
grupos. 
O Poder Social - Um importante processo social é a capacidade que possuem os 
indivíduos ou grupo social de modificar o comportamento de outros grupos ou pessoas. Este 
processo ocorre ao nível do relacionamento individual, quando um grupo decide em qual cinema 
irá no fim de semana, e ao prevalecer a opinião de um dos membros este modificou a dos outros e 
consequentemente o seu modo de agir. Do mesmo modo entre nações alguns apresentam a 
capacidade de influenciar o destino de outras. Estas manifestações estão todas associadas a uma 
importante interação social entre os homens, a que denominamos de poder. 
Para Max Weber, "poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa 
relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade". 
Embora de seu ponto de vista considere o poder "sociológicamente amorfo" (sem forma 
determinada), podemos encontrar os fundamentos dessa probabilidade num leque que inclui a 
legitimidade e a não legitimidade. 
Levando em consideração o aspecto da legitimidade, diríamos que o poder manifesto pela 
autoridade é legítimo pois aceito pela sociedade. 
 
 
 
15.1 Os Componentes do Poder 
 O poder se manifesta através de pelo menos três componentes: a força, a autoridade e a 
influência. Vejamos cada uma delas: 
 
A força - Denominamos força ao uso ou ameaça de coerção física. A coerção física pode 
ser expressa através de armas de todo o tipo - uma lança, um revólver, etc. e é um importante 
atributo da força. Os Estados reservam omonopólio de todos os meios importantes de coerção 
física para a polícia ou as forças militares (exército, marinha, aeronáutica). 
 
A autoridade - Compreendemos autoridade como um direito estabelecido para tomar 
decisões e ordenar ações de outrem. É a legitimação do poder, através da incorporação de 
conteúdo jurídico. Há muitos casos em que a força e a autoridade estão combinadas, como no 
exército, polícia ou prisão. 
A influência - Chamamos de influência à habilidade para afetar as decisões e ações de 
outros, mesmo não possuindo autoridade ou força para assim proceder. É influente um indivíduo 
que consegue modificar o comportamento dos outros sem ocupar um cargo público ou privado, e 
não utilizar nenhuma forma de coerção física. 
 
15.2 Elites 
 Se entende por elite uma minoria que existe em todas as sociedades e que por várias 
formas é detentora de autoridade ou poder, em contraposição a uma maioria que dele está privada. 
Uma vez que existem várias formas de poder, podemos dizer que existem elites que 
correspondem a cada tipo de poder - seja ele político, econômico, social. 
O poder que detém as elites pode ter várias origens. Podemos ter desse modo elites que 
têm o seu poder emanado da tradição, da herança patriarcal (elites tradicionais); as que se 
originam da eficiência burocrática (elites tecnocráticas); da posse de bens e capitais (elites 
econômicas); da alta posição da hierarquia partidária (elites políticas). 
Entretanto, nos últimos anos houve um aumento da consciência de que o poder não é 
necessariamente mau, que o uso do poder pode ser essencial para a realização eficaz das metas 
individuais, organizacionais e sociais. 
Sobre o poder, Niccolò Machiavelli, no século XVI, escreveu sua grande obra: O Príncipe. 
De acordo com Machiavelli, os lideres podem ser eficazes se 1. conseguirem o amor das pessoas 
ou 2. agirem energicamente para que as pessoas os respeitem. 
 
15.4 Limites ao uso de autoridade e poder 
todos os membros da organização têm restrições ou limitações à sua autoridade. O 
presidente dos Estados Unidos não pode legalmente declarar guerra; só o Congresso tem 
autoridade para isso. Os executivos de alto nível das grandes corporações, apesar de muitos 
poderosos, sentem a falta de autoridade absoluta. Alguns desses limites são impostos por fatores 
externos como agências do governo federal, estadual ou local, contratos com representantes ou 
fornecedores, acordos salariais, etc. 
Fatores internos também podem limitar a autoridade do administrador. Entre eles estão 
regulamentos, diretrizes, regras, procedimentos, orçamento e descrição de funções da organização. 
Um vice-presidente pode ter autoridade para gastar, por exemplo, R$ 250.000,00 sem consultar o 
presidente, enquanto que um supervisor tem permissão para gastar somente R$ 100,00 , em 
fornecimento necessários, sem ter que pedir a liberação do chefe de departamento. 
A extensão da autoridade é maior no topo da organização e menor nos níveis mais baixos 
da cadeia de comando. Contudo, há restrições ou limites até mesmo na autoridade dos acionistas. 
Por exemplo: eles só podem agir segundo o regulamento da corporação e não podem fazer nada 
ilegal - como recusar-se a pagar impostos válidos. 
 
 
Centralização - é a concentração de poder e autoridade da chefia da organização. 
Descentralização - é a distribuição de poder e da tomada de decisão para os níveis mais 
baixos da organização. 
 Presidente Nas organizações centralizadas, uma proporção 
 maior de decisões importantes é tomada 
 Vice-Presidente nos níveis altos. 
 
 Gerente de divisão 
 
 Gerente de unidade Nas organizações descentralizadas, uma 
 proporção maior de decisões importantes é 
 Chefe de departamento tomada em níveis mais baixos. 
 
 Supervisor 
 
 Empregado 
 
16. DO ESTADO E DA DEMOCRACIA 
 
A evolução do estudo em Teoria Geral do Estado conduz, primordialmente, para a análise 
do Estado Moderno, visando um conhecimento, com fito de aprimoramento do próprio Estado em 
que se vive. 
Verificada a adequação política do Estado, deve-se passar para a constatação de como 
evoluiu o pensamento democrático, pilar indispensável do Estado Moderno, estudando-se os 
movimentos sociais e políticos que contribuíram para esta evolução. 
Lembre-se, sempre, que a fixação de norma de Direito a respaldar o Estado democrático só 
pode ser entendida na idéia de que o Direito visa regular o fato social. 
 
16.1 Evolução do Pensamento Democrático 
 
Os fundamentos democráticos do Estado podem ser encontrados na Idade Antiga, no 
Estado Grego, onde já se encontrava a idéia de democracia, aliás, o termo é de origem grega: 
demos + cracia = poder do povo. 
O que separa o conceito democrático grego do moderno é o entendimento de povo
1
 que 
deveria governar, que para os Gregos, como anota Aristóteles em “A Política”, seria somente 
 
1
 De interesse destacar a adequação do elemento povo, como elemento do Estado, no correr da história da 
humanidade. Ensina Dalmo de Abreu. A. Dallari que: 
Na Grécia antiga, o cidadão ‘indicava apenas o membro ativo da sociedade política, isto é, aquele que podia 
participar das decisões políticas. No estado Grego os escravos e os homens livres, não dotados de direitos 
políticos (metecos, estrangeiros) não eram considerados cidadãos. 
Em Roma, a princípio, a expressão povo, indica o conjunto de cidadãos, como na Grécia, mais tarde passa a 
significar o Estado romano. 
aquele que tivesse parte na autoridade deliberativa e na autoridade judiciária. Há, então, uma 
restrição ao conceito de povo, como já estudada. 
Restringindo-se o conceito de povo, não se pode imaginar que o conceito moderno de 
democracia pudesse existir nos Estados anteriores ao Moderno, porque havia limite a participação 
do povo no governo, fruto do próprio entendimento do que seja povo ou de ação do governante 
em monopolizar o Poder. 
Não há como se negar à influência da Idéia Grega e do próprio conceito Romano de 
República, para se atingir o pensamento democrático moderno. 
Porém, como anota Dalmo de Abreu Dallari “a idéia moderna de um Estado Democrático, 
tem suas raízes no século XVIII, implicando a afirmação de certos valores fundamentais da 
pessoa humana, bem como a exigência de organização e funcionamento do Estado tendo em vista 
a proteção daqueles valores”.
2
 
Assim, é a partir da evolução do pensamento social, político e jurídico do Séc. XVIII, que 
se inicia o aparecimento do Estado Democrático, evoluindo até a posição hoje concebida. 
 
16.2 Movimentos Políticos Sociais 
 
Para que o pensamento democrático passa-se a fazer parte do Estado moderno, houve, 
como sói ocorrer na História da Humanidade o fato social é preponderante para a evolução da 
humanidade e das instituições que a compõe. 
Este sentimento social de revolta ao statu quo absolutista, com afirmação dos direitos 
naturais da pessoa humana e exigência de organização e funcionamento do Estado impulsionaram 
os Estados existentes a caminharem para a democratização, ainda que de forma embrionária, do 
governo. 
Estes movimentos forma influenciados por pensadores da linha de Rousseau, Locke, 
Montesquieu, entre outros, gerando, na história, três movimentos de destaque, que merecem ser 
 
Na Idade Média a noção era que o povo do mesmo estado dividia-se em diferentes ordenações, sem centro 
unificador. Em 1324 Marcílio de Pádua (Defensor Pacis), indica o povo como ‘fonte da lei,

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