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ISSN 2446-9823
REVISTA INTERNACIONAL DE DIREITO PÚBLICO - RIDP
Publicação semestral
Coordenação
Augusto Neves Dal Pozzo
Rafael Valim
Ricardo Marcondes Martins
Silvio Luís Ferreira da Rocha
RIDP
Revista Internacional de 
DIREITO PÚBLICO 
*Esse material é protegido por direitos autorais sendo vedada a reprodução
não autorizada, gratuita ou onerosamente, sob pena de ressarcimento, em caso
de infração aos direitos autorais.
É permitido citar os excertos em petições, pareceres e demais trabalhos, desde 
que seja informada a fonte, garantidos os créditos dos autores dos artigos, do órgão 
emanador da decisão ou informação e da publicação específica, conforme a licença 
legal prevista no artigo 46, III da Lei nº 9.610/1998.
85R. Int. de Dir. Público – RIDP | Belo Horizonte, ano 3, n. 5, p. 85-106, jul./dez. 2018
Princípio da soberania nacional 
e investimentos estrangeiros em 
infraestrutura: a contribuição de 
pressupostos metodológicos do 
construtivismo lógico-semântico para 
análise interpretativa
Carolina Reis Jatobá Coêlho
Doutoranda em Direito Administrativo pela PUC-SP. Mestre em Direito das Relações 
Internacionais pelo Centro Universitário de Brasília/DF. Especialista em Direito Público 
pela FESMPDFT e em Direito Constitucional pelo IDP/DF. Advogada da Caixa Econômica 
Federal. E-mail: <carolinarjcoelho@hotmail.com>; <carolina.j.coelho@caixa.gov.br>.
Resumo: Trata-se de artigo que busca identificar, à luz da doutrina do Construtivismo Lógico-Semân-
tico, o tratamento de tema cuja problematização envolve a importância da infraestrutura enquanto 
elemento de cidadania e potencialidade do Estado brasileiro, destacando o princípio constitucional da 
soberania, sob o âmbito interno e externo. Em especial, buscam-se respostas para as situações em 
que potências mais desenvolvidas têm alocado recursos e investimentos no Brasil, capitalizando em-
presas brasileiras (privadas ou públicas) que estão, direta ou indiretamente, implicadas na prestação 
de infraestrutura e serviços públicos. A primeira premissa metodológica extraída do Construtivismo 
Lógico-Semântico é que o Direito é linguagem, baseada na concepção filosófica da Teoria da Comuni-
cação, que, após o movimento do que se denomina Giro-Linguístico, considerou que a interpretação 
dos conceitos implica, no âmbito das ciências naturais e das ciências do espírito, nos atos contínuos 
e constantes de “explicação” e “compreensão” dos símbolos, a partir das pré-compreensões do in-
térprete, contexto cultural e histórico e interdisciplinaridade, que podem relativizar o conhecimento. 
Das referências bibliográficas e propostas metodológicas estudadas à luz do Construtivismo Lógico- 
Semântico, foi possível extrair várias premissas epistemológicas que se aplicam à proposta de tese: 
i) a consideração do Direito enquanto linguagem; ii) a interpretação do contexto do direito como ob-
jeto histórico e cultural, objeto das ciências do espírito; iii) a verificação das pré-compreensões do 
intérprete na conclusão da interpretação; iv) a Lógica Formal do sistema jurídico que confere unidade 
e hierarquização às normas, em relações de coordenação e subordinação; v) consideração dos prin-
cípios enquanto normas jurídicas dotadas de sentido e orientadoras de interpretação como vetores; 
vi) atribuição de sentido de validade da norma constitucional incidindo sobre todo o sistema jurídico; 
vii) aplicação da Lógica dos Predicados e Lógica dos Conjuntos em situações de intertextualidade do 
Direito e Economia, justificando intervenção estatal e por fim relações de coordenação e subordinação 
entre Direito Interno e Internacional. 
Palavras-chave: Princípio da soberania nacional. Investimentos estrangeiros em infraestrutura. Cons-
trutivismo Lógico-Semântico. Premissas.
Sumário: 1 Introdução – 2 Direito como linguagem e fenômeno cultural, próprio das ciências do es-
pírito – 3 O contexto histórico do Estado brasileiro na Constituição: fixação do contexto de análise – 
4 Importância dos princípios na Constituição brasileira e aplicação dos princípios como base do siste-
ma normativo, impregnado de valores sociais – 5 Constituição Econômica como sistema e influência 
da soberania nacional como fundamento da República – Conclusão – Referências 
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1 Introdução 
A importância da infraestrutura é dúplice e serve tanto para caracterizar uma 
boa administração de serviços públicos na acepção de Estado Constitucional, 
como para destacar a potencialidade desse mesmo Estado na esfera internacio-
nal, na forma de relevo da sua soberania interna e externa. 
Internamente, a soberania significa ter liberdade de organização política e 
aplicar da melhor forma o implemento das escolhas constitucionais, bem gerindo 
as coisas e pessoas que se encontrem no domínio territorial do Estado, na esteira 
da capacidade de autodeterminação, que é a tomada de decisão governamental 
realizada de forma totalmente independente, fixando autonomamente os próprios 
destinos de um povo fixado em um território, sem nenhuma vontade que lhe so-
breponha ou lhe submeta. 
Em que pese a propalada igualdade jurídica entre os Estados, premissa 
fixada pelo Direito Internacional no princípio regente de não intervenção, há um 
evidente contraste entre as realidades existentes que expõem o desenvolvimento 
desigual entre os Estados Soberanos, percebendo-se um desequilíbrio de poder 
no âmbito das tomadas de decisão do mundo globalizado. 
Ademais desse fato, que pode diminuir o âmbito de influência geopolítica e 
geoeconômica de determinados países, verifica-se que este posicionamento tam-
bém transporta-se para o modelo de Estado, que reúne não só incidências legais 
jurídicas, mas também escolhas no plano político e econômico. 
Embora não se possa enumerar características que comprovem uma interven-
ção de fato, com imposição de vontades dos Estados desenvolvidos nos Estados 
Soberanos menos desenvolvidos, ou atos abusivos internacionais que violem a 
proteção nacional, é inegável a alocação de recursos de Estados Soberanos que 
já alcançaram a modernidade em países que ressentem de investimentos e imple-
mentação em infraestrutura básica. 
Por outro lado, o reflexo do Estado no ambiente internacional nada mais é 
do que a consequência racional de escolhas governamentais e políticas internas 
tomadas no sentido de viabilizar a importância de determinados assuntos estra-
tégicos. Neste ponto, eleva-se a importância da infraestrutura como um grupo de 
elementos considerados indispensáveis não só para o usufruto do cidadão, mas 
para o pleno desenvolvimento da indústria, e o direito – de natureza prestacional 
– tem sido considerado até mesmo como um direito fundamental.1 
De acordo com este introito, é possível concluir que a pesquisa aborda 
Direito buscando relacionar desenvolvimento econômico a partir das perspectivas 
1 BERCOVICI, Gilberto; VALIM, Rafael. Elementos de Direito da Infraestrutura. São Paulo: Contracorrente, 
2015.
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jurídicas, do papel do Estado, dos institutos jurídicos e do ordenamento normativo 
nacional, principalmente não limitando o conceito de crescimento ao crescimento 
econômico, mas sim como uma expansão das liberdades e capacidades indivi-
duais e coletivas que possibilitem a busca de capacidades emancipatórias pela 
prestação de serviços públicos de qualidade ao cidadão.
Portanto, partindo-se da premissa de que a infraestrutura é inseparável da 
concepção de serviço público, e que ambas forjam a identidade nacional e o sen-
timento de bem-estar do cidadão,2 sua realização cumpriria dupla vocação cons-
titucional, sejapara concretização de direitos fundamentais, seja para estimular 
a economia, que tem por fim assegurar a todos uma existência digna, gerando 
impactos diretos no desenvolvimento econômico e social. 
Porém, a carência estrutural de investimentos eminentemente públicos de 
longo prazo para custear infraestrutura e serviços públicos tem sido apresentada 
como uma das justificativas3 para a interrupção de ciclos do crescimento econô-
mico brasileiro,4 motivo pelo qual se nutre – legitimamente ou não – uma grande 
expectativa de suprimento do déficit de infraestrutura por fontes extraorçamentá-
rias, sejam elas advindas de recursos nacionais privados, ou, o que se verifica 
com frequência, de fontes estrangeiras. 
Nos últimos anos, muitas potências têm alocado recursos no Brasil,5 em 
especial capitalizando empresas brasileiras que estão, direta ou indiretamente 
2 A insatisfação com a infraestrutura e serviços públicos é um dos elementos que diminui consideravelmente o 
sentimento nacionalista. Um instituto de pesquisa privado, Ipos, em recente pesquisa, divulgou que “segun-
do levantamento realizado entre 25 de agosto e 8 de setembro, em 28 países, aponta que, em média, 30% 
da população é insatisfeita com a infraestrutura. O Brasil é líder na pesquisa, com 60% dos entrevistados 
insatisfeitos, seguido por áfrica do Sul (51%), Sérvia (49%) e Itália (43%). Entre os satisfeitos, a média é de 
37%, sendo Arábia Saudita, índia e Alemanha os primeiros colocados com 65%, 59% e 53%, respectivamen-
te. O Brasil é o penúltimo, com apenas 19% de satisfeitos” (CORREIO BRAZILIENSE. Brasileiro é o povo mais 
insatisfeito do mundo com infraestrutura. A média global é insatisfeitos com a infraestrutura de cada país 
é de 30%. O Brasil, com 60% dos entrevistados desgostosos lidera o ranking. Disponível em: <http://www.
correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2017/11/08/internas_economia,639372/brasileiro-e-o- 
povo-mais-insatisfeito-no-quesito-infraestrutura.shtml>. Acesso em 10 nov. 2017). 
3 Em grande parte, deve-se aos sucessivos modelos econômicos e jurídicos de Estado, permeados de 
enraizadas práticas e culturas de corrupção, autoritarismo e arbítrio estatal. 
4 Embora se identifique um contrassenso argumentativo nesse discurso, pois geralmente há volumosos 
aportes financeiros públicos para setores privados, seja na forma contrapartidas estatais de concessões 
ou parcerias, seja por intermédio de concessão de empréstimos por agentes financeiros eminentemente 
públicos (bancos públicos de desenvolvimento, fomento e varejo). 
5 BANCO CENTRAL DO BRASIL. Censo de Capitais Estrangeiros no País. (Ano-Base 2010-2015). Disponível 
em: <http://www.bcb.gov.br/Rex/CensoCE/port/resultados_censos.asp?idpai=CAMBIO>. Acesso em: 
09 dez. 2017. Segundo o documento, os Estados que mais investem no Brasil são Estados Unidos, 
Países Baixos, Espanha, Reino Unido e França, nas seguintes modalidades: Investimento Direto no País – 
IDP; Participação no Capital e Operações Intercompanhia. O volume de participações em capital é o mais 
significativo, alcançando 80 bilhões, para o investidor norte-americano. Não foram disponibilizados dados 
mais recentes, mas se sabe que a China, como maior parceiro comercial do Brasil desde 2009 (relação 
exponencial que saltou de US$ 1 bilhão em 2000 para US$ 40,6 bilhões em 2014), tem não só incre-
mentado de forma relevante sua participação no capital social de empresas brasileiras, como também de 
seguir expandindo, quantitativa e qualitativamente, esse relacionamento. 
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implicadas na prestação de serviços públicos. E há tendência de que se altere 
também o eixo de investidores tradicionais, geralmente Estados Unidos, Países 
Baixos, Espanha, Reino Unido e França, para países em desenvolvimento, como 
é o caso da China. 
Uma dessas evidências é a recente criação do Banco de Desenvolvimento 
dos BRICS, um banco multilateral que se apresenta como alternativa para o Fundo 
Monetário Internacional, integrado por Brasil, Rússia, China e áfrica do Sul que 
aportou capital inicial de US$ 50 bilhões tendo por principal objetivo o financia-
mento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento nos países participantes e 
também em países pobres e emergentes. A recente criação do fundo Brasil-China 
também poderá viabilizar o financiamento de até US$ 20 bilhões em projetos de 
investimento para setores prioritários, como infraestrutura, logística e energia, 
mas serão avaliados também projetos em outros setores, como indústria, recur-
sos minerais, agroindústria, novas tecnologias e serviços digitais.6 
O tema é pouco explorado na doutrina e na jurisprudência e justifica novos 
estudos, e embora revele extraordinária importância prática e apresente profundos 
desdobramentos teóricos multidisciplinares, em especial no Direito Administrativo, 
Constitucional e Internacional. 
Exposto o tema a ser tratado na tese de doutoramento, o desafio deste 
artigo é a correta compreensão do fenômeno jurídico sobre opções metodológicas 
que caracterizam a Escola da PUC-SP. Neste ponto, ganha relevo a iniciativa de fa-
zer entender a temática sob o ponto de vista do construtivismo lógico-semântico, 
construindo algumas premissas que possam ser úteis ao entendimento do fenô-
meno estudado e úteis ao desenvolvimento do trabalho científico. 
2 Direito como linguagem e fenômeno cultural, próprio das 
ciências do espírito
O Direito é linguagem. A simples afirmação é carregada de uma orientação 
epistemológica e uma concepção filosófica importante, que recorta a compreen-
são do fenômeno jurídico a partir da Teoria da Linguagem e da Comunicação. 
A Teoria da Linguagem, pensada desde Platão, baseava-se na ideia de que o 
ato de conhecer constituía-se na relação entre sujeito e objeto e acreditava-se que 
a linguagem era só um instrumento para expressar a realidade objetiva das coisas 
postas na fenomenologia do mundo, pelo conhecimento da verdade. 
O conhecimento do mundo no período platônico é determinado pela neces-
sidade de explicação dos acontecimentos, do imprevisível, do devir e por isso 
6 MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTãO. Disponível em: <http://www.planejamento.
gov.br/assuntos/internacionais/fundo-brasil-china>. Acesso em: 09 dez. 2017. 
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dominado pela explicação filosófica. A medida que a sociedade avança e as rela-
ções intersubjetivas se tornam complexas, migra-se das estruturas de sociedades 
fechadas, estamentais, religiosas e mitológicas para as sociedades mais abertas, 
nas quais a religião é menos influente, as classes são mais flexíveis e a mitologia 
e filosofia são paulatinamente substituídas pela ciência.7 
Neste contexto, a fé humana migra para a ciência, a quem é atribuída não só 
a função de explicar o mundo, mas também a promessa de modificar o mundo das 
coisas, tornando o ser humano mais racional e a sociedade, uma vez mais tec-
nológica, mais previsível, humana e justa. O ápice da fé que se outorga à ciência 
culmina com as guerras e a descrença no ser humano, que nega sua existência e 
renova as inseguranças que ele é submetido.8 
O conhecimento científico, antes alocado num alto patamar, enaltecido e re-
verenciado de forma privilegiada na sociedade, deixa de ser um saber irrefutável, 
absoluto, definitivo, incontroverso, necessário, indubitável, o que caracteriza uma 
organização contemporânea científico-tecnológica pós-moderna cética e niilista,9 
que é justamente a recusa de resposta aos porquês metafísicos, desvencilhado 
das perspectivas hígidas do cientificismo. 
Neste ponto, justifica-se aacepção de uma nova Teoria Comunicacional 
após o movimento filosófico que se denominou Giro-Linguístico, que escancarou a 
relatividade do conceito de verdade e a consequente ruína ou superação dos mo-
delos científicos tradicionais, representado por métodos aplicáveis aos múltiplos 
setores da experiência física ou social.10 
7 A sociedade aberta remete ao conceito do cientista alemão Karl Popper, na qual as relações interpessoais 
seriam menos influenciadas pelo grau de parentesco e mais promovidas pelo compromisso democrático 
e social de cunho pluralista, sugerindo certo grau de independência que permitiria autonomia de 
crítica aos indivíduos. Embora a aplicação da expressão tenha muito mais relação com características 
epistemológicas do que políticas, remetendo à amplitude e relatividade da ciência, partilhada por vários 
atores, é inegável que a disseminação do conceito influenciou vários outros ramos do conhecimento, 
espraiando consequências em várias obras. Confira-se: POPPER, Karl Raimund. A sociedade aberta e seus 
inimigos. Tradução de Milton Amado. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974.
8 Na explicação da verdade a partir de metodologia filosófica, destacam-se os idealistas (Platão, Hegel, 
Sócrates), os escolásticos (Santo Agostinho e São Tomás de Aquino); os racionalistas (Descartes, 
Spinoza, Leibniz); empiristas (Locke, Hume, Kant, Popper); pragmatistas (Peirce); fenomenologistas 
(Husserl, Heidegger); existencialistas (Kiekegaard e Sartre) e os pós-modernos (Nietzsche, Wittgenstein, 
Kuhn, Foucault, Derrida).
9 O esforço de compreensão da verdade atravessa a existência humana e funda-se desde o legado grego 
(entre o que aparece, transparece e é compreensível). Há objeções a este pensamento de pelo menos três 
ordens: i) as que negam a capacidade do espírito de penetrar nas aparências (fenômenos) – ceticismo; 
ii) as que negam a realidade – niilismo e iii) as que afirmam a impossibilidade de articular e comunicar a 
penetração (misticismo). 
10 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: Linguagem e Método. 6. ed. revisada e ampliada. São Paulo: 
Noeses, 2015, p. 167. 
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Em outras palavras, a desconstrução da verdade enquanto categoria objetiva 
e absoluta foi contestada pelo paradigma relativista, que evidenciou a indetermina-
bilidade da verdade, que não pode ser compreendida senão considerada a lingua-
gem própria de cada utente a partir de suas experiências e pré-compreensões.11 
A linguagem deixa de ser um meio ou um instrumento para se tornar ela 
própria a essência das coisas a serem compreendidas.12 Explica e perpassa o 
homem e a humanidade. A nova Teoria da Linguagem exprime a ideia de que a 
linguagem por si só não é suficiente para desvendar a ordem e a estrutura por 
trás da fenomenologia, mas a compreensão da complexidade e da caoticidade 
do mundo expressa em linguagem é que compõe a própria existência humana.13 
Assim, a linguagem é a forma de expressão humana que incide sobre a hu-
manidade e a representa. O espírito humano tenta explicar o mundo, em esforços 
de catalogação que ocorrem pela formulação e reformulação de conceitos constru-
ídos antes mesmo da sua intervenção comunicacional, identificando as relações 
de hierarquia e coordenação entre eles.14 
O conhecimento dos conceitos implica, no âmbito das ciências naturais e 
das ciências do espírito, nos atos contínuos e constantes de “explicação” e “com-
preensão”. Enquanto a explicação prossegue na mesma direção assinalada no 
momento da sua partida, vinculando efeitos e causas da identificação de um 
sistema de aparências e comparações com o que já se conhece.
A compreensão, ao contrário, avança a partir de um ponto, mas retorna a 
ele, num círculo que que repassa o mesmo ponto em eterna espiral, sentindo-se 
avançar em circunferência infinita e todo o retorno em direção à etapa precedente 
aumenta o conhecimento por compreensão levando-o mais adiante inserindo à 
explicação elementos históricos justificadores da realidade como se conhece.15
Daí, a concepção de que linguagem é a própria criação da realidade e da 
verdade pela compreensão do conhecimento, realidade e verdade (sempre em 
movimento constante) e a língua perpassa o ser humano para além do ser huma-
no dominar a língua. Vilém Flusser utiliza-se da analogia de um portal para dizer 
que somos apenas um receptáculo por onde a língua encontra passagem, sendo 
o intelecto uma tecelagem que usa as palavras como fios, mas que, na antessala 
compara o algodão que dá vida e forma ao fio à experiência. 
Palavras apenas são ouvidas e vistas, mas a partir dos sentidos que captam 
a mensagem de forma sensitiva, de modo que a realidade é um conjunto de dados 
11 GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método. Tradução de Flávio P. Meurer. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 
12 SCAVINO, Dardo. La filosofia actual: pensar sin certezas. Buenos Aires: Paidós Postales, 1999. 
13 FLUSSER, Vilém. Língua e Realidade. São Paulo: Annablume, 2004. 
14 FLUSSER, Vilém. Língua e Realidade. São Paulo: Annablume, 2004. 
15 COSSIO, Carlos. La teoria egológica del derecho y el concepto jurídico de libertad. Buenos Aires: Abeledo-
Perrot, 1964, p. 78-79. 
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e dados são percebidos pelas palavras e palavras são percebidas pela visão e 
audição, dependendo do receptor apreender e compreender a mensagem, já que 
os sentidos são ao mesmo tempo doadores de dados, mas também dados em si. 
Apreendidos e compreendidos como símbolos, há dependência do ponto 
de vista do observador, suas experiências, suas pré-compreensões. Mas, para 
além disso, são acordos entre vários contratantes, já que para ser compreendida 
a simbologia pressupõe um prévio acordo dos significados e a existência de um 
veículo desse acordo, de modo que somos forçados a aceitar a língua e seu caráter 
simbólico como utentes da mesma.
Os resultados interpretativos dependem das possibilidades exegéticas que 
decorrem da abordagem e das visões que as alimentam. As pré-compreensões e 
ideologias em geral direcionam aquilo que se vê, se apreende e se compreende. 
Texto ou fato, diriam os relativistas que consideram o “giro linguístico”, é sempre 
uma versão daquilo que vemos.16 
Entretanto, acaso a interpretação relativista do Direito imperasse na ciência 
jurídica ter-se-ia uma inevitável e indesejável indeterminação do seu conteúdo, 
com liberdade de livre estipulação e indeterminação conceitual e metodológica 
que levariam a suprimir o que o Direito tem de mais valioso: sua função deôntica, 
de descrever determinadas ações válidas ou inválidas no campo fenomenológico 
e prescrever as condutas desejadas pelo ordenamento jurídico, orientando com-
portamentos humanos. 
E não é essa a situação que a ciência do Direito deve fomentar e sequer a 
função que o Direito Positivo lhe reserva. Em nosso entendimento, não há liberdade 
de livre estipulação. Em absoluto, a suposta livre estipulação ou livre utilização 
de determinado termo e conceito jurídico não é arbitrária. Com efeito, a relação 
entre signo e significado não decorre livremente da estipulação do sujeito. Ao 
contrário. Como fenômeno social, a língua preexiste a ele e lhe impõe conteúdos 
mínimos de utilização para que haja compreensão, dado o contexto e referencial 
a que situam.17 
Ao contrário. A metodologia que se denomina construtivismo lógico-semân-
tico se propõe “a amarrar os termos da linguagem segundo esquemas lógicos 
que confiram firmeza à mensagem, cuidado especial com o arranjo sintático da 
frase sem deixar-se de se preocupar com o plano do conteúdo e a fidelidadeda 
enunciação”.18
16 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário, Linguagem e Método. São Paulo: Noeses, 2015, p. 123.
17 A este respeito, confira-se, sobre a Teoria da Linguagem, o que propõe SAUSSURE, Ferdinand de. Curso 
de Linguística Geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Isidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 
1991. 
18 CARVALHO, Paulo de Barros. Algo sobre o Construtivismo Lógico-Semântico. In: CARVALHO, Paulo de 
Barros (Coord.); CARVALHO, Aurora Tomazini de (Org.). Construtivismo Lógico-Semântico. Vol. I. São Paulo: 
Noeses, 2014, p. 3-11.
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Estruturada com fundamento nos estudos de Lourival Vilanova,19 a metodo-
logia se compromete a privilegiar os pressupostos da Teoria Comunicacional e 
também da Lógica, dimensionando em especial os planos sintático, semântico e 
pragmático da linguagem, considerando a estrutura lógica, a dimensão semântica 
de conteúdos e projeção pragmática pelos utentes da língua.
Derivada do Círculo de Viena e da Escola de Baden e advinda do positivismo 
kelsiano,20 a metodologia privilegia o plano sintático da análise textual pela orde-
nação lógico-semântica de conceitos e um método lógico uniforme e coerente, 
que se for bem aplicado gerará excelentes e objetivos resultados, sem considerar 
textos desconexos, pois isso se deve à falta de rigor científico que cria realidades 
distintas e sem nexo, segundo Tomazini.21
Desta forma, conceitos são pensados em uma estrutura lógica e amarrados 
em uma estrutura semântica que possibilita ter uma visão plena da realidade, o 
que lhe atribuiria credibilidade de uma ciência, atrelada a uma autonomia de pen-
samento filosófico, de forma que tal processo racional viabilizaria uma franqueza 
cognitiva e preservaria a função de que o direito existe para regular condutas 
intersubjetivas, na região ôntica dos objetos culturais e por isso impregnada de 
valores.22 
Portanto, o intérprete trabalha desde a leitura dos enunciados, de onde o 
dispositivo ingressa no plano dos conteúdos e o faz na medida que vai atribuindo 
valores aos símbolos positivados pelo legislador, cuja construção indissociavel-
mente será condicionada por referenciais e contexto, pela História, pelos aconte-
cimentos sociais, políticos, econômicos e todos os outros que fizeram parte da 
sua vida e informam os horizontes culturais, todos auxiliares na interpretação do 
direito, mas que não são direito propriamente dito. 
O contexto importa para o Direito à medida que o método analítico não é 
suficiente e a hermenêutica conta, além de variações de sentido dos textos posi-
tivados de Estados diferentes, com signos comuns que permitem que intérpretes 
vivenciem o mesmo referencial linguístico e cultural, o que reforça a ideia de que 
a linguagem cria o objeto e o texto não é algo dado, mas algo construído segundo 
a apreensão do intérprete. 
O sujeito não descobre o sentido daquilo que está velado no texto, mas cria 
seu significado. Não qualquer significado. O significado apropriado para o contexto 
19 CARVALHO, Paulo de Barros. Algo sobre o Construtivismo Lógico-Semântico. In: CARVALHO, Paulo de 
Barros (Coord.); CARVALHO, Aurora Tomazini de (Org.). Construtivismo Lógico-Semântico. Vol. I. São Paulo: 
Noeses, 2014, p. 3-11.
20 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
21 CARVALHO, Aurora Tomazini de. Teoria Geral do Direito (o Construtivismo Lógico-Semântico). Disponível 
em: <www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp098895.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018. 
22 CARVALHO, Aurora Tomazini de. Teoria Geral do Direito (o Construtivismo Lógico-Semântico). Disponível 
em: <www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp098895.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018.
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cultural e histórico incidente e de acordo com as estruturas sintáticas da lingua-
gem que utiliza. Portanto, as valorações que estão fundamentadas e justificadas 
no texto e não podem ser arbitrárias, sob pena de se não se caracterizarem como 
jurídicas.23 
Por tudo, o ordenamento não apresenta um emaranhado de disposições cao-
ticamente observado. Ao contrário, são disposições que se relacionam mediante 
liames de subordinação e coordenação que fazem com que o direito adquira uma 
consistência e organização lógica – uma sintaxe que o caracteriza como sistema.24 
Na estrutura das regras, prega o Construtivismo Lógico-Jurídico, que há uma 
hipótese fática descrita pelo ordenamento, que pode ser falsa ou verdadeira pelos 
critérios da Lógica Formal no mundo fenomênico e uma vez incidente sua ocor-
rência reserva automaticamente a consequência que lhe é prevista no âmbito 
normativo, sob os critérios da Lógica Deôntica, que prescreve comportamentos 
específicos para determinados acontecimentos, vinculando-os aos modais “obri-
gatório”, “permitido” ou “proibido”. 
Esta estrutura alimenta as características de generalização e estabilização 
de expectativas normativas, no âmbito do método empírico-dialético, conforme 
função do Direito reconhecida por Niklas Luhmann.25 O mesmo autor, ao perce-
ber o sistema jurídico como sistema, esclarece que ele precisa ser dotado de 
autonomia e diferenciação, possuir um código e uma linguagem que o ajude na 
compreensão (hierarquia e validade).26 
No entanto, admite-se que o sistema não seja totalmente fechado, mas 
possua uma abertura cognitiva ao ambiente que o faz se relacionar com o meio. 
Essa abertura, denominada irritação, pode ser melhor compreendida através da 
pesquisa interdisciplinar, afinal o sistema não é completo em si mesmo. Contudo, 
observa-se que essa abertura não significa uma compreensão do direito a partir 
dos códigos, pressupostos e linguagem de outro sistema e sim da integração dos 
conceitos e conhecimentos lá dispostos, aos códigos e à linguagem própria do 
sistema jurídico (acoplamento estrutural).
Chegando-se neste ponto, desenvolveremos premissas considerando uma 
curta digressão histórica dos modelos político, jurídico e econômico (nem sempre 
claros, fechados ou estanques) de Estados brasileiros e suas relações com a 
23 MCNAUGHTON, Charles William. Sistema Jurídico e Ciência do Direito. In: CARVALHO, Paulo de Barros 
(Coord.); CARVALHO, Aurora Tomazini de (Org.). Construtivismo Lógico-Semântico. Vol. I. São Paulo: 
Noeses, 2014, p. 44. 
24 MCNAUGHTON, Charles William. Sistema Jurídico e Ciência do Direito. In: CARVALHO, Paulo de Barros 
(Coord.); CARVALHO, Aurora Tomazini de (Org.). Construtivismo Lógico-Semântico. Vol. I. São Paulo: 
Noeses, 2014, p. 44.
25 LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito. Vol. I e II. Rio de Janeiro: Edições Tempos Brasileiros, 1983. 
26 LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito. Vol. I e II. Rio de Janeiro: Edições Tempos Brasileiros, 1983.
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Economia, para a partir daí pensar em soberania nacional, vinculando-a à explora-
ção da atividade econômica de forma direta pelo Estado brasileiro, por intermédio 
de Estatais e, verificaremos que nem sempre foram observados os imperativos 
orientadores da segurança nacional ou do relevante interesse coletivo, o que é 
explicado – mas não justificado – pela característica patrimonialista do Estado. 
3 O contexto histórico do Estado brasileiro na Constituição: 
fixação do contexto de análise
O comportamento estatal brasileiro na economia pode ser comparado com 
“pêndulos históricos que oscilam constantemente entre as posições políticas na 
defesa de uma intervenção mínimaou máxima, passando por zonas cinzentas”.27 
Para além das regulares ações de fiscalização, incentivo e planejamento dos fato-
res de produção, a história brasileira demonstra ao mesmo tempo experiências de 
nacionalização, monopólios, privatização, desestatização, aumento e diminuição 
do rol de atividades inseridas na intervenção para exploração da atividade econô-
mica de forma direta.
Essa percepção pode justificar a persistência de problematizações recentes 
acerca dos erros e acertos da adoção de determinados modelos jurídicos que se 
alteraram frequentemente – e algumas vezes de forma arbitrária – na história bra-
sileira e que refletem a reprodução de preferências políticas do grupo que detém 
o poder momentaneamente.28 
Dessa alternância, o Brasil conheceu em parte os Estados Liberal e Social 
e apenas iniciou o período do Estado Democrático de Direito sem que se tivesse 
ultrapassado plenamente as dificuldades e desafios das estruturas anteriores ou 
superado as vantagens de cada um dos modelos, na natural cadência lógica e su-
cessiva que se vincularam no passado os países de democracia mais consolidada 
e modernidade já realizada.29 
27 SOUTO, Marcos Juruena Villela. Direito Administrativo da Economia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003, 
p. 1-55.
28 No Brasil, pode-se citar que a Constituição de 1934 previu a nacionalização de bancos e fomento ao de-
senvolvimento do crédito no artigo 117, bem como a formação de monopólios estatais, conforme artigo 
116. A Carta Constitucional seguinte, de 1937, de cunho mais liberal, propugnava a intervenção do Estado 
na Economia tão somente para suprir deficiências da iniciativa individual e coordenar fatores de produção. 
Ao Estado moldado pelo neoliberalismo do governo FHC, segue-se um Estado de Bem-Estar Social carac-
terizado por um ordenamento jurídico dirigista com apoio em políticas públicas, no governo Lula. Cada 
modelo econômico corresponde a um modelo de Estado, destacando-se o Estado Absolutista, o Estado 
de Direito; o Estado Social; o Estado Pós-Social, o Estado Cooperativo.
29 Sobre as origens do Estado Liberal, sabe-se que os membros da Aristocracia que se posicionavam de 
forma independente militarmente da Monarquia acabaram também por se emancipar financeiramente, 
formando a Burguesia ou o Terceiro Estado, que irrompeu Revoluções, como a Francesa, para positivar 
direitos fundamentais reconhecidos atualmente nas constituições modernas, consolidando direitos de 
liberdade, igualdade formal e fraternidade social, contemplando gerações de direitos ligadas à cronologia 
do desenvolvimento de direitos fundamentais na seguinte sequência: i) 1ª geração, que indicavam direitos 
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O que daí advém, acaba por configurar um Estado fraco e incompleto em 
suas finalidades, com pouca realização e capacidade para efetivar o mínimo vital 
em termos civilizatórios e que ao pertencer a uma modernidade tardia não con-
quistou infraestrutura de bens e serviços públicos para uma população tão carente 
não só economicamente, mas de vivência da real cidadania estatal. 
Uma outra consequência dos movimentos citados acima é que o modelo 
jurídico do Estado Democrático de Direito, sucessor natural no modelo de teoria 
política em que se situam como antecedentes lógicos o Estado Liberal e o Estado 
Social, não emergiu ainda de fato na Administração brasileira. Ao contrário, com 
Faoro,30 entende-se que ainda está em vigência um Estado autoritário e patrimo-
nialista, distante das múltiplas pretensões normativas e programáticas da Carta 
Constitucional. 
O efetivo Estado Democrático de Direito deve ser identificado como aquele 
que carrega na Constituição um instrumento de transformação social, o que de-
corre da elevada carga de valores e caráter compromissário, contemplando ao 
mesmo tempo a amplitude de estruturas econômicas e sociais nesse documento. 
4 Importância dos princípios na Constituição brasileira e 
aplicação dos princípios como base do sistema normativo, 
impregnado de valores sociais 
Em paralelo a esta constatação sobre o Estado brasileiro, para tratar a te-
mática verificamos, do ponto de vista científico-jurídico, a insuficiência do modelo 
positivista enquanto sistema fechado, imbuído da lógica formal dedutiva neutra e 
pautado em métodos reducionistas do fenômeno do Direito. 
Neste ponto, a metodologia dissociada de um conteúdo valorativo acaba 
sinalizando que a doutrina do positivismo é insuficiente para responder razoavel-
mente ao modelo de Estado Democrático de Direito por não ouvir os reclames 
sociais da realidade fática que lidam com interesses e valores antagônicos como 
são os presentes na Constituição brasileira de 1988, destacando-se, para o tra-
balho, a denominada Constituição Econômica.31
Destaca-se então a deontologia dos princípios para prescrever normatividade 
aos valores e orientar a racionalidade jurídica. Embora o Brasil ainda não tenha 
de liberdade e exigiam uma postura negativa/omissiva do Estado); ii) 2ª geração, que indicavam direitos 
sociais e uma postura positiva ou prestacional do Estado e iii) 3ª geração, que indicavam direitos de 
solidariedade e difusos que seriam exigidos tanto do Estado como dos particulares enquanto entes 
cooperativos para a fraternidade. 
30 FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. São Paulo: Globo, 2012. 
31 Confira-se sobre o tema: BERCOVICI, Gilberto. Constituição econômica e dignidade da pessoa humana. 
Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www.revistas.usp.
br/rfdusp/article/view/67764>. Acesso em: 10 jun. 2018.
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atingido o Estado Democrático de Direito, tem expressa pretensão de alcançá-lo, 
conforme o conteúdo programático constitucional, o que só se concretizará no ir e 
devir da história jurídica. 
Geralmente no contexto constitucional lida-se mais frequentemente com prin-
cípios jurídicos, com abertura semântica maior, eis que expressam termos valora-
tivos, que a Constituição recolhe, reconhece e positiva. É importante destacar que 
na escola jurídica pós-moderna, os princípios, na acepção tomada (terceira fase), 
tem a mesma estrutura das normas jurídicas, ou seja, enunciados positivos dos 
quais se extraem alta carga valorativa e podem, diretamente, regular situações e 
relações jurídicas. E esta assertiva não diminui ou mesmo afasta os conceitos pa-
ralelos e interdependentes dos princípios que convivem com o significado da sua 
denominada terceira fase ou mesmo fase pós-moderna, como acima mencionado. 
Com efeito, enquanto a primeira fase é constituída do significado de que 
princípios eram fundamentos basilares de um determinado ramo do Direito no 
plano positivo ou científico, a segunda admite que eles já influem diretamente na 
ordem jurídica como ordenadores e orientadores das regras que lhe sucedem. Já 
a terceira fase os entende de forma autônoma, na mesma estrutura das regras ju-
rídicas, ou seja, deles se extrai normatividade na maior escala, sem necessidade 
de qualquer complemento que lhe preencha o sentido.32 
O exame desse conceito sobre princípio permite considerá-lo como normas, 
de cunho valorativo em maior extensão, que exigem cumprimento pleno assim 
como as regras, mas com diferença estrutural ou de grau. Enquanto as regras 
estão no plano do tudo ou nada, os princípios se perfazem na realização de uma 
determinação jurídica na maior medida possível. Assim, são mandados de otimi-
zação realizáveis de acordo com as circunstâncias fáticas e jurídicas incidentes 
e exigem do aplicador, quandofor o caso de colidência com outros princípios, da 
aplicação da ponderação, que não é meramente valorativa, mas pode atingir graus 
de determinabilidade a partir da atribuição correta de pesos.33
Os princípios constitucionais são tidos como expressão da valoração consti-
tucional e assim como as normas têm sua interpretação baseada nas premissas 
acima destacadas – linguisticidade, contextualidade, pré-compreensões do intér-
prete, culturabilidade – e, soma-se, em especial, no âmbito da tarefa hermenêuti-
ca constitucional, a mutabilidade, para usar a analogia de Heráclito, pois a norma 
constitucional renova-se constantemente no ir e devir do rio jurídico. 
32 A classificação em fases foi retirada do conteúdo da obra MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos de 
Direito Administrativo Neoconstitucional. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 112-114.
33 ALEXY, Robert. Sistema jurídico, princípios jurídicos y razón práctica. In: ALEXY, Robert. Derecho y Razón 
Práctica. 2ª reimpressão. Tradução de Manuel Atienza. México: Fontamara, 2002. 
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No âmbito das normas jurídicas constitucionais, esta assertiva ganha maior 
significado, pois a Constituição é o instrumento político do Estado, e sofre as 
mutabilidades de sentido que lhe são atribuídas no contexto, que abriga geral-
mente algumas situações de tensão com as necessidades reais da vida estatal, 
e, embora o texto possa permanecer imutável, a norma que dele advém acaba por 
ser fluida e flexível, adaptada que é àss necessidades constantes e imantes do 
Estado.34 
García-Pelayo e Pablo Lucas Verdú afirmam que “mutação constitucional é 
a separação entre o preceito constitucional e a realidade”, sendo “a realidade 
constitucional mais ampla do que a normatividade constitucional”.35
Hsü Dau-Lin, jurista chinês que melhor conceituou e classificou a mutação 
constitucional, já dizia que o fenômeno manifesta-se no ordenamento normativo 
como um todo, mas que tem sua melhor expressão na Constituição, que tem seu 
fundamento jurídico na necessidade política, nas exigências e expressões de vita-
lidade que se realizam quando o Estado se desenvolve.36 Segundo Reale, o Direito 
deve alcançar o ideal de ser estático e dinâmico sem ser frenético. 
As polarizações de sentido e o paradigma gadameriano de idas e vindas – ir e 
devir – histórico para reforçar o sentido dos textos e suas impressões deve nortear 
os estudos constitucionais. Assim, duas acepções são consideradas: a mutabili-
dade constitucional e as multiplicidades de ideologias e valores que podem gerar 
aparentes polarizações de princípios colidentes, que devem ser harmonizados. 
5 Constituição Econômica como sistema e influência da 
soberania nacional como fundamento da República 
Esta é a perspectiva na qual deve ser lida a Constituição Econômica, em 
clara complementariedade à Constituição Social, conforme descrição do texto 
enunciado no art. 170 em diante. Nesta linha, a ordem econômica conjuga va-
lorização do trabalho humano à livre iniciativa para assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, tendo como exemplo mais claro 
a vinculação inexorável entre o conceito da iniciativa privada à função social da 
propriedade e redução das desigualdades sociais, imbrincados que estão também 
34 Confira-se a consolidação da classificação de mutação constitucional realizada pela própria autora na 
obra: COêLHO, Carolina Reis Jatobá. Mutação Constitucional: a Atuação da “Sociedade Aberta” Como 
Protagonista na Interpretação da Constituição Brasileira de 1988. Revista de Direito Público nº 38. Mar.-
Abr./2011. Disponível em: <https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/https://www.portaldeperiodicos.
idp.edu.br/direitopublico/index>. Acesso em: 10 jun. 2018. 
35 GARCIA-PELAYO, Manuel. Derecho constitucional comparado. Madrid: Alianza, 1984. 
36 DAU-LIN, Hsü. Mutación de la constitución. Oñait: IVAP, 1998.
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com objetivos da República Federativa do Brasil, como o desenvolvimento nacional 
e a erradicação da pobreza. 
Nessa mesma linha se situa a atuação direta do Estado no domínio eco-
nômico, que se constitui ainda hoje em um dos temas centrais da organização 
política, definindo-se que a prestação de objetos comerciais e industriais pelo 
próprio Estado só ocorreria na incidência das hipóteses justificadas de imperativo 
de segurança nacional ou relevante interesse público. 
Originalmente, entretanto, não foi assim. O setor público não atuava como 
como mero coadjuvante da economia por intermédio das Estatais. Atuava por subs-
tituição do particular, em clara posição empresarial. O próprio Brasil Monárquico 
simbolizado pela vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil, implicou na cria-
ção de Empresas Estatais para preencher atividades econômicas inexistentes, 
inexploradas, tendo como maior exemplo a instituição do Banco do Brasil, com 
o propósito mais financeiro do que econômico, considerando as necessidades 
da Coroa e não da população, motivo pelo qual sua extinção deu-se quando do 
Retorno da Família Real a Portugal.37 
Nos países em desenvolvimento, principalmente os de capitalismo tardio 
como o Brasil,38 a assunção de atividades privadas pelo Estado apresentava-se 
como principal exercício do papel econômico, em clara posição protagonista e 
muitas vezes como monopolista ou líder de mercado.39 Assim, o verdadeiro marco 
do capitalismo brasileiro deu-se somente com investimentos públicos inaugurais 
e criação de Estatais nos setores siderúrgico, petrolífero, elétrico e bancário, em 
razão não só de sua importância estratégica, mas também diante de retornos 
incertos e baixa rentabilidade do setor o que deixou muitos particulares tímidos 
para assumir os riscos desta seara.40 
Como resultado, o que se observou foi a presença das estatais que atuam 
diretamente na economia brasileira – seja em regime de monopólio ou concorrência 
37 O segundo Banco do Brasil nasceu em 1853 no Segundo Reinado diante de conjunturas políticas, já que o 
centralização do Império requeria uma estrutura nacional governamental que não se restringisse à esfera 
do financiamento comercial, concedidos também por bancos comerciais. Em 1864 ocorre uma crise 
financeira circunstanciada pela Guerra do Paraguai, o que desencadeou fechamento de bancos e abalou 
as finanças públicas. A crise evidencia o uso do Banco do Brasil como instrumento de política econômica, 
ao autorizar a emissão de papéis para fins de aumento do meio circulante. 
38 Diferentemente da experiência, por exemplo, da Europa, onde o fluxo de nacionalização ocorreu depois 
do capitalismo consolidado. Em verdade, atualmente o cenário europeu aponta para a continuidade da 
participação estatal nas empresas privatizadas, por intermédio das golden shares, que seriam ações 
preferenciais de classe especial, que carregariam prerrogativas que concederiam ingerências estatais nas 
empresas privadas (RODRIGUES, Nuno Cunha. Golden Share: as empresas participadas e os privilégios 
do Estado. Coimbra: Coimbra, 2004, p. 14).
39 PINTO JúNIOR, Mario Engler. Empresa Estatal. Função Econômica e Dilemas Societários. São Paulo: Atlas, 
2010, p. 10-25. 
40 PINTO JúNIOR, Mario Engler. Empresa Estatal. Função Econômica e Dilemas Societários. São Paulo: Atlas, 
2010, p. 10-25. 
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– de forma bastante significativa (para não dizer exagerada), não só em termosquantitativos mas também quanto à diversificação de atividades exploradas. 
Para exemplificar, somente as estatais federais – dimensionadas em cen-
tenas – exploram variados objetos sociais, em segmentos como os de energia 
elétrica; tecnologia digital; abastecimento; transporte público; petróleo e petro-
química; serviços hospitalares; infraestrutura aeroportuária; gás; processamento 
de dados; hospitais; serviços postais; telecomunicações etc. A participação do 
Estado em quase todos os setores para explorar numerosas atividades econô-
micas em detrimento da iniciativa privada, pode ser explicada em parte pelo seu 
caráter patrimonialista. 
Neste trabalho, a referência patrimonial do Estado designa uma existência 
marcada principalmente pela soberania e pelo patrimônio, ambas exercidas de 
forma desviada, como mero instrumento de poder autoritário. Da fusão entre os 
conceitos, tem-se a utilização dos recursos públicos como meros bens econômi-
cos patrimoniais, que ao invés de pertencerem ao povo, estariam à disposição 
do Estado para que ele use como bem lhe aprouver, geralmente a mando dos 
interesses pessoais dos governantes e não do interesse público. 
Entretanto, para esta fenomenologia ôntica, a Constituição Federal tem uma 
prescrição deôntica, visando a aplicação conjugada de princípios que, estabeleci-
dos, levarão ao prestígio não de uma retórica pejorativa que justifique um ou outro 
modelo de Estado, mas que prioriza a conjugação de visões desenvolvimentistas 
do ponto de vista social e econômico, em concordâncias práticas segundo o art. 
170, CF/88, em que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, con-
forme os ditames da justiça social. 
Por meio desse dispositivo, a CF/88 consagra a existência de uma econo-
mia de mercado, de índole capitalista. Isso fica claro ao estabelecer-se que o 
fundamento da ordem econômica é a livre iniciativa; com efeito, a livre iniciativa é 
característica central do sistema capitalista. Ao mesmo tempo, percebe-se que o 
art. 170, CF/88, estabeleceu que a finalidade da ordem econômica é promover a 
existência digna de todos, conforme os ditames da justiça social. Nesse sentido, 
busca-se compatibilizar o desenvolvimento econômico com o princípio da dignida-
de da pessoa humana. 
Norteando os princípios da Ordem Econômica, encontra-se o princípio da 
soberania nacional, que assenta-se como um dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil (art. 1º, I). Aqui, ela aparece no sentido de “soberania eco-
nômica”. Com isso, o legislador constituinte quis deixar claro que o Brasil deve 
buscar o seu desenvolvimento e evitar a situação de dependência em relação aos 
países industrializados.
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Por sua vez, a disciplina dos investimentos estrangeiros no Brasil está pre-
vista no art. 172, CF/88, que dispõe que “a lei disciplinará, com base no interesse 
nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos 
e regulará a remessa de lucros”. Esta regulação do investimento estrangeiro é 
corolário do princípio da soberania nacional. 
A CF/88 não impede o ingresso de capital estrangeiro no País; ao contrário, ela 
permite que sejam feitos investimentos estrangeiros, uma vez que estes podem fun-
cionar como importante instrumento para o desenvolvimento econômico nacional. A 
legislação ordinária irá, portanto, disciplinar os investimentos de capital estrangeiro, 
incentivar os reinvestimentos e regular a remessa de lucros para o exterior.
De eficácia contida, o dispositivo deve ser lido com as exceções já delimi-
tadas e as situações intrincadas ainda não respondidas pela doutrina nacional. 
Necessário confirmar se há o reconhecimento (ou a dissociação) do conceito prin-
cipiológico da soberania nacional, sob o ponto de vista da Teoria Jurídica do Direito 
Neoconstitucionalista ou pós-moderna, na qual os princípios são mandados de 
otimização do sistema jurídico. 
O enfrentamento do problema perpassa também considerar e analisar as 
reformas constitucionais e restrições ora existentes, sob o prisma da Teoria de 
Reforma Constitucional e Teoria Geral da Constituição. Por exemplo, há regra 
constitucional expressa, ainda não alterada por emenda, proibitiva de participa-
ção estrangeira na assistência à saúde (art. 199, §3º, CF), pesquisa e lavra de 
recursos minerais (art. 176, § 1º), regra expressa, ainda também não alterada, 
restritiva da participação estrangeira em empresa jornalística e de radiodifusão de 
sons e imagens (art. 222, §1º, CF). 
A Emenda Constitucional nº 05/95 alterou o parágrafo 2º do art. 25 para 
permitir a empresa estrangeira prestar serviço de gás canalizado. A EC 06/95 
revogou o art. 171 e o conceito constitucional de empresa brasileira. A Emenda 
Constitucional 08/95 alterou o inciso XI do art. 21 para permitir a prestação de 
serviços de telecomunicações por estrangeiros. Já a Emenda 09/95 alterou a re-
dação do parágrafo 1º do art. 177 para permitir a exploração do monopólio federal 
de petróleo e gás natural por empresa estrangeira. 
Do ponto de vista lógico-semântico, registra-se a igual importância à simbolo-
gia dos signos, mas também sua lógica formal, merecendo destaque a Teoria das 
Classes, a Lógica dos Predicados e a Lógica dos Termos, que compreende o estu-
do da composição interna dos significados a partir de seus predicados. Para Paulo 
de Barros Carvalho, “os nomes são palavras tomadas voluntariamente para de-
signar indivíduos e seus atributos, num determinado contexto de comunicação”.41 
41 PINTO JúNIOR, Mario Engler. Empresa Estatal. Função Econômica e Dilemas Societários. São Paulo: Atlas, 
2010, p. 10-25. 
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O conceito de soberania nacional é provavelmente o ponto nodal da Teoria 
do Direito Público e base do Estado, em especial se considerarmos algumas pro-
blemáticas daí decorrentes, como: i) a aplicação do regime jurídico administrativo 
e das restrições jurídicas dos serviços públicos nas atividades que recebam apor-
tes ou participação de investimentos estrangeiros e como se dará a compatibiliza-
ção do regime jurídico administrativo com a regulação internacional dos recursos/
investimentos estrangeiros; ii) tratamento do capital estrangeiro e sua dinâmica 
com princípios constitucionais e internacionais, como é o caso do princípio in-
ternacional da nação mais favorecida – NMF e eventual incompatibilidade com o 
sistema jurídico nacional ou regime jurídico administrativo; iii) análise do conceito 
jurídico de parcerias estatais e de oportunidades de negócios no âmbito da Lei 
nº 13.303/16 e outras formas associativas, societárias e contratuais que pos-
sam ser estabelecidas para justificar investimentos das Estatais na participação 
de empresas estrangeiras (outra face do investimento estrangeiro em empresas 
brasileiras que atuam em serviços públicos e infraestrutura). 
A despeito do realce complexo e da dimensão que toma o tema no âmbito 
não só do Direito Constitucional e Direito Administrativo, mas também do Direito 
Internacional Econômico, parece-nos que a metodologia do Construtivismo Lógico-
Semântico nos fornece material instrumental interessante de grande valia para o 
desenvolvimento completo das teorias da tese que se propõe estudar. 
Na esfera multidisciplinar, a metodologia apresenta em linguagem formal 
a aplicação da Teoria dos conjuntos e subconjuntos, com relação de includência 
ou não quanto às relações entre Direito Interno e Internacional, que Kelsen con-
sidera num mesmoplano jurídico, conforme sua teoria monista, mas que confere 
validade ou não aos sistemas estatais ainda que produzidas como regras-quadro 
ou regras em branco a serem preenchidas de acordo com vontade decisória das 
unidades políticas.42 
Outro ponto a ser considerado é o reconhecimento da norma fundamental 
que dá validade para as demais normas do sistema jurídico, e como tal, o ordena-
mento jurídico é escalonado por normas ligadas à ideia de Constituição, que con-
fere orientações à comunidade política e lhe dá sentido aos princípios referidos. 
Também merece relevo, na doutrina tradicional dos referenciais citados por 
Paulo de Barros Carvalho, a solução de “antinomias” pela “revogação” de uma 
das “normas conflitantes”, o que seria a confirmação de que há a revogação de 
uma das normas conflitantes e a consequente expulsão de uma das normas do 
sistema, mas sim parte-se do pressuposto de que as disposições, ainda que 
incompatíveis, são igualmente válidas. 
42 VILANOVA, Lourival. As estruturas lógicas e o sistema de direito positivo. 4. ed. São Paulo: Noeses, 2010, 
p. 141. 
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Princípios, mesmo que aparentemente incompatíveis, são válidos e existem. 
Para a teoria tradicional positivista, há competência exclusiva do aplicador do 
direito para definir qual é a norma jurídica que se prefere no sistema, fazendo-a 
incidir e qual é a norma jurídica que deverá ser expulsa. De acordo com o pós- 
positivismo, as duas normas de forma indireta correspondem a princípios implíci-
tos ou explícitos, formais ou materiais, e que lhe darão primazia sobre uma norma 
ou outra. 
Uma visão pós-positivista da teoria foi defendida por Robert Alexy e Robert 
Dworkin, já que não há norma conflitante que expulse outra do sistema, mas sim 
uma norma que axiologicamente direciona para uma teoria da resposta correta ou 
mais adequada sob o ponto de vista do sistema. 
De modo geral, o exercício deste artigo que é a fixação de premissas me-
todológicas e dogmáticas para nortear os estudos da tese a ser desenvolvida, 
considerando alguns conceitos do Construtivismo Lógico-Semântico em especial: 
i) a consideração do Direito enquanto linguagem; ii) a interpretação do contexto 
do direito como objeto histórico e cultural, objeto das ciências do espírito; iii) a 
verificação das pré-compreensões do intérprete na conclusão da interpretação; 
iv) a Lógica Formal do sistema jurídico que confere unidade e hierarquização às 
normas, em relações de coordenação e subordinação; v) consideração dos prin-
cípios enquanto normas jurídicas dotadas de sentido e orientadoras de interpre-
tação como vetores; vi) atribuição de sentido de validade da norma constitucional 
incidindo sobre todo o sistema jurídico; vii) aplicação da Lógica dos Predicados e 
Lógica dos Conjuntos em situações de intertextualidade do Direito e Economia, 
justificando intervenção estatal e por fim relações de coordenação e subordinação 
entre Direito Interno e Internacional. 
Conclusão
Buscou-se compatibilizar a utilização e dação de pressupostos científico- 
metodológicos do Construtivismo Lógico-Semântico ao amplo tema a ser tratado 
na tese de doutoramento junto à PUC-SP. A temática da problematização envolve 
a importância da infraestrutura enquanto elemento de cidadania e potencialidade 
do Estado brasileiro, destacando sua soberania interna e externa. Em especial, 
buscam-se respostas para as situações em que potências mais desenvolvidas 
têm alocado recursos no Brasil, capitalizando empresas brasileiras (privadas ou 
públicas) que estão, direta ou indiretamente implicadas na prestação de serviços 
públicos.
A primeira premissa metodológica extraída do Construtivismo Lógico-
Semântico que o Direito é linguagem, baseada na concepção filosófica da Teoria 
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da Comunicação, após o movimento do que se denomina Giro-Linguístico, conside-
rando que a interpretação dos conceitos implica, no âmbito das ciências naturais 
e das ciências do espírito, nos atos contínuos e constantes de “explicação” e 
“compreensão” dos símbolos. 
Admite-se que a interpretação está sob a dependência do ponto de vista do 
observador, suas experiências, suas pré-compreensões, das quais dependem e 
resultam das possibilidades exegéticas que decorrem da abordagem e das visões 
que as alimentam. As pré-compreensões e ideologias em geral direcionam aquilo 
que se vê, se apreende e se compreende. Texto ou fato, diriam os relativistas que 
consideram o “giro linguístico”, é sempre uma versão daquilo que vemos. 
Entretanto, acaso a interpretação relativista do Direito imperasse na ciência 
jurídica ter-se-ia uma inevitável e indesejável indeterminação do seu conteúdo, 
com liberdade de livre estipulação e indeterminação conceitual e metodológica 
que levariam a suprimir o que o Direito tem de mais valioso: sua função deôntica, 
de descrever determinadas ações válidas ou inválidas no campo fenomenológico 
e prescrever as condutas desejadas pelo ordenamento jurídico, orientando com-
portamentos humanos. 
Daí a importância da ciência do Direito na função de constranger e extrair 
os sentidos reais do sistema jurídico enquanto ordenamento coerente, fazendo-se 
atentar para a metodologia que também se compromete a privilegiar os pressu-
postos da Lógica, dimensionando em especial os planos sintático, semântico e 
pragmático da linguagem, considerando a estrutura lógica, a dimensão semântica 
de conteúdos e projeção pragmática pelos utentes da língua.
Ainda, é necessário pensar em contexto, de forma que não se admite que 
o sistema seja totalmente fechado, mas possua uma abertura cognitiva ao am-
biente que o faz se relacionar com o meio, recolhendo e reconhecendo o cultura 
e história que permeia não só a edição mas a interpretação das normas jurídicas 
extraídas dos dispositivos, motivo pelo qual o artigo aborda os modelos jurídicos, 
econômicos e sociais inerentes à norma constitucional que institui o princípio da 
soberania nacional. 
Ressalta ainda a importância dos princípios na Constituição brasileira e apli-
cação deles enquanto base do Sistema Jurídico, impregnado de valores sociais, 
que reforçam o movimento dinâmico e cultural do paradigma gadameriano e da 
concepção do direito enquanto objeto cultural e valorativo, com função deôntica de 
orientar comportamentos estatais. 
Dessa interpretação, fixam-se outras premissas e bases metodológicas para 
verificar a compatibilidade ou não dos investimentos estrangeiros em infraestrutura 
à luz do conceito operativo de soberania nacional estabelecido. Pretende-se apre-
sentar a carga conceitual, os elementos interpretativos e a densidade constitucional 
do princípio da soberania nacional em sua conformação com o ordenamento jurídico 
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interno, considerando seu valor histórico como valor fundamental da formação dos 
Estados Modernos e eventuais mutações ou flexibilizações de seu significado no 
contexto global e no ordenamento jurídico.
Das referências bibliográficas e propostas metodológicas estudadas à luz do 
Construtivismo Lógico-Semântico, foi possível extrair várias premissas epistemoló-
gicas que se aplicam à proposta em questão, todas explicitadas e desenvolvidas, 
considerando-se os cenários de serviços públicos relativos a elementos estratégi-
cos da infraestrutura nacional. 
Pode-se extrair, em tese, as seguintes premissas: i) a consideração do 
Direito enquanto linguagem;ii) a interpretação do contexto do direito como ob-
jeto histórico e cultural, objeto das ciências do espírito; iii) a verificação das pré- 
compreensões do intérprete na conclusão da interpretação; iv) a Lógica Formal do 
sistema jurídico que confere unidade e hierarquização às normas, em relações 
de coordenação e subordinação; v) consideração dos princípios enquanto normas 
jurídicas dotadas de sentido e orientadoras de interpretação como vetores; vi) 
atribuição de sentido de validade da norma constitucional incidindo sobre todo o 
sistema jurídico; vii) aplicação da Lógica dos Predicados e Lógica dos Conjuntos 
em situações de intertextualidade do Direito e Economia, justificando intervenção 
estatal e por fim relações de coordenação e subordinação entre Direito Interno e 
Internacional. 
Principle of national sovereignty and foreign investments in infrastructure: the contribution of 
methodological assumptions of logical-semantic constructivism for interpretative analysis
Abstract: This article seeks to identify, in the light of the doctrine of Logical-Semantic Constructivism, 
the treatment of a topic whose problematization involves the importance of infrastructure as an 
element of citizenship and potentiality of the Brazilian State, highlighting the constitutional principle of 
sovereignty, including the internal scope and external. In particular, answers are sought for situations 
where more developed powers have allocated resources and investments in Brazil, capitalizing Brazilian 
companies (private or public) that are, directly or indirectly, involved in the provision of infrastructure 
and public services. The first methodological premise extracted from Logical-Semantic Constructivism 
is that Law is language, based on the philosophical conception of Communication Theory, which, after 
the movement of what is called Giro-Linguistic, considered that the interpretation of concepts implies, 
within the scope of natural sciences and the sciences of the spirit, in the continuous and constant acts 
of ‘explanation’ and ‘understanding’ of symbols, starting from interpreter pre-comprehension, cultural 
and historical context and interdisciplinarity, which can relativize knowledge. From the bibliographical 
references and methodological proposals studied in the light of Logical-Semantic Constructivism, it 
was possible to extract several epistemological premises that apply to the thesis proposal: i) the 
consideration of Law as language; ii) the interpretation of the context of law as a historical and cultural 
object, object of the sciences of the spirit; iii) verification of interpreter pre-comprehension at the 
conclusion of the interpretation; iv) the Formal Logic of the legal system that confers unity and hierarchy 
to norms, in coordination and subordination relations; v) consideration of the principles as legal norms 
that are meaningful and guiding interpretations as vectors; vi) attribution of validity of the constitutional 
norm affecting the entire legal system; vii) application of the Logic of Predicates and Logic of Sets in 
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situations of intertextuality of Law and Economy, justifying state intervention and finally relations of 
coordination and subordination between Internal and International Law
Keywords: Principle of national sovereignty. Foreign investments in infrastructure. Logical-Semantic 
Constructivism. Premisses. 
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Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): 
COêLHO, Carolina Reis Jatobá. Princípio da soberania nacional e investimentos 
estrangeiros em infraestrutura: a contribuição de pressupostos metodológicos 
do construtivismo lógico-semântico para análise interpretativa. Revista Inter-
nacional de Direito Público – RIDP, Belo Horizonte, ano 3, n. 05, p. 85-106, 
jul./dez. 2018.
Recebido em: 10.08.2018
Aprovado em: 20.09.2018
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