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EXERCÍCIO E IMUNO-NUTRIÇÃO Por Andréia Naves Exercício e Sistema imune Muitos estudos em humanos e animais têm demonstrado o importante impacto do exercício no sistema imunológico. Há um consenso geral de que treinos regulares de curta duração (até 45 minutos) de intensidade moderada são benéficos para o sistema imune, particularmente em idosos e pessoas com doenças crônicas. Por outro lado, as infecções parecem ser maiores em atletas de alta performance e uma das causas do número de dias perdidos de treinamento durante a preparação para a maioria das competições. Assim, parece que treinos extremamente intensos (volume e carga) podem levar a uma imunossupressão e aumentar o risco de infecções, formando uma curva em formato de “ J” como demonstrado na figura 1(1). Em 2006 Malm(2) propôs que o treinamento de atletas de elite estava associado com menor suscetibilidade a infecções, sugerindo uma relação entre risco de infecções e carga de treinamento numa curva em formato “S” (Figura 1). A hipótese é que atletas de elite conseguem suportar esses treinos por desenvolverem, ao longo dos anos de treinamento, um sistema imunológico robusto capaz de resistir a infecções até mesmo durante o aumento do estresse físico e psicológico. Contudo a ideia de que o exercício per se suprime o sistema imune e aumenta o risco de infecção independentemente de outros fatores, como ansiedade, distúrbios do sono, viagens, deficiências nutricionais e ambientes de condições extremas, tem sido reavaliada. Estudos recentes têm avaliado, por exemplo, se atletas ou esportistas são mais suscetíveis a infecções que a população em geral; se o exercício per se é capaz de alterar a imunidade aumentando o risco de infecção independe de outros fatores; e a utilidade de certos biomarcadores para monitorar a saúde imunológica em quem pratica exercícios em condições extremas(3). Apesar do impacto da carga de treinamento intenso crônico na função imune ainda estar em debate, já está bem documentado que uma única sessão de exercício intenso e prolongado leva a uma modificação transitória numa grande quantidade de variáveis imunológicas. Após o exercício intenso, a capacidade individual de defesa contra patógenos é alterada, resultando numa “janela de oportunidade” para infecções do trato respiratório superior (URTIs) que pode durar até 72 horas pós exercício, dependendo da intensidade e duração do mesmo e dos marcadores imunológicos avaliados(4). Depois das lesões, as URTIs e infecções intestinais (nessa ordem) são as razões mais comuns para que um atleta de elite tenha comprometimento dos treinamentos que impactam na sua performance competitiva. Uma URTI, como uma gripe comum, pode apenas representar um incômodo indesejado para a maioria de nós; contudo, para atletas, geram um grande prejuízo na performance esportiva (5). Em 3 anos de pesquisa em um estudo com 322 atletas olímpicos, aproximadamente 70% das infecções relatadas resultaram em perda de tempo de treino e ausência de competição(5). É muito comum atletas ignorarem os sintomas de gripe ou infecções com medo de perder treinos e competições - provavelmente eles acreditam que alcançarão o sucesso com a habilidade de lidar com as adversidades enquanto outros atletas parariam. Corredores que reportam sintomas contínuos e recorrentes de gripe, nos últimos 8 a 12 dias que antecedem uma prova de endurance, possuem mais chances de abandonar a competição, ainda que 98% dos corredores passem a linha de chegada(6). A prática de treinos intensos durante ou após uma recuperação incompleta de uma infecção viral pode resultar em complicações médicas sérias incluindo miosite, rabdomiólise e miopericardite, sendo que essa última pode causar arritmia aguda levando a morte súbita(7). Como a redução das infecções do trato respiratório superior, particularmente aquelas de origem infecciosa, tem importante impacto na performance esportiva, não é surpresa que uma grande quantidade de pesquisas tem focado em encontrar estratégias nutricionais que melhorem a função imune em repouso e/ou modifiquem a resposta imune ao exercício. A disponibilidade de energia e nutrientes tem influência na imunidade porque tanto macro como micronutrientes estão envolvidos em inúmeros processos imunológicos que envolvem o metabolismo celular, a síntese de proteínas e a defesa antioxidante. Há um grande interesse de investigação entre o status nutricional do atleta/esportista e sua saúde imunológica em condições específicas de treinamento mais intenso. Já se sabe que a nutrição inadequada, especificamente a baixa disponibilidade de energia, é um importante fator de risco para infecções em atletas de elite e esportistas(8). Em dois estudos, aproximadamente metade das mulheres atletas, apresentavam baixa disponibilidade energética, o que aumentou em 4 a 8 vezes o risco de infecções do trato respiratório superior (URTI) nos meses que precederam as Olimpíadas(8)(9). A capacidade do sistema imunológico de combater vírus, bactérias e outros patógenos chama-se resistência, e é dependente da adequada ingestão de energia e dos substratos energéticos: glicose, aminoácidos e ácidos graxos. Além disso, a proliferação celular necessita de nucleotídeos (para a síntese de DNA e RNA) e aminoácidos (para a síntese proteica). Uma adequada ingestão de aminoácidos também é necessária para a produção de proteínas como imunoglobulinas, citocinas e proteínas de fase aguda(10). A restrição energética severa pode influenciar a imunidade pela ativação do eixo hipotálamo hipófise adrenal (HPA axis) aumentando a produção de cortisol, um potente hormônio do estresse(11). Importante salientar que o aumento do cortisol nem sempre tem impacto na imunidade. Por exemplo, o aumento do cortisol por um curto período de estresse (duração de minutos) pode ter um efeito adjuvante na melhora da imunidade(11). Por outro lado, o estresse crônico (duração de dias a meses) pode alterar o ciclo circadiano do cortisol e aumentar a resistência ao glicocorticoide com efeitos danosos na imunidade, inflamação e resistência infecciosa(12). Um sistema imunológico fragilizado aumenta a suscetibilidade ao dano tecidual causado pelos patógenos. Os micronutrientes exercem uma importante função na síntese de nucleotídeos e ácido nucléico (por exemplo, ferro, zinco e magnésio) e na defesa antioxidante que protege contra o dano tecidual (por exemplo, vitamina C e vitamina E). A disponibilidade de antioxidante pode ser particularmente importante durante esforço intenso ou infecção quando o estresse oxidativo aumenta. Alguns nutrientes podem influenciar diretamente a função das células imunológicas pela regulação da expressão gênica (por exemplo, vitamina D)(10). Há, ainda, outras maneiras nas quais a nutrição pode afetar a imunidade e os processos infecciosos. Probióticos e prebióticos podem influenciar indiretamente a imunidade modificando a microbiota intestinal(13) e o zinco pode inibir diretamente a atividade viral na região orofaríngea,com benefícios terapêuticos nas URTIs(14). “Se você puder dar a todos os indivíduos a quantidade correta de nutrição e exercício, nem muito e nem pouco, nós teremos encontrado a forma mais segura para a manutenção da saúde”. Hippocrates c. 460—377 B.C. Nova Perspectiva Teórica em relação a Nutrição e a Imunidade do Atleta A visão tradicional da ciência da imunologia faz esforços para entender as armas do sistema imune e a sua capacidade em lutar contra patógenos infecciosos. A esse fenômeno se denomina resistência imunológica. A visão contemporânea prefere um modelo que descreve não somente a resistência, mas também a tolerância imunológica, definida como a capacidade de tolerar os patógenos(15). A figura 2 exemplifica essa relação entre resistência e tolerância imunológica. Figura 2: Observa-se uma curva dose-dependente gerada da relação entre a saúde do hospedeiro e a carga infecciosa (patógenos) onde vigor representa hospedeiros não infectados. A resistência (círculos fechados) é definida pela redução da carga infecciosa que leva ao aumento da saúde do hospedeiro. O aumento na resistência está representado pelo aumento do tamanho do círculo fechado. Por outro lado, a tolerância (círculos abertos) é definida pelo aumento na saúde do hospedeiro independente da carga infecciosa. O aumento na tolerância é representado pelo aumento do circulo (aberto); alterações das cores no gráfico (vermelho = baixa tolerância; azul = alta tolerância)(15). Essa nova perspectiva teórica pode melhorar nosso entendimento de como ficamos doentes quando temos uma infecção (em termos de severidade e duração) e, mais claramente, elucida a função da nutrição, particularmente em termos de tolerância. Uma importante deficiência de nutrientes prejudica a adequada função do sistema imune que diminui nossa resistência e aumenta a suscetibilidade a infecções. Já se sabe a que a deficiência de proteínas altera a defesa do hospedeiro e que a deficiência de zinco reduz a imunidade. Contudo, há um número crescente de evidências que indicam que alguns nutrientes, em algumas situações, quando ingeridos acima das recomendações, podem beneficiar o sistema imune, provavelmente por otimizar o delicado equilíbrio entre a resistência e a tolerância(16). Figura 3: Modelo de resistência e tolerância nas interações entre os patógenos e hospedeiro e a importância da suplementação nutricional(17). Esse modelo exemplificado na figura 3 ajuda a explicar porque alguns suplementos nutricionais com efeitos “tolerogênicos” (atuam na tolerância imunológica) podem reduzir diretamente a carga infecciosa em indivíduos saudáveis (redução da severidade e duração). Assim, não é suficiente perguntar se a intervenção nutricional pode impedir que um atleta fique doente - talvez seja mais pertinente perguntar se as intervenções nutricionais reduzem como os atletas ficam doentes. A área sombreada à esquerda da figura 3 mostra a visão clássica da resistência imunológica, onde o armamento imunológico protege o hospedeiro na tentativa de reduzir a carga infecciosa do patógeno por meio de algumas células de defesa e liberação de radicais livres. Uma baixa resistência resulta em imunodeficiência e aumenta o risco de infecção. Por outro lado, uma resposta imune excessiva ao patógeno pode causar um dano no tecido e um desperdício das fontes energéticas de outras funções importantes, impactando no desenvolvimento da autoimunidade e processos alérgicos. A homeostase é alcançada pelo equilíbrio entre as células efetoras e reguladores; assim, o conceito de tolerância, que considera nossa capacidade de lidar com os patógenos (na figura à direita), tem sido adotado por alguns pesquisadores. Os patógenos influenciam na magnitude da nossa resposta imunológica pela exposição aos padrões moleculares associados a microorganismos (MAMPS) e pela estimulação da liberação dos sinais deletérios liberados do tecido danificado. Nesse modelo, a tolerância reduz a atividade de defesa (linha tracejada no lado direito da figura) e ainda controla a infecção sem gerar dano tecidual com um baixo custo energético. Isso explica como nós podemos tolerar bactérias comensais em vez de obtermos uma resposta imune destruindo a grande quantidade de bactérias no intestino. Os suplementos nutricionais com efeitos tolerogênicos (ou seja, melhoram nossa tolerância) podem, de uma outra maneira, reduzir a carga de infecção (severidade e duração) em indivíduos saudáveis devido aos seus efeitos imunomodulares no intestino, anti-inflamatórios e antioxidantes (17). IMUNO-NUTRIÇÃO: Substâncias que melhoram nossa Resistência e substâncias que melhoram nossa Tolerância Imunológica Nutrição e Resistência Imunológica As pesquisas que demonstram os efeitos do suporte nutricional para a melhora da resistência imunológica (e assim reduzir a carga patogênica) vêm de estudos com pessoas que possuem sistema imunológico fragilizado, como idosos e pacientes clínicos em situações de deficiência nutricional(16). Nos últimos 25 anos, os imunologistas do exercício têm pesquisado, exaustivamente, suplementos que podem melhorar a resistência imunológica de atletas (tabela 1). No entanto, numa visão mais contemporânea, os dados que evidenciam a imunossupressão em atletas em atletas ainda não são consistentes(18). Assim, não é surpresa que os suplementos, que têm como alvo melhorar a resistência imunológica, mostrem benefícios limitados para a imunidade do atleta e defesa do hospedeiro (tabela 1)(17). Uma exceção é o efeito terapêutico das pastilhas de zinco para o tratamento de gripes comuns. Uma meta-análise recente mostrou que 75mg/dia de zinco elementar promoveu redução da duração das URTIs para aproximadamente 3 dias (33%), quando tomadas 24 horas após o início dos sintomas(14). Os autores pontuam que a dose ótima e a composição ideal das pastilhas de zinco precisam ser determinadas porque, de fato, muitas pastilhas de venda livre contêm muito pouco zinco ou contêm substâncias que o quelam. Apesar de não estar elucidado o exato mecanismo do efeito antiviral do zinco, parece que ele age aumentando o inteferon gama (IFN-γ) e diminuindo a atração do vírus comum da gripe para os locais de ligação. Os efeitos terapêuticos do zinco para o tratamento das URTIs têm sido descritos pela suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e, assim, também têm efeitos na tolerância imunológica(19). Nutrição e Tolerância Imunológica A tolerância reduz a atividade de defesa, controlando efetivamente a infecção sem causar dano tecidual e facilitando a regulação homeostática da comunidade benéfica de bactérias presente no intestino. Olhando por esse lado fica fácil entender porque os estudos que envolvem suplementos nutricionais com propriedades tolerogênicas têm demonstrado alguns efeitos positivos na redução da carga infecciosa em indivíduos saudáveis (tabela 2) (17). Probióticos e prebióticos têm efeitos tolerogênicos por influenciar na homeostase das bactérias dointestino(13). Os efeitos antioxidantes da vitamina C e anti-inflamatórios da vitamina D podem melhorar a tolerância atenuando o dano tecidual excessivo durante a infecção(20)(21). E, como pontuado anteriormente, as pastilhas de zinco para o tratamento da gripe comum, além melhorarem a resistência, também possuem ação na tolerância imunológica devido aos seus efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios(19). PROBIÓTICOS O sistema imunológico gastrointestinal é exposto a uma grande variedade de diferentes substâncias, na sua grande maioria inócuas (derivadas das “boas” bactérias e/ou dos antígenos alimentares), mas algumas vezes substâncias também perigosas e infecciosas (vírus e bactérias). Nas ultimas décadas, o estilo de vida moderno tem levado a um aumento da prevalência de desordens imunológicas que estão relacionadas com a composição da microbiota, devido ao aumento do uso de antibióticos e ausência dos parasitas intestinais, que mantém o equilíbrio microbiano. Além disso, o sistema imune tem ficado mais dependente da microbiota e do meio ambiente natural(22). A microbiota comensal exerce um papel importante nos resultados de modulação da resposta imune no trato gastrointestinal mantendo a homeostase imunológica na saúde. Ela também tem a capacidade de modular diversos aspectos no hospedeiro incluindo sua fisiologia e/ou status nutricional, contribuindo com várias doenças que afetam não só o intestino, mas também órgãos distantes(23). Os probióticos são micro-organismos vivos que, quando administrados regularmente e em quantidades adequadas, conferem benefícios na saúde do hospedeiro pela modulação das bactérias que habitam o intestino (microbiota) e garantem a imunidade(24). Há inúmeros mecanismos pelos quais os probióticos beneficiam a imunidade e a resistência a infecções, particularmente as infecções respiratórias e gastrointestinais. Os probióticos podem melhorar a resistência imunológica reforçando a barreira de proteção intestinal e competindo com patógenos para alcançar o epitélio intestinal e pela disponibilidade de nutrientes. Os produtos do metabolismo dos probióticos (por exemplo, ácido lático) também podem inibir o crescimento bacteriano no intestino. Os probióticos possuem importantes benefícios mutualísticos para a saúde imunológica que vai além do intestino por meio da interações entre as bactérias comensais e o sistema imune do hospedeiro e, dessa forma, possuem efeitos também na tolerância imunológica por prevenir as respostas inflamatórias desnecessárias das substâncias que danificam o intestino(24). As intervenções terapêuticas que modulam o eixo microbiota-sistema imunológico podem ser resumidas na figura 3(25): ▪ utilização de cepas probióticas que promovem respostas imunossupressoras e que limitam a inflamação patológica; ▪ ingestão de dietas ou formulações prebióticas que forneçam nutrientes para modular a microbiota intestinal e liberar substâncias anti-inflamatórias; ▪ substituir a “doença” da microbiota intestinal, restabelecendo a população de bactérias benéficas e/ou eliminando as bactérias patogênicas. O uso de agentes imuno-terapêuticos que agem diretamente na imunidade do hospedeiro. Figura 3: Intervenções Terapêuticas que modulam o eixo microbiota e sistema imune Uma recente meta-análise mostrou que a suplementação com probióticos reduz a incidência de URTIs aproximadamente pela metade, reduz a duração dos sintomas por aproximadamente 2 dias e reduz a quantidade de prescrições de antibióticos(26). Dessa forma, sugere-se que os atletas façam uso de probióticos, particularmente durante períodos onde se tem maior risco de URTIs, como por exemplo, semanas antes e durante viagens. O atual posicionamento do Sociedade Internacional de Nutrição esportiva(27) é que algumas espécies de cepas e combinações de cepas probióticas são efetivas em minimizar as infecções do trato gastrointestinal e do trato respiratório, até mesmo na recuperação do exercício. Esses efeitos dependem dos tipos de cepas, dose, período e forma de administração (cápsula, sachês e leite fermentado). Os mecanismos celulares relacionados a efetividade dos probióticos no contexto do esporte não têm sido totalmente elucidados e poucos artigos pontuam avaliações biológicas. Sugere-se que pesquisas futuras considerem parâmetros como produção de ácidos graxos de cadeia cura (AGCC), alterações de pH, proteínas relacionadas a barreira de proteção, composição da microbiota e função das células imunológicas moduladas pela intensidade e duração do exercício. VITAMINA C Essa potente vitamina antioxidante é encontrada em altas concentrações em leucócitos, mas os níveis caem drasticamente durante gripes comuns quando o estresse oxidativo aumenta. Assim, sabe-se que a suplementação de vitamina C pode melhorar a tolerância imunológica por atenuar o dano tecidual excessivo durante a infecção(28). Uma recente revisão e meta-análise evidenciou que doses diárias de vitamina C maiores que 200mg têm efeitos profiláticos e terapêuticos em gripes comuns(29). A suplementação de 250mg a 1g de vitamina C ao dia em 598 atletas que realizavam treinos intensos, incluindo maratonistas, esquiadores e soldados, diminuiu a incidência de URTIs em 52%(29). Em outro estudo duplo cego placebo controlado, a suplementação de 600mg/dia de vitamina C por 3 semanas antes de uma corrida de 90km reduziu em 68% a incidência dos sintomas de URTIs nas duas semanas pós competição(30). Doses mais altas de vitamina C diariamente podem ser necessárias para o tratamento de URTIs, pois a suplementação de 200mg/dia foi insuficiente para restabelecer os níveis de vitamina C nos leucócitos durante as URTIs; porém doses de 6g/dia interromperam a queda dos níveis de vitamina C durante a infecção respiratória(31). O fornecimento de 8g/dia de vitamina C no primeiro dia da infecção respiratória reduziu a duração da infecção mais do que 4g/dia(32) e os benefícios dose dependentes foram demonstrados em outros estudos fornecendo 3 e 6g/dia(33). Uma questão relevante que devemos levar em consideração é que, possivelmente, altas doses regulares de vitamina C (1g/dia) podem inibir algumas respostas adaptativas do treinamento de endurance. Os estudos sugerem cautela em relação a suplementação de altas doses de antioxidantes durante o treinamento de endurance para se evitar o bloqueio das adaptações celulares(34). Como a suplementação de vitamina C é barata, segura e pode prevenir os episódios e os sintomas de URTIs, sugere-se a suplementação (250mg a 1g/dia) cautelosa durante treinos intensos e períodos de maior risco de infecção como viagens para competições importantes. VITAMINA D As células do sistema imune expressam receptores para a vitamina D, incluindo as células apresentadoras de antígenos, células T e B e aquelas células capazes de sintetizar o metabólito biologicamente ativo da vitamina D – 1,25OHD. A vitamina D exerce sua função melhorando o sistema imune inato pela indução das proteínasantimicrobianas. Além disso, muitas das ações da vitamina D no sistema imune adquirido são de natureza anti-inflamatória. Os efeitos tolerogênicos da vitamina D previnem a resposta imune excessiva pela ativação das células T(21). Há um aumento no interesse dos benefícios da suplementação de vitamina D já que os estudos demonstram níveis insuficientes de vitamina D circulante (<20 ng/ml) em mais da metade de todos os atletas e militares testados durante o inverno(35). Uma quantidade relevante de estudos recomendam que se evite a deficiência de vitamina D circulante (< 12 ng/ml) para a manutenção da imunidade e redução dos episódios de URTIs na população em geral, atletas e militares(35). Uma meta-análise recente demonstrou efeito protetor da suplementação oral de vitamina D nas infecções respiratórias, particularmente naqueles com baixos níveis basais de vitamina D no sangue e naqueles que receberam doses diárias ou semanais da suplementação oral. Curiosamente aqueles que receberam altas doses de vitamina D de uma única vez uma ou mais vezes não se beneficiaram desse efeito protetor da vitamina D no trato respiratório(36). Níveis adequados de vitamina D podem ser alcançados pela exposição solar segura durante o verão e quando os exames indicarem insuficiência, 1000 UI/dia (durante o inverno, por exemplo) é suficiente para restabelecer os níveis sanguíneos e conferir efeito protetor ao sistema imunológico(37). ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 Além de serem fornecedores de energia, muitos lipídios dietéticos, em particular os ácidos graxos ômega-3 bem como seus produtos metabólicos, são capazes de regular muitas funções celulares. Nesse sentido, os ácidos graxos ômega-3 (EPA e DHA) têm importante impacto na função das células imunológicas tanto do sistema imune inato quando adquirido(38). Seu potente efeito anti-inflamatório se dá pela sua capacidade de inibir a produção de eicosanoides inflamatórios (PGE2 e LTB4), citocinas pró-inflamatórias (IL-1B, TNF-alfa, IL-6), quimiocinas (IL-8 e MCP-1), moléculas de adesão (ICAM-1 e VCAM-1, selectinas), fatores de agregação plaquetária e espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. Por outro lado também aumenta a produção de citocinas anti-inflamatórias como a IL-10(16). Outro mecanismo que explica seus efeitos anti-inflamatórios é pela sua capacidade de modulação da atividade gênica. A ativação de genes para a maioria dos mediadores pró-inflamatórios é controlada pelo NF-kappa B, um fator de transcrição gênica presente em quase todos os tipos de células. Tem se demonstrado que os ácidos graxos ômega-3 inibem a sinalização do NF-kappa B por diversos caminhos bioquímicos(39). No contexto do exercício parece que uma dose única de ômega-3 (750mg EPA + 50mg DHA) imediatamente após exercício excêntrico tem efeito na modulação do dano muscular, mostrando seu efeito anti-inflamatório na recuperação do exercício(40). Tentativas devem ser feitas para se estabelecer uma dose ótima de ômega-3 para maximizar a relação risco-benefício da suplementação. Tem se sugerido que, para a maioria dos atletas, a ingestão de aproximadamente 1 a 2g/dia de EPA+DHA (relação 2:1) pode ser benéfica em inibir a inflamação induzida pelo exercício e para a saúde do atleta como um todo. Contudo, é importante salientar que uma dose de 3g/dia de ômega-3 é segura para a maioria da população, e é recomendado que atletas obedeçam a essa recomendação consumindo o óleo de peixe para reduzir a dor e o dano muscular induzido pelo exercício(41)(42). POLIFENÓIS Os polifenóis são substâncias bem conhecidas, compostos bioativos presentes nos alimentos (especialmente em frutas, verduras, ervas e chás), com importante atividade imunomoduladora. São classificados em flavonóides, ácidos fenólicos e estilbenos, que são produzidos em plantas e existem na forma livre como agliconas ou em seu estado estereficado com glicose e outros tipos de carboidratos como glicosídeos. Consequentemente, os polifenóis absorvidos interagem com o sistema imunológico intestinal levando tanto a reações protetoras como danosas ao hospedeiro. Os polifenóis variam em termos de estabilidade, especialmente no contexto da digestão intestinal. Por exemplo, compostos como as antocianinas e os flavonóides são relativamente instáveis no duodeno(43). Dados recentes sugerem que os polifenóis contribuem para a prevenção de inúmeras doenças imunológicas. Polifenóis do vinho tinto podem aumentar significativamente os níveis de IL-21 (interleucina anti-inflamatória) e reduzir os níveis de IL-1B E IL-6 (interleucinas pró-inflamatórias)(44). Cada tipo de polifenol tem como alvo e se liga a um ou mais receptores das células do sistema imune e desencadeia sinais intracelulares que regulam a resposta imune do hospedeiro. As intervenções dietéticas que envolvem os polifenóis podem modular a resposta imune por afetar os mecanismos epigenéticos, como a metilação do DNA e modificação das histonas, que alteram a expressão de genes que codificam mediadores imunológicos chaves(45). A ação dos polifenóis na resposta imunológica intestinal ocorre por diversos mecanismos como regulação da mucosa e redução da inflamação. O sistema imune inato do intestino contém 3 linhas de defesa: camada da mucosa, o epitélio e a lâmina própria. A camada da mucosa é a primeira linha de defesa do hospedeiro intestinal contra patógenos(46). A proteção nutricional dos polifenóis nas lesões anormais das criptas intestinais podem representar uma prevenção chave de tumores do trato gastrointestinal pela redução na presença dessas criptas anormais. Estudos in vivo têm demonstrado que os polifenóis melhoram a imunidade da mucosa por aumentar a população de células T intra-epiteliais e eosinófilos de mucosa, bem como a concentração de propionato em animais infectados(47). Cacau tem demonstrado aumentar a resposta imune intestinal em animais jovens(48).A curcumina aumenta significativamente os níveis de IgA no intestino de ratos alimentados com dietas ricas em gordura(49).Estudo em humanos demonstrou que a suplementação de tabletes contendo 1g de cúrcuma OU curcumina e 1,25mg de bioperina (pimenta preta) levou a uma grande diferença no número de espécies de bactérias no intestino. O grupo placebo teve uma redução de 15% nas espécies, o grupo suplementado com cúrcuma um aumento de 7%, porém o grupo suplementado com curcumina teve um aumento de 69% das espécies(50). No entanto o estudo conclui que os resultados encontrados não foram uniformes entre os indivíduos devido às características microbianas e respostas individuais (respostas individuais ao tratamento). Assim parece que a microbiota humana é capaz de biotransformar a curcumina de diferentes maneiras, resultando em metabólitos ativos com efeitos locais e sistêmicos. E apesar da baixa biodisponibilidade, devido a sua alta concentração na mucosa intestinal, a curcumina parece modular a função barreira, reduzir os lipopolissacarídeos (LPS) circulantes e a inflamação. Mas são necessários mais estudos em humanos(50).PRODUTOS DA ABELHA Já está bem documentado na literatura que os produtos da abelha são potentes antioxidantes cujos efeitos são dependentes da sua composição química. Em geral a atividade antioxidante do própolis se dá pelo seu conteúdo de polifenóis e flavonoides(51). Em relação ao pólen da abelha, apesar dos estudos serem divergentes, parece que sua capacidade antioxidante se dá também pelo seu conteúdo de ácidos fenólicos(52). Já na geleia real sua capacidade antioxidante é atribuída ao seu conteúdo de ácido 10-hidroxidecanóico e aminoácidos (prolina, cistina e cisteína) seguido do conteúdo de compostos fenólicos(53). Dessa forma, entre os produtos da abelha, parece que o própolis é o que tem maior poder antioxidante devido ao seu alto teor de compostos fenólicos quando comparado com o pólen da abelha e a geleia real. Porém é importante enfatizar que a geleia real contém outros compostos bioativos que potencializam seu caráter antioxidante(54). Os mecanismos pelos quais os produtos da abelha revertem o dano oxidativo parecem envolver a redução da peroxidação lipídica (MDA e TBARS), a redução dos radicais livres e o aumento da atividade das enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, catalase, glutationa peroxidase e glutationa transferase) no sangue e nos órgãos estudados(54). No entanto, é importante enfatizar que, dos produtos da abelha, o própolis é o mais estudado (principalmente o tipo poplar que é extraído de países temperados) e, ainda assim, os estudos em humanos são limitados. Diversos estudos ainda demonstram que, além da sua potente atividade antioxidante, o própolis possui ação anti-bactericida, antifúngica, antiviral, anti-inflamatória, antitumoral e hepatoprotetora(55). Um dos efeitos que atualmente tem sido atribuído ao própolis é seu efeito na saúde intestinal. Devido à sua atividade antimicrobiana possui efeito contra uma grande quantidade de bactérias patogênicas presentes no intestino, incluindo Enterococcus faecalis, Escherichia coli, Helicobacter pylori, Listeria monocytogene, Neisseria gonorrhoeae, P. larvae, Staphylococcus aureaus, Staphylococcus epidermides, Streptococcus pyogenes and Vancomycin-resistant Enterococcus faecium(56). Estudos recentes demonstram que os polifenóis presentes no própolis agem como probióticos (probiotic like effect) porque são seletivamente metabolizados pela microbiota intestinal, inibindo o crescimento de bactérias patogênicas e suprimindo a adesão dos patógenos nas células intestinais(57). Além disso, parece que o própolis exerce uma importante função no fortalecimento a barreira de proteção intestinal(58). Estudos sobre os efeitos do própolis na microbiota fornecem novos “insights” no potencial de sua aplicação para a saúde humana, particularmente em condições inflamatórias como a síndrome do intestino irritável (SII) e retocolite ulcerativa (RCU)(59). Existem inúmeros tipos e qualidade de própolis que possuem composição química variável dependendo da região, temperatura e local de onde é extraído. Só no Brasil (que é região tropical) há 13 tipos de própolis, incluindo o própolis verde, vermelho e marrom que se diferem no seu conteúdo de polifenóis e flavonoides. O mais popular é o própolis verde, o vermelho é encontrado principalmente no México e em Cuba e o própolis marrom é produzido principalmente no nordeste do Brasil(60)(61)(62). Veja na tabela abaixo os tipos de própolis de acordo com sua planta de origem e sua composição química(61). Importante ainda salientar que, tanto o própolis verde quanto o marrom presente no Brasil possuem maior quantidade de compostos bioativos e atividade antioxidante quando extraídos por álcool(62). Conclusão Está bem estabelecido que uma inadequação nutricional pode prejudicar o funcionamento do sistema imune. Além disso, tem aumentado o reconhecimento de que a ingestão de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), micronutrientes (zinco, vitamina D, vitamina C), polifenóis e alimentos funcionais (probióticos, chá verde e produtos da abelha), até mesmo acima do que é recomendado, pode beneficiar o sistema imune, modular a inflamação crônica, as condições autoimunes e reduzir o risco de infecções. A maioria desses compostos nutricionais possui a função de manter ou melhorar a função imune, incluindo a inibição de mediadores pró-inflamatórios, promoção das funções anti-inflamatórias, modulação da imunidade mediada pelas células e comunicação entre o sistema imune inato e adquirido. A figura 4 abaixo fornece um esquema resumido das características imunomoduladoras de 6 tipos de componentes (zinco, vitamina D, vitamina E, ômega-3, probióticos e catequinas do chá verde). No entanto, é importante observar que essa imagem não cobre completamente os resultados de todas as pesquisas. Um exemplo são os efeitos dos probióticos citados na figura que são baseados no resultado de algumas cepas. Por isso, é importante o cuidado na extrapolação dos dados. A propriedade dos nutrientes, fitoquímicos e alimentos funcionais na modulação da função imunológica tem implicações significativas nas condições mediadas pela inflamação. Vitamina D, ômega-3 e as catequinas do chá verde têm efeitos em condições inflamatórias crônicas; ômega-3 e catequinas em doenças autoimunes; e vitaminas D, E, zinco e probióticos na proteção contra infecções (figura 4). A discrepância nos dados dos estudos e a complexidade das pesquisas em nutrição e imunologia é um desafio constante na busca por consensos e relevâncias clínicas desses componentes. Em alguns casos, os resultados em humanos não são consistentes como os testados pré-clinicamente em modelos animais. Além disso, há uma grande variação nos modelos experimentais, nas doses utilizadas e nas populações estudadas, demonstrando a necessidade de experimentos clínicos mais padronizados e melhor desenhados. Particularmente para zinco, vitamina E, ômega-3 e probióticos é claramente necessário o estabelecimento de doses para maximizar os benefícios clínicos, que ainda podem variar dependendo da idade, background genético, status nutricional e de saúde da população estudada. 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