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E-Book- Exercício e Imuno-Nutrição

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EXERCÍCIO E IMUNO-NUTRIÇÃO 
 
Por Andréia Naves 
 
Exercício e Sistema imune 
 
Muitos estudos em humanos e animais têm demonstrado o importante impacto do exercício no 
sistema imunológico. Há um consenso geral de que treinos regulares de curta duração (até 45 
minutos) de intensidade moderada são benéficos para o sistema imune, particularmente em 
idosos e pessoas com doenças crônicas. Por outro lado, as infecções parecem ser maiores em 
atletas de alta performance e uma das causas do número de dias perdidos de treinamento 
durante a preparação para a maioria das competições. Assim, parece que treinos extremamente 
intensos (volume e carga) podem levar a uma imunossupressão e aumentar o risco de infecções, 
formando uma curva em formato de “ J” como demonstrado na figura 1​(1)​. 
 
Em 2006 Malm​(2) propôs que o treinamento de atletas de elite estava associado com menor 
suscetibilidade a infecções, sugerindo uma relação entre risco de infecções e carga de treinamento 
numa curva em formato “S” (Figura 1). A hipótese é que atletas de elite conseguem suportar esses 
treinos por desenvolverem, ao longo dos anos de treinamento, um sistema imunológico robusto 
capaz de resistir a infecções até mesmo durante o aumento do estresse físico e psicológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contudo a ideia de que o exercício ​per se suprime o sistema imune e aumenta o risco de infecção 
independentemente de outros fatores, como ansiedade, distúrbios do sono, viagens, deficiências 
nutricionais e ambientes de condições extremas, tem sido reavaliada. Estudos recentes têm 
avaliado, por exemplo, se atletas ou esportistas são mais suscetíveis a infecções que a população 
em geral; se o exercício ​per se é capaz de alterar a imunidade aumentando o risco de infecção 
independe de outros fatores; e a utilidade de certos biomarcadores para monitorar a saúde 
imunológica em quem pratica exercícios em condições extremas​(3)​. 
 
Apesar do impacto da carga de treinamento intenso crônico na função imune ainda estar em 
debate, já está bem documentado que uma única sessão de exercício intenso e prolongado leva a 
 
 
uma modificação transitória numa grande quantidade de variáveis imunológicas. Após o exercício 
intenso, a capacidade individual de defesa contra patógenos é alterada, resultando numa “janela 
de oportunidade” para infecções do trato respiratório superior (URTIs) que pode durar até 72 
horas pós exercício, dependendo da intensidade e duração do mesmo e dos marcadores 
imunológicos avaliados​(4)​. 
 
Depois das lesões, as URTIs e infecções intestinais (nessa ordem) são as razões mais comuns para 
que um atleta de elite tenha comprometimento dos treinamentos que impactam na sua 
performance competitiva. Uma URTI, como uma gripe comum, pode apenas representar um 
incômodo indesejado para a maioria de nós; contudo, para atletas, geram um grande prejuízo na 
performance esportiva ​(5)​. Em 3 anos de pesquisa em um estudo com 322 atletas olímpicos, 
aproximadamente 70% das infecções relatadas resultaram em perda de tempo de treino e 
ausência de competição​(5)​. 
 
É muito comum atletas ignorarem os sintomas de gripe ou infecções com medo de perder treinos 
e competições - provavelmente eles acreditam que alcançarão o sucesso com a habilidade de lidar 
com as adversidades enquanto outros atletas parariam. Corredores que reportam sintomas 
contínuos e recorrentes de gripe, nos últimos 8 a 12 dias que antecedem uma prova de 
endurance, possuem mais chances de abandonar a competição, ainda que 98% dos corredores 
passem a linha de chegada​(6)​. A prática de treinos intensos durante ou após uma recuperação 
incompleta de uma infecção viral pode resultar em complicações médicas sérias incluindo miosite, 
rabdomiólise e miopericardite, sendo que essa última pode causar arritmia aguda levando a morte 
súbita​(7)​. 
 
Como a redução das infecções do trato respiratório superior, particularmente aquelas de origem 
infecciosa, tem importante impacto na performance esportiva, não é surpresa que uma grande 
quantidade de pesquisas tem focado em encontrar estratégias nutricionais que melhorem a 
função imune em repouso e/ou modifiquem a resposta imune ao exercício. 
 
A disponibilidade de energia e nutrientes tem influência na imunidade porque tanto macro como 
micronutrientes estão envolvidos em inúmeros processos imunológicos que envolvem o 
metabolismo celular, a síntese de proteínas e a defesa antioxidante. Há um grande interesse de 
investigação entre o ​status nutricional do atleta/esportista e sua saúde imunológica em condições 
específicas de treinamento mais intenso. Já se sabe que a nutrição inadequada, especificamente a 
baixa disponibilidade de energia, é um importante fator de risco para infecções em atletas de elite 
e esportistas​(8)​. Em dois estudos, aproximadamente metade das mulheres atletas, apresentavam 
baixa disponibilidade energética, o que aumentou em 4 a 8 vezes o risco de infecções do trato 
respiratório superior (URTI) nos meses que precederam as Olimpíadas​(8)(9)​. 
 
A capacidade do sistema imunológico de combater vírus, bactérias e outros patógenos chama-se 
resistência​, e é dependente da adequada ingestão de energia e dos substratos energéticos: 
glicose, aminoácidos e ácidos graxos. Além disso, a proliferação celular necessita de nucleotídeos 
(para a síntese de DNA e RNA) e aminoácidos (para a síntese proteica). Uma adequada ingestão de 
 
 
aminoácidos também é necessária para a produção de proteínas como imunoglobulinas, citocinas 
e proteínas de fase aguda​(10)​. A restrição energética severa pode influenciar a imunidade pela 
ativação do eixo hipotálamo hipófise adrenal (​HPA axis​) aumentando a produção de cortisol, um 
potente hormônio do estresse​(11)​. Importante salientar que o aumento do cortisol nem sempre 
tem impacto na imunidade. Por exemplo, o aumento do cortisol por um curto período de estresse 
(duração de minutos) pode ter um efeito adjuvante na melhora da imunidade​(11)​. Por outro lado, o 
estresse crônico (duração de dias a meses) pode alterar o ciclo circadiano do cortisol e aumentar a 
resistência ao glicocorticoide com efeitos danosos na imunidade, inflamação e resistência 
infecciosa​(12)​. Um sistema imunológico fragilizado aumenta a suscetibilidade ao dano tecidual 
causado pelos patógenos. 
 
Os micronutrientes exercem uma importante função na síntese de nucleotídeos e ácido nucléico 
(por exemplo, ferro, zinco e magnésio) e na defesa antioxidante que protege contra o dano 
tecidual (por exemplo, vitamina C e vitamina E). A disponibilidade de antioxidante pode ser 
particularmente importante durante esforço intenso ou infecção quando o estresse oxidativo 
aumenta. Alguns nutrientes podem influenciar diretamente a função das células imunológicas pela 
regulação da expressão gênica (por exemplo, vitamina D)​(10)​. Há, ainda, outras maneiras nas quais 
a nutrição pode afetar a imunidade e os processos infecciosos. Probióticos e prebióticos podem 
influenciar indiretamente a imunidade modificando a microbiota intestinal​(13) e o zinco pode inibir 
diretamente a atividade viral na região orofaríngea,com benefícios terapêuticos nas URTIs​(14)​. 
 
“Se você puder dar a todos os indivíduos a quantidade correta de nutrição e exercício, nem muito 
e nem pouco, nós teremos encontrado a forma mais segura para a manutenção da saúde”. 
Hippocrates c. 460—377 B.C. 
 
 
 
Nova Perspectiva Teórica em relação a Nutrição e a Imunidade do Atleta 
 
A visão tradicional da ciência da imunologia faz esforços para entender as armas do sistema imune 
e a sua capacidade em lutar contra patógenos infecciosos. A esse fenômeno se denomina 
resistência imunológica. A visão contemporânea prefere um modelo que descreve não somente a 
resistência, mas também a ​tolerância imunológica, definida como a capacidade de tolerar os 
patógenos​(15)​. A figura 2 exemplifica essa relação entre resistência e tolerância imunológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Observa-se uma curva dose-dependente gerada da relação entre a saúde do hospedeiro e a carga 
infecciosa (patógenos) onde vigor representa hospedeiros não infectados. A ​resistência (círculos fechados) é 
definida pela redução da carga infecciosa que leva ao aumento da saúde do hospedeiro. O aumento na 
resistência está representado pelo aumento do tamanho do círculo fechado. Por outro lado, a ​tolerância 
(círculos abertos) é definida pelo aumento na saúde do hospedeiro independente da carga infecciosa. O 
aumento na tolerância é representado pelo aumento do circulo (aberto); alterações das cores no gráfico 
(vermelho = baixa tolerância; azul = alta tolerância)​(15)​. 
Essa nova perspectiva teórica pode melhorar nosso entendimento de como ficamos doentes 
quando temos uma infecção (em termos de severidade e duração) e, mais claramente, elucida a 
função da nutrição, particularmente em termos de tolerância. Uma importante deficiência de 
nutrientes prejudica a adequada função do sistema imune que diminui nossa resistência e 
aumenta a suscetibilidade a infecções. Já se sabe a que a deficiência de proteínas altera a defesa 
do hospedeiro e que a deficiência de zinco reduz a imunidade. Contudo, há um número crescente 
de evidências que indicam que alguns nutrientes, em algumas situações, quando ingeridos acima 
das recomendações, podem beneficiar o sistema imune, provavelmente por otimizar o delicado 
equilíbrio entre a resistência e a tolerância​(16)​. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Modelo de resistência e tolerância nas interações entre os patógenos e hospedeiro e a 
importância da suplementação nutricional​(17)​. 
Esse modelo exemplificado na figura 3 ajuda a explicar porque alguns suplementos nutricionais 
com efeitos “tolerogênicos” (atuam na tolerância imunológica) podem reduzir diretamente a carga 
 
 
infecciosa em indivíduos saudáveis (redução da severidade e duração). Assim, não é suficiente 
perguntar se a intervenção nutricional pode impedir que um atleta fique doente - talvez seja mais 
pertinente perguntar se as intervenções nutricionais reduzem ​como​ os atletas ficam doentes. 
A área sombreada à esquerda da figura 3 mostra a visão clássica da resistência imunológica, onde 
o armamento imunológico protege o hospedeiro na tentativa de reduzir a carga infecciosa do 
patógeno por meio de algumas células de defesa e liberação de radicais livres. Uma baixa 
resistência resulta em imunodeficiência e aumenta o risco de infecção. Por outro lado, uma 
resposta imune excessiva ao patógeno pode causar um dano no tecido e um desperdício das 
fontes energéticas de outras funções importantes, impactando no desenvolvimento da 
autoimunidade e processos alérgicos. A homeostase é alcançada pelo equilíbrio entre as células 
efetoras e reguladores; assim, o conceito de tolerância, que considera nossa capacidade de lidar 
com os patógenos (na figura à direita), tem sido adotado por alguns pesquisadores. 
Os patógenos influenciam na magnitude da nossa resposta imunológica pela exposição aos 
padrões moleculares associados a microorganismos (MAMPS) e pela estimulação da liberação dos 
sinais deletérios liberados do tecido danificado. Nesse modelo, a tolerância reduz a atividade de 
defesa (linha tracejada no lado direito da figura) e ainda controla a infecção sem gerar dano 
tecidual com um baixo custo energético. Isso explica como nós podemos tolerar bactérias 
comensais em vez de obtermos uma resposta imune destruindo a grande quantidade de bactérias 
no intestino. Os suplementos nutricionais com efeitos tolerogênicos (ou seja, melhoram nossa 
tolerância) podem, de uma outra maneira, reduzir a carga de infecção (severidade e duração) em 
indivíduos saudáveis devido aos seus efeitos imunomodulares no intestino, anti-inflamatórios e 
antioxidantes ​(17)​. 
IMUNO-NUTRIÇÃO: Substâncias que melhoram nossa ​Resistência e substâncias que melhoram 
nossa ​Tolerância ​Imunológica 
Nutrição e Resistência Imunológica 
As pesquisas que demonstram os efeitos do suporte nutricional para a melhora da resistência 
imunológica (e assim reduzir a carga patogênica) vêm de estudos com pessoas que possuem 
sistema imunológico fragilizado, como idosos e pacientes clínicos em situações de deficiência 
nutricional​(16)​. Nos últimos 25 anos, os imunologistas do exercício têm pesquisado, 
exaustivamente, suplementos que podem melhorar a ​resistência imunológica de atletas (tabela 
1). No entanto, numa visão mais contemporânea, os dados que evidenciam a imunossupressão em 
atletas em atletas ainda não são consistentes​(18)​. Assim, não é surpresa que os suplementos, que 
têm como alvo melhorar a resistência imunológica, mostrem benefícios limitados para a 
imunidade do atleta e defesa do hospedeiro (tabela 1)​(17)​. 
Uma exceção é o efeito terapêutico das pastilhas de zinco para o tratamento de gripes comuns. 
Uma meta-análise recente mostrou que 75mg/dia de zinco elementar promoveu redução da 
duração das URTIs para aproximadamente 3 dias (33%), quando tomadas 24 horas após o início 
dos sintomas​(14)​. Os autores pontuam que a dose ótima e a composição ideal das pastilhas de zinco 
precisam ser determinadas porque, de fato, muitas pastilhas de venda livre contêm muito pouco 
zinco ou contêm substâncias que o quelam. Apesar de não estar elucidado o exato mecanismo do 
efeito antiviral do zinco, parece que ele age aumentando o inteferon gama (IFN-γ) e diminuindo a 
atração do vírus comum da gripe para os locais de ligação. Os efeitos terapêuticos do zinco para o 
 
 
tratamento das URTIs têm sido descritos pela suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias 
e, assim, também têm efeitos na tolerância imunológica​(19)​. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nutrição e Tolerância Imunológica 
A ​tolerância reduz a atividade de defesa, controlando efetivamente a infecção sem causar dano 
tecidual e facilitando a regulação homeostática da comunidade benéfica de bactérias presente no 
intestino. Olhando por esse lado fica fácil entender porque os estudos que envolvem suplementos 
nutricionais com propriedades tolerogênicas têm demonstrado alguns efeitos positivos na redução 
da carga infecciosa em indivíduos saudáveis (tabela 2) ​(17)​. 
 
Probióticos e prebióticos têm efeitos tolerogênicos por influenciar na homeostase das bactérias dointestino​(13)​. Os efeitos antioxidantes da vitamina C e anti-inflamatórios da vitamina D podem 
melhorar a tolerância atenuando o dano tecidual excessivo durante a infecção​(20)(21)​. E, como 
pontuado anteriormente, as pastilhas de zinco para o tratamento da gripe comum, além 
melhorarem a resistência, também possuem ação na tolerância imunológica devido aos seus 
efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios​(19)​. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROBIÓTICOS 
O sistema imunológico gastrointestinal é exposto a uma grande variedade de diferentes 
substâncias, na sua grande maioria inócuas (derivadas das “boas” bactérias e/ou dos antígenos 
alimentares), mas algumas vezes substâncias também perigosas e infecciosas (vírus e bactérias). 
Nas ultimas décadas, o estilo de vida moderno tem levado a um aumento da prevalência de 
desordens imunológicas que estão relacionadas com a composição da microbiota, devido ao 
aumento do uso de antibióticos e ausência dos parasitas intestinais, que mantém o equilíbrio 
microbiano. Além disso, o sistema imune tem ficado mais dependente da microbiota e do meio 
ambiente natural​(22)​. 
 
A microbiota comensal exerce um papel importante nos resultados de modulação da resposta 
imune no trato gastrointestinal mantendo a homeostase imunológica na saúde. Ela também tem a 
capacidade de modular diversos aspectos no hospedeiro incluindo sua fisiologia e/ou status 
nutricional, contribuindo com várias doenças que afetam não só o intestino, mas também órgãos 
distantes​(23)​. 
 
Os probióticos são micro-organismos vivos que, quando administrados regularmente e em 
quantidades adequadas, conferem benefícios na saúde do hospedeiro pela modulação das 
bactérias que habitam o intestino (microbiota) e garantem a imunidade​(24)​. Há inúmeros 
mecanismos pelos quais os probióticos beneficiam a imunidade e a resistência a infecções, 
particularmente as infecções respiratórias e gastrointestinais. Os probióticos podem melhorar a 
resistência imunológica reforçando a barreira de proteção intestinal e competindo com patógenos 
para alcançar o epitélio intestinal e pela disponibilidade de nutrientes. Os produtos do 
metabolismo dos probióticos (por exemplo, ácido lático) também podem inibir o crescimento 
bacteriano no intestino. Os probióticos possuem importantes benefícios mutualísticos para a 
saúde imunológica que vai além do intestino por meio da interações entre as bactérias comensais 
 
 
e o sistema imune do hospedeiro e, dessa forma, possuem efeitos também na tolerância 
imunológica por prevenir as respostas inflamatórias desnecessárias das substâncias que danificam 
o intestino​(24)​. 
 
As intervenções terapêuticas que modulam o eixo microbiota-sistema imunológico podem ser 
resumidas na figura 3​(25)​: 
▪ utilização de cepas probióticas que promovem respostas imunossupressoras e que limitam 
a inflamação patológica; 
▪ ingestão de dietas ou formulações prebióticas que forneçam nutrientes para modular a 
microbiota intestinal e liberar substâncias anti-inflamatórias; 
▪ substituir a “doença” da microbiota intestinal, restabelecendo a população de bactérias 
benéficas e/ou eliminando as bactérias patogênicas. O uso de agentes imuno-terapêuticos 
que agem diretamente na imunidade do hospedeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Intervenções Terapêuticas que modulam o eixo microbiota e sistema imune 
 
Uma recente meta-análise mostrou que a suplementação com probióticos reduz a incidência de 
URTIs aproximadamente pela metade, reduz a duração dos sintomas por aproximadamente 2 dias 
e reduz a quantidade de prescrições de antibióticos​(26)​. Dessa forma, sugere-se que os atletas 
façam uso de probióticos, particularmente durante períodos onde se tem maior risco de URTIs, 
como por exemplo, semanas antes e durante viagens. 
 
O atual posicionamento do Sociedade Internacional de Nutrição esportiva​(27) é que algumas 
espécies de cepas e combinações de cepas probióticas são efetivas em minimizar as infecções do 
trato gastrointestinal e do trato respiratório, até mesmo na recuperação do exercício. Esses efeitos 
dependem dos tipos de cepas, dose, período e forma de administração (cápsula, sachês e leite 
 
 
fermentado). Os mecanismos celulares relacionados a efetividade dos probióticos no contexto do 
esporte não têm sido totalmente elucidados e poucos artigos pontuam avaliações biológicas. 
Sugere-se que pesquisas futuras considerem parâmetros como produção de ácidos graxos de 
cadeia cura (AGCC), alterações de pH, proteínas relacionadas a barreira de proteção, composição 
da microbiota e função das células imunológicas moduladas pela intensidade e duração do 
exercício. 
 
VITAMINA C 
Essa potente vitamina antioxidante é encontrada em altas concentrações em leucócitos, mas os 
níveis caem drasticamente durante gripes comuns quando o estresse oxidativo aumenta. Assim, 
sabe-se que a suplementação de vitamina C pode melhorar a tolerância imunológica por atenuar o 
dano tecidual excessivo durante a infecção​(28)​. 
 
Uma recente revisão e meta-análise evidenciou que doses diárias de vitamina C maiores que 
200mg têm efeitos profiláticos e terapêuticos em gripes comuns​(29)​. A suplementação de 250mg a 
1g de vitamina C ao dia em 598 atletas que realizavam treinos intensos, incluindo maratonistas, 
esquiadores e soldados, diminuiu a incidência de URTIs em 52%​(29)​. Em outro estudo duplo cego 
placebo controlado, a suplementação de 600mg/dia de vitamina C por 3 semanas antes de uma 
corrida de 90km reduziu em 68% a incidência dos sintomas de URTIs nas duas semanas pós 
competição​(30)​. 
 
Doses mais altas de vitamina C diariamente podem ser necessárias para o tratamento de URTIs, 
pois a suplementação de 200mg/dia foi insuficiente para restabelecer os níveis de vitamina C nos 
leucócitos durante as URTIs; porém doses de 6g/dia interromperam a queda dos níveis de 
vitamina C durante a infecção respiratória​(31)​. O fornecimento de 8g/dia de vitamina C no primeiro 
dia da infecção respiratória reduziu a duração da infecção mais do que 4g/dia​(32) e os benefícios 
dose dependentes foram demonstrados em outros estudos fornecendo 3 e 6g/dia​(33)​. 
 
Uma questão relevante que devemos levar em consideração é que, possivelmente, altas doses 
regulares de vitamina C (1g/dia) podem inibir algumas respostas adaptativas do treinamento de 
endurance. Os estudos sugerem cautela em relação a suplementação de altas doses de 
antioxidantes durante o treinamento de endurance para se evitar o bloqueio das adaptações 
celulares​(34)​. Como a suplementação de vitamina C é barata, segura e pode prevenir os episódios e 
os sintomas de URTIs, sugere-se a suplementação (250mg a 1g/dia) cautelosa durante treinos 
intensos e períodos de maior risco de infecção como viagens para competições importantes. 
 
VITAMINA D 
As células do sistema imune expressam receptores para a vitamina D, incluindo as células 
apresentadoras de antígenos, células T e B e aquelas células capazes de sintetizar o metabólito 
biologicamente ativo da vitamina D – 1,25OHD. A vitamina D exerce sua função melhorando o 
sistema imune inato pela indução das proteínasantimicrobianas. Além disso, muitas das ações da 
vitamina D no sistema imune adquirido são de natureza anti-inflamatória. Os efeitos tolerogênicos 
da vitamina D previnem a resposta imune excessiva pela ativação das células T​(21)​. 
 
 
 
Há um aumento no interesse dos benefícios da suplementação de vitamina D já que os estudos 
demonstram níveis insuficientes de vitamina D circulante (<20 ng/ml) em mais da metade de 
todos os atletas e militares testados durante o inverno​(35)​. Uma quantidade relevante de estudos 
recomendam que se evite a deficiência de vitamina D circulante (< 12 ng/ml) para a manutenção 
da imunidade e redução dos episódios de URTIs na população em geral, atletas e militares(35). 
Uma meta-análise recente demonstrou efeito protetor da suplementação oral de vitamina D nas 
infecções respiratórias, particularmente naqueles com baixos níveis basais de vitamina D no 
sangue e naqueles que receberam doses diárias ou semanais da suplementação oral. 
Curiosamente aqueles que receberam altas doses de vitamina D de uma única vez uma ou mais 
vezes não se beneficiaram desse efeito protetor da vitamina D no trato respiratório​(36)​. 
 
Níveis adequados de vitamina D podem ser alcançados pela exposição solar segura durante o 
verão e quando os exames indicarem insuficiência, 1000 UI/dia (durante o inverno, por exemplo) é 
suficiente para restabelecer os níveis sanguíneos e conferir efeito protetor ao sistema 
imunológico​(37)​. 
 
ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 
Além de serem fornecedores de energia, muitos lipídios dietéticos, em particular os ácidos graxos 
ômega-3 bem como seus produtos metabólicos, são capazes de regular muitas funções celulares. 
Nesse sentido, os ácidos graxos ômega-3 (EPA e DHA) têm importante impacto na função das 
células imunológicas tanto do sistema imune inato quando adquirido​(38)​. Seu potente efeito 
anti-inflamatório se dá pela sua capacidade de inibir a produção de eicosanoides inflamatórios 
(PGE2 e LTB4), citocinas pró-inflamatórias (IL-1B, TNF-alfa, IL-6), quimiocinas (IL-8 e MCP-1), 
moléculas de adesão (ICAM-1 e VCAM-1, selectinas), fatores de agregação plaquetária e espécies 
reativas de oxigênio e nitrogênio. Por outro lado também aumenta a produção de citocinas 
anti-inflamatórias como a IL-10​(16)​. 
 
Outro mecanismo que explica seus efeitos anti-inflamatórios é pela sua capacidade de modulação 
da atividade gênica. A ativação de genes para a maioria dos mediadores pró-inflamatórios é 
controlada pelo NF-kappa B, um fator de transcrição gênica presente em quase todos os tipos de 
células. Tem se demonstrado que os ácidos graxos ômega-3 inibem a sinalização do NF-kappa B 
por diversos caminhos bioquímicos​(39)​. 
 
No contexto do exercício parece que uma dose única de ômega-3 (750mg EPA + 50mg DHA) 
imediatamente após exercício excêntrico tem efeito na modulação do dano muscular, mostrando 
seu efeito anti-inflamatório na recuperação do exercício​(40)​. 
 
Tentativas devem ser feitas para se estabelecer uma dose ótima de ômega-3 para maximizar a 
relação risco-benefício da suplementação. Tem se sugerido que, para a maioria dos atletas, a 
ingestão de aproximadamente 1 a 2g/dia de EPA+DHA (relação 2:1) pode ser benéfica em inibir a 
inflamação induzida pelo exercício e para a saúde do atleta como um todo. Contudo, é importante 
salientar que uma dose de 3g/dia de ômega-3 é segura para a maioria da população, e é 
 
 
recomendado que atletas obedeçam a essa recomendação consumindo o óleo de peixe para 
reduzir a dor e o dano muscular induzido pelo exercício​(41)(42)​. 
 
POLIFENÓIS 
Os polifenóis são substâncias bem conhecidas, compostos bioativos presentes nos alimentos 
(especialmente em frutas, verduras, ervas e chás), com importante atividade imunomoduladora. 
São classificados em flavonóides, ácidos fenólicos e estilbenos, que são produzidos em plantas e 
existem na forma livre como agliconas ou em seu estado estereficado com glicose e outros tipos 
de carboidratos como glicosídeos. Consequentemente, os polifenóis absorvidos interagem com o 
sistema imunológico intestinal levando tanto a reações protetoras como danosas ao hospedeiro. 
Os polifenóis variam em termos de estabilidade, especialmente no contexto da digestão intestinal. 
Por exemplo, compostos como as antocianinas e os flavonóides são relativamente instáveis no 
duodeno​(43)​. Dados recentes sugerem que os polifenóis contribuem para a prevenção de inúmeras 
doenças imunológicas. Polifenóis do vinho tinto podem aumentar significativamente os níveis de 
IL-21 (interleucina anti-inflamatória) e reduzir os níveis de IL-1B E IL-6 (interleucinas 
pró-inflamatórias)​(44)​. 
 
Cada tipo de polifenol tem como alvo e se liga a um ou mais receptores das células do sistema 
imune e desencadeia sinais intracelulares que regulam a resposta imune do hospedeiro. As 
intervenções dietéticas que envolvem os polifenóis podem modular a resposta imune por afetar 
os mecanismos epigenéticos, como a metilação do DNA e modificação das histonas, que alteram a 
expressão de genes que codificam mediadores imunológicos chaves​(45)​. 
 
A ação dos polifenóis na resposta imunológica intestinal ocorre por diversos mecanismos como 
regulação da mucosa e redução da inflamação. O sistema imune inato do intestino contém 3 
linhas de defesa: camada da mucosa, o epitélio e a lâmina própria. A camada da mucosa é a 
primeira linha de defesa do hospedeiro intestinal contra patógenos​(46)​. A proteção nutricional dos 
polifenóis nas lesões anormais das criptas intestinais podem representar uma prevenção chave de 
tumores do trato gastrointestinal pela redução na presença dessas criptas anormais. Estudos ​in 
vivo têm demonstrado que os polifenóis melhoram a imunidade da mucosa por aumentar a 
população de células T intra-epiteliais e eosinófilos de mucosa, bem como a concentração de 
propionato em animais infectados​(47)​. Cacau tem demonstrado aumentar a resposta imune 
intestinal em animais jovens​(48)​.A curcumina aumenta significativamente os níveis de IgA no 
intestino de ratos alimentados com dietas ricas em gordura​(49)​.Estudo em humanos demonstrou 
que a suplementação de tabletes contendo 1g de cúrcuma OU curcumina e 1,25mg de bioperina 
(pimenta preta) levou a uma grande diferença no número de espécies de bactérias no intestino. O 
grupo placebo teve uma redução de 15% nas espécies, o grupo suplementado com cúrcuma um 
aumento de 7%, porém o grupo suplementado com curcumina teve um aumento de 69% das 
espécies​(50)​. No entanto o estudo conclui que os resultados encontrados não foram uniformes 
entre os indivíduos devido às características microbianas e respostas individuais (respostas 
individuais ao tratamento). Assim parece que a microbiota humana é capaz de biotransformar a 
curcumina de diferentes maneiras, resultando em metabólitos ativos com efeitos locais e 
sistêmicos. E apesar da baixa biodisponibilidade, devido a sua alta concentração na mucosa 
 
 
intestinal, a curcumina parece modular a função barreira, reduzir os lipopolissacarídeos (LPS) 
circulantes e a inflamação. Mas são necessários mais estudos em humanos​(50)​.PRODUTOS DA ABELHA 
Já está bem documentado na literatura que os produtos da abelha são potentes antioxidantes 
cujos efeitos são dependentes da sua composição química. Em geral a atividade antioxidante do 
própolis se dá pelo seu conteúdo de polifenóis e flavonoides​(51)​. Em relação ao pólen da abelha, 
apesar dos estudos serem divergentes, parece que sua capacidade antioxidante se dá também 
pelo seu conteúdo de ácidos fenólicos​(52)​. Já na geleia real sua capacidade antioxidante é atribuída 
ao seu conteúdo de ácido 10-hidroxidecanóico e aminoácidos (prolina, cistina e cisteína) seguido 
do conteúdo de compostos fenólicos​(53)​. 
 
Dessa forma, entre os produtos da abelha, parece que o própolis é o que tem maior poder 
antioxidante devido ao seu alto teor de compostos fenólicos quando comparado com o pólen da 
abelha e a geleia real. Porém é importante enfatizar que a geleia real contém outros compostos 
bioativos que potencializam seu caráter antioxidante​(54)​. 
 
Os mecanismos pelos quais os produtos da abelha revertem o dano oxidativo parecem envolver a 
redução da peroxidação lipídica (MDA e TBARS), a redução dos radicais livres e o aumento da 
atividade das enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, catalase, glutationa peroxidase e 
glutationa transferase) no sangue e nos órgãos estudados​(54)​. No entanto, é importante enfatizar 
que, dos produtos da abelha, o própolis é o mais estudado (principalmente o tipo ​poplar que é 
extraído de países temperados) e, ainda assim, os estudos em humanos são limitados. Diversos 
estudos ainda demonstram que, além da sua potente atividade antioxidante, o própolis possui 
ação anti-bactericida, antifúngica, antiviral, anti-inflamatória, antitumoral e hepatoprotetora​(55)​. 
 
Um dos efeitos que atualmente tem sido atribuído ao própolis é seu efeito na saúde intestinal. 
Devido à sua atividade antimicrobiana possui efeito contra uma grande quantidade de bactérias 
patogênicas presentes no intestino, incluindo Enterococcus faecalis, Escherichia coli, Helicobacter 
pylori, Listeria monocytogene, Neisseria gonorrhoeae, P. larvae, Staphylococcus aureaus, 
Staphylococcus epidermides, Streptococcus pyogenes and Vancomycin-resistant Enterococcus 
faecium​(56)​. Estudos recentes demonstram que os polifenóis presentes no própolis agem como 
probióticos (​probiotic like effect​) porque são seletivamente metabolizados pela microbiota 
intestinal, inibindo o crescimento de bactérias patogênicas e suprimindo a adesão dos patógenos 
nas células intestinais​(57)​. Além disso, parece que o própolis exerce uma importante função no 
fortalecimento a barreira de proteção intestinal​(58)​. Estudos sobre os efeitos do própolis na 
microbiota fornecem novos “​insights​” no potencial de sua aplicação para a saúde humana, 
particularmente em condições inflamatórias como a síndrome do intestino irritável (SII) e 
retocolite ulcerativa (RCU)​(59)​. 
 
Existem inúmeros tipos e qualidade de própolis que possuem composição química variável 
dependendo da região, temperatura e local de onde é extraído. Só no Brasil (que é região tropical) 
há 13 tipos de própolis, incluindo o própolis verde, vermelho e marrom que se diferem no seu 
 
 
conteúdo de polifenóis e flavonoides. O mais popular é o própolis verde, o vermelho é encontrado 
principalmente no México e em Cuba e o própolis marrom é produzido principalmente no 
nordeste do Brasil​(60)(61)(62)​. Veja na tabela abaixo os tipos de própolis de acordo com sua planta de 
origem e sua composição química​(61)​. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Importante ainda salientar que, tanto o própolis verde quanto o marrom presente no Brasil 
possuem maior quantidade de compostos bioativos e atividade antioxidante quando extraídos por 
álcool(62). 
 
 
Conclusão 
 
Está bem estabelecido que uma inadequação nutricional pode prejudicar o funcionamento do 
sistema imune. Além disso, tem aumentado o reconhecimento de que a ingestão de 
macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), micronutrientes (zinco, vitamina D, vitamina 
C), polifenóis e alimentos funcionais (probióticos, chá verde e produtos da abelha), até mesmo 
acima do que é recomendado, pode beneficiar o sistema imune, modular a inflamação crônica, as 
condições autoimunes e reduzir o risco de infecções. A maioria desses compostos nutricionais 
possui a função de manter ou melhorar a função imune, incluindo a inibição de mediadores 
pró-inflamatórios, promoção das funções anti-inflamatórias, modulação da imunidade mediada 
pelas células e comunicação entre o sistema imune inato e adquirido. 
 
 
A figura 4 abaixo fornece um esquema resumido das características imunomoduladoras de 6 tipos 
de componentes (zinco, vitamina D, vitamina E, ômega-3, probióticos e catequinas do chá verde). 
No entanto, é importante observar que essa imagem não cobre completamente os resultados de 
todas as pesquisas. Um exemplo são os efeitos dos probióticos citados na figura que são baseados 
no resultado de algumas cepas. Por isso, é importante o cuidado na extrapolação dos dados. A 
propriedade dos nutrientes, fitoquímicos e alimentos funcionais na modulação da função 
imunológica tem implicações significativas nas condições mediadas pela inflamação. Vitamina D, 
ômega-3 e as catequinas do chá verde têm efeitos em condições inflamatórias crônicas; ômega-3 e 
catequinas em doenças autoimunes; e vitaminas D, E, zinco e probióticos na proteção contra 
infecções (figura 4). A discrepância nos dados dos estudos e a complexidade das pesquisas em 
nutrição e imunologia é um desafio constante na busca por consensos e relevâncias clínicas desses 
componentes. Em alguns casos, os resultados em humanos não são consistentes como os testados 
pré-clinicamente em modelos animais. Além disso, há uma grande variação nos modelos 
experimentais, nas doses utilizadas e nas populações estudadas, demonstrando a necessidade de 
experimentos clínicos mais padronizados e melhor desenhados. Particularmente para zinco, 
vitamina E, ômega-3 e probióticos é claramente necessário o estabelecimento de doses para 
maximizar os benefícios clínicos, que ainda podem variar dependendo da idade, ​background 
genético, status nutricional e de saúde da população estudada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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