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Empreendedorismo Disciplina: Educação e Diversidade Pedagógico do Instituto Souza atendimento@institutosouza.com.br Modalidade de Curso Curso livre de capacitação profissional Página 1 de 24 Caro aluno, antes de ler sua apostila, leia os textos e assista aos vídeos sobre o assunto. Bons estudos! http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia s=636-vol-28-educdiv-elet-pdf&Itemid=30192 http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publi cationsSeries/18344514_EducacaoDiversidade.pdf https://www.youtube.com/watch?v=dPoSbnqngag Educação & Sociedade Print version ISSN 0101-7330 Educ. Soc. vol.33 no.120 Campinas July/Sept. 2012 http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73302012000300002 APRESENTAÇÃO Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza. (Boaventura de Souza Santos, 2006, p. 316) DESIGUALDADES E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO Nos últimos anos, a relação entre desigualdades e diversidade tem ocupado um lugar de maior destaque no debate contemporâneo. No que se refere à http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=636-vol-28-educdiv-elet-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=636-vol-28-educdiv-elet-pdf&Itemid=30192 http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publicationsSeries/18344514_EducacaoDiversidade.pdf http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publicationsSeries/18344514_EducacaoDiversidade.pdf https://www.youtube.com/watch?v=dPoSbnqngag http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0101-7330&lng=en&nrm=iso Página 2 de 24 diversidade, Abramowicz, Rodrigues e Cruz (2011) refletem que a sua discussão, com enfoque na heterogeneidade de culturas que marca a sociedade atual, é realizada em oposição ao modelo de Estado-nação moderno, liberal e ocidental e se faz presente em grande parte dos países do mundo. As autoras alertam para o fato de que o debate sobre a diversidade se diferencia nacional e internacionalmente de acordo com o seu período de emergência, as causas principais que geram ou impõem a discussão sobre determinados grupos, identidades culturais, espaciais e territoriais, discriminação, entre outros. Imigração, gênero, sexualidade, raça, etnia, religião, língua, espaços/territórios são os principais fatores e temáticas que desencadearam um processo de mobilização e discussão sobre a diversidade, sendo que em vários contextos eles estão interrelacionados ou interseccionados. A diversidade, entendida como construção histórica, social, cultural e política das diferenças, realiza-se em meio às relações de poder e ao crescimento das desigualdades e da crise econômica que se acentuam no contexto nacional e internacional. Não se pode negar, nesse debate, os efeitos da desigualdade socioeconômica sobre toda a sociedade e, em especial, sobre os coletivos sociais considerados diversos. Portanto, a análise sobre a trama desigualdades e diversidade deverá ser realizada levando em consideração a sua interrelação com alguns fatores, tais como: os desafios da articulação entre políticas de igualdade e políticas de identidade ou de reconhecimento da diferença no contexto nacional e internacional, a necessária reinvenção do Estado rumo à emancipação social, o acirramento da pobreza e a desigual distribuição de renda da população, os atuais avanços e desafios dos setores populares e dos movimentos sociais em relação ao acesso à educação, à moradia, ao trabalho, à saúde e aos bens culturais, bem como os impactos da relação entre igualdade, desigualdades e diversidade nas políticas públicas. No Brasil, diferentes alternativas e proposições econômicas, políticas e teóricas têm sido desencadeadas na tentativa de apontar caminhos para essa Página 3 de 24 situação. Desde o processo de reabertura política a partir dos anos de 1980 aos dias atuais, vem se configurando um novo foco de interpretações a respeito de como equacionar a oferta da educação pública no contexto das desigualdades socioeconômicas e da diversidade. A postura central dos movimentos sociais, dos profissionais da educação e daqueles comprometidos com uma sociedade democrática e com a educação pública, gratuita e laica tem sido reafirmar o princípio constitucional contido no artigo 205 da Constituição Federal de 1988, ou seja, "a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho". Portanto, não se educa "para alguma coisa", educa-se porque a educação é um direito e, como tal, deve ser garantido de forma igualitária, equânime e justa. O objetivo da educação e das suas políticas não é formar gerações para o mercado, para o vestibular ou, tampouco, atingir os índices internacionais de alfabetização e matematização. O foco central são os sujeitos sociais, entendidos como cidadãos e sujeitos de direitos. Essa interpretação tem sido adensada do ponto de vista político e epistemológico pelos movimentos sociais ao enfatizarem que os sujeitos de direitos são também diversos em raça, etnia, credo, gênero, orientação sexual e idade, entre outros. Enfatizam, também, que essa diversidade tem sido tratada de forma desigual e discriminatória ao longo dos séculos e ainda não foi devidamente equacionada pelas políticas de Estado, pelas escolas e seus currículos. Dessa forma, devido às pressões sociais, o entendimento da diversidade como construção social constituinte dos processos históricos, culturais, políticos, econômicos e educacionais e não mais vista como um "problema" começa a ter mais espaço na sociedade, nos fóruns políticos, nas teorias sociais e educacionais. São também os movimentos sociais, principalmente os de caráter identitário (indígenas, negros, quilombolas, feministas, LGBT, povos do campo, pessoas com deficiência, povos e comunidades tradicionais, entre outros), que, a partir dos anos Página 4 de 24 de 1980, no Brasil, contribuem para a entrada do olhar afirmativo da diversidade na cena social. Eles reivindicam que a educação considere, nos seus níveis, etapas e modalidades, a relação entre desigualdades e diversidade. Indagam o caráter perverso do capitalismo de acirrar não só as desigualdades no plano econômico, mas também de tratar de forma desigual e inferiorizante os coletivos sociais considerados diversos no decorrer da história. A imbricação entre desigualdades e diversidade tem sofrido interpretações as mais diversas no contexto das relações de poder, nas quais se inserem as lutas sociais. São interpretações advindas tanto das políticas neoliberais que se acirraram no Brasil, nos países latino-americanos e em outros contextos do mundo a partir dos anos de 1990, quanto das lutas por identidade e reconhecimento desenvolvidas pelos próprios movimentos sociais, ações coletivas, organizações de caráter emancipatório e novos sujeitos sociais no mesmo período. No terceiro milênio é possível dizer que estamos diante de uma mudança política e epistemológica, no que diz respeito ao entendimento sobre a imbricação entre desigualdades e diversidade que vai além do campo educacional. Trata-se de uma inflexão em nível nacional e internacional provocada por vários fatores, tais como: os questionamentos à globalização capitalista, a construção de uma rede internacional contra-hegemônica, os conflitos étnicos e religiosos na América Latina, Europa e Ásia, a formação e o fortalecimento das redes sociais e das novas mídias com foco na emancipação social, as lutas nacionais e transnacionais pelo direito à terra eao território. Esses fatores se tornam mais incisivos quanto mais se intensificam, nacional e internacionalmente, fenômenos como: neocolonialismo, racismo, xenofobia, sexismo, homofobia e violência religiosa. A pressão histórica dos movimentos sociais, somada a um perfil mais progressista de setores do Estado brasileiro nos últimos dez anos, trouxe mudanças no trato da diversidade no contexto das políticas públicas de caráter universal, desencadeando, inclusive, a implementação de políticas de ações afirmativas. Contudo, um dos limites que ainda persiste está no fato de que a maioria dessas Página 5 de 24 ações ainda se limita às políticas de governo. Falta o seu enraizamento como políticas de Estado. Mesmo assim, é possível afirmar que, nos últimos anos, no Brasil e na América Latina, com avanços e limites, algumas dimensões da diversidade pleiteadas historicamente pelos movimentos sociais e demais setores organizados da sociedade começam a fazer parte da pauta da agenda das políticas públicas. Transformam-se em temas de debate e de disputa na arena política e na própria produção intelectual. É nesse contexto que a discussão sobre a justiça social passa a ocupar mais espaço na produção teórica, na análise e na implementação das políticas públicas, entre elas, as educacionais. O conjunto de artigos apresentados neste número temático analisa, problematiza e indaga a complexa relação entre desigualdades e diversidade na educação. A partir de diferentes abordagens e perspectivas educacionais, históricas, sociológicas, antropológicas e políticas, os autores e as autoras analisam essa desafiadora imbricação no contexto nacional e internacional. O primeiro artigo, de Elsie Rockwell, Movimientos sociales emergentes y nuevas maneras de educar, discute a força dos movimentos sociais contemporâneos ao trazer para a sociedade indagações e questões sobre a relação desigualdade social e diversidade cultural e social gerada pelas recentes mudanças na economia e por projetos alternativos de vida e de formação. A autora destaca que, ao longo da história da classe trabalhadora, a formação de um "homem novo" tem sido um tema recorrente. Porém, a atual economia capitalista global tem gerado uma classe trabalhadora cada vez mais fragmentada e despossuída. Essa situação leva a uma reorganização social e se formam novos sujeitos sociais que retomam os recursos e as práticas culturais disponíveis, a fim de fortalecer os movimentos sociais emergentes. Conclui-se que o reconhecimento destes movimentos sociais e dos processos de formação tem transformado o pensamento iluminista, produzindo outras formas de pensar e atuar nos processos educativos. Página 6 de 24 Vera Maria Ferrão Candau, no seu artigo Direito à educação, diversidade e educação em direitos humanos, discute que os direitos humanos estão no centro da problemática das sociedades contemporâneas. Tendo por referência a tensão entre igualdade e diferença na concepção e prática dos direitos humanos, a autora analisa as especificidades, articulações e entrelaçamentos entre o direito à educação e a educação em direitos humanos, sendo esta última considerada atualmente como um componente fundamental do direito à educação. Esse contexto traz desafios aos processos educativos e à formação de sujeitos de direitos que considere suas especificidades e, ao mesmo tempo, fortaleça os processos democráticos, em que redistribuição e reconhecimento se articulem. O artigo Movimento negro e educação: ressignificando e politizando a raça, de Nilma Lino Gomes, discute o papel do movimento negro brasileiro na ressignificação e politização da ideia de raça. A raça é entendida como construção social que marca, de forma estrutural e estruturante, as sociedades latino- americanas, em especial, a brasileira. Parte-se da premissa de que este movimento social, por meio de suas ações políticas, sobretudo em prol da educação, reeduca a si próprio, o Estado, a sociedade e o campo educacional sobre as relações étnico- raciais no Brasil, caminhando rumo à emancipação social. A ideia de raça analisada pela autora se assenta, ainda, na reflexão realizada pelos estudos pós-coloniais, que discutem a sua centralidade nos países com passado colonial e a sua operacionalidade nas relações de poder, as quais têm sido mantidas e subsistem no pensamento moderno ocidental, inclusive no educacional. Maria Antônia de Souza, no artigo Educação do campo, desigualdades sociais e educacionais, caracteriza a gênese da prática e concepção da educação do campo, atentando para a concentração da terra e da propriedade como elementos estruturais geradores de desigualdade social. Destaca as principais conquistas efetivadas de 1990 até 2012 no âmbito da educação do campo e pontua conflitos judiciais em torno do direito à educação superior entre os povos do campo. Parte-se do pressuposto central de que esta educação é fruto de experiência coletiva construída pelos movimentos e organizações de trabalhadores do campo. Página 7 de 24 No artigo Roteiro para uma história da educação escolar indígena: notas sobre a relação entre política indigenista e educacional, Luiz Antonio de Oliveira e Rita Gomes do Nascimento apresentam um roteiro para a história das políticas educacionais voltadas para os povos indígenas, a partir da consideração das suas relações com as políticas indigenistas. Destacam que a articulação entre os campos indigenista e da educação sugere pensar como as questões das diferenças culturais dos povos indígenas orientaram diferentes projetos de educação escolar indígena. Os autores partem do período "assimilacionista" e "civilizatório" do início do século XX, marcado pela ideia de uma necessária unidade da nação, passando pelas reformas desta política, em que é reconhecida a importância do ensino bilíngue nos processos de escolarização, até o momento atual, caracterizado pela busca do reconhecimento da diversidade cultural como direito fundamental, trazendo novos desafios para as políticas educacionais. Choukri Ben Ayed, no artigo As desigualdades socioespaciais de acesso aos saberes: uma perspectiva de renovação da sociologia das desigualdades escolares, analisa o avanço dos conhecimentos sobre as desigualdades socioespaciais de acesso aos saberes na França. Segundo o autor, embora este objeto envolva muitas questões societais, as pesquisas empíricas a ele consagradas continuam embrionárias. Na sua argumentação, Ben Ayed insiste tanto no que está em jogo, metodologicamente, no estudo das variações do aprendizado escolar em função dos contextos de escolarização, quanto na necessidade de não dissociar, nas análises, o impacto dos fatores sociais e espaciais. Reconhece que, hoje, um dos desafios da renovação das abordagens na sociologia da educação consiste em levar em conta uma combinação desses dois fatores. O artigo Novos olhares para as desigualdades de oportunidades educacionais: a segregação residencial e a relação favela-asfalto no contexto carioca, de Mariane Campelo Koslinski e Fatima Alves, discute a tradição de estudos quantitativos que tiveram origem no Relatório Coleman (1966) e seus desdobramentos nos estudos de efeito escola e, posteriormente, de efeito vizinhança. As autoras focam a sua análise nos limites e possibilidades trazidos pela Página 8 de 24 literatura de efeito vizinhança e da geografia de oportunidades para a compreensão de mecanismos mediadores entre a segregação residencial e resultados escolares. Discutem estudos que partiram desse arcabouço teórico e metodológico, focalizando o contexto brasileiro. Ao final, apresentam os próximos desafios para se avançar na compreensão da organização social do território e as desigualdades educacionais nesse contexto. Mônica Carvalho Magalhães Kassar, no artigo Educação especial no Brasil: desigualdadese desafios no reconhecimento da diversidade, argumenta que abordar a educação especial no Brasil implica considerar a política educacional proposta nos últimos anos pelo governo federal e, especialmente, a presença nas escolas de diversas populações que constituem o país de formas historicamente desiguais. A partir dessas considerações, a autora analisa as mudanças registradas na educação das populações marginalizadas no processo escolar, especialmente de pessoas com deficiências, e reflete sobre os limites ainda presentes na educação brasileira, incluindo as complexas relações que envolvem os lugares da diferença nas proposições legais e nas práticas escolares. No artigo Subjetividade docente, inclusão e gênero, Maura Corcini Lopes e Maria Cláudia Dal'Igna discutem de que modos o gênero opera como elemento organizador das subjetividades docentes e do desempenho escolar em tempos de inclusão e de governamentalidade neoliberal. Governamentalidade, subjetividade e gênero são as ferramentas teórico-metodológicas adotadas pelas autoras para examinar de que formas algumas práticas de governamento estão implicadas na produção de diferenças de gênero, no que se refere ao desempenho escolar, e na constituição das subjetividades docentes inclusivas. Duas pesquisas fornecem subsídios para sustentar a argumentação das autoras: uma que objetiva conhecer como docentes são subjetivados pelas práticas de inclusão; outra que investiga como o gênero atravessa e constitui a prática docente. Néstor López, em Adolescentes en las aulas: la irrupción de la diferencia y el fin de la expansión educativa, inicia o seu artigo com uma revisão das recentes Página 9 de 24 tendências de escolarização dos adolescentes na América Latina, enfatizando em que medida a expansão da escolarização desde o início dos anos de 1990 se traduziu em uma significativa redução das desigualdades de acesso à educação e, ao mesmo tempo, como a desaceleração do processo de escolarização vivido nos últimos anos reinstala o desafio das desigualdades como elemento central da agenda educativa. Em seguida, o autor levanta algumas hipóteses em torno das causas dessa desaceleração visível nos processos de universalização do acesso à escola, enfatizando aquelas que centram a sua atenção nas desigualdades resultantes da impossibilidade dos sistemas educativos operarem em contextos de crescente diversidade cultural e identitária, evidenciando a persistência de múltiplos mecanismos cotidianos e naturalizados de discriminação nas práticas das instituições escolares. O artigo Há algo novo a se dizer sobre as relações raciais no Brasil contemporâneo?, de Valter Roberto Silvérioe Cristina Teodoro Trinidad, discute o contexto da aprovação da Lei n. 10.639/2003 e suas diretrizes, alterando a Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira (LDB), que pressupõem um conjunto de mudanças substantivas que passam a alterar a política pública educacional no país. Segundo os autores, a obrigatoriedade da educação das relações étnico-raciais e do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana em toda a educação básica é resultado do reconhecimento da discriminação racial e do racismo, como constitutivos de nossa formação social, e permite desvendar as contribuições das culturas africanas na constituição de nossa brasilidade para além do trabalho escravo. A identidade negra, produto político do apagamento da multiplicidade cultural de povos que aportaram no país, passa a dar lugar ao prefixo "afro" como possibilidade de novas identificações e recriações dos brasileiros descendentes de africanos, as quais podem ser analisadas a partir do conceito de Diáspora. Para adensar ainda mais a rica discussão aqui realizada, apresentamos a entrevista com Boaventura de Sousa Santos, concedida à Júlia F. Benzaquen, sobre A Universidade Popular dos Movimentos Sociais, seguida da resenha do livro de Miguel G. Arroyo, Currículo, território em disputa, escrita por André Marcio Página 10 de 24 Picanço Favacho. Entrevista e resenha abordam as principais reflexões de dois brilhantes intelectuais sintonizados com a dinâmica do nosso tempo e sempre alertas aos desafios trazidos pela relação entre desigualdades e diversidade no campo educacional e na sociedade como um todo. Cabe ressaltar, ainda, que a temática da diversidade já esteve presente entre as edições da revista Educação & Sociedade no dossiê "Diferenças", dez anos atrás. De lá para cá, a construção das diferenças se complexificou e passou a tensionar ainda mais as práticas educativas, o Estado e suas políticas, por meio da ação dos sujeitos sociais. Esse contexto trouxe novos entendimentos sobre o tema, outras perspectivas de análise e tem produzido um instigante debate teórico e político. Um dos desafios colocados é a compreensão das diferenças como constituintes do complexo processo da diversidade e a sua imbricação com as desigualdades. Espera-se que o debate intelectual com o qual o leitor e a leitora terão contato nas páginas dessa Revista possa provocar, adensar e fazer avançar a discussão sobre o tema central aqui proposto. Nilma Lino Gomes (Organizadora) Referências ABRAMOWICZ, A.; RODRIGUES, T.C.; CRUZ, A.C.J. A diferença e a diversidade na educação. Contemporânea, São Carlos, n. 2, p. 85-97, ago.-dez. 2011. [ Links ] BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 20 set. 2012. [ Links ] SANTOS, B.S. A construção intercultural da igualdade e da diferença. In: SANTOS, B.S. A gramática do tempo. São Paulo: Cortez, 2006. p. 279-316. [ Links javascript:void(0); http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm javascript:void(0); javascript:void(0); Página 11 de 24 A EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Por: Patrícia Bianchini A política de inclusão, na rede regular de ensino, dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, não consiste somente na permanência física desses alunos na escola; mas no propósito de rever concepções e paradigmas, respeitando e valorizando a diversidade desses alunos, exigindo assim, que a escola crie espaços inclusivos. Dessa forma, a inclusão significa que não é o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas a escola consciente de sua função que se coloca a disposição do aluno. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas dificuldades de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para todos mediante currículos apropriados, modificações organizacionais, estratégias de ensino, recursos e parcerias com a comunidade. A inclusão, na perspectiva de um ensino de qualidade para todos, exige da escola novos posicionamentos que implicam num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e para que os professores se aperfeiçoem, adequando as ações pedagógicas à diversidade dos aprendizes. Deste modo, pode-se dizer que a escola inclusiva é aquela que acomoda todos os seus alunos independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou lingüísticas. Seu principal desafio é desenvolver uma pedagogia centrada no aluno, e que seja capaz de educar e incluir além dos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, aqueles que apresentam dificuldades temporárias ou permanentes na escola, os que estejam repetindo anos escolares, os que sejam forçados a trabalhar, os que vivem nas ruas, os que vivem em extrema pobreza, os que são vítimas de abusos e até mesmo os que Página 12 de 24 apresentam altas habilidades como a superdotação, uma vez que a inclusão não se aplica apenasaos alunos que apresentam alguma deficiência. Para incluir a escola precisa, primeiramente, acreditar no princípio de que todas as crianças podem aprender e que todas devem ter acesso igualitário a um currículo básico, diversificado e uma educação de qualidade. As adaptações curriculares constituem as possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos e têm como objetivo subsidiar a ação dos professores. Constituem num conjunto de modificações que se realizam nos objetivos, conteúdos, critérios, procedimentos de avaliações, atividades e metodologias para atender as diferenças individuais dos alunos. Assim sendo, é preciso desenvolver uma rede de apoio (constituída por alunos, pais, professores, diretores, psicólogos, terapeutas, pedagogos e supervisores) para discutir e resolver problemas, trocar idéias, métodos, técnicas e atividades, com a finalidade de ajudar não somente aos alunos, mas aos professores para que possam ser bem sucedidos em seus papéis. A realização das ações pedagógicas inclusivas requer uma percepção do sistema escolar como um todo unificado, em vez de estruturas paralelas, separadas como uma para alunos regulares e outra para alunos com deficiência ou necessidades especiais. Os educadores devem estar dispostos a romper com paradigmas e manterem-se em constantes mudanças educacionais progressivas criando escolas inclusivas e de qualidades. Essas estratégias para a ação pedagógica no cotidiano escolar inclusivo são necessárias para que a escola responda não somente aos alunos que nela buscam saberes, mas aos desafios que são atribuídos no cumprimento da função formativa e de inclusão, num processo democrático, reconhecendo e valorizando a diversidade, Página 13 de 24 como um elemento enriquecedor do processo de ensino e aprendizagem. Portanto, incluir e garantir uma educação de qualidade para todos os alunos é uma questão de justiça e equidade social. A inclusão implica na reformulação de políticas educacionais e de implementação de projetos educacionais inclusivo, sendo o maior desafio estender a inclusão a um maior número de escolas, facilitando incluir todos os indivíduos em uma sociedade na qual a diversidade está se tornando mais norma do que exceção. Por isso é preciso refletir sobre a formação dos educadores, uma vez que ela não é para preparar alguém para a diversidade, mas para a inclusão; porque a inclusão não traz respostas prontas, não é uma “multi” habilitação para atender a todas as dificuldades possíveis na sala de aula, mas uma formação na qual o educador olhará seu aluno de um outro modo, tendo assim acesso as peculiaridades dele, entendendo e buscando o apoio necessário. Por fim, cabe refletirmos sobre que é ser igual ou diferente? Pois, se olharmos em nossa volta, perceberemos que não existe ninguém igual, na natureza, no pensamento, nos comportamentos e/ou ações; e que as diferenças não são sinônimos de incapacidade ou doença, mas de equidade humana. * Patrícia Ferreira Bianchini Borges é professora da Rede Municipal de Ensino de Uberaba, licenciada em Letras pela Uniube – MG, e pós-graduanda em Estudos Lingüísticos: “Fundamentos para o Ensino e Pesquisa” pela UFU – MG. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-educacao-para-diversidade- formacao-professores.htm. Acesso em 10/10/216. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=elqdmXCGVAw>. Acesso em: setembro de 2016. http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-educacao-para-diversidade-formacao-professores.htm http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-educacao-para-diversidade-formacao-professores.htm Página 14 de 24 CRÔNICAS PEDAGÓGICAS terça-feira, 11 de outubro de 2016 Currículo, Didática e Multiculturalismo O programa Salto para o futuro, da TV Escola, um canal do Ministério da Educação, abriu para a discussão o tema currículo e conhecimento. Tema extremamente relevante e atual para os educadores, profissionais em fase de formação e outros agentes que tenham este e a educação no Brasil, como seus objetos de estudo. Além dos apresentadores, para compor o debate foram convidados, Antônio Flávio Barbosa Moreira (Coordenador do Mestrado em Educação da Universidade Católica de Petrópolis - RJ, vice-presidente da Associação Nacional de Pós- graduação e Pesquisa em Educação e consultor da séria discutida e apresentada no programa), Vera Candau (Professora da PUC - RJ e Coordenadora do Grupo de Pesquisas sobre Cotidiano, Educação e Cultura da PUC - Rio), Luiz Antonio Cunha (Sociólogo e Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro). http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/2016/10/curriculo-didatica-e-multiculturalismo.html https://4.bp.blogspot.com/-REuuQzDDpbU/V_0ojuMK9bI/AAAAAAAAJGQ/wTzzlLkMt7QixQbbYOHNxZtsJq0wx46vwCLcB/s1600/hqdefault.jpg Página 15 de 24 Logo no inicio do programa, foi apresentada uma matéria do quadro Mosaico que mostrou a opinião de seis pesquisadores na área educacional sobre os desafios que se encontra na hora de compor o currículo, sendo citados os seguintes pontos, parafraseados logo abaixo: Segundo Alfredo Veiga Neto, professor da UFRGS, o desafio estaria em dois eixos principais, um composto pelas rápidas mudanças que há na contemporaneidade e o segundo seria levar em consideração a heterogeneidade que há no Brasil. Para Maura Corsini, professora da UniSinos, o primeiro desafio seria a multiplicidade que existe na escola, as diferenças e diversidades, o segundo seria trabalhar as disciplinas com o cotidiano da escola. Elba Sá, professora da USP, apontou que o principal desafio está relacionado com a melhoria da qualidade do ensino, uma qualidade que não seja medida apenas pela eficiência e eficácia através de testes, mas que leve em conta a possibilidade de desenvolvimento do indivíduo e de uma participação ativa e plena na sociedade. Alda Junqueira, professora da PUC - SP, diz que, em primeiro lugar, precisa- se entender o que é currículo, em segundo que esse seja estudado nas escolas e em cursos de formação de professores, por fim que haja produção de material sobre o currículo para uso de professores e alunos em cursos de formação de professores. Nereide Saviani, professora da UniSantos, aponta que igualdade de condições na negociação curricular para os professores é o principal desafio. Jane Felipe, professora da UFRGS, diz que está em incluir uma formação de professores adequada, competente. Ao iniciarem o debate, o professor Antonio Flávio deu sua opinião sobre a não compartimentalização do conhecimento, visto que é um desafio para a organização do currículo. Parafraseando suas palavras: Página 16 de 24 A não compartimentalização é um desafio porque o professor tende a executar o seu trabalho de forma solitária, quando os problemas na sociedade não são desenvolvidos da mesma forma. Portanto, seria interessante desenvolver um trabalho disciplinar e interdisciplinar isso exigiria da escola um esforço para gerar uma integração entre disciplinaridade e interdisciplinaridade, e trazer o diálogo entre os professores para romper esta não compartimentalização, ou seja, no currículo precisaria existir o momento de se trabalhar a disciplinaridade e momentos para trabalhar a interdisciplinaridade, rompendo a compartimentalização. A pluralidade também foi tema. Vera Candau argumenta que a cultura escolar foi constituída com base no que é comum, no uniforme, e hoje em dia, estudos mostram que são muitas as pluralidades existentes na escola. Diz também que infelizmente a escola não demonstra estar preparada e é um tema não muito presente na formação dos educadores. Então, segundo suas palavras, a escola precisa aprender a lidar com o comum e o plural, com a igualdade e a diferença.O Sociólogo e também professor universitário Luiz Antonio Cunha opinou sobre a articulação de tempo e espaço, que é um desafio, pois o espaço da escola em muitas áreas no Brasil é improvisado. Abordou que a escola é uma projeção de outros lugares. Historicamente a escola se desenvolveu a partir do que era possível, e as horas investidas na educação percebe-se que não são suficientes. Houve uma indagação feita quanto à diversidade cultural local, em breves palavras, Moreira afirma que considerar a diversidade local é muito importante, a criança traz a sua vivência cultural para a escola e acaba, por muitas vezes, forçada a deixá-la do lado de fora. Isso precisa ser trabalhado pela escola, esta precisa aproveitar a cultura local para desenvolver seus conteúdos. O multiculturalismo e os direitos humanos, embora por muitos educadores sejam considerados questões muito complexas, foram postos em debate. A Professora Vera Candau concordou que se tratam de questões complexas, porque existem diferentes abordagens do multiculturalismo. Propôs que precisamos aprofundar o conceito do tema multiculturalismo. Segundo Caudau, a grande Página 17 de 24 questão entre os direitos humanos e o multiculturalismo está em articular a igualdade e a diferença, o comum e o relativo. Moreira acredita que a escola precisa desenvolver uma postura quanto ao multiculturalismo e procurar entender que esta complexidade na sala de aula, embora dificulte, pode enriquecer o trabalho. A relação entre currículo e planejamento também foi tema da entrevista, Moreira afirma: Bem, o planejamento é uma parte essencial do currículo e da escola, né? As atividades que ocorrem na escola são dominantemente planejadas e supervisionadas por ela, o currículo não pode ser aleatório, não pode ocorrer de qualquer modo, é preciso que as experiências que se realizam no âmbito do currículo, é preciso que os conhecimentos que se ensinam, sejam todos eles pensados, sejam todos eles planejados previamente. Agora, é claro que aí também é importante acentuar que esse planejamento não pode jamais ser rígido, esse planejamento precisa estar aberto para inovações, mudanças que vão surgir no decorrer da sua implementação. Falando ainda de planejamento foi questionado, até que ponto a flexibilidade do currículo é permitida no planejamento do professor? Cito as palavras de Candau: Olha! Eu acho que a flexibilidade tem que estar sempre presente, quer dizer, não existe... Na possibilidade você tem um planejamento escolar rígido, né? Eu acho que a flexibilidade é inerente ao planejamento, porque no dia-a-dia, o professor tem que estar continuamente adequando esse planejamento as situações e as realidades que ele vai enfrentar, um aspecto que eu gostaria de acrescentar, em relação ao planejamento, é a importância também, do planejamento coletivo, eu acho que as escolas que tem avançado mais no seu Projeto Político-Pedagógico, são escolas que têm espaços coletivos de planejamento, muitas vezes dos professores de uma mesma área curricular, ou, de uma mesma disciplina, e outras vezes de todos os professores de um mesmo ano escolar, eu acho que é muito Página 18 de 24 importante a escola garantir esse espaço dentro do horário do professor, dentro da sua carga horária, né? Um espaço de planejamento coletivo. Eu acho que isso é fundamental. Podemos notar que o currículo atualmente enfrenta questões, no que tange ao macro de sua estrutura, ou seja, ainda temos questões que precisam ser refletidas e socializadas e que são comuns a todo o território nacional: como entender e atender os alunos como indivíduos que carregam suas culturas locais para dentro da escola, estruturando um currículo bem planejado, flexível, que leva em consideração a liberdade de negociação do professor e que busca a não compartimentalização das disciplinas, mas que aplique seus conteúdos de maneira disciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar? A E.B Beatriz de Souza Brito, localizada em Florianópolis - SC, foi mencionada em uma matéria sobre disciplinaridade e transdisciplinaridade, no programa Salto para o futuro, onde alunos exercitam a leitura na aula de Geografia. Isso é um bom exemplo de que é possível trabalhar, de modo que as disciplinas e as habilidades exigidas para os diversos conteúdos ensinados em sala de aula conversem entre si, agregando ao aluno uma vivência diferenciada, e consequentemente associando seu aprendizado ao cotidiano. Além de o currículo ser tema de discussão, em cursos de formação de professores, outro tema presente e tanto quanto relevante é a Didática e os processos de aprendizado, uma vez respaldado no currículo, no planejamento, e diretrizes educacionais, o professor terá um papel diferenciado no aprendizado dos seus alunos, podendo ser um grande incentivador, entre o conhecimento e os alunos, assim como é de sua responsabilidade proporcionar e planejar instrumentos que lhe permitirão acompanhar o rendimento e autoavaliação de ambos, dados que poderão ser úteis para o professor, alunos, responsáveis, secretária e outros agentes educacionais. Mas fazendo apontamentos sobre a Didática em si, e sobre a sua trajetória no Brasil desde a ditadura, encontramos muitos agentes envolvidos, Professores Página 19 de 24 que enfrentaram muitos desafios e que persistem em sonhar com dias melhores para a nossa educação. Temos como exemplo o 18º Endipe - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino, que ocorreu em Cuiabá – MT, em agosto de 2016. Maria Isabel de Almeida, professora da USP, nos reporta a longa jornada que está por traz desse evento, parafraseando as palavras de ALMEIDA: A partir dos anos 70 começou um movimento no Brasil, em resposta à ditadura que teve inicio em 1964, então se procurou pensar, ou melhor, repensar sobre a democratização, mas também em fazer melhorias nas salas de aula, da didática, das práticas de ensino. Muitos de seus colegas, Professores Universitários das disciplinas de Práticas de ensino, de diversas áreas, a partir de 1979, e no começo dos anos 80, se reuniram. Os professores entrevistados reportaram as dificuldades que precisaram superar para dar continuidade aos seus estudos, em nível de pós-graduação. Naquele período, os professores não encontravam o apoio, ou a estrutura de hoje para conquistarem seus diplomas. Havia uma tensão político-social, sob a qual os professores eram investigados, questionados e podiam ser afastados da sala de aula, dos setores públicos, se não estivessem a favor da ditadura. Os professores sofriam uma limitação didática imposta pelo governo, conforme o depoimento de Maria Amélia do Rosário Santoro Franco, professora da UniSantos: Então 79, pra mim, é isso, então não podemos esquecer, nós estamos no momento de ditadura e o tecnicismo adentrando totalmente na questão do ensino. Então, nós tínhamos a limitação política do que se falar, o que se pensar, e o como fazer, e esta limitação também da técnica pela técnica, então, se eu falei que o Comenius me botou pra pensar didática sempre assim... É uma reflexão que requeria um método... Agora não, era uma técnica, nem método seria e a reflexão Página 20 de 24 terminada, então em 79 veja, eu dava aula nos cursos de Pedagogia, e a observação, o que se pretendia, é que eu ensinasse meus alunos a fazer instrução programada do ensino, quer dizer, picasse o ensino em pequenas frases que pudessem caber numa máquina, que pudessem caber num verbo, tinha que ser aquele verbo, o aluno ou só vai definir, ou ele só vai identificar. A vida, a relação, as relações de pensamento, a crítica, a reflexão, totalmente banida dos processos de ensino, e, portanto, dos processos de aprendizagem. Então em 79, como me vejo? Me vejo, extremamente, ainda, angustiada. Maria Isabel de Almeida afirma que, ao longo dos 37 anosde história do Endipe, esse evento conseguiu estabelecer uma articulação com o campo educativo, através da discussão, das múltiplas dimensões do fazer, do ensinar dentro da escola. Para a Professora Yashie Ussami Ferrari Leite, UNESP: Pra gente que trabalha com formação de professores, todas as definições políticas, elas têm tentado avançar dois passos e recua cinco passos. As condições salariais, as condições de trabalho dos professores estão cada vez mais precarizados, o alunado tem demonstrado um resultado muito ruim no sentido do sucesso pedagógico. Pra onde vai à educação? Eu acho que nós temos assim, uma frente de lutas de uma complexidade grande de fatores muito diferenciados, mas eu não quero perder a utopia ou a esperança de que a escola possa se constituir de uma forma melhor, e que a educação tenha que cumprir uma função política, oferecendo a todas as crianças realmente uma educação de qualidade que lhe dê condições de cidadania mais digna. Vendo que embora tenhamos passado o período de ditadura no Brasil, ainda vivemos resquícios, a democracia não parece estar funcionando como deveria, os Página 21 de 24 recursos não são destinados corretamente aos seus fins, a educação está em processo de amadurecimento e sofrendo com os rumos que impõem a ela. Mas sem perder o fio da meada e retomando o assunto, Didática, o que significa essa palavra então... Didática, segundo Marilda Aparecida Behrens, PUC-PR: A didática na realidade é o eixo norteador da formação docente, ela tem o papel de articular a concepção e a discussão das abordagens, da ação pedagógica do professor e bem como instrumentalizar o professor pra uma organização do trabalho docente, qualificado, significativo, que leve esse aluno a aprender. De acordo com Professora Suzana dos Santos Gomes, UFMG, Didática e prática de ensino são espaços propícios para estudo, pesquisas, troca de experiências sobre os processos educacionais em todos os níveis de ensino. Observando as citações acima, podemos notar que a Didática é de extremo significado para que o professor cumpra com o seu papel. O professor que é didático consegue ensinar um conteúdo que aparentemente seja complexo, de maneira clara e facilitadora. Quando pensamos no currículo, podemos ver que muitos são os agentes envolvidos para torná-lo possível, no entanto para que seja eficaz, a Didática precisa ser considerada. Durante os vídeos, observei os esforços para trabalhar com flexibilidade, não compartimentalização, disciplinaridade, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, aproveitar a cultura local para desenvolver o conteúdo de modo significativo, multiculturalismo, etc.. São termos didáticos ou que visam facilitar a mesma. Ou seja, a Didática, juntamente com a prática de ensino, irá nortear o trabalho do professor e influenciar diretamente a composição e a implementação do currículo. Disponível em : http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/. Acesso em 30/11/2016 REFERÊNCIAS http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/ Página 22 de 24 ENDIPE 2016. 28'00". Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6IWS15WpYQQ>. Acesso em: setembro de 2016. SALTO PARA O FUTURO - CURRÍCULO ESCOLAR. 48'56". CURRÍCULO E DIDÁTICA: A DIVERSIDADE NA SALA DE AULA No decorrer das últimas décadas, as discussões em torno da educação brasileira ganharam notoriedade, e a formação de professores vem se especializando cada vez mais, levantando muitos temas e áreas que buscam aperfeiçoamento entre teoria e prática – práxis. Na atualidade, se discute a integração das novas tecnologias e a formação dos professores para a diversidade cultural da escola e sala de aula, abrangendo e respeitando as particularidades de cada região, mas, sem deixar de relacionar os conteúdos com a vida dos estudantes. Temas como estes ganham espaço nos documentos curriculares nacionais e o Programa Salto para o Futuro, da TV Escola, discutiu sobre o “Currículo Escolar: conhecimento e cultura”, em 2013, para debater essas questões. https://2.bp.blogspot.com/-ngXRUps8b98/V_QT-hCl3GI/AAAAAAAAJE8/iW47ozj2emIBISzWSN71E8wirKth16-KQCLcB/s1600/diversidade-cultural-2.jpg Página 23 de 24 Segundo os professores presentes no programa, Antônio Flávio Barbosa Moreira, Luiz Antônio Cunha e Vera Candau, é preciso adaptar o currículo para acompanhar as transformações da sociedade, contextualizar o ambiente escolar, de acordo com essas mudanças e valorizar as diferenças que existem em cada unidade. Infelizmente, porém, são muitos os professores que não se sentem preparados para lidar com a diversidade, mostrando que essa discussão é de fundamental importância nos cursos de formação docente. O paradigma de um Currículo, com grande quantidade de assuntos que necessita abordar, cria certa inflexibilidade para o professor desenvolver temas em conjunto de outras áreas, especialmente o professor especialista. Ele isola o conhecimento e distancia o aluno com a não integração e contextualização dos conteúdos. Apesar do surgimento de ideais, como a interdisciplinaridade ou o multiculturalismo, acabam se tornando metas muito distantes com a falta de planejamento, em conjunto dos professores de uma mesma escola e discordância socioculturais. Além disso, as escolas apresentam dificuldade em acompanhar os avanços e estudos da Educação, onde surge certa resistência de alguns profissionais à atualização do currículo, das diversas práticas de ensino e no domínio das inovações tecnológicas. Somando-se à discussão a Didática - outra área fundamental para a prática de ensino e que anda de mãos dadas com o Currículo - a abertura do XVIII Congresso da ENDIPE (Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino), em Cuiabá de 2016, trouxe diversos didatas que discorreram sobre o caminho que a Didática percorreu desde o período militar. Em termos gerais, atingimos a democratização do Ensino. Esta, uma conquista, um momento de ruptura com as práticas de ensinar e aprender sem promoção de reflexão do educando para uma outra que visa a alunos com maior autonomia e criticidade. A professora da UNISINOS, Maria Isabel da Cunha, afirmou que não existiam muitos programas de pós-graduação e doutorado no Brasil, pois não tinham valor ou eram de pouco interesse do Governo. A professora Maria Amélia Santoro Franco, da UniSantos, em Página 24 de 24 seu depoimento, afirma que ainda há fatores desmotivantes para os professores, sendo um deles a desvalorização do salário dos profissionais da educação. Contudo, encerrando uma fase de tecnicismo, amplia-se os horizontes da prática docente, surgindo cursos para formação continuada e seguindo ideais de que não há uma única receita para o ensino e aprendizagem, mas uma busca constante de aperfeiçoamento na arte de ensinar. A Didática articula os conteúdos, respeitando o processo de aprendizagem de cada estudante, admitindo que todos são diferentes e, portanto, aprendem de formas diferentes. Para tal, há inúmeros recursos que podem ser utilizados na prática do professor para atender essa diversidade de sala de aula, sem perder de vista o objetivo maior: levar o aluno a adquirir um determinado conhecimento através da reflexão e construção desse saber. O Curriculo é imprescindível para que haja esse diálogo. Referências Disponível em : http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/. Acesso em 30/11/2016 Postado por CRÔNICAS PEDAGÓGICAS às 17:42 http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/ https://www.blogger.com/profile/13681964233320444568 http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/2016/10/curriculo-e-didatica-diversidade-na.html
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