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Educação e Diversidade

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Empreendedorismo 
Disciplina: Educação e Diversidade 
Pedagógico do Instituto Souza 
atendimento@institutosouza.com.br 
Modalidade de Curso 
Curso livre de capacitação profissional 
 
Página 1 de 24 
 
 
 
 
Caro aluno, antes de ler sua apostila, leia os textos e assista aos vídeos sobre o 
assunto. Bons estudos! 
 
 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia
s=636-vol-28-educdiv-elet-pdf&Itemid=30192 
 
http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publi
cationsSeries/18344514_EducacaoDiversidade.pdf 
 
https://www.youtube.com/watch?v=dPoSbnqngag 
 
Educação & Sociedade 
Print version ISSN 0101-7330 
Educ. Soc. vol.33 no.120 Campinas July/Sept. 2012 
http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73302012000300002 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes 
sempre que a igualdade nos descaracteriza. (Boaventura de Souza Santos, 2006, p. 316) 
 
DESIGUALDADES E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO 
Nos últimos anos, a relação entre desigualdades e diversidade tem ocupado 
um lugar de maior destaque no debate contemporâneo. No que se refere à 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=636-vol-28-educdiv-elet-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=636-vol-28-educdiv-elet-pdf&Itemid=30192
http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publicationsSeries/18344514_EducacaoDiversidade.pdf
http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publicationsSeries/18344514_EducacaoDiversidade.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=dPoSbnqngag
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0101-7330&lng=en&nrm=iso
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diversidade, Abramowicz, Rodrigues e Cruz (2011) refletem que a sua discussão, 
com enfoque na heterogeneidade de culturas que marca a sociedade atual, é 
realizada em oposição ao modelo de Estado-nação moderno, liberal e ocidental e se 
faz presente em grande parte dos países do mundo. 
As autoras alertam para o fato de que o debate sobre a diversidade se 
diferencia nacional e internacionalmente de acordo com o seu período de 
emergência, as causas principais que geram ou impõem a discussão sobre 
determinados grupos, identidades culturais, espaciais e territoriais, discriminação, 
entre outros. Imigração, gênero, sexualidade, raça, etnia, religião, língua, 
espaços/territórios são os principais fatores e temáticas que desencadearam um 
processo de mobilização e discussão sobre a diversidade, sendo que em vários 
contextos eles estão interrelacionados ou interseccionados. 
A diversidade, entendida como construção histórica, social, cultural e política 
das diferenças, realiza-se em meio às relações de poder e ao crescimento das 
desigualdades e da crise econômica que se acentuam no contexto nacional e 
internacional. Não se pode negar, nesse debate, os efeitos da desigualdade 
socioeconômica sobre toda a sociedade e, em especial, sobre os coletivos sociais 
considerados diversos. Portanto, a análise sobre a trama desigualdades e 
diversidade deverá ser realizada levando em consideração a sua interrelação com 
alguns fatores, tais como: os desafios da articulação entre políticas de igualdade e 
políticas de identidade ou de reconhecimento da diferença no contexto nacional e 
internacional, a necessária reinvenção do Estado rumo à emancipação social, o 
acirramento da pobreza e a desigual distribuição de renda da população, os atuais 
avanços e desafios dos setores populares e dos movimentos sociais em relação ao 
acesso à educação, à moradia, ao trabalho, à saúde e aos bens culturais, bem como 
os impactos da relação entre igualdade, desigualdades e diversidade nas políticas 
públicas. 
No Brasil, diferentes alternativas e proposições econômicas, políticas e 
teóricas têm sido desencadeadas na tentativa de apontar caminhos para essa 
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situação. Desde o processo de reabertura política a partir dos anos de 1980 aos dias 
atuais, vem se configurando um novo foco de interpretações a respeito de como 
equacionar a oferta da educação pública no contexto das desigualdades 
socioeconômicas e da diversidade. A postura central dos movimentos sociais, dos 
profissionais da educação e daqueles comprometidos com uma sociedade 
democrática e com a educação pública, gratuita e laica tem sido reafirmar o princípio 
constitucional contido no artigo 205 da Constituição Federal de 1988, ou seja, "a 
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho". 
Portanto, não se educa "para alguma coisa", educa-se porque a educação é 
um direito e, como tal, deve ser garantido de forma igualitária, equânime e justa. O 
objetivo da educação e das suas políticas não é formar gerações para o mercado, 
para o vestibular ou, tampouco, atingir os índices internacionais de alfabetização e 
matematização. O foco central são os sujeitos sociais, entendidos como cidadãos e 
sujeitos de direitos. Essa interpretação tem sido adensada do ponto de vista político 
e epistemológico pelos movimentos sociais ao enfatizarem que os sujeitos de 
direitos são também diversos em raça, etnia, credo, gênero, orientação sexual e 
idade, entre outros. Enfatizam, também, que essa diversidade tem sido tratada de 
forma desigual e discriminatória ao longo dos séculos e ainda não foi devidamente 
equacionada pelas políticas de Estado, pelas escolas e seus currículos. 
Dessa forma, devido às pressões sociais, o entendimento da diversidade 
como construção social constituinte dos processos históricos, culturais, políticos, 
econômicos e educacionais e não mais vista como um "problema" começa a ter mais 
espaço na sociedade, nos fóruns políticos, nas teorias sociais e educacionais. 
São também os movimentos sociais, principalmente os de caráter identitário 
(indígenas, negros, quilombolas, feministas, LGBT, povos do campo, pessoas com 
deficiência, povos e comunidades tradicionais, entre outros), que, a partir dos anos 
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de 1980, no Brasil, contribuem para a entrada do olhar afirmativo da diversidade na 
cena social. Eles reivindicam que a educação considere, nos seus níveis, etapas e 
modalidades, a relação entre desigualdades e diversidade. Indagam o caráter 
perverso do capitalismo de acirrar não só as desigualdades no plano econômico, 
mas também de tratar de forma desigual e inferiorizante os coletivos sociais 
considerados diversos no decorrer da história. 
A imbricação entre desigualdades e diversidade tem sofrido interpretações 
as mais diversas no contexto das relações de poder, nas quais se inserem as lutas 
sociais. São interpretações advindas tanto das políticas neoliberais que se acirraram 
no Brasil, nos países latino-americanos e em outros contextos do mundo a partir dos 
anos de 1990, quanto das lutas por identidade e reconhecimento desenvolvidas 
pelos próprios movimentos sociais, ações coletivas, organizações de caráter 
emancipatório e novos sujeitos sociais no mesmo período. 
No terceiro milênio é possível dizer que estamos diante de uma mudança 
política e epistemológica, no que diz respeito ao entendimento sobre a imbricação 
entre desigualdades e diversidade que vai além do campo educacional. Trata-se de 
uma inflexão em nível nacional e internacional provocada por vários fatores, tais 
como: os questionamentos à globalização capitalista, a construção de uma rede 
internacional contra-hegemônica, os conflitos étnicos e religiosos na América Latina, 
Europa e Ásia, a formação e o fortalecimento das redes sociais e das novas mídias 
com foco na emancipação social, as lutas nacionais e transnacionais pelo direito à 
terra eao território. Esses fatores se tornam mais incisivos quanto mais se 
intensificam, nacional e internacionalmente, fenômenos como: neocolonialismo, 
racismo, xenofobia, sexismo, homofobia e violência religiosa. 
A pressão histórica dos movimentos sociais, somada a um perfil mais 
progressista de setores do Estado brasileiro nos últimos dez anos, trouxe mudanças 
no trato da diversidade no contexto das políticas públicas de caráter universal, 
desencadeando, inclusive, a implementação de políticas de ações afirmativas. 
Contudo, um dos limites que ainda persiste está no fato de que a maioria dessas 
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ações ainda se limita às políticas de governo. Falta o seu enraizamento como 
políticas de Estado. 
Mesmo assim, é possível afirmar que, nos últimos anos, no Brasil e na 
América Latina, com avanços e limites, algumas dimensões da diversidade 
pleiteadas historicamente pelos movimentos sociais e demais setores organizados 
da sociedade começam a fazer parte da pauta da agenda das políticas públicas. 
Transformam-se em temas de debate e de disputa na arena política e na própria 
produção intelectual. É nesse contexto que a discussão sobre a justiça social passa 
a ocupar mais espaço na produção teórica, na análise e na implementação das 
políticas públicas, entre elas, as educacionais. 
O conjunto de artigos apresentados neste número temático analisa, 
problematiza e indaga a complexa relação entre desigualdades e diversidade na 
educação. A partir de diferentes abordagens e perspectivas educacionais, históricas, 
sociológicas, antropológicas e políticas, os autores e as autoras analisam essa 
desafiadora imbricação no contexto nacional e internacional. 
O primeiro artigo, de Elsie Rockwell, Movimientos sociales emergentes y 
nuevas maneras de educar, discute a força dos movimentos sociais 
contemporâneos ao trazer para a sociedade indagações e questões sobre a relação 
desigualdade social e diversidade cultural e social gerada pelas recentes mudanças 
na economia e por projetos alternativos de vida e de formação. A autora destaca 
que, ao longo da história da classe trabalhadora, a formação de um "homem novo" 
tem sido um tema recorrente. 
Porém, a atual economia capitalista global tem gerado uma classe 
trabalhadora cada vez mais fragmentada e despossuída. Essa situação leva a uma 
reorganização social e se formam novos sujeitos sociais que retomam os recursos e 
as práticas culturais disponíveis, a fim de fortalecer os movimentos sociais 
emergentes. Conclui-se que o reconhecimento destes movimentos sociais e dos 
processos de formação tem transformado o pensamento iluminista, produzindo 
outras formas de pensar e atuar nos processos educativos. 
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Vera Maria Ferrão Candau, no seu artigo Direito à educação, diversidade e 
educação em direitos humanos, discute que os direitos humanos estão no centro da 
problemática das sociedades contemporâneas. Tendo por referência a tensão entre 
igualdade e diferença na concepção e prática dos direitos humanos, a autora analisa 
as especificidades, articulações e entrelaçamentos entre o direito à educação e a 
educação em direitos humanos, sendo esta última considerada atualmente como um 
componente fundamental do direito à educação. Esse contexto traz desafios aos 
processos educativos e à formação de sujeitos de direitos que considere suas 
especificidades e, ao mesmo tempo, fortaleça os processos democráticos, em que 
redistribuição e reconhecimento se articulem. 
O artigo Movimento negro e educação: ressignificando e politizando a raça, 
de Nilma Lino Gomes, discute o papel do movimento negro brasileiro na 
ressignificação e politização da ideia de raça. A raça é entendida como construção 
social que marca, de forma estrutural e estruturante, as sociedades latino-
americanas, em especial, a brasileira. Parte-se da premissa de que este movimento 
social, por meio de suas ações políticas, sobretudo em prol da educação, reeduca a 
si próprio, o Estado, a sociedade e o campo educacional sobre as relações étnico-
raciais no Brasil, caminhando rumo à emancipação social. A ideia de raça analisada 
pela autora se assenta, ainda, na reflexão realizada pelos estudos pós-coloniais, que 
discutem a sua centralidade nos países com passado colonial e a sua 
operacionalidade nas relações de poder, as quais têm sido mantidas e subsistem no 
pensamento moderno ocidental, inclusive no educacional. 
Maria Antônia de Souza, no artigo Educação do campo, desigualdades 
sociais e educacionais, caracteriza a gênese da prática e concepção da educação 
do campo, atentando para a concentração da terra e da propriedade como 
elementos estruturais geradores de desigualdade social. Destaca as principais 
conquistas efetivadas de 1990 até 2012 no âmbito da educação do campo e pontua 
conflitos judiciais em torno do direito à educação superior entre os povos do campo. 
Parte-se do pressuposto central de que esta educação é fruto de experiência 
coletiva construída pelos movimentos e organizações de trabalhadores do campo. 
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No artigo Roteiro para uma história da educação escolar indígena: notas 
sobre a relação entre política indigenista e educacional, Luiz Antonio de Oliveira 
e Rita Gomes do Nascimento apresentam um roteiro para a história das políticas 
educacionais voltadas para os povos indígenas, a partir da consideração das suas 
relações com as políticas indigenistas. Destacam que a articulação entre os campos 
indigenista e da educação sugere pensar como as questões das diferenças culturais 
dos povos indígenas orientaram diferentes projetos de educação escolar indígena. 
Os autores partem do período "assimilacionista" e "civilizatório" do início do século 
XX, marcado pela ideia de uma necessária unidade da nação, passando pelas 
reformas desta política, em que é reconhecida a importância do ensino bilíngue nos 
processos de escolarização, até o momento atual, caracterizado pela busca do 
reconhecimento da diversidade cultural como direito fundamental, trazendo novos 
desafios para as políticas educacionais. 
Choukri Ben Ayed, no artigo As desigualdades socioespaciais de acesso aos 
saberes: uma perspectiva de renovação da sociologia das desigualdades escolares, 
analisa o avanço dos conhecimentos sobre as desigualdades socioespaciais de 
acesso aos saberes na França. Segundo o autor, embora este objeto envolva muitas 
questões societais, as pesquisas empíricas a ele consagradas continuam 
embrionárias. Na sua argumentação, Ben Ayed insiste tanto no que está em jogo, 
metodologicamente, no estudo das variações do aprendizado escolar em função dos 
contextos de escolarização, quanto na necessidade de não dissociar, nas análises, o 
impacto dos fatores sociais e espaciais. Reconhece que, hoje, um dos desafios da 
renovação das abordagens na sociologia da educação consiste em levar em conta 
uma combinação desses dois fatores. 
O artigo Novos olhares para as desigualdades de oportunidades 
educacionais: a segregação residencial e a relação favela-asfalto no contexto 
carioca, de Mariane Campelo Koslinski e Fatima Alves, discute a tradição de estudos 
quantitativos que tiveram origem no Relatório Coleman (1966) e seus 
desdobramentos nos estudos de efeito escola e, posteriormente, de efeito 
vizinhança. As autoras focam a sua análise nos limites e possibilidades trazidos pela 
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literatura de efeito vizinhança e da geografia de oportunidades para a compreensão 
de mecanismos mediadores entre a segregação residencial e resultados escolares. 
Discutem estudos que partiram desse arcabouço teórico e metodológico, focalizando 
o contexto brasileiro. Ao final, apresentam os próximos desafios para se avançar na 
compreensão da organização social do território e as desigualdades educacionais 
nesse contexto. 
Mônica Carvalho Magalhães Kassar, no artigo Educação especial no Brasil: 
desigualdadese desafios no reconhecimento da diversidade, argumenta que 
abordar a educação especial no Brasil implica considerar a política educacional 
proposta nos últimos anos pelo governo federal e, especialmente, a presença nas 
escolas de diversas populações que constituem o país de formas historicamente 
desiguais. A partir dessas considerações, a autora analisa as mudanças registradas 
na educação das populações marginalizadas no processo escolar, especialmente de 
pessoas com deficiências, e reflete sobre os limites ainda presentes na educação 
brasileira, incluindo as complexas relações que envolvem os lugares da diferença 
nas proposições legais e nas práticas escolares. 
No artigo Subjetividade docente, inclusão e gênero, Maura Corcini 
Lopes e Maria Cláudia Dal'Igna discutem de que modos o gênero opera como 
elemento organizador das subjetividades docentes e do desempenho escolar em 
tempos de inclusão e de governamentalidade neoliberal. Governamentalidade, 
subjetividade e gênero são as ferramentas teórico-metodológicas adotadas pelas 
autoras para examinar de que formas algumas práticas de governamento estão 
implicadas na produção de diferenças de gênero, no que se refere ao desempenho 
escolar, e na constituição das subjetividades docentes inclusivas. Duas pesquisas 
fornecem subsídios para sustentar a argumentação das autoras: uma que objetiva 
conhecer como docentes são subjetivados pelas práticas de inclusão; outra que 
investiga como o gênero atravessa e constitui a prática docente. 
Néstor López, em Adolescentes en las aulas: la irrupción de la diferencia y el 
fin de la expansión educativa, inicia o seu artigo com uma revisão das recentes 
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tendências de escolarização dos adolescentes na América Latina, enfatizando em 
que medida a expansão da escolarização desde o início dos anos de 1990 se 
traduziu em uma significativa redução das desigualdades de acesso à educação e, 
ao mesmo tempo, como a desaceleração do processo de escolarização vivido nos 
últimos anos reinstala o desafio das desigualdades como elemento central da 
agenda educativa. Em seguida, o autor levanta algumas hipóteses em torno das 
causas dessa desaceleração visível nos processos de universalização do acesso à 
escola, enfatizando aquelas que centram a sua atenção nas desigualdades 
resultantes da impossibilidade dos sistemas educativos operarem em contextos de 
crescente diversidade cultural e identitária, evidenciando a persistência de múltiplos 
mecanismos cotidianos e naturalizados de discriminação nas práticas das 
instituições escolares. 
O artigo Há algo novo a se dizer sobre as relações raciais no Brasil 
contemporâneo?, de Valter Roberto Silvérioe Cristina Teodoro Trinidad, discute o 
contexto da aprovação da Lei n. 10.639/2003 e suas diretrizes, alterando a Lei de 
Diretrizes e Base da Educação Brasileira (LDB), que pressupõem um conjunto de 
mudanças substantivas que passam a alterar a política pública educacional no país. 
Segundo os autores, a obrigatoriedade da educação das relações étnico-raciais e do 
ensino de história e cultura afro-brasileira e africana em toda a educação básica é 
resultado do reconhecimento da discriminação racial e do racismo, como 
constitutivos de nossa formação social, e permite desvendar as contribuições das 
culturas africanas na constituição de nossa brasilidade para além do trabalho 
escravo. A identidade negra, produto político do apagamento da multiplicidade 
cultural de povos que aportaram no país, passa a dar lugar ao prefixo "afro" como 
possibilidade de novas identificações e recriações dos brasileiros descendentes de 
africanos, as quais podem ser analisadas a partir do conceito de Diáspora. 
Para adensar ainda mais a rica discussão aqui realizada, apresentamos a 
entrevista com Boaventura de Sousa Santos, concedida à Júlia F. Benzaquen, 
sobre A Universidade Popular dos Movimentos Sociais, seguida da resenha do livro 
de Miguel G. Arroyo, Currículo, território em disputa, escrita por André Marcio 
Página 10 de 24 
 
 
 
Picanço Favacho. Entrevista e resenha abordam as principais reflexões de dois 
brilhantes intelectuais sintonizados com a dinâmica do nosso tempo e sempre 
alertas aos desafios trazidos pela relação entre desigualdades e diversidade no 
campo educacional e na sociedade como um todo. 
Cabe ressaltar, ainda, que a temática da diversidade já esteve presente 
entre as edições da revista Educação & Sociedade no dossiê "Diferenças", dez anos 
atrás. De lá para cá, a construção das diferenças se complexificou e passou a 
tensionar ainda mais as práticas educativas, o Estado e suas políticas, por meio da 
ação dos sujeitos sociais. Esse contexto trouxe novos entendimentos sobre o tema, 
outras perspectivas de análise e tem produzido um instigante debate teórico e 
político. Um dos desafios colocados é a compreensão das diferenças como 
constituintes do complexo processo da diversidade e a sua imbricação com as 
desigualdades. 
Espera-se que o debate intelectual com o qual o leitor e a leitora terão 
contato nas páginas dessa Revista possa provocar, adensar e fazer avançar a 
discussão sobre o tema central aqui proposto. 
Nilma Lino Gomes 
(Organizadora) 
 Referências 
ABRAMOWICZ, A.; RODRIGUES, T.C.; CRUZ, A.C.J. A diferença e a diversidade na 
educação. Contemporânea, São Carlos, n. 2, p. 85-97, ago.-dez. 2011. [ Links ] 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso 
em: 20 set. 2012. [ Links ] 
SANTOS, B.S. A construção intercultural da igualdade e da diferença. In: SANTOS, B.S. A 
gramática do tempo. São Paulo: Cortez, 2006. p. 279-316. [ Links 
 
 
 
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A EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
Por: Patrícia Bianchini 
 
A política de inclusão, na rede regular de ensino, dos alunos que 
apresentam necessidades educacionais especiais, não consiste somente na 
permanência física desses alunos na escola; mas no propósito de rever concepções 
e paradigmas, respeitando e valorizando a diversidade desses alunos, exigindo 
assim, que a escola crie espaços inclusivos. Dessa forma, a inclusão significa que 
não é o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas a escola consciente de sua 
função que se coloca a disposição do aluno. 
 
As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas 
dificuldades de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de 
aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para todos mediante 
currículos apropriados, modificações organizacionais, estratégias de ensino, 
recursos e parcerias com a comunidade. A inclusão, na perspectiva de um ensino de 
qualidade para todos, exige da escola novos posicionamentos que implicam num 
esforço de atualização e reestruturação das condições atuais, para que o ensino se 
modernize e para que os professores se aperfeiçoem, adequando as ações 
pedagógicas à diversidade dos aprendizes. 
 
Deste modo, pode-se dizer que a escola inclusiva é aquela que acomoda 
todos os seus alunos independentemente de suas condições físicas, intelectuais, 
sociais, emocionais ou lingüísticas. Seu principal desafio é desenvolver uma 
pedagogia centrada no aluno, e que seja capaz de educar e incluir além dos alunos 
que apresentem necessidades educacionais especiais, aqueles que apresentam 
dificuldades temporárias ou permanentes na escola, os que estejam repetindo anos 
escolares, os que sejam forçados a trabalhar, os que vivem nas ruas, os que vivem 
em extrema pobreza, os que são vítimas de abusos e até mesmo os que 
Página 12 de 24 
 
 
 
apresentam altas habilidades como a superdotação, uma vez que a inclusão não se 
aplica apenasaos alunos que apresentam alguma deficiência. 
 
Para incluir a escola precisa, primeiramente, acreditar no princípio de que 
todas as crianças podem aprender e que todas devem ter acesso igualitário a um 
currículo básico, diversificado e uma educação de qualidade. As adaptações 
curriculares constituem as possibilidades educacionais de atuar frente às 
dificuldades de aprendizagem dos alunos e têm como objetivo subsidiar a ação dos 
professores. Constituem num conjunto de modificações que se realizam nos 
objetivos, conteúdos, critérios, procedimentos de avaliações, atividades e 
metodologias para atender as diferenças individuais dos alunos. 
 
Assim sendo, é preciso desenvolver uma rede de apoio (constituída por 
alunos, pais, professores, diretores, psicólogos, terapeutas, pedagogos e 
supervisores) para discutir e resolver problemas, trocar idéias, métodos, técnicas e 
atividades, com a finalidade de ajudar não somente aos alunos, mas aos 
professores para que possam ser bem sucedidos em seus papéis. 
 
A realização das ações pedagógicas inclusivas requer uma percepção do 
sistema escolar como um todo unificado, em vez de estruturas paralelas, separadas 
como uma para alunos regulares e outra para alunos com deficiência ou 
necessidades especiais. 
 
Os educadores devem estar dispostos a romper com paradigmas e 
manterem-se em constantes mudanças educacionais progressivas criando escolas 
inclusivas e de qualidades. 
 
Essas estratégias para a ação pedagógica no cotidiano escolar inclusivo são 
necessárias para que a escola responda não somente aos alunos que nela buscam 
saberes, mas aos desafios que são atribuídos no cumprimento da função formativa e 
de inclusão, num processo democrático, reconhecendo e valorizando a diversidade, 
Página 13 de 24 
 
 
 
como um elemento enriquecedor do processo de ensino e aprendizagem. Portanto, 
incluir e garantir uma educação de qualidade para todos os alunos é uma questão 
de justiça e equidade social. A inclusão implica na reformulação de políticas 
educacionais e de implementação de projetos educacionais inclusivo, sendo o maior 
desafio estender a inclusão a um maior número de escolas, facilitando incluir todos 
os indivíduos em uma sociedade na qual a diversidade está se tornando mais norma 
do que exceção. 
 
Por isso é preciso refletir sobre a formação dos educadores, uma vez que 
ela não é para preparar alguém para a diversidade, mas para a inclusão; porque a 
inclusão não traz respostas prontas, não é uma “multi” habilitação para atender a 
todas as dificuldades possíveis na sala de aula, mas uma formação na qual o 
educador olhará seu aluno de um outro modo, tendo assim acesso as peculiaridades 
dele, entendendo e buscando o apoio necessário. 
 
Por fim, cabe refletirmos sobre que é ser igual ou diferente? Pois, se 
olharmos em nossa volta, perceberemos que não existe ninguém igual, na natureza, 
no pensamento, nos comportamentos e/ou ações; e que as diferenças não são 
sinônimos de incapacidade ou doença, mas de equidade humana. 
 
 
* Patrícia Ferreira Bianchini Borges é professora da Rede Municipal de Ensino de Uberaba, licenciada 
em Letras pela Uniube – MG, e pós-graduanda em Estudos Lingüísticos: “Fundamentos para o 
Ensino e Pesquisa” pela UFU – MG. 
 
 
 
 
Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-educacao-para-diversidade-
formacao-professores.htm. Acesso em 10/10/216. 
 
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=elqdmXCGVAw>. Acesso em: setembro de 
2016. 
 
 
http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-educacao-para-diversidade-formacao-professores.htm
http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-educacao-para-diversidade-formacao-professores.htm
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CRÔNICAS PEDAGÓGICAS 
terça-feira, 11 de outubro de 2016 
Currículo, Didática e Multiculturalismo 
 
 
 
O programa Salto para o futuro, da TV Escola, um canal do Ministério da 
Educação, abriu para a discussão o tema currículo e conhecimento. Tema 
extremamente relevante e atual para os educadores, profissionais em fase de 
formação e outros agentes que tenham este e a educação no Brasil, como seus 
objetos de estudo. 
Além dos apresentadores, para compor o debate foram convidados, Antônio 
Flávio Barbosa Moreira (Coordenador do Mestrado em Educação da Universidade 
Católica de Petrópolis - RJ, vice-presidente da Associação Nacional de Pós-
graduação e Pesquisa em Educação e consultor da séria discutida e apresentada no 
programa), Vera Candau (Professora da PUC - RJ e Coordenadora do Grupo de 
Pesquisas sobre Cotidiano, Educação e Cultura da PUC - Rio), Luiz Antonio Cunha 
(Sociólogo e Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro). 
http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/2016/10/curriculo-didatica-e-multiculturalismo.html
https://4.bp.blogspot.com/-REuuQzDDpbU/V_0ojuMK9bI/AAAAAAAAJGQ/wTzzlLkMt7QixQbbYOHNxZtsJq0wx46vwCLcB/s1600/hqdefault.jpg
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Logo no inicio do programa, foi apresentada uma matéria do quadro Mosaico 
que mostrou a opinião de seis pesquisadores na área educacional sobre os desafios 
que se encontra na hora de compor o currículo, sendo citados os seguintes pontos, 
parafraseados logo abaixo: 
Segundo Alfredo Veiga Neto, professor da UFRGS, o desafio estaria em dois 
eixos principais, um composto pelas rápidas mudanças que há na 
contemporaneidade e o segundo seria levar em consideração a heterogeneidade 
que há no Brasil. 
Para Maura Corsini, professora da UniSinos, o primeiro desafio seria a 
multiplicidade que existe na escola, as diferenças e diversidades, o segundo seria 
trabalhar as disciplinas com o cotidiano da escola. 
Elba Sá, professora da USP, apontou que o principal desafio está 
relacionado com a melhoria da qualidade do ensino, uma qualidade que não seja 
medida apenas pela eficiência e eficácia através de testes, mas que leve em conta a 
possibilidade de desenvolvimento do indivíduo e de uma participação ativa e plena 
na sociedade. 
Alda Junqueira, professora da PUC - SP, diz que, em primeiro lugar, precisa-
se entender o que é currículo, em segundo que esse seja estudado nas escolas e 
em cursos de formação de professores, por fim que haja produção de material sobre 
o currículo para uso de professores e alunos em cursos de formação de professores. 
Nereide Saviani, professora da UniSantos, aponta que igualdade de 
condições na negociação curricular para os professores é o principal desafio. 
Jane Felipe, professora da UFRGS, diz que está em incluir uma formação de 
professores adequada, competente. 
Ao iniciarem o debate, o professor Antonio Flávio deu sua opinião sobre a 
não compartimentalização do conhecimento, visto que é um desafio para a 
organização do currículo. 
Parafraseando suas palavras: 
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A não compartimentalização é um desafio porque o professor tende a 
executar o seu trabalho de forma solitária, quando os problemas na sociedade não 
são desenvolvidos da mesma forma. Portanto, seria interessante desenvolver um 
trabalho disciplinar e interdisciplinar isso exigiria da escola um esforço para gerar 
uma integração entre disciplinaridade e interdisciplinaridade, e trazer o diálogo entre 
os professores para romper esta não compartimentalização, ou seja, no currículo 
precisaria existir o momento de se trabalhar a disciplinaridade e momentos para 
trabalhar a interdisciplinaridade, rompendo a compartimentalização. A pluralidade 
também foi tema. Vera Candau argumenta que a cultura escolar foi constituída com 
base no que é comum, no uniforme, e hoje em dia, estudos mostram que são muitas 
as pluralidades existentes na escola. Diz também que infelizmente a escola não 
demonstra estar preparada e é um tema não muito presente na formação dos 
educadores. Então, segundo suas palavras, a escola precisa aprender a lidar com o 
comum e o plural, com a igualdade e a diferença.O Sociólogo e também professor universitário Luiz Antonio Cunha opinou 
sobre a articulação de tempo e espaço, que é um desafio, pois o espaço da escola 
em muitas áreas no Brasil é improvisado. Abordou que a escola é uma projeção de 
outros lugares. Historicamente a escola se desenvolveu a partir do que era possível, 
e as horas investidas na educação percebe-se que não são suficientes. 
Houve uma indagação feita quanto à diversidade cultural local, em breves 
palavras, Moreira afirma que considerar a diversidade local é muito importante, a 
criança traz a sua vivência cultural para a escola e acaba, por muitas vezes, forçada 
a deixá-la do lado de fora. Isso precisa ser trabalhado pela escola, esta precisa 
aproveitar a cultura local para desenvolver seus conteúdos. 
O multiculturalismo e os direitos humanos, embora por muitos educadores 
sejam considerados questões muito complexas, foram postos em debate. A 
Professora Vera Candau concordou que se tratam de questões complexas, porque 
existem diferentes abordagens do multiculturalismo. Propôs que precisamos 
aprofundar o conceito do tema multiculturalismo. Segundo Caudau, a grande 
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questão entre os direitos humanos e o multiculturalismo está em articular a 
igualdade e a diferença, o comum e o relativo. Moreira acredita que a escola precisa 
desenvolver uma postura quanto ao multiculturalismo e procurar entender que esta 
complexidade na sala de aula, embora dificulte, pode enriquecer o trabalho. 
A relação entre currículo e planejamento também foi tema da entrevista, 
Moreira afirma: 
Bem, o planejamento é uma parte essencial do currículo e da escola, né? As 
atividades que ocorrem na escola são dominantemente planejadas e 
supervisionadas por ela, o currículo não pode ser aleatório, não pode ocorrer de 
qualquer modo, é preciso que as experiências que se realizam no âmbito do 
currículo, é preciso que os conhecimentos que se ensinam, sejam todos eles 
pensados, sejam todos eles planejados previamente. Agora, é claro que aí também 
é importante acentuar que esse planejamento não pode jamais ser rígido, esse 
planejamento precisa estar aberto para inovações, mudanças que vão surgir no 
decorrer da sua implementação. 
Falando ainda de planejamento foi questionado, até que ponto a flexibilidade 
do currículo é permitida no planejamento do professor? 
Cito as palavras de Candau: 
 
Olha! Eu acho que a flexibilidade tem que estar sempre presente, quer dizer, 
não existe... Na possibilidade você tem um planejamento escolar rígido, né? Eu acho 
que a flexibilidade é inerente ao planejamento, porque no dia-a-dia, o professor tem 
que estar continuamente adequando esse planejamento as situações e as 
realidades que ele vai enfrentar, um aspecto que eu gostaria de acrescentar, em 
relação ao planejamento, é a importância também, do planejamento coletivo, eu 
acho que as escolas que tem avançado mais no seu Projeto Político-Pedagógico, 
são escolas que têm espaços coletivos de planejamento, muitas vezes dos 
professores de uma mesma área curricular, ou, de uma mesma disciplina, e outras 
vezes de todos os professores de um mesmo ano escolar, eu acho que é muito 
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importante a escola garantir esse espaço dentro do horário do professor, dentro da 
sua carga horária, né? Um espaço de planejamento coletivo. Eu acho que isso é 
fundamental. 
Podemos notar que o currículo atualmente enfrenta questões, no que tange 
ao macro de sua estrutura, ou seja, ainda temos questões que precisam ser 
refletidas e socializadas e que são comuns a todo o território nacional: como 
entender e atender os alunos como indivíduos que carregam suas culturas locais 
para dentro da escola, estruturando um currículo bem planejado, flexível, que leva 
em consideração a liberdade de negociação do professor e que busca a não 
compartimentalização das disciplinas, mas que aplique seus conteúdos de maneira 
disciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar? 
A E.B Beatriz de Souza Brito, localizada em Florianópolis - SC, foi 
mencionada em uma matéria sobre disciplinaridade e transdisciplinaridade, no 
programa Salto para o futuro, onde alunos exercitam a leitura na aula de Geografia. 
Isso é um bom exemplo de que é possível trabalhar, de modo que as disciplinas e as 
habilidades exigidas para os diversos conteúdos ensinados em sala de aula 
conversem entre si, agregando ao aluno uma vivência diferenciada, e 
consequentemente associando seu aprendizado ao cotidiano. 
Além de o currículo ser tema de discussão, em cursos de formação de 
professores, outro tema presente e tanto quanto relevante é a Didática e os 
processos de aprendizado, uma vez respaldado no currículo, no planejamento, e 
diretrizes educacionais, o professor terá um papel diferenciado no aprendizado dos 
seus alunos, podendo ser um grande incentivador, entre o conhecimento e os 
alunos, assim como é de sua responsabilidade proporcionar e planejar instrumentos 
que lhe permitirão acompanhar o rendimento e autoavaliação de ambos, dados que 
poderão ser úteis para o professor, alunos, responsáveis, secretária e outros 
agentes educacionais. 
Mas fazendo apontamentos sobre a Didática em si, e sobre a sua trajetória 
no Brasil desde a ditadura, encontramos muitos agentes envolvidos, Professores 
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que enfrentaram muitos desafios e que persistem em sonhar com dias melhores 
para a nossa educação. 
Temos como exemplo o 18º Endipe - Encontro Nacional de Didática e 
Práticas de Ensino, que ocorreu em Cuiabá – MT, em agosto de 2016. Maria Isabel 
de Almeida, professora da USP, nos reporta a longa jornada que está por traz desse 
evento, parafraseando as palavras de ALMEIDA: 
A partir dos anos 70 começou um movimento no Brasil, em resposta à 
ditadura que teve inicio em 1964, então se procurou pensar, ou melhor, repensar 
sobre a democratização, mas também em fazer melhorias nas salas de aula, da 
didática, das práticas de ensino. Muitos de seus colegas, Professores Universitários 
das disciplinas de Práticas de ensino, de diversas áreas, a partir de 1979, e no 
começo dos anos 80, se reuniram. 
Os professores entrevistados reportaram as dificuldades que precisaram 
superar para dar continuidade aos seus estudos, em nível de pós-graduação. 
Naquele período, os professores não encontravam o apoio, ou a estrutura de 
hoje para conquistarem seus diplomas. Havia uma tensão político-social, sob a qual 
os professores eram investigados, questionados e podiam ser afastados da sala de 
aula, dos setores públicos, se não estivessem a favor da ditadura. 
Os professores sofriam uma limitação didática imposta pelo governo, 
conforme o depoimento de Maria Amélia do Rosário Santoro Franco, professora da 
UniSantos: 
 
Então 79, pra mim, é isso, então não podemos esquecer, nós estamos no 
momento de ditadura e o tecnicismo adentrando totalmente na questão do ensino. 
Então, nós tínhamos a limitação política do que se falar, o que se pensar, e o como 
fazer, e esta limitação também da técnica pela técnica, então, se eu falei que o 
Comenius me botou pra pensar didática sempre assim... É uma reflexão que 
requeria um método... Agora não, era uma técnica, nem método seria e a reflexão 
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terminada, então em 79 veja, eu dava aula nos cursos de Pedagogia, e a 
observação, o que se pretendia, é que eu ensinasse meus alunos a fazer instrução 
programada do ensino, quer dizer, picasse o ensino em pequenas frases que 
pudessem caber numa máquina, que pudessem caber num verbo, tinha que ser 
aquele verbo, o aluno ou só vai definir, ou ele só vai identificar. A vida, a relação, as 
relações de pensamento, a crítica, a reflexão, totalmente banida dos processos de 
ensino, e, portanto, dos processos de aprendizagem. Então em 79, como me vejo? 
Me vejo, extremamente, ainda, angustiada. 
 
Maria Isabel de Almeida afirma que, ao longo dos 37 anosde história do 
Endipe, esse evento conseguiu estabelecer uma articulação com o campo 
educativo, através da discussão, das múltiplas dimensões do fazer, do ensinar 
dentro da escola. 
Para a Professora Yashie Ussami Ferrari Leite, UNESP: 
 
Pra gente que trabalha com formação de professores, todas as definições 
políticas, elas têm tentado avançar dois passos e recua cinco passos. As condições 
salariais, as condições de trabalho dos professores estão cada vez mais 
precarizados, o alunado tem demonstrado um resultado muito ruim no sentido do 
sucesso pedagógico. Pra onde vai à educação? Eu acho que nós temos assim, uma 
frente de lutas de uma complexidade grande de fatores muito diferenciados, mas eu 
não quero perder a utopia ou a esperança de que a escola possa se constituir de 
uma forma melhor, e que a educação tenha que cumprir uma função política, 
oferecendo a todas as crianças realmente uma educação de qualidade que lhe dê 
condições de cidadania mais digna. 
Vendo que embora tenhamos passado o período de ditadura no Brasil, ainda 
vivemos resquícios, a democracia não parece estar funcionando como deveria, os 
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recursos não são destinados corretamente aos seus fins, a educação está em 
processo de amadurecimento e sofrendo com os rumos que impõem a ela. 
Mas sem perder o fio da meada e retomando o assunto, Didática, o que 
significa essa palavra então... 
Didática, segundo Marilda Aparecida Behrens, PUC-PR: 
A didática na realidade é o eixo norteador da formação docente, ela tem o 
papel de articular a concepção e a discussão das abordagens, da ação pedagógica 
do professor e bem como instrumentalizar o professor pra uma organização do 
trabalho docente, qualificado, significativo, que leve esse aluno a aprender. 
De acordo com Professora Suzana dos Santos Gomes, UFMG, Didática e 
prática de ensino são espaços propícios para estudo, pesquisas, troca de 
experiências sobre os processos educacionais em todos os níveis de ensino. 
Observando as citações acima, podemos notar que a Didática é de extremo 
significado para que o professor cumpra com o seu papel. O professor que é didático 
consegue ensinar um conteúdo que aparentemente seja complexo, de maneira clara 
e facilitadora. 
Quando pensamos no currículo, podemos ver que muitos são os agentes 
envolvidos para torná-lo possível, no entanto para que seja eficaz, a Didática precisa 
ser considerada. 
Durante os vídeos, observei os esforços para trabalhar com flexibilidade, não 
compartimentalização, disciplinaridade, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, 
aproveitar a cultura local para desenvolver o conteúdo de modo significativo, 
multiculturalismo, etc.. São termos didáticos ou que visam facilitar a mesma. Ou 
seja, a Didática, juntamente com a prática de ensino, irá nortear o trabalho do 
professor e influenciar diretamente a composição e a implementação do currículo. 
 
Disponível em : http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/. Acesso em 30/11/2016 
REFERÊNCIAS 
http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/
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ENDIPE 2016. 28'00". Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6IWS15WpYQQ>. Acesso 
em: setembro de 2016. 
SALTO PARA O FUTURO - CURRÍCULO ESCOLAR. 48'56". 
 
 
CURRÍCULO E DIDÁTICA: A DIVERSIDADE NA SALA DE AULA 
 
 
 
No decorrer das últimas décadas, as discussões em torno da educação brasileira 
ganharam notoriedade, e a formação de professores vem se especializando cada 
vez mais, levantando muitos temas e áreas que buscam aperfeiçoamento entre 
teoria e prática – práxis. Na atualidade, se discute a integração das novas 
tecnologias e a formação dos professores para a diversidade cultural da escola e 
sala de aula, abrangendo e respeitando as particularidades de cada região, mas, 
sem deixar de relacionar os conteúdos com a vida dos estudantes. Temas como 
estes ganham espaço nos documentos curriculares nacionais e o Programa Salto 
para o Futuro, da TV Escola, discutiu sobre o “Currículo Escolar: conhecimento e 
cultura”, em 2013, para debater essas questões. 
https://2.bp.blogspot.com/-ngXRUps8b98/V_QT-hCl3GI/AAAAAAAAJE8/iW47ozj2emIBISzWSN71E8wirKth16-KQCLcB/s1600/diversidade-cultural-2.jpg
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Segundo os professores presentes no programa, Antônio Flávio Barbosa 
Moreira, Luiz Antônio Cunha e Vera Candau, é preciso adaptar o currículo para 
acompanhar as transformações da sociedade, contextualizar o ambiente escolar, de 
acordo com essas mudanças e valorizar as diferenças que existem em cada 
unidade. Infelizmente, porém, são muitos os professores que não se sentem 
preparados para lidar com a diversidade, mostrando que essa discussão é de 
fundamental importância nos cursos de formação docente. 
O paradigma de um Currículo, com grande quantidade de assuntos que 
necessita abordar, cria certa inflexibilidade para o professor desenvolver temas em 
conjunto de outras áreas, especialmente o professor especialista. Ele isola o 
conhecimento e distancia o aluno com a não integração e contextualização dos 
conteúdos. Apesar do surgimento de ideais, como a interdisciplinaridade ou o 
multiculturalismo, acabam se tornando metas muito distantes com a falta de 
planejamento, em conjunto dos professores de uma mesma escola e discordância 
socioculturais. Além disso, as escolas apresentam dificuldade em acompanhar os 
avanços e estudos da Educação, onde surge certa resistência de alguns 
profissionais à atualização do currículo, das diversas práticas de ensino e no 
domínio das inovações tecnológicas. 
Somando-se à discussão a Didática - outra área fundamental para a prática 
de ensino e que anda de mãos dadas com o Currículo - a abertura do XVIII 
Congresso da ENDIPE (Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino), em 
Cuiabá de 2016, trouxe diversos didatas que discorreram sobre o caminho que a 
Didática percorreu desde o período militar. Em termos gerais, atingimos a 
democratização do Ensino. Esta, uma conquista, um momento de ruptura com as 
práticas de ensinar e aprender sem promoção de reflexão do educando para uma 
outra que visa a alunos com maior autonomia e criticidade. A professora da 
UNISINOS, Maria Isabel da Cunha, afirmou que não existiam muitos programas de 
pós-graduação e doutorado no Brasil, pois não tinham valor ou eram de pouco 
interesse do Governo. A professora Maria Amélia Santoro Franco, da UniSantos, em 
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seu depoimento, afirma que ainda há fatores desmotivantes para os professores, 
sendo um deles a desvalorização do salário dos profissionais da educação. 
Contudo, encerrando uma fase de tecnicismo, amplia-se os horizontes da 
prática docente, surgindo cursos para formação continuada e seguindo ideais de que 
não há uma única receita para o ensino e aprendizagem, mas uma busca constante 
de aperfeiçoamento na arte de ensinar. A Didática articula os conteúdos, 
respeitando o processo de aprendizagem de cada estudante, admitindo que todos 
são diferentes e, portanto, aprendem de formas diferentes. Para tal, há inúmeros 
recursos que podem ser utilizados na prática do professor para atender essa 
diversidade de sala de aula, sem perder de vista o objetivo maior: levar o aluno a 
adquirir um determinado conhecimento através da reflexão e construção desse 
saber. O Curriculo é imprescindível para que haja esse diálogo. 
 
 
 
Referências 
Disponível em : http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/. Acesso em 30/11/2016 
Postado por CRÔNICAS PEDAGÓGICAS às 17:42 
 
http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/
https://www.blogger.com/profile/13681964233320444568
http://cronicaspedagogicas.blogspot.com.br/2016/10/curriculo-e-didatica-diversidade-na.html

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