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peça - resposta a acusação

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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) de direito da .... vara criminal da comarca de Araruama/RJ
Processo número ............
Patrick, já qualificado nos autos do processo às folhas ..., vem à presença de Vossa Excelência, por meio de seu procurador abaixo assinado, conforme procuração em anexo, apresentar a sua 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Com fundamento nos artigos 396 e 396–A do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos que passa a expor. 
DOS FATOS:
Patrick vendo sua sobrinha Natalia ser agredida violentamente por seu namorado Lauro, com a intenção de cessar a agressão que estava presenciado gritou, porem Lauro não parou de agredi-la. 
Não tendo outro meio, pois estava com sua perna enfaixada, devido a um acidente de transito, Patrick adentrou em sua residência, pegou sua arma de fogo, voltou para fora e apertou o gatilho para efetuar em disparo em direção a perna de Lauro a fim de cessar a agressão em sua sobrinha, porem circunstancias alheias a vontade de Patrick a arma não disparou, mas o barulho feito causou temor a Lauro que fugiu do local.
DAS PRELIMINARES DE MERITO
O Código de Processo Penal, em seu Artigo 362, prevê a chamada “citação por hora certa”, que será admitida na hipótese de o réu estar se ocultando para não ser citado, devendo tal informação ser devidamente certificada por oficial de justiça. Ocorre que, no caso de Patrick, não seria possível a citação por hora certa, uma vez que Patrick encontrava-se embarcado, trabalhando e permaneceria por 15 dias fora de casa.
Veja-se a redação dada pelo artigo 362 do Código de Processo penal: 
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Logo, os requisitos exigidos no processo penal são os mesmos do processo civil. O oficial de justiça procederá a citação por hora certa se por três vezes procurar o acusado e suspeitar de que se oculta, intimará qualquer pessoa da família ou vizinho que no próximo dia voltará. Voltando, não encontrando novamente o acusado o dará por citado, deixando a contrafé com a pessoa da família ou vizinho. Após, por meio de carta dará ciência ao citando do ocorrido.
Assim, prematura a conclusão do oficial de justiça apenas com base em um único comparecimento na residência daquele que pretendia citar.
Dessa forma, a citação foi inválida e certamente houve prejuízo ao exercício do direito de defesa, devendo ser reconhecido a nulidade do ato de citação. 
DO MERITO
O fato narrado evidentemente não constitui crime. 
De acordo com o Art. 17 do Código Penal, não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o delito. Trata-se de aplicação do instituto do crime impossível, onde se valoriza mais a vertente objetiva em detrimento da subjetiva. No crime impossível, o agente age com dolo na prática do crime e efetivamente este não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Todavia, a tentativa não é punida pelo fato de ser impossível a consumação, logo o bem jurídico não seria colocado em risco suficiente para justificar a intervenção do Direito Penal. 
No caso, Patrick buscou praticar um crime de lesão corporal grave mediante disparo de arma de fogo. Ocorre que a arma foi totalmente incapaz de efetuar disparos, conforme consta do laudo pericial acostado, logo houve ineficácia absoluta do meio utilizado, impedindo a punição da tentativa. O reconhecimento do crime impossível gera a atipicidade da conduta e, consequentemente, cabível a absolvição sumária pelo fato evidentemente não constituir crime, com fulcro no Art. 397, inciso III, do CPP.
Ademais, Patrick somente agiu com intenção de lesionar Lauro para resguardar a integridade física de sua sobrinha. De acordo com o Art. 25 do Código Penal, haverá legítima defesa quando alguém, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, sendo esta causa de exclusão da ilicitude, nos termos do Artigo 23, inciso II, do Código Penal. 
Os meios utilizados foram moderados e necessários, já que Patrick encontrava-se imobilizado na perna e no braço, impedindo que entrasse em luta corporal sem utilizar outro meio que não a arma de fogo. Patrick, assim, agiu para proteger direito de terceiro e para repelir injusta agressão, já que Lauro estava agredindo Natália de maneira relevante e exagerada em razão de ciúmes. Ademais, Patrick não pretendia matar Lauro, mas apenas lesionar.
Dos pedidos
Diante do exposto, vem perante Vossa Excelência requerer:
a) seja reconhecida a preliminar de mérito devendo ser anulada a citação por hora certa realizada pelo oficial de justiça na data de 27/02/2018, com base no artigo 362 do Código de Processo Penal. 
b) seja reconhecida a absolvição sumaria tendo em vista que o crime praticado por Patrick não se consumou alheio a sua vontade e que configura crime impossível com base no artigo 397 do Código de Processo Penal. 
Nestes termos, 
Pede deferimento.
Araruama-RJ, 09 de março de 2018
Assinatura do advogado
OAB nº ......
Rol de testemunhas:
Maria, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da cédula de identidade nº ,........, cpf nº ........., residente e domiciliada ............
José, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade nº ,........, cpf nº ........., residente e domiciliado ............
Natalia, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da cédula de identidade nº ,........, cpf nº ........., residente e domiciliada ............

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