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Responsabilidade patrimonial

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adalberto.aleixo@uol.com.br
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
1. Responsabilidade Primária:
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Bens impenhoráveis:
A) bem de família: Voluntário (artigo 1.711 do CC/02) e legal (Lei nº 8.009/90).
B) Artigos 833 e 834 do NCPC.
1.1 Bem de família legal (Lei nº 8.009/90):
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Pessoa solteira, viúva ou divorciada;
Imóvel alugado;
Imóvel cedido a filho casado.
Exceções: artigo 3º
II – dívida decorrente de financiamento para aquisição ou construção do imóvel;
III – pelo credor da pensão alimentícia, 
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação; e 
VIII - para cobrança de crédito constituído pela Procuradoria-Geral Federal em decorrência de benefício previdenciário ou assistencial recebido indevidamente por dolo, fraude ou coação, inclusive por terceiro que sabia ou deveria saber da origem ilícita dos recursos. (MP 871/19 – Lei nº 13.846/19)
Outras exceções:
Bem divisível;
Garagem com matrícula independente;
Má-fé na constituição do bem de família;
Bem de família de grande valor.
1.2 Bens impenhoráveis no CPC (artigo 833):
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ;
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º , e no art. 529, § 3º .
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
2. Responsabilidade Patrimonial Secundária
Alcança bens de terceiros (não devedores), mas que irão ser alcançados pelo inadimplemento da obrigação.
Estão arrolados no artigo 790 do Código de Processo Civil:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;
Exemplo: imóvel deixado em testamento, sendo objeto de uma execução. 
II - do sócio, nos termos da lei;
Alcance do patrimônio dos sócios por dívida da pessoa jurídica se mostra como uma exceção legal. Por exemplo: Nos casos em que a lei prevê na própria natureza da PJ ou nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
OBS: o inciso VII também permite alcançar o patrimônio dos responsáveis não sócios nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
OBS: Caso de responsabilidade patrimonial primária.
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida;
OBS: Dívidas contraídas à bem da família e a dívida em razão de um ato ilícito.
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
OBS: 
Regulada pelo artigo 158 do CC/02;
Atos que implicam na redução do patrimônio (venda, doação, prestação de garantia, pagamento antecipado de dívida, perdão de dívida) do devedor insolvente ou levado à insolvência pelo ato fraudulento;
Negócio jurídico se torna anulável (nulidade relativa);
Necessidade da propositura da ação pauliana para decretar a anulabilidade do ato;
Necessidade de se configurar o Consilium Fraudis;
Autores: são os credores quirografários (sem garantia) ou credores com garantia insuficiente;
Litisconsórcio passivo necessário entre o devedor insolvente e o terceiro.
Trata-se de responsabilidade patrimonial primária.
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
Regulada pelo artigo 792 do CPC;
Pendência de ação: 
Credor 			devedor terceiro		 direito real sobre um bem	 alienação ou oneração de bem
 Ação capaz de reduzir o devedor à insolvência 
						
Essa alienação em fraude à execução é válida, mas ineficaz ao credor (este poderá alcançar o bem do terceiro.
Súmula 375 do STJ: exige a caracterização da má-fé do terceiro pelo registro da penhora ou pela efetiva comprovação para configurar a fraude à execução.
OBS:
1. Necessária da ciência da existência do processo (citação válida ou ciência da constrição).
2. Quando há a averbação no registro do bem da ação ou da constrição – presume-se a fraude à execução. Caso isso não tenha sido feito, o credor deverá comprovar a má-fé do adquirente (APELAÇÃO CÍVEL 0711811-93.2018.8.07.0007. 3ª Turma Cível do TJDFT).
3. Bens não sujeitos à registro – ônus do terceiro adquirente de provar sua boa-fé. (§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.)

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