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Responsabilidade Patrimonial UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CCJS Unidade Acadêmica de Direito DISCIPLINA: Direito Processual Civil III PROFESSOR: Eligidério Gadelha 1. Obrigação e responsabilidade patrimonial • Responsabilidade patrimonial: possibilidade de sujeição de determinado patrimônio à satisfação do direito substancial do credor; ❖ Instituto de direito processual. • Obrigação: vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação; ❖ Instituto de direito material. • O não cumprimento de uma obrigação implica no surgimento da dívida; 1. Obrigação e responsabilidade patrimonial • O inadimplemento possibilita a sujeição do patrimônio de algum sujeito (geralmente o devedor) para assegurar a satisfação do direito do credor; • A obrigação é estática, por gerar mera expectativa de satisfação; • A responsabilidade patrimonial é dinâmica, pela possibilidade de efetiva satisfação do direito através da atividade jurisdicional; • Dívida sem responsabilidade: dívida de jogo (art. 814, CC); 1. Obrigação e responsabilidade patrimonial • Responsabilidade sem dívida: responsabilidade do sócio por dívidas da sociedade; • Fiador: coobrigado perante o credor no plano do direito material; Responsabilidade patrimonial primária subsidiária do fiador; Benefício de ordem: necessidade de não haver renúncia expressa; o fiador não pode ter se obrigado como principal pagador ou devedor solidário; o devedor não pode ser insolvente ou falido (arts. 827 e 828, CC). 2. Inexistência de responsabilidade pessoal • Impossibilidade de a pessoa do devedor responder por sua dívida na execução civil; • Responsabilidade pela satisfação da dívida é meramente patrimonial; • Prisão civil do devedor voluntário e inescusável de obrigação alimentícia: não constitui exceção ao princípio da reponsabilidade patrimonial; O encarceramento como mero meio de coerção para o cumprimento da obrigação. 3. Bens que respondem pela satisfação na execução • Art. 789, CPC: indicação dos bens do devedor que respondem pela satisfação da dívida; Bens do responsável patrimonial; Ausência de indicação clara do “momento presente”; ✔ Surgimento da obrigação (?); ✔ Instauração da execução (?); ✔ Momento a ser considerado: o da instauração do processo executivo e para bens futuros aqueles que forem adquiridos durante o seu trâmite, não se excluindo os bens passados, quando tiver ocorrido alienação em fraude. 4. Impenhorabilidade de bens • Patrimônio mínimo e dignidade humana: A dignidade humana como limite à busca da satisfação do direito do credor na execução; Direito Romano: possibilidade de privação corporal e até a morte do devedor; Humanização da execução no Direito Romano: limites à atuação do exequente, mas persistindo a ideia de vingança privada; Transição da responsabilidade pessoal para patrimonial: Lex Poetelia Papiria – 326 a.C. 4. Impenhorabilidade de bens • Patrimônio mínimo e dignidade humana: Preocupação com a preservação do mínimo necessário para a manutenção do devedor: a partir do período clássico, com a limitação patrimonial; Impenhorabilidade de bens: prevalência da dignidade humana sobre a satisfação do direito do exequente; ❖ Fundamento: razões de cunho humanitário. 4. Impenhorabilidade de bens • Hipóteses específicas de impenhorabilidade no direito brasileiro: Rol de bens absolutamente impenhoráveis: art. 833, CPC; Impenhorabilidade do salário e demais vencimentos (art. 833, IV, CPC); ✔ Possibilidade de penhora relativa à execução de alimentos, em percentual que possibilite a subsistência do executado-alimentante, no valor excedente a 50 salários mínimos mensais (art. 833, § 2º, CPC), independentemente da origem do direito de alimentos. 4. Impenhorabilidade de bens • Hipóteses específicas de impenhorabilidade no direito brasileiro: Impenhorabilidade do salário e demais vencimentos (art. 833, IV, CPC); ✔ Réu condenado que percebe remuneração dos cofres públicos – art. 14, § 3º, Lei 4.717/65: a execução é feita por desconto em folha; * Aplicabilidade a todas espécies de ação coletiva. Penhora em execução de dívida relativa ao próprio bem (art. 833, § 1º, CPC); 4. Impenhorabilidade de bens • Hipóteses específicas de impenhorabilidade no direito brasileiro: Penhora em execução de dívida relativa ao próprio bem (art. 833, § 1º, CPC); ✔ Impenhorabilidade do bem de família: art. 3º, Lei 8.009/1990; ❖ Súmula 449, STJ: vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis; ❖ Súmula 364, STJ: o conceito de imóvel de família abrange o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. 4. Impenhorabilidade de bens • Hipóteses específicas de impenhorabilidade no direito brasileiro: Penhora em execução de dívida relativa ao próprio bem (art. 833, § 1º, CPC); ✔ Impenhorabilidade do bem de família: ❖ A impenhorabilidade subsiste independentemente do valor do imóvel (Informativo 456, STJ); ❖ Imóvel desocupado pode ser penhorado ainda que seja o único do devedor (Informativo 453, STJ); 4. Impenhorabilidade de bens • Hipóteses específicas de impenhorabilidade no direito brasileiro: Renúncia da impenhorabilidade por ato processual: ✔ Qualquer impenhorabilidade absoluta não pode ser objeto de renúncia (ex. indicação de bem à penhora) – STJ; ✔ Possibilidade de renúncia, desde que contemple patrimônio disponível e tenha sido indicado à penhora por livre decisão do executado, ressalvados os bens inalienáveis e os bens de família (STJ, 4ª Turma, REsp 1.365.418/SP). 4.1 Bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução • Penhora como ato preparatório da expropriação; • Inalienabilidade direta: decorrente da lei – bens fora do comércio; bens públicos, etc. • Inalienabilidade indireta: decorrente de um acordo de vontade e eficaz perante terceiros – bens doados ou alienados com cláusula de inalienabilidade; ❖ A cláusula de inalienabilidade não afasta a permissão de penhora sobre o bem na satisfação de dívidas do de cujus (STJ, 3ª Turma, REsp 998.031/ SP). • Sem previsão expressa em lei, a cláusula de inalienabilidade só vincula as partes do negócio jurídico (Informativo 625, STJ). 4.2 Móveis, pertences e utilidades domésticas • Art. 833, II, CPC e arts. 1º, parágrafo único e art. 2º, Lei 8.009/90; • Exclusão dos bens, pertences e utilidades domésticas de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um padrão de vida médio; • As restrições patrimoniais do CPC não visam a garantia da manutenção do padrão de vida do executado; • O que não se admite é a agressão demasiada à própria dignidade humana do executado; • O limite da legitimidade da impenhorabilidade de determinado bem; 4.2 Móveis, pertences e utilidades domésticas • Bens necessários ao lazer do executado, embora não sejam imprescindíveis ao funcionamento da residência (STJ, 3ª Turma, Resp 198.370/MG); ❖ Fundamento constitucional: direito social ao lazer (art. 6º, CF); ❖ Lazer mínimo: geladeira, fogão, televisores, aparelhos de som, etc., desde que não se mostrem com característica de suntuosidade. • Proposta doutrinária de fixação de dados objetivos sobre quais bens móveis que guarnecem a residência podem ser penhorados, com base no padrão médio da sociedade brasileira. 4.3 Vestuários e pertences de uso pessoal • Proteção das roupas e bens necessários à própria sobrevivência digna do devedor; • Necessidade de se afastar uma interpretação literal do dispositivo, para alcançar apenas aquilo que for essencial à manutenção da dignidade mínima do devedor; • Bens de uso pessoal com valor sentimental – ex. anel de núpcias; • A análise quanto ao valor elevado do vestuário e dos bens pessoais cabe ao juiz no caso concreto; ❖ Terno de elevado valor que o devedor utiliza para o exercício de sua profissão.4.4 Ganhos aptos a manter a subsistência do executado • Amplitude de proteção do dispositivo: abrange a proibição da penhora do salário, vencimentos, subsídios, soldos, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios, montepios, quantias recebidas por liberalidade de terceiros e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos do trabalhador autônomo e os honorários do profissional liberal; ❖ Envolve as verbas utilizadas para garantir o sustendo do devedor e de sua família; ❖ Natureza alimentar; ❖ Inaplicabilidade do dispositivo para o pagamento de prestações alimentícias (art. 833, § 2º, CPC). 4.4 Ganhos aptos a manter a subsistência do executado • A penhora admitida para pagamento de prestação alimentícia (art. 833, § 2º, CPC) alcança também a gratificação de férias e o décimo terceiro salário (Informativo 417, STJ); • Inadmissibilidade da penhora do saldo do FGTS (Informativo 614, STJ); • Desconto em folha de pagamento do réu que perceber dos cofres públicos, condenado em ação popular – art. 14, § 3º, Lei 4.717/65; • Valores referentes a restituição do IR: necessidade de análise concreta do destino dos valores recebidos – Informativo 409, STJ; 4.4 Ganhos aptos a manter a subsistência do executado • Honorários advocatícios podem ser penhorados quando a verba devida ao advogado ultrapassar o razoável para o seu sustento e de sua família (Informativo 553, STJ); • Saldo do salário não gasto pelo devedor no momento em que recebe o salário seguinte – perda do caráter alimentar: possibilidade de penhora (Informativo 554, STJ); ❖ Noutro sentido, de manutenção da natureza alimentar do salário mesmo quando aplicado em poupança ou outro fundo de investimento: STJ, 1ª Turma, REsp 1.164.037, j. 20/02/2014. 4.4 Ganhos aptos a manter a subsistência do executado • Requisitos para as exceções à impenhorabilidade do salário (de acordo com a jurisprudência do STJ): A constrição não deve afetar a dignidade humana do devedor (STJ, 3ª Turma, REsp 1.658.069); A medida deve decorrer de obstáculos criados pelo próprio executado ao bom andamento da execução e consequente frustração da satisfação do direito do exequente (STJ, 3ª Turma, REsp 1.285.970). • Desconto consignado em contratos bancários – 30% da verba salarial; ❖ Inaplicabilidade à penhora de salário (STJ). 4.4 Ganhos aptos a manter a subsistência do executado • Possibilidade de penhora de salários excedentes a 50 salários mínimos mensais (art. 833, § 2º); Compatibilidade com a preservação do princípio do patrimônio mínimo. • Impenhorabilidade do saldo de depósito em fundo de previdência privada complementar (Informativo 535, STJ). 4.5 Bens necessários ou úteis ao exercício profissional • Preservação dos instrumentos que gerem uma receita mínima para a sobrevivência do executado; • Realização pessoal como outra razão para a presente garantia; • A proteção contida no dispositivo permite que o executado continue a trabalhar, recebendo naturalmente os proventos de sua atividade; • Generalidade da previsão legal – risco de excessiva proteção do executado em detrimento do exequente; 4.5 Bens necessários ou úteis ao exercício profissional • Ausência de limitação da impenhorabilidade aos bens necessários e úteis ao exercício da atividade laboral; • Limitação da abrangência do dispositivo às pessoas físicas; ❖ Possibilidade de microempresas e empresas de pequeno porte serem beneficiadas, quando a atividade desenvolvida se confundir com a do próprio sócio (STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp 1.381.709/PR). • Critérios objetivos para a determinação dos instrumentos necessários ou úteis não sujeitos à penhora (Araken de Assis): uso total, quantidade razoável, utilidade ou necessidade e trabalho pessoal. 4.5 Bens necessários ou úteis ao exercício profissional • Critérios objetivos : Necessidade de os instrumentos serem utilizados no dia a dia profissional, e não esporadicamente; ❖ Bibliotecas de profissionais liberais, quanto às obras de elevado valor e pouca utilidade prática diária; Quantidade razoável; Necessidade de relação dos bens com a profissão exercida pelo devedor: os bens devem se prestar à realização das tarefas compreendidas em seu trabalho, de forma direta; ❖ Televisores e aparelhos de som em escritórios de advocacia ou consultório médico. 4.5 Bens necessários ou úteis ao exercício profissional • Critérios objetivos : O trabalho deve ser o principal meio de sustento do devedor; ❖ Bico exercido por funcionário público como músico, quando a remuneração do cargo público já seja suficiente para a manutenção de seu padrão de vida. • A limitação da responsabilidade patrimonial só pode atingir os bens adquiridos antes do surgimento da dívida. 4.6 Seguro de vida • Constituição de um fundo alimentar em favor do beneficiário; • Natureza alimentar; • Não integra o patrimônio do de cujus; • STJ: proteção patrimonial limitada a 40 salários mínimos (Informativo 628). ❖ Aplicação analógica do art. 833, X, CPC. 4.7 Materiais necessários para obras em andamento • Necessidade de que o material já esteja afetado à obra, isto é, que haja demonstração clara e inequívoca de que os materiais serão utilizados na obra; • Exceção: quando a própria obra tiver sido objeto de penhora; • Possibilidade de penhora na hipótese de dívida contraída para a aquisição do próprio material (art. 833, § 1º, CPC). 4.8 Pequena propriedade rural trabalhada pela família • Pequena propriedade rural: área compreendida entre um e quatro módulos fiscais (Lei 8.629/1993); ❖ Módulo fiscal: definido pelo Incra para cada município; • Propriedade familiar: imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com ajuda de terceiros (Estatuto da Terra, art. 4º, II); 4.8 Pequena propriedade rural trabalhada pela família • Agricultor familiar e empreendedor familiar rural: art. 3º, Lei 11.326/2006 (Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais); • A impenhorabilidade independe de o imóvel constituir a moradia do executado, ou de a dívida não estar associada à atividade produtiva (STJ, Informativo 616). 4.9 Recursos públicos ligados à aplicação compulsória em educação, saúde e assistência social • Impenhorabilidade dos recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; • Proteção de sujeitos indeterminados que são favorecidos pela aplicação dos valores recebidos nas áreas de educação, saúde e assistência social; ❖ Prevalência do interesse coletivo. • Impenhorabilidade de recurso público recebido por instituição de ensino privada vinculado ao FIES (STJ, Informativo 614). 4.10 Valores depositados em caderneta de poupança • Impenhorabilidade relativa: limitada a 40 salários mínimos; • Existência de mais de uma poupança ou outra forma de investimento: a limitação só alcança 40 salários mínimos resultante da some de todas elas (STJ, Informativo 501); • Afastamento da impenhorabilidade para satisfação de execução alimentar (art. 833, § 2º, CPC). 4.11 Recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político • Natureza pública desses recursos; • Prevalência do interesse coletivo; • A impenhorabilidade não alcança outras fontes de recursos dos partidos políticos, como contribuições de seus filiados e doações de pessoas físicas e jurídicas. 4.12 Créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra • Proteção do direito dos consumidores adquirentes de imóveis em regime de incorporação imobiliária; • Os pagamentos recebidos são vinculados à execução e regularização da construçãono Registro de Imóveis; • A penhora acarretaria a interrupção da obra ou a inviabilização de sua regularização, em detrimento dos interesses dos consumidores. 5. Responsabilidade patrimonial de imóvel submetido ao regime do direito de superfície • Direito real de superfície (art. 1.369, CC); • Existência de dois direitos reais sobre o imóvel: direitos e obrigações vinculados ao terreno (proprietário como titular); direitos e obrigações vinculados à construção ou à plantação (superficiário como titular); • Art. 791, CPC: penhora de imóvel sujeito ao regime do direito de superfície – autonomia do direito de propriedade e do direito de superfície; 5. Responsabilidade patrimonial de imóvel submetido ao regime do direito de superfície • Penhora do terreno, na hipótese de ser o proprietário o sujeito passivo da obrigação objeto da execução; • Penhora da construção ou plantação, na hipótese de ser o superficiário o sujeito passivo da obrigação objeto da execução; • Individualização da responsabilidade patrimonial do proprietário e do superficiário: art. 791, § 1º, CPC; • Aplicação da responsabilidade patrimonial limitada do titular do direito de propriedade e do direito de superfície à enfiteuse, à concessão de uso especial para fins de moradia e à concessão de direito real de uso. 6. Responsabilidade patrimonial secundária • Responsabilidade daquele que não participou da relação de direito material obrigacional; • Responsabilidade patrimonial secundária: art. 790, CPC: Bens do sucessor a título singular (art. 790, I, CPC): ▪ Tutela das ações fundadas em direito real e das obrigações reipersecutórias; ▪ Responsabilidade limitada ao próprio bem, objeto da demanda. 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do sócio, nos termos da lei (art. 790, II, CPC): ▪ Responsabilidade primária da sociedade empresária pelas dívidas da própria sociedade; ▪ Excepcionalmente, os sócios respondem pelas dívida sociedade com o seu próprio patrimônio; ▪ Responsabilidade patrimonial do sócio definida em leis societárias: sociedade em nome coletivo (art. 1.039, CC), sócio comanditado na sociedade em comandita simples (art. 1,045, caput, CC); ❖ Responsabilidade primária subsidiária. 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do sócio, nos termos da lei (art. 790, II, CPC): ▪ Sociedade irregular e sociedade de fato: responsabilidade solidária e ilimitada do sócio (art. 990, CC); ❖ Responsabilidade primária subsidiária. ▪ Desconsideração da personalidade jurídica (art. 50, CC e art. 28, CDC); ❖ A execução contra os sócios não se limita às suas quotas sociais; ❖ Benefício de ordem: art. 795, § 1º, CPC. 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do devedor, ainda que em poder de terceiros (art. 790, III, CPC): ▪ O local ou com quem o bem esteja não interfere na propriedade; ▪ Os bens permanecem no patrimônio do devedor; ▪ Se o bem penhorado estiver no exercício de posse contratual legítima (locação, por exemplo), o adquirente do bem se sub-roga na posição do executado, devendo respeitar o contrato. 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do cônjuge e do companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação, respondem pela dívida (art. 790, IV, CPC): ▪ Constituição de dívida por ambos os cônjuges ou companheiros; ▪ Dívida contraída para a compra de coisas necessárias à economia doméstica ou de empréstimos para a aquisição dessas coisas (arts. 1.643 e 1.644, CC); 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do cônjuge e do companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação, respondem pela dívida (art. 790, IV, CPC): ▪ Dívida contraída por apenas um dos cônjuges ou companheiro: legitimidade para figurar no polo passivo da execução; ✔ Art. 842, CPC: intimação do cônjuge não devedor, no caso de penhora de imóvel do casal, salvo se casados em regime de separação de bens. 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do cônjuge e do companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação, respondem pela dívida (art. 790, IV, CPC): ▪ Dívida contraída por apenas um dos cônjuges ou companheiro: legitimidade para figurar no polo passivo da execução; ✔ Art. 842, CPC: intimação do cônjuge não devedor, no caso de penhora de imóvel do casal, salvo se casados em regime de separação de bens; 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do cônjuge e do companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação, respondem pela dívida (art. 790, IV, CPC): ▪ Dívida contraída por apenas um dos cônjuges ou companheiro: ✔ Condição de parte e de terceiro, simultaneamente: legitimidade para opor embargos à execução e embargos de terceiro (Súmula 134, STJ); 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do cônjuge e do companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação, respondem pela dívida (art. 790, IV, CPC): ▪ Dívida contraída por apenas um dos cônjuges ou companheiro: ✔ Embargos à execução: prazo de 15 dias da juntada do mandado de citação – matérias típicas de defesa do executado (art. 917, CPC); ✔ Embargos de terceiro: prazo de 5 dias da arrematação, adjudicação ou remição (art. 917, CPC) – proteção exclusiva da meação. 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do cônjuge e do companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação, respondem pela dívida (art. 790, IV, CPC): ▪ Embargos de terceiro: discussão da responsabilidade secundária do cônjuge ou companheiro não devedor; ❖ Só haverá responsabilidade se o produto da dívida tiver beneficiado o casal ou família. ▪ Art. 843, CPC: havendo penhora de bem indivisível o bem será inteiramente alienado; 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do cônjuge e do companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação, respondem pela dívida (art. 790, IV, CPC): ▪ Art. 843, § 2º, CPC: não se admite a expropriação do bem por preço inferior ao da avaliação que não seja capaz de garantir ao coproprietário ou cônjuge “alheio” o correspondente à sua cota-parte calculado sobre o valor da avaliação; ▪ O ônus da prova dos beneficiados pelo produto da dívida é o credor (STJ); ▪ Uso de um embargo por outro. 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução (art. 790, V, CPC): ▪ Hipótese de fraude à execução. Bens cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão de reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores (art. 790, VI, CPC: ▪ Ato praticado em fraude contra credores anulável ou ineficaz; considerando-o ineficaz, o bem de propriedade do adquirente, responde pelas obrigações do devedor. 6. Responsabilidade patrimonial secundária Bens do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica (art. 790, VII, CPC): ▪ Responsabilidade do sócio já tratada no inciso II; ▪ Aplicabilidade para as espécies atípicas de desconsideração da personalidade jurídica: desconsideração entre sociedades do mesmo grupo econômico e desconsideração inversa. Bibliografia utilizada NEVES, Daniel Amorim Assumpção Neves. MANUAL DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL, vol. único. 13 ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2021. Responsabilidade Patrimonial: Fraudes do devedor UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CCJS Unidade Acadêmica de Direito DISCIPLINA: Direito Processual Civil III PROFESSOR: Eligidério Gadelha 1. Fraude contra credores • Instituto disciplinado pelo direito material (CC, arts. 158 a 165); • Reflexos processuais na definição da responsabilidade patrimonial; • Requisitos: Objetivo: alienação provoque diminuição patrimonial do devedor, piorando ou criando um estado de insolvência; Subjetivo: intenção do devedor de provocar sua reduçãopatrimonial até o estado de insolvência. 1. Fraude contra credores • O intuito fraudulento é presumido (de forma absoluta) quando o ato de disposição do devedor for de caráter gratuito; • Tratando-se de atos onerosos, é preciso demonstrar o potencial conhecimento do devedor de que seu ato poderia o levar à insolvência; ❖ Não se exige a intenção deliberada do devedor de fraudar; • Exige-se ainda, quanto aos atos onerosos, que o terceiro adquirente tenha conhecimento, efetivo ou presumido, de que a alienação levaria o alienante à insolvência. 1. Fraude contra credores • Necessidade de que a alienação que provoque a insolvência do devedor se dê após o inadimplemento da obrigação; ❖ STJ: a fraude pode ser reconhecida mesmo antes do inadimplemento quando se mostrar predeterminada em detrimento de futuros credores (REsp 1.324.308/PR, 3ª Turma, j. 26/08/2014). • Natureza do vício praticado em fraude contra credores: Ato anulável: a sentença de procedência na ação pauliana desconstitui o negócio jurídico, com o retorno do bem ao patrimônio do devedor. 1. Fraude contra credores • Natureza do vício praticado em fraude contra credores: Ato ineficaz em relação ao credor: não gera efeitos em relação a este, mas mantém-se a validade do negócio jurídico entre o devedor e o terceiro adquirente. • STJ: a ação pauliana tem como objetivo a declaração de ineficácia do ato fraudulento (REsp 1.100.525/RS, 4ª Turma, j. 16/04/2013); • STJ: o ato é anulável, mas a invalidade só aproveita ao credor que for autor da ação pauliana (Inf. 467); 1. Fraude contra credores • Ação pauliana ou revocatória: ação autônoma que visa a anulação do ato cometido em fraude contra credores; ❖ Desnecessidade de o autor provar a ocorrência do concilium fraudis e do eventus damni. • Natureza da sentença proferida na ação pauliana: Sentença de improcedência: declaratória negativa; Sentença de procedência: ✔ Constitutiva negativa – para aqueles que consideram o ato de fraude contra credores anulável; 1. Fraude contra credores • Natureza da sentença proferida na ação pauliana: Sentença de procedência: ✔ declaratória – para aqueles que consideram o ato de fraude contra credores ineficaz em relação ao credor; ✔ Constitutiva – Dinamarco. 2. Fraude à execução • Instituto de natureza processual; • Espécie de ato fraudulento que gera prejuízo ao credor e atenta contra o Poder Judiciário; • Constitui ato atentatório à dignidade da justiça (art. 774, I, CPC) – multa de até 20% do valor do débito exequendo; • Necessidade de alienação ser realizada pelo devedor; a alienação judicial não constitui fraude à execução; 2. Fraude à execução • Não constitui fraude à execução a alienação de bem impenhorável (STJ, 4ª Turma, REsp 1.227.366, j. 21/10/2014); • O ato praticado em fraude à execução é ineficaz perante o credor (art. 792, § 1º, CPC); • Desnecessidade de ação autônoma para o reconhecimento da fraude; ❖ Basta simples petição no processo em curso; ❖ Exceção: quando a fraude à execução ocorrer após a alienação judicial do bem – necessidade de ação anulatória (Inf. 494, STJ). 2. Fraude à execução • Intimação do terceiro adquirente para, se quiser, opor embargos de terceiro no prazo de 15 dias (art. 792, § 4º, CPC); ❖ Praxe forense: a intimação do terceiro adquirente só ocorre após a penhora do bem (contraditório diferido); • O Juiz não pode determinar a penhora do bem antes do prazo de 15 dias, nem durante o trâmite dos embargos de terceiro; • Não apresentação dos embargos de terceiro no prazo de 15 dias: aplicação do art. 675, caput, CPC; 2. Fraude à execução • Desnecessidade de prova do elemento subjetivo do consilium fraudis; ❖ A intenção fraudulenta é presumida. • Necessidade de prova do eventus damni; • Proteção do terceiro adquirente de boa fé: eficácia do ato praticado em fraude à execução se o adquirente demonstrar sua boa-fé no negócio jurídico; ❖ Necessidade de prova de que o adquirente sabia da existência da ação ou apresente razões que demonstrem ser impossível ignorá-la. 2. Fraude à execução • Súmula 375, STJ: o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente; ❖ Averbação em registro público (incisos I, II e III do art. 792 do CPC); ❖ Protesto da sentença (art. 517, CPC). • Art. 792, § 2º, CPC: o ônus de provar a boa-fé é do terceiro adquirente; • Não se aplica a Súmula 375 do STJ às execuções fiscais, tendo em vista o art. 185 do CTN; 2. Fraude à execução • Hipóteses configuradoras de fraude à execução (art. 792, CPC) – A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver; quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828; 2. Fraude à execução • Hipóteses configuradoras de fraude à execução (art. 792, CPC) – A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude; quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; nos demais casos expressos em lei. ❖ Rol meramente exemplificativo. 2. Fraude à execução • Conceito clássico de fraude à execução: iInciso IV, art. 782, CPC – fraude à execução quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; É o ato de alienação que é capaz de levar o devedor à insolvência, e não a existência de demanda; Possibilidade de o ato de fraude à execução ocorrer no processo de conhecimento, no processo cautelar antecedente e na ação probatória autônoma; O reconhecimento da fraude à execução só ocorre na execução, tendo caráter declaratório e eficácia ex tunc. 2. Fraude à execução • Conceito clássico de fraude à execução: iInciso IV, art. 782, CPC – fraude à execução quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; A fraude à execução somente se configura após a inequívoca ciência do demandado da existência de ação judicial, através da citação; Os atos fraudulentos praticados antes da citação são considerados fraude contra credores, em regra; Possibilidade de se provar a ciência inequívoca do demandado da existência da ação por outros meios, independentemente de citação; 2. Fraude à execução • Conceito clássico de fraude à execução: iInciso IV, art. 782, CPC – fraude à execução quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; Os registros e averbações referidos nos incisos I, II e III do art. 792 constituem exemplos de atos que se prestam a provar a ciência ao devedor da existência de processo em tramitação. • Os demais incisos do art. 792 admitem fraude à execução independentemente do eventus damni: Inciso I: espécie de fraude à execução dissociada do eventus damni; 2. Fraude à execução • Os demais incisos do art. 792 admitem fraude à execução independentemente do eventus damni: Inciso I: espécie de fraude à execução dissociada do eventus damni; ❖ A fraude independe da insolvência do devedor; ❖ A averbação não é um requisito indispensável para a configuração de fraude à execução; Inciso II e III: A averbação também não é um requisito indispensável para a configuração de fraude à execução. Bibliografia utilizada NEVES, Daniel Amorim Assumpção Neves. MANUAL DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL, vol. único. 13 ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2021. Liquidação de sentença UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CCJS Unidade Acadêmica deDireito DISCIPLINA: Direito Processual Civil III PROFESSOR: Eligidério Gadelha 1. Introdução • A liquidez do título como requisito fundamental da execução; • Necessidade de precisar o quantum debeatur; • Título líquido como aquele que indica a quantidade de bens ou valores que constituem a obrigação; ❖ Pode indicar expressamente ou, ao menos, permitir a apuração por simples cálculo matemático. • Liquidação de título executivo judicial; Fase intermediária entre a fase de conhecimento e o cumprimento de sentença. 1. Introdução • Só podem ser objeto de liquidação as sentenças que reconheçam obrigação, pois podem ser executadas; ❖ Sentenças cíveis, penais e homologatórias de transação são passíveis de serem liquidadas. • Espécies de liquidação: CPC de 2015: liquidação por arbitramento; pelo procedimento comum; liquidação de sentença genérica nas ações civis públicas para defesa de interesses individuais homogêneos (CDC). 2. Fase de liquidação • Introdução do processo sincrético (Lei 11.232/2005) – inexistência de processo autônomo de liquidação; ❖ Exceção: quando o título executivo consistir em sentença penal, arbitral ou estrangeira. Nestes casos, será necessária a citação do devedor. • Requerimento de liquidação: pode ser feito pelo credor ou pelo devedor; 2. Fase de liquidação • Requerimento de liquidação: liquidação de sentença genérica nas ações civis públicas para defesa de interesses individuais homogêneos (CDC): necessidade de requerimento do credor, que deve comprovar esta qualidade. • Natureza da liquidação: cognitiva; seu objetivo é eliminar a incerteza em relação ao quantum; • Natureza da decisão proferida na fase de liquidação: provimento de natureza declaratória (Cândido Dinamarco); • Recurso cabível: agravo de instrumento. 3. Intimação para a liquidação • Liquidação como fase do processo sincrético: necessidade de intimação da parte contrária (arts. 510 e 511, CPC); ❖ Parte contrária revel: prescinde de intimação (art. 346, CPC). • Intimação pela imprensa, com a publicação no Diário Oficial; • Liquidação de sentença penal condenatória, arbitral ou estrangeira: necessidade de citação da parte contrária; ❖ Não há fase cognitiva cível antecedente. 4. Liquidação provisória • Possibilidade de realização da liquidação na pendência de recurso (art. 512, CPC); ❖ Processa-se em autos apartados no juízo a quo, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes; • Pendência de recurso com efeito suspensivo; • Em caso de provimento do recurso, a liquidação ficará sem efeito; • Uma vez liquidada a sentença, a execução não poderá ser iniciada, se ainda pendente recurso com efeito suspensivo. 5. Vedação de sentença ilíquida • Vedação de sentenças ilíquidas – art. 491, CPC: Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando: não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido; a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente dispendiosa. 6. Sentença parte líquida, parte ilíquida • Possibilidade de sentença em parte líquida e em parte ilíquida; ❖ Quando houver cumulação de pedidos na inicial. • O autor pode promover a execução da parte líquida da sentença e a liquidação da parte ilíquida, simultaneamente (art. 509, § 1º, CPC); • A liquidação far-se-á em autos apartados, a fim de evitar tumulto processual. 7. Cálculo do contador • Extinção da liquidação por cálculo do contador (Lei 8.894/94); • Se o quantum depende de simples cálculo aritmético, o credor deve dar início à execução, independentemente de liquidação; • O requerimento do credor deve conter demonstrativo discriminado e atualizado do cálculo, com indicação específica dos itens de cobrança, além dos acréscimos de correção monetária, juros e outros fixados na condenação; 7. Cálculo do contador • Apresentação de valores indevidos pelo credor: O juiz pode determinar de ofício a correção; Poderá o juiz determinar que os cálculos sejam feitos por contador judicial; ❖ Não há homologação dos cálculos do contador judicial; o juiz deve ouvir o credor. Meios de impugnação do devedor: exceção de pré-executividade e impugnação, que dispensam a penhora prévia; 7. Cálculo do contador • Apresentação de valores indevidos pelo credor: Se o demonstrativo do débito apresentado pelo credor aparentar exceder os limites da condenação, o juiz determinará que a penhora se realize pelo valor que entender adequado; Conhecimento da cobrança a maior de ofício pelo juiz: matéria de ordem pública; a parte excedente não estará fundada em título executivo, faltando interesse do credor para cobrá-la; Cálculos dependentes de dados em poder do devedor ou de terceiros: arts. 524, §§ 3º a 5º. 8. Liquidação por arbitramento • Aplicada quando necessário apurar o valor de um bem ou serviço; • Satisfaz-se com a avaliação, nem necessidade de apuração de fato novo, mas de conhecimentos técnicos; • O juiz determina a intimação das partes para apresentação de pareceres ou documentos elucidativos a respeito do valor do bem ou serviço; ❖ Não sendo possível, nomeará um perito. 8. Liquidação por arbitramento • Art. 509, I, CPC: a liquidação por arbitramento determinada pela sentença, convenção das partes ou por exigência da natureza do objeto da liquidação; ❖ Ainda que a liquidação por arbitramento seja determinada pela sentença, a liquidação será pelo procedimento comum quando houver a necessidade de provar fato novo; • Inadmissibilidade de prova oral; • Havendo nomeação de perito, as partes poderão formular quesitos e indicar assistentes técnicos; 8. Liquidação por arbitramento • Nomeado perito, o juiz fixará prazo para a apresentação do laudo; ❖ Apresentado o laudo, as partes terão 15 dias para se manifestarem e apresentarem os pareceres de seus assistentes técnicos. ❖ Em seguida, o juiz proferirá decisão. • Não são devidos honorários advocatícios na liquidação. 9. Liquidação pelo procedimento comum • Liquidação que se dá pela necessidade de alegação e comprovação de um fato novo, relacionado ao quantum debeatur (art. 509, II, CPC); • As sentenças penais condenatórias exigem liquidação pelo procedimento comum; • A petição inicial deve indicar os fatos novos (causa de pedir da liquidação); • O procedimento da liquidação é o procedimento comum, mesmo que a fase anterior tenha corrido por procedimento especial; 9. Liquidação pelo procedimento comum • Intimação do requerido: através do advogado ou sociedade de advogados; ❖ Contestação em 15 dias, sob pena de revelia; ❖ São admitidos todos os meios de prova do procedimento comum. • Ao final, o juiz proferirá decisão interlocutória, verificando se os fatos novos restaram provados; provados, o juiz declarará líquida a obrigação, indicando o quantum debeatur; Recurso cabível: agravo de instrumento. • Danos supervenientes: nova liquidação. 10. Decisão final • Decisão interlocutória que põe fim à fase de liquidação; • Insuficiência de provas ou negligência do autor: o juiz extingue a liquidação sem decidir sobre o quantum; ❖ O interessado poderá ajuizar outras liquidações. • Liquidação com montante da condenação zero: possibilidade nas liquidações de sentenças penais condenatórias. 11. Liquidação da sentença genérica em ação civil pública para a tutela de interesses individuais homogêneos • CDC: terceira forma de liquidação; • Tutela dos interesses individuais homogêneos; • Sentença genérica, limitada a fixar a responsabilidade do réu pelos danos causados, sem indicar quais foram, nem identificar as vítimas; ❖ A sentença condenará o réu a ressarcir os prejuízos que tiver causado,conforme ficar apurado em liquidação. • Cada vítima deverá promover a liquidação, demonstrando o quantum, comprovando a sua qualidade de vítima e o enquadramento na situação. 11. Liquidação da sentença genérica em ação civil pública para a tutela de interesses individuais homogêneos • Necessidade de processo autônomo e de citação da parte contrária; • Possibilidade de julgamento de improcedência; ❖ As liquidações por arbitramento e pelo procedimento comum não admitem julgamento de improcedência. • Natureza constitutiva; • Necessidade de liquidações individuais, uma vez que as vítimas deverão comprovar essa qualidade. 12. Liquidações no curso da fase de execução • Necessidade de liquidação incidente, no curso da execução; Exemplos: ✔ conversão em perdas e danos de obrigação infungível; ✔ Execução de obrigação de entregar coisa, quando esta se perdeu ou deteriorou-se. 12. Liquidações no curso da fase de execução • A liquidação incidente objetivará apurar as perdas e danos, convertendo-se a execução de obrigação de fazer ou não fazer, ou de entregar coisa, em execução por quantia; • O juiz determinará as provas necessária para a apuração do quantum debeatur, fixando-o por decisão interlocutória; • A execução prossegue na forma do art. 523 do CPC. Bibliografia utilizada GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Curso de Direito Processual Civil, vol. 3: Execução, processos nos tribunais e meios de impugnação das decisões. 13 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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