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UNIFAMETRO CURSO DE ODONTOLOGIA JAIRO LIMA FERNANDES ODONTOLOGIA HOSPITALAR Fortaleza Abril de 2020 DISCUSSÃO: A odontologia hospitalar é comprovadamente uma das especialidades odontológicas mais crescentes na atualidade, isto se deve a boa atuação do dentista nos hospitais e a realização de estudos que atestam a necessidade do profissional dentro da equipe multiprofissional, realizando a adequação bucal, fazendo higienização, prevenindo o acometimento de pneumonias, prevenindo ulcerações e outras comorbidades que levam ao maior tempo de internação do paciente e a diminuição de custos para o estado. Pacientes hospitalizados e com saúde oral deficiente têm maior chance de desfechos desfavoráveis, em função do risco aumentado de infecção respiratória (BLUM, 2018). Em ambiente hospitalar a UTI (Unidade de terapia intensiva) é o local em que o cirurgião- dentista mais atua, através da higienização da cavidade bucal, de forma correta, o CD (Cirurgião-dentista), consegue diminuir abruptamente, as taxas de pneumonia nosocomial e pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV). Para isso o profissional deve estar atento a qualquer foco de infecção presente na boca do paciente, como resto radiculares, caries e abscessos. A relevância dos cuidados bucais, em pacientes sob terapia intensiva, tem se tornado objeto de consideráveis investigações, cujos seguimentos atentam para a necessidade de se implantar condutas para a higiene bucal destes (AMIB, 2017). No hospital de Messejana, em Fortaleza, o atuação do cirurgião-dentista é em total conjunto com a equipe multiprofissional, por ser um hospital de referencia em transplantes de coração e pulmão, todos os pacientes admitidos para transplante, antes de partirem para o centro cirúrgico, passam pelo serviço odontológico, para serem avaliados pelo CD, só podendo ser liberado para o transplante, após o laudo do profissional de odontologia, afirmando que o paciente encontra-se sem focos de infecção bucal. Caso o paciente possua procedimentos de urgência para realizar, como exodontias ou restaurações, a equipe de odontologia realiza esses procedimentos, seguindo protocolos específicos, buscando não interferir nas medicações de uso continuo dos pacientes e, ao final do tratamento o paciente é liberado para seguir para o transplante. Ao ser entubado, muitos pacientes desenvolvem ulceras em região de lábio ou língua, muitas vezes pelo trauma sofrido durante a passagem da cânula, ou mesmo pela pressão exercida pelo tubo em alguma região bucal, o que diminui a circulação do sangue no local e pode levar a necrose, situação muito comum em UTI, o CD deve estar atento a esse risco sofrido pelo paciente entubado para que possa prevenir o mesmo de uma lesão ainda maior. Em muitos casos apenas a colocação de uma pomada com corticoide, como a Betametazona, já é suficiente para a cicatrização completa da lesão, porém, no caso de pressão causada pelo tubo, se o paciente permanecer por mais de 7 dias entubado, o ideal é que o dentista solicite ao medico a mudança da ventilação, para que seja realizada a traqueostomia do paciente, evitando assim, lesões maiores, que podem levar ate a perda completa da língua. Em ambiente hospitalar, o profissional responsável pela higiene de pacientes acamados (aqueles que não conseguem deambular/andar), é da equipe de enfermagem, com o técnico/auxiliar de enfermagem e o enfermeiro, porém, muito estudos mostram a falta de conhecimento por parte desses profissionais da importância e da técnica correta de higienização da cavidade bucal de pacientes internados. O profissional de odontologia que atua em hospitais deve estar preparado e em harmonia com a equipe multiprofissional, para que possa realizar treinamentos e instruções aos profissionais de enfermagem sobre a correta higienização e sua importância, mostrando os benefícios para o paciente e também para o hospital, pois, através desses procedimento é diminuído o risco de pneumonias, infecções e o tempo de internação do paciente. A higiene bucal possui uma grande importância para o bem-estar geral, bem como para a prevenção de doenças sistêmicas e atua na recuperação do paciente hospitalizado especialmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (DESLANDES, 2005). O atendimento odontológico a pacientes em estado crítico, requer maior atenção e conhecimento cientifico por parte do cirurgião-dentista, onde o mesmo deve estar preparado para qualquer possível intercorrência que possa surgir no ambiente ambulatorial dentro de um hospital, e, saber as interações medicamentosas a qual o paciente pode estar exposto. A maior parte dos pacientes internados fazem uso de medicações para seu tratamento, muitas medicações da classe de Heparinas, as quais agem na coagulação sanguínea, o que pode expor o paciente ao risco de sangramentos e hemorragia durante procedimentos cirúrgicos, nesse caso, o profissional deve se atentar a necessidade do uso de agente que tratem a hemorragia e auxiliem na coagulação. Durante o internamento existe a necessidade de utilização de vários fármacos, ocorre certa debilidade física e a deficiência no cuidado com higiene bucal decorrente da própria situação de saúde do paciente (LIMA, 2016). A realização de procedimentos mais invasivos, que possam gerar sangramento, como raspagens subgengivais e exodontias, em pacientes em estado crítico, com histórico de infarto ou AVC/AVE (Acidente vascular cerebral/encefálico) ou que fazem uso de anticoagulantes fortes, necessitam de uma profilaxia antibiótica antes da realização do procedimento, buscando com isso diminuir o risco de endocardite bacteriana, para isso, o antibiótico de escolha normalmente é a amoxicilina. Esse conhecimento específico deve ser adquirido por todo cirurgião-dentista, para que assim, possamos conquistar o nosso espaço e reconhecimento na equipe multiprofissional, pois, a odontologia deve ver o paciente como um todo, não aviando apenas a cavidade bucal, visto que, os estudo comprovam que a saúde bucal é um grande parâmetro para avaliação da saúde geral, além de também ser um fator de diminuição de infecções e de tempo de internação hospitalar, reafirmando assim, a importância da presença do cirurgião-dentista na equipe multiprofissional e no ambiente hospitalar, não apenas na UTI, mas em ambiente ambulatorial também, instalado dentro da unidade hospitalar. No ambiente hospitalar os pacientes normalmente estão sob terapia medicamentosa e com condição precária de higiene bucal e com isso as infecções oportunistas tendem a se manifestar com mais frequência e severidade. Deste modo o diagnóstico precoce e o tratamento desses pacientes pode levar a uma melhora significativa na sua condição sistêmica e imunológica, sendo assim, melhorando a qualidade de vida do hospedeiro (CHIAPPELLI, 2002). REFERÊNCIAS: Chiappelli F, Bauer J, Spackman S, Prolo P, Edgerton M, Armenian C et al. Dental needs of the elderly in the 21st century. Gen Dent 2002;50:358-63. Lima LC, et al. ODONTOLOGIA HOSPITALAR: COMPETÊNCIA DO CIRURGIÃO- DENTISTA. Uningá Review V.28,n.3,pp.164-171, Out-Dez 2016. Deslandes SF, Ayres JRCM. Humanização e cuidado em saúde. Cien Saude Colet 2005; 10(3):510. Blum DFC. et al. A atuação da Odontologia em unidades de terapia intensiva no Brasil. Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(3):327-332. Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). UTIs Brasileiras. Registro Nacional de Terapia Intensiva [internet]. [citado 2018 21/07/2018]. Disponível em http://www.utisbrasileiras.com.br/amib/. Silva IO, et al. A importância do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar. Rev Med Minas Gerais 2017; 27:e-1888. http://www.utisbrasileiras.com.br/amib/
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