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91 - Sobre a Caridade

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Sobre a Caridade
John Wesley
'Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos,
 e não tivesse caridade, 
seria como o metal que soa, 
ou como o sino que tine. 
E ainda que tivesse o dom de profecia,
 e conhecesse todos os mistérios, 
e toda a ciência;
 e ainda que tivesse toda a fé,
 de maneira tal que transportasse os montes,
 e não tivesse caridade, nada seria. 
E anda que distribuísse toda minha fortuna, para o sustento dos pobres; 
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, 
e não tivesse caridade, 
nada disso me aproveitaria'. 
(I Cor. 1:13)
Nós sabemos que 'Toda a Escritura é dada pela inspiração de Deus', e é, portanto, verdadeira e correta em todas as coisas. Mas nós sabemos, igualmente, que existem algumas Escrituras que, mais imediatamente, se recomendam para toda a consciência humana. Nesse ranking, nós podemos dizer seguramente que, dificilmente existirá alguma outra que objetive isto. Pelo contrário, a generalidade dos homens muito rapidamente apela para ela. Nada é mais comum do que encontrar, mesmos esses que negam a autoridade das Santas Escrituras, ainda afirmando, 'Esta é minha religião; o que está descrito no 3o. Capítulo dos Coríntios'. Mais ainda; até mesmo um judeu, Dr. Nunes, um médico espanhol, então estabelecido em Savannah, Geórgia, dizia com grande sinceridade 'Aquele Paulo de Tarso foi um dos mais apurados escritores que eu li. Eu gostaria que o 3o. Capítulo de sua primeira carta aos Coríntios tivesse sido escrito em letras de ouro. E gostaria que todo judeu o levasse consigo, onde quer que ele fosse'. Ele julgava (e nisto, ele julgou corretamente), que esse capítulo simples continha todo o significado da religião verdadeira. 'O que quer que seja justo; o que quer que seja puro; o que quer que seja amoroso: Se existir alguma virtude; se existir algum louvor', tudo estará contido nele.
Com o objetivo de compreender isto mais claramente, nós podemos considerar:
I. Que caridade é esta de que se fala aqui:
II. Que coisas são estas que usualmente são colocadas no lugar dela. Nós podemos, então:
III. Observar que, nem um só homem; nem todos eles juntos, puderam suprir a necessidade dela.
I.
1. Primeiro, nós vamos considerar que tipo de caridade é esta. Qual a natureza e quais as propriedades dela?
A palavra de Paulo é ágape [refeição comum dos primitivos cristãos], respondendo exatamente à simples palavra inglesa, amor. E, concordantemente é, então, reproduzida, em todas as traduções antigas da Bíblia. De maneira que ela se situa na Bíblia de William Tyndall que, eu suponho, foi a primeira tradução inglesa de toda a Bíblia. Também está na Bíblia publicada, através da autoridade do Rei Henrique VIII. Assim, estava igualmente, em todas as edições da Bíblia, que foram sucessivamente publicadas na Inglaterra, durante o reinado do Rei Edward VI, Rainha Elizabeth, e Rei James I. Mais ainda; é encontrada nas Bíblias do primeiro reinado do Rei Charles; eu creio, para o período dele. Que eu tenha conhecimento, as primeiras Bíblias onde a palavra foi trocada, foram publicadas por Roger Daniel, e John Field, impressores do Parlamento, no ano de 1649.
Dali em diante, parece provável que a alteração foi feita durante o estabelecimento do Longo Parlamento; provavelmente, quando a palavra latina caridade foi colocada no lugar da palavra inglesa, amor. Foi em uma hora infeliz, que essa alteração foi feita; os efeitos danosos permanecem até hoje; e esses podem ser observados, não apenas entre os pobres e iletrados; -- não apenas milhares de homens e mulheres comuns não entendem a palavra caridade, mais do que eles entendem o Grego original; -- mas, o mesmo erro miserável tem se difundido entre homens de educação e aprendizado. Milhares desses são iludidos por meio disso, e imaginam que a caridade tratada nesse capítulo refere-se, principalmente, se não, totalmente, às obras exteriores, e significa um pouco do que assistência aos mendigos! Eu tenho ouvido muitos sermões pregados sobre esse capítulo; particularmente, diante da Universidade de Oxford. E eu nunca ouvi mais do que um, onde o significado dela não fosse tão totalmente incompreendido. Mas tivesse a antiga e apropriada palavra amor sido mantida, não haveria espaço para interpretações equivocadas. 
2. Mas que espécie de amor é aquele de que o Apóstolo está falando em todo o capítulo? Muitas pessoas de aprendizado e devoção, notáveis, compreendem que se trata do amor a Deus. Mas lendo o capítulo todo, numerosas vezes, e considerando-o sob todas as luzes, eu estou completamente persuadido de que o que Paulo está falando aqui diretamente é do amor ao nosso próximo. Eu acredito que quem quer que, cuidadosamente, pese o teor completo de seu discurso, será completamente convencido disto. Mas deve-se permitir que seja tal amor ao nosso próximo, que pode unicamente brotar do amor de Deus. E de onde brota esse amor a Deus? Apenas daquela fé que é operada por Deus; que quem quer que a tenha, tem a evidência direta de que 'Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo em si mesmo'. Quando isto é particularmente aplicado ao seu coração, de modo que ele pode dizer com coragem humilde, 'A vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e se deu por mim'; então, e não antes disso, 'o amor de Deus derrama-se de seu coração'. E esse amor docemente o constrange a amar todos os filhos dos homens, com o amor que não tem lugar com aqueles que são (se não seus inimigos pessoais) inimigos para Deus, e suas próprias almas; mas com o amor da benevolência, -- da boa vontade terna para com todas as almas que Deus tem feito. 
3. Mas pode ser perguntado: 'Se não existe amor verdadeiro para com nosso próximo, a não ser aquele que brota do amor de Deus; e se o amor de Deus brota de nenhuma outra fonte do que da fé no Filho de Deus; não se segue que, todo o mundo pagão está excluído de toda possibilidade de salvação? Vendo que eles estão mortos para a fé; e uma vez que a fé vem do ouvir; como eles poderão ouvir sem um pregador?'. Eu respondo, nas palavras de Paulo, ditas, em outra ocasião, e que são aplicáveis a isto: 'O que a lei falou, é falado para aqueles que estão debaixo da lei'. Assim, aquela sentença, 'Aquele que crê não deverá ser condenado', é falado para aqueles aos quais o Evangelho é pregado. Outros, ele não concerne; e nós não somos requeridos determinar alguma coisa no tocando ao estado final deles. Como agradará a Deus, o Juiz de todos, lidar com eles, nós podemos deixar para o próprio Deus resolver. Mas nós sabemos que ele não é o Deus dos cristãos apenas, mas o Deus dos pagãos também; que ele é 'rico em misericórdia a todos que chamam por ele'. De acordo com a luz que eles têm; aquele que 'em toda nação, teme a Deus e opera retidão é aceito por ele'. 
4. Mas, retornando... Esta é a natureza daquele amor, do qual o Apóstolo está aqui falando. Porém, quais são as propriedades dele, -- os frutos que são inseparáveis dele? O Apóstolo soma muitos deles; mas os principais são eles: 
'O amor não se ensoberbece'. Já que é a medida do amor, então, é a medida da humildade. Nada humilha a alma tão profundamente como o amor: Ele atira fora 'vaidade elevada, orgulho engendrado'; toda arrogância e pretensão; e nos torna pequenos, e pobres, e comuns, e vis aos nossos próprios olhos. Ele nos rebaixa diante de Deus e homem; nos torna desejosos de sermos o último, afinal, e os servos de todos, e nos ensina a dizer: 'Uma partícula, no raio de sol é pequena, mas eu sou infinitamente menor na presença de Deus'. 
5. 'O amor não se enfurece'. Nossa tradução inglesa atual sugere, 'não é facilmente provocado'. Mas como a palavra facilmente virou moda? Não existe uma denominação dela no texto: As palavras do Apóstolo são simplesmente essas. Não é provável que ela foi inserida, pelos tradutores, com o objetivo de desculpar Paulo, por temerem que sua prática pudesse parecer contraditória à sua doutrina? Já que lemos em (Atos 15:36-39) 'E alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar nossosirmãos por todas as cidades, em que já anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão. E barnabé aconselhava que tomassem consigo a João, chamado Marcos. Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele que, desde a Panfilia se tinha apartado deles, e não os acompanhou naquela obra. E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus.e passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas'. 
6. Alguém não poderia pensar, ao ler essas palavras, que eles eram ambos igualmente impetuosos? Que Paulo era exatamente tão 'esquentado' quanto Barnabé, e tanto em falta no amor, quanto ele? Mas o texto não diz tal coisa; como ficará claro, se nós considerarmos, primeiro, a ocasião. Quando Paulo propôs que eles poderiam 'novamente visitar o irmão, na mesma cidade em que ele tinha pregado a palavra', até aí eles concordavam entre si. 'E Barnabé determinou levar João com eles', porque ele era filho de sua irmã, sem receber ou pedir pelo conselho de Paulo. 'Mas Paulo pensou que não era bom levar com eles, alguém que tinha se apartado deles, desde Panfilia', -- se, por indolência ou covardia, -- 'não os acompanhou naquela obra'. E, sem dúvida, ele pensou corretamente; ele tinha razão, por esse lado. As palavras seguintes são literalmente, 'e não houve um ataque de ira'. 
Não está dito, em Paulo: Provavelmente está em Barnabé apenas; que assim supriu a falta da razão com a paixão; 'de modo que eles partiram em separado'. E Barnabé, resolvido a ter seu próprio caminho, fez o mesmo que seu sobrinho tinha feito antes, 'apartou-se da obra', -- 'pegou Marcos com ele, e navegou para Chipre'. Mas Paulo seguiu em seu trabalho, sendo recomendado pelos irmãos para a graça de Deus'; para o que, Barnabé parece não ter ficado. 'E ele passou através da Síria e Cilícia, confirmando as igrejas'. De todo o relato, não parece que Paulo esteve em alguma falta; que ele tanto sentiu qualquer temperamento, ou falou qualquer palavra, contrários à lei do amor. Por conseguinte, não estando em falta alguma, ele não precisa de qualquer desculpa. 
7. Certamente, ele que é cheio de amor, é 'gentil com todos os homens'. Ele 'instrui na mansidão aqueles que se opõem a ele'; que se opõem ao que ele mais ama; mesmo à verdade de Deus, ou à santidade, sem a qual nenhum homem verá o Senhor: Não sabendo, a não ser que 'Deus, possivelmente, possa trazê-los ao conhecimento da verdade'. Por mais que provocado, ele 'não retorna o mal com o mal; o ódio com o ódio'. Sim; 'abençoa a estes que o maldizem, e faz o bem a eles que maliciosamente usam-no e o perseguem'. Ele 'não está dominado pelo mal, mas', sempre, 'domina o mal com o bem'.
8. 'O amor é longânime'. Ele suporta não poucas afrontas, reprovações, injúrias; mas todos as coisas, as quais Deus se agrada de permitir que tanto os homens, quanto os demônios o inflijam. Ele provém a sua alma com paciência inviolável; paciência não irritante e estóica, mas entregando-se como o ar, que, não criando resistência alguma ao golpe, recebe nenhum dano, por meio disso. O amante da humanidade lembra-se Dele que sofreu por nós, 'deixando-nos um exemplo de que nós devemos trilhar em seus passos'. Assim, 'se seu inimigo tem fome, ele o alimenta; se tiver sede, ele lhe dará de beber': Concordantemente fazendo, ele 'empilha os carvões do fogo', com o amor derretido sobre sua cabeça. 'E muitas águas não podem extinguir esse amor; nem poderão as correntezas' da ingratidão 'afundarem-no'. 
II
1. Em Segundo Lugar, nós devemos inquirir, que coisas são essas que, comumente se supõem irá suprir o lugar do amor. E a primeira dessa é eloqüência; a faculdade de falar bem, especialmente sobre os assuntos religiosos. Os homens estão geralmente inclinados a valorizar aquele que fala bem. Se ele fala propriamente e fluentemente de Deus, e das coisas de Deus, quem poderá duvidar que ele vive no favor de Deus? E é muito natural para ele valorizar a si mesmo; por ter uma opinião sobre si mesmo, tão favorável, quanto os outros a têm. 
2. Mas os homens de reflexão não ficam satisfeitos com isso: Eles não se contentam com uma inundação de palavras; eles preferem pensar, antes de falar; e julgam que alguém que conhece mais, é muito mais preferível, a alguém que fala demais. E é certo que o conhecimento é um excelente dom de Deus; particularmente, o conhecimento das Santas Escrituras, nas quais estão contidas todas as profundidades do conhecimento e sabedoria divinos. Disso, geralmente se pensa que um homem de muito conhecimento; conhecedor da Escrituras em particular, não só deve estar no favor de Deus, mas igualmente desfruta de um alto grau dele. 
3. Porém, alguns homens de uma reflexão mais profunda estão aptos a dizer, 'Eu não me preocupo com qualquer outro conhecimento, mas com o conhecimento de Deus, pela fé'. Fé é o único conhecimento que, às vistas de Deus, é de um grande valor. 'Nós somos salvos pela fé'; pela fé somente: Esta é a única coisa necessária. Ele que crê, e tão somente ele, deverá ser salvo eternamente'. Existe muita verdade nisso: É verdade inquestionável que 'nós somos salvos pela fé': Conseqüentemente, 'aquele que crê será salvo; aquele que crê não será condenado'. 
4. Mas alguns homens irão dizer, com o Apóstolo Tiago, 'Mostre-me tua fé, fora de tuas obras'; (se tu podes, mas, de fato, é impossível) 'e eu irei mostrar-te minha fé, através de minhas obras'. E muitos serão induzidos a pensar que as boas obras; obras da devoção e misericórdia, são de maior conseqüência que a fé em si mesma, e irá suprir a necessidade de toda outra qualificação para o céu. Realmente, isto parece ser o sentimento geral, não apenas dos membros da Igreja de Roma, mas dos Protestantes também; não do leviano e descuidado, mas dos sérios membros de nossa própria Igreja. 
5. E isto não pode ser negado: o próprio nosso Senhor tem dito: 'você irá conhecê-los por seus frutos':Por suas obras, você conhece aqueles que crêem, e os que não crêem. Mas, ainda assim, pode-se duvidar, se não existe uma prova maior da sinceridade de nossa fé, do que nossas obras; ou seja, nosso sofrimento de bom grado, em busca da retidão: Especialmente se, depois de sofrer reprovação, dor, e perda de amigos e solidez, um homem desiste da vida em si mesma; sim, através da morte vergonhosa e dolorosa; doando seu corpo para ser queimado, preferivelmente a desistir da fé e da boa consciência, através da negligência de seu dever conhecido. 
6. Primeiro, é apropriado observar que bonita gradação existe aqui; cada passo surgindo acima do outro, no registro dessas coisas diversas, as quais alguns desses que são chamados cristãos, e que usualmente são relatados assim, acreditam que, de fato, irão suprir a ausência do amor. Paulo começa, no ponto mais baixo, 'falar bem'; e avança, passo a passo; cada um erguendo-se mais alto do que o precedente, até que ele vem para o ponto mais alto, afinal. O passo acima da eloqüência é o conhecimento: A Fé é o passo acima desse. Boas obras são um passo acima daquela fé; e mesmo acima dessa, é o 'sofrer, em busca da retidão'. Nada é mais alto do que isto, a não ser o amor cristão; o amor ao nosso próximo, fluindo do amor de Deus. 
7. Em Segundo Lugar, pode ser adequado observar, que, o que quer que se diga religião, em alguma parte do mundo cristão, (se for uma parte da religião, ou nenhuma parte, afinal, mas tolice, supertição, ou perversidade) pode, com muita pouca dificuldade, ser reduzida, para um ou outros desses tópicos. Todas as coisas que se supõe ser religião, pelos Protestantes, assim como pelos Católicos, e não é, estão contidas, sob um ou outro desses cinco detalhes. Faça tentativas, o quanto lhe agradar, com alguma coisa que seja chamada de religião, mas, impropriamente, chamada assim, e você irá se certificar que a regra se aplica, sem qualquer exceção. 
III
1. Em Terceiro lugar, eu vou demonstrar, para todos os que têm ouvidos paraouvir; aqueles não se endurecem contra a convicção, que nenhuma dessas cinco qualificações, nem todas reunidas terão proveito algum diante de Deus, sem o amor descrito acima. 
Com o objetivo de fazer isto, de uma maneira mais clara, nós podemos considerá-los um a um:
 Primeiro: 'Embora eu fale com a língua dos homens e anjos'; -- com uma eloqüência tal, como nunca foi encontrada nos homens, concernente à natureza, atributos, e obras de Deus, se da criação ou providência; embora eu não seja aqui, uma insignificância diante do chefe dos Apóstolos; pregando como Pedro, e orando como João; -- ainda assim, a menos que o amor humilde, gentil e paciente seja o temperamento corrente de minha alma, eu não serei melhor, no julgamento de Deus, 'do que um latão sonante, ou um prato estrondeante'. A mais alta eloqüência, portanto, tanto na conversa privada, quanto em ministrações públicas, -- o talento mais brilhante, na pregação ou oração, -- se eles não forem reunidos com a resignação humilde, mansa e paciente, poderiam afundar-me, no mais profundo inferno, e não me trariam, para um passo mais perto dos céus. 
2. Um exemplo claro pode ilustrar isto. Eu conheci um jovem, há cinqüenta ou sessenta anos, que, durante o curso de muitos anos, nunca se esforçou, para convencer alguém da verdade religiosa - no entanto, ele foi convencido; nunca se esforçou, para persuadir alguém a se engajar na prática religiosa – no entanto, ele foi persuadido. E, então? Todo aquele poder de discurso convincente; toda aquela força de persuasão, se eles não tivessem sido reunidos à mansidão e humildade; à resignação e amor paciente, não poderiam qualificá-lo mais, para o proveito de Deus, do que uma voz limpa, ou uma aparência delicada. Mais ainda: tudo isto iria, preferivelmente, conduzi-lo a um lugar mais quente no fogo eterno! 
3. Em Segundo lugar: 'Embora eu tenha o dom da profecia', -- de prever eventos futuros, que nenhuma criatura pode prever; e 'embora eu compreenda todos' os 'mistérios' da natureza, da providência e da palavra de Deus; e 'tenha todo conhecimento' das coisas divinas ou humanas, que nunca algum mortal conseguiu; embora eu possa explicar as passagens mais misteriosas de Daniel, Ezequiel, e do Apocalipse; -- ainda assim, se eu não tiver humildade, gentileza, e resignação, 'eu nada seria' aos olhos de Deus. 
Um pouco antes do final da Guerra em Flanders, alguém que veio de lá nos deu um relato muito estranho. Eu não soube que julgamento formar disto, mas esperei até que John Haime pudesse vir, de cuja veracidade, eu não pude duvidar mais do que de seu entendimento. O relato que ele deu foi este: 
'Jonathan Pyrah era membro de nossa Sociedade em Flanders. Eu o conhecia há alguns anos, e sabia que ele era um homem de caráter irrepreensível. Um dia, ele foi citado para comparecer diante do quadro de Oficiais Generais. Um dele disse: 'O que é isto que nós ouvimos de você? Nós ouvimos que você virou um profeta, e que você prevê a queda da sangrenta casa de Bourbon, e da casa arrogante da Áustria. Nós ficaríamos felizes, se você fosse um profeta real, e se suas profecias fossem verdadeiras. Mas que sinal você dá, para nos convencer de que você é assim, e de que suas predições irão ocorrer?'. Ele respondeu rapidamente: 'Cavalheiro, eu dou a você um sinal: Amanhã, ao meio dia, você terá tal tempestade de trovão e raios, como você nunca teve antes, desde que você veio para Flanders. Eu lhe dou um segundo sinal: Por menos que alguns de vocês esperem alguma coisa como esta; por menos que aparente isto agora, dentro de três dias, você fará um acordo geral com os franceses. Eu lhe dou um terceiro sinal? Eu serei ordenado a avançar na primeira linha. Se eu sou um falso profeta, eu deverei ser morto, no primeiro disparo; mas se eu for um verdadeiro profeta, eu deverei apenas receber uma bala de mosquete, na barriga da minha perna esquerda'. No dia seguinte, ao meio dia, houve tal trovão e raios, como nunca antes teve em Flanders. No terceiro dia, contrário a todas as expectativas, aconteceu a batalha geral de Fontenoy; e ele foi ordenado a avançar na primeira linha; e, no mesmo primeiro disparo, ele recebeu um tiro de mosquete na barriga da sua perna direita. 
4. Ainda assim, todas essas coisas não tiveram proveito algum, tanto para a felicidade temporal quanto eterna. Quando a guerra terminou, ele retornou para a Inglaterra; mas a história chegou antes dele: em conseqüência disso, ele foi enviado até diversas pessoas de qualidade, que estavam desejosas de receber um relato de sua própria boca. Mas ele não pôde testemunhar tanta honra. Isto mudou inteiramente seu cérebro. Em pouco tempo, ele estava completamente louco. E assim ele continua até esse dia; vivendo ainda, como eu pude me certificar, em Wibsey Moorside, algumas poucas milhas de Leeds. [No tempo em que esse sermão foi escrito; ele agora está morto, evidentemente!]
5. E que lucraria um homem 'ter todo conhecimento'; mesmo aquele que é infinitamente preferível a todos os outros, -- o conhecimento das Santas Escrituras? Eu conheci um jovem que, vinte anos atrás, estava tão totalmente familiarizado com a Bíblia que, se ele fosse questionado concernente a alguma palavra hebraica, no Velho, ou alguma palavra grega, no Novo Testamento, ele iria dizer, depois de uma pequena pausa, não apenas quão freqüentemente uma ou outra ocorreu na Bíblia, mas também o que ela significou em cada lugar. Seu nome era Thomas Walsh [Em 08 de Abril de 1759, Thomas Walsh morreu. O irlandês santo, e instruído, foi uma perda dolorosa. Wesley estava sempre pronto a reconhecer os dons de seus pregadores, e Walsh era um dos mais nobres de todos eles. O Diário de Thomas Walsh, escrito por ele mesmo, existe até hoje]. Tal mestre do conhecimento bíblico, eu nunca vi antes, e penso que nunca verei novamente. Ainda assim, se com todo esse conhecimento, ele tivesse sido falho no amor; se ele tivesse sido orgulhoso, passional, ou impaciente; ele e todo seu conhecimento teriam perecido juntos.
6. Em Terceiro lugar, 'E embora eu tenha toda a fé, de modo que eu posso remover montanhas'. – Aquela fé que é capaz de fazer isto, não pode ser o fruto de uma imaginação vã; um mero sonho de um homem louco; um grupo de opiniões; mas deve ser uma obra real de Deus: Do contrário, não poderia realizar tal efeito. Ainda assim, se essa fé não for operada, através do amor; se ela não produzir a santidade completa; se ela não trouxer adiante a humildade, mansidão e resignação, ela não será de proveito algum. Esta é tão certamente uma verdade, quanto qualquer outra que é entregue, em todos os oráculos de Deus. Toda fé que é, que foi, ou que puder ser separada da benevolência terna para com todos os filhos do homem, amigos ou inimigos; judeu, herético ou pagão — separada da gentileza, para com todos os homens; separada da resignação, em todos os eventos; e contentamento, em todas as condições, -- não é a fé de um cristão, e não nos trará proveito algum diante da face de Deus. 
7. Ouçam isto, todos vocês que são chamados Metodistas! Vocês, de todos os homens viventes, estão mais preocupados com isto. Vocês constantemente falam da salvação pela fé: E vocês estão certos por fazerem isto. Vocês mantêm, (um e todos) que um homem é justificado pela fé, sem as obras da lei. E vocês não podem fazer o contrário, sem desistirem da Bíblia e traírem suas próprias almas. Mas considerem, nesse meio tempo, que termos tanta fé, e nossa fé ser sempre tão forte, jamais irá nos salvar do inferno, a menos que ela agora nos salve de todo temperamento pecaminoso; do orgulho, paixão, impaciência; de toda arrogância de espírito, toda insolência e altivez; da ira, raiva, amargura; do descontentamento, murmuração, mau humor, rabugice. Nós somos de todos os homens os mais imperdoáveis, se, tendo sido tão freqüentemente prevenidos contra aquela forte ilusão, nós ainda, enquanto favorecemos alguns desses temperamentos, abençoamos a nós mesmos, e nos iludimos, acreditando que estamos no caminho para os céus!
8. Em Quarto Lugar, 'Emboraeu dê todos os meus bens aos pobres', -- embora eu divida todo meu imobiliário e todo meu patrimônio pessoal, em pequenas porções (o que a palavra original propriamente significa) e diligentemente entreguem-nas àqueles, que eu tenho razão para acreditar, são as pessoas mais apropriadas; -- ainda assim, se eu for orgulhoso, passional, ou descontente. Se eu der caminho a qualquer um desses temperamentos; por mais bem que eu faça aos outros, eu não estarei fazendo bem algum à minha própria alma. Ó que caso lamentável é este! Quem não iria se afligir, que esses homens beneficentes pudessem ter todo seu trabalho perdido! 
É verdade; muitos deles têm uma recompensa nesse mundo, se não antes, ainda, depois de sua morte. Eles têm funerais caros e pomposos. Eles têm monumentos notáveis, da mais extraordinária obra de arte. Eles têm epitáfios escritos, nos estilos mais elegantes, que exaltam suas virtudes para os céus. Talvez eles tenham discursos anuais, em homenagem a eles, para transmitirem a memória deles para todas as gerações. Assim têm muitos fundadores das igrejas, estabelecimentos de ensino superior, asilos de pobres, e a maioria das instituições de caridade. É uma regra permitida, que ninguém possa exceder no louvor a um fundador de sua igreja, faculdade, ou hospital. Mas, ainda assim, que recompensa pobre é esta! Ela irá acrescentar ao conforto e miséria deles, supondo-se (o que deve ser o caso, se eles não morreram na fé) que eles estejam agora nas mãos do diabo e seus anjos? Que insultos; que reprovações cortantes, poderiam ser ocasionadas de suas companhias infernais! Ó, se eles fossem sábios! Se todos aqueles que são zelosos das boas obras pudessem colocá-los em seus devidos lugares; não é possível imaginar que eles pudessem suprir a necessidade de temperamentos santos, a não ser tomando cuidado para que eles não pudessem brotar deles mesmos.
9. Quão excessivamente estranho deve ser esse som nos ouvidos da maioria desses que são, pela cortesia da Inglaterra, chamados de cristãos! Mais estranho, ainda, é aquela afirmação do Apóstolo, que vem por último: 'embora eu dê meu corpo para ser queimado, se eu não tiver amor, de nada adiantaria'. Embora, preferivelmente, do que negar a fé. Preferivelmente, a cometer um pecado conhecido, ou omitir uma obrigação conhecida, eu voluntariamente me submeter à morte cruel; 'entregar meu corpo para ser queimado'; ainda assim, se eu estiver debaixo do poder do orgulho, ira, ou mau humor, -- 'de nada valeria'. 
10. Talvez, isto possa ser ilustrado por um exemplo: Nós temos um relato notável, nos tratados do Dr. Geddles – um civil, que foi Encarregado dos Negócios Diplomáticos da Rainha Anne para a Corte de Portugal, no período final do reinado dela, esteve presente em um desses 'Atos de Fé', em que os inquisidores romanos queimavam os heréticos vivos. Uma dessas pessoas que foi então trazida para a execução, não tinha visto o sol, durante muitos anos. Ele provou a luz brilhante do dia, e olhando para o alto, clamou surpreso: 'Ó, como pode alguém que veja esta luz gloriosa, adorar um outro, que não o próprio Deus que a criou! Um frade, ao lado, ordenou, então, que colocassem uma mordaça de ferro em seus lábios, para que ele não pudesse falar mais. Agora, o que aquele pobre homem sentiu, dentro de si, quando essa ordem foi executada? Se ele disse em seu coração, embora ele não pudesse proferir isto com seus próprios lábios, 'Pai, perdoe a eles que não sabem o que fazem!', indubitavelmente, os anjos de Deus estariam prontos para carregar sua alma para o seio de Abraão. Mas, se ao invés disso, ele nutriu, em seu coração, o ressentimento que ele não poderia expressar com sua língua; embora seu corpo fosse consumido pelas chamas, eu não poderia dizer que sua alma teria ido para o paraíso. 
11. A somatória de tudo o que foi observado é esta: O que quer que eu fale; o que quer que eu saiba; o que quer que eu creia; o que quer que eu faça; o que quer que eu sofra; se eu não tiver a fé que é operada pelo amor, que produz o amor a Deus e a toda humanidade, eu não estarei no caminho estreito que conduz para a vida, mas na rua larga que conduz para a destruição. Em outras palavras: Qualquer que seja a eloqüência que eu tenha; qualquer que seja o conhecimento natural ou sobrenatural; qualquer que seja a fé que eu tenha recebido de Deus; quaisquer que sejam as obras que eu faça; se por devoção ou misericórdia; quaisquer que sejam os sofrimentos que eu suporte, por causa da consciência, mesmo que eu resista com o sangue: Todas essas coisas, reunidas (não obstante o aplauso de homens) terão proveito algum, diante de Deus, a menos que eu seja manso e amoroso de coração, e possa dizer em todas as coisas, 'Que não seja feita a minha, mas a tua vontade'. 
12. Nós concluímos, disso tudo, (e nunca será suficientemente repisado, porque todo o mundo está sujeito ao outro lado) que a religião verdadeira, em sua essência própria, não busca menos do que os temperamentos santos. Conseqüentemente, toda outra religião, qualquer que seja o nome que ela carregue; se pagã, maometana, judaica, ou cristã; se católica, protestante, luterana ou reformada; sem esses, é mais frívola do que a vaidade em si mesma.
13. Que todo homem, por conseguinte, que tenha uma alma a ser salva, se assegure desse único ponto: Apesar de toda sua eloqüência; todo seu conhecimento; sua fé; obras, e sofrimentos, que ele possa apreender isto rapidamente: 'uma coisa é necessária'; que ele, através do poder da fé esforce-se para ter o amor humilde, gentil e paciente; e ele, e tão somente ele, poderá, através dos méritos de Cristo, 'herdar o reino preparado desde a fundação do mundo'.
[Editado por Kevin Farrow, aluno da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]

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