Buscar

Aprendendo a Gostar da Biblia - - Hamilton Carnio Jr

Prévia do material em texto

Aprendendo a Gostar da Bíblia
A EQUIPE
 
HAMILTON CARNIO JR
 
Copyright © 2018
Hamilton Carnio Jr
São Paulo
2018
Aprendendo a Gostar da Bíblia – A Equipe
de Hamilton Carnio Jr
Editor
Eldes Saullo
Revisão
Zelinda Consuelo O. Carnio
Projeto Gráfico e Editorial
Casa do Escritor
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS AUTORAIS. Este livro está protegido por leis de direitos autorais. Todos os
direitos sobre o livro são reservados. Você não tem permissão para vender este livro nem
para copiar/reproduzir seu conteúdo em sites, blogs, jornais ou quaisquer outros veículos de
distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeita a ações
legais.
Sumário
Apresentação
 
Olá, meu nome é Adão!
Olá, meu nome é Abraão!
Olá, meu nome é Samuel!
Olá, meu nome é Rute!
Olá, meu nome é David!
Olá, meu nome é Salomão!
Olá, meu nome é Eliseu!
Olá, meu nome é Isaías!
Olá, meu nome é Jonas!
Olá, meu nome é Mateus
Olá, meu nome é Maria Madalena!
Olá, meu nome é Lucas!
Olá, meu nome é Marta!
Olá, meu nome é Zaqueu!
Olá, meu nome é João!
Olá, meu nome é Paulo!
Olá, meu nome é José!
Olá, meu nome é Pedro!
 
O Autor
Depoimentos de Leitores
Um conteúdo riquíssimo e interessante como este só poderia ser produzido
por alguém que aprendeu a gostar da Bíblia, de verdade. Hamilton Carnio
Júnior se tornou um biblicista por tanto amor que tem a Deus e à Sua Palavra.
APRENDENDO A GOSTAR DA BÍBLIA não é fruto de leituras mecânicas
da Bíblia. É resultado de um olhar panorâmico, cronológico, sinóptico,
reflexivo, apaixonante, detalhado, comparativo, profundo, antropológico,
histórico, divertido e envolvente das páginas milenares das sagradas
Escrituras.
Ao ler esta obra de Carnio Jr, senti a sensação de estar interagindo com os
principais personagens bíblicos e com o próprio Deus encarnado em Jesus
Cristo. Tive a sensação de estar incluído nos cenários e de estar participando
das situações e eventos descritos.
E os artigos? Todos foram escritos por um coração que aprendeu a amar tanto
a Palavra de Deus, que é capaz de trazê-la para os nossos dias
contextualizando-a de maneira natural e inteligente, sem fazer o menor
esforço. Valorosos artigos!
Recomendo a leitura de APRENDENDO A GOSTAR DA BÍBLIA como um
livro de cabeceira, junto com a Bíblia Sagrada, para leitura diária em
capítulos, antes de dormir. Duvido que seus leitores não aprendam a amar o
Livro dos livros com os olhos do coração e com os olhos da alma! 
 
Olney Basílio Silveira Lopes
Escritor e pastor batista
Associação Apascentar
A conclusão de gostar ou não gostar depende de um prévio experimentar.
Muitas crianças antes de saborearem uma fruta vão logo dizendo: não gosto!
Então a mãe insiste: “mas, experimenta; você ainda não experimentou!
Experimenta que você vai gostar...” Assim é também com a Bíblia. Muitos
vão logo dizendo: eu não gosto da Bíblia... E dizem coisas que nada têm a ver
com o seu conteúdo e importância para os dias atuais.
Nesta obra, o autor, por experiência própria, relata como desde a infância
tomou gosto pela Bíblia. Apresenta uma foto de sua primeira Bíblia,
exemplar que ganhou dos seus pais quando começou a ler. Mostra como
aprendeu a amar a Bíblia, tendo sublinhado versículos em suas páginas.
O autor foi muito feliz em tornar os grandes personagens bíblicos reais e
atuais. Assim é com Adão, que se apresenta, dizendo: meu nome é... alguém
que não teve pai nem mãe, irmãos, nem sogra etc. E assim faz com Abraão e
com outros personagens.
Cada um fala de si mesmo e apresenta a sua ficha e o que fez. Apresenta o
Dilúvio como fato sobrenatural, e como Deus salvou a raça humana e todas
as espécies através do grande navio que a Bíblia chama de “arca”. Descreve o
livramento do povo de Deus do Egito, e vai até culminar com a vinda da
figura central da Bíblia que é Jesus Cristo.
A leitura desta obra há de ser de altíssimo proveito para todos! Será também
um motivo para gostar ainda mais deste tesouro que Deus fez questão de
deixar para todos como registro escrito de sua revelação.
 
João Reinaldo Purin
Escritor e pastor batista
Mano, finalmente consegui ler o seu livro. Ele tem realmente a sua cara. Eu
ouvi a sua voz o tempo todo, lendo para mim. Sua maneira de expor o
assunto, tudo. Pra mim foi como uma noitada de Fileo*.
Mano, em tempos modernos, com imagens do passado apenas descritas pelos
criadores de imagens e filmes, as pessoas realmente não fazem ideia do que é
ter um “Deus conosco”. Seu trabalho de descrever os eventos bíblicos como
fatos tangíveis ao homem moderno, abre os olhos do indivíduo para a
realidade dos acontecimentos dentro da nossa época.
A sua paráfrase expandida será de grande valor na evangelização do nosso
povo. A curiosidade é aguçada e o interesse se tornará real, não só para o
conhecimento, mas também para a compreensão da narrativa bíblica. Seus
“insights” são muito bons e estimulantes. Eles pedem continuação da
conversa, dentro do assunto.
Mano, que Deus continue a usá-lo com essa capacidade e disciplina de
concluir seus projetos! O seu coração em Cristo tem resultado em uma
influência sobre todos para conhecer e amar cada vez mais a Deus.
Muito feliz e orgulhoso de você, mano! Parabéns pelo excelente livro! Não
pare de escrever! Há muito mais ainda!
Com amor e saudades, seu irmão menor,
 
Rubim Tapajós
Califórnia, EUA
 
*Nota do autor: Fileo - grupo que se reunia semanalmente lá em casa, para estudo bíblico
e comunhão, sem hora para acabar (só para começar).
Agradecimentos
A Deus, que permite, em pleno Século XXI da Era Cristã, que Sua Palavra
(com Seus princípios, vontade e plano de salvação) chegue ao conhecimento
do ser humano para convertê-lo em Seu filho.
À Zelinda Consuelo de O. Carnio, esposa fiel e amiga, a quem amo de todo o
coração, que também me apoiou nesta obra literária, além de revisar todos os
textos.
A Ricardo Agreste, pastor presbiteriano, que tem sido instrumento de Deus
para me desafiar na carreira cristã a crescer mais, alcançando outras pessoas.
Apresentação
Olá, amigos!
Este livro contém a compilação de vários textos com comentários baseados
na Bíblia, levando em conta pessoas, fatos e acontecimentos lá citados e
narrados. Já observei que há diferenças entre o que se acredita, o que é
ensinado, e o que nela está escrito. Por outro lado, várias tentativas foram
feitas para tornar sua leitura mais palatável, de modo que os textos pudessem
ser melhor entendidos pelo leitor, daí surgindo várias versões.
Em qualquer que seja a versão, aqui você pode encontrar mensagens,
princípios de vida, mas principalmente o plano de Deus para resgatar o ser
humano desconectado dele a partir do Éden, através da morte e ressurreição
de Seu Filho, encarnado, Jesus Cristo.
A Bíblia Sagrada tem sido o livro mais vendido em toda a história, apesar de
nunca aparecer na lista dos “best-sellers”. Mas também tem sido um livro
pouco lido, talvez por conta de alguma dificuldade com sua linguagem
erudita, apesar de seus escritores nem sempre terem sido formados nas
universidades das respectivas épocas, mas sim por conta dos tradutores
iniciais.
A partir de Moisés, o escritor dos cinco primeiros livros bíblicos (conjunto
chamado Pentateuco), até João, o evangelista, autor do último livro
(Apocalipse ou Revelação), transcorreram de 15 a 20 séculos, e a estrutura
dos 66 livros que a compõem (daí o nome Bíblia ou biblioteca) tem sido
preservada até hoje, e nos mostra poesia, história, princípios de saúde,
trabalho, relações humanas, área financeira etc. Mas, principalmente,
apresenta o amor de Deus pela humanidade, e a forma como Ele buscou
revelar Sua vontade através dos séculos.
Neste livro procuro mostrar, através de uma linguagem contemporânea, que é
possível gostar da leitura bíblica em qualquer versão, e que é muito
importante prestar atenção aos fatos narrados, “linkando” os textos, fazendo
comparações e deduções, e tornando-nos mais curiosos pela sequência e
desfecho, sem deixar-nos “passar batidos” por um detalhe, achando ser
dispensável ou sem importância.
Assim, procureiser um leitor comum, utilizando apenas a Bíblia em minha
leitura e pesquisa, comparando narrativas e criando um certo cenário, além de
procurar contextualizar as narrativas, mesmo porque a cultura das épocas em
que os antigos manuscritos foram redigidos (desde alguns séculos a.C até o
século I d.C), é completamente diferente da nossa, sem alterar a verdade
bíblica original, mas mostrando que Deus sempre esteve no controle do
universo e de toda a população, desde o princípio.
Se você é um leitor assíduo da Bíblia, vai encontrar aqui alguns detalhes
destacados e que ajudam a entender o texto original. Se não, poderá ser
estimulado a fazê-lo para encontrar aqueles princípios, mensagens e plano de
salvação citados.
Viaje no túnel do tempo comigo e conclua que a Bíblia é um livro que deve
ser lido integral e constantemente. Descubra seus mistérios, redirecione sua
vida profissional, relacional e afetiva, e encontre Deus e Seu plano de resgate
da humanidade anunciado no Éden e concluído na morte (em meu e em seu
lugar) e na ressurreição de Seu Filho, Jesus Cristo, realinhando sua vida
espiritual através da aceitação do Seu sacrifício na cruz do Calvário, única
forma de salvação e viabilização da vida eterna com Deus Pai, Deus Filho e
Espírito Santo.
Boa leitura!
Hamilton Carnio Jr.
A Equipe
.
Histórias de pessoas que participaram 
de relatos bíblicos, ancestrais 
e Contemporâneos de Jesus Cristo.
Olá, meu nome é Adão!
Baseado no Livro do Gênesis (Antigo Testamento)
Olá, meu nome é Adão! Não tive pai nem mãe, irmãos, avós, tios etc. Tenho
mulher, mas não tenho sogra, cunhados, nem sobrinhos. Não tenho
sobrenome.
Meu nascimento foi estranho, incomum, porque já nasci grande, adulto. A
primeira sensação de vida foi esquisita: percebi que “alguém” estava
soprando ar em minhas narinas, estufando meu peito, parecido com aquele
processo de ressuscitação de afogados ou de infartados que passou a ser
usado bem mais tarde, tapando minha boca para não deixar o ar escapar. Com
força, mas muito carinhoso.
Eu estava deitado de costas num lugar lindíssimo: um jardim. À medida que
virei a cabeça para um lado, percebi que “ele” tinha desaparecido. Mas o
cenário era bem real: muitas árvores, gramado, pássaros, animais grandes e
pequenos. Ao meu lado, um pouco de terra revolvida. Fui apalpando a mim
mesmo para entender o que havia em meu corpo. Aí percebi que eu estava
mexendo braços, pernas, cabeça, mãos. Que legal essa sensação de estar
vivo!
Tentei levantar-me e entendi que eu tinha forças em cada parte do corpo.
Quando consegui ficar em pé, quase caí, porque dei uma balançada para
frente. Mas uma perna e o pé me socorreram indo à frente, para estabilizar o
movimento de queda. Foi assim que aprendi a andar... E a correr... E a pular...
Como meus filhos fizeram quando ainda pequenos!
Tudo era claro ao redor. Havia luz na parte alta, acima do chão onde eu
estava. Havia água corrente, também, dentro do jardim. E peixes na água, que
era cristalina e transparente. Alguns animais vieram até a margem e passaram
a beber dessa água. Fui também até lá, abaixei-me e experimentei – não tinha
gosto algum, mas era agradável de beber, fresquinha.
Gastei um bom tempo descobrindo parte desse mundo onde eu tinha nascido.
Esse primeiro dia de minha vida teve um significado especial para mim;
lembrei-me dele por toda a minha vida, que foi bem longa – mais de nove
séculos. Procurei relatar os fatos às gerações que me sucederam – ao menos
oito gerações, ou seja, até os netos dos meus tetranetos, que alguns chamam
de tataranetos – e, com o tempo, fomos aprendendo a lavrar a terra, cuidar
dos animais, inventar comidinhas, gerar filhos, trabalhar com ferramentas que
nós mesmos criamos e tantas coisas mais, como escrever a história da
humanidade.
Percebi uma brisa batendo em meu rosto, fazendo também com que as folhas
das árvores balançassem. Comecei a ver que com o passar do tempo (que
depois combinamos de chamar de horas), aquela claridade intensa ia
diminuindo, porque a estrela que brilhava lá no alto, e dava luz, ia se
movendo para um dos lados do jardim (depois pusemos o nome de poente,
nesse lado).
Aí veio uma surpresa – uma música, como de assobio; melodiosa e suave,
gostosa de ouvir! Curioso, virei-me para o lado e o vi. Vinha em minha
direção, sorrindo e assobiando ao mesmo tempo, dando saltos conforme a
melodia tinha uns agudos. Chegou frente a mim e... abraçou-me
demoradamente. Beijou-me, também. Parecia muito comigo – cabeça, braços,
pernas, tudo. Suas vestimentas eram brilhantes, mas o brilho vinha de dentro,
do interior, do corpo dele. Falou comigo e eu entendi tudo, sem nunca ter
frequentado uma escola. Pegou-me no colo e chamou-me de filho. Falou que
meu nome era Adão, e que voltaria todas as tardes para conversar comigo
(tarde era o nome daquele período do dia quando a estrela brilhante se
deslocava para o poente). Perguntei o nome dele e ele respondeu: EU SOU é
meu nome. Mas pode me chamar de Deus. Ficamos íntimos, amigos mesmo.
Quer saber mais da minha história? É a própria história da criação do
universo, incluindo o planeta Terra; toda a criação de animais, peixes etc., e
do homem, eu, que Deus me contou naquelas tardes passeando pelo jardim
(Éden era o nome do jardim), quando dei nome aos animais, répteis, aves,
peixes etc. (também tinha uns animais enormes, daqueles que comiam as
folhas lá no topo das árvores só esticando o pescoço, estranhos por conta do
tamanho, meio desengonçados no andar); a geração da minha companheira,
Eva; o nosso pecado e o castigo com a expulsão do jardim; a promessa de
resgate do pecado. Toda a minha descendência ao longo dos 930 anos de
vida, a quem relatei tudo; todos esses fatos também foram passados a filhos,
netos etc.. Pode até ser que alguma coisa tenha se perdido e não tenha sido
lembrada, mas o que era importante eu contei.
Nota do Autor: promessa confirmada uns 5000 anos depois na pessoa de Jesus Cristo, que
morreu na cruz em meu e em seu lugar, e ressuscitou ao terceiro dia; a história real e
completa foi relatada no livro do Gênesis por Moisés.
Olá, meu nome é Abraão!
Baseado no livro do Gênesis (Antigo Testamento)
Fui “registrado” como Abrão pelo meu pai Terá, em Ur dos caldeus, na
Babilônia, uns 500 anos depois do Dilúvio, ou cerca de 10 gerações depois.
Portanto, já na fase de gerações com menor idade do ser humano na terra.
Casei-me com uma linda moça de nome Sarai, com a qual eu esperava formar
uma família, como era o hábito na época. Só que ela era estéril, o que
confirmamos ao longo do tempo de casados. Meu pai adotou um neto que
tinha ficado órfão, de nome Ló. Tudo isso aconteceu em Ur, onde
morávamos.
Foi resolvido pelo meu pai que nós nos mudaríamos para outra terra: Canaã;
só que paramos em meio à viagem, onde “montamos acampamento”. Nesse
lugar meu pai morreu, mas continuamos a morar lá.
Certo dia senti que Deus falava comigo. Era para largar tudo e retomar a
viagem para um lugar desconhecido; Ele disse: - “Para uma terra que lhe
mostrarei”, e ainda me prometeu bênçãos como uma grande hereditariedade,
além de que eu também seria bênção para outros.
De lá saímos – eu, Sarai e meu sobrinho Ló – com tudo o que pudemos
carregar (e não era pouco). E chegamos exatamente a Canaã, como meu pai
queria anos atrás. Eu já tinha 75 anos. À medida que percorria as terras da
região, eu ia erigindo altares a Deus Jeová, como que a marcar limites da
“propriedade”. Com o passar dos anos, fui prosperando e fiquei muito rico
em gado, ouro e o que mais tivesse valor na época. A essa altura, meu
sobrinho Ló já estava separado de nós, desenvolvendo seus próprios
negócios; também prosperou muito, só que em terras vizinhas, próximas a
Sodoma e Gomorra.
Sempre continuei a ouvir a promessa de Deus de me dar aquelas terras e que
elas seriam da minha descendência para sempre. Só que eu não tinha filhos!
Um dia, eu disse a Deus que as coisas não iam bem segundo Sua promessa,
porque o único herdeiro que tinha era o mordomo Eliezer, um estrangeiro.
Mas Ele confirmou que eu aindateria um filho, e eu cri nisso, apesar de
minha idade. Tive um filho com uma criada de Sarai, por conta da influência
de minha mulher (uma espécie de Eva em minha vida, me induzindo ao erro).
Quando eu tinha 100 anos e Sarai 90, tivemos nosso filho, o legítimo
herdeiro, Isaque. Então, Deus mudou nossos nomes para Abraão e Sara. Fui
chamado de Patriarca do povo hebreu.
Nota do Autor: para ler a história completa de Abraão, incluindo suas provas de fé, sua
vida no exterior e em terras de Canaã, sua aliança com Deus até sua morte, leia no livro do
Genesis cap. 11 até o cap. 25, além de outras referências a ele nos livros de Atos dos
Apóstolos e na Carta aos Hebreus.
 
Olá, meu nome é Samuel!
Baseado no 1º livro de Samuel (Antigo Testamento)
Fui um dos últimos juízes e dos primeiros profetas liderando o povo de Israel
no Antigo Testamento bíblico, antes e durante o reinado do seu primeiro rei,
Saul.
Para quem entende que profeta é quem prediz acontecimentos futuros, posso
garantir que, biblicamente, está equivocado: profeta era quem repassava a
ordem de Deus a alguém, de preferência com as mesmas palavras ouvidas na
revelação divina. O profeta não era um “cara” perfeito, mas tinha sido
escolhido por Deus como “intermediário” entre Ele e o povo.
Desde a geração no ventre de minha mãe, Ana, Deus lhe revelou que eu seria
especial, porque ela era estéril e pedia constantemente a Ele, em oração, um
filho. Após meu nascimento, e logo depois de ser desmamado, ela preparou
um “kit” de roupas, mais uma porção de farinha, uma vasilha de vinho, e meu
pai separou um novilho de três anos, para viajarmos até Siló, em busca do
sacerdote Eli, no santuário local. Lá, ela me entregou ao sacerdote, como
prova de sua oração (que o próprio Eli tinha testemunhado e abençoado uns
dois ou três anos antes), dedicando-me ao serviço do Senhor por toda a minha
vida. Lá eu cresci servindo ao Senhor sob orientação do sacerdote Eli, sendo
cada vez mais estimado por Deus e pelo povo. Deus abençoou minha mãe a
ponto de lhe conceder outros filhos (cinco), como “compensação pela minha
perda” como filho único até então.
O “DNA” de minha mãe prevaleceu em minha formação, porque Eli tinha
muitas falhas em relação à criação de seus próprios filhos, provavelmente por
ser idoso. E todo mundo sabe que os mais idosos, como são os nossos avós,
tendem a ser mais condescendentes e tolerantes com as crianças.
Os sacerdotes eram da linhagem de Arão, o primeiro desde o antigo Egito,
quando o povo de Israel ainda era escravo, e continuaram seu ministério
sacerdotal ao longo dos 40 anos no deserto, a caminho da Terra Prometida
por Deus. Seus filhos e descendentes foram seus sucessores nesse ofício
religioso, conforme designação especial do próprio Deus ao povo.
Mas os filhos de Eli, Hofni e Finéias, eram “da pá virada”: comiam as
melhores partes dos animais sacrificados a Deus em culto (coisa proibida)
para perdão dos pecados pessoais e familiares dos ofertantes; mantinham
relações sexuais com as mulheres que serviam ao culto na entrada da Tenda
do Encontro, e outras coisas mais. Eu e muita gente do povo víamos o que
acontecia, mas ninguém acusava o sacerdote Eli de relaxamento na sua
autoridade paterna. Ele era o sacerdote de Deus!
Mas Deus mesmo revelou a mim que tudo isso ia se resolver com a morte
prematura dos filhos de Eli e dele próprio, e que não haveria sucessão
sacerdotal nessa família. E assim aconteceu quando Eli tinha 98 anos de
idade, era obeso, e tinha dirigido o povo de Israel por 40 anos – morreram os
três no mesmo dia.
Aprendi com ele todas as funções do ofício sacerdotal, fui seu “sucessor” e
juiz do povo. Viajei por todo o território para cumprir minha missão, sempre
voltando à minha base em Ramá, minha terra natal e de meu pai, Elcana.
Tudo ia muito bem. Só que o povo, insatisfeito por natureza em qualquer
lugar do mundo, “vira e mexe” se rebelando, fazendo movimentos
subversivos e agitando o “pedaço”, pôs-se contra a orientação de Deus até
então, porque era dirigido por juízes e profetas “humanos”, e falhos. Quando
eu já era idoso, nomeei meus filhos Joel e Abias como meus sucessores; o
movimento nas ruas cresceu também, porque constataram que meus filhos
eram corruptos, passando a pedir um rei para dirigi-los, como era usual entre
os demais povos vizinhos. E o rei escolhido foi Saul, ungido por mim, mas
rejeitado por Deus por sua má conduta.
Depois, ungi um rapaz chamado Davi, por mandado de Deus Jeová, que viria
a ser o novo rei de Israel. Ele seria o rei do agrado do Senhor e do povo em
geral, e o elo gerador do Salvador da humanidade!
 
Olá, meu nome é Rute!
Baseado no livro de Rute (Antigo Testamento)
Acho interessante como os usos e costumes mudam de um povo para outro, e
de tempos em tempos, também. Por outro lado, alguns povos adotam os
costumes de outros, deixando para trás os seus próprios, cultivados há muitos
anos por gerações e gerações. Por exemplo, o uso de terno e gravata nas
reuniões de líderes internacionais é comum hoje em dia. Claro que há
exceções como Fidel Castro, mas os orientais adotaram o padrão europeu,
como regra geral.
O livro de Rute, no Antigo Testamento da Bíblia, mostra algumas
características interessantes da sua época (cerca de 10 séculos A.C.). Ela era
uma viúva moabita (Moabe era uma terra com um povo “inimigo” dos
israelitas devido ao culto a outros deuses, inclusive com o sacrifício de
crianças ao deus Moloc). Além de ter enviuvado, não tinha filhos, e sua sogra
Noemi (gente boa!) também tinha ficado viúva um pouco antes.
O costume em Israel era que a viúva de um israelita deveria ser acolhida pelo
cunhado como sua mulher, independentemente do número de esposas que ele
tivesse. Acontece que o cunhado, no caso, também tinha morrido e deixado
uma viúva, Orfa. Noemi, então, propôs-se a voltar para a terrinha, Israel, para
“tentar a vida” por lá, apesar de ter passado muito tempo desde sua saída para
Moabe (com o marido e dois filhos homens, ainda solteiros). E, conversando
com Rute e Orfa, suas noras, liberou-as para voltarem à sua cidade natal,
assim como ela mesma estava fazendo.
Orfa resolveu voltar para Moabe, mas Rute não. Ela decidiu acompanhar a
sogrinha para a terra dela, apesar de nunca ter estado lá, nem de conhecer
qualquer pessoa daquele país. Em todo esse processo poderá ser verificada a
vontade de Deus e o seu governo sobre as pessoas e fatos: basta aguardar o
desfecho da história.
Quando Noemi chegou a Israel, foi reconhecida por amigos e parentes, e
contou sua triste história. Rute logo viu que seria preciso trabalhar para
buscar o “ganha-pão”, pois não havia homem na casa para pagar as contas e
comprar a comida no “supermercado”.
Como tinha começado o tempo da colheita (e o produto da época era a
cevada), Noemi explicou como Rute deveria agir. E lá foi Rute atrás de um
campo onde estivessem colhendo. Alguns trabalhadores, provavelmente
assalariados, colhiam e talvez ganhassem proporcionalmente à produção
entregue aos superiores. Com a pressa, algumas sobras ficavam pelo chão. E
aí entravam os catadores avulsos para pegar as sobras. Rute se juntou a eles
(e elas).
Quando o proprietário chegou, viu uma mulher diferente das que
frequentavam o local, e ficou sabendo quem era; então, sinalizou aos
administradores da colheita que facilitassem o trabalho dela, sem lhe fazer
qualquer mal (ele conhecia os “costumes” dos homens em relação às
estrangeiras, atentando sexualmente). E também passou a dar-lhe porções
adicionais da colheita nos dias subsequentes, além de se sentar ao seu lado na
“hora do lanche”.
A história tem muitos outros detalhes que você pode conferir lendo no livro
original, e acabou em casamento, porque Boaz, o proprietário das terras, era
aparentado com Noemi e “resgatou” a sua nora, Rute, da viuvez, como parte
do costume local. Daí nasceu um filho, e, nas gerações seguintes, Davi, que
foi o maior e mais famoso dos reis de Israel (como bisneto de Rute, uma
estrangeira, e de Boaz, um israelita da gema). Na sequência genealógica veio
Jesus. Portanto,nada é casual na lógica de Deus, mas intencional. Jesus, em
sua geração, era chamado filho de Davi, seu ancestral. Nessa época, as
pessoas não tinham sobrenome e eram chamadas de filho de “alguém”,
mesmo quando era um descendente longínquo.
De Boaz a Jesus passaram-se 30 gerações, aproximadamente, conforme o
relato do evangelista Mateus no primeiro capítulo de seu livro, o inicial do
Novo Testamento bíblico. Confira!
 
Olá, meu nome é David!
Baseado no 1º livro de Samuel
Meu nome é o primeiro e o único em toda a Bíblia – antes de mim e depois
de mim ninguém mais se chamou Davi. Eu era o caçula numa família de oito
irmãos homens. E fui encarregado de um serviço que ninguém aceitou em
minha casa: cuidar de ovelhas. Só que isso me deu lições e me fez “subir na
vida”, porque usei essa experiência várias vezes.
Minha trajetória foi rápida e muito estranha, a não ser que seja explicada
como obra de Deus, porque Ele dirige tudo neste mundo. Veja só: ainda
adolescente, em meu trabalho diário, fui chamado para voltar para casa mais
cedo. Lá chegando, encontrei um senhor conversando com meu pai e que foi
apresentado a mim como o profeta Samuel. Pois não é que esse senhor tomou
um frasco vazio, encheu-o com azeite puríssimo e me ungiu na frente de meu
pai e de meus irmãos, todos reunidos na sala? Coisa estranha, porque esse
hábito de ungir não era usual, mas devia ter um significado de algo da maior
importância. Só bem mais tarde fiquei sabendo qual era. O homem logo foi
embora e a vida continuou normalmente lá em casa.
O povo de Israel, do qual eu fazia parte, foi desafiado pelos vizinhos filisteus
a ceder suas terras, sem o uso de armas ou derramamento de sangue, e alguns
de meus irmãos serviam no exército do nosso rei Saul, o primeiro dos reis de
Israel (depois fiquei sabendo que ele também havia sido ungido pelo profeta
Samuel).
Meu pai, mostrando preocupação com os “meninos” na batalha (três dos
irmãos mais velhos), me incumbiu de ir até eles para ver se estavam bem e
trazer notícias. Fiz isso por 40 dias. Ia e voltava para continuar com as
ovelhas em Belém, minha terra natal. No 40º dia, meu pai me pediu que
levasse um suprimento de comida aos filhos e uma “cortesia” ao comandante
daquele pelotão. “Volte logo”, disse ele, “e traga-me notícias e uma prova de
que estão bem”.
Saí de madrugada e cheguei de manhã ao acampamento, bem na hora em que
um gigante dos filisteus se apresentou (fiquei sabendo depois que ele fazia
isso todos os dias), desafiando nossos guerreiros israelitas a enfrentá-lo. Seria
uma luta homem a homem. Quem vencesse, daria a vitória a seu país. Meus
irmãos tremeram de medo e até recuaram um pouco enquanto ele falava, e me
disseram que o “cara” se chamava Golias. Ele tinha quase três metros de
altura e estava fortemente armado (seu escudo, capacete e espada eram
proporcionais ao seu tamanho), fazendo uma enorme diferença com qualquer
um de nossos homens.
Num ímpeto, eu resolvi conversar com o comandante e perguntar como seria
aquele “duelo” e se havia um prêmio caso um dos nossos enfrentasse o
gigante filisteu. Conversa puxa conversa, e fui falar com mais outras pessoas,
contra a vontade de meus irmãos que tentaram me impedir de prosseguir
nessa intenção. Foi assim que cheguei até o rei Saul, candidatando-me a
“fazer o serviço”, já que ninguém tinha se apresentado em todos aqueles dias.
Ele tentou me dissuadir desse intento pela minha idade e inexperiência de
guerra. Mas eu contei que tinha tido alguns embates com feras de grande
porte (leões, ursos) enquanto cuidava de ovelhas e que tinha matado todas
com as próprias mãos, porque Deus estava comigo.
Então Saul mandou que me equipassem com as armaduras dos soldados. Eu
tentei dar uns passos e quase caí com aquele arsenal que me tolhia os
movimentos. Pedi para tirarem tudo aquilo, e segui em direção a Golias com
meu cajado e uma funda (que depois teve um sucessor chamado estilingue).
No caminho havia um riacho e lá peguei cinco pedregulhos, dos grandes. À
medida que eu me aproximava, Golias ria de mim, debochando porque eu
não tinha qualquer arma conhecida de guerra.
Como eu estou contando isso agora, em minha velhice, já deu para notar
quem venceu o “duelo”. Mas os detalhes você terá que ler no Primeiro Livro
do profeta Samuel. Vale a pena ver como Deus agiu e ainda hoje pode agir na
sua vida. Aproveite para ler mais sobre a minha vida no Segundo Livro, pelo
menos, quando me tornei rei de Israel.
Boa parte de minhas poesias em louvor a Deus foram musicadas e cantadas
nos cultos, e estão registradas no livro dos Salmos. Deus sempre esteve
comigo e dirigiu minha vida, mesmo quando errei vergonhosamente.
Alguém no futuro poderá até me chamar de “um homem segundo o coração
de Deus” e estará dizendo a pura verdade.
Nota do Autor: confirme no livro de Atos dos Apóstolos cap. 13 vers. 22.
Olá, meu nome é Salomão!
Baseado no 1º Livro dos Reis (Antigo Testamento)
Filho de rei não tem vida boa. Ao menos em minha opinião. Os filhos são
criados dentro do palácio, sem nenhum contato com o mundo exterior – só
veem o que acontece por ali. Minha mãe não era a rainha, mas uma das
mulheres de Davi, meu pai, o segundo rei de Israel. Aliás, não havia rainha
(acho que isso até que foi bom para não privilegiar uma das suas mulheres).
Entre todos éramos 20 irmãos, alguns deles meios-irmãos, porque apenas o
pai era o mesmo. Isso fora os filhos das concubinas (uma espécie de
empregadas ou escravas dentro do palácio).
Meu pai era muito ocupado e muito benquisto pelo povo, o que o deixava
com pouco tempo de sobra para cuidar da família, ou melhor, das famílias.
Era bem intencionado, mas ausente em relação a suas mulheres e filhos. Com
o passar do tempo, fiquei sabendo um pouco da história de minha família.
Meu pai tinha tido um “caso” com minha mãe, Bate Seba, sendo que ambos
já eram casados, nessa ocasião. Desse relacionamento nasceu um bebê (a essa
altura eles já eram casados), e o marido de minha mãe, Urias, tinha morrido
em uma batalha alguns meses antes; o bebê, meu irmão mais velho, também
morreu em seguida.
Quando meu pai foi ficando mais velho, começaram os “diz-que-diz-ques”
nas famílias, para definir o sucessor do trono. E as revoltas começaram,
incluindo mortes (Amnom e Absalão, herdeiros naturais) e uma irmã,
lindíssima, Tamar, foi violentada pelo próprio irmão, Amnon. Uma enorme
confusão no palácio, com a complacência do meu pai.
Felizmente, nada disso “colaborou” para a minha formação, graças à minha
mãe, que procurou me educar de forma diferenciada, porque ela sempre viveu
dedicada a servir a Deus Jeová.
Meus irmãos Amnom e Absalão tentaram tomar o trono do meu pai ainda em
vida, mas isso não estava nos planos de Deus. Tanto é que, meu pai havia
dado ordem ao profeta Natã para me ungir, como que me nomeando como o
futuro rei.
Certo dia, meu pai, antes de morrer, procurou-me e me fez prometer que eu
andaria nos caminhos de Deus e que guardaria Seus estatutos e
mandamentos, e também me avisou da obrigação de construir o templo de
culto a Deus Jeová, com o projeto que ele mesmo tinha elaborado.
E aí eu assumi o trono de Israel! Não estava fácil, apesar de nada de mais
estar ocorrendo. Então eu tive um sonho, quando o próprio Deus Jeová me
apareceu, dizendo para eu pedir o que quisesse que Ele me daria. Acordei
num sobressalto e orei sem perda de tempo para pedir sabedoria de coração
ao julgar o povo segundo os princípios divinos. E Deus me deu, com sobras,
e de “quebra” me deu riquezas e glória que superariam a fama de qualquer
outro rei - atual ou futuro.
O meu governo foi tranquilo nas áreas política, cultural, econômica e
espiritual, e a fama alcançou outros povos vizinhos e afastados. Procurei
colocar a sabedoria em prática no dia a dia, na tomada de decisões, no
julgamento das questões públicas e particulares dos servos do Reino.
Comecei a fazer anotações que depois foram chamadas de Provérbios, em
que as lições práticas de vida também poderiam ser apresentadas para a
posteridade, incluindo neles os princípios de Deus, como sefossem um
“manual de vida”.
Nota do autor: grande parte dos “provérbios” está registrada no livro do mesmo nome,
incluído no Canon Sagrado (Bíblia). Procure ler esse livro em sua totalidade para
aproveitar os conceitos em sua vida.
 
Olá, meu nome é Eliseu!
Baseado no relato de 2º livro dos Reis (Antigo Testamento)
Fui discípulo de Elias, o profeta, daqueles que não “largam do pé” do seu
mestre. Vi quando carros e cavalos de fogo nos separaram e ele foi
“arrebatado” em um redemoinho. Tornei-me seu sucessor com a bênção do
Senhor, e até herdei sua capa, com a qual tinha feito maravilhas, como abrir o
leito de um rio e passar a seco. Minha “sede” é Samaria, a capital de Israel, o
Reino do norte.
Tenho muitas histórias para contar. Uma chama mais a atenção porque
envolveu estrangeiros, portanto, não hebreus.
Um dia, o rei de Israel, Jorão, recebeu uma carta do rei da Síria, trazida pelo
comandante do seu exército, chamado Naamã, um herói local, para ser curado
de lepra. Não deu outra coisa: o nosso rei, Jorão, se revoltou e por pouco não
teríamos chegado a uma declaração de guerra, porque ele se viu insultado
pelo rei da Síria, que o julgou ser médico ou curandeiro, ou que estava
procurando um pretexto para provocá-lo. Notícia ruim corre mais rápido que
a boa, e chegou até mim, incluindo que Jorão tinha rasgado suas vestes, o que
não era bom sinal.
Mandei um recado a Jorão, para que mandasse o emissário da Síria vir até
mim, porque “havia profeta” em Israel. Veio Naamã até a porta da minha
casa e mandou chamar-me. Só que o Senhor me capacitara e me dera
discernimento para resolver tantas questões, que nem me preocupei em
atendê-lo. Apenas respondi pelo mesmo mensageiro: “Vá até o Rio Jordão e
lave-se sete vezes e será curado.”
Ouvi um vozerio do lado de fora de casa quando Naamã recebeu meu recado,
mesmo dentro da carruagem, porque eu não tinha ido até ele. Ele dizia que
esperava que eu invocasse o Senhor, passasse a mão na área doente (pelo
menos!), e seria, então, curado. Afinal, na Síria, havia rios muito mais
importantes que o nosso Jordão.
Mas, os servos, pedindo licença, procuravam mostrar a Naamã que o profeta
poderia ter pedido uma coisa difícil, e ele certamente faria. Era pagar para
ver! Ouvi a carruagem se afastar, tomando o rumo do Rio Jordão, um pouco
longe dali, a leste de Samaria.
Mais tarde ele voltou com toda a comitiva, desceu da carruagem e veio até
mim. Vi que estava curado e seu semblante era leve e feliz. Agradeceu-me e
ofereceu presentes, que recusei. Insistiu. Recusei novamente. Aí ele me pediu
licença para pegar uma carga de mula com terra local que levaria para a Síria
(para algum uso não determinado e nem perguntei, também), e declarou:
“Nunca mais oferecerei sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor!”
Ele já estava de saída, quando eu perguntei: - Como foi que ficou sabendo de
mim, lá na Síria? E ele explicou: - Temos uma menina escrava hebreia em
casa, e ela disse que em sua terra (Israel) havia um profeta que poderia me
curar da lepra. Por isso eu vim; e estou curado!
O Senhor me honrou com Sua direção em mais esse caso, e Seu nome
alcançou outro país. Então, adorei o Senhor por eu ter sido escolhido.
Olá, meu nome é Isaías!
Baseado no Livro de Isaias (Antigo Testamento)
Vida de profeta não é nada fácil! A gente tem uma visão, recebe uma ordem
verbal de “alguém” que não se vê, tem um sonho (ou um pesadelo) e tem que
transmitir a mensagem recebida a outra pessoa (tal e qual) que nem está
interessada, nem mesmo quer prestar atenção, quanto mais atender ao que for
mandado! Estou falando de mim mesmo, porque tudo isso já aconteceu
comigo. Deus me falou de várias maneiras, e Sua ordem era que eu passasse
a mensagem ao seu povo, a nação israelita. “Eita” povo rebelde, esse!
Tudo começou quando fui certo dia ao templo para orar e ter um tempo de
adoração. Derramei meu coração carregado de tensões e dúvidas lá no altar.
E, então, eu O vi! Assentado num trono bem alto, a sua presença iluminava
todo o imenso e agradável ambiente, calmo, prestando atenção a tudo que
acontecia lá e aqui onde eu estava. Uns serafins voavam ao Seu redor e
cantavam louvores. Fiquei tremendo e apreensivo; senti o cheiro de fumaça
do altar; então, gritei: “Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um
homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios;
os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” De repente, um dos
serafins voou na direção do altar, pegou uma brasa viva com uma tenaz,
vermelhíssima, fumegante, e veio em minha direção. Com a brasa tocou
minha boca (e não queimou!) e disse que meu pecado estava perdoado e
minha carga aliviada.
Aí ouvi Deus falando, não exatamente para mim, mas para alguém mais
distante que eu não conseguia ver: “A quem enviarei, e quem há de ir por
nós?” E eu logo respondi: “Eis-me aqui, envia-me a mim.” E Ele me mandou
falar ao povo uma terrível mensagem de destruição e desolação. Ali começou
meu ministério de confronto com o povo e sua liderança. Não era eu mesmo
quem falava, mas o próprio Deus colocava as palavras na minha boca. Tive
visões fantásticas e aterradoras.
Uma delas aconteceu quando o rei Ezequias adoeceu. Deus me mandou dar
um recado a ele: que a doença o levaria à morte, e era bom que ele deixasse
tudo em ordem para não comprometer o trabalho de seu sucessor. Falei e saí
apressadamente de sua presença, para não ver a sua reação. Nem estava ainda
nos degraus de entrada do palácio e Deus me falou novamente: para voltar lá,
consolar o rei e desdizer o recado, porque Ezequias tinha orado e Ele tinha
ouvido. E o novo recado era que Deus estava concedendo um “delay” de 15
anos. O que de fato aconteceu como predito.
Mas, a coisa mais maravilhosa que me aconteceu, foi receber uma mensagem
de resgate do povo, de perdão e salvação, através de “alguém” que nasceria
de uma virgem (nossa, que coisa impossível!), em Belém, terra do nosso
maior rei, Davi, num dia de grande luz no céu. Ele seria um líder
“Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da
Paz.” Mas também seria um servo sofredor e perseguido até a morte. Sua
morte seria causada pelo peso do pecado da humanidade sobre ele.
Deus também me mandou escrever tudo que me vinha sendo revelado, e
tenho tentado fazer isso. São rolos e rolos de pergaminho que poderão ser
lidos futuramente. Acho que nem tudo terei a oportunidade de ver acontecer,
mas gosto de sempre mencionar uma frase em tudo que faço ou digo:
“Buscai o Senhor enquanto é possível achá-lo; clamem por Ele enquanto
está perto”.
 
Olá, meu nome é Jonas!
Baseado no livro de Jonas (Antigo Testamento)
Quem pensa que vida de profeta é “mole” está enganado. Para começar,
profeta é quem transmite as “ordens” de Deus ao povo ou a qualquer pessoa
em particular, mesmo que seja... o rei.
Estou escrevendo depois que tudo se passou, para informar a quem ler no
futuro, tirando dúvida sobre alguma notícia que for passada oralmente. Eu sei
que algumas referências são acrescentadas ou tiradas, quando se passa uma
informação a mais alguém. E, depois de algum tempo fica tão diferente da
verdade, que quase nada mais restou da original.
Quando eu recebi uma ordem expressa de Deus para ir a Nínive, a capital
assíria, país vizinho ao nosso, Israel, e nosso inimigo, do qual eu queria
distância, fiquei perturbadíssimo. E era para pregar o arrependimento de todo
o povo dos males que vinham praticando! Ir ao “covil de lobos”, povo que
tem uma realidade tão diferente de nós, com deuses que estimulavam
sacrifícios humanos, cultura nem um pouco parecida com a nossa, fama de
violentos, e para falar “isso”, é o mesmo que comprar passagem só de ida,
porque a volta não aconteceria. Era ir e morrer por lá, num país estrangeiro,
talvez ser enterrado.
Então comecei a “armar” um plano de “enganar” a Deus, como se isso fosse
possível. Mas, essa possibilidade passou pela minha cabeça. Fui até o litoral e
comprei uma passagem de um navio que estava de saída para a Espanha, a
direção oposta e muito mais longe do destino programadopor Deus. Olhando
o mapa, Nínive está no nordeste da Babilônia (ao norte de Israel) e Társis
estava no leste. Para Nínive é ir por terra, e para Társis é por mar.
O plano não deu certo. Acabei sendo jogado ao mar pela tripulação (porque
entenderam que eu era o causador daquela terrível tempestade que faria o
barco ir ao fundo) e engolido por um grande peixe (nem deu para ver do que
se tratava). Dentro daquela “coisa”, na maior escuridão, com relativa falta de
ar e totalmente sem equilíbrio devido ao balanço enquanto emergia e
submergia, tentando me “digerir”, lá fiquei por três dias. E tome enjoo, meu e
do peixe! Naqueles três dias, Deus agiu em meu favor, porque usou esse duro
tratamento para me fazer arrepender e implorar Sua ajuda, orando aos gritos e
chorando lá nas entranhas gosmentas e mal cheirosas do peixe. E Ele me
ouviu.
A natureza agiu naquele peixe porque o melhor que faria, e fez, foi me
vomitar. Aí, meio desacordado e tonto com a luz do dia, eu me vi numa praia,
sem saber onde estava. Deus falou novamente comigo e repetiu a mensagem:
“Vá a Nínive e pregue o arrependimento”. Ao primeiro que encontrei na
praia perguntei se sabia o caminho para Nínive. Seriam três dias de
caminhada até lá.
Ao longe vi a metrópole, como uma capital do Oriente, diria, com quase meio
milhão de habitantes. Entrei na cidade e comecei minha pregação. A meu ver,
estava perdendo tempo. Mas a ordem divina não me dava chance de discuti-
la, e continuei: “Arrependam-se dos seus maus caminhos, da maldade que
praticam e da violência que usam ou Deus destruirá a cidade daqui a quarenta
dias”. E o milagre começou: o povo começou a se arrepender! Eu não
entendia, mas continuei com a mesma mensagem.
O sistema deles para demonstrar o arrependimento era estranho e visível:
vestiam-se com sacos e jogavam cinzas sobre a cabeça. De repente eu vi isso
acontecendo em cada canto da cidade. E me chegou a notícia de que o rei
também fez o mesmo. “Caramba!”
E Deus me disse que estava perdoando todo o povo, não arrasaria mais a
cidade, e que eu estava dispensado da tarefa. Eu resolvi escrever essa
fantástica história, que vivi cada momento, mas com resultado totalmente
satisfatório.
Olá, meu nome é Mateus
Baseado no Evangelho de Mateus (Novo Testamento)
Vivi na Galileia, no início do século I. Meu pai, Alfeu, colocou-me o nome
Levi. Naquele tempo, as pessoas recebiam apenas um nome – não havia
sobrenome ou nome de família, e para identificar este Levi entre outros,
dizia-se Levi, filho de Alfeu. Às vezes, dizia-se também que o pai
mencionado era filho de mais alguém. Outros, tinham a profissão como
“sobrenome”, como era o caso de José o carpinteiro, e de Simão o curtidor.
Minha profissão era coletor de impostos, ou seja, eu era um funcionário
público; na linguagem da época, um publicano. Eu nada tinha de fazer além
de receber o dinheiro que o povo judaico, sob o domínio do Império Romano,
tinha de pagar. Alguns pagavam por conta da produção rural, como criadores
de gado ovino (nem pensar em gado bovino naquele tempo, como se tornou
comum nos séculos seguintes), ou como plantadores de uva, trigo, oliveiras
etc.; outros, como comerciantes. Com o trigo faziam pão, principalmente,
depois de debulhar os cachos e moer os grãos; com as oliveiras produziam e
“refinavam” o azeite, já que as azeitonas eram de sabor estranho (mais à
frente, passou-se a fazer conservas com elas); e com as uvas, produzia-se o
vinho, de excelente sabor, e também as uvas passas (docinhas, docinhas).
Minha vida era sossegada - cultural e financeiramente. Como judeu religioso,
minha formação era normal. Não sei se posso dizer que tinha amigos, porque
quem trabalhava para o “governo” como publicano era considerado um
traidor do povo. Por isso eu não era aceito nas “rodas”.
Os fariseus me odiavam, por serem os mantenedores dos rigores da Lei
Mosaica, a lei que Deus (Javé, o Deus criador e sustentador do Universo e
seus habitantes) tinha dado a Moisés quando o povo foi liberto da escravidão
egípcia, miraculosamente, atravessando o Mar Vermelho a seco. Deus era o
deus de quase todos, porque os princípios da Lei eram passados de pai para
filho, de geração a geração, como aconteceu com meu pai, comigo e muitos
mais.
O culto a Deus era obrigatório, só que não a cada final de semana, como se
alterou ainda nesse primeiro século da era cristã – era anual, uma “questão de
honra” comparecer ao Templo na capital, Jerusalém, com toda a família,
levando ofertas que eram entregues aos sacerdotes para perdão dos pecados e
sustento dos levitas, descendentes do xará Levi, um dos filhos de Jacó,
considerado patriarca do povo judaico, juntamente com seu pai Isaque e seu
avô Abraão. Assim, o nome Levi que recebi de meu pai era uma espécie de
homenagem a alguém muito importante do passado histórico, só que...
escolhi uma profissão errada.
Uma das coisas que eu gostava de fazer era escrever. Tinha lá meus ensaios,
mas não tinha leitores, por isso, não me animei muito a continuar a escrever,
apesar do tempo livre na coletoria e em casa. Até aquele dia!
Era um dia normal: eu estava sentado na coletoria, recebendo os impostos,
conferindo o dinheiro, anotando nos livros nome por nome e a quantia
entregue. Não me lembro bem a que hora aquilo aconteceu, mas um cidadão
estranho, alto, bonitão, bem apessoado, apareceu lá na rua da frente e parou
bem na direção da porta onde estava minha “mesa”. Muitos o seguiam.
Era um daqueles rabis que costumavam ter séquitos de seguidores, aos quais
eles iam fazendo preleções sobre assuntos religiosos. Havia certo burburinho
na rua em torno dele.
O que me chamou a atenção é que ele estava calado, e que sua presença tinha
um ar sobrenatural. Levantei a cabeça e olhei para ele com ar de admiração e
de curiosidade. As roupas eram normais (nada de “grifes”, como era comum
a alguns rabis, e principalmente entre os fariseus), mas muito carismático.
Devia ter uns trinta anos (o que confirmei depois).
Foi então que ele olhou para mim fixamente e disse com voz firme, segura e
máscula: “Siga-me!” Só isso. Sem um aceno, mas com tom misto de convite
e de ordem. Não deu outra coisa: levantei-me, deixando tudo sobre a mesa,
sem guardar o dinheiro no “cofre” nem os “borderôs” do dia todo no armário.
E fui andando em sua direção, integrando-me à comitiva que o seguia.
De vez em quando ele parava, virava para algumas pessoas e lhes dirigia
palavras carinhosas, de amor, de compaixão, de alegria e de perdão, de
esperança, sei lá! E cada vez mais o grupo de seguidores aumentava. Só eu
fui chamado: os demais vieram espontaneamente. À noite, Ele foi lá em casa
para jantar, e alguns outros foram também. Foi outra demonstração da ira dos
fariseus a mim, ao rabi e seus seguidores: os fariseus perguntavam e
comentavam, em alto e bom som, que era inadmissível um rabi comer na casa
de um publicano e ao lado de pecadores.
Tornei-me um seguidor desse rabi. Seu nome era Jesus, também chamado o
Cristo. E por isso tornei-me um cristão, na linguagem do povo após a Sua
morte. Passei a ser um dos seguidores mais íntimos de Jesus – éramos doze.
O grupo todo era bem maior, mas os que conviviam 24 horas por dia com ele
eram os doze. Mais tarde, Jesus nos apelidou de apóstolos.
Essa convivência aconteceu por três anos seguidos, aproximadamente, até
Sua morte. Não sei mais quando é que passei a ser chamado Mateus, mas
confesso que gostei do novo nome.
Mais tarde, após a ressurreição de Jesus e sua ascensão ao céu presenciada
por um grande número de pessoas, passei a escrever tudo aquilo de que me
lembrava dos três anos de vida com Jesus.
Procurei relatar o que me parecia ser mais importante, e não era eu que me
lembrava – “alguém”, no meu subconsciente, me revelava o que devia ser
escrito – e tudo parecia estar voltando à realidade, como se o próprio Jesus
estivesse ao lado, narrando cada sermão proferido, cada milagre praticado,
até aquilo que eu não tinha presenciado como Seu nascimento, infância até a
fase adulta. Alguns dos Seus ensinamentos ficaram marcados mais
fortemente em minhamemória, como o sermão que ele proferiu na base de
um monte, à beira de um lago, vários milagres, e a agonia da crucificação,
quando Ele declarou ter ficado órfão de Deus Pai, carregando o pecado de
toda a humanidade, antes e depois dele.
Esses relatos foram compilados e montados em forma de livro, que poderia
atravessar a história futura até chegar a pessoas que eu nunca viria a
conhecer, quem sabe por 20 ou mais séculos. O livro se chamou “Evangelho
segundo Mateus”; nele procurei mostrar as Boas novas trazidas por Jesus
para a humanidade que se apartou de Deus desde o Jardim do Éden, pouco
tempo depois da criação.
Você pode ler o meu livro em sua própria Bíblia – é o primeiro transcrito no
Novo Testamento. Nele deixei um relato sobre minha convivência com Jesus,
procurando contar a outros qual o único caminho para a vida eterna com
Jesus.
“Que Deus o abençoe e guarde.
Que Ele faça resplandecer o Seu rosto 
sobre você e lhe conceda graça.
O Senhor volte o Seu rosto sobre você e lhe dê paz”.
(Bênção que Deus transmitiu a Moisés para Arão abençoar o Seu povo na saída do Egito -
Livro de Números cap. 6 vers. 24 a 26).
Olá, meu nome
é Maria Madalena!
Baseado no relato dos Evangelhos (Novo Testamento)
Assim que terminaram os rituais do sábado, sagrado entre nós, judeus, eu me
encontrei com algumas amigas para combinar o que poderia ser feito.
Tudo tinha acontecido muito rápido com o Senhor: prisão, julgamento,
crucificação, morte e sepultamento, em pleno período das comemorações da
Páscoa – a festa que relembrava a libertação do nosso povo da escravidão no
Egito, alguns séculos atrás. Essa também tinha sido a preleção lá na sinagoga,
com muita contrição e respeito. Só que, para muitos como eu, era uma
comemoração triste, porque o Mestre tinha sido julgado e condenado à morte
injustamente. Quem só fazia o bem como ele, não merecia ser sequer trocado
pelo grande malfeitor e assassino Barrabás, preso em flagrante e que
aguardava sua execução pelas leis romanas (o império que domina nosso
país).
Então combinei com as amigas Salomé e Maria, mãe de um dos discípulos de
Jesus, que juntaríamos nossas economias e compraríamos especiarias
aromáticas para preparar o corpo do Mestre, que não tinha recebido qualquer
tratamento desse gênero, devido à urgência com o sepultamento, porque o
sábado estava para se iniciar. A propósito, nunca estive a sós com Jesus –
sempre estive acompanhada de alguma amiga ou no grupo dos discípulos,
como convém às mulheres desse tempo e conforme nossas tradições
religiosas e culturais.
Eu tinha me tornado uma seguidora de Jesus de quem Ele expulsou sete
demônios que me dominavam, assim como aconteceu com outras mulheres,
também curadas de várias enfermidades, tudo isso ainda no início da sua
peregrinação pela Judeia e Galileia. E eu procurei as amigas porque os
discípulos tinham “sumido do mapa” na prisão, julgamento e crucificação do
Mestre, talvez temendo as autoridades romanas e o clero judaico.
Nem dormimos naquela noite, tamanha a agitação que nos ocupava na
expectativa de chegarmos ao túmulo de Jesus. De longe, já tínhamos visto
que José de Arimatéia, um dos membros do Conselho e que nem era um
discípulo declarado do Mestre, tinha levado seu corpo envolto em um lençol
de linho e o colocara em um sepulcro novinho, aberto na rocha. Depois,
vimos que os guardas romanos o tinham fechado com uma grande pedra, e lá
ficaram “montando guarda” por ordem superior. Comentava-se que alguns
dos discípulos poderiam retirar o corpo de lá, o que daria uma enorme
complicação a Pilatos que o condenara.
Quando começou a amanhecer o primeiro dia da semana, já estávamos
chegando ao sepulcro. No caminho, enquanto corríamos, estávamos
discutindo um fato esquecido até então: quem tiraria a pedra para entrarmos e
preparar o corpo do Senhor? E, quando chegamos perto, veio a grande
surpresa: a enorme pedra que fechava a entrada do sepulcro estava fora do
lugar, e a entrada estava totalmente aberta!
Não havia ninguém por perto: nem guardas, nem curiosos, ninguém.
Corajosamente eu entrei e nada vi, além do lençol dobradinho em um canto, e
um jovem com aspecto de anjo (tremi de medo ao vê-lo). Ele me disse:
“Jesus ressuscitou! Não está mais aqui! Vão e digam aos discípulos,
principalmente a Pedro, que Jesus está a caminho da Galileia, onde espera
encontrar todos”.
Toda essa história foi comentada por vários dias. E nós O vimos várias vezes,
até sua ascensão aos céus. Ele falava como antes, tinha a mesma aparência, o
mesmo corpo e vestes, só que “atravessava” paredes e portas sem abri-las, e
também comeu conosco. Só aí entendemos e cremos que Ele é o verdadeiro e
único Filho de Deus, Salvador nosso e de todo aquele que nele crê.
 
Nota do autor: para quem não sabe ainda, o sábado judaico começa às seis horas da tarde
da sexta feira e termina 24 horas depois.
Olá, meu nome é Lucas!
Baseado no Evangelho de Lucas e no livro 
Atos dos Apóstolos (Novo Testamento)
Sou médico e me tornei discípulo de Jesus, acompanhando Seu ministério.
Gosto de escrever, e tenho um amigo “chegado” chamado Teófilo, ao qual
mandei duas extensas cartas (que mais parecem dois livros!). E como é
complicado escrever nesses rolos! Será que alguém vai inventar um sistema
mais fácil no futuro?
Nesses “livros”, que foram chamados alguns anos mais tarde de Evangelho
segundo Lucas e Atos dos Apóstolos, conforme a divulgação que foi dada a
eles entre os discípulos que continuaram a obra do Mestre Jesus, procurei
descrever o que vi e o que ouvi nos relatos de testemunhas oculares dos fatos
durante os três anos do Seu Ministério terreno na Judeia e na Galileia, além
dos anos subsequentes à Sua ressurreição.
Comecei com o levantamento decorrente de pesquisas sobre a genealogia de
Jesus que fiz nos “livros sagrados” preservados de geração em geração desde
Moisés. Fui descrevendo os fatos principais, a meu ver e conforme a
inspiração e lembrança que me vinham à mente, que envolveram Jesus e seus
primeiros doze discípulos, e os que se juntaram depois, nos quais me incluí,
tudo isso entre os atendimentos médicos a que me dedicava dia a dia.
Alguns fatos me surpreenderam tais quais os que os presenciaram como a
ressurreição de mortos (como o caso de Lázaro morto e “enterrado” há quatro
dias, amigo de Jesus, e o filho de uma viúva em Naim, já a caminho do
cemitério), restauração de visão a cegos de nascença (como o “Seu”
Bartimeu) e de paralíticos (como aquele de Cafarnaum), todos por ordem ou
ação do Mestre, coisa nunca vista até então, e inexplicável pela medicina de
minha época; talvez algum dia fatos como esses possam acontecer tal o
desenvolvimento dessa ciência desde a criação do homem até os dias atuais
que dirá futuramente.
Agora, o impressionante mesmo foi a própria ressurreição de Jesus, sem
qualquer auxílio externo, no terceiro dia de sua morte na cruz. Esse fato Ele
mesmo tinha pré-anunciado algumas vezes, mas nós não entendíamos (talvez
por conta de errarmos na interpretação das parábolas que nos propunha), ou
pela simplicidade com que Ele nos expunha. Para não deixar dúvidas sobre
Sua ressurreição, Ele reapareceu por diversas vezes de forma totalmente
visível a alguns discípulos, isoladamente ou em grupo. Tinha um ar um
pouco “diferente”, por comer junto com discípulos e depois “atravessar”
paredes para aparecer de surpresa a outros, reunidos secretamente por medo
de autoridades políticas ou religiosas, as mesmas que tinham condenado e
crucificado o Mestre; parece que eles entendiam que estávamos
desobedecendo a “Lei de Moisés”, reunindo-nos para relembrar as preleções
de Jesus, o mais famoso rabi daquela época, e ainda pensando que nós
“forjaríamos” a Sua reaparição pública, para “ressuscitar” seu “Reino”.
Depois escrevi outro “tratado” ao amigo Teófilo, complementando os fatos
posteriores à ressurreição de Jesus, para conhecimento dele por fonte
fidedigna (modéstia a parte) e para levá-lo a se tornar um cristão, que era o
apelido dos seguidores de Jesus. Por isso “caprichei” nos levantamentos
históricos e procureidescrever com o maior realismo possível aquilo que vi
em todo esse tempo.
Esses relatos referem-se aos discípulos nos primeiros anos pós ressurreição
de Jesus. Alguns, também surpreendentes, como a cura de aleijados por
alguém que não tinha a menor noção do que seria a medicina, mas pelo poder
da palavra e em nome de quem fazia aquilo (Jesus), a propagação do
evangelho pela Ásia menor, atingindo até a Itália, mesmo com os pequenos
recursos disponíveis (navegação a vela), mas sempre com “calor no coração”,
para divulgar a mensagem de salvação e de vida eterna.
Eu sou Lucas, chamado de médico amado. Procure ler meus livros no Novo
Testamento bíblico. Minha oração é que você encontre também a salvação
através do sacrifício de Cristo na cruz também em seu lugar.
Olá, meu nome é Marta!
Baseado nos Evangelhos (Novo Testamento)
Lá em Betânia, na Judeia, no povoado em que eu morava com Maria e
Lázaro, meus irmãos, não era comum receber a visita de rabis. Mas, uma vez
aconteceu que Jesus chegou e se hospedou lá em casa. Foi maravilhoso ouvir
suas preleções, participar da conversa com Ele, e ter elucidado tantas dúvidas
de natureza religiosa que tínhamos! Assim ficamos amigos, de modo que vez
ou outra, Ele aparecia lá em casa.
Acontece que Lázaro, meu irmão, ficou muito doente, desenganado pelos
médicos. E, no desespero, mandamos um recado a Jesus, que não estava
longe de Betânia, para que Ele nos acudisse com sua presença e poder, já que
muitos milagres Ele tinha feito, e era só o que se comentava em todo o
povoado.
Mas Jesus demorou em nos atender (pensei na possibilidade de um
apedrejamento programado pelos nossos conterrâneos que o desprezavam), e,
quando chegou, Lázaro já estava morto há quatro dias. Nunca perguntamos
por que Ele havia demorado. Quando soube que Ele estava chegando, deixei
os amigos de Jerusalém e vizinhanças que vieram nos consolar, e corri ao seu
encontro, antes mesmo que entrasse no povoado.
Eu sempre soube que Jesus poderia tê-lo curado, se quisesse, e eu declarei
isso a Ele. Sabem qual foi sua resposta? Ele disse: “Seu irmão vai
ressuscitar!” Então, eu confirmei que cria nisso, porque a ressurreição
aconteceria no dia do Juízo Final, como previsto na Lei e nos Profetas.
Mas aí Ele fez uma declaração fantástica: “Eu sou a ressurreição e a vida.
Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá! E quem vive e crê em mim,
não morrerá novamente! Você, Marta, crê nisso?” “Sim, Senhor. Eu creio”,
respondi. Maria, minha irmã também tinha se juntado a nós. Com Maria
também chegaram algumas pessoas do povoado, porque acharam que ela
tinha saído para chorar, outra vez, no túmulo de Lázaro. De fato ela chegou
chorando, e Jesus nos abraçou, comovido.
Então, fomos ao sepulcro. Quando lá chegamos, Jesus também chorou, coisa
que eu nunca tinha visto antes nem depois desse dia. Isso também comoveu
as pessoas que nos acompanhavam. Passado esse tempo de choro, tristeza e
dor íntima, Jesus disse, em tom de ordem, que fosse removida a pedra que
fechava o sepulcro. Eu logo me antecipei para “lembrar” o Mestre que
reconsiderasse, porque Lázaro já estava lá há quatro dias, e que o corpo devia
estar cheirando mal, e que isso ia dar o que falar no povoado.
“Eu não perguntei se você cria, Marta?”, perguntou Jesus. “Se não tirarem a
pedra ninguém poderá ver a Glória de Deus”. Então a pedra foi rolada para o
lado, deixando aberto o acesso ao sepulcro. E Jesus orou ao Pai, agradecendo
a oportunidade de mostrar seu poder aos incrédulos que assistiam à cena. E,
então gritou: “Lázaro, venha para fora!”
Alguns momentos de tensão e de vozerio dos presentes, surpresos com o
desenrolar dos acontecimentos. E aí, alguém, envolto em panos da cabeça aos
pés, veio se arrastando lá de dentro até a entrada do sepulcro. Jesus mandou
que soltassem os panos e liberassem meu irmão, para que se movimentasse
livremente. E Lázaro sorriu!
Grande alegria nos contagiou a partir daquele instante. Meu irmão esteve
doente, morreu e foi ressuscitado. Nem uma sequela, nem mau cheiro, nada,
nada! Nós nos abraçamos, os quatro, e louvamos a Deus pelo milagre que Ele
tinha operado. Ele mostrou que tinha algo bem maior do que curar um
enfermo – era dar a vida a um discípulo amado.
Olá, meu nome é Zaqueu!
Baseado no Evangelho de Lucas (Novo Testamento)
Desde pequeno, sempre fui motivo de chacota dos colegas, parentes e outros,
por eu ser pequeno. Eu não era e nem sou anão. Mas isso sempre me
acompanhou porque continuo baixinho. E isso não era nem é normal entre as
pessoas, sejam adultas ou crianças, nesta época. Claro que esse fato me
trouxe tristezas e até complexos, mas de certa forma me deu uma vantagem
na vida.
Certo dia, um médico e escritor, famoso pelas redondezas onde eu moro,
procurou-me para relatar ou confirmar uma história que se contava sobre
mim, não só em Jericó, minha cidade, mas fora dela também. Como se sabe,
Jericó é uma pequena cidade mais ou menos ao norte de Jerusalém, a capital
de Israel. Talvez por essa proximidade, tenha chegado ao seu conhecimento,
com versões variadas, falsas e até surreais um fato ocorrido tempos atrás,
envolvendo – me.
O nome do médico é Lucas, que se apresentou a mim como discípulo de
Jesus Cristo. E isso tornou mais fácil a nossa conversa. Ele disse que tinha
acompanhado o Mestre em varias ocasiões, eventos, viagens, e que passou a
ser discípulo por aceitar que Jesus era quem havia sido anunciado pelos
profetas como o Messias, desde o Edem. Ele disse que tinha presenciado
muitos milagres e curas feitos por Ele, coisas que estavam muito acima da
capacidade da medicina de então executá-las.
Por isso vinha coletando outros fatos acontecidos com o Mestre, sem a sua
presença, buscando relatar apenas os fatos verídicos, por isso estava me
procurando. Todo mundo já sabia da morte e ressurreição de Jesus, mesmo
sem ter estado lá em Jerusalém, porque as notícias correm rapidamente, e por
isso mesmo tive a oportunidade de pedir a Lucas que me contasse também o
que me parecia estranho e irreal, como ocorreu a ressurreição. Nós não
tínhamos, nem temos ainda, meios de comunicação a não ser por cartas (que
demoram “um século” para chegar ao destino) ou boca-a-boca, correndo o
risco de ser adulterada a história ou o fato relatado.
Procurei relatar a ele o meu encontro com Jesus num dia em que Ele passava
por Jericó. Tudo era feito a pé, porque havia pouca possibilidade de se ter um
animal de montaria ou de carga para levar as pessoas. Talvez seja essa a
razão de as cidades e vilas serem próximas umas das outras – era para dar
tempo de chegar a um destino, mesmo que intermediário, para o pernoite e
prosseguir na manhã seguinte. Viajar à noite era e é um risco enorme de
assaltos, ataque de animais ferozes etc.
A história que contei foi assim: “Eu já tinha ouvido falar de Jesus, que era de
Nazaré, portanto galileu, bem ao norte da Judeia, onde estamos. Ele era um
Rabi dos mais conhecidos, e com ao menos três diferenças dos demais: tinha
a fala mansa e sábia, era curador de enfermidades e autor de vários milagres,
e seguido por uma multidão que não arredava o pé. Sempre que ouvi histórias
a respeito dele me coloquei no patamar das incertezas, da falta de
credibilidade, porque pareciam fantasiosas.
Meu emprego de publicano bem sucedido me levou a chefe da equipe de
Jericó, mas com o sentimento de repulsa e ódio de meus conterrâneos, porque
achavam que eu os roubava na coleta de impostos para o Império Romano
que já nos dominava na época. Não quero dizer que estavam ou não certos
quanto ao ódio, mas certamente era exagerado. Isso me colocou na contramão
da sociedade local: eu não tinha amigos! Dava para ouvir o comentário das
pessoas nas ruas quando eu me aproximava delas – “Lá vem o publicano”.
Quando ouvi que Jesus vinha a Jericó, ou ao menos passaria por aqui,
procurei imaginar o itinerário, porque eu queria vê-lo. Mera curiosidade, sei
lá. Mas todo mundo queria isso, e eu também. O que eu não contava era com
a multidão compacta que não dava a chance de vê-lo: apenas eu sabia que Ele
estava lá no meio.Avaliei o caminhar do grupo, lentamente, na direção da praça, e corri para lá,
achando que teria a chance esperada. Tudo era curiosidade, como se as
pessoas estivessem correndo para ver uma alta autoridade em visita à cidade.
Na praça não havia ninguém ainda, e por isso me arrisquei subindo numa
figueira brava (a mais alta da praça), e lá me acomodei, aguardando a
aproximação do grupo, e achando que ninguém me veria lá no alto.
Mais ou menos umas duas horas depois chegou o cortejo e... parou bem
debaixo da figueira. E eu O vi em meio a um clarão na multidão! Era um
homem que falava, apontava, sorria, ficava sério, enfim, um homem normal.
Alguns tentavam tocá-lo ou em suas vestes. Não dava para ouvir a sua voz,
porque na multidão estavam muitos que apenas conversavam e nem
prestavam atenção ao que Ele dizia. Essa parada da multidão, talvez a pedido
dele, deixou-me nervoso com o que poderia acontecer. Eu estava “quase
invisível” lá na árvore. De repente a multidão foi parando de conversar e
gerando um silêncio. A essa altura, qualquer palavra dele era audível, sem
que Ele precisasse forçar o volume.
E aí... Ele olhou para cima! Ainda calado, mas com os olhos fixos em minha
direção. Eu não fazia a menor idéia do que aconteceria, então. Aí Ele disse:
“Zaqueu, desça depressa. Quero ficar em sua casa, hoje!” A essa altura,
todos já tinham me visto e reconhecido, lá na árvore. Não sei como Ele soube
meu nome, como adivinhou que eu estaria lá, que eu queria vê-lo passar.
Também não sei como foi que eu desci da figueira, mas sei que foi muito
rápido, e eu me apresentei a Ele no meio da multidão. Aí seguimos lá pra
casa.
Receber uma pessoa de grande importância em casa para uma refeição, e
ainda pouso, é o máximo que alguém pode desejar neste país. Isso gera uma
tremenda “dor de cotovelo” nos vizinhos e nos homens públicos,
principalmente. O costume local é que só entram os convidados na casa,
ficando os demais lá fora, tratando de ouvir o que se fala “dentro” e de ver o
que é servido.
Procurei servir a Jesus da melhor maneira que pude, principalmente porque
não houve nenhum preparativo anterior. Uma visita inesperada de alguém
que se tinha ouvido falar, mas não era meu conhecido nem amigo, foi tudo
uma surpresa!
- Isso foi tudo?, perguntou Lucas. E eu continuei: “Não! Houve algo muito
melhor, porque pude conversar com Ele! Do lado de fora falavam ‘alhos e
bugalhos’ sobre esse “acontecimento inusitado”, e porque o famoso Rabi se
hospedou em casa de um publicano, um pecador como eu. O Mestre me
mostrou o lado de amor do Pai Celeste por mim, de perdão pelos meus
(inúmeros) pecados, outros assuntos espirituais, valores do Seu Reino, enfim,
um papo muito bom.”
Ao final do jantar, eu me levantei, pedi silêncio aos presentes porque queria
fazer uma declaração. Eu disse, dirigindo-me a Jesus: Mestre! Vou dar aos
pobres a metade dos meus bens. E se alguém reclamar que o fraudei na
cobrança de impostos em meu próprio benefício vou restituir esse valor
multiplicado por quatro. E Jesus respondeu imediatamente: - Hoje veio
Salvação a esta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão, nosso
patriarca. Porque o Filho do Homem (referindo-se a Ele mesmo) veio buscar
e salvar quem estava perdido. E continuamos a conversa até a noite. No dia
seguinte, levantou-se e seguiu seu caminho.
- Essa é a verdadeira história, Lucas. Tudo o que eu disse é verdade e dou fé.
Então Lucas se despediu e se foi. Nunca mais o vi, mas espero que ele tenha
concluído seu levantamento sobre a vida e obra de Jesus Cristo, o Mestre dos
Mestres, e Salvador dos pecadores assim como eu mesmo. Quem sabe, algum
dia no futuro, alguém lerá minha história e se converterá dos seus maus
caminhos. Amém!
Olá, meu nome é João!
Baseado no Evangelho de João e 
no livro do Apocalipse (Novo Testamento)
Vivi no primeiro século da era cristã na Judeia, perto do Mar da Galileia,
parte do território de Israel e Palestina atuais. Meu irmão Tiago, nosso pai
Zebedeu e eu éramos pescadores. Apesar da pequena formação literária
familiar, escrevi dois livros: o Evangelho de Jesus Cristo segundo João, e o
Apocalipse, que estão inseridos no cânon sagrado, a Bíblia. No primeiro livro
(O Evangelho), você pode saber mais um pouco a meu respeito (assim como
nos demais evangelhos da Bíblia), além de saber o que vi, ouvi e do que
participei em minha vida com Jesus. No segundo (O Apocalipse), estão as
revelações que recebi do próprio Deus, incluindo visões da vida futura.
 
Certo dia, em nossa atividade de pesca com meu pai e meu irmão, passou por
nós um homem que me chamou, assim como a meu irmão. E nós o seguimos,
largando tudo para trás – pai, tralha, trabalho, barco, redes e os peixes
pescados. Convenhamos que ninguém em sã consciência seguiria a alguém
que o chamasse, sendo um desconhecido! Os rabis, na época, se tornavam
conhecidos e reconhecidos, porque se destacavam nas sinagogas (as igrejas
de então), no conhecimento da lei e dos profetas (os livros eram manuscritos
“editados” pelos escribas, contratados para copiar os textos). E nós já
tínhamos ouvido falar a respeito desse rabi em nossa vila. Seu nome era Jesus
Cristo, e era tido como um dos melhores: nós o chamávamos Mestre. Meu
pai, que nem foi consultado sobre a nossa liberação em segui-lo, tinha nos
prevenido sobre a necessidade de nos aproximarmos de um rabi, porque isso
dava um “up grade” em nossa educação religiosa. Quando o Mestre nos
chamou, nem voltamos para casa para fazer malas e dar um “tchau” para a
mamãe!
Segui o Mestre por três anos (nossas andanças incluíam várias viagens a pé,
por falta de um meio de transporte, que era privilégio de ricos, poderosos e
oficiais do governo); tudo que aprendi mudou minha vida por completo.
Participei dessa peregrinação com outros dez companheiros (além do meu
irmão), todos de formação bem simples, mas religiosos como eu, e Ele nos
chamava discípulos (posteriormente passamos a ser chamados de apóstolos*),
recebendo instrução, cultura, informações sobre comportamento, e até
milagres fizemos por sua ordem.
Presenciei inúmeros milagres da parte dele com coisas, pessoas e até
ressuscitação de mortos. Assim foi na multiplicação dos pães e peixes (duas
vezes), alimentando uma multidão de curiosos e famintos que o procuravam
para obtenção de alguma bênção – só que ele tinha sempre algo a falar sobre
a vida espiritual e seu ministério na terra como o Filho de Deus, encarnado.
Outra vez, em plena tempestade que nos alcançou durante a travessia do Mar
da Galileia em um barco, ele andou sobre as águas turbulentas, na noite
escura – o companheiro Pedrão, sempre atrevido, propôs-se a ir ao seu
encontro também andando sobre o mar, e conseguiu por certo trecho, sendo
salvo pelo Mestre quando afundou e pediu socorro. Não entendi porque
Pedro não saiu nadando; aliás, ele era tão pescador como eu, e sabíamos nos
safar quando em dificuldades no barco ou quando a rede enroscava no fundo.
Estive bem próximo do Mestre em várias situações (os companheiros diziam
que eu era o discípulo a quem Jesus mais amava), umas prazerosas e outras
bem difíceis. Na celebração da Páscoa, quinta à noite depois de cear, Jesus
revelou que alguém do grupo o trairia. Pedro, sempre ele, me chamou à parte
e pediu para obter do Mestre a informação de quem seria. Ninguém podia
acreditar nas palavras de Jesus quando se referia à sua morte próxima, e por
isso fomos “surpreendidos” quando aconteceu sua prisão, o julgamento
tendencioso e a crucificação na sexta feira, horrível método de pena de morte
dos romanos, que nos dominavam há anos. Alguns colegas tinham fugido
nessa ocasião, mas eu estava lá, perplexo, a certa distância da cruz. Então ele
me chamou, antes de morrer, e entregou sua mãe, Maria, a meus cuidados, e
ela se mudou lá para a nossa casa.
Meus últimos anos de vida foram em Patmos, ilha do Mediterrâneo perto da
Grécia, onde estive degredado. Recordei tudo o que aconteceu nos três anos,
como se tivesse acontecido ontem, e escrevi O Evangelho, procurando relatar
os fatos com o maior número de detalhesque pude lembrar. Além disso, tive
revelações, lá na ilha, que procurei passar aos outros discípulos sobre a vida
cristã ideal e o futuro previsto por Deus para suceder nossa vida terrena,
“post-mortem”. Vale a pena ler lá no Apocalipse, o último livro da Bíblia.
Espero que nos encontremos naquelas mansões celestiais que mencionei lá no
livro. Por enquanto, fiquem com a minha bênção: “A graça do Senhor Jesus
seja com todos vocês. Amém!” (N. A.: confira no livro do Apocalipse cap. 22
vers. 21).
 
Nota do Autor: Discípulo – aquele que segue alguém, como aluno; Apóstolo – discípulo, o
que transmite a outros o que aprendeu.
 
Olá, meu nome é Paulo!
Baseado no livro de Atos dos Apóstolos 
(Novo Testamento)
Sempre fui chamado de Saulo, desde a infância. Nasci em Tarso, estudei com
um dos maiores professores da época, Gamaliel, e fui um dos mais ferrenhos
e violentos defensores da Lei judaica. Isso me garantia presença em qualquer
evento que significasse a prisão ou mesmo a execução de algum dos
seguidores do Caminho. Esse pessoal fazia questão de mostrar o lado inverso
da Lei que eu defendia, praticando atos que confrontavam nossos costumes.
Diziam-se discípulos de um tal Jesus Cristo, que aliás já tinha morrido
crucificado em Jerusalém, na véspera de um das comemorações e rituais da
Páscoa. Alguns diziam que Jesus tinha ressuscitado. Mas, isso mais parecia
uma história impossível, porque ele não está mais andando por aí.
Outro dia foi identificado um desses, de nome Estêvão, que era um dos
maiores entre os adeptos do Caminho. Estive lá assistindo seu apedrejamento,
e até guardei as vestimentas daqueles que agiam em favor da Lei judaica! Um
tipo estranho esse Estêvão – não reagiu, mas procurou prostrar-se em oração,
enquanto era ferido, até que morreu quase soterrado pelas pedras atiradas.
Nunca mais me esqueci dessa cena! Depois, recebi documentos que me
autorizavam a viajar a Damasco e lá encontrar outro grupo desses dissidentes,
para prendê-los e levá-los a Jerusalém, por bem ou por mal.
Hoje voltei a enxergar e me disseram que fiquei cego por três dias, nos quais
não comi nem bebi; apenas orei. Ainda estou meio tonto com a luz do dia, e
atônito com o acontecido. Só me lembro de que estava montado em meu
cavalo, quando uma luz fortíssima acendeu diante de mim; perdi o equilíbrio
e caí no chão. Eu estava ansioso para concluir minha tarefa como havia sido
programada, e falei como se alguém tivesse me atingido com aquela luz: -
Quem é? Quem está aí? O quer que eu faça?
E aí, “Ele” falou comigo: “Eu sou Jesus a quem você está perseguindo.” E
completou que eu devia ir a Damasco, e que outra pessoa me procuraria lá.
Meus companheiros de viagem me ajudaram e eu fui levado. Eles também
disseram que ouviram aquela voz, mas que não viram ninguém.
O fato é que agora estou em Damasco, em casa de um senhor Judas na Rua
Direita, e que na minha frente está outro senhor, Ananias. Ele veio até mim,
chamou-me de irmão Saulo, senti suas mãos sobre a minha cabeça e ouvi
uma oração. Ao final da oração, senti uma coceira nos olhos, esfreguei-os e
percebi que voltara a ver, e que umas escamas como de peixe estavam saindo
em meus dedos.
Essa experiência mudou minha vida completamente – foi uma guinada de
180 graus! Decidi aceitar a Cristo como meu guia. E agora eu tenho que
contar para outros o que me aconteceu de maravilhoso e levar essa mensagem
por onde eu puder passar. Afinal, posso aproveitar o trânsito livre que tenho
em muitos lugares. É claro que vou incomodar as autoridades eclesiásticas,
mas quem disse que eu me importo? Estou disposto a comunicar, como vi
Estêvão fazer até sua morte.
Até meu novo nome, Paulo, caiu no agrado dos que me cercam. Eu também
gostei.
Olá, meu nome é José!
(MAS PODEM ME CHAMAR DE BARNABÉ)
Baseado no livro dos Atos dos Apóstolos (Novo Testamento)
Nasci em Chipre, ilha do Mediterrâneo, no primeiro século da era cristã, e
tive uma vida tranquila, financeiramente falando, e agitada, pelo lado
religioso. Fui levita (aqueles que administravam o Templo e copiavam as
Sagradas Escrituras, principalmente as Leis que Deus entregou a Moisés logo
na saída do povo que estava escravizado no antigo Egito). Participei
ativamente do início da “nova” igreja em Jerusalém, dirigida por Pedro e os
demais apóstolos.
Fui eu quem levou Saulo, o maior perseguidor da causa cristã nessa época,
aos apóstolos em Jerusalém que o tinham rejeitado por medo de sua
conversão ser uma farsa para “pegar” o grupo todo (ele já tinha participado
da morte de Estêvão, entre outros). Mas, pela minha palavra, ele foi
incorporado à equipe e passou a ser um dos maiores pregadores do
Evangelho de Jesus Cristo nessa época.
Quando surgiu o episódio da recusa na aceitação de estrangeiros não judeus
na Igreja em Jerusalém, em que Pedro se posicionou a favor do ingresso
desses chamados gentios, fui enviado como “missionário” a Antioquia, onde
estrangeiros convertidos (e judeus foragidos da perseguição religiosa)
estavam pregando a mesma mensagem aos conterrâneos gregos, não judeus.
Nessa época, eu já era chamado na igreja de Jerusalém de Barnabé, que
significava: encorajador e ajudador; e esse apelido foi posto à prova a partir
daí.
Quando cheguei a Antioquia, já havia por lá uma igreja de convertidos à nova
fé, que tinham sido apelidados de cristãos, bem pejorativo naquela época por
ser um aumentativo de Cristo, nosso Salvador e Mestre. Em outros lugares, o
nome da “nova religião” era O Caminho.
Como o cuidado com as pessoas era muito grande para um só, fui a Tarso e
trouxe Saulo comigo; enquanto eu cuidava dos novos convertidos, ele me
auxiliava na tarefa da pregação. Chamei também meu primo João Marcos
como auxiliar, filho da tia Maria, em cuja casa se reunia em oração e
comunhão uma parte da nova Igreja em Jerusalém; ele era o mesmo que
escreveu o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Fui chamado pelos primeiros cristãos de apóstolo (nome dado aos que
estiveram acompanhando Jesus), profeta e mestre; pela população de Listra
fui chamado até de Zeus, um deus grego encarnado, por causa do milagre de
cura de um paralítico desde o nascimento.
Minha parceria com Saulo, depois chamado Paulo, durou alguns anos. Ele,
impetuoso, querendo a conversão de todo mundo, e eu, mais moderado,
buscava consolidar a fé dos novos convertidos; viajamos por toda a região
com a mesma missão: pregar as boas novas de salvação e organizar várias
igrejas.
Alguns contemporâneos causaram grande impacto na sociedade, entre a
população em geral e até entre as autoridades políticas; uns com sacrifício e
morte (como o companheiro Estêvão, diácono da igreja em Jerusalém),
outros com prisão e torturas (como Paulo e Silas), mas todos com
oportunidade de testemunhar a fé diante de reis (como Agripa), governadores
(como Félix e Pérsio Festo) e pró-cônsules (como Sérgio Paulo).
Parte da minha história foi relatada pelo companheiro Lucas, o médico
amado, em um tratado que mandou a um amigo, Teófilo, para contar como
Deus agia, depois da ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, Seu filho,
através das pessoas que tinham se rendido a Ele como Salvador e Senhor de
suas vidas.
Este é apenas um resumo da minha história. Veja toda a história no livro dos
Atos dos Apóstolos e em algumas cartas de Paulo às igrejas que tinham sido
criadas fora de Israel. Alguns tentam atribuir a mim a autoria do livro aos
Hebreus, mas isso fica para conferir depois, na Eternidade.
 
Olá, meu nome é Pedro!
Baseado nos Evangelhos e no livro 
de Atos dos Apóstolos (Novo Testamento)
Acho que fui o discípulo mais “trabalhoso” para o Mestre. Tenho para mim
que o nome Pedro que me foi dado pode ter uma relação com pedra e “cabeça
dura”, daqueles que precisam testar e experimentar coisas novas, e não
acreditam sem ver.
Meu nome original, Simão, foi válido até entrar na idade adulta, quando me
tornei pescador, auxiliando os familiares que compunham uma
“microempresa” de pesca. Nosso local de pesca era o Lago de Genesaré, de
onde tirávamos o sustento da casa.
Quando Ele apareceu lá

Continue navegando