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Disciplina: Fisiologia Humana Aula 7: Miocárdio e fatores que determinam o rendimento cardíaco Apresentação A perfusão tecidual apropriada é garantida pela manutenção da força motriz da circulação – falamos da pressão arterial (PA) - em níveis adequados e razoavelmente constantes ao longo de toda a vida do indivíduo, esteja ele em repouso ou desenvolvendo diferentes atividades comportamentais. A PA é uma variável física (expressa em força/unidade de área) que depende do volume sanguíneo contido no leito arterial. Ela é condicionada por fatores funcionais que definem, momento a momento, a entrada de sangue no compartimento arterial - débito cardíaco (DC) - e sua saída desse compartimento - resistência periférica (RP). O DC, que depende da frequência cardíaca (FC) e do volume sistólico (VS), é determinado pela contratilidade combinada com a pré-carga e a RP. Por sua vez, a pré-carga - ou retorno venoso (RV) depende do volume sanguíneo (volemia) e de vários mecanismos que condicionam o retorno do sangue ao coração, como a capacitância venosa (CV). Avaliaremos nesta aula como os mecanismos que regulam a PA o fazem por meio de alterações instantâneas de CV, RV, DC (FC × VS) e RP ou de alterações mais a longo prazo da volemia. Objetivos Identificar os fenômenos relacionados ao ciclo cardíaco; Determinar os fatores específicos para a eficiência do débito cardíaco e do retorno venoso; Reconhecer os mecanismos responsáveis pela regulação da pressão arterial (PA). Estrutura do músculo cardíaco O tecido cardíaco pode ser dividido em três camadas: Porção média: Miocárdio (considerada a maquinaria contrátil do coração, é a maior camada). Porcão interna: Endocárdio. Porção externa: Pericárdio (dividido em duas camadas, uma fibrosa e outra serosa, responsáveis pela fixação e sustentação do coração na parede torácica). O sinal para a contração do miocárdio atrial e ventricular, conforme mencionamos na aula anterior, é modulado pelo sistema nervoso central, porém é originado por células autoexcitáveis provenientes do sistema de condução. Embora o músculo cardíaco seja considerado estriado pelas características de sua microestrutura, ele difere significativamente do músculo estriado esquelético tanto em termos de estrutura como de função. Entre suas principais diferenças, podemos destacar as seguintes: 1 As fibras do músculo estriado cardíaco são muito menores que as estriadas esqueléticas, com apenas um núcleo por fibra. 2 As células musculares cardíacas ramificam-se com as células vizinhas, criando uma conexão complexa entre as fibras (figura 1). Essa conexão é mantida graças à presença de diversos discos intercalares denominados junções comunicantes ou gap junctions. 3 As junções comunicantes permitem que ocorra o tráfego de íons de célula a célula. Por esse motivo, o coração trabalha como um sincício funcional: quando uma célula for estimulada, todas também o serão quase que simultaneamente. 4 Os túbulos T das células miocárdicas são maiores que os do músculo esquelético e se direcionam para o interior das células miocárdicas. Figura 1: Distribuição das células estriadas cardíacas (miocárdicas) contendo um único núcleo. Elas são ligadas umas às outras por junções especializadas conhecidas como discos intercalares. Fonte: (SILVERTHORN, 2010) 5 O retículo sarcoplasmático miocárdico é menos desenvolvido em comparação ao do músculo esquelético; por isso, o músculo cardíaco depende, em parte, do Ca extracelular para iniciar a contração.2+ 6 As mitocôndrias ocupam cerca de 40% do volume citoplasmático de uma fibra contrátil cardíaca. Isso se deve à grande demanda energética dessas células. Acredita-se que o músculo cardíaco consegue consumir aproximadamente 75% do oxigênio levado até ele, mais do que duas vezes a quantidade extraída por outras células do corpo. Dica Em situações específicas, quando ocorrer o aumento da necessidade de oxigênio pelo miocárdio (por exemplo, durante o exercício físico), o tecido cardíaco consumirá quase todo o oxigênio que fluir nas artérias coronárias (direita e esquerda). Assim, o aumento do fluxo sanguíneo miocárdico é o único mecanismo responsável por garantir mais oxigênio para o músculo cardíaco no exercício. Por outro lado, quando ocorrer a redução do fluxo sanguíneo miocárdico devido ao estreitamento de um vaso coronariano, a um coágulo ou ao remodelamento vascular (aterosclerose), isso poderá causar danos ou levar células miocárdicas à morte (infarto do miocárdio). Acoplamento excitação - contração do miocárdio Previamente, vimos que a excitação do músculo esquelético precisa da acetilcolina liberada do neurônio motor somático, pois ela estimula o potencial de ação e dá início ao acoplamento excitação - contração (AEC). No músculo cardíaco, de maneira semelhante, esse potencial também inicia o acoplamento EC. Contudo, o potencial de ação origina-se espontaneamente nas células com atividade marca-passo no coração, propagando-se para as células vizinhas através das junções comunicantes. Outros aspectos do AEC cardíaco são similares aos processos encontrados na contração dos músculos esquelético e liso. Figura 2: Etapas relacionadas ao acoplamento excitação-contração (AEC) do músculo estriado cardíaco. Fonte: (SILVERTHORN, 2010) O AEC se inicia através de um potencial de ação que trafega pela membrana do músculo estriado cardíaco. A partir daí, se move pelo sarcolema e penetra nos túbulos T, onde abre os canais de Ca dependentes de voltagem tipo L na membrana das células (figura 2). 2+ O Ca entra nas células através desses canais, movendo-se a favor do seu gradiente eletroquímico. A entrada de Ca promove a abertura dos canais liberadores de Ca do tipo rianodínico 2 (RyR2) localizados no retículo sarcoplasmático. Esse processo do AEC no músculo cardíaco é também chamado de liberação de Ca -induzida pela entrada de Ca . Quando os canais RyR2 abrirem, o Ca estocado fluirá em direção ao citoplasma da célula. Nesse momento, o Ca irá desempenhar o mesmo papel do AEC (abordado anteriormente) no músculo esquelético, promovendo a contração do miocárdio. A liberação de cálcio Ca do retículo sarcoplasmático fornece aproximadamente 90% do Ca necessário para a contração muscular, enquanto os 10% restantes entram na célula a partir do líquido extracelular. 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ O Ca difunde-se pelo citosol para as proteínas contráteis, onde se liga à troponina C e inicia a interação e movimento das pontes cruzadas. (AIRES, 2012, p. 442) Na figura 2, observamos também as etapas que ocorrem no relaxamento do músculo cardíaco (etapas 7, 8, 9 e 10), geralmente bem similares às do músculo esquelético. Com a diminuição das concentrações citoplasmáticas de Ca , o Ca desliga-se da troponina, liberando a interação entre a actina e a miosina, enquanto os filamentos contráteis deslizam de volta para sua posição relaxada. Como no músculo esquelético, o Ca é transportado de volta para o retículo sarcoplasmático com a ajuda da Ca -ATPase do tipo 2 (SERCA2). No entanto, no músculo cardíaco, o Ca também pode ser removido de dentro da célula pelo trocador Na / Ca (NCX), embora sua contribuição seja bem menor que a SERCA2 na redução das concentrações citoplasmáticas de Ca . (SILVERTHORN, 2010, p. 450) 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ + 2+ 2+ Ciclo cardíaco Fonte: HCL Learning / Youtube <https://www.youtube.com/watch?v=qmpd82mpVO4> . A cada geração de um potencial de ação espontâneo pelo nodo sinusal, inicia-se um novo ciclo cardíaco. Esse ciclo, portanto, refere-se ao período compreendido entre os inícios de um batimento cardíaco e do batimento a seguir. Resumidamente, o ciclo cardíaco pode ser dividido em sete fases (figura 3): https://www.youtube.com/watch?v=qmpd82mpVO4 Figura 3: Ciclo cardíaco. Relação temporal entre as pressões atrial, ventricular e aórtica, o volume ventricular, o eletrocardiograma e o fonocardiograma. Os valores de pressão, fluxo e volume ventricular referem-se ao ventrículo esquerdo. Fonte: (GUYTON; HALL, 2014) Contraçãoatrial; Contração isovolumétrica ventricular; Ejeção ventricular rápida; Ejeção ventricular lenta; Relaxamento isovolumétrico ventricular; Enchimento ventricular rápido; Enchimento ventricular lento. Clique nos botões para ver as informações. O ciclo cardíaco inicia-se com a excitação atrial e com a indicação da onda P no registro eletrocardiográfico (ECG). A elevação da pressão atrial durante a contração origina a onda a (figura 3). O enchimento ventricular se inicia antes dessa fase, na qual notamos que a curva de volume intraventricular sofre pequena elevação com a contração atrial. A pressão aórtica diminui progressivamente durante a diástole ventricular, pois o sangue flui dos grandes vasos arteriais em direção à periferia. Um detalhe interessante: quando a frequência cardíaca estiver baixa, a contribuição da sístole atrial para o enchimento ventricular será pequena, uma vez que a maior parte do enchimento ocorre de modo passivo pela abertura das valvas atrioventriculares. Entretanto, quando a frequência cardíaca aumentar, ocorrerá uma grande redução no tempo diastólico. Nessas condições, a contração atrial passa a exercer um papel cada vez mais importante para o enchimento ventricular. Contração atrial Quando a despolarização atingir as células do ventrículo esquerdo, terá início o complexo QRS no ECG seguido da sístole ventricular. Podemos observar aqui um rápido aumento da pressão intraventricular, fato que promoverá o fechamento da válvula mitral e, como consequência, a primeira bulha cardíaca (primeiro ruído no fonocardiograma). A elevação da pressão atrial, nesse momento, produz a onda c no pulso venoso. No período de tempo em que as valvas mitral e aórtica permanecerem fechadas, a sístole ventricular ocorrerá sem haver alteração de volume nessa câmara. Por essa razão, esta fase da sístole é denominada contração isovolúmica. O aumento progressivo da tensão na parede ventricular, em decorrência da fase sistólica, produz rápido aumento da pressão intraventricular. No momento em que essa pressão superar a que ocorre na aorta – PAD de 80 milímetros de mercúrio (mmHg) -, a valva semilunar aórtica se abrirá, começando a ejeção de sangue da cavidade ventricular para a aorta. Contração ventricular isovolumétrica No momento em que a pressão ventricular ultrapassar a faixa de 80 mmHg da pressão aórtica, ocorrerão simultaneamente o fechamento das valvas atrioventriculares e a abertura das valvas semilunares. Com a abertura da valva, inicia-se a fase de ejeção ventricular, que possui um componente inicial rápido (cerca de 0,11 segundo) seguido por uma ejeção mais lenta (cerca de 0,13 segundo). Isso se deve às subdivisões rápida e lenta próprias desta fase, na qual observamos: Ocorrência do aumento da pressão intraventricular; Declínio da curva de volume intraventricular (figura 3). Como a entrada de sangue na aorta ocorre mais rapidamente do que a passagem dele para as artérias menores, a pressão aórtica, até então reduzida (80mmHg), agora irá aumentar até atingir um valor máximo (120 mmHg) próximo da metade do tempo de ejeção ventricular. Essa pressão máxima é referida como pressão arterial sistólica (PAS). A partir desse momento, o miocárdio ventricular inicia a fase de repolarização conforme se constata pela presença da onda T no ECG. (GUYTON; HALL, 2014, p. 425) Ejeção ventricular (rápida e lenta) Atenção A pressão intraventricular encontra-se menor que a pressão aórtica, mas a ejeção continua com fluxo menor que na fase inicial. Essa ejeção é mantida pela alta aceleração do sangue na contração ventricular da fase anterior. A rápida queda da pressão na cavidade ventricular leva ao fechamento da válvula aórtica, terminando assim o período de sístole e a ejeção ventricular. Cabe ressaltar que nem todo volume contido no ventrículo esquerdo é ejetado, ficando uma certa quantidade de sangue no interior da cavidade ao final da sístole. Essa quantidade é denominada volume diastólico final (VSF). Durante a sístole em indivíduos normais em repouso, cerca de 80 mililitros (ml) de sangue são ejetados (volume de ejeção ou volume sistólico), enquanto 35 ml permanecem no ventrículo esquerdo, o que corresponde a uma fração de ejeção da ordem de 0,7 ou 70% (fração de ejeção = volume sistólico ÷ volume diastólico final). Ao término da fase de contração ventricular, nota-se uma onda de pressão atrial (denominada v) que representa o acúmulo de sangue nos átrios quando as valvas atrioventriculares estiverem fechadas ao longo de todo o período de contração ventricular. (GUYTON; HALL, 2014, p. 426) De modo similar à contração isovolumétrica, nesta fase as duas valvas (atrioventriculares e semilunares) encontram-se fechadas: por mais que a pressão intraventricular esteja sofrendo grande redução, não haverá variação de volume, fator denominado relaxamento ventricular isovolumétrico. Isso marcará então o início da diástole. O valor da pressão ventricular diminui rapidamente devido ao relaxamento e à consequente queda de tensão ativa na parede ventricular. A pressão aórtica pouco varia por causa da elasticidade de suas paredes, mas depois decresce durante toda a diástole. A pressão atrial se eleva pelo retorno venoso e pelo fato de a valva mitral estar fechada até o momento em que a valva superar a pressão intraventricular. Quando a pressão ventricular (esquerda) ficar mais elevada que a pressão intraventricular, a válvula mitral se abrirá (a válvula aórtica continua fechada), terminando a fase de relaxamento ventricular isovolumétrica. Nesta fase, ocorre a segunda bulha cardíaca, cujo som é provocado, em grande parte, pelo contato do sangue nas valvas semilunares (aórtica), já que o sangue tenta voltar para o ventrículo esquerdo devido à grande redução de pressão nesta câmara. Relaxamento ventricular isovolumétrico Com a abertura da valva atrioventricular esquerda (bicúspide), o sangue escoa para o ventrículo esquerdo. À medida que a pressão atrial se estabiliza, logo em seguida ocorre a contração atrial. Por isso, os átrios contribuem com apenas 25% do enchimento ventricular. Esse enchimento ocorre de maneira bem rápida no início, porque o gradiente de pressão é mais elevado nesta fase inicial, favorecendo então a passagem do sangue da cavidade atrial para a ventricular. Enchimento ventricular (rápido e lento) 1 Débito cardíaco, retorno venoso e regulação da pressão arterial (PA) Débito cardíaco Representa a quantidade de sangue bombeada pelo coração durante o período de um minuto. A quantidade ejetada pelo ventrículo em cada contração (volume sistólico), em um indivíduo em repouso, é de 70 a 80 ml de sangue. Dessa forma, o débito cardíaco pode ser calculado pelo seguinte cálculo: produto do volume sistólico (VS) × frequência cardíaca (FC). http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0057/aula7.html Exemplo Se considerarmos que um indivíduo em repouso apresenta 70 batimentos cardíacos por minuto, com volume sistólico de 70 ml nesse intervalo de 1 minuto, seu débito cardíaco será́ de 4.900 ml/min ou, aproximadamente, 5 l/min. a) Determinantes do débito cardíaco Como o débito cardíaco é considerado o produto de FC e VS, em tese qualquer fator que provoque uma mudança nessas variáveis também irá promover a alteração do débito. Se fosse tão simples assim, aumentos de FC e VS sempre iriam determinar aumento do débito cardíaco. Figura 4: Variações da frequência cardíaca (FC), volume sistólico (VS) e débito cardíaco Mas isso não é verdade, pois o VS não conseguirá se manter estável quando ocorrer uma grande elevação da FC: numa taquicardia (>100 bpm em repouso), o intervalo entre dois batimentos diminui pela grande da duração da diástole. Por isso, o tempo de enchimento ventricular diminui. (DC) produzidos pelo aumento gradual da intensidade do esforço físico. Fonte: (AIRES, 2012) Consequentemente, o volume diastólico final do ventrículo assume também valores mais baixos, promovendo redução ou estabilização do débito cardíaco (figura 4). (AIRES, 2012, p. 469) b)Regulação do volume sistólico O volume sistólico, que possui um papel importante no controle do débito cardíaco, pode sofrer influência de três fatores: Pré-carga (retorno venoso). Contratilidade miocárdica (força de contração). Pós-carga (resistência à ejeção). A pré-carga está relacionada ao aumento do retorno venoso, cuja ocorrência decorre de: Bomba muscular A contração muscular comprime as veias, facilitando o retorno de sangue. Bomba respiratória Os movimentos respiratórios aumentam a pressão intra- abdominal (PIA), direcionando o sangue mais rapidamente para a região torácica. Venoconstrição Constrição das veias também favorece o retorno venoso. Atenção Note, nos exemplos acima, o aumento do volume diastólico final (VDF). Isso melhora a eficiência contrátil e o débito cardíaco. A expansão da contratilidade (força de contração) promove um aumento da pressão intraventricular. Esse mecanismo é responsável pela saída de maior quantidade de sangue do ventrículo, aumentando o débito cardíaco. Já a pós-carga refere-se à força externa que promove a resistência à saída de sangue do ventrículo. Quando ocorrer o aumento da pós-carga (aumento na pressão arterial), o débito cardíaco irá reduzir. (AIRES, 2012, 435) A figura a seguir resume como os três fatores do volume sistólico interferem em sua regulação: 3 2 1 4 Figura 5: Exemplos de fatores influenciadores da alça pressão-volume. Na figura acima, o ciclo cardíaco normal (ventrículo esquerdo) é representado pela área amarela; as variações, pelas setas. Elas indicam a seguinte sequência: Enchimento ventricular Contração isovolúmica Ejeção ventricular Relaxamento isovolumétrico Regulação da pressão arterial (PA) Conforme mencionamos na aula de homeostase, a regulação da PA pode ocorrer por dezenas de mecanismos. Veremos agora como ocorre o mecanismo a curto prazo (imediato) de regulação da pressão arterial. Os estímulos são inicialmente identificados por receptores (mecanorreceptores) localizados no arco aórtico e na bifurcação das carótidas comuns (figura 6). Esse arco e a bifurcação são denominados barorreceptores. Fonte: Africa Studio / Shutterstock. Quando ocorrer a elevação da PA, os barorreceptores serão ativados e enviarão impulsos nervosos para o tronco cerebral, especificamente para o núcleo do trato solitário (NTS), onde estão localizados os principais neurônios que regulam nosso sistema nervoso autonômico (SNA). Quando os barorreceptores enviarem os impulsos nervosos ao NTS informando sobre a elevação da PA, esse núcleo promoverá então a excitação dos neurônios pré-ganglionares parassimpáticos localizados na região do núcleo dorsal motor do vago (DMV) e no núcleo ambíguo (NA). Ocorrerá então um aumento do tônus vagal através da excitação dos neurônios depressores do bulbo ventrolateral caudal (BVLc) e inibição da atividade dos neurônios da região bulbar ventrolateral rostral (BVLr), gerando redução do tônus simpático. A resposta efetora final criadas por esses centros nervosos irá promover a redução de: FC; VS; Resistência periférica (RP); Retorno venoso. Como consequência disso, o debito cardíaco também irá reduzir, promovendo a redução da PA para seus valores basais. De maneira oposta, podemos observar rapidamente, durante quedas transitórias da PA, respostas de taquicardia e vasoconstrição reflexas que prontamente trazem a PA de volta a seus valores basais. Atenção Isso criará as condições necessárias para que a FC e o VS se elevem, havendo ainda a elevação da RP (por vasoconstrição com redução de fluxo local) e do RV (por venoconstrição com redução da CV). Como consequência, também haverá aumento do DC. Essas mudanças levarão a PA para seus valores basais. (AIRES, 2012, p. 571) No caso de uma queda acentuada da PA, os barorreceptores aórticos e carotídeos são menos deformados (ou sequer o são), enquanto a atividade aferente do nervo depressor aórtico e do sinusal é momentaneamente reduzida ou mesmo suprimida. Os neurônios do NTS deixam de excitar os pré- ganglionares parassimpáticos localizados em DMV e NA (redução do tônus vagal); não excitando também os neurônios depressores do BVLc, eles acabam promovendo a liberação da atividade das células do BVLr (aumento simultâneo do tônus simpático). Figura 6: Diagrama ilustrando as vias bulbares e seus principais neurotransmissores envolvidos na regulação reflexa da pressão arterial comandada pelos barorreceptores. Sistema renina-angiotensina-aldosterona e regulação da PA O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) é um sistema peptidérgico com características endócrinas importantes, cujo substrato é o angiotensinogênio, uma α- glicoproteína predominantemente produzida no fígado. O angiotensinogênio é clivado pela enzima renina, que é secretada pelas células do aparelho justaglomerular nas arteríolas aferentes nos rins, convertendo o angiotensinogênio à forma de um decapeptídeo conhecido como angiotensina I . Já a angiotensina II é considerada o principal peptídeo ativo do SRAA. Ao agir em receptores específicos na musculatura lisa vascular, o SRAA produz, em determinados tecidos, vasoconstrição intensa e aumento da reabsorção de Na , o que levará ao aumento da pressão arterial (figura 7). Adicionalmente, a angiotensina II interage com receptores do córtex da glândula supra-adrenal, estimulando a produção e liberação da aldosterona. Quando interagir com receptores mineralocorticoides nos túbulos renais, a aldosterona estimulará a reabsorção de sódio e a secreção de potássio. Esse efeito promoverá o aumento do volume sanguíneo (volemia) e da PA. 2 + Figura 7: Papel do sistema renina-angiotensina II-aldosterona na regulação da pressão arterial (PA). Sistema Renina — Angiotensina II — Aldosterona Na figura 6.7, podemos observar o curso temporal das ondas do eletrocardiograma. Verifica-se nela que a ativação atrial gera uma onda denominada onda P. Já a excitação ventricular gera um conjunto de ondas pontiagudas e de rápida inscrição chamado de complexo QRS. A onda T coincide com a fase 3 dos potenciais de ação dos ventrículos, representando, desse modo, a repolarização ventricular. http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0057/aula7.html Atividade 1. Sobre o débito cardíaco, retorno venoso e pressão arterial, é correto afirmar que: a) A pré-carga pode ser interpretada pela pressão arterial (PA): quando a PA aumentar, ocorrerá um aumento da pré-carga. b) A venoconstrição promove um aumento da resistência vascular periférica e da PA. c) A bomba muscular está relacionada à compressão das veias pela contração muscular esquelética, acarretando um aumento do retorno venoso (pré-carga) e do débito cardíaco. d) Quanto maior a pós-carga, maiores o retorno venoso e o débito cardíaco. e) A contratilidade miocárdica reduz a pós-carga, pois seu aumento reduzirá o enchimento dos ventrículos e, por sua vez, o débito cardíaco. 2. No acoplamento excitação-contração, é correto afirmar que: a) É fundamental que a célula possua íons cálcio (Ca ) e ATP para que ocorra a interação e o deslizamento dos miofilamentos (proteínas contrateis). 2+ b) É fundamental que a célula possua íons de sódio e ATP para que ocorra a interação e o deslizamento dos miofilamentos. c) A liberação de Ca do retículo sarcoplasmático é dependente de sódio.2+ d) Na fase de relaxamento, a maior parte do Ca liberado durante a sístole sai da célula pela bomba de Ca presente na membrana celular. 2+ 2+ e) N.R.A. 3. Analise a frase e as lacunas de conteúdo: O débito cardíaco (Q) é o produto da frequência cardíaca (FC) pelo volume (____________), determinando a quantidade de (____________) ejetado a cada minuto na circulação (____________) e (____________) durante o exercício físico. Assinale a opção que preenche as lacunas corretamente: a) De ejeção, plasma, sistêmica, diminui. b) Sangue, ejeção, pulmonar, aumenta. c) Sistólico, plasma, sistêmica, diminui. d) Sistólico, sangue, sistêmica, aumenta. e) Sistólico, sangue, pulmonar, aumenta. Notas rápida1 O enchimento rápido recebe grande influência da perda de tensão na parede ventricular no início da diástole, que depende tanto da eficiência do processo de relaxamento muscular quanto da complacência da câmara. Portanto, esse componente passivo de enchimento ocorre em menor proporção nas câmaras mais rígidas ou menos complacentes, caracterizando a disfunção diastólica. À medida que o gradiente pressórico, através da valva atrioventricular, diminui, a velocidade de enchimento, na fase média da diástole, reduz. De maneira simultânea, a pressão aórtica continua caindo lentamente até atingir um valor mínimo no final da diástole conhecido como PAD (pressão arterial diastólica). (AIRES, 2012, p. 468) Angiotensina I 2 A angiotensina I não possui atividade biológica tão relevante, e o seu aumento leva à formação de um octapeptídeo denominado angiotensina II. Essa reação da angiotensina I para a angiotensina II é catalisada pela ação da enzima conversora de angiotensina (ECA), uma metaloprotease expressa em altas concentrações no endotélio da circulação pulmonar. Referências AIRES, M. M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. COSTANZO, L. S. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana – uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. Próxima aula Estrutura do sistema respiratório e mecânica da respiração; Fatores relacionados à difusão e ao transporte de gases; Mecanismos responsáveis pelo controle da respiração. Explore mais Sugestões de vídeo: Sistema cardiovascular <https://www.youtube.com/watch?v=SHLpeq3xvXU> ; Viscosidade e fluxo Poiseuille <https://pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/fluid-dynamics/v/viscosity-and-poiseuille- flow> . https://www.youtube.com/watch?v=SHLpeq3xvXU https://pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/fluid-dynamics/v/viscosity-and-poiseuille-flow
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