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Prezados alunos, boa tarde! A atividade desta semana consiste na realização de uma peça prática, a resposta do réu. A meu ver, o ato processual mais importante do réu no processo. O direito de resposta do réu encontra seu principal fundamento de validade na CF, consubstanciando-se nos princípios do devido processo legal (art. 5º, LV), da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV), do contraditório e da ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV). O momento para apresentação da resposta do réu é até a audiência, conforme estabelece o art. 847 da CLT: Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência. Estrutura da peça: Endereçamento Na contestação, o endereçamento da peça deve ser feito ao juízo em que está tramitando a ação, como no exemplo abaixo: Ao Juízo da ___ Vara do Trabalho de ___________________. Qualificação Apesar de o Reclamado já estar qualificado na inicial, a contestação é a sua primeira manifestação nos autos, de modo que deve trazer sua qualificação. Caso o problema não forneça os dados, não invente. Coloque entre vírgulas, “qualificação e endereço completos”. Na hipótese de o problema fornecer os dados apenas de forma parcial, indique os fornecidos pela prova e acrescente “qualificação e endereço completos”. Dispensa-se a qualificação completa do Reclamante, a qual será substituída pela expressão “já qualificado nos autos em epígrafe”. Ainda, na qualificação, deverá ser inserido o fundamento legal da peça processual. A contestação, no Processo do Trabalho, está positivada no artigo 847 da CLT, in verbis: Art. 847 da CLT. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. O verbo utilizado é APRESENTAR ou OFERECER NOME DO RECLAMADO, qualificação e endereço completos, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no artigo 847 da CLT, OFERECER CONTESTAÇÃO à Reclamatória Trabalhista que lhe move NOME DO RECLAMANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. Ou NOME DA RECLAMADA (completo, sem abreviações e em caixa alta), pessoa jurídica de direito privado (pessoa física; fundação pública ou privada etc.), inscrita no CNPJ sob o no, usuário do endereço eletrônico ..., estabelecida no endereço completo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermé dio de seu advogado adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no art igo 847 da CLT, OFERECER CONTESTAÇÃO à Reclamatória Trabalhista que lhe move NOME DO RECLAMANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e pelos fundamentos de direito a seguir expostos. Preliminares A preliminar da contestação versa sobre os aspectos processuais, trata-se de defesa processual. Art. 337 do CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I – inexistência ou nulidade da citação; II – incompetência absoluta e relativa; III – incorreção do valor da causa; IV – inépcia da petição inicial; V – perempção; VI – litispendência; VII – coisa julgada; VIII – conexão; IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X – convenção de arbitragem; XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. • 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. • 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. • 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso. • 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. • 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. • 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. Art. 852-B da CLT. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo: I – o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente; II – não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado; III – a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento. • 1º. O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa. • 2º. As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação. Encontrada a hipótese no artigo 337 do CPC ou no artigo 852-B, incisos I e II, da CLT, é certo que haverá preliminar, resta, portanto, saber o que pedir. As preliminares de mérito classificam-se em dilatórias e peremptórias. Enquanto as dilatórias não visam à extinção do processo; as peremptórias possuem esse objetivo. Aquelas são a maioria. Tratam de exceções dilatórias a conexão e continência (art. 337, VIII, do CPC) e a incapacidade de parte ou irregularidade de representação (art. 337, IX, do CPC). O artigo 337, VIII, do CPC refere-se apenas à conexão, entretanto, esta compreende também a continência. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir (art. 55 do CPC). Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras (art. 56 do CPC). Nestes casos, demanda-se a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. As preliminares de mérito levam à extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485 do CPC: Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII - homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos neste Código. • 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. • 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado. • 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V,VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. • 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. • 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. • 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu. • 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. Prejudiciais de mérito São prejudiciais de mérito: • Prescrição; • Decadência. A prescrição e a decadência devem ser tratadas na contestação, no tópico das Prejudiciais de Mérito, devendo o Reclamado postular SEMPRE a extinção do processo COM resolução do mérito, de acordo com o artigo 487, II, do CPC. Art. 487 do CPC. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I – acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; II – decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; III – homologar: 1. a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; 2. b) a transação; 3. c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do §1º do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. Mérito Ultrapassadas as questões preliminares e prejudiciais, é o momento de elaborar o mérito da contestação. O mérito da contestação deve atacar todos os pedidos invocados na exordial. O Reclamado deve abordar toda a matéria de defesa, impugnando um a um todos os fatos apresentados pelo autor, conforme o disposto nos artigos 336 e 341 do CPC, em respeito aos princípios da eventualidade e da impugnação especificada, respectivamente. Art. 336 do CPC. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 341 do CPC. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I – não for admissível, a seu respeito, a confissão; II – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. Reconvenção A reconvenção consiste na pretensão do réu contra o autor, proposta no mesmo feito em que está sendo demandado. A lei impõe alguns requisitos para que seja admissível a reconvenção: – o juízo da causa principal seja competente para apreciar a demanda reconvencional; – legitimidade ativa e passiva; – conexão entre reconvenção e a ação principal ou com o fundamento da defesa (art. 343, caput, do CPC). A reconvenção está prevista no artigo 343 do CPC, aplicado subsidiariamente ao Processo do Trabalho por força do artigo 769 da CLT. Art. 343 do CPC. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. • 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias. • 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção. • 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro. • 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro. • 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual. • 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação. O artigo 343, § 2º, do CPC expõe uma característica importante da reconvenção: a autonomia. A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção. A reconvenção deve ser proposta na contestação (art. 343, caput, CPC), observada a seguinte estrutura: 1 – Requisitos da reconvenção: para destacar o cabimento da reconvenção (competência, legitimidade e conexão). 2 – Fato, fundamento e pedido. 3 – Valor à causa. Requerimentos Finais Se houver preliminares, o acolhimento das preliminares de mérito. Se houver prejudiciais, o acolhimento das prejudiciais de mérito. No mérito, a improcedência dos pedidos formulados pelo reclamante, a condenação no pagamento das custas e demais despesas processuais, além dos honorários sucumbenciais. Se houver reconvenção, a procedência do pedido reconvencional. Fechamento Nestes termos, pede deferimento. Local e data. Advogado OAB n.º CASO PRÁTICO: Processo n.: 0001490-76.2019.5.03.0147 Reclamante : José da Silva, já qualificado na peça inicial Reclamada : Obra Certa Materiais de Construção- ME CNPJ: 00.555.444/0001-00 / Endereço: Rua Vital Brasil, n. 100, Jardim das Acácias, CEP: 37.410-000, Três Corações/MG. O reclamante ingressou com uma ação contra a reclamada na data de 30/07/19, sendo distribuída à VT de Três Corações/MG. Alega o ex-empregado que trabalhou como vendedor para a reclamada no período de 01/01/2005 a 30/11/2017 e salário a base de comissões, 5% sobre vendas, o que resultava na média mensal de R$ 2.400,00. Alega que sua atividade era predominantemente externa, e consistia basicamente em visitar os clientes e realizar as vendas. Alega que sua jornada de trabalho média era de 2ª a 6ª feira das 6 às 18 horas, com 01 hora de intervalo intrajornada. Alega que nunca recebeu as horas extras prestadas. Pleiteia 11 horas extras semanais acrescidas de 50%, por todo período trabalhado – dando valor a este pedido de R$ 115.000,00, além dos reflexos das horas extras no aviso prévio indenizado, DSR, 13º salários, férias + 1/3 e FGTS + 40%, dando valor a este pedido de R$ 38.000,00. Valor da causa de R$ 153.000,00, rito ordinário. Como advogado(a) da empresa Obra Certa Materiais de Construção, faça uma contestação. AO JUÍZO DA ____ VARA DE TRABALHO DE TRÊS CORAÇÕES-MG PROCESSO Nº: 0001490-76.2019.5.03.0147 Reclamante: José da Silva Reclamada: Obra Certa Materiais de Construção - ME OBRA CERTA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO-ME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ: 00.555.444/0001-00, com sede estabelecida à Rua Vital Brasil, n. 100, Jardim das Acácias, CEP: 37.410-000, Três Corações/MG, usuário do endereço eletrônico, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infra-assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no art. 847 da CLT, OFERECER CONTESTAÇÃO à Reclamatória Trabalhista que lhe move JOSÉ DA SILVA, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e pelos fundamentos de direito a seguir expostos. PRELIMINARMENTE Urge ressaltar, que a presente demanda não pode ter seu mérito apreciado, uma vez que falta ao Autor o pressuposto processual insculpido no art. 625-D da Consolidação das Leis do Trabalho. Com efeito, conforme demonstra a documentação em anexo, os sindicatos representativos das partes formalizaram e instituíram a Comissão de Conciliação Prévia, nos termos da Lei nº 9.958/00. Entretanto, o Autor afrontando o dispositivo legal, não submeteu seus pleitos ao crivo da Comissão, faltando-lhe, portanto, pressuposto para o ajuizamento do presente feito. O Egrégio Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais, vem, reiteradamente,corroborando este entendimento, in verbis: COMISSÃO PRÉVIA DE CONCILIAÇÃO. Não comprovado com a inicial que a parte tenha levado sua demanda, primeiramente, ao crivo das Constituições Prévias de Conciliações, mister extinguir o feito, sem julgamento do mérito (artigo 267, IV), em face da ausência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo. (TRT 3ª R. - 3T - RO/0991/01 Rel. Juiz Paulo Maurício Ribeiro Pires - DJMG 27/03/2001 P.16). EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO - POSSIBILIDADE - ART. 625-D/CLT - LEI 9958/00 (COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA) - NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL E DIREITO DE AÇÃO - INEXISTÊNCIA - COISA JULGADA FORMAL E MATERIAL - A extinção do processo sem julgamento de mérito, em quaisquer das hipóteses legalmente previstas no CPC (art. 267), de aplicação subsidiária ao processo do trabalho, não significa que o julgador furtou-se a realizar a prestação jurisdicional. Isto porque, a decisão de extinção do processo sem julgamento de mérito também sentença, restringindo-se a atividade jurisdicional ao exame de matéria preliminar que, se não ultrapassada, prejudica o exame de mérito da ação. (TRT 3ª R. - 1T - RO/0246/01 Rel. Juiz José Eduardo de Resende Chaves Júnior - DJMG 30/03/2001 P.06). EMENTA: COMISSÕES PRÉVIAS DE CONCILIAÇÃO. O artigo 625-A da CLT faculta a instituição de Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária com representantes dos empregados e dos empregadores, com a finalidade de tentar a conciliação dos conflitos individuais do trabalho. No entanto, entendo que, uma vez instituída, na localidade da prestação de serviço, a Comissão Prévia de Conciliação, qualquer demanda de natureza trabalhista deverá submeter-se a ela, salvo motivo relevante devidamente comprovado, sob pena de extinção do processo sem julgamento do mérito por ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo. o que se infere do artigo 625-D da CLT e seu § 3º. Assim, a conciliação prévia constitui, como, aliás, já ocorre nos dissídios coletivos, um pré- requisito da ação, não se podendo deixar de enfatizar a sua importância como meio de solução pacífica dos conflitos individuais. (TRT 3ª R. - 2T - ROPS/1546/01 Rel. Juíza Cristiana Maria Valadares Fenelon - DJMG 22/05/2001 P.06). EMENTA: COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. OBRIGATORIEDADE. PRESSUPOSTO PROCESSUAL. Tem-se que o artigo 625-D, da CLT, contém norma de cunho imperativo, ou seja, existindo a Comissão de Conciliação, e não sendo esta de uso facultativo pelas normas que lhe instituíram, constitui-se em pressuposto processual a prévia tentativa de conciliação junto à referida Comissão. Tal não ocorrendo, correta a extinção do processo, sem julgamento do mérito, nos termos do artigo 267, IV, do CPC. (TRT 3ª R 5T RO/12478/01 Rel. Juiz Emerson José Alves Lage DJMG 24/11/2001 P.17). Pelo exposto, requer a extinção deste processo, com fulcro no art. 267, IV, do Código de Processo Civil, condenando o Autor ao pagamento de custas processuais. DOS FATOS E FUNDAMENTOS Do Pacto Laboral O Autor foi admitido na Reclamada em de 01/01/2005 e teve seu contrato rescindido em 30/11/2017, conforme documentação em anexo. Recebeu correta e tempestivamente todas as parcelas rescisórias, conforme comprova o TRCT em anexo. Da real jornada de trabalho – Horas Extras A jornada de trabalho do reclamante era a seguinte: De 2ª a 6ª feira: de 06:00 às 18:00 horas, com 01:00 hora de almoço, conforme comprova o Contrato de Trabalho. Entretanto, o Reclamante exercia trabalho externo, fora das dependências da empresa e sem fiscalização, fazendo instalações telefônicas nas ruas, nos termos do art. 62 da CLT, o que acarreta a improcedência do pedido de horas-extras. Pertinente ressaltar o entendimento jurisprudencial, in verbis: “EMENTA: Tratando-se de serviço externo, sem controle pelo empregador da jornada, não há que se falar em horas extras” (TRT 03ª R. – 3T- RO/0169/86 – Rel. Juiz Ney Proença Doyle – DJMG 06/06/86) “Executando o empregado, serviço essencialmente externo, surge a impossibilidade material da efetiva fiscalização e controle, bem como a aferição do tempo realmente dedicado às atividades da empresa, sendo indevidas horas extras.” (TRT, 02ª Região, 02ª Turma, 02930331440, in DOE-SP de 11-01-95, p.67) Tribunal Regional do Trabalho - 3ª Região. Primeira Turma RO/7437/90 Rel. Juiz Aguinaldo Paoliello DJMG 14/06/1991 P. ) EMENTA: HORAS EXTRAS-INTERVALO PARA REFEIÇÕES - SERVIÇO EXTERNO O intervalo para refeições se presume, principalmente em serviço externo, longe do controle efetivo do empregador, que somente anotava horas de início e término da jornada. A prova de que não havia intervalo, em função de tarefas excessivas, do empregado, em tais casos. Recurso ordinário provido parcialmente. Tribunal Regional do Trabalho - 3ª Região. Primeira Turma RO/11370/91 Rel. Juiz Renato Moreira Figueiredo DJMG 25/09/1992 P. ) EMENTA: horas extras - jornadas em serviço externo - em serviço não fiscalizado nem fiscalizável não há falar em horas extras. A possibilidade de horas extras em serviço externo depende de prova de que as tarefas atribuídas ao empregado não poderiam ser desempenhadas em horário normal. O Colendo Tribunal Superior do Trabalho, em caso semelhante ao em tela, assim se manifestou, in verbis: Origem: TST Decisão: 06/12/1999 Tipo: ERR num: 303642 ano: 1996 região: 09 Embargos em recurso de Revista Órgão julgador: Subseção Especializada em Dissídios Individuais Fonte: DJ 04/02/2000 PÁG. 73 Relator: Ministro Rider Nogueira de Brito Ementa: Horas Extras – trabalho em atividade externa A inexistência de controle da jornada de trabalho do empregado que trabalha em atividade externa, afasta o direito a horas extras, em face da dificuldade de se apurar o quantitativo dessas horas extraordinárias, independente de haver sido cumprida a determinação constante do inciso I, do artigo 62 da CLT, qual seja, a anotação dessa condição na CTPS e no registro do empregado. Desta forma, MM. Julgador, o reclamante não laborou extraordinariamente, pois, se eventualmente ultrapassou o horário normal de trabalho, as horas realizadas foram devidamente compensadas no horário normal, utilizando-se das hipóteses previstas nas cláusulas terceira e quarta da Convenção Coletiva de Trabalho denominada “Compensação e/ou Prorrogação de Jornada de Trabalho e Do Banco de Horas”. Outrossim, se eventualmente trabalharam em sábados ou domingos, estes dias foram devidamente compensados com folgas durante a semana. Do ônus da prova Mais uma vez ressaltemos a Consolidação que dispõe no art. 818: “A prova das alegações incumbe a parte que as fizer” O Mestre Valentin Carrion ensina categoricamente in Comentários à CLT: “O trabalho em horário extraordinário é fato constitutivo” Mais uma vez os Autores não se desincumbiram de provar a sua absurda alegação de trabalho extraordinário, o que demonstra a sua improcedência. Ademais, é uníssono o entendimento de que cabe ao Autor provar indubitavelmente a existência de horas extras, vejamos a manifestação do Colendo Tribunal Superior do Trabalho. HORAS EXTRAS - COMPROVAÇÃO - ÔNUS DA PROVA “Horas extras - Apresentação de cartões de ponto. O entendimento desta Corte é no sentido de que a obrigação de comprovar as horas extras é do empregado, não gerando presunção de veracidade da jornada alegada na inicial o fato da empresa não ter juntado aos autos espontaneamente os cartões de ponto. Revista improvida ( Acórdão unânime da 1ª Turma do TST - RR 198.605/95.5 - 2ªR - Rel. Min. Regina Rezende Ezequiel - j.16.10.96 - Recte.Termomecânica São Paulo S/A; Recda: Ana Rosa Zanini - DJU 1 29.11.96, p. 47.449 - ementa oficial) - grifos nossos No mesmo entendimento o Egrégio Tribunal Regional do Trabalhode Minas Gerais, in verbis: Processo: ro/8411/92 Turma: 4t Relator/revisor:Juiz Israel kuperman Data alteração: 24/02/95 Ementa: horas extras - prova - a prova da existência de horas extraordinárias, cujo ônus cabe ao empregado, deve ser robusta e concludente não permitindo qualquer duvida. Quando ele não se desincumbe desse ônus, impõe o indeferimento de sua pretensão. (grifos acrescidos) Destarte, improcedentes os pedidos da exordial. Das Férias, 13º salários, FGTS, saldo de salários Todas as parcelas rescisórias e salariais foram corretas e tempestivamente pagas, bem como, as férias, 13º salários e os recolhimentos de FGTS, tudo conforme documentação em anexo. Destarte, improcedentes os pedidos da exordial. DOS PEDIDOS Pelo exposto, já impugnados todos os pleitos especificadamente, requer à Vossa Excelência que julgue IMPROCEDENTES todos os pedidos da exordial. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, requerendo desde já o depoimento pessoal dos Autores, novas provas documentais e testemunhais. Nestes Termos, Pede Deferimento. Três Corações, 20 de Abril de 2020. Advogado OAB
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