Buscar

Estudo de caso Walt Disney

Prévia do material em texto

Case Walt Disney 
 
Walt Disney sofreu um revés devastador em 1928, um golpe tão duro que sua carreira parecia 
prestes a desintegrar. O animador de 26 anos de idade perdeu o primeiro desenho de sucesso que criara 
– Oswald, o coelho sortudo, porque tinham cedido os direitos autorais num acordo de produção com seu 
distribuidor em Nova York. Saindo de mãos abanando do desastre, ele não desistiu. Na verdade, Disney, 
que era chamado de “figura mais significativa das artes gráficas desde Leonardo da Vinci” pelo cartunista 
político inglês David Low, aprendeu uma grande lição desse primeiro desapontamento. Em um ano ele 
tomaria de assalto a indústria do entretenimento. Armado com um grande conhecimento dos direitos e 
propriedade intelectual e abençoado com um gênio natural para criar personagens memoráveis e 
divertidos mundos de fantasia, Disney arquitetou um novo tipo de império comercial. 
À frente de seu próprio estúdio, ele não usou só sua própria imaginação, mas criou também uma 
atmosfera na qual os outros podiam utilizar as suas. Começou cm Mickey Mouse, a personagem altiva 
que se transformou em fenômeno internacional. Baseando-se numa ampla gama de histórias infantis e 
contos de fadas, como Pinóquio e Branca de Neve, e adotando suas próprias personagens de atributos e 
emoções humanas, Disney atingiu tanto as crianças como os adultos. Mas não contou apenas com a venda 
de ingressos como fonte de renda. Soube extrair de suas criações a máxima vantagem comercial e distribui 
formas de promover suas personagens em outros meios de comunicação. Então, quando parecia ter 
explorado todos os meios de distribuição existentes, Disney inventou mais um: a Disneylândia. 
Walt Disney era um homem complexo, não apenas o “tio” cordial das séries televisivas. Ele se 
matava de trabalhar, mas jamais atingiu o limite da sua ambição. Em quase meio século, criou uma 
empresa única, tanto em termos comerciais como sociológicos. Apara todos os seus projetos, trouxe uma 
compreensão inata da fantasia como meio de embaçar a realidade a fim de vê-la com maior clareza. 
Disney gostava de dizer: “A fantasia – isto é, a boa e aceitável fantasia – não passa, na verdade, de fatos 
com uma reflexão extravagante”. 
 
 
 
 
UM JOVEM INVENTOR ENTRA PARA OS PRIMÓRDIOS DA INDÚSTRIA DO 
CINEMA 
Walt Disney nasceu em 5 de dezembro de 1901, sendo o quarto filho homem de Elias e Flora 
Disney, um casal de classe média de Chicago. Os Disney também tinham uma filha mais moça que Walt. 
O pai era incansável e genioso. Quando se mudou com a família para uma fazenda no Missouri e começou 
a tratar seus filhos como empregados, os dois mais velhos fugiram de casa. A fazenda faliu depois de 
quatro anos, e os Disney mudaram-se para Kansas City, onde Elias comprou uma distribuidora de jornais 
e pôs os dois meninos restantes, Roy e Walt, a trabalharem de jornaleiros. Ambos apanhavam, não de vez 
em quando – como seria comum por volta dos anos 10 -, mas com frequência, tão amiúde quanto Elias 
perdia a paciência. Flora confortava seus meninos e eles se confortavam mutuamente, mas, quando Walt 
estava com dez anos, Roy também foi embora. A infância de Walt Disney, abençoada pelos momentos 
agradáveis que passara na fazenda e em Kansas City, foi também profundamente marcado pelo mau 
humor do pai e pela fuga de seus irmãos. 
O homem que transformava a infância numa verdadeira mercadoria referia-se frequentemente 
as lembranças de seus primeiros medos e alegrias. Como muitas crianças solitárias ele passava horas 
desenhando amigos imaginários. Quando a família se mudou para Chicago, ele descobriu um escoadouro 
para seu talento evidente ao tornar-se editor de arte do jornal do colégio Mckinley. Começou a perceber 
que rabiscar podia ser mais do que simples capricho ao trocar caricaturas por cortes de cabelo. Enquanto 
isso o país tinha entrado na I Guerra Mundial ao lado dos aliados. Aos dezesseis anos, Disney apresentou-
se como voluntário para dirigir ambulâncias no corpo de ambulâncias da cruz vermelha americana. A 
guerra tinha acabado quando chegou à França, e assim ele dirigiu mais caminhos que ambulâncias. Mas, 
depois de entrar no serviço regular, continuou a desenhar cartuns para a diversão de seus colegas. 
Após a guerra, Disney voltou para Chicago, mas acabou indo para Kansas City, onde seu irmão 
mais velho Roy estava trabalhando como banqueiro. Tentou seguir a carreira de cartunista, mas depois 
de ser rejeitado para uma vaga no Kansas City Star, optou por se tornar artista gráfico no Pesmen-Rubin, 
uma firma local de publicidade. Ao mesmo tempo o rapaz de dezoito anos começou a se interessar por 
filmes de animação um novo meio que estava para explodir com a súbita popularidade de uma 
personagem chamado Gato Félix, em 1920, Walt foi contratado por quarenta dólares por semana como 
ilustrador da Kansas City Film and Company, que fazia anúncios animados projetados nos cinemas. Disney 
aprendeu como usar a ferramenta básica da animação, a stop-action câmera, que capturava uma série de 
desenhos para criar a ilusão de movimento. 
 
 
Enquanto, aprendia os fundamentos da arte da animação, Disney percebeu que não gostava de 
fazer cartuns apenas para vender produtos. Tendo visto o Gato Félix queria usar seus talentos para a 
diversão pura. Na Pesmen-Rubin e na Kansas City Flm, ele trabalhava junto com outro artista, Ube Ierks. 
Em 1922 os dois fundaram sua própria companhia, a Laugh-O-Gram, para fazer curtas animados. Em vez 
de criar novas personagens, os animadores utilizaram material de algumas histórias preferidas das 
crianças, como Cachinhos de Ouro e os Três Ursos. Mas seu distribuidor foi à falência antes mesmo de 
distribuir o primeiro filme. Então Disney começou a explorar comercialmente outras ideias suas. Achou 
que tinha inventado uma variação original da animação quando pôs uma pessoa real em um desenho 
animado. Embora a técnica em verdade tivesse sido usada antes ela levou a primeira aceitação comercial 
de um filme e Disney-Iwerks. Disney começou a fazer “As aventuras de Alice” no qual a atriz infantil 
aparecia no meio do desenho. Embora tenha ficado sem dinheiro para terminar filme, ele tinha entrevisto 
seu futuro. 
Em 1923, Walt Disney trocou Kansas City por um lugar onde ouvira dizer que os jovens cineastas 
poderiam encontrar suporte financeiro para seu projeto: Hollywood. Com quarenta dólares no bolso e 
uma cópia inacabada de Alice pegou um trem para oeste. Quando um companheiro de viagem perguntou 
sobre suas intenções ele respondeu: “vou dirigir grandes filmes em Hollywood”. 
O sonho da Disney não era despropositado. A fervilhante indústria cinematográfica de Hollywood 
precisava de talentos e o preço cobrado não era mais que a imaginação e ambição. Ainda assim, foi difícil 
para Disney tomar pé. Ao chegar a Los Angeles, ficou na casa de seu tio Robert percorreu todos os estúdios 
descobrindo logo que grandes diretores não eram necessariamente contratados nas ruas. 
Sem trabalho, Disney fez o que havia feitos nas mesmas circunstâncias em Kansas City: tornou-se 
empresário. Como ele mesmo disse: “quando não se consegue emprego, você abre seu negócio próprio”. 
Walt tinha dois trunfos tangíveis: seu irmão Roy, um esperto homem de negócios que estava morando 
em Los Angeles, recuperando da tuberculose, e das aventuras de Alice. 
Em 1923 escreveu a Margaret Winkler, uma bem-sucedida distribuidora de nova York, afirmando 
que tinha “acabado de descobrir algo novo e inteligente em desenhos animados [...] uma ideia nova que 
vai atrair todas as classes e está destinada ao sucesso [...] uma combinação inteligente de personagens 
vivas e desenhos”. Winkler viu Alice, ofereceu sugestões a partir do que havia visto no filme e estimulou 
Walt a terminá-lo. Com isso ele e Roy montaram um estúdio de animação Disney brothers, na garagem 
do tio Robert. Em outubro de 1923, Winkler encomendou seis filmes de Alice, a 1.500 dólarescada, e 
 
 
então Disney estava começando realmente no negócio. Com a série lançada, Ubble Iwerks entrou também 
para o novo empreendimento, inicialmente como desenhista contratado. 
Depois de terminar os filmes de Alice, Disney casou-se com Lillian Bouds uma funcionária do 
estúdio. Margaret Winkler também se casou na mesma época, passando o controle da distribuição de 
filmes para seu marido,Charles Mintz. Ele trabalhou com Disney para criar um coelho que fosse um 
personagem recorrente nos desenhos, como o gato Félix. Walt esboçou o coelho e Mintz o batizou de 
“Oswald, o coelho sortudo”. Embora Oswald tenha se tornado a base de uma série bem-sucedida de 
curtas, o sucesso de Disney teve vida breve. Em sua ingenuidade, tinha assinado um contrato de produção 
segundo o qual ele produziria os desenhos, mas a empresa de Mintz junto com a Universal Estúdios seria 
dona da personagem. Em 1928, quando Disney foi a Nova York para renovar contrato, Mintz apresentou-
lhe um fato consumado: ele e a universal eram donos dos direitos sobre Oswald e já tinham até 
conversado com um dos principais animadores de Disney convidando-o para trabalhar para eles. O 
distribuidor cortara literalmente o criador de Oswald do filme. Escaldado com essa experiência Disney fez 
um juramento: “jamais trabalharei de novo para outra pessoa”. 
 
MICKEY MOUSE GARANTE A INDEPENDÊNCIA 
Depois que Mintz colocou as cartas na mesa, Walt e Lillian Disney tomaram o trem abatidos, de 
volta para a Califórnia. Enquanto o vagão sacudia, Walt percebia que seu estúdio corria o risco de fechar 
se não inventasse uma nova personagem. Seus pensamentos voltaram-se logo para camundongos. 
“Tenho realmente um sentimento especial em relação a camundongos”, gostava de dizer mais tarde. “Eles 
se reuniam na minha cesta de papéis quando eu trabalhava até tarde. Eu os capturava e os mantinha em 
pequenas gaiolas sobre minha mesa. Um deles era meu amigo particular”. 
Chegando à Califórnia, o primeiro esboço que Disney produziu se parecia muito com uma 
caricatura dele mesmo. Ubbe Iwerks trabalhou então com ele para produzir algo gracioso – algo que 
acabou ficando parecido com um Oswald com orelhas de rato. Decidiram batizar o roedor de Mickey 
Mouse. O primeiro filme estrelado pelo ratinho foi um desenho intitulado Plane Crazy, que mostrava as 
desventuras de Mickey em um aeroplano e custaram 1800 dólares. Em seguida, veio “The Gallopin 
Gaucho”. Mas, foi o terceiro filme de Mickey Mouse, “Steamboat Willie”, que mudou para sempre a 
história da animação. 
 
 
Após a estreia, em outubro de 1917, de “O cantor de jazz”, primeiro filme a sincronizar o som com 
a ação, Disney convenceu-se de que Mickey teria de ser ouvido, além de visto. Se Al Jolson podia falar no 
filme, então Mickey também poderia. “Steamboat Willie” foi um negócio elaborado, porque Disney queria 
sincronia perfeita do som com a ação. Contratou uma orquestra completa para gravar a música e a 
sofisticada animação exigiu cerca de 20 mil quadros feitos à mão. O dinheiro estava acabando e Walt foi 
obrigado a vender seu querido carro esporte. Mas, estava preparado para apostar. “Acho que é a nossa 
Grande Chance”, escreveu para Roy de Nova York. “Hipoteque tudo o que temos e vamos atrás dessa 
coisa do jeito certo”. A produção de “Steamboat Willie” custou 15 mil dólares, mas o investimento valeu 
a pena. Em 18 de novembro de 1928, quando estreou em Nova York, abrindo as sessões do filme Gang 
Wars, um gigante comercial rugiu, ou, antes, guinchou. Quando o mundo escutou pela primeira vez a voz 
aguda de Mickey Mouse, era o próprio Disney que todos ouviam, emprestando sua voz em falsete para o 
roedor. 
Com a ajuda de um bom trabalho de assessoria de imprensa, Mickey Mouse foi um sucesso 
instantâneo, recebendo críticas elogiosas dos repórteres que foram convidados especialmente para a 
estreia. Mickey tornou-se logo uma mania nacional, e não somente para as crianças. Com o êxito de 
“Steamboat Willie”, Disney passou a ser requisitado. Começou a fazer desenhos animados de Mickey 
Mouse à razão de um por mês. Vários estúdios, inclusive a Universal, queriam cuidar da distribuição de 
seus filmes, ou mesmo comprar a companhia. Mas, Disney acostumado a trabalhar até a exaustão, não 
estava interessado em ser comprado. “Quero manter minha individualidade”, dizia. Tentou evitar o 
sistema dos estúdios e distribuir seus desenhos para exibidores independentes, mas descobriu que, 
enquanto Mickey fazia uma fortuna, pouco dinheiro retornava para a empresa. 
Por fim, em 1930, depois de sete anos em Hollywood, Disney capitulou e fez um acordo com um 
estúdio, assinando um contrato de distribuição de 7 mil dólares por filme com a Columbia Pictures: as 
duas partes dividiriam o dinheiro, mas Disney ficava com os direitos. “Mickey Mouse é para mim o símbolo 
da independência”, disse ele em 1948. “Nascido da necessidade, o pequeno companheiro libertou-nos 
literalmente da nossa preocupação imediata. Ele tornou possível a expansão de nossa organização até 
suas dimensões atuais e permitiu a renovação do desenho animado enquanto entretenimento. ” 
 
 
 
UM CAMUNDONGO TRANSFORMA-SE EM POTÊNCIA COMERCIAL 
A Columbia distribui os desenhos de Disney no mundo inteiro e, em 1930, o ratinho tornou-se um 
fenômeno mundial. Os italianos chamavam-no de Topolino; na Espanha, era conhecido como Miguel 
Ratoncito; na Suécia, Musse Pigg. Em 1961, Disney confessou: “algumas vezes tentei entender por que 
Mickey agradava o mundo inteiro. Todos tentavam entender. Tanto quanto eu saiba, ninguém conseguiu. 
Ele é um sujeito simpático nunca faz mal a ninguém, que entra em enrascadas sem ter culpa, mas nem 
sempre consegue se safar sorrindo”. 
Não demorou muito para que Disney percebesse as potencialidades de sua criação fora da tela. 
Diante da popularidade do astro, várias empresas estavam ansiosas para ajudar a vender Mickey no 
mercado. Mas, Disney tinha suas próprias ideias. Numa época em que a palavra multimídia ainda não fazia 
parte do vocabulário, Disney captou sua essência e tomou medidas imediatas para promover a imagem 
do ratinho e ampliar sua exposição. Em 1930 publicou “O livro de Mickey Mouse”, que vendeu 97.938 
exemplares no primeiro ano. Fez também um acordo com a King Features para desenvolver uma história 
em quadrinhos, que, por sua vez, levou a empresa a estimular a proliferação de Clubes do Mickey Mouse, 
que começavam a surgir nos Estados Unidos e no exterior. 
O roedor parecia possuir qualidades de astro e, em consequência, Mickey tornou-se um 
endossador de celebridades. Em 1932, Disney contratou o empresário nova-iorquino Kay Kamen para 
descobrir maneiras de explorar o apelo comercial do camundongo. Embora o licenciamento de produtos 
e tecnologias fosse uma prática relativamente comum, com Mickey esse conceito foi totalmente 
reformulado. A primeira medida de Kamen foi conceder licença a National Dairy Products Company para 
fazer casquinhas de sorvete com o Mickey; venderam cerca de 10 milhões de casquinhas no primeiro mês. 
No final de 1932, empresas que iam da RCA à General Foods já ajudavam a vender o camundongo, 
e Disney recebia, em geral, cerca de cinquenta por cento sobre o preço de varejo dos produtos licenciados. 
No primeiro ano de Kamen na empresa, seus contratados renderam cerca de 300 mil dólares, ou quase 
um terço da receita da empresa. O produto mais duradouro desses primeiros tempos foi o relógio do 
Mickey Mouse. Posto no mercado pela Ingersoll-Waterbury em 1933 foram vendidos 2,5 milhões de 
unidades nos dois primeiros anos. 
A grande chance, que Walt sentira no primeiro filme falado de Mickey, parecia ser avassaladora. 
Em resposta, Disney acabou exagerando, realizando um filme por mês com o camundongo explorando as 
oportunidades de negócio em todas as direções. Teve um colapso nervoso e foi encontrado inconsciente 
 
 
por sua esposa. Quando voltou a trabalhar, depois deumas longas férias estava mais obcecado do que 
nunca na construção da empresa. 
No início dos anos 30, receitas cada vez maiores permitiram que o estúdio de Disney investisse 
no aperfeiçoamento da qualidade da animação. Enquanto seus licenciados produziam grande quantidade 
de mercadorias de qualidade duvidosa baseados em suas personagens, Disney deixava claro que seus 
personagens não eram apenas produtos comerciais, mas uma nova forma de arte. Assim, em 1932 seu 
estúdio tornou-se o primeiro a abrir uma escola, onde Disney podia ensinar a jovens animadores os seus 
métodos. Buscando a última palavra em tecnologia de cinema, dava-lhes os materiais da melhor 
qualidade. No mesmo ano, Disney lançou um filme chamado “Flores e Árvores”. Acompanhado pela 
música de Schubert e Mendelssohn, foi o primeiro desenho animado filmado em Technicolor e ganhou o 
primeiro dos 48 Oscars que o estúdio levaria enquanto Disney estava vivo. 
A excelente qualidade dos filmes de Disney era visível na nova série chamada Silly Symphonies 
[Sinfonias Tolas] – produzida com base nos conceitos de que o diálogo era pouco necessário se a música 
fosse usada com eficácia no desenho animado. Em 1934, um filme dessa série, intitulado The Wise Little 
Hen (A pequena galinha esperta), apresentou o segundo astro mais duradouro de Disney: o Pato Donald. 
O sucesso comercial de Mickey Mouse mostrou para Disney que ele podia se capitalizar criando outras 
personagens exclusivas. Assim, ele e seus artistas desenvolveram um “elenco”, com Pato Donald e os 
cachorros Pluto e Goofy. Para sustentar o rol crescente, Disney aumentou sua folha de pagamentos para 
187 pessoas em 1934. Uma vez que considerava seu estúdio uma “fábrica de ideias”, tamanha era 
vantagem. “Não podemos ficar sem material para histórias, dizia Disney, que trabalhava lado a lado com 
um quadro de escritores, desenhistas e compositores. “Á medida que nossa organização crescer em 
tamanho e seus indivíduos crescerem em habilidade, o fluxo de ideias aumentará em volume e 
qualidade”. 
Apesar da proliferação de novas personagens estava claro que Mickey ocupava um lugar de 
destaque no coração do chefe. Ele colocou um grande relógio do Mickey Mouse na parede de seu 
escritório e pôs uma estampa do camundongo nos cheques de pagamentos da companhia. E o homem 
que dera voz a Mickey falava de sua criação como se ela fosse um ser humano: “O pequeno companheiro 
parece fazer amigos independentemente da raça, cor ou fronteiras nacionais”, disse em 1935. Com efeito, 
no Japão, onde era conhecido como Miki Kuchi, o ratinho era a figura mais popular depois do imperador. 
E como criador dele, o próprio Disney tornou-se uma celebridade. Em 1937, quando foi a Inglaterra, jantou 
com a rainha e encontrou-se com H. G. Wells. No ano seguinte, recebeu títulos honoríficos de Harvard e 
 
 
Yale. Às vezes, a linha divisória entre criador ficava tão difusa que desaparecia completamente. Quando 
Disney aceitou um prêmio da Liga das Nações em Paris, chegou a falar com voz de Mickey. 
 
BRANCA DE NEVE ABRE O CAMINHO PARA OS LONGA-METRAGENS DE 
ANIMAÇÃO 
Em 1934, Disney decidiu fazer algo que ninguém jamais fizera em Hollywood: um longa-metragem 
de animação. O tema seria Branca de Neve e os sete anões. Disney levou o desenho animado a novos 
níveis de sofisticação, dotando-o de um senso maior de realidade. Para uma sequência, chegou a contratar 
uma dançarina para posar fantasiada, filmou-a e depois recriou seus movimentos quadro a quadro. O 
orçamento inicial era de 250 mil dólares, mas os custos do filme logo se multiplicaram, em larga medida 
devido ao detalhismo de Disney. Os animadores desenharam cerca de 250 mil imagens, enquanto os 
cinegrafistas utilizavam uma nova câmera multiplano com diversas camadas de pano de fundo para criar 
um cenário realista. Quando o orçamento total ultrapassou 1 milhão de dólares, o Bank of América, 
principal credor de Disney, sendo objeto de troça de seus críticos, “profetizou-se que ninguém aguentaria 
assistir a um desenho de uma hora e meia”, relembrava Disney. “Mas tínhamos concluído que só havia 
uma maneira de fazer de Branca de Neve um sucesso. Era preciso que nos esforçássemos ao máximo, 
arriscar tudo. Não podia haver meio-termo em questões de dinheiro, talento e tempo”. 
Branca de Neve e os sete anões estreou em 21 de dezembro de 1937. “Todas as pessoas mais 
importantes de Hollywood apareceram para ver meu desenho”, exultou Disney. Em todo o país, o público 
lotou os cinemas. O filme logo conseguiu se pagar, rendendo 8,5 milhões de dólares em seu primeiro 
lançamento. Em 1939, Branca de Neve recebeu um Oscar especial da Academia de Hollywood: uma 
estátua grande, cercada por sete menores, entregue por Shirley Temple. Uma vez mais, Disney não deixou 
que o apelo comercial do filme se limitasse aos cinemas. Várias de suas canções, entre elas “Whistle while 
you work” (Assobie enquanto trabalha), foram lançadas em disco. 
Animados com o sucesso, Walt e Roy, que era vice-presidente da Walt Disney Productions, 
decidiram gastar 100 mil dólares na compra de vinte hectares em Burbank, Califórnia. Ali construíram um 
sofisticado estúdio de animação, que Walt gostava de chamar de “a casa que Branca de Neve construiu”. 
Ela foi planejada para ser um ambiente de trabalho ideal, de acordo com as muitas teorias de Walt. Entre 
outras coisas, ele gostava de árvores, salas pequenas e mesas (em vez de escrivaninhas); o efeito geral 
era o de uma aldeia, mas muito ativa. 
 
 
Disney, que insistia em ser chamado de Walt por seus empregados, supervisionava de perto o 
trabalho de criação, embora não desenhasse mais desde a metade dos anos 20. A atmosfera que criou no 
estúdio era favorável ao trabalho, sem ser muito agradável. Ele deixava sua equipe de criação entrar e 
sair sem horas estabelecidas e proporcionava-lhe equipamentos novos e os melhores instrumentos. Mas, 
Disney também era temido. Em suas memórias, escreveu Charles Shows, um dos redatores da casa: “Um 
dia entrei no elevador do estúdio para ir ao terceiro andar. Inesperadamente, Walt entrou no elevador 
comigo. Com medo de dizer alguma coisa de que ele não gostasse, apertei o botão do segundo andar e 
saí correndo pela porta no momento em que ela abriu só para fugir do patrão. 
No novo estúdio, com um estilo parecido com o de um campus universitário, Disney devotou toda 
sua atenção para longa-metragens de animação. Pinóquio, sua segunda produção deste tipo, custou 2,6 
milhões e foi mais elaborado ainda que Branca de Neve. Disney obrigou sua equipe a fazer 175 modelos 
diferentes do boneco até gostar de um deles. Tal padrão de exigência, no entanto, custava caro. E apesar 
da popularidade da maioria dos seus filmes a Walt Disney Productions estava pesadamente endividada 
no final dos anos 30, devido aos altos custos de produção, a outro acordo de distribuição claudicante – 
dessa vez com a RKO – e à construção do estúdio de Burbank, que custou 3,8 milhões de dólares. Em 
1940, o total das dívidas já chegava a 4,5 milhões, numa tentativa de reduzir essa quantia a empresa abriu 
seu capital. Em abril de 1940, vendeu 4 milhões de dólares em ações. 
O influxo de capitais permitiu que Disney amortizasse a dívida e ao mesmo tempo ajudou a 
financiar três novos projetos: Pinóquio (1940), Fantasia (1940) e Bambi (1942). Fantasia, o filme mais 
ambicioso de Disney até então, não tinha diálogos, havia apenas a narração entre os diversos segmentos; 
os desenhos eram acompanhados de peças clássicas como o “Ritual da Primavera”, de Strabinsky, e Noite 
na montanha escalvada”, de Mussorgsky. Fantasia custou 2,28 milhões e foi o longa-metragem em que 
Mickey apareceu. Sem medir gastos, Disney contratou o famoso maestro Leopold Stokowski para 
selecionar músicas e sincronizá-las com a animação. Embora tenha sido aclamado pela crítica, o filme não 
foi um sucesso de bilheteria, assim como Pinóquio não foi, nem Bambi.Embora nenhum dos filmes tenha tido o êxito de Branca de Neve, eles certamente chamaram a 
atenção para o incrível talento de Disney e sua inovação constante. Sem lindas princesas e belos príncipes, 
Pinóquio e Bambi apresentavam temas perturbadores e sequências assustadoras. Alguns críticos chegam 
a classificar Bambi como filme de horror, com sua representação da floresta e do medo que os animais 
tinham dos caçadores e do fogo. Somente ao serem relançados esses três filmes conseguiram se pagar, e 
gerariam, por fim, um lucro muito maior. Mas Disney realizara seu sonho, à sua maneira: ele era um 
 
 
grande diretor. De Fantasia, disse ele em 1940: “Não é que eu pretenda deliberadamente romper com as 
tradições do cinema. Mas se alguém não surgisse com coisas novas, o cinema não estaria onde se encontra 
hoje [...] Alguém tem de ser muito louco”. 
 
DIVERSIFICANDO NA GUERRA E NA PAZ 
Antes da deflagração da II Guerra Mundial, em 1939, cerca de 45 por cento da renda da Walt 
Disney Productions vinha do exterior. Mas, a guerra estancou esse fluxo. Na esteira do bombardeio de 
Pearl Harbor, a guerra chegou abruptamente ao estúdio Disney, em Burbank, quando o exército 
americano confiscou boa parte do terreno para usar como centro de defesa da fábrica vizinha, da 
Lockhead. Durante a maior parte do ano de 1942, o estúdio esteve confinado. Depois que o exército 
partiu, Disney ainda tinha seu trabalho para o governo fazendo filmes de treinamento e propaganda, 
assim como David Sarnoff havia colocado a capacidade tecnológica da RCA a serviço do país, Disney cedeu 
os frutos de sua imaginação ao esforço da guerra. 
Além de produzir filmes de instrução militar ele fez “O Novo Espírito”, em que o Pato Donald 
falava obre a necessidade de pagar o imposto de renda no prazo. Quando o secretário do tesouro Henry 
Morgenthau Jr. criticou o filme, dizendo que esperava ver uma personagem humana mais respeitável 
representando o Sr. Contribuinte, Disney ficou irado: “Dei-lhe o Pato Donald. Para nós, isso é como se os 
estúdios da MGM tivessem lhe dado Clark Gable”. 
Durante a guerra, Disney criou também insígnias para diferentes unidades militares. “Foi então 
que aprendemos o verdadeiro significado da diversificação”, disse ele. E no dia D, 6 de junho de 1944, 
Mickey Mouse foi uma das muitas senhas usadas pelos militares. A personagem estava tão integrada à 
cultura popular nacional que até a guerra precisava dela. 
Um filme comercial de entretenimento que o estúdio fez durante a guerra foi sobre bombardeios: 
“Vitória com o poder aéreo”. O desenho de longa metragem não atraiu o público cansado da guerra. 
Quando o mercado de filmes de instrução esgotou-se com o final da guerra, o estúdio estava mergulhado 
em dívidas. Disney decidiu produzir um tipo de filme documentário que também fosse diversão, a série 
“Aventuras da vida real”, cujos documentários tinham um custo menor do que as produções animadas. 
Em 1948, ano em que o número de relógios do Mickey chegou a 5 milhões, Disney apresentou o primeiro 
filme da série, Ilha das focas, que retratava a vida desses animais brincalhões nas ilhas Pribilof, no Alasca. 
 
 
O filme ganhou um Oscar de melhor documentário e surpreendentemente foi um sucesso de bilheteria. 
Disney deu seguimento rápido a série de trinta minutos sobre a natureza. 
Em 1953, fazia trinta anos que Disney estava em Hollywood. Famoso por ter elevado a animação 
ao status de arte era admirado pelos profissionais do cinema e aplaudido pelos pais. As crianças 
evidentemente adoravam “Disney” e o grande contador de histórias que a palavra representava. Mas do 
ponto de vista financeiro a Walt Disney Productions apenas sobrevivia. Um passo na direção certa foi a 
criação em 1953 de uma subsidiaria de distribuição, chamada Buena Vista, para substituir a relação um 
tanto frouxa que a Disney mantinha com a RKO. Esse novo esquema de distribuição funcionou com 
eficiência e pela primeira vez estúdio pode controlar o dinheiro que ganhava em aluguéis de filmes. 
Na metade da década de 1950, Disney começou a entrar em um novo canal de distribuição que 
se desenvolvia rapidamente: a televisão. Depois de fazer vários programas experimentais, em 1945 Disney 
assinou um contrato exclusivo, de longo prazo com a rede ABC, tornando-se o primeiro produtor 
importante de Hollywood a fazê-lo. O programa Disneyland que estreou nesse mesmo ano era 
apresentado por Walt e mostrava desenhos e filmes sobre a natureza. A magia de Disney funcionou às 
mil maravilhas na tela pequena. Em sua primeira temporada, o programa atingiu espantosos 41 pontos 
nos índices de audiência da Nielson, significando que de um total de 75 milhões de possíveis 
telespectadores, 30,8 milhões estavam ligados no programa. No ano seguinte Disney criou Mickey Mouse 
Club um novo fenômeno televisivo que atraía crianças e adolescentes. Além de transformar em astros e 
estrelas atores e atrizes infantis, como Annette Funicello, o programa ajudou a aumentar as vendas dos 
produtos Disney. No auge da popularidade do programa, na metade dos anos 50 as orelhas o Mickey 
mouse eram vendidas ao ritmo de 25 mil por dia. 
 
O REINO DA MAGIA: IMERSÃO TOTAL EM UM MUNDO DE FANTASIA 
Em tudo o que fazia, Disney oferecia ao público um pedaço de seu mundo de fantasia, mas o que 
ele queria era uma maneira de verdadeiramente dar vida a sua visão. Num audacioso desvio de sua 
atividade, até então baseada nos meios de comunicação, ele estava decidido a construir um parque 
temático. Concebeu a ideia enquanto observava suas duas filhas brincando num carrossel: “senti que 
alguma coisa deveria ser construída, algum tipo de parque familiar, onde os pais e filhos pudessem se 
divertir juntos” relembrava. Em um memorando de 1948, descreveu pela primeira vez os planos de um 
parque Mickey Mouse. Depois de encomendar ao Instituto de Pesquisas de Stanford um estudo sobre o 
 
 
local ideal, comprou 24 hectares de laranjais em Anheim, quarenta quilômetros ao sul de Los Angeles, 
perto de Santa Ana Freeway. Seu estúdio, controlado em parte por Roy e outros acionistas importantes, 
hesitava em cooperar; Walt criou a Walt Disney Inc., uma empresa independente que se encarregaria de 
planejar o empreendimento e investiu todas as suas economias nesse lançamento. 
Uma vez mais, a visão de Walt Disney ia mais longe que o senso empresarial de seus colegas de 
Hollywood. Foi difícil achar financiadores para o projeto, que estava orçado em 5 milhões de dólares e 
que acabaria custando 17 milhões. “Todo mundo tinha dificuldades para visualizar o que eu tinha em 
mente.”, disse ele. “Eu queria que meu parque tivesse todas as coisas básicas que um parque de diversões 
tem, mas com alguma diferença”. Como parte do contrato, a ABC concordara em investir 500 mil dólares, 
mas obteve uma participação acionária de 35 por cento. 
Porém, à medida que a Disneylândia tomava forma, as empresas começaram a perceber as 
possibilidades comerciais do parque e a pagar para obter concessões de pontos onde pudessem vender 
seus produtos, ou para ter seus nomes associados com certas modalidades de divertimento em nome das 
relações públicas. O dinheiro era crucial, pois a construção do parque estourou o orçamento. Quando a 
terra da fantasia abriu, em 17 de julho de 1955, com cobertura ao vivo da televisão, foi uma sensação 
instantânea. Na primeira semana, mais de 170 mil visitantes enfileiraram-se para comprar seus ingressos, 
que custavam um dólar para adultos e cinquenta centavos para crianças. 
A Disneylândia era o maior complexo de diversão dos Estados Unidos, oferecendo aos americanos 
seu primeiro parque temático total. Era uma espécie de exibição interativa daquilo que Disney inventara 
nos trinta anos anteriores. Os visitantes podiam andar pela rua principal, posar com atores vestidos de 
Mickey e Minnie e visitar uma réplica do castelo da Bela Adormecida. Tal como os desenhos animados de 
Disney,o parque familiar buscava a maior aproximação possível com a realidade. 
O refúgio familiar de Disney foi inaugurado no momento certo. Os Estados Unidos estavam no 
meio do baby boom, com 76,4 milhões de crianças nascidas entre 1946 e 1964. Hordas delas, 10 mil por 
dia, invadiam a Disneylândia com seus pais. Quando o visitante de número 10 milhões entrou, o turista 
típico pagava 2,70 dólares pela entrada e pelos divertimentos e gastava dois dólares em comida e 18 
centavos em souvenires. Em 1959, a Disneylândia atraiu 5 milhões de pessoas mais do que o Grand 
Canyon e os parques nacionais. A fama ultrapassava as fronteiras e em 1959, o primeiro ministro soviético 
Nikita Kruchev ficou furioso quando o Departamento de Estado cancelou sua visita à Disneylândia por 
medida de segurança. 
 
 
 
LANÇAMENTOS CONTÍNUOS 
Antes do videocassete, a maioria dos filmes era lançada uma vez e depois relegada à história. Os 
estúdios reapresentavam grandes sucessos, como E o vento levou, mas era em seu lançamento que os 
filmes ganhavam dinheiro ou não. 
Disney, no entanto, logo aprendeu que outras gerações poderiam redescobrir um filme como se 
ele fosse novo. Para as platéias de desenhos animados, cada “geração” correspondia a cerca de sete anos. 
Em seu lançamento original, em 1937, Branca de Neve faturou 8,5 milhões de dólares, superando 
em muitos os seus custos. Mas isso foi apenas o começo. Somente nos Estados Unidos, esse desenho foi 
relançado seis vezes até 1993. Dublado para dez idiomas e distribuído em 46 países, rendeu 100 milhões 
de dólares. Fantasia, que mal se pagou quando de seu lançamento, em 1940, foi amplamente distribuído 
na década 1960 e tornou-se finalmente um sucesso. Foi relançado pela última vez em 1990, ao completar 
cinquenta anos. 
A Walt Disney Company também única em vendas de vídeo, colocando os filmes no mercado 
apenas por um período limitado. Com isso, cria-se certo alvoroço, que acaba se repetindo de tempos em 
tempos. O vídeo apenas reforçou a velha convicção de Disney de que as personagens de desenho animado 
podiam ter vidas comerciais muito mais ricas do que a de seus colegas de carne e osso: desenhos não 
saem de moda tão fácil e suas estrelas jamais envelhecem ou se aposentam. 
 
 
 
O IMPÉRIO DO FAZ-DE CONTA 
Vendendo as mesmas personagens de tantas maneiras diferentes, a Walt Disney Productions teve 
lucros durante toda a década de 1950. Em 1962, quando a Walt Disney Company já havia produzido mais 
de quinhentos programas de televisão e o parque temático era um enorme sucesso, seu fundador 
declarou: “Nosso negócio ainda é fazer filmes”. Mas isso não era bem verdade. Os filmes que sua fábrica 
continuava a produzir eram apenas o começo, parte de um processo integrado de marketing que Disney 
expandira brilhantemente ao longo dos anos. Em 1962, por exemplo, o estúdio estava preparando o 
lançamento de um desenho chamado “A espada era lei”, baseada na lenda do rei Arthur. Como parte de 
 
 
uma estratégia mercadológica Disney licenciou alguns editores, que publicariam histórias em quadrinhos 
e livros baseados no filme. As canções foram laçadas em discos e foram vendidas partituras com as 
músicas. E Disney garantia a divulgação do filme em todos os seus canais comerciais com anúncios no 
meio de seus programas de tv. Com base nessa inteligente estratégia de relançamentos, a empresa tinha 
se tornado um gigante de muitos tentáculos. Cerca da metade de sua receita vinha do cinema, um terço 
da Disneylândia, cinco por cento da televisão e o resto de produtos licenciados. Antes da abertura do 
parque, a Walt Disney Productions tinha um terço de participação na Disneylândia. Logo depois absorveu- 
a completamente. 
Dois projetos receberam a atenção de Disney nos últimos anos de sua vida. No início da década 
de 60, quando os críticos começaram a dizer que os filmes tinham perdido seu alto nível de qualidade, 
com obras unidimensionais como “A espada era lei” e “O fantástico super-homem”, Disney supervisionou 
pessoalmente de “Mary Poppins”. Ele cuidou de cada aspecto do filme e o filme foi um sucesso, ganhou 
vários prêmios e se tornou um dos pontos altos de sua carreira. 
O segundo projeto demandava mais tempo. Embora cerca de 50 milhões de pessoas tivessem 
visitado a Disneylândia até 1965, Disney não estava satisfeito. “A Disneylândia jamais estará completa 
enquanto houver imaginação no mundo”, gostava de dizer. Frustrava-lhe o fato de o parque não estar 
próximo da maioria dos americanos, que viviam no leste do país. Buscando expandir o alcance de seu 
império, começou a planejar a Disneyworld em 1958, escolheu o lugar em 1965 comprando 11 mil 
hectares nos arredores de Orlando, na Florida, por 5 milhões de dólares. O local do Novo Parque era na 
região pantanosa no centro do estado, uma verdadeira terra no amanhã do entretenimento familiar. “É 
o maior projeto que já tocamos em 42 anos”, proclamou Disney. Este parque de 400 milhões dólares que 
abriu em 1971, não era apenas uma cópia da Disneylândia, apresentava-se como modelo de planejamento 
urbano, possuindo uma estação de veraneio e hotéis além do EPCOT (protótipo experimental da 
comunidade do futuro) um ambiente futurista com pavilhões representando vários países. 
Walt Disney não viveu para ver a Disneyworld finalizada. Vítima de câncer no pulmão, morreu aos 
65 anos, em 15 de dezembro de 1966. Deixou como legado uma empresa que se tornou parte integrante 
da família americana. 
As inovações de Disney nas técnicas de animação e nos negócios nasceram do mesmo aspecto 
incansável de seu caráter: “por natureza, sou experimentador”, disse dois meses antes de morrer ao 
aceitar o prêmio “Homem de espetáculo do ano”. “Até hoje, não acredito em sequências”. 
 
 
 
 
Fonte: GROSS, Daniel. FORBES: As maiores histórias do mundo dos negócios. Tradução: Pedro Maia 
Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 
 
Questões para reflexão: 
 
1- Quais as grandes “sacadas” de Walt Disney na sua trajetória empresarial? 
2- Quais foram às maiores dificuldades enfrentadas pelo empreendedor? 
3- Identifique as características empreendedoras e situe-as no texto. 
4- Identifique através do que você conhece e por outras fontes quais eram as características sociais, 
econômicas e políticas desta época em que Disney viveu. 
5- Se fosse hoje, estas escolhas teriam o mesmo sucesso? Justifique.

Continue navegando