Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EEdduuccaaççããoo AAmmbbiieennttaall Módulo II Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Unidade 3 – Reciclagem ...............................................................................................3 3.1.Coleta Seletiva ....................................................................................................5 3.2. Os materiais recicláveis ......................................................................................6 3.3. O Papel ..............................................................................................................7 3.4. O Vidro ..............................................................................................................5 3.5. O Plástico......................................................................................................... 16 3.6. O Metal ............................................................................................................ 18 3.7. Destino do Lixo................................................................................................ 20 3.8. Outras formas de poluição ................................................................................ 21 Unidade 4 – Fauna e Flora .......................................................................................... 22 4.1. Cenário Ambiental ........................................................................................... 25 4.2. A Amazônia ..................................................................................................... 27 4.3. Contrabando de Animais .................................................................................. 30 4.4. Direitos dos Animais ........................................................................................ 32 4.5. Lei Contra Crimes Ambientais ......................................................................... 36 Unidade 5 – Alimentos................................................................................................ 44 5.1. Alimentos Orgânicos ........................................................................................ 46 5.2. Agrotóxicos...................................................................................................... 50 5.3. Os Alimentos Transgênicos .............................................................................. 51 5.4. Desperdício de Alimentos................................................................................. 54 Conclusão do Curso .................................................................................................... 57 Bibliografia................................................................................................................. 58 3 Unidade 3 – Reciclagem Um dever básico do cidadão é não jogar lixo nas ruas. No entanto, pessoas de variadas classes sociais jogam lixo em qualquer lugar, como: parques, praias, córregos, rios, lagos e outros locais públicos, afetando a qualidade da água e o meio ambiente. Jogar lixo nas ruas pode entupir bueiros e causar enchentes, além de demonstrar falta de educação. Jogar lixo no chão é ruim para a imagem de qualquer pessoa. É uma vergonha! O acúmulo de lixo estimula a proliferação de baratas, de ratos e de doenças. Cidadãos conscientes fazem a sua parte para que a cidade fique limpa e bonita. Antigamente o lixo era composto principalmente por materiais orgânicos, como restos de alimentos, que são degradáveis pela ação da natureza. O lixo do homem moderno é composto por montanhas de embalagens e outros detritos, que demoram para se decompor e prejudicam a natureza. 4 Veja o tempo de decomposição dos materiais: O tempo pode variar de acordo com as condições ambientais. Material Tempo de Degradação Latas de Aço 10 anos Alumínio 200 a 500 anos Cerâmica Indeterminado Chicletes 5 anos Cordas de nylon 30 anos Embalagens Longa Vida Até 100 anos Embalagens PET Mais de 100 anos Esponjas Indeterminado Filtros de cigarros 5 anos Isopor Indeterminado Louças Indeterminado Luvas de borracha Indeterminado Metais (componentes de equipamentos) Cerca de 450 anos Papel e papelão Cerca de 6 meses Plásticos (embalagens, equipamentos) Até 450 anos Pneus Indeterminado Sacos e sacolas plásticas Mais de 100 anos Vidros indeterminado 5 3.1.Coleta Seletiva É separar o lixo para que seja enviado para reciclagem. Significa não misturar materiais recicláveis com o restante do lixo. Ela pode ser feita por um cidadão sozinho ou organizada em comunidades: condomínios, empresas, escolas, clubes, cidades, etc. Benefícios da Coleta Seletiva: - Menor redução de florestas nativas. - Reduz a extração dos recursos naturais. - Diminui a poluição do solo, da água e do ar. - Economiza energia e água. - Possibilita a reciclagem de materiais que iriam para o lixo. - Conserva o solo. Diminui o lixo nos aterros e lixões. - Prolonga a vida útil dos aterros sanitários. - Diminui os custos da produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas indústrias. - Diminui o desperdício. - Melhora a limpeza e higiene da cidade. 6 - Previne enchentes. - Diminui os gastos com a limpeza urbana. - Cria oportunidade de fortalecer cooperativas. - Gera emprego e renda pela comercialização dos recicláveis. 3.2. Os materiais recicláveis Abaixo veremos alguns exemplos de materiais que podem e que não podem ser reciclados. Papel: Aparas de papel, jornais, revistas, caixas, papelão, papel de fax, formulários de computador, folhas de caderno, cartolinas, cartões, rascunhos escritos, envelopes. Não são: adesivos, etiquetas, fita crepe, papel carbono, fotografias, papel toalha, papel higiênico, papéis e guardanapos engordurados, papéis metalizados, parafinados, plastificados. Metal: Latas de alumínio (ex. latas de bebidas), latas de aço (ex. latas de óleo, sardinha, molho de tomate), tampas, ferragens, canos, esquadrias e molduras de quadros. Não são: clipes, grampos, esponjas de aço, latas de tintas e pilhas. Plástico: 7 Tampas, potes de alimentos (margarina), frascos, utilidades domésticas, embalagens de refrigerante, garrafas de água mineral, recipientes para produtos de higiene e limpeza, PVC, tubos e conexões, sacos plásticos em geral, peças de brinquedos, engradados de bebidas, baldes. Não são: cabos de panela, tomadas, embalagens metalizadas (ex. alguns salgadinhos), isopor, adesivos, espuma. Vidro: Podem ser inteiros ou quebrados. Tampas, potes, frascos, garrafas de bebidas, copos, embalagens. Não são: espelhos, cristais, ampolas de medicamentos, cerâmicas e louças, lâmpadas, vidros temperados planos. Todos os materiais devem estar separados, limpos e secos. 3.3. O Papel Desde os tempos mais remotos e com a finalidade de representar objetos inanimados ou em movimento, o homem vem desenhando nas superfícies dos mais diferentes materiais. Nesta atividade, tão intimamente ligada ao raciocínio, utilizou, inicialmente, as superfícies daqueles materiais que a natureza oferecia praticamente prontos para seu uso, tais como paredes rochosas, pedras, ossos, folhas de certas plantas etc. Acompanhando o desenvolvimento da inteligência humana, as representações gráficas foram se tornando cada vez mais complexas, passando desse8 modo a significar idéias. Com esta finalidade, a história registra o uso de tabletes de barro cozido, tecidos de fibras diversas, papiros, pergaminhos e, finalmente, o papel. As fibras para sua fabricação requerem algumas propriedades especiais, como alto conteúdo de celulose, baixo custo e fácil obtenção — razões pelas quais as mais usadas são as vegetais. O material mais usado é a polpa de madeira de árvores, principalmente pinus (pelo preço e resistência devido ao maior comprimento da fibra) e eucaliptos (pelo crescimento acelerado da árvore). Logo, economizar no uso de papel (e reciclá-lo) é de fundamental importância para evitar a destruição de árvores. Além disso, a fabricação do papel gasta uma grande quantidade de energia elétrica e água. A reciclagem do papel é tão antiga quanto a sua própria descoberta: já que o suprimento de fibras é escasso, nada se perde, tudo se reaproveita. Reciclar papel significa fazer papel empregando como matéria-prima papéis, cartões, cartolinas e papelões, provenientes de: - Rebarbas geradas durante os processos de fabricação destes materiais, ou de sua conversão em artefatos, ou ainda geradas em gráficas; - Artefatos destes materiais pré ou pós-consumo. As aparas de papel podem ser recolhidas por um sistema de coleta seletiva, ou por um sistema comercial, utilizado há anos, que envolve o catador de papel e o aparista. A preocupação com o meio ambiente criou uma demanda por "produtos e processos amigos do meio ambiente" e reciclar papel é uma forma de responder a esta demanda. Assim, os principais fatores de incentivo à reciclagem de papel, além dos econômicos, são: a preservação de recursos naturais (matéria-prima, energia e água), a 9 minimização da poluição e a diminuição da quantidade de lixo que vai para os aterros. Dentre estes, certamente o último é o que tem tido maior peso nos países que adotam medidas legislativas em prol da reciclagem. No Brasil a reciclagem de papel representa apenas cerca de 30% da produção, diante de 48% na França e 68% na Holanda. Na fabricação de uma tonelada de papel, a partir de papel usado, o consumo de água é 90% menor e o consumo de energia é reduzido pela metade. Uma tonelada de aparas substitui cerca de 2 m³ de madeira e cerca de 4 m³ na fabricação de celulose. E ainda, 1 tonelada de aparas, dependendo do tipo, corresponde a uma área plantada de 100 a 350 m². 1 tonelada de papel reciclado economiza 2,5 barris de petróleo, 98 mil litros de água e 2.500 Kw/h de energia elétrica. VANTAGENS DA RECICLAGEM DE PAPEL: Redução dos custos das matérias-primas - a pasta de aparas é mais barata que a celulose de primeira. Economia de Recursos Naturais: Madeira - Uma tonelada de aparas pode substituir de 2 a 4m de madeira, conforme o tipo de papel a ser fabricado, o que se traduz em uma nova vida útil para 15 a 30 árvores adultas que foram cortadas para a fabricação do papel dessas aparas. Água - Na fabricação de uma tonelada de papel reciclado são necessários apenas 10.000lt de água, ao passo que, no processo tradicional, este volume pode chegar a 100.000 lt/ton. 10 Energia - Em média, economiza-se metade da energia, podendo-se chegar a 80% de economia quando se compara papéis reciclados simples com papéis virgens. Redução da Poluição - Teoricamente as fábricas recicladoras podem funcionar sem impactos ambientais, pois a fase crítica de produção de celulose já foi feita anteriormente. Porém as indústrias brasileiras, sendo de pequeno porte e competindo com grandes indústrias, às vezes subsidiadas, normalmente não realizam investimentos em controle ambiental. Economia de Divisas Estrangeiras: Por incrível que pareça, o Brasil importa aparas regularmente, com o objetivo de equilibrar preços e estabilizar o suprimento no mercado doméstico. Só em 2008 importamos 35 mil toneladas de papel velho dos Estados Unidos, o que equivale a mais de US$ 3,5 milhões. Criação de Empregos: Estima-se que ao reciclar papéis sejam criados cinco vezes mais empregos do que na produção de papel de celulose virgem e dez vezes mais empregos do que na coleta e destinação final de lixo. Redução da "conta do lixo": Cerca de 1/4 do lixo das grandes cidades é composto de papel. Se todo esse volume fosse reciclado, uma cidade como São Paulo economizaria US$ 30 milhões por ano em limpeza pública, além de obter uma receita da ordem de US$ 15 milhões com a venda do papel. O Brasil, no entanto, só recicla 30% do seu consumo de papéis, papelões e cartões, não havendo qualquer política pública em favor da reciclagem. Dicas para separação de embalagens para reciclagem - Papel e Cartão: 11 - para um melhor acondicionamento do papel, este não deve ser amassado, mas antes acondicionado em resmas. - o acondicionamento em resmas: - aumenta a capacidade de armazenamento em casa; - aumenta a facilidade de transporte e diminui o número de deslocações aos contentores. 3.4. O Vidro O vidro é um produto 100% reciclável. É possível aproveitá-lo de várias formas. A mais simples e visível é a embalagem retornável de refrigerante ou cerveja. É verdade, que as garrafas Pets concorrem diretamente com essas embalagens, mas há muitos lugares no Brasil e no mundo onde o velho litro de Coca-Cola, que sai mais barato, ainda é uma presença marcante, assim como a garrafa de cerveja retornável. Além disso, quem não tem em casa aquele pote de maionese ou geleia que depois recebeu uma outra finalidade? Afinal, lavando bem, qualquer embalagem de vidro não deixa nenhum resquício do gosto do produto que antes esteve lá, ao contrário das embalagens de plástico, que quando recicladas têm seu uso proibido para produtos alimentícios. A utilização dos cacos na fabricação proporciona, obviamente, uma economia de matéria-prima, além da redução do dispêndio de energia. Para uma tonelada de vidro reciclado, evita-se a retirada de 1,2 tonelada de matéria-prima da natureza. Quanto à questão energética, em um produto com 10% de cacos, é possível reduzir 12 4% da energia que seria utilizada. Outra vantagem de reciclar o vidro é que se evita que se jogue na natureza um produto que não é biodegradável. Arqueólogos já encontraram pedaços de vidro datados de 2 mil a.C. intactos em escavações. Um dos maiores problemas da reciclagem de vidro é sua logística. Apesar de já serem tradicionais as fábricas de reaproveitamento de garrafas (o velho garrafeiro), o seu crescimento ainda é recente, provocado pela onda de adesão à reciclagem dos últimos anos. No entanto, há certos limites técnicos para a reciclagem. A reutilização do vidro é preferível a sua reciclagem. Garrafas são extensamente reutilizadas em muitos países europeus e no Brasil. Na Dinamarca, 98% das garrafas são reutilizadas e 98% destas retornam para os consumidores. Porém, estes hábitos são incentivados pelo governo. Em países como a Índia, o custo de fabricação das novas garrafas obriga a reciclagem ou a reutilização de garrafas velhas. O vidro é um material ideal para a reciclagem e pode, dependendo das circunstâncias, ser infinitamente reciclado. O uso de vidro reciclado em novos recipientes e cerâmicas possibilita a conservação de materiais, a redução do consumo de energia e reduz o volume de lixo que é enviado para aterros sanitários. Preservação do meio ambiente Embalagens de vidro podem ser totalmente reaproveitadas no ciclo produtivo, sem nenhuma perda de material. A produção a partir do próprio vidro também consome menor quantidade de energia e emite resíduos menos particulados de CO2, o que também contribui para a preservação do meio ambiente. Outro aspecto é o menor descarte de lixo, reduzindo os custos de coleta urbana, e aumentandoa vida útil dos aterros sanitários. 13 O vidro é 100% reciclável e pode ser reciclado inúmeras vezes, pois é feito de minerais como, areia, barrilha, calcário e feldspato. Ao agregarmos o caco na fusão, diminuímos a retirada de matéria-prima da natureza. 10% de "cacos" > 4% ganho energético 1 ton de "cacos" > economia de 1,2 ton de matérias-primas 10% de "cacos" > reduz em 5% a emissão de CO2 (Protocolo de Kyoto). Geração de empregos A instalação de um processo de coleta e beneficiamento de reciclagem de vidro gera empregos que não demandam em sua maioria qualquer especialização, beneficiando camadas geralmente mais carentes da população. Assim, além de ser uma atividade lucrativa, a reciclagem empresarial também tem forte caráter social. Viabilidade Econômica A reciclagem do vidro é uma atividade economicamente viável. No Brasil ainda é vista como uma atividade marginal, de subsistência e, como tal, carece de uma mentalidade empresarial. Dentro deste modelo, a reciclagem é um ramo de mercado inexplorado, com grande potencial de lucratividade. Tudo isso considerado, é possível dizer que o vidro é o material de embalagem mais amigo do homem. Se toda a população se conscientizasse dos benefícios da reciclagem seria possível reaproveitar integralmente as embalagens com enormes benefícios ecológicos, econômicos e sociais. Estas características são únicas do vidro que além das suas vantagens como material, acrescenta a elas os benefícios de sua própria reciclagem. 14 Qualidade do Material Utilizado na Reciclagem de Vidro A qualidade do caco de vidro é muito importante para a indústria, pois ao contrário disto o caco com impurezas e contaminado pode danificar equipamentos (principalmente fornos) de produção e acabam produzindo embalagens com defeitos. Para isso não ocorrer é necessário que as embalagens passem pelo beneficiamento, ou seja, as tampas e rótulos precisam ser retirados e as embalagens precisam passar por um processo de lavagem para ser removido o resíduo. Pedras, cerâmicas, concreto, louças e cristal São impurezas, produtos inorgânicos estranhos à formulação do vidro sodacal, difíceis de serem fundidos nas temperaturas do forno de fusão e consequentemente geram falhas ou defeitos no produto final. Material orgânico (plástico, papel e terra) Em princípio volatilizam às altas temperaturas, porém em excesso podem alterar a atmosfera do forno, resultando em reações químicas que alteram a cor ou criam bolhas. 15 Metais ferrosos ou não ferrosos Contaminam o vidro provocando manchas de cor totalmente diferentes do vidro base. Provocam bolhas ou aparecem no produto final na forma de defeitos metálicos e/ou pontos pretos, manchas, nuvens de bolhas, etc. O ferro metálico reage com o material refratário do forno de fusão, chegando a furar a sola e as paredes do forno, interrompendo a fabricação ou no mínimo, diminuindo a sua vida útil. Vidros farmacêuticos / laboratório Embalagens de vidro que contenham elementos químicos, nocivos à saúde ou corrosivos (classe 1) devem ser descontaminadas antes de ir para a reciclagem. Para maior segurança, procure o Órgão Ambiental de sua região para dar o destino final adequado ao material. Segregação de cacos para reciclagem de vidro plano O caco de vidro plano (float (liso) ou impresso) não deve ser misturado ao de embalagens. Sua reciclagem é feita junto às indústrias fabricantes e por meio de recicladores especializados, que adquirem caco junto à rede de venda de vidros de reposição para veículos. O caco laminado também pode ser reciclado por um círculo ainda menor de receptores, os quais processam o mesmo utilizando a moagem, removendo o filme plástico de PVB (polivinilbutiral), que se limpo de forma adequada (livre de caquinhos) também pode vir a ser reciclado. Assim se você desejar reciclar algum caco de vidro plano, incluindo espelhos, a forma mais prática é oferecê-lo a uma vidraçaria de seu bairro, que participe da coleta de caco, destinando o caco gerado para um sucateiro. O Processo de Reciclagem do Vidro O reaproveitamento dos cacos para a confecção de novos vidros pressupõe uma certa homogeneidade no tipo de material a ser reciclado. Assim, os vidros de 16 cor âmbar, como os de garrafa de cerveja, são beneficiados num grupo separado dos vidros verdes ou brancos, por exemplo. Há também grupos que podem estar misturados. Esses podem ser usados para quem não necessita de padrões muito rígidos e homogêneos, separados os tipos, o processo de preparação é bem simples: O material é jogado para ser quebrado em pedaços. O que a máquina não quebra é quebrado manualmente. Depois, ele passa por uma lavagem, quando são retiradas impurezas mais leves como etiquetas e restos de bebidas. Uma nova triagem retira tampas e eventuais plásticos e papéis que por ventura ficaram. Na esteira, ele cai no monte que segue para a indústria de vidro. Na indústria de vidro, o caco é jogado nos fornos com temperaturas de 1.500º C e se mistura às outras substâncias. Uma interessante fase do processo é o reaproveitamento dos vidros que sobram grudados em tampas ou outro produto. Uma máquina quebra o vidro em minúsculos pedaços que servem para polimento de fornos de usinagem. 3.5. O Plástico Os plásticos são artefatos fabricados a partir de resinas (polímeros), geralmente sintéticas e derivadas do petróleo. Quando o lixo é depositado em lixões, os problemas principais relacionados ao material plástico provêm da queima indevida. Quando a disposição é feita em aterros, os plásticos dificultam sua compactação e prejudicam a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, pois criam camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquidos e gases gerados no processo de biodegradação da matéria orgânica. 17 O problema é que o plástico é produzido do petróleo, um combustível fóssil não-renovável (um dia acaba), altamente poluente quando queimado ou derramado, e tóxico, quando inalado ou ingerido. Como agravante, a biodegradabilidade da maioria dos plásticos é muito lenta. Uma garrafa PET, por exemplo, leva cerca de 500 anos para se desintegrar na natureza. Por isso, enquanto não inventam um material para substituí-lo, é muito importante reciclá-lo. Sendo assim, sua remoção, redução ou eliminação são metas que devem ser perseguidas com todo o empenho. A separação de plásticos do restante do lixo traz uma série de benefícios à sociedade, como, por exemplo, o aumento da vida útil dos aterros, geração de empregos, economia de energia etc. Diferentes Tipos de Reciclagem do Plástico Reciclagem primária ou pré-consumo É a conversão de resíduos plásticos por tecnologia convencionais de processamento em produtos com características de desempenho equivalentes às daqueles produtos fabricados a partir de resinas virgens. A reciclagem pré-consumo é feita com os materiais termoplásticos provenientes de resíduos industriais, os quais são limpos e de fácil identificação, não contaminados por partículas ou substâncias estranhas. Reciclagem secundária ou pós-consumo É a conversão de resíduos plásticos de lixo por um processo ou por uma combinação de operações. Os materiais que se inserem nesta classe provêm de lixões, sistemas de coleta seletiva, sucatas, etc. são constituídos pelos mais diferentes tipos de material e resina, o que exige uma boa separação, para serem aproveitados. Reciclagem terciária 18 É a conversão de resíduos plásticos em produtos químicos e combustíveis, por processos termoquímicos (pirólise, conversão catálica). Por esses processos, os materiais plásticos são convertidos em matérias-primas que podem originar novamente as resinas virgens ou outras substânciasinteressantes para a indústria, como gases e óleos combustíveis. Benefícios da Reciclagem do Plástico A reciclagem do plástico impede um enorme prejuízo ao meio ambiente, pois o material é muito resistente ao calor, ar, água e radiações. Atualmente no Brasil, mais de 30 mil empregos diretos são gerados somente pelas indústrias de Reciclagem de Plástico. Também estima-se que mais de 100 mil pessoas vivam exclusivamente de coletar latas de alumínio e embalagens plásticas, conseguindo uma renda mensal média de três salários mínimos. 3.6. O Metal Encontramos os metais em todos os lugares a nossa volta. Em nossa cozinha - panelas, talheres, refrigerante de latinha - nos automóveis e no nosso dinheiro, por exemplo. Ele é sólido, não deixa passar luz (é opaco) e conduz bem a eletricidade e o calor, possuindo um brilho especial chamado de metálico. Quando aquecido é maleável, podendo ser moldado em várias formas, desde fios até chapas e barras. Os metais podem ser encontrados misturados no solo e nas rochas, sendo chamados de minérios. Os metais são materiais de elevada durabilidade, resistência mecânica e facilidade de conformação, sendo muito utilizados em equipamentos, estruturas e embalagens em geral. 19 Quanto a sua composição, os metais são classificados em dois grande grupos: os ferrosos (compostos basicamente de ferro e aço) e os não-ferrosos. Essa divisão justifica-se pela grande predominância do uso dos metais à base de ferro, principalmente o aço. Entre os metais não-ferrosos, destacam-se o alumínio, o cobre e suas ligas (como latão e o bronze), o chumbo, o níquel e o zinco. Os dois últimos, juntos como o cromo e o estanho, são mais empregados na forma de ligas com outros metais, ou como revestimento depositado sobre metais, como, por exemplo, o aço. A grande vantagem da reciclagem de metais é evitar as despesas da fase de redução do minério a metal. Essa fase envolve um alto consumo de energia e requer transporte de grandes volumes de minério e instalações caras, destinadas à produção em grande escala. Embora seja maior o interesse na reciclagem de metais não-ferrosos, devido ao maior valor de uso da sucata, é muito grande a procura pela sucata de ferro e de aço, inclusive pelas usinas siderúrgicas e fundições. A sucata é matéria-prima das empresas produtoras de aço que não contam como o processo de redução, e é responsável por cerca de 20% da produção nacional de aço. A sucata representa cerca de 40% do total de aço consumido no país, valor próximo aos valores de outros países, como os Estados Unidos onde atinge 50% do total da produção. Ressalta-se que o Brasil exporta cerca de 40% da sua produção de aço. É importante, ainda, observar que a sucata pode, sem maiores problemas, ser reciclada mesmo quando enferrujada. Sua reciclagem é também facilitada pela sua simples identificação e separação, principalmente no caso da sucata ferrosa, em que se empregam eletroímãs, devido as suas propriedades magnéticas. Utilizando este processo é possível retirar até 90% do metal ferroso existente no lixo. 20 3.7. Destino do Lixo • Lixão: no lixão, o lixo é depositado de forma desordenada, sem que haja preparo do solo, causando, assim, contaminação da área, poluindo o ar, lençóis freáticos e grande acúmulo de animais transmissores de doenças, acarretando sérios problemas de saúde para a população do entorno. • Aterros sanitários: nos aterros sanitários, o lixo é depositado em grandes áreas, as quais devem atender a determinados requisitos, como o emprego de técnicas de engenharia e normas operacionais, visando reduzir o volume de lixo. O solo é impermeabilizado para receber os resíduos, o volume é depositado, camada a camada, e prensado por um trator, até que seja esgotada a quantidade de camadas. Quando o aterro atinge seu limite, ele deve ser encerrado, respeitando-se técnicas e precauções a fim de evitar erosão do terreno e observando-se a drenagem de águas superficiais. • Incineração: reduz o volume de lixo (até 90%), com o uso de altas temperaturas (de 800 a 1.000º C), até que ele seja reduzido a cinzas e escórias. A energia térmica gerada pode ser aproveitada para aquecimento, por meio da produção de vapor, ou ser utilizada na produção de energia elétrica, sendo possível recuperar o equivalente à metade da energia dissipada. Trata-se de uma alternativa muito onerosa, pois causa risco ambiental. A incineração é muito utilizada nos serviços hospitalares para neutralizar os riscos à saúde da população. • Compostagem: “compostagem é um processo biológico, em que os microrganismos convertem a parte orgânica dos resíduos sólidos urbanos (RSU) num material estável tipo húmus, conhecido como composto”. Esse composto pode ser utilizado como adubo e os gases podem ser utilizados como energia. 21 • Micro-ondas: o sistema de microondas é o meio que reduz o volume do lixo e extermina os agentes biológicos. Esse sistema é conhecido como processo eletrotérmico (ETD), que reduz o volume do lixo em 70% (o restante dos resíduos é depositado no aterro sanitário). Essa técnica não emite poluentes na atmosfera, como acontece com a incineração. • Reciclagem: trata-se da melhor maneira de dar destino ao lixo, pois, além de evitar a poluição do meio ambiente, ele se transforma e não ocupa espaço, como no caso do aterro. Além disso, a reciclagem é também uma fonte de renda – muitas famílias sobrevivem por meio da coleta seletiva. 3.8. Outras formas de poluição É importante salientar também a existência de outros tipos de poluição: • Poluição sonora: caracterizada pela emissão de som acima de 85 dB, ocasionando alguns problemas de saúde, como stress, surdez e impotência sexual, dentre outros. • Poluição visual: excesso de elementos visuais, como cartazes, banners, propagandas e placas. • Poluição do solo: a poluição do solo ocorre em decorrência da introdução de poluentes no solo, principalmente produtos químicos utilizados na agricultura. O lixo mal acondicionado e lançado nos lixões também produz líquidos tóxicos que causam poluição do solo, como por exemplo, pilhas, baterias etc. 22 Unidade 4 – Fauna e Flora O desrespeito e a depredação da natureza provocam consequências desastrosas. A destruição de florestas e o aquecimento global propiciam a propagação de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue e a malária. Ao invadir florestas o homem entrou em contato com vírus que não conhecia, como o HIV da AIDS, que espalhou-se pelo mundo a partir da caça de chimpanzés na selva africana. Na Europa, EUA e em várias partes do mundo, florestas foram devastadas em nome do próprio progresso, para dar lugar a plantações, pastos, cidades, indústrias, usinas, estradas etc. Campeão absoluto de biodiversidade terrestre, o Brasil reúne quase 12% de toda a vida natural do planeta. Concentra 55 mil espécies de plantas superiores (22% de todas as que existem no mundo), muitas delas endêmicas (só existem no país e em nenhum outro lugar); 524 espécies de mamíferos; mais de 3 mil espécies de peixes de água doce; entre 10 e 15 milhões de insetos (a grande maioria não foi ainda estudada); e mais de 70 espécies de psitacídeos: araras, papagaios e periquitos. Quatro dos biomas mais ricos do planeta estão no Brasil: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Pantanal. Infelizmente, correm sérios riscos. A Mata Atlântica se desenvolve ao longo da costa brasileira, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Ela guarda cerca de 7% de sua extensão original e o Cerrado possui apenas 20% 23 de sua área ainda intocadas. Estas duas áreas são consideradas hotspots, isto é, áreas prioritárias para conservação, de rica biodiversidade e ameaçada no maisalto grau. A implantação de corredores de biodiversidade é a principal estratégia empregada pela ONG CI-Brasil para direcionar as ações de conservação nos Hotspots e nas Grandes Regiões Naturais. Nascentes de águas que abastecem vários estados brasileiros estão na Mata Atlântica. O Cerrado abriga a mais rica savana do mundo, com grande biodiversidade, e recursos hídricos valiosos para o Brasil. Nas suas chapadas estão as nascentes dos principais rios das bacias Amazônica, do Prata e do São Francisco. No mundo inteiro, cerca de 13 milhões de hectares de florestas são perdidos todos os anos, principalmente na América do Sul e África. O Brasil foi o país onde mais se devastaram florestas entre 2000 e 2008. Acredita-se que o número atual de plantas conhecidas no Brasil represente apenas 60% a 80% das plantas realmente existentes no país. Essa diversidade é tão grande que em cerca de 1 hectare da Floresta Amazônica ou da Mata Atlântica encontram-se mais espécies de árvores (entre 200 e 300 espécies) que em todo o continente europeu. A flora brasileira está espalhada por diversos habitats, desde florestas de terra firme com cerca de 30 m de altura de copa e com uma biomassa de até 400 t/hectare, até campos rupestres e de altitude, com sua vegetação de pequenas plantas e musgos que frequentemente congelam no inverno; e matas de araucária, o pinheiro brasileiro no sul do país. A maior parte da flora brasileira encontra-se na Mata Atlântica e na Floresta Amazônica, embora o Pantanal Mato-grossense, o cerrado e as restingas também apresentem grande diversidade vegetal. 24 Algumas famílias de plantas destacam-se por sua grande diversidade na flora brasileira. A família das bromeliáceas, que inclui as bromélias, gravatás e barbas de velho, tem mais de 1.200 espécies diferentes. ESPÉCIES EXÓTICAS Além das espécies nativas, a flora brasileira recebeu aportes significativos de outras regiões tropicais, trazidos pelos portugueses durante o período colonial. Várias dessas espécies de plantas restringiram-se às áreas agrícolas, como o arroz, a cana-de-açúcar, a banana e as frutas cítricas. Outras, entretanto, adaptaram-se muito bem e espalharam- se pelas florestas nativas a tal ponto que frequentemente são confundidas com espécies nativas. O coqueiro que forma verdadeiras florestas ao longo do litoral nordestino brasileiro, é originário da Ásia. Da mesma forma, a fruta-pão e a jaqueira, originários da região indo-malaia, são integrantes comuns da Mata Atlântica. Além dessas, podemos citar a mangueira, a mamona, o cafeeiro e várias espécies de eucaliptos e pinheiros, introduzidas para a produção de madeira, bem como dezenas de espécies de gramíneas. É comum encontrar em matas degradadas ou brotadas em pastos ou terras agrícolas abandonadas uma grande proporção de espécies exóticas. PLANTAS MEDICINAIS A diversificada flora brasileira é amplamente utilizada pela população, embora pouco se conheça cientificamente sobre seus usos. Por exemplo, um estudo recente realizado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi na ilha de Marajó, no Pará, identificou quase 200 espécies de plantas de uso terapêutico pela população local. A população indígena também utilizou e ainda utiliza a flora brasileira, porém tal conhecimento tem se perdido com sua aculturação. É provável que muitas espécies de plantas brasileiras 25 tenham uso terapêutico ainda desconhecido. Esse conhecimento, entretanto, está ameaçado pelo desmatamento e pela expansão das terras agropecuárias. 4.1. Cenário Ambiental O Princípio Natural Refletir sobre a natureza pode ajudar o homem a compreender melhor a vida ao seu redor. Imagine: como seria o mundo conforme o plano original da natureza sem a intervenção humana? 26 OBRAS DA NATUREZA INTERVENÇÕES DO HOMEM (interferências sem cautela) águas limpas (rios, mares, oceanos...) despejo de esgoto não tratado, resíduos tóxicos, poluentes, desmatamento nas margens dos rios. ar puro emissão de poluentes (usinas, indústrias, carros), excesso de transporte individual (congestionamentos), queima de combustíveis fósseis (gases do efeito estufa que provocam as mudanças climáticas). terra, vegetação concreto, asfalto que impede o escoamento da água das chuvas provocando enchentes nas cidades (lixo nos bueiros). ausência de lixo descartáveis, montanhas de lixo, embalagens de plástico, metal, vidro, papel, detritos tóxicos, produtos que não se decompõe na natureza. alimentos naturais / orgânicos agrotóxicos (poluem o solo, a água e o ar). sementes originais da natureza transgênicos patenteados (sementes geneticamente modificadas em laboratório). verduras, legumes, grãos, frutas... alimentos com excesso de açúcar (refrigerantes), sal, gorduras trans e saturadas, aditivos químicos, fast-food. florestas, biodiversidade desmatamento, queimadas, avanço de pastagens e lavouras (monoculturas) sobre florestas nativas, extinção de espécies da fauna e flora pela destruição do habitat. pássaros, animais livres caça, tráfico ilegal, pesca predatória (captura acidental de animais marinhos), jaulas, gaiolas, confinamento (poedeiras), cobaias, maus-tratos, descaso com o sofrimento animal terra, água e alimentos suficientes para todos má distribuição, corrupção e falta de boa vontade do poder público, consumo insustentável dos recursos naturais (desperdício, depredação da natureza) 27 A vida no planeta é ameaçada pela raça humana Nossa qualidade de vida depende da preservação do meio ambiente. Fazemos parte dele. 4.2. A Amazônia - É a maior floresta tropical do planeta. - Estende-se por uma área de 6,4 milhões de quilômetros quadrados na América do Sul. - 63% no Brasil e o restante estão distribuídos no Peru, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Guiana, Suriname, Equador e Guiana Francesa. - Abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e grande parte do Maranhão. - A Amazônia Legal correspondente a cerca de 61% do território brasileiro (5.217.423 km2). - Tem 20 milhões de habitantes e baixa densidade demográfica. - Guarda cerca de um quinto das reservas de água doce do mundo. O Rio Amazonas é o maior do mundo em volume de água. - Megabiodiversidade: é rica em espécies vegetais e animais. - A floresta absorve carbono diminuindo as consequências das mudanças climáticas globais. 28 - Enorme potencial de plantas a serem descobertas para uso farmacêutico, cosmético, químico, alimentar etc. Veja algumas das maiores ameaças para a Amazônia: grilagem (posse ilegal de terras mediante documentos falsos), desmatamentos, queimadas, madeireiras predatórias, expansão da fronteira pecuária e agrícola (soja principalmente no Mato Grosso), fiscalização insuficiente, impunidade, caça e pesca sem controle, contrabando de animais. A floresta é vulnerável aos efeitos do aquecimento global. Segundo o IBAMA, a fertilidade natural dos solos é baixa. A floresta Amazônica é um ecossistema auto-sustentável. Ela se mantém com seus próprios nutrientes num ciclo permanente. Existe um delicado equilíbrio nas relações das populações biológicas que são sensíveis a interferências do homem. A Amazônia apresenta uma grande variedade de ecossistemas, dentre os quais se destacam: matas de terra firme, florestas inundadas, várzeas, igapós, campos abertos e cerrados. Consequentemente, a Amazônia abriga uma infinidade de espécies vegetais e animais: 1,5 milhão de espécies vegetais catalogadas; 3 mil espécies de peixes; 950 tipos de pássaros; e ainda insetos, répteis, anfíbios e mamíferos. A destruição de florestas tropicais, além de reduzir a biodiversidade doplaneta, causa erosão dos solos, degrada áreas de bacias hidrográficas, libera gás carbônico para a atmosfera, causa desequilíbrio social e ambiental. A redução da umidade na Amazônia faz reduzir as chuvas na região centro-sul brasileira. Em 2008, o setor madeireiro extraiu o equivalente a 6,2 milhões de árvores. Após o processamento principalmente no Pará, Mato Grosso e Rondônia, a madeira amazônica foi destinada tanto para o mercado doméstico (64%) como para o externo (36%). O Pará é o principal produtor de madeira amazônica, representando 45% do total produzido e concentra 51% das empresas madeireiras. 29 A industrialização ocorre ao longo dos principais eixos de transporte da Amazônia. Alguns dos graves problemas são o caráter migratório da indústria madeireira e o baixo índice de manejo florestal. A média de cobrança e pagamento efetivos das multas ambientais é baixíssima em toda a Amazônia. Entre 1990 e 2008 a taxa de crescimento da pecuária na Amazônia Legal cresceu 140%, passando de 26,6 cabeças de gado para 64 milhões de cabeças. A taxa média de crescimento foi 10 vezes maior do que no restante do país, respondendo por 33% do rebanho nacional. O Mato Grosso, Pará e Rondônia foram os principais produtores no período. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, 75% da área desmatada na Amazônia é ocupada pela pecuária. São quase 70 milhões de bovinos, e um terço está no Mato Grosso. A ocupação é de quase uma cabeça de gado por hectare. O Brasil é o maior exportador mundial e o segundo maior consumidor de carne bovina. Pastagens degradadas têm sido convertidas em cultivos agrícolas. O pecuarista vende o pasto para o cultivo da soja e continua a desmatar. As bacias hidrográficas de Mato Grosso já perderam de 32% a 43% de sua cobertura vegetal original. No Brasil, a quase totalidade das queimadas é causada pelo homem, por razões muito variadas: limpeza de pastos, preparo de plantios, desmatamentos, disputas fundiárias, vandalismo, colheita manual de cana-de-açúcar (necessita mecanização para evitar a queima) etc. 30 No desmatamento ilegal, a queima descontrolada (sem barreiras que impedem a propagação do fogo) propicia condições para incêndios florestais. Outras práticas irresponsáveis: soltar balões, acender velas próximas à vegetação, jogar pontas de cigarros acesas nas margens das estradas, não apagar restos de fogueiras e a falta de cuidado ao lidar com fogo. A fumaça gerada pelas queimadas é responsável por milhares de internações. O Departamento de Ciências Atmosféricas da USP constatou que a fuligem das queimadas na Amazônia é levada pelo vento para o Centro-Sul do País e para o Oceano Atlântico. A diminuição dos índices de desmatamento entre 2004 e 2006 foi reflexo dos esforços oficiais (como a criação de unidades de conservação e aumento da fiscalização) e da recessão vivida pelo agronegócio no período. O Brasil reduziu o desmatamento da floresta amazônica em 19.000 km² em 2005 e em um pouco mais de 13.000 km² em 2006, segundo o INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Porém, nos anos seguintes, infelizmente o desmatamento voltou a subir. A floresta já perdeu quase 20% do seu tamanho original - 700 mil quilômetros quadrados foram derrubados. 4.3. Contrabando de Animais O comércio ilegal de animais silvestres é a terceira atividade clandestina que mais movimenta dinheiro sujo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e armas. O Brasil é um dos principais alvos dos traficantes devido a sua imensa diversidade de peixes, aves, insetos, mamíferos, répteis, anfíbios e outros. 31 As condições de transporte são péssimas. Muitos morrem antes de chegar ao seu destino final. Filhotes são retirados das matas, atravessam as fronteiras escondidos nas bagagens de contrabandistas para serem vendidos como mercadoria. Todos os anos mais de 38 milhões de animais selvagens são retirados ilegalmente de seu hábitat no país, sendo 40% exportados, segundo relatório da Polícia Federal. O tráfico interno é praticado por caminhoneiros, motoristas de ônibus e viajantes. Já o esquema internacional, envolve grande número de pessoas. Os animais são capturados ou caçados no Norte, Nordeste e Pantanal, geralmente por pessoas muito pobres, passam por vários intermediários e são vendidos principalmente no eixo Rio-São Paulo ou exportados. Os animais são traficados para pet shops, colecionadores particulares (priorizam espécies raras e ameaçadas de extinção) e para fins científicos (cobras, sapos, aranhas etc). Segundo o IBAMA, a exploração desordenada do território brasileiro é uma das principais causas de extinção de espécies. O desmatamento e degradação dos ambientes naturais, o avanço da fronteira agrícola, a caça de subsistência e a caça predatória, a venda de produtos e animais procedentes da caça, apanha ou captura ilegais (tráfico) na natureza e a introdução de espécies exóticas em território nacional são fatores que participam de forma efetiva do processo de extinção. Este processo vem crescendo nas últimas duas décadas na medida em que a população cresce e os índices de pobreza aumentam. 32 4.4. Declaração dos Direitos dos Animais Proclamada pela UNESCO em sessão realizada em Bruxelas em 27 de janeiro de 1978. Preâmbulo: • Considerando que cada animal tem direitos; • Considerando que o desconhecimento e o desprezo destes direitos levaram e continuam a levar o homem a cometer crimes contra a natureza e contra os animais; • Considerando que o reconhecimento por parte da espécie humana do direito à existência das outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das espécies no mundo; • Considerando que genocídios são perpetrados pelo homem e que outros ainda podem ocorrer; • Considerando que o respeito pelos animais por parte do homem está ligado ao respeito dos homens entre si; • Considerando que a educação deve ensinar à infância a observar, compreender e respeitar os animais. Proclama-se: Art. 1 Todos os animais nascem iguais diante da vida e têm o mesmo direito à existência. 33 Art. 2 a) Cada animal tem o direito ao respeito. b) O homem, enquanto espécie animal, não pode atribuir-se o direito de exterminar os outros animais ou explorá-los, violando esse direito. Ele tem o dever de colocar a sua consciência a serviço dos outros animais. c) Cada animal tem o direito à consideração, à cura e à proteção do homem. Art. 3 a) Nenhum animal deverá ser submetido a maus-tratos e atos cruéis. b) Se a morte de um animal é necessária, deve ser instantânea, sem dor nem angústia. Art. 4 a) Cada animal que pertence a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu ambiente natural terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de reproduzir-se. b) A privação da liberdade, ainda que para fins educativos, é contrária a este direito. Art. 5 a) Cada animal pertencente a uma espécie que vive habitualmente no ambiente do homem tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie. 34 b) Toda modificação deste ritmo e destas condições impostas pelo homem para fins mercantis é contrária a este direito. Art. 6 a) Cada animal que o homem escolher para companheiro tem o direito a uma duração de vida conforme a sua natural longevidade. b) O abandono de um animal é um ato cruel e degradante. Art. 7 Cada animal que trabalha tem o direito a uma razoável limitação do tempo e intensidade do trabalho, a uma alimentação adequada e ao repouso. Art. 8 a) A experimentação animal que implica um sofrimento físico e psíquico é incompatível com os direitosdo animal, seja uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer outra. b) As técnicas substitutivas devem ser utilizadas e desenvolvidas. Art. 9 No caso de o animal ser criado para servir de alimentação, deve ser nutrido, alojado, transportado e morto sem que para ele resulte ansiedade ou dor. Art. 10 a) Nenhum animal deve ser usado para divertimento do homem. 35 b) A exibição dos animais e os espetáculos que os utilizam são incompatíveis com a dignidade do animal. Art. 11 O ato que leva à morte de um animal sem necessidade é um biocídio, ou seja, um delito contra a vida. Art. 12 a) Cada ato que leva à morte de um grande número de animais selvagens é um genocídio, ou seja, um delito contra a espécie. b) O aniquilamento e a destruição do ambiente natural levam ao genocídio. Art. 13 a) O animal morto deve ser tratado com respeito. b) As cenas de violência de que os animais são vítimas devem ser proibidas no cinema e na televisão, a menos que tenham como fim mostrar um atentado aos direitos do animal. Art. 14 a) As associações de proteção e de salvaguarda dos animais devem ser representadas em nível de governo. b) Os direitos dos animais devem ser defendidos por leis, como os direitos do homem. UNESCO 36 4.5. Lei Contra Crimes Ambientais LEI Nº. 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE Seção I Dos Crimes contra a Fauna Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. Art. 30. Exportar peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 37 Art. 31. Introduzir espécime animal no país, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carregamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Seção II Dos Crimes contra a Flora 38 Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº. 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: 39 Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais: Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Incorrem nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente. Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. 40 Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: Pena - reclusão de dois a quatro anos e multa. § 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. § 2o Se a área explorada for superior a 1.000 há (mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 41 Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindosubstâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Seção III Da Poluição e outros Crimes Ambientais Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º Se o crime: I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: 42 Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente. Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona as substâncias ou produtos referidos no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança. § 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço. Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: 43 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 44 Unidade 5 – Alimentos O mundo produz diariamente comida em quantidade suficiente para alimentar toda à população do planeta, no entanto a fome mata uma pessoa a cada 3,5 segundos no mundo por não ter acesso a esta alimentação. Segundo o Relatório Mundial Sobre a Fome da ONU, estima-se que existam hoje 854 milhões de pessoas subnutridas no mundo. O documento revela que 300 milhões de crianças passam fome no mundo e 25 mil pessoas morrem por dia de má nutrição ou doenças associadas ao problema. Em outro extremo também preocupante, existe no mundo mais de 1 bilhão de adultos com sobrepeso e 300 milhões com obesidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A obesidade é fator de risco para problemas cardiovasculares, de diabetes, hipertensão arterial e certos tipos de câncer. Além do agravante do sedentarismo, crianças, adolescentes e adultos são bombardeados por propagandas de alimentos pouco nutritivos e com excesso de açúcar, sal, calorias, gorduras saturadas (sobretudo de origem animal) e gorduras trans. Índices nacionais de consumo alimentar (IBGE) apontam uma elevada ingestão de açúcar, gordura e sal pela população, além de um baixo consumo de frutas, legumes e hortaliças. A obesidade vem crescendo mais rapidamente na faixa mais pobre da população. A gordura saturada aumenta o colesterol ruim. A gordura trans, além de aumentar as taxas do colesterol ruim (LDL), diminui as do colesterol bom (HDL) e facilita o depósito de tecido adiposo no abdômen. 45 A gordura trans é muito comum em alimentos industrializados para melhorar a consistência e aumentar o prazo de validade. Ela é um tipo específico de gordura formada por um processo de hidrogenação. Pode ser encontrada em biscoitos, salgadinhos de pacote, sorvetes, pastelarias, bolos, entre outros alimentos preparados com gorduras hidrogenadas. A leitura dos rótulos dos alimentos permite verificar quais alimentos são ou não ricos em gorduras trans. Não se deve consumir mais de 2 gramas de gordura trans por dia, o que equivale a aproximadamente uma colher de sopa de margarina. O Brasil é um dos principais produtores de alimentos do planeta. O país desperdiça anualmente R$12 bilhões em alimentos que poderiam alimentar 30 milhões de pessoas carentes. Perto de 44% do que é plantado se perde na produção, distribuição e comercialização: 20% na colheita, 8% no transporte e armazenamento, 15% na indústria de processamento e 1% no varejo. Com mais 20% de perdas no processamento culinário e hábitos alimentares, as perdas totalizam 64% em toda cadeia, conforme dados da revista Veja. Evitando o desperdício, haverá mais alimentos à disposição no mercado e os preços sofrerão redução para todos. É a lei da oferta e da procura. Comer menos carne é uma forma de colaborar com a natureza e diminuir a fome. A produção de proteína de origem animal requer muito mais solo, água e energia do que a produção de grãos e outros vegetais. A pecuária bovina é a maior responsável pelo desmatamento no Brasil. A produção de suínos e aves consome grande parte da produção dos grãos do país. Cerca de 70% do milho produzido no mundo vira ração. 46 Dados da Embrapa apontam que o abate da suinocultura industrial em 2008 no Brasil foi de 26 milhões de cabeças. A suinocultura, muito praticada na região sul, é considerada uma atividade com grande potencial poluidor. Um porco produz dejetos equivalentes aos de 8 seres humanos. O lançamento indiscriminado de dejetos não tratados em rios, lagos e no solo vem contribuindo para a degradação do meio ambiente. 5.1. Alimentos Orgânicos O produto orgânico é cultivado sem o uso de adubos químicos ou agrotóxicos. As técnicas de produção orgânica são destinadas a incentivar a conservação do solo e da água e reduzir a poluição. Segundo o Instituto Biodinâmico (IBC), um certificador brasileiro reconhecido internacionalmente, a produção orgânica no Brasil cresce 30% ao ano e ocupa atualmente uma área de 6,5 milhões de hectares de terras, colocando o país na segunda posição dentre os maiores produtores mundiais de orgânicos principalmente devido ao extrativismo sustentável de castanha, açaí, pupunha, látex, frutas e outras espécies das matas tropicais, principalmente da Amazônia. Cerca de 75% da produção nacional de orgânicos é exportada, principalmente para a Europa, Estados Unidos e Japão. A soja, o café e o açúcar lideram as exportações. No mercado interno, os produtos mais comuns são as hortaliças, seguidos de café, açúcar, sucos, mel, geléias, feijão, cereais,laticínios, doces, chás e ervas medicinais. Pelo menos 80% dos projetos certificados no Brasil são de pequenos agricultores familiares (cerca de 20 mil agricultores). As associações e cooperativas de 47 pequenos produtores vêm crescendo e viabilizam a agricultura orgânica em muitas regiões fixando o homem no campo. Muitas famílias consomem e vendem o que plantam. O produto orgânico evita problemas de saúde causados pela ingestão de substâncias químicas tóxicas, protege a qualidade da água, a fertilidade do solo, a vida silvestre e é mais nutritivo. Incluir produtos orgânicos nas compras incentiva a produção e no longo prazo, tornando os orgânicos mais baratos. Para esclarecer, o alimento hidropônico (produzido na água) não é orgânico, pois utiliza adubos químicos solúveis. O selo de certificação é a garantia do consumidor de estar adquirindo produtos orgânicos isentos de qualquer resíduo tóxico. O sistema de cultivo orgânico observa as leis da natureza, respeita as diferentes épocas de safra e todo o manejo agrícola está baseado na preservação dos recursos naturais, além de respeitar os direitos de seus trabalhadores. Veja alguns motivos para consumir alimentos orgânicos: 1. São Alimentos Nutritivos e Saborosos Com solos balanceados e fertilizados com adubos naturais, se obtém alimentos mais nutritivos. A comida fica mais saborosa, conservam-se suas propriedades naturais, como vitaminas, sais minerais, carboidratos e proteínas. Um alimento orgânico não contém substâncias tóxicas e nocivas à saúde. Em solos equilibrados as plantas crescem mais saudáveis, preservam-se suas 48 características originais, como aroma, cor e sabor. Consumindo produtos orgânicos é possível apreciar o sabor natural dos alimentos. 2. Saúde Garantida Vários pesticidas utilizados hoje em dia no Brasil estão proibidos em muitos países, em razão de consequências provocadas à saúde, tais como o câncer, as alergias e a asma. Um relatório da Academia Americana de Ciências, de 1982, calculou em 1.400.000 o número de novos casos de câncer provocados por agrotóxicos. Além disso, os alimentos de origem animal estão contaminados pela ação dos perigosos coquetéis de antibióticos, hormônios e outros medicamentos que são aplicados na pecuária convencional, quer o animal esteja doente ou não. Consumindo orgânicos protegemos nossa saúde e a saúde de nossos familiares com a garantia adicional de não estarmos consumindo alimentos geneticamente modificados. 3. Proteção às Futuras Gerações As crianças são os alvos mais vulneráveis da agricultura com agrotóxicos. “Quando uma criança completa um ano de idade, já recebeu a dose máxima aceitável para uma vida inteira de agrotóxicos que provocam câncer”, diz um relatório recente do Environmental Working Group (Grupo de Trabalho Ambiental). A agricultura orgânica, além do mais, tem a grande tarefa de legar às futuras gerações um planeta reconstruído. 4. Amparo ao Pequeno Produtor O trabalhador rural precisa ser preservado, tanto quanto a qualidade ecológica dos alimentos. Adquirindo produtos ecológicos, contribuímos com a redução da migração de famílias para as cidades, evitando o êxodo rural e ajudando a acabar com o envenenamento por agrotóxicos em cerca de 1 milhão de agricultores no mundo inteiro. Assim, as pequenas propriedades poderão manter-se sem dívidas pela compra de insumos químicos. 49 5. Solos Férteis Uma das principais preocupações da Agricultura Orgânica é o solo. O mundo presencia a maior perda de solo fértil pela erosão em função do uso inadequado de práticas agrícolas convencionais. Com a Agricultura Orgânica é possível reverter essa situação. 6. Água Pura Quando são utilizados agrotóxicos e grande quantidade de nitrogênio, ocorre a contaminação nas fontes de água potável. Cuidando desse recurso natural, garante-se o consumo de água pura para o futuro. 7. Biodiversidade A perda das espécies é um dos principais problemas ambientais. A Agricultura Orgânica preserva sementes por muitos anos e impede o desaparecimento de numerosas espécies, incentivando as culturas mistas e fortalecendo o ecossistema. A Fauna permanece em equilíbrio e todos os seres convivem em harmonia, graças à não utilização de agrotóxicos. A Agricultura Orgânica respeita o equilíbrio da natureza e cria ecossistemas saudáveis. 8. Redução do Aquecimento Global e Economia de Energias O solo tratado com substâncias químicas libera uma quantidade enorme de gás carbônico, gás metano e óxido nitroso. A agricultura e administração florestal sustentáveis podem eliminar 25% do aquecimento global. Atualmente, mais energia é consumida para produzir fertilizantes artificiais do que para plantar e colher todas as safras. 50 9. Custo Social e Ambiental O alimento orgânico não é, na realidade, mais caro que o alimento convencional se consideramos que, indiretamente, estaremos reduzindo nossas despesas com médicos e medicamentos e os custos com a recuperação ambiental. 10. Cidadania e Responsabilidade Social Consumindo orgânicos, estamos exercitando nosso papel social, contribuindo com a conservação e preservação do meio ambiente e apoiando causas sociais relacionadas com a proteção do trabalhador e com a eliminação da mão-de-obra infantil. 5.2. Agrotóxicos O uso de agrotóxicos e fertilizantes já é a segunda causa de contaminação da água no Brasil. Só perde para o despejo de esgoto doméstico. O Brasil consumiu em 2008, 365,5 mil toneladas de agrotóxicos, movimentando US$ 4 bilhões de dólares, segundo dados do SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola). Ao comprar uma maçã, por exemplo, é impossível detectar o banho de dezenas de pesticidas que ela recebeu. A intensa utilização de produtos químicos na produção de alimentos afeta o ar, o solo, a água, os animais e as pessoas. 51 Os agrotóxicos podem promover a intoxicação progressiva dos consumidores e afetar a saúde de trabalhadores do campo que, muitas vezes não estão preparados para lidar com esses agentes tóxicos. Em caso de dúvidas, a população pode entrar em contato com o Disque- Intoxicação da Anvisa. O telefone é 0800-722-6001. 5.3. Os Alimentos Transgênicos Os alimentos transgênicos são organismos geneticamente modificados em laboratório que tiveram genes estranhos, de qualquer outro ser vivo (vegetal ou animal), inseridos em seu código genético visando a obtenção de características específicas. Por exemplo: uma semente é modificada para ter tolerância (resistência) a um herbicida. Então a empresa de biotecnologia vende a semente patenteada (cobra royalties do agricultor) e vende o agrotóxico também. Os alimentos transgênicos já estão por toda a parte, porém faltam informações para sanar as diversas incertezas e temores em relação aos mesmos. Os principais transgênicos plantados no mundo são: soja (61%), milho (23%), algodão (11%) e canola (5%). A maioria dos europeus rejeita os produtos transgênicos (pesquisa Eurobarômetro), com isso, grande parte da produção transgênica da Europa é exportada para outros países (como o Brasil). Algumas pesquisas apontam que para conseguir saciar a fome mundial, seria necessário duplicar a atual produção de alimentos, mas esta técnica só seria possível com alimentos transgênicos, no entanto, nem todos apoiam essa solução, alegando danos ao meio ambiente e à saúde, desta forma, pesquisadores e cientistas do mundo inteiro estão desenvolvendo pesquisas sobre quais são as reais consequências destes alimentos no organismo humano e no meio ambiente. 52 É importante que estes alimentos geneticamente modificados sejam rotulados para que os consumidores possam distingui-los dos demaisalimentos na hora da compra. A seguir você verá os benefícios e os riscos dos alimentos transgênicos: Benefícios Para melhorar as características de algumas espécies e o seu rendimento para o consumo humano, a genética desenvolve produtos transgênicos, a fim de incorporar um gene com melhores características: � Saúde – podem ser produzidos alimentos com melhores características nutricionais do que as das espécies naturais; � Economia – são conseguidas variedades de cultivos mais resistentes às diversidades, como pragas, secas e geadas, garantindo a produção; � Conservação – ao obter cultivos mais resistentes, são reduzidas as intervenções na terra, evitando seu desgaste e uso de agrotóxicos; � Preservação – por meio destas modificações genéticas pode-se estender a vida útil do alimento. Riscos � Saúde – acredita-se que os transgênicos podem causar alergias alimentares e diminuir ou anular o efeito dos antibióticos no organismo, entre outras consequências desconhecidas para a saúde humana a longo prazo; 53 � Economia – do ponto de vista comercial, estes produtos são os preferidos pelos agricultores gerando uma dependência das empresas multinacionais que os comercializam; � Conservação – causam contaminação genética irreversível. O aparecimento de organismos com maiores aptidões provoca o risco de extinção nas variedades endêmicas ou silvestres; � Culturais – as técnicas agrícolas milenares que conviviam de forma equilibrada com o meio ambiente são alteradas. O Green Peace se opõe ao uso de transgênicos na alimentação humana e animal. Para a ONG, os resultados são imprevisíveis, incontroláveis e desnecessários. O Green Peace mantém em seu site um Guia do Consumidor para consulta de produtos. Segundo o Princípio da Precaução, quando uma atividade representa ameaças de danos ao meio-ambiente ou à saúde humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo se algumas relações de causa e efeito não forem plenamente estabelecidas cientificamente. Afinal, é melhor prevenir do que remediar. Insetos, pássaros e até mesmo o vento podem transportar o pólen de plantas transgênicas e assim contaminar plantações convencionais vizinhas, ainda que localizadas a grandes distâncias. A contaminação também pode ocorrer pelo uso comum de equipamentos de movimentação e armazenagem e no comércio. Pela evidente dificuldade técnica em proteger os plantios convencionais e orgânicos da contaminação transgênica (coexistência), muitas regiões e alguns países da União Européia foram declarados por suas autoridades como Zonas Livres de Transgênicos. Tal precaução não coloca em risco a saúde dos consumidores, o meio ambiente e é um enorme diferencial competitivo no mercado internacional. 54 5.4. Desperdício de Alimentos Reduzir o desperdício de alimentos traz diversos benefícios, entre eles a diminuição da fome mundial, redução dos preços, entre outros. Veja agora algumas dicas para reduzir o desperdício de alimentos. • Planeje as compras verificando o que já tem em casa. Opte pelo essencial. • Siga a lista que preparou no supermercado. Procure fazer as compras após as refeições. • Compre verduras, legumes e frutas semanalmente. • Não se importe com pequenas imperfeições destes alimentos. • Adquira na quantidade de consumo da sua família. • Coma primeiro as frutas mais maduras. • Prepare salada de frutas, vitaminas, aproveitando os alimentos disponíveis com criatividade. No preparo, procure aproveitar integralmente os alimentos, sempre que possível. Cascas de abacaxi viram suco, talos de verduras enriquecem tortas, sopas, arroz, risotos etc. Quando a comida estiver pronta e na temperatura ambiente, congele o excedente em porções individuais para consumo (uma concha de arroz, feijão, outros grãos cozidos etc). Se sobrar, diminua a porção até acertar o tamanho ideal. 55 Congele somente comida fresca. Descongele de um dia para o outro na geladeira ou retire do congelador algumas horas antes de consumir. Nunca recongele. Em geral, congelam muito bem: - pratos prontos; - pães, bolos, tortas e salgados; - as frutas da estação viram polpa para sucos naturais nutritivos; - molho de tomates frescos refogados; - vegetais escaldados e resfriados em seguida por cerca de 3 minutos em cada etapa (pesquise técnica de branqueamento). Não congelam bem: - maionese, saladas cruas, ovos cozidos, batata cozida e creme de leite, entre outros. • Procure colocar no prato somente o que pretende comer. Repita se necessário. • Prefira produtos da estação. São mais baratos e saborosos. • Procure comprar produtos da região. Isto ajuda a diminuir a poluição e as perdas causadas pelo transporte da mercadoria. • Não compre alface, cenoura e outros alimentos para ficarem esquecidos e velhos na gaveta da geladeira. 56 E mais : • Descarte os alimentos separadamente (lixo orgânico) de outros resíduos como papel, plástico, vidro, metal e outros. • Habitue-se a ler os rótulos dos produtos: prazo de validade, informações nutricionais, calorias, ingredientes, tipos de gorduras, etc. • Procure optar por alimentos e sucos naturais. São nutritivos e geram menos lixo (embalagens de bebidas). • Orgânico ou convencional, todo alimento vindo da feira deve ser muito bem lavado antes do consumo. • Evite frituras e frios embutidos. • Prefira alimentos ricos em fibras que ajudam no funcionamento do intestino: frutas, verduras, nozes, sementes, cereais e farinhas integrais, entre outros. • Evite consumir com grande frequência produtos industrializados/muito processados com excesso de açúcar, sal, gorduras trans, saturadas ou aditivos químicos artificiais (conservantes, corantes, aromatizantes, antioxidantes, estabilizantes e outros muitas vezes indecifráveis). • Em casa faça a propaganda das frutas, verduras, legumes e grãos para as crianças aprenderem a fazer escolhas alimentares certas. Uma alimentação saudável não pode ser baseada em bolachas, salgadinhos de pacote, frituras, carnes gordurosas, guloseimas, bebidas adocicadas e fast-food, pois a natureza oferece alimentos que ajudam na saúde, boa forma e longevidade. 57 Conclusão do Curso Olá. Chegamos ao fim do nosso curso! Espero que você tenha compreendido a importância da Educação Ambiental dentro da sociedade. A decisão de fazer este curso mostra que você possui um ótimo caráter e personalidade. Agora tente aplicar e transmitir os conhecimentos aqui adquiridos. Os recursos do nosso planeta estão se esgotando, faça sua parte e contribua para a mudança desta situação, as futuras gerações agradecem. Para concluir o curso, quando se sentir preparado faça a avaliação referente ao Módulo II localizada no menu do seu curso. Sucesso e boa sorte! 58 Bibliografia Educação Ambiental: Programa de Gestão Ambiental: <http://pga.pgr.mpf.gov.br/pga/educacao/que-e-ea/o- que-e-educacao-ambiental> Acessado em: 20/01/2011 RH Portal: <http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=3_uxpwk28> Acessado em: 20/01/2011 Artigonal – Diretório de Artigos Gratuitos < http://www.artigonal.com/ciencia- artigos/importancia-da-educacao-ambiental-para-a-sociedade-sustentavel- 629825.html> Acessado em: 02/02/2011 A água, o ar e a energia: AGUA – Associação Guardiã da Água <http://www.agua.bio.br/botao_d_L.htm> Acessado em: 07/02/2011 Web Ciência: <http://www.webciencia.com/21_agua.htm> Acessado em: 07/02/2011 Instituto Ecológico Aqualung <http://www.institutoaqualung.com.br/info_ar57.html> Acessado em: 09/02/2011 Sua Pesquisa: <http://www.suapesquisa.com/efeitoestufa/> Acessado
Compartilhar