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Módulo 13 - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA 
EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004 
 
0800 283 8380 
 
www.portalprominas.com.br 
 
 
 
Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
2 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 3 
UNIDADE 1 – HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA ........................................................................................... 5 
1.1 HISTÓRIA ....................................................................................................................................................... 5 
1.2 HISTORIOGRAFIA ........................................................................................................................................... 6 
1.3 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ............................................................................................................................... 7 
1.4 FONTES HISTÓRICAS ...................................................................................................................................... 8 
UNIDADE 2 – O PERÍODO JESUÍTICO (1549-1759) ................................................................................... 11 
UNIDADE 3 – O PERÍODO POMBALINO (1760-1808) ................................................................................ 17 
UNIDADE 4 – EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO IMPÉRIO – PRIMEIRA TENTATIVA DE 
ORGANIZAR A EDUCAÇÃO BRASILEIRA ................................................................................................. 20 
UNIDADE 5 – PERÍODO REPUBLICANO .................................................................................................... 29 
5.1 A PRIMEIRA REPÚBLICA ............................................................................................................................... 29 
5.2 A SEGUNDA REPÚBLICA ............................................................................................................................... 35 
5.3 O ESTADO NOVO ......................................................................................................................................... 39 
5.4 A QUARTA REPÚBLICA ................................................................................................................................. 43 
UNIDADE 6 – EDUCAÇÃO NO REGIME MILITAR ................................................................................... 50 
UNIDADE 7 – EDUCAÇÃO NA NOVA REPÚBLICA ................................................................................... 58 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 63 
 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
3 
INTRODUÇÃO 
 
“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de 
fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já 
fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A 
segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições 
de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.” 
 (Jean Piaget) 
 
 
Vamos partir dos objetivos gerais: garantir a você uma formação sólida em 
conteúdos pertencentes à educação, uma formação pedagógica dirigida para 
exercer com qualidade e comprometimento sua profissão. Enfim: uma formação que 
possibilite a vivência crítica da realidade do ensino do nosso país. 
A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo, 
investigando o que pensaram, sentiram e fizeram (não necessariamente nessa 
ordem, é claro). No contexto da educação, o conhecimento dos acontecimentos ao 
longo do tempo nos ajuda a compreender de onde viemos, onde estamos e para 
onde queremos ir. 
Enfim, a história de maneira geral, é uma ciência que nos traz fatos do 
passado, os quais nos fazem refletir, compreender o presente e buscar caminhos e 
atitudes que sejam diferentes no futuro, lembrando que essas informações de nada 
ou quase nada servirão se não questionarmos, compreendermos e as 
interpretarmos. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
4 
Em se tratando da “História da Educação Brasileira”, ela é uma das 
disciplinas de base não somente para os cursos de formação de professores como 
para formação de outros profissionais que atuam no campo da educação. 
Começaremos nossos estudos por volta do ano 1500 quando do 
descobrimento do Brasil, obviamente. Passaremos pelos períodos dos Jesuítas, o 
período chamado “pombalino”, a fase do império – período joanino, da república que 
é razoavelmente longa (república velha, Estado Novo), a ditadura militar e, a nova 
república que podemos inferir, ainda está se construindo. 
Duas observações se fazem necessárias: 
Em primeiro lugar, sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa 
ser científica, ou seja, baseada em normas e padrões da academia. Pedimos licença 
para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para 
que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das 
ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se 
tratando, portanto, de uma redação original. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir 
para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos. 
 
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5 
UNIDADE 1 – HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA 
 
1.1 História 
Ao apresentar a obra “História da Educação” (2006), Ghiraldelli Jr. nos 
lembra que a palavra ‘história’ tem, entre outros, dois significados básicos: 
 refere-se aos processos de existência e vida real dos homens no tempo; 
 refere-se ao estudo científico, à pesquisa e ao relato estruturado desses 
processos humanos. 
Igualmente temos em Lombardi (2003) entendimento semelhante: por 
história entendem-se os fatos ou acontecimentos; também, o campo de 
conhecimento que faz a narração metódica desses mesmos fatos; ainda, para 
designar o conjunto de conhecimentos sobre as transformações do passado; 
finalmente para referir-se ao conjunto das obras referentes à história. 
Buscando embasamento em dois dicionários, o conhecido “Aurélio” assinala 
assim a definição para ‘história’: 
 História. [...]. S.f. 1. Narração metódica dos fatos notáveis ocorridos na vida 
dos povos, em particular e na vida dahumanidade, em geral... 2. Conjunto de 
conhecimentos adquiridos através da tradição e ou por meio dos documentos, 
relativos à evolução, ao passado da humanidade. 3. Ciência e método que permitem 
adquirir e transmitir aqueles conhecimentos. 4. O conjunto das obras referentes à 
história... 
Já no Dicionário de Filosofia, de Nicola Abbagnano, registra-se para o termo 
‘História’ uma ambiguidade fundamental: por um lado, significa o conhecimento dos 
fatos ou a ciência que estuda os acontecimentos no tempo, em latim historia rerum 
gestarum; de outro, o termo história significa os próprios fatos ou a totalidade deles, 
em latim historia res gestae. Essa antiga ambiguidade ainda sobrevive em todas as 
línguas cultas modernas, inclusive o português. 
Lombardi (2003) vai além e nos oferece mais duas ressalvas importantes: 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
6 
Em nossa língua buscou-se contornar a ambiguidade grafando a historia 
rerum gestarum com H maiúsculo e a historia res gestae com o h minúsculo. 
Evidentemente que tal procedimento não é suficiente para diferenciar o fato histórico 
da ciência que o estuda, mas a discussão possibilita que se pense que o termo 
designa duas faces de uma mesma e única moeda, mas permanecendo a 
ambiguidade etimológica da palavra. 
Ao fazer esta observação, não se pode deixar de registrar um outro aspecto: 
qualquer que seja a concepção de ciência (da história) que se tenha e, também, 
qualquer que seja a opção do investigador quanto ao fazer científico (na História), 
não se pode desvinculá-lo dos contraditórios interesses da sociedade e tempo 
histórico1 que vive. Em outras palavras, nenhum pesquisador é neutro, nenhum 
procedimento científico é asséptico e, muito menos, o conhecimento produzido por 
ele é dotado de neutralidade em relação às questões de seu tempo. 
 
1.2 Historiografia 
Quanto à historiografia, Ghiraldelli Jr (2006) denota ter esta, como objeto, o 
discurso sobre a história. Para alguns seria o produto da investigação da ciência 
histórica, consubstanciado numa forma comunicativa convencional (livro, texto, entre 
outros). Para outros envolve a história da história, ou seja, a discussão dos 
resultados e produtos da ciência histórica. 
Voltemos aos dois dicionários citados anteriormente para vermos o que 
encontramos sobre historiografia... 
No Dicionário da língua portuguesa: Historiografia. [Do gr. Historiographia.]. 
1. Arte de escrever a história... 2. Estudo histórico e crítico acerca da história ou dos 
historiadores. 
 
1 Enquanto podemos contar o tempo através do tempo cronológico, usando relógios ou calendários, o tempo 
geológico, refere-se às mudanças ocorridas na crosta terrestre, e o tempo histórico está relacionado às mudanças 
nas sociedades humanas. 
O tempo histórico tem como agentes os grupos humanos, os quais provocam as mudanças sociais, ao mesmo 
tempo em que são modificados por elas. Ele revela e esclarece o processo pelo qual passou ou passa a realidade 
em estudo. 
 
 
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7 
O Dicionário de Filosofia diz que a etimologia de historiografia resulta da 
composição de dois termos: graphia e historia, mais propriamente podendo ser 
traduzido como escritas da história na língua portuguesa. Foi cunhado por 
Campanella, em 1638, para designar uma parte de sua obra Philosophiae Rationalis, 
como forma diferenciada da história e com o significado de arte de escrever 
corretamente a história. O termo mudou de significado com Croce que passou a usá-
lo num novo sentido: por historiografia designava o conjunto dos conhecimentos 
históricos em geral, ou o complexo das ciências históricas. 
De todo modo, tanto História como Historiografia implicam e pressupõem o 
uso de métodos e teorias que alicerçam o processo e o resultado da construção do 
conhecimento historiográfico. 
Em linhas gerais, Lombardi (2003) acredita que existem no âmbito da 
pesquisa historiográfica as mesmas concepções e tendências que incidem no fazer 
científico do historiador, ou seja: 
 positivistas – com suas tendências cientificistas, neopositivistas e mesmo 
transpositivistas; 
 fenomenológicas – sendo suas principais tendências a própria fenomenologia, 
a hermenêutica, o culturalismo, o existencialismo, o antipositivismo e a 
arqueogenealogia; 
 dialéticas e suas três grandes tendências: a continuidade da dialética, 
idealista (hegeliana), a dialética marxista e a dialética negativa (da Escola de 
Frankfurt). 
 
1.3 História da educação 
A História da Educação carrega duplo sentido da palavra história. 
Corresponde às tramas objetivas criadas pelos homens no trabalho, sistemático ou 
assistemático, de transmissão de vários tipos de conhecimento, valores, entre 
outros. 
Ao mesmo tempo, significa o estudo científico e a exposição dessas tramas 
(dando origem, portanto, a historiografia da Educação). E como a educação é 
 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
8 
sempre feita com a inserção de graus variados de reflexão teórica, é possível dizer 
que a pedagogia – a teoria da educação – não se desliga da própria educação, o 
que implica a compreender a história da educação como história da educação e da 
pedagogia (GHIRALDELLI JR., 2006). 
Embora concordemos com Ghiraldelli Jr quando afirma que a história da 
Educação e da Pedagogia devam ser vistas em seus dois principais planos: o das 
políticas educacionais e o das construções pedagógico-didáticas, nesta apostila 
teremos um apanhado geral e ao longo do curso ambos os planos terão momentos 
próprios para melhor aproveitamento de reflexões e discussões. 
Mas é importante saber de imediato que a História das Políticas 
Educacionais envolve a relação entre Estado, educação e sociedade. Diz respeito 
aos projetos educacionais das diversas classes sociais, com destaque para os 
projetos das classes dominantes e dirigentes que, uma vez controladoras do Estado, 
implementam tais projetos na medida em que ditam as leis e normas educacionais, e 
na medida em que negociam tais normas e leis com as classes não dominantes. 
Por sua vez, o plano das construções pedagógico-didáticas, diz respeito ao 
trabalho prático e às teorizações das classes sociais quanto ao fazer pedagógico 
nas unidades escolares ou unidades educacionais. Nesse nível, a relação entre 
educação e sociedade é recíproca, onde as classes dominantes e dirigentes 
implementaram suas construções pedagógico-didáticas, afastando as pedagogias 
concorrentes ou assimilando-as dentro da ótica dominante, quando possível. 
 
1.4 Fontes históricas 
Outro dos conceitos básicos que embasam teoricamente e até mesmo 
justificam nossos estudos futuros são as fontes históricas. Vamos nos ater às 
definições filosóficas, justificando que no dicionário Aurélio são mais de 10 
definições para o termo “fonte”. 
FONTES HISTÓRICAS. (INGL. Historical Sources; fr. Souces historiques...). 
Com estaexpressão se indica, comumente, o material da pesquisa historiográfica. 
 
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As fontes Históricas costumam ser divididas em remanescentes e tradições. 
Os remanescentes são: 1) os restos das obras produzidas pelo homem (casas, 
pontes, teatros, utensílios, entre outros); 2) os modos de vida das comunidades 
(usos, costumes, ordenamentos jurídicos, políticos, entre outros); 3) as obras 
literárias e filosóficas; 4) os documentos em geral. 
Os restos produzidos com a intenção de transmitir uma recordação se 
chamam monumentos. Tais são os documentos que tiveram a finalidade de 
testemunhar, no futuro, a conclusão de um fato e tais são as inscrições, as 
medalhas, as moedas, entre outros. 
Por último, as fontes da tradição são aquelas pelas quais se transmitiu a 
memória dos fatos passados e podem ser orais e escritas. 
Ora, da mesma forma que é impossível pressupormos a Ciência da História 
sem que ela tenha objeto de investigação, não é possível o entendimento dos 
objetos de investigação sem as fontes e essas, por sua vez, como o material que 
fundamenta e embasa a própria pesquisa histórica. 
As fontes resultam da ação histórica do homem e, apesar de nem sempre 
terem sido produzidas com a intencionalidade de registrar a vida e o mundo dos 
homens, acabam sendo testemunhos dessas dimensões. Lembremos que apesar 
das fontes serem produtos históricos do homem, nem sempre se encontram 
facilmente disponíveis para que o homem torne inteligíveis suas ações no tempo e 
no espaço. 
Certamente que nem todas as ações históricas ficaram registradas para a 
posteridade. São, pois, vivências sociais que, apesar de terem existido, não foram 
de alguma forma registradas, não podendo ser recuperadas e contadas. Apesar da 
impossibilidade de se recuperar muitos acontecimentos, experiências e vivências do 
ser humano, também temos que convir que desde tempos imemoriais os homens 
produziram (e ainda produzem) artefatos, documentos, testemunhos, entre outros, 
que tornam possível o entendimento do homem sobre sua própria trajetória. 
São exatamente esses registros históricos que constituem os documentos, 
os testemunhos usados pelo historiador, para se aproximar e tornar inteligível seu 
objeto de estudo. Ao tratar do assunto, não se pode deixar de registrar, também, que 
 
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muitos documentos foram produzidos com o fim de falsear os dados ou registros, 
sendo um tipo de fonte que permite estudar, não como as coisas se passaram na 
realidade, mas como os interesses permeiam a produção de documentos 
(LOMBARDI, 2003). 
Estes aspectos sobre as fontes recolocam em relevo outro aspecto 
fundamental na discussão teórico-metodológica quanto ao fazer científico: a questão 
da verdade. Essa diz respeito tanto às fontes, como ao conhecimento produzido, 
mas não cabe ao momento enveredar por essas questões. 
Voltemos à discussão da busca das fontes. Nem sempre os documentos 
afloram de forma a se tornarem conhecidos e utilizáveis pelo homem. Assim, não 
resta outra alternativa ao historiador: é preciso definir claramente o que se deseja 
estudar, recortando e delimitando o objeto de investigação. Feita(s) a(s) escolha(s), 
é necessário buscar todo tipo de documento que ajude a reconstruir (em 
pensamento) o objeto de investigação delimitado. 
Às vezes existe o problema das fontes serem lacunares, parciais, escassas, 
raras ou dispersas. Assim, é preciso usar as informações iniciais, para que essas 
nos levem a novos dados, lendo “nas linhas e entrelinhas” e atentos aos indícios que 
levam a novas perguntas e a novas fontes – formando, dessa forma, uma rede de 
informações. Importa não recorrer a uma única fonte, mas sim confrontar várias 
fontes que dialoguem com o problema de investigação e possibilitem (ou não) que 
se dê conta de explicar e analisar o objeto investigado. 
Enfim, considerando-se que são as fontes que possibilitam o entendimento 
do mundo e da vida dos homens, todos os tipos de fontes são válidos: material lítico 
e cerâmico, documentos escritos, testemunhos orais, produções iconográficas, 
audiovisuais, eletrônicas, entre outros (LOMBARDI, 2003). 
Aos que queiram enveredar pela pesquisa, vale ler a íntegra da conferência 
proferida pelo professor acima e o consta nas referências complementares ao longo 
da apostila. 
Para os estudos que se seguem, as fontes são os documentos históricos 
escritos e que vieram sendo transmitidos e criticados ao longo de muitos séculos. 
 
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11 
UNIDADE 2 – O PERÍODO JESUÍTICO (1549-1759) 
 
A Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loiola e um pequeno grupo 
de discípulos, na Capela de Montmartre, em Paris, em 1534, com objetivos 
catequéticos, em função da Reforma Protestante e a expansão do luteranismo na 
Europa. 
Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em março de 1549, 
juntamente com o primeiro governador-geral, Tomé de Souza. Comandados pelo 
Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola 
elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues, 
contando apenas 21 anos. Irmão Vicente tornou-se o primeiro professor nos moldes 
europeus e durante mais de 50 anos dedicou-se ao ensino e a propagação da fé 
religiosa. 
O mais conhecido e talvez o mais atuante foi o noviço José de Anchieta, 
nascido na Ilha de Tenerife e falecido na cidade de Reritiba, atual Anchieta, no litoral 
sul do Estado do Espírito Santo, em 1597. Anchieta tornou-se mestre de escola do 
Colégio de Piratininga; foi missionário em São Vicente, onde escreveu na areia os 
“Poemas à Virgem Maria” (De beata virgine Dei matre Maria), missionário em 
Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; Provincial da Companhia de Jesus de 
1579 a 1586 e reitor do Colégio do Espírito Santo. Além disso, foi autor da Arte de 
gramática da língua mais usada na costa do Brasil. 
No Brasil, os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho 
educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé católica sem 
que soubessem ler e escrever. De Salvador, a obra jesuítica estendeu-se para o sul 
e, em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de 
instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo 
de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). 
Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito 
por Inácio de Loiola, o Ratio atque Instituto Studiorum, chamado abreviadamente de 
Ratio Studiorum. Os jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além 
do curso elementar eles mantinham os cursos de Letras e Filosofia, considerados 
 
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12 
secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para 
formação de sacerdotes. 
No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; 
e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e 
Ciências Físicas e Naturais. Os que pretendiam seguir as profissões liberais iam 
estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no 
campo das ciências jurídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na 
França, a mais procurada na área da medicina. 
Com a descoberta do Brasil, os índios ficaram à mercê dos interesses 
alienígenas: as cidades desejavam integrá-los ao processo colonizador; os jesuítas 
desejavam convertê-los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos estavam 
interessados em usá-los como escravos. Os jesuítas então pensaram em afastar os 
índios dos interesses dos colonizadores e criaram as reduções ou missões, no 
interior do território. Nestas Missões, os índios, além de passarem pelo processo de 
catequização, também eram orientados ao trabalho agrícola, que garantiam aos 
jesuítas uma de suas fontes de renda. 
As Missões acabaram por transformar os índios nômades em sedentários, o 
que contribuiu decisivamente para facilitar a captura deles pelos colonos, que 
conseguiram, muitas vezes, capturar tribos inteiras nestas Missões. 
Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira durante 
duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias 
portuguesas por decisão de Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal, 
primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777. No momento da expulsão, os jesuítas 
tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários 
menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia 
casas da Companhia de Jesus. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma 
grande ruptura histórica num processo já implantado e consolidado como modelo 
educacional. 
Vejamos a linha do tempo ou cronologia para o período dos Jesuítas, 
apontando separadamente os acontecimentos decorridos na História do Brasil e 
especificamente na educação – período 1500 a 1759. 
 
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13 
 
ANO HISTÓRIA 
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
HISTÓRIA 
DO BRASIL 
1500 Sai de Portugal a esquadra de Pedro Álvares 
Cabral com destino à Índia. 
Chega às costas brasileiras a esquadra de Pedro 
Álvares Cabral. 
1501 Américo Vespúcio percorre a costa do Brasil, do 
Rio Grande do Norte até Cananéia, em São Paulo, 
nomeando os acidentes geográficos litorâneos. 
1502 É concedido a Fernando de Noronha o direito de 
exploração do pau-brasil. 
1532 Martim Afonso de Souza funda a vila de São 
Vicente, depois de comandar a primeira expedição 
para defender o litoral brasileiro contra o 
contrabando de pau-brasil pelos franceses. 
1534 São criadas as Capitanias Hereditárias. 
1549 Chega ao Brasil o primeiro grupo de seis padres 
jesuítas, chefiados por Manuel de Nóbrega, 
marcando o início da História da Educação no 
Brasil (nos moldes europeus). 
Quinze dias após a chegada fundam, na cidade de 
Salvador, a primeira escola elementar. 
Tomé de Souza, primeiro Governador Geral do 
Brasil, funda a cidade de Salvador para servir de 
sede do governo. 
1553 Duarte da Costa é o segundo Governador Geral do 
Brasil. 
1554 São fundadas as escolas jesuítas de São Paulo de 
Piratininga, tendo como seu primeiro professor o 
padre José de Anchieta, e a da Bahia. 
 
1555 Primeira invasão francesa ao território brasileiro 
na Baía de Guanabara. 
Os franceses fundam a França Antártica, na Baía 
de Guanabara, para abrigar calvinistas fugidos da 
guerra religiosa na Europa. 
1556 É fundado o colégio jesuíta de Todos os Santos. 
Começa a vigorar as “Constituições da 
Companhia de Jesus”, incluindo a aprendizagem 
do canto, da música instrumental e o estudo 
profissional agrícola. 
 
1560 Mem de Sá é o terceiro Governador Geral do 
Brasil. 
Mem de Sá expulsa os franceses da Baía de 
Guanabara. 
1563 Estácio de Sá funda a cidade de São Sebastião do 
Rio de Janeiro. 
1564 É colocado em execução o “Padrão de Redízimo” 
que consistia em que 10% de toda a arrecadação 
dos dízimos reais, em todas as capitanias da 
 
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colônia e seus povoados, ficavam vinculados ao 
sustento e à manutenção dos jesuítas. 
1567 É fundado o colégio jesuíta do Rio de Janeiro. Os franceses são expulsos do Rio de Janeiro. 
1568 É fundado o colégio jesuíta de Olinda. Tem início a escravidão africana, onde cada 
senhor de engenho teve o direito de adquirir até 
120 escravos por ano. 
1570 O Brasil conta com cinco escolas elementares 
(Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo 
e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de 
Janeiro, Pernambuco e Bahia). 
 
1575 No colégio da Bahia já se colava grau de Bacharel 
em Artes. 
 
1576 No colégio da Bahia formam-se licenciados. 
1599 Ganha uma elaboração definitiva a “Ratio atque 
Institutio Studiorum”, ou Plano de Estudos da 
Companhia de Jesus, que codificava a pedagogia 
dos jesuítas. 
 
1622 É fundado o colégio jesuíta do Maranhão. 
1624 Primeira invasão holandesa no Brasil, em 
Salvador. São expulsos um ano depois. 
1630 Segunda invasão holandesa no Brasil, em Recife. 
Escravos fundam o Quilombo de Palmares. 
1631 É fundado o colégio jesuíta de Santo Inácio, em 
São Paulo. 
 
1652 É fundado o colégio jesuíta de São Miguel, em 
Santos, o de Santo Alexandre, no Pará, e o de 
Nossa Senhora da Luz, em São Luiz do Maranhão. 
 
1654 É fundado o colégio jesuíta de São Tiago, no 
Espírito Santo. 
Os holandeses são definitivamente expulsos do 
Brasil. 
1675 
1678 E fundado o colégio jesuíta de Nossa Senhora do 
Ó, em Recife. 
 
1683 É fundado o colégio jesuíta da Paraíba. 
1689 É resolvida a “Questão dos Moços Pardos”, 
surgida com a proibição, por parte dos jesuítas, da 
matrícula e da frequência dos mestiços. Como as 
escolas eram públicas, para não perderem os 
subsídios que recebiam, são obrigados a readmiti-
los. 
 
1695 Em 20 de novembro morre Zumbi dos Palmares. 
1699 É fundada na Bahia a Escola de Artes e 
Edificações Militares. 
 
1708 Guerra dos Emboabas. Emboabas eram os 
estrangeiros ou pessoas vindas de outras partes da 
colônia para procurar ouro em São Vicente, São 
Paulo. 
1710 Guerra dos Mascates, em Pernambuco. 
 
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15 
1722 Os oficiais da Câmara queixam-se ao Rei, contra 
alguns religiosos, sobre a questão do ensino. 
 
1738 É fundada no Rio de Janeiro a Escola de 
Artilharia. 
 
1739 São fundados os Seminários de São José e São 
Pedro, no Rio de Janeiro.1759 Duzentos e dez anos após a chegada e de serem os 
únicos responsáveis pela educação no Brasil, 
deixam a colônia cerca de Quinhentos padres 
jesuítas, expulsos pelo Marquês de Pombal, 
Ministro de D. José I, paralisando 17 colégios, 36 
missões, seminários menores e escolas 
elementares. 
O Alvará de 28 de julho determina a instituição de 
aulas de gramática latina, aulas de grego e de 
retórica, além de criar o cargo de “Diretor de 
Estudos”. Medidas inócuas para um sistema de 
ensino fragmentado. 
Marquês de Pombal extingue as últimas 
Capitanias Hereditárias. 
 
Alguns detalhes desse período histórico que vale a pena saber: 
 
 além de uma educação para os filhos dos fidalgos portugueses e para a 
formação dos quadros religiosos (que se dava nos colégios e casas da 
Companhia), os jesuítas desenvolveram um trabalho missionário, consistente 
e duradouro, por todo o Brasil, principalmente nas regiões de fronteira (neste 
caso, com claros objetivos políticos), mas, também, próximo aos núcleos 
urbanos iniciais, como nos mostra as publicações da Comissão de Estudos 
da História da Igreja na América Latina - CEHILA (FRAGOSO, 1992; 
HORNAERT, 1992 apud CASIMIRO, 2006); 
 os jesuítas também desenvolveram pedagogias para tratar da 
educação/evangelização dos escravos, principalmente dos escravos 
domésticos, e, ao lado disso, encetaram campanhas pela humanização da 
escravidão e participaram da elaboração de leis canônicas que garantissem 
tanto a evangelização desses escravos negros, como as normas que 
deveriam direcionar o seu trato pelos patrões (CASIMIRO, 2002); 
 além dos Jesuítas, outras ordens religiosas, mormente os franciscanos (com 
suas várias denominações: observantes, conventuais, capuchinhos), os 
carmelitas, mercedários, dentre outras, também participaram da 
 
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16 
evangelização em missões, possuíram casas de formação religiosa (BOSCHI, 
1986; CASIMIRO 1996; CASIMIRO, 2006) e ministraram estudos de 
evangelho e ‘primeiras letras’, igualmente durante toda a vida colonial 
(JABOATÃO, 1859; FRAGOSO, 1992; CASIMIRO, 2006); 
 no caso das mulheres, algumas ordens femininas começaram a surgir no 
Brasil, principalmente a partir do século XVII, sendo que as primeiras 
educadoras aqui conhecidas foram as clarissas enclausuradas (franciscanas) 
que chegaram à Baía de Todos os Santos, em 1677, e poucos anos depois 
construíram o Convento do Desterro em Salvador. Chegaram na segunda 
metade do século XVII, mas sabe-se que, desde o final do século XVI, as 
famílias baianas já rogavam ao Rei que mandassem freiras para fundarem 
conventos e internatos para as suas filhas. Pesquisas mostram que muitas 
vezes os pais preferiam vê-las no convento a vê-las casadas. Isto era feito 
para deixarem a herança da família em ‘morgado’ (para o filho mais velho) 
como era comum naquela época. Domingo Pires de Carvalho, conseguiu 
vaga para seis das suas filhas e para algumas netas, mediante generosos 
dotes para o Convento (NASCIMENTO, 1994; ALGRANTI, 1993). Sabemos, 
igualmente, de uma realidade composta de crianças abandonadas, filhos 
ilegítimos (inclusive filhos de padres) e órfãos, para os quais havia formas de 
educação distantes do padrão vigente (GUSMÃO, 2000; RUSSELL-WOOD, 
1981; PRIORE, 1992). 
 
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UNIDADE 3 – O PERÍODO POMBALINO (1760-1808) 
 
Em 1750, o rei de Portugal, D. José 1º, nomeou o Marquês de Pombal para 
primeiro-ministro, não só daquele país como de todas as colônias, ficando no cargo 
por longos 30 anos. 
Segundo Ângelo (2007), na Europa, vários países – entre eles, Portugal - 
passaram a combinar elementos do período absolutista, como o fortalecimento do 
poder real, por exemplo, com reformas que buscavam diminuir as diferenças 
socioeconômicas em relação a outros Estados, como França e Inglaterra, 
principalmente. Foi o chamado “despotismo esclarecido” ou “absolutismo iluminado”. 
Em meados do século XVIII, o Brasil já tinha mais peso econômico e 
demográfico que a própria metrópole. Por isso, as reformas de Pombal, que na 
Europa tiveram o objetivo de equiparar Portugal às demais potências do Velho 
Continente, no Brasil visaram a racionalizar o processo de produção e envio de 
riquezas para a metrópole. 
As reformas, portanto, não apenas mantiveram o monopólio comercial entre 
Portugal e Brasil como também aprofundaram a dominação metropolitana. Sob o 
ponto de vista administrativo, as mudanças começaram com a extinção do antigo 
sistema de capitanias hereditárias. Quatro anos depois, a própria capital foi 
transferida de Salvador para o Rio de Janeiro – deixando clara a preponderância 
econômica da região centro-sul sobre o Norte e o Nordeste. 
Com relação aos jesuítas, estes foram expulsos: 124 jesuítas da Bahia, 53 
de Pernambuco, 199 do Rio de Janeiro e 133 do Pará. Com eles levaram também a 
organização monolítica baseada no Ratio Studiorum. 
Pouca coisa restou de prática educativa no Brasil. Continuaram a funcionar o 
Seminário episcopal, no Pará, e os Seminários de São José e São Pedro, que não 
se encontravam sob a jurisdição jesuítica; a Escola de Artes e Edificações Militares, 
na Bahia; e a Escola de Artilharia, no Rio de Janeiro. 
Os jesuítas foram expulsos das colônias pelo Marquês de Pombal, primeiro-
ministro de Portugal, de 1750 a 1777, em função de radicais diferenças de objetivos. 
 
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Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e o noviciado, Pombal 
pensava em reerguer Portugal da decadência que se encontrava diante de outras 
potências europeias da época. A educação jesuítica não convinha aos interesses 
comerciais emanados por Pombal. Ou seja, se as escolas da Companhia de Jesus 
tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a 
escola para servir aos interesses do Estado. 
A medida tomada por Pombal fundamentou-se na secularização do Estado 
português, numa clara influência iluminista. De outro, era parte de um conjunto de 
outras decisões, como a abolição da escravidão indígena, em 1757, e o fim da 
perseguição aos chamados “cristãos-novos”, em 1773. Diante dessas reformas, os 
jesuítas pareciam representar o que havia de mais atrasado, aquilo que precisava 
ser modernizado, reformado – ainda que de maneira limitada. Em síntese, todos 
esses fatores explicam o motivo da sua expulsão. 
Através do alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo tempo em que 
suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de todas as colônias, Pombal criava as 
aulas régias de Latim, Grego e Retórica. Criou também a Diretoria de Estudos que 
só passou a funcionar após o seu afastamento. Cada aula régia era autônoma e 
isolada, com professor único e uma não se articulava com as outras. 
Portugal logo percebeu que a educação no Brasil estava estagnada e era 
preciso oferecer uma solução. Para isso instituiu o “subsídio literário” paramanutenção dos ensinos primário e médio. Criado em 1772, era uma taxação, ou 
um imposto, que incidia sobre a carne verde, o vinho, o vinagre e a aguardente. 
Além de exíguo, nunca foi cobrado com regularidade e os professores ficavam 
longos períodos sem receber vencimentos à espera de uma solução vinda de 
Portugal. 
Os professores eram geralmente mal preparados para a função, já que eram 
improvisados e mal pagos. Eram nomeados por indicação ou sob concordância de 
bispos e se tornavam “proprietários” vitalícios de suas aulas régias. 
De todo esse período de “trevas” sobressaíram-se a criação, no Rio de 
Janeiro, de um curso de estudos literários e teológicos, em julho de 1776, e do 
 
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Seminário de Olinda, em 1798, por Dom Azeredo Coutinho, governador interino e 
bispo de Pernambuco. O Seminário de Olinda, segundo Piletti, 
 
tinha uma estrutura escolar propriamente dita, em que as matérias 
apresentavam uma sequência lógica, os cursos tinham uma duração 
determinada e os estudantes eram reunidos em classe e trabalhavam de 
acordo com um plano de ensino previamente estabelecido (PILETTI, 1996, 
p. 37). 
 
O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do século XIX (anos 
1800...), a educação brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema 
jesuítico foi desmantelado e nada que pudesse chegar próximo deles foi organizado 
para dar continuidade a um trabalho de educação. 
Esta situação somente sofreu uma mudança com a chegada da família real 
ao Brasil, em 1808. 
A seguir, a cronologia histórica dos eventos mais importantes da história do 
Brasil e da história da educação no Brasil no período de 1760 a 1808. 
 
ANO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA 
HISTÓRIA DO BRASIL 
 
1760 Entre março e abril, 119 jesuítas saem do Rio de 
Janeiro, 117 da Bahia, e 119 de Recife. 
 
1763 Mudança da capital do Vice-Reino de Salvador 
para o Rio de Janeiro. 
1770 A Reforma Pombalina de Educação substitui o 
sistema jesuítico e o ensino é dirigido pelos vice-
reis nomeados por Portugal. 
 
1772 É instituído o “subsídio literário”, imposto 
destinado à manutenção dos ensinos primário e 
médio. 
É fundada, no Rio de Janeiro, a Academia 
Científica. 
 
1776 É criado no Rio de Janeiro, pelos padres 
Franciscanos, um curso de estudos literários e 
teológicos, destinado à formação de sacerdotes. 
 
1784 É criado no Rio de Janeiro o Gabinete de História 
Natural. 
 
1789 Tiradentes e a Inconfidência Mineira. 
1800 O bispo Azeredo Coutinho funda o Seminário de 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
20 
Olinda. 
1802 D. Azeredo Coutinho funda em Pernambuco o 
Recolhimento de Nossa Senhora da Glória, só 
para meninas da nascente nobreza e fidalguia 
brasileira. 
 
 
 
UNIDADE 4 – EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO IMPÉRIO – 
PRIMEIRA TENTATIVA DE ORGANIZAR A EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA 
 
A vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, foi muito mais que 
a “abertura dos portos”, foi uma nova descoberta do nosso país. 
Não entraremos nos detalhes de sua fuga, em virtude de sua indecisão em 
apoiar a França ou a Inglaterra em conflitos internos da Europa (acabou dando apoio 
à Inglaterra), mas D. João não veio para o Brasil sozinho, junto com ele estava toda 
sua corte, que incluía mais 10 mil nobres e os maiores intelectuais de Portugal. 
Além disto, vieram para o Brasil setecentas carroças e carruagens, móveis 
rebuscados, obras de arte e, o mais importante, todos os arquivos portugueses e 
sessenta mil livros. 
Para uma zona onde havia carência de livros, então raros, a transferência da 
Biblioteca Real para o Brasil foi um passo importante rumo a algumas melhorias no 
sistema educacional. 
Antes com um acesso restrito a uns poucos privilegiados, virou a Biblioteca 
Nacional do Rio de Janeiro, aberta a todo o público, a primeira biblioteca pública do 
país, justamente em um momento em que mesmo as bibliotecas privadas eram 
raras. 
As melhorias que a mudança da corte para o Brasil trouxeram não se 
resumiram apenas à criação de uma biblioteca pública. 
 
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Tendo sido transferido o governo para o Rio de Janeiro, então sediando a 
corte, o Brasil não podia continuar uma simples colônia, foi elevado à categoria de 
Reino Unido ao lado de Portugal e do Algarve. 
A cidade do Rio de Janeiro, escolhida como sede do governo português, foi 
toda remodelada por D. João, calçando as ruas e criando uma rede de iluminação 
pública. 
Dentro deste contexto, procurou igualmente modificar o ambiente cultural no 
Brasil, abrindo os portos brasileiros, em 1808, aos navios de todas as nações, o que 
atraiu, também por outras questões, intelectuais estrangeiros que foram 
responsáveis por um enorme salto no campo educacional. Por volta de 1816 
também vieram intelectuais franceses que radicaram no Rio de Janeiro. 
Estes fizeram escola, formando um grupo de intelectuais brasileiros que 
seriam vitais dentro do sistema educacional do Brasil durante o Império, inclusive, 
acabando gradualmente com a falta de professores que estava em voga aqui. 
Entre outros, fizeram parte da missão francesa: 
 Joachim Lebreton, considerado como o chefe da missão, que antes fora um 
dos organizadores do Louvre e, ao se recusar a devolver obras pilhadas nas 
campanhas de Napoleão, havia caído em desgraça, trazendo consigo para o 
Brasil cinquenta e quatro telas do Louvre, que mais tarde acabaram sendo 
perdidas por apodrecerem. 
 Auguste-Marie Taunay, um famoso escultor que iria se notabilizar como 
professor de artes e formar inúmeros artistas brasileiros. 
 Grandjean de Montigny, um grande arquiteto responsável pela construção de 
belos edifícios que serviram de sede a órgãos do Estado. 
 Os pintores Charles Pradier e Jean Baptiste Debret, responsáveis pela 
retratação do Brasil daquela época e também de parte do período Imperial. 
 Os gravadores e escultores Marc e Zéphyrin Ferrez, responsáveis pela 
criação da estampa da primeira moeda brasileira. 
 
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22 
Sob influência das quarenta e seis pessoas que vieram na missão francesa, 
foram criados diversos órgãos e departamentos de Estado, tal como Academia de 
Belas Artes. 
O fato é que a vinda da corte para o Brasil gerou a fundação de instituições 
de nível superior, antes inexistente, como por exemplo, a Academia da Marinha, a 
Academia Real Militar, uma Escola anatômico-cirúrgica e médica, um curso de 
Agricultura e a Escola Real de Ciências Artes e Ofícios. 
Em Salvador, na Bahia, foram fundados o curso de Cirurgia, a cadeira deEconomia, o curso de Agricultura, o curso de Química e o curso de Desenho técnico. 
Durante o governo de D. João foram estabelecidas ainda, no Rio de Janeiro, 
quatro instituições que iriam estimular as ciências no Brasil: o Jardim Botânico, um 
observatório astronômico, um museu da mineração e um laboratório químico. 
No ensino elementar e médio, nenhuma mudança foi feita, mas, apesar das 
instituições criadas terem sido fundadas principalmente para dar emprego aos 
nobres e intelectuais que tinham vindo com D. João de Portugal, a fundação de 
instituições de nível superior e de cunho científico iriam formar um quadro de 
homens capacitados a exercerem a profissão docente. 
Um dos legados desse período joanino para o ensino elementar e médio foi 
a criação da Imprensa Régia. 
Os livros, antes de difícil acesso, por serem muito caros, uma vez que 
necessariamente eram importados, ficaram mais acessíveis, facilitando, em alguns 
casos, o autodidatismo nas províncias mais distantes e periféricas. 
De todo modo, essas medidas, apensar de só servirem para formar uma 
elite dirigente, foram um dos fomentos para a independência do Brasil. 
Em 1820, D. João precisou voltar para Portugal, deixando seu filho D. Pedro 
I, o qual, em 1822, declara a Independência do Brasil, inspirada na Constituição 
francesa, de cunho liberal. Em 1824. é outorgada a primeira Constituição brasileira. 
O Art. 179 desta Lei Magna dizia que a “instrução primária é gratuita para todos os 
cidadãos”. 
 
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Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores, institui-se o 
Método Lancaster, ou do “ensino mútuo”, onde um aluno treinado ensina um grupo 
de dez alunos sob a rígida vigilância de um inspetor. 
Em 1826, um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias 
(escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. E, em 1827, um projeto de lei 
propõe a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever o 
exame na seleção de professores para nomeação. Propunha ainda a abertura de 
escolas para meninas. 
Em 1834, o Ato Adicional à Constituição dispõe que as províncias passariam 
a ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. Graças a 
isso, em 1835, surge a primeira escola normal do país, em Niterói. Se houve 
intenção de bons resultados não foi o que aconteceu, já que, pelas dimensões do 
país, a educação brasileira se perdeu mais uma vez, obtendo resultados pífios. 
Em 1854, D. Pedro II, então já há alguns anos no poder, reformulou o 
conteúdo ministrado e a própria estrutura do ensino básico. 
O ensino elementar passou a chamar-se ensino primário e, apesar de ter 
duração variável de aluno para aluno, a rigor passou a durar quatro anos, sendo 
dividido em elementar e superior. 
No elementar passaram a serem ministradas as disciplinas de instrução 
moral e religiosa, leitura e escrita, noções essenciais de Gramática, princípios de 
Aritmética e sistema de pesos e medidas. 
No superior estas mesmas disciplinas se desdobravam dando origem a dez 
disciplinas, sendo regulamentada a exigência do diploma primário para poder 
ingressar no secundário. 
Alguns anos antes, mais especificamente, em 1837, visando criar condições 
para que a reforma do ensino primário desse certo, havia sido criado no Rio de 
Janeiro o Colégio Pedro II. 
Um centro formado de professores que exigia sete anos de estudo para 
conferir o diploma, sendo que no primeiro ano do Colégio Pedro II eram estudadas 
as disciplinas de história sagrada, português, geografia, aritmética e geometria; no 
 
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24 
segundo ano, os estudantes se concentravam em português, francês, latim e 
matemáticas elementares. 
O terceiro ano estava baseado em português, francês, latim, matemáticas 
elementares, aritmética e álgebra; enquanto o quarto tinha as disciplinas de 
português, francês, latim, geografia e cosmografia, e matemáticas elementares. 
No quinto ano, o currículo envolvia português, inglês ao invés do francês, 
latim, história geral, física e química; já no sexto era estudado alemão, grego, 
história natural e higiene, retórica, poética e literatura nacional, além de filosofia. 
O sétimo e último ano oferecia o estudo de italiano, alemão, grego, 
português, história literária, filosofia, corografia (que era o estudo da genealogia 
Real), e história do Brasil. 
Depois de estudarem conteúdos variáveis, embora fragmentados, os 
estudantes, após os sete anos de estudo, recebiam o grau e a carta de bacharel em 
letras. Isto depois de prestarem juramento perante o Ministro do Império, o que dava 
direito a lecionar para o primário (RAMOS, 2011). 
Até a Proclamação da República, em 1889, esses foram os ‘feitos’ pela 
educação brasileira. Alguns estudiosos e historiadores criticam, outros dizem que foi 
um período de grandes avanços. Deixamos para vocês a opção de novas análises. 
 
1808-1820 
ANO HISTÓRIA 
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
HISTÓRIA 
DO BRASIL 
1808 É fundado uma escola de educação, onde se 
ensinavam as línguas portuguesa e francesa, 
Retórica, Aritmética, Desenho e Pintura. 
É criada a Academia de Marinha, no Rio de 
Janeiro. 
São criados cursos de cirurgia no Rio de Janeiro e 
na Bahia. 
É criada uma cadeira de Ciência Econômica, na 
Bahia, da qual seria regente José da Silva Lisboa, 
o futuro Visconde de Cairu. 
Chegada da Família Real ao Brasil. 
Abertura dos portos às nações amigas. 
Impresso em Londres, por Hipólito da Costa, o 
Correio Braziliense é o primeiro jornal em língua 
portuguesa a circular no Brasil. 
Impresso o primeiro periódico do Brasil: Gazeta 
do Rio de Janeiro. 
1810 Desfazendo-se de seus próprios livros (60.000 
volumes), trazidos de Portugal, D. João funda a 
nossa primeira biblioteca. 
É criada a Academia Militar. 
 
 
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25 
1812 São criados cursos de Agricultura na Bahia. 
É criada a escola de serralheiros, oficiais de lima e 
espingardeiros, em Minas Gerais. 
É criado o laboratório de química no Rio de 
Janeiro. 
 
1814 Franqueada à população, a biblioteca real torna-se 
nossa primeira biblioteca pública. 
São criados cursos de agricultura no Rio de 
Janeiro. 
 
1815 Elevação do Brasil a Reino Unido ao lado de 
Portugal e Algarves. 
1816 É criada a Escola Real de Ciências, Artes e 
Ofícios. 
 
1817 É criado um curso de química na Bahia. Tem início a Revolução Pernambucana. 
1818 Surge um curso de desenho com o objetivo de 
“beneficiar muitos ramos da indústria”. 
É criado o Museu Nacional no Rio de Janeiro. 
 
1820 A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios muda 
para Real Academia de Pintura, Escultura e 
Arquitetura Civil e depois para Academia de 
Artes. 
 
 
 
1821-1889 
 
ANO HISTÓRIA 
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
HISTÓRIA 
DO BRASIL 
1821 Anexação da Província Cisplatina. 
D. João VI retorna a Portugal, deixando D. Pedro 
como Príncipe Regente.1822 O Decreto de 1º de março criava no Rio de Janeiro 
uma escola baseada no método lancasteriano ou de 
ensino mútuo. Ou seja, somente um professor para 
cada escola. 
D. Pedro declara a Independência do Brasil, 
tornando-se o primeiro Imperador do Brasil com o 
título de D. Pedro I. 
1824 A Constituição, outorgada pela Assembleia 
Constituinte, dizia, no seu artigo 179, que a 
instrução primária era gratuita a todos os cidadãos. 
 
1825 É criado o Ateneu do Rio Grande do Norte. 
É criado um curso jurídico provisório na Corte. 
Portugal e Inglaterra reconhecem a Independência 
do Brasil. 
1827 São criados os cursos de Direito de São Paulo e 
Olinda. 
É criado o Observatório Astronômico. 
Uma Lei Geral, de 15 de outubro, dispõe sobre as 
escolas de primeiras letras, fixando-lhes o 
currículo e institui o ensino primário para o sexo 
Começa a circular o jornal A Aurora Fluminense. 
Os brasileiros lutam contra tropas argentinas e 
uruguaias pela posse da Província Cisplatina. 
Um ano depois é assinado um tratado de paz entre 
as partes, reconhecendo a Independência do 
Uruguai. 
 
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feminino. 
1830 Uma Resolução do Senado declara livres os índios 
selvagens prisioneiros de guerra escravizados. 
1831 Noite das Garrafadas. 
D. Pedro I abdica em favor de seu filho D. Pedro 
II, então com oito anos. 
Em Recife eclode as rebeliões conhecidas como 
Setembrizada e Novembrada, em função da 
abdicação de D. Pedro I. 
Constituição da Primeira Regência Trina 
Provisória, composta pelos Senadores Carneiro de 
Campos, Campos Vergueiro e pelo Brigadeiro 
Francisco de Lima e Silva. 
Uma Lei declara livres todos os escravos que 
entrassem no Brasil após esta data. 
1832 Convertem-se em Faculdades de Medicina, as 
Academias Médico-Cirúrgicas do Rio de Janeiro e 
da Bahia. 
Ainda em função da abdicação de D. Pedro I, 
eclode em Recife a revolta conhecida como 
Abrilada e a Guerra dos Cabanos. 
1834 O Ato Adicional da reforma constitucional dizia 
que a educação primária e secundária ficaria a 
cargo das províncias, restando à administração 
nacional o ensino superior. 
O Ato Adicional estabelece a eleição de um só 
Regente. 
Revolta da Cabanagem, no Pará. 
Revolta das Cameiradas, em Recife. 
1835 É criada uma escola normal em Niterói. A 
primeira do Brasil. 
Regência Una com a eleição de Diogo Antônio 
Feijó. 
Tem início a Guerra dos Farrapos, no Rio Grande 
do Sul. 
Eclode a Revolta do Malês, na Bahia. 
1836 É criada uma escola normal na Bahia. 
São criados os Liceus da Bahia e da Paraíba. 
 
1837 Tem início a revolta conhecida como Sabinada, na 
Bahia. 
Em substituição a Feijó, assume a Regência Pedro 
de Araújo Lima. 
1838 O Colégio Pedro II é fundado no Rio de Janeiro. Tem início a revolta conhecida como Balaiada, no 
Maranhão. 
1839 É criada uma escola normal no Pará. 
1840 Aos 14 anos de idade D. Pedro II torna-se 
Imperador do Brasil. 
1845 É criada uma escola normal no Ceará. 
1848 É criada uma escola normal em São Paulo. Setores radicais do Partido Liberal pernambucano 
inicia a Revolta Praieira. 
1849 Gonçalves Dias, encarregado de estudar as 
condições do ensino nas Províncias do Norte, 
dizia que: “os nossos liceus são escolas 
preparatórias da academia e escolas más”. 
 
 
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1850 A Lei Eusébio de Queiroz acaba com o tráfico de 
escravos. 
Chegam ao Rio de Janeiro os bondes puxados por 
cavalos. 
1852 Gonçalves Dias, em seu relatório de inspeção, 
dizia: “Quero crer perigoso dar-se-lhes (aos 
aldeados) instrução”. 
Inauguração das primeiras linhas telegráficas no 
Brasil. 
1854 O Decreto 1331A, de 17 de fevereiro, reforma os 
ensinos primário e secundário, exigindo 
professores credenciados e a volta da fiscalização 
oficial; cria a Inspetoria Geral da Instrução 
Primária e Secundária. 
É criada uma escola normal na Paraíba. 
Barão de Mauá constrói a primeira ferrovia 
brasileira, no Rio de Janeiro. 
1857 No Rio Grande do Sul, no Colégio de Artes 
Mecânicas, a lei mandava recusar matrículas às 
crianças de cor preta e aos escravos e pretos, 
“ainda que libertos e livres”. 
 
1864 No Rio Grande do Sul, no Colégio de Artes 
Mecânicas, a lei mandava recusar matrículas às 
crianças de cor preta e aos escravos e pretos, 
“ainda que libertos e livres”. 
Paraguai declara guerra ao Brasil. 
1870 A Reforma Paulino de Souza pretendia imprimir, 
aos estudos realizados no Colégio Pedro II, um 
caráter formativo, habilitando os alunos não só 
para os estudos superiores, mas para a vida, além 
da instituição ser capaz de competir com os 
estabelecimentos particulares no aliciamento de 
candidatos às Academias. 
É criada a Escola Americana, o Colégio 
Piracicabano, escola primária de cunho 
protestante. 
É criada uma escola normal no Rio Grande do Sul. 
Tem início a imigração italiana. 
1871 A Lei do Ventre Livre liberta os filhos de 
escravos. 
1872 O Brasil contava com uma população de 10 
milhões de habitantes e apenas 150.000 alunos 
matriculados em escolas primárias. O índice de 
analfabetismo era de 66,4%. 
Fanáticos religiosos do Rio Grande do Sul iniciam 
o que ficou chamado como a Revolta dos Mucker. 
1873 Com o objetivo de estimular o desenvolvimento 
dos estudos secundários nas províncias e de 
facilitar aos candidatos das províncias o acesso 
aos cursos superiores, o Ministro João Alfredo 
Correia de Oliveira instalou nas capitais das 
províncias do Império bancas de exames gerais 
preparatórios. 
 
1874 É criada a Escola Politécnica. 
1878 O Conselheiro Leôncio de Carvalho realiza uma 
reforma do ensino que permitia “a cada um expor 
livremente suas ideias e ensinar as doutrinas que 
acredite verdadeiras, pelos métodos que julgue 
melhores”. Além disso, manteve as matrículas 
 
 
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avulsas e introduziu a frequência livre e os exames 
vagos no Externato do Colégio Pedro II. 
1879 O Senador Oliveira Junqueira dizia: “certas 
matérias, talvez, não sejam convenientes para o 
pobre; o menino pobre deve ter noções muito 
simples”. 
Começa a funcionar a Companhia Telephonica 
Brasileira. Em 1876, D. Pedro II conheceu o 
telefone, na Exposição de Filadélfia e, no ano 
seguinte, instalou a primeira linha, na cidade do 
Rio de Janeiro. 
1880 Surge a primeira escola normal da Capital do 
Império, mantida e administrada pelos Poderes 
Públicos. 
 
1882 Rodolfo Dantas cria um projeto propondo maior 
intervenção do Governo na instrução popular das 
províncias. Este projeto não chegou a ser discutido 
no Parlamento. 
 
1884 É criada a Escola Neutralidade, escola primária de 
cunho positivista. 
 
1885 A Lei Saraiva-Cotegipe ou a Lei dos Sexagenários 
torna livres os escravos com mais de 60 anos. 
1888 É criado o Instituto Pasteur, no Rio de Janeiro. A Lei Áurea abole a escravidão no Brasil. 
1889 Ferreira Viana, Ministro do Império diziaser 
fundamental formar “professores com a necessária 
instrução científica e profissional”. 
Em sua última fala do trono, Sua Majestade pedia 
empenho para a criação de um ministério 
destinado aos negócios da Instrução Pública. 
Com a Proclamação da República, no Governo 
Provisório do Marechal Deodoro da Fonseca, 
torna-se Ministro da Instrução Pública, Correios e 
Telégrafos Benjamin Constant Botelho de 
Magalhães. 
Os alunos matriculados nas escolas correspondem 
a 12% da população em idade escolar. 
O Marechal Deodoro da Fonseca proclama a 
República. 
D. Pedro II e sua família embarca para a Europa. 
 
 
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UNIDADE 5 – PERÍODO REPUBLICANO 
 
De 1889, quando da proclamação da República, aos nossos dias já se 
passaram mais de 120 anos e, igualmente como nos outros períodos, muito foram 
os retrocessos e avanços em todas as áreas. A educação também teve e ainda tem 
muito a se esmerar para atender a todos, para satisfazer aos anseios de liberdade, 
de cidadania, de ‘um país para todos’. Didaticamente, podemos dividir esse período 
republicano em várias fases, a começar pela primeira república. 
Ao final de cada período temos um quadro síntese com os acontecimentos 
marcantes, alguns no campo da nossa história, outros no campo da história da 
educação especificamente. 
Vamos lá! 
 
5.1 A primeira república 
A República proclamada em 1889 adotou o modelo político americano 
baseado no sistema presidencialista. Na organização escolar podemos perceber 
influência da filosofia positivista. 
A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores, além 
da liberdade e laicidade do ensino, a gratuidade da escola primária. Estes princípios 
seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição Brasileira. 
Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino em formador de 
alunos para os cursos superiores e não apenas preparador. Outra intenção era 
substituir a predominância literária pela científica. 
Esta Reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, já que não respeitava 
os princípios pedagógicos de Comte; pelos que defendiam a predominância literária, 
já que o que ocorreu foi o acréscimo de matérias científicas às tradicionais, tornando 
o ensino enciclopédico. 
É importante saber que o percentual de analfabetos no ano de 1900, 
segundo o Anuário Estatístico do Brasil, do Instituto Nacional de Estatística, era de 
75%. 
 
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O Código Epitácio Pessoa, de 1901, incluiu a lógica entre as matérias e 
retirou a biologia, a sociologia e a moral, acentuando, assim, a parte literária em 
detrimento da científica. 
A Reforma Rivadávia Correa, de 1911, pretendeu que o curso secundário se 
tornasse formador do cidadão e não como simples promotor a um nível seguinte. 
Retomando a orientação positivista, prega a liberdade de ensino, entendendo-se 
como a possibilidade de oferta de ensino que não seja por escolas oficiais, e de 
frequência. Além disso, prega ainda a abolição do diploma em troca de um 
certificado de assistência e aproveitamento e transfere os exames de admissão ao 
ensino superior para as faculdades. Os resultados desta Reforma foram desastrosos 
para a educação brasileira. 
A Reforma de Carlos Maximiliano, em 1915, surge em função de se concluir 
que a Reforma de Rivadávia Correa não poderia continuar. Esta reforma reoficializa 
o ensino no Brasil. 
Num período complexo da História do Brasil surge a Reforma João Luiz 
Alves que introduz a cadeira de Moral e Cívica com a intenção de tentar combater os 
protestos estudantis contra o governo do presidente Arthur Bernardes. 
A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes no processo de 
mudança das características políticas brasileiras. Foi nesta década que ocorreu o 
Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana de Arte Moderna (1922), a fundação 
do Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924 
a 1927). 
Além disso, no que se refere à educação, foram realizadas diversas 
reformas de abrangência estadual, como a de Lourenço Filho, no Ceará, em 1923, a 
de Anísio Teixeira, na Bahia, em 1925, a de Francisco Campos e Mário Casassanta, 
em Minas, em 1927, a de Fernando de Azevedo, no Distrito Federal (atual Rio de 
Janeiro), em 1928 e a de Carneiro Leão, em Pernambuco, também em 1928. 
O clima desta década propiciou a tomada do poder por Getúlio Vargas, 
candidato derrotado nas eleições por Júlio Prestes, em 1930. 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
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A característica tipicamente agrária do país e as correlações de forças 
políticas vão sofrer mudanças nos anos seguintes, o que trará repercussões na 
organização escolar brasileira. A ênfase literária e clássica de nossa educação tem 
seus dias contados. 
As três correntes pedagógicas distintas que se formaram com o cenário das 
lutas político-pedagógicas na primeira república serão estudadas no módulo 
“Didática”, sendo elas: a Pedagogia tradicional, a Pedagogia Nova e a Pedagogia 
Libertária. 
1889-1930 
ANO HISTÓRIA 
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
HISTÓRIA 
DO BRASIL 
1889 Ferreira Viana, Ministro do Império dizia ser 
fundamental formar “professores com a 
necessária instrução científica e profissional”. 
Em sua última fala do trono, Sua Majestade pedia 
empenho para a criação de um ministério 
destinado aos negócios da Instrução Pública. 
Os alunos matriculados nas escolas correspondem 
a 12% da população em idade escolar. 
O Marechal Deodoro da Fonseca proclama a 
República. 
D. Pedro II e sua família embarcam para a Europa. 
1890 Com a Proclamação da República, no Governo 
Provisório do Marechal Deodoro da Fonseca, 
torna-se Ministro da Instrução Pública, Correios e 
Telégrafos Benjamin Constant Botelho de 
Magalhães. 
O Decreto 510, do Governo Provisório da 
República, diz, em seu artigo 62, item 5
o
, que “o 
ensino será leigo e livre em todos os graus e 
gratuito no primário”. 
O índice de analfabetismo no Brasil é de 67,2%. 
 
1891 A Constituição estipula o ensino leigo nas escolas 
públicas, em oposição ao ensino religioso. 
É Ministro da Instrução Pública, Correios e 
Telégrafos João Barbalho Uchoa Cavalcanti. 
No Governo de Floriano Peixoto são Ministros da 
Instrução Pública, Correios e Telégrafos: José 
Higino Duarte Pereira (interino) e Fernando Lobo 
Leite Pereira. 
É promulgada a primeira Constituição da 
República. 
A Assembleia Constituinte elege o Marechal 
Deodoro da Fonseca Presidente e o Marechal 
Floriano Peixoto, Vice·Presidente. 
Marechal Deodoro da Fonseca renuncia à 
Presidência e assume seu Vice Marechal Floriano 
Peixoto. 
1892 É extinto o Ministério da Instrução e a educação 
passou a constituir uma diretoria do Ministério da 
Justiça e Negócios Interiores, sendo Ministros 
Inocêncio Serzedelo Correia (interino) e 
Alexandre Cassiano do Nascimento. 
O militar Cândido Rondon inicia a instalaçãode 
linhas telegráficas no interior do Brasil. 
1893 É criado, em São Paulo, o Instituto Adolfo Lutz e No Rio de Janeiro eclode a Revolta da Armada 
 
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32 
a Escola Politécnica. contra a posse de Floriano Peixoto. 
No Rio Grande do Sul eclode a Revolta 
Federalista. 
O beato Antônio Conselheiro funda, no sertão da 
Bahia, o Arraial de Canudos. 
1894 São Ministros da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Prudente de Morais: Antônio Gonçalves 
Ferreira, Alberto de Seixas Martins Torres, 
Bernardino José de Campos (interino) e Amaro 
Bezerra Cavalcanti. 
O paulista Prudente de Moraes assume a 
Presidência da República. 
Charles Miller realiza em São Paulo a primeira 
partida de futebol entre funcionários de duas 
empresas. 
1895 É Criado o Museu Paulista. 
É criada a Escola de Engenharia do Mackenzie 
College, em São Paulo. 
É fundada a Academia Brasileira de Letras por 
Machado de Assis. 
 
1897 Os alunos da Escola Militar do Rio de Janeiro 
iniciam uma rebelião. 
Morre Antônio Conselheiro, e Canudos, no sertão 
da Bahia, é totalmente destruída. 
1898 São Ministros da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Campos Sales: Epitácio da Silva Pessoa 
e Sabino Alves Barroso Júnior. 
O paulista Campos Sales é o presidente da 
República. 
1899 É criado, em São Paulo, o Instituto Biológico, o 
Butantã, cuja direção foi confiada a Vital Brasil. 
 
1901 É criado, no Rio de Janeiro, o Instituto 
Soroterápico Federal, ou a escola de Manguinhos, 
dirigido por Oswaldo Cruz. 
É criada a Escola Superior de Agricultura Luiz de 
Queiroz, em Piracicaba. 
 
1902 São criadas, em São Paulo, as Escolas de 
Comércio Álvares Penteado e do Mackenzie 
College. 
São Ministros da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Rodrigues Alves: José Joaquim Seabra e 
Félix Gaspar de Barros e Almeida. 
Realiza-se em São Paulo o primeiro Campeonato 
de Futebol do país. 
1906 É Ministro da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Afonso Pena: Augusto Tavares de Lyra. 
 
1907 O Instituto Soroterápico Federal passa a se 
denominar de Instituto de Patologia Experimental. 
 
1909 É Ministro da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Nilo Peçanha: Esmeraldino Olímpio 
Torres Bandeira. 
A Confederação Operária Brasileira organiza 
comícios em protesto contra a execução de 
Francisco Ferrer, educador anarquista espanhol. 
 
1910 São Ministros da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Hermes da Fonseca: Rivadávia da Cunha 
Correia e Vladislau Herculano de Freitas. 
Grupos de marinheiros, liderados pelo gaúcho 
João Cândido, assumem o comando de algumas 
embarcações ancoradas na Baía da Guanabara, 
iniciando a Revolta da Marinha ou a Revolta da 
Chibata. 
 
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1911 Surge a Lei Orgânica de Rivadávia Correia, 
estabelecendo o ensino livre e retirando do Estado 
o poder de interferência no setor educacional. 
 
1914 É fundado o Centro de Estudos Sociais por José 
Oiticica e Fábio Luz. 
São Ministros da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Venceslau Brás: Carlos Maximiliano 
Pereira dos Santos e Augusto Tavares de Lira 
(interino). 
 
1915 Conclui-se que a Lei Rivadávia Correia não 
poderia continuar. A Lei do Ministro Carlos 
Maximiliano reoficializa o ensino. 
 
1917 Carneiro Leão publica “O Brasil e a Educação 
Popular”. 
 
1918 São Ministros da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Delfim Moreira: Amaro Bezerra 
Cavalcanti de Albuquerque (interino) e Urbano 
Santos da Costa Araújo. 
 
1919 São Ministros da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Epitácio Pessoa: Alfredo Pinto Vieira de 
Melo e Joaquim Ferreira Chaves (interino). 
Carneiro Leão publica “Problemas de Educação”. 
 
1919 São Ministros da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Epitácio Pessoa: Alfredo Pinto Vieira de 
Melo e Joaquim Ferreira Chaves (interino). 
Carneiro Leão publica “Problemas de Educação”. 
 
1920 Sampaio Dória realiza em São Paulo uma reforma 
tentando reconduzir a educação para novos 
métodos de ensino. 
O percentual de analfabetos no país referente a 
todas as idades é de 75% e na população de 15 
anos e mais é de 65%. 
 
1921 O Presidente do Brasil é o paraibano Epitácio 
Pessoa, eleito em 1919. 
É fundada a primeira indústria siderúrgica 
brasileira, a Belgo·Mineira. 
É instituída uma lei de repressão ao anarquismo. 
1922 São Ministros da Justiça e Negócios Interiores, no 
Governo Artur Bernardes: João Luiz Alves, José 
Félix Alves Pacheco (interino), Aníbal Freire da 
Fonseca (interino) e Afonso Augusto Moreira 
Pena Júnior. 
O educador Carneiro Leão inicia uma reforma 
educacional no Rio de Janeiro, então Distrito 
Federal. 
José Augusto publica “Eduquemo-nos”. 
É fundado o Partido Comunista Brasileiro, filiado 
à III Internacional. 
Em São Paulo é realizada a Semana de Arte 
Moderna com a participação de escritores, poetas, 
músicos e artistas do renome de Mário de 
Andrade, Oswald de Andrade, Graça Aranha, 
Manuel Bandeira, Anita Malfati, Di Cavalcanti, 
Tarsila do Amaral, Vítor Brecheret, Villa·Lobos, 
entre outros. 
A líder sufragista americana Carrie Chapman Catt 
vem ao Brasil e fala para as líderes feministas do 
país. 
 
Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de 
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34 
Tem início o movimento tenentista com a Revolta 
dos Dezoito do Forte, liderados pelo tenente 
Siqueira Campos e com a adesão do civil Otávio 
Correia. 
O capitão Luiz Carlos Prestes inicia a marcha da 
chamada Coluna Prestes. 
O Presidente Epitácio Pessoa manda fechar o 
Clube Militar. 
O mineiro Artur Bernardes é eleito Presidente da 
República e governa sob Estado de Sítio. 
Os aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral 
realizam a primeira viagem de avião Lisboa – Rio 
de Janeiro. 
1923 O educador Lourenço Filho inicia um movimento 
de renovação educacional com a reforma realizada 
no Estado do Ceará. 
Carneiro Leão publica “Os Deveres das Novas 
Gerações Brasileiras”. 
Afrânio Peixoto publica “Ensinar a Ensinar”. 
É fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a 
primeira emissora comercial do Brasil. 
Chefiados por Virgulino Ferreira da Silva, o 
Lampeão, o cangaço ganha força no Nordeste. 
1924 É criada a Associação Brasileira de Educação · 
ABE, por Heitor Lira, Antônio Carneiro Leão, 
Venâncio Filho, Everardo Backeuser, Edgard 
Sussekind de Mendonça, Delgado de Carvalho, 
entre outros. Contando com o apoio da Força 
Pública Estadual, eclode em São Paulo a 
Revolução Paulista que conspirava contra o 
governo de Artur Bernardes. 
Inicia-se a marcha da Coluna Paulista, que fugia 
da repressão do governo ao movimento paulista, e 
posteriormente vai se unir a Coluna Prestes em 
Foz do Iguaçu, no Paraná. 
1925 O educador Anísio Teixeira realiza uma reforma 
educacional no estado da Bahia, através da Lei 
1.846. 
Através da Reforma Rocha Vaz é introduzida a 
cadeira de Instrução Moral e Cívica, como forma 
de combater

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