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Módulo 20 - HISTÓRIA DO BRASIL

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
HISTÓRIA DO BRASIL 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004 
 
0800 283 8380 
 
www.portalprominas.com.br 
 
 
 
Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
2 
 
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 
UNIDADE 2 - A TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE E AS GRANDES NAVEGAÇÕES ................. 5 
UNIDADE 3 - O DESCOBRIMENTO E A CHEGADA DOS PORTUGUESES .......................................... 19 
UNIDADE 4 - EXPEDIÇÕES, PAU-BRASIL, CAPITANIAS E INVASÕES .............................................. 21 
UNIDADE 5 - ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO COLONIAL .................................................. 33 
UNIDADE 6 - CICLO DO OURO ..................................................................................................................... 38 
UNIDADE 7 - CONFLITOS E REVOLTAS INTERNAS ............................................................................... 48 
UNIDADE 8 - A CORTE, A ABERTURA DOS PORTOS, ELEVAÇÃO A REINO E FIM DA COLÔNIA
 ............................................................................................................................................................................... 53 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 60 
 
 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
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3 
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO 
 
Para alguns historiadores do século XIX, a história do Brasil começou com a 
descrição do meio geográfico, após os primeiros habitantes vistos e, então, o 
Descobrimento pelos portugueses. Outros autores começaram com a história do 
Brasil pelo próprio descobrimento como Pedro Alvarez Cabral, Pero Vaz de 
Caminha, Vincente Yanez Pinzón, Américo Vespúcio. 
Evidentemente que essas visões contêm doses de patriotismo nas 
discussões sobre a primazia de navegadores portugueses ou espanhóis. Há uma 
terceira visão histórica do Brasil, recusando-se esta última até a dominação romana 
na Península ibérica. Esta visão diminui as presenças indígenas e africanas na 
formação brasileira. 
Atualmente tende para situar o Descobrimento do Brasil no vasto processo 
da expansão europeia. Este processo é uma complexa trama de relação que se 
estendia por toda a Europa, ocidental e central. 
Após a idade média formou-se um novo mundo no qual o Brasil foi 
incorporado a partir de 1500. O novo mundo foi resultado de uma gestação 
multissecular, na qual tem início a história do Brasil. 
Conforme anotações de Cotrim (2008), a conquista da América não foi um 
fato instantâneo, nem terminou com os primeiros combates e vitória de portugueses 
e espanhóis sobre os povos nativos. Foi um processo lento e contínuo, que durou 
vários séculos. Mas as primeiras décadas da chegada europeia foram cruciais. 
Grande parcela da população da América foi dizimada num curto período (cerca de 
50 anos): algumas estimativas revelam que metade (outras, até dois terços) da 
população teria sido exterminada. Por isso, esse episódio é considerado, em seu 
conjunto, como um dos mais violentos da história da humanidade. 
Sem desmerecer as ponderações de Cotrim, não nos ateremos a toda essa 
violência que se traduz no extermínio lento e gradual dos indígenas, pois esse 
primeiro período que estudaremos apresenta muitos outros pontos interessantes e 
importantes. 
 
Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 
4 
Denomina-se Brasil Colônia, o período da história entre a chegada dos 
primeiros portugueses, em 1500, e a independência, em 1822, quando o Brasil 
estava sob domínio socioeconômico e político de Portugal. 
Salientamos que este trabalho é uma compilação de estudos de vários 
autores e material do que entendemos ser o mais importante em termos de Brasil 
Colônia. Dúvidas podem surgir e pedimos desculpas por eventuais lacunas, mas 
tanto, por isso, ao final da apostila estão diversas referências utilizadas e 
consultadas pelas quais poderão aprofundar algum conhecimento que chame a 
atenção ou tenha despertado dúvida. 
 
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5 
UNIDADE 2 - A TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE E AS 
GRANDES NAVEGAÇÕES 
 
O início da modernidade se dá no Renascimento, século XVI. A idade média 
agrária, dominada pela igreja, senhores feudais e as superstições, contrapunha-se a 
uma idade moderna comercial, aventureira, antieclesiástica, absolutista e dona de 
uma postura crítica em relação aos textos sagrados. 
Na França, um intelectual como Rabelais celebrava os novos tempos 
comparando-os com a barbárie medieval. Em Roterdã, Erasmo defendia uma 
religião mais humanizada e íntima, refutando o obscurantismo medieval, que atribuía 
sacerdotes analfabetos ou dotados de má-fé. Na Inglaterra, Tomas Morus, em 
Utopia, via a possibilidade de o homem ser feliz, longe da opressão religiosa. Na 
Alemanha, Lutero rompeu com Roma. Na Península Ibérica este sentimento existiu 
fortemente, influenciado inclusive a pedagogia. 
Após a Segunda Guerra Mundial surgiu outra versão, a do início da 
modernidade no final do séc XVIII, com a revolução industrial, em razão das 
modificações radicais na vida e economia da população e o deslocamento deste 
para a cidade. O mundo foi dividido entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos 
e houve o conceito de terceiro mundo. 
Mais recentemente, os historiadores recusam a modernidade para o século 
XIV, o principal argumento desta corrente é o de que a economia, a sociedade, a 
política e os intelectuais já se encontravam presentes ali. Um argumento contrário a 
esta perspectiva será sua tendência a antecipar a importância de características que 
somente amadureceriam a época do renascimento ou revolução industrial. 
Todas as interpretações são justificáveis, o importante é compreender que 
se trata de um largo processo histórico no qual se forjou o mundo a que 
pertencemos. O processo permitiu a convivência do medieval e do moderno na 
mesma época. No Brasil colonial a mentalidade medieval e moderna mesclou-se nos 
colonizadores tornando-se mais completa com a entrada do índio e dos negros, 
pertencentes há tempos culturais mais diversos. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
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6 
No feudalismo houve avanço do artesanato, organização em corporações de 
ofícios e o comércio de alguns produtos agrícolas europeus ou importados do 
oriente. Também nessa época houve a multiplicação das rotas comerciais. A 
expansão do século XIII mobilizou também parte dos recursos agrícolas, a nobreza 
senhorial também participou. A crise do século XIV e a peste negra atrapalharam a 
expansão, acredita-se que essa doença tenha causado a morte de um terço da 
população europeia. O ciclo de peste prejudicou o comércio, o povo se deslocou em 
razão dos flagelos. 
Gênova e Veneza entraram em guerra devido à decadência do ritmo 
econômico, o que beneficiou Portugal, pois usou mão-de-obra genovesa nas 
navegações pela costa africana. 
A guerra dos Cem anos também contribuiu para a instabilidade da expansão 
marítima. Houve a regressão feudal com a liberação da mão-de-obra. No século XIII, 
chegou-se ao mundo pleno que viria a ser o padrão da modernidade ocidental. Maior 
proximidade física entre as pessoas, maior circulação de bens e de ideias. Assim o 
mundo pleno foi responsável por sustentar a economia durante a crise de século XV, 
o reaquecimento da produção, inclusive de Portugal. Houve nesta época a falta de 
numerário que seria revertido a partir de 1520, com a entrada em circulação do ouro 
e da prata retirados da América pela Espanha. 
A Europa desta época era dividida em comunidades estratificadas em 
ordem, a primeira ordem era o clero que tinha como finalidade orientar a vida cristã 
da comunidade e preparar-lhe o caminho da salvação eterna, na classificação 
sociológica, pode-se falar em alto e baixo clero, os primeiros eram os dignitários das 
Igrejas, eram estritamente ligados com a nobreza. O segundo era composto por uma 
multidão de padres, freiras e curas de paróquias, em geral provinha do campesinato, 
com pouca ou nenhuma instrução. 
A nobreza era a segunda ordem, representava a espada, defendia os bons 
cristãos contra os hereges e os tiranos. Ela se dividia em nobreza rural e nobreza 
cortesã, ou mesmo entre uma nobreza de sangue, de espada, originada dos séculos 
anteriores. Ou ainda alta nobreza, composta por príncipes aparentados da família 
real, duques, marqueses e condes, a nobreza menor, de viscondes, barões e 
 
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castelões. O povo compunha a terceira ordem, representava mais de 90 por cento 
da população compostos de burgueses, artesãos e camponeses. 
A sociedade aspirava à nobreza, a riqueza servia de trampolim para a 
nobreza. A compra de títulos nobiliários, cargos enobrecedores era desejo da 
burguesia. A sociedade de ordens dos séculos XVIII, no início do século XIX, tinha 
valores individualistas, espírito de pesquisa, a curiosidade pelo desconhecido, a 
rebelião contra fórmulas tradicionais, posições hierárquicas e desigual. 
A transição para a modernidade passou, também, pela transformação das 
estruturas de poder. A relação soberana entre Estados começou a ser 
doutrinariamente definida no século XVI, quando por isso mesmo, nasceu o direito 
internacional público. A monarquia se centraliza, acontece a abertura de câmaras 
municipais, em Portugal surgem os conselhos. Houve pressões e contrapressões do 
clero, da nobreza e do povo. O poder real se enfraquece em todos os países com 
guerras, crises econômicas e até a mentalidade feudal de alguns monarcas, que 
fizeram concessões comprometedoras à centralização. 
Nos países absolutistas foram desenvolvidos órgãos públicos, a cobrança de 
impostos e a aplicação das leis deram tanto poder, como na França, a este 
segmento que alguns autores o consideram, o quarto estado. A cobrança de tributos 
reais gerou o tesouro público, o exército permanente ajudou na centralização e a 
criação de uma legislação real contribuiu para definir a esfera do poder real. Sempre 
houve tensão política entre agentes centralizadores do estado e a reação das forças 
locais, tanto na Metrópole como no Brasil. 
Em Portugal também existiu a concentração do poder real e neste processo 
temos que considerar as duas regiões distintas no Portugal medieval: a do norte, 
onde se instalou a dinastia Borgonha, e a do sul arduamente retomada dos 
muçulmanos na luta multissecular da reconquista. 
As terras do sul foram doadas aos nobres e clérigos quando ocorria a 
Reconquista. Ocorreu a emigração de populações do norte, mesclando-se às 
comunidades moçárabes, cristãs e judaicas existentes no sul. Criaram-se os 
conselhos no norte e um sul reconquistado. O senhorio das regiões eram os 
 
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magistrados, muitas vezes era o próprio rei que impunha normas tributárias e 
avocava a si a aplicação das leis. 
Da mescla heterogênea de instituições de origem romana, germânica, 
islâmica, e das próprias circunstâncias na guerra da Reconquista, nasceu o Reino 
de Portugal. O rei ou a nobreza não dava regalias para o governo local aplicando a 
justiça. O poder do rei se fortaleceu e foram construídos núcleos: burocrático fiscal e 
judiciário junto ao monarca. 
O poder não ficou concentrado nas mãos do rei, a reação da nobreza 
territorial e da igreja neutralizou muitas ações centralizadoras da monarquia. A 
própria ação centralizadora da monarquia não foi coerente. 
Durante o século XIV, Portugal foi atingido pelo ciclo de pestes. A lei da 
sesmaria surge da crise do século XIV. O declínio demográfico fez o rei aumentar o 
controle sobre os camponeses coagindo os detentores de terras a expandir a 
produção. O governo convocou a corte para solicitar novos subsídios. 
No reinado de Dom Afonso V ocorreu o conflito entre o regente Dom Pedro, 
continuador da política de centralização dos antecedentes. Na batalha de 
Alfarrobeira, em 1449, na qual o regente foi morto, representou a vitória do regime 
senhoral sobre a centralização monárquica. 
A monarquia foi consolidada e Dom João II pôde retomar o processo de 
expansão marítima. A transição para a modernidade, em Portugal, coincidiu com o 
surgimento do humanismo na Península Ibérica. As universidades contribuíram para 
colocar o país nos circuitos intelectuais renascentistas. Só se entende a evolução de 
Portugal no século XVI associada à expansão marítima. 
Comerciantes e técnicos pescadores se lançaram em alto-mar. A bússola, 
sextante, e as melhorias dos navios foram fatores que possibilitaram a expansão. 
Com a experiência em navegação criaram-se mapas, roteiros e cartas geográficas, 
graças a navegadores portugueses, genoveses, castelhanos e muçulmanos. 
As causas da expansão portuguesa foram várias, entre elas a união em 
1469 de Castela e Aragão pelo casamento de Isabel e Fernando, além da escassez 
 
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de ouro na Europa e a falta de cereais. O espírito de cruzada também foi um fator 
importante. 
A expansão portuguesa se fez por etapas no século XV, os sucessos da rota 
marítima paraas Índias e o Descobrimento do Brasil ofuscaram as realizações 
anteriores. Somente a partir de 1474 é que foi definido um plano sistemático para se 
atingir as Índias. O primeiro movimento expansionista concentrou-se em Ceuta, zona 
produtora de trigo e centro de rotas comerciais africanas. Os muçulmanos 
direcionaram a expansão portuguesa para o oceano atlântico, o “Mar Tenebroso”. 
O infante Dom Henrique, que representa a expansão, tinha objetivos bem 
definidos para o Norte da África, as ilhas do atlântico e a descida pelo litoral africano. 
Quando parcialmente frustrada a ação no norte da áfrica, iniciou-se a política 
oceânica. A partir do século XV começaria a colonização sistemática de Madeira e 
Açores, com a introdução do sistema de capitanias hereditárias, a fundação de vilas 
e a distribuição de sesmarias. 
Para objetivos comerciais de burgueses e do próprio governo e para o 
espírito de cruzada antimuçulmana, era importante trafegar pela costa africana. A 
instalação de feitorias para troca de produtos com as populações locais consolidou a 
presença portuguesa até o golfo de Guiné. 
A morte do infante, em 1460, provocou um hiato nessa política. Com Dom 
João II, a monarquia conciliou sua consolidação interna com políticas expansionista. 
A chegada de Vasco da Gama à Índia e a consequente confirmação do novo 
caminho marítimo foi recebida com verdadeiro pavor nas cidades italianas que 
monopolizavam o comércio de especiarias. 
O objetivo declarado da expedição de Cabral era chegar às Índias. Mas 
provavelmente teria recebido também instrução para estender a rota 
preestabelecida, de modo a descobrir e incorporar oficialmente ao domínio 
português as novas terras, assim, em 22 de abril de 1500, Cabral chegou ao que 
chamou de Ilha de Vera Cruz. O relatório foi feito por Pero Vaz de Caminha, após a 
expedição continuou para a Índia. 
 
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Gaspar Lemos leva a notícia para Portugal. Os sucessivos descobrimentos 
marítimos desde o final do século XV despertaram o imenso interesse na Europa. O 
governo português, logo informado do descobrimento enviou uma expedição de 
reconhecimento, comandada por Gaspar Lemos. Houve informação do pau-brasil e 
de indígenas que falavam a mesma língua por todo o litoral. Em razão dessas 
informações, o governo português arrendou, por três anos, em 1502, a exploração 
do pau-brasil a comerciantes. 
As feitorias estabelecidas pelos portugueses a partir dessa data no litoral 
brasileiro obedeceram a regras semelhantes usadas para entrepostos comerciais 
que funcionavam na África. O arrendamento de 1502 foi renovado em 1505, 
provavelmente por dez anos, e em 1513. Apesar de pertencer à Portugal a nova 
terra nas primeiras décadas do século XVI, foi intensamente frequentada por 
espanhóis e franceses. Sobre presença espanhola, sabemos que antes de Cabral 
passaram pela costa brasileira Diego de Lepe e Vincente Pinzón. A presença 
francesa foi igualmente precoce. 
Sabemos também que Binot de Gonneville aqui esteve, em 1504, 
carregando pau-brasil, mas ele relatou presença francesa antes. Na década de 1520 
continuaram as incursões francesas, como as de Parmentier Roger, Verrazano e 
outros. Devido a habilidade diplomática e dinheiro, práticas na nascente diplomacia 
renascentista, o governo português conseguiu eliminar a ameaça estrangeira no 
Brasil. 
Através das sucessivas descobertas no século XV, os contatos 
estabelecidos com diferentes povos se intensificaram. Houve a integração dos 
diferentes universos-tempo. 
O século XVI costuma ser associado à expansão econômica europeia, ao 
estado absolutista, às lutas entre protestantes e católico, às guerras internacionais, 
ao renascimento e ao humanismo. 
A economia do século XVI foi aparentemente paradoxal, demonstrou enorme 
dinamismo. Esse paradoxo era apenas aparente. A economia do capitalismo 
comercial era responsável pelas trocas inter-regionais europeias, que ligavam o 
mediterrâneo ao mar báltico. A Europa passou a ser eixo de comércio que 
 
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intercambiava ouro, prata, marfim, pau-brasil e açúcar. A estrutura da época sofreu 
modificações importantes, “outros fatores”, em oposição às “persistências 
medievais”. O aumento do investimento foi outro elemento importante de inovação 
que deu maior lucro ao comerciante. 
A forma de associação surgida no século XVI, e que cresceria de 
importância posteriormente, foram as companhias de comércio, que tenderam a 
ofuscar os empreendimentos menores muitas vezes individuais ou familiares. A 
técnica contábil também foi aprimorada, com a utilização da partida dobrada, 
lançamento simultâneo do “deve” de uma conta e no “haver” de outra. 
O campo europeu foi menos atingido pelas inovações. A expansão comercial 
gerou, entretanto fatos importantes. Aumento da produção de cereais, pois na 
América os produtos da economia plantation (monocultura) já constituíam itens 
importantes das exportações brasileiras para Portugal e deste país para outros. 
A atividade manufatureira era controlada pelas corporações nos núcleos 
urbanos que eram meros prolongamentos do campo e não eram admitidos como 
cidades. 
Depois, o crescimento das atribuições do estado e do próprio funcionalismo, 
além do poder real, em detrimento do poder local e dos estamentos, transformando-
o em arbítrio, refletiu-se na administração colonial do século XVIII. Os conflitos 
europeus tiveram grandes implicações para a história colonial já no século XVI, 
porque normalmente se refletiram na ocupação territorial. Para colonizar o Brasil, a 
ruptura com o movimento humanista foi importante, pois condicionou os quadros 
mentais do novo país aos estreitos limites da ortodoxia católica. 
A história do Brasil entre os séculos XVI e XIX não pode ser estudada fora 
do contexto do império colonial criado pelos portugueses. O império Português 
organizou-se a partir da população do reino, proporcionalmente pequena para as 
necessidades de uma expansão em escala mundial. 
A geografia do império mostra diferentes formas de ocupação no século XVI. 
A política imperial no litoral africano e no oriente foi diversa. Nessas regiões o 
domínio português manifestou-se na fundação de feitorias e fortalezas. No oriente, 
 
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em meados do século XVI, os portugueses haviam construído uma rede de feitorias 
e fortalezas na Índia, Ormuz, Malaca, Colombo, Moluscas e Macau. 
A morte de Sebastião na batalha de Alcácer Quibir contra os mouros, em 
1578, abriu grave crise em Portugal. Morrendo sem herdeiros, o trono foi ocupado 
pelo cardeal Dom Henrique. A posição da nobreza fortemente abalada pelo desastre 
militar de Alcácer Quibir, no qual perdeu muitos membros foi decisiva para a 
solução. 
As feitorias satisfaziam momentaneamente aos interesses dos comerciantes 
portugueses e do próprio estado. Portugal enviou expedições comandadaspor 
Martim Afonso de Sousa para o desdobramento de acordos entre Portugal, Espanha 
e França. As atribuições dadas a Martim Afonso não foram as de um mero 
explorador, mas de um governante. Houve viagens e muitas notícias de ouro e prata 
no interior e no litoral de São Paulo. 
A feitoria de Pernambuco, aliás, foi arduamente disputada por franceses e 
portugueses. A missão colonizadora não foi levada a cabo por Martim Afonso nem 
na Bahia, onde encontrou Diogo Álvares, o Caramuru que havia se entrosado com 
os nativos. 
De acordo com Neves (2007), discutiu-se muito sobre a característica feudal 
das capitanias hereditárias. A delegação não alienava a soberania do rei e não o 
transformava em suserano. A fim de tornar atrativo o empreendimento, o governo 
português concedeu, aos donatários diversas fontes de renda. 
Recebiam em sesmaria dez léguas de costa na extensão de toda a 
capitania. As capitanias foram doadas a donatários que em geral pertenciam à 
nobreza de serviços já associada aos empreendimentos governamentais na Ásia. A 
maior riqueza concentrou-se em Pernambuco, onde havia boa quantidade de pau-
brasil, cuja exploração garantia retorno rápido do capital, e solo muito mais favorável 
ao cultivo da cana. No final da década de 1540, o rei Dom João III estabeleceu o 
Governo geral, pelo fracasso das capitanias. 
Conforme Neves (2007), o governo Geral consolidou o processo 
colonizador. Houve núcleos dispersos de colonização, pequena produção açucareira 
em Pernambuco e ainda menos em São Vicente e Espírito Santo, além da 
 
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exploração do pau-brasil. O estado português criou, nessa ocasião, o primeiro corpo 
administrativo do Brasil. Não foram fáceis os primeiros anos. Tomé de Sousa 
precisou relacionar-se com os índios, estabelecendo alianças, reorganizou a 
distribuição de terras, fundou a cidade de Salvador. Seu sucessor, Duarte da Costa, 
continuou a obra administrativa e o apoio à colonização. 
 
AS GRANDES NAVEGAÇÕES 
Até o século XV, pouco se sabia a respeito dos oceanos e da geografia da 
Terra. As informações que os europeus possuíam eram imprecisas e povoadas de 
lendas e histórias religiosas. Tais informações, em sua maioria, foram colhidas pelos 
europeus dos gregos, que desde a Antiguidade viajavam pelos mares e contavam 
aquilo que haviam visto em histórias fabulosas, cheias de mitos e seres 
maravilhosos e monstruosos. Somavam-se às histórias transmitidas pelos gregos, 
aquelas que os próprios europeus criaram, nas quais a religiosidade cristã estava 
muito presente. 
O que se sabia até então era que a Terra estava dividida em três partes 
(Europa, Ásia e África), que estavam separadas por mares estreitos e pelos rios 
Ganges, Eufrates, Tigre e Nilo, e, por fim, que ela era cercada por um único oceano, 
cheio de perigos e habitado por monstros aterrorizantes. 
Dessa forma, apesar de o oceano exercer fascínio sobre os europeus, eles 
restringiam suas viagens marítimas a regiões que ficavam próximas ao litoral. 
Contudo, não era apenas o medo que os europeus tinham do oceano que os 
impedia de viajar por ele, havia também o problema de que eles não possuíam 
instrumentos de navegação, nem embarcações que lhes dessem maior segurança 
para se afastar do litoral. 
Apesar do medo que o oceano provocava e das dificuldades técnicas de se 
viajar por ele, nos fins do século XV, os europeus conseguiram desvendar seus 
mistérios, movidos por questões econômicas, políticas, religiosas, e até mesmo pelo 
fascínio que ele despertava. O que permitiu as grandes viagens marítimas, neste 
período, foi o desenvolvimento dos instrumentos de navegação, a criação de 
 
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embarcações mais resistentes e modernas, os incentivos e investimentos financeiros 
e também a disposição dos navegadores para viajar. 
Instrumentos como a ampulheta, a balestilha, o astrolábio, a bússola, o 
quadrante, entre outros, há muito tempo conhecidos no oriente, foram, nesse 
período, bastante divulgados entre os europeus e aperfeiçoados por eles. A criação 
da caravela pelos portugueses, foi outro importante fator que possibilitou as viagens 
marítimas, pois ela era uma embarcação forte, que permitia enfrentar correntes e 
tempestades do alto mar, era veloz e dotada de bom espaço para carregar a 
tripulação e a carga. 
Uma vez que os navegadores europeus contavam com equipamentos mais 
seguros, com financiamentos e com motivações bastante fortes, eles partiram para 
as grandes viagens que lhes revelaram um mundo bastante diferente daquele que a 
geografia descrevia até então. Uma das principais motivações era chegar até as 
Índias, pois corria pela Europa a notícia de que naquela região havia abundância de 
ouro, marfim, pimenta e escravos, produtos que eram imensamente valorizados 
pelos europeus. Ter acesso a esses produtos significava a possibilidade de 
enriquecimento. Contudo, a busca por riquezas não era o único motivo das viagens 
pelo oceano. O homem europeu, que era profundamente religioso, acreditava que 
devia levar a fé cristã a todas os lugares, convertendo os povos infiéis. Ora, no 
Oriente havia muitos povos infiéis, como, por exemplo, os muçulmanos, e viajar para 
lá pelo oceano possibilitaria o domínio desses povos e sua conversão. Também era 
interessante aos governos europeus o fato de que conquistar regiões novas 
significava aumentar suas posses e consequentemente seu poder e importância 
junto aos demais países europeus (MESGRAVES, 1994). 
Os portugueses foram os primeiros a se aventurarem pelo oceano Atlântico, 
movidos pelos interesses correntes na época. Enquanto a maior parte da Europa se 
encontrava, no século XV, dividida em várias pequenas regiões rivais entre si, 
Portugal já era um reino unificado desde o século XII, o que possibilitou seu 
crescimento e desenvolvimento. Esses antecedentes do reino português, somados 
ao aprimoramento dos instrumentos de navegação e ao fato de existir uma 
população portuária enriquecida e com desejo de expandir seu comércio, permitiram 
aos portugueses empreender grandes viagens pelo oceano (SOUZA, 2006). 
 
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A Espanha também empreendeu, nesse período, grandes viagens, e, numa 
delas, Cristóvão Colombo chegou às terras de um continente, que era desconhecido 
por todos até então. Tais terras, que posteriormente receberam o nome de 
continente Americano, constituíam um Novo Mundo, totalmente diferente daquele 
que era conhecido pelos europeus. 
A conquista de Ceuta, um grande centro comercial muçulmano situado no 
norte da África, pelos portugueses, em 1415, foi o primeiro passo rumo à 
concretização do desejo de construir um grande império português. Daí em diante, 
os portugueses continuaram com suas viagens, chegando a outros tantos lugares 
diferentes. Mas até fins do século XV, os portugueses não haviam conseguido 
chegar às Índias, o que era umdos principais objetivos de suas viagens. Somente 
em 1498 é que uma expedição portuguesa, comandada por Vasco da Gama, 
conseguiu chegar à cidade de Calicute, na Índia, quando, por fim, o sonho português 
foi concretizado (KOSHIBA; PEREIRA, 1996). 
Depois que Vasco da Gama retornou da expedição à Índia, o rei português 
Dom Manuel enviou uma outra expedição para lá , a fim de estabelecer relações 
comerciais com os indianos. À frente dessa expedição estava Pedro Álvares Cabral, 
que, partindo de Lisboa, em março de 1500, acabou chegando, em 22 de abril do 
mesmo ano, em terras que eram até então desconhecidas dos portugueses e dos 
demais europeus. Cabral pediu então que Pero Vaz de Caminha escrevesse uma 
carta ao rei português, informando-o do “achamento” da terra que recebeu o nome 
de Vera Cruz. 
 Cabral permaneceu mais de uma semana nas terras e manteve contato 
com os habitantes do lugar, os indígenas. Mas em seguida continuou sua viagem, 
que tinha por destino final a Índia. A princípio, as terras descobertas não 
despertaram grande interesse nos portugueses. O que delas se podia retirar de 
valioso era o pau-brasil, madeira da qual se extraía um pigmento vermelho usado 
para tingir tecidos. Para garantir a exploração dessa madeira, os portugueses 
estabeleceram algumas fortificações na região e se aproximaram dos indígenas a 
fim de que eles trabalhassem retirando a madeira, que depois era negociada. Em 
troca do pau-brasil, os portugueses davam toda espécie de objetos que nem sempre 
tinham muita utilidade, ou eram valiosos. Mas os indígenas ficaram encantados 
 
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pelos espelhos, colares, pentes, vasilhas, e outros tantos objetos que eles não 
conheciam e que os portugueses trataram de apresentar-lhes. 
O interesse português pelas terras do “Novo Mundo” tornou-se maior a partir 
do momento em que o comércio com o Oriente não estava mais sendo tão lucrativo. 
Além disso, a constante presença de concorrentes, sobretudo de franceses, nas 
novas terras, alertou a Coroa portuguesa para a necessidade de colonizá-las, 
efetivando sua posse. Um importante passo nesse sentido foi a criação das 
Capitanias Hereditárias, dividindo o Brasil em 14 grandes lotes de terras, que foram 
entregues pela Cora portuguesa a seus respectivos donatários. (TUFANO, 1999). 
 Dessa forma, coube ao investimento de particulares o início do processo de 
colonização portuguesa do Brasil. Contudo, não foram apenas os motivos político-
econômicos que levaram à colonização das terras da América pela Espanha e por 
Portugal. Os motivos religiosos, ligados à expansão da fé cristã, eram de extrema 
importância. Os indígenas, que eram enxergados como o oposto do cristão europeu, 
precisavam ser salvos. Isto pode ser percebido, por exemplo, na Carta de Pero Vaz 
de Caminha, na qual ele afirma ao rei português o seguinte: “[...] Porém, o melhor 
fruto que dela [da terra descoberta] se pode tirar me parece que será salvar esta 
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar. [...]” 
Assim, a partir das viagens iniciadas no século XV, a América passou a fazer 
parte dos mapas europeus, bem como o restante dos lugares descobertos por eles, 
as rotas marítimas passaram a ser mais seguras e precisas, e os instrumentos de 
navegação aperfeiçoaram-se cada vez mais. 
Contudo, essa nova tecnologia de navegação e o conhecimento das rotas 
não significaram o fim do perigo de se navegar em alto-mar, uma vez que muitos 
acidentes, desvios de rota, naufrágios, entre outros, ainda continuaram ocorrendo. O 
conhecimento da geografia terrestre e de seus oceanos não significou o 
desaparecimento das ideias que desde muito tempo faziam parte do cotidiano 
europeu. As fábulas sobre terras povoadas por monstros e criaturas maravilhosas, 
sobre a existência de um paraíso na terra, entre outros, permaneceram ainda por 
muito tempo na mentalidade dos europeus. 
 
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De todo modo, apesar da persistência dos mitos, os europeus 
desenvolveram uma tecnologia de navegação bastante eficaz, que, somada a outros 
fatores, permitiu que eles partissem para grandes viagens, que lhes revelaram um 
mundo novo, diferente daquele que eles conheciam. Permitiu, ainda, a concretização 
de muitos dos objetivos políticos, econômicos e religiosos por meio da conquista de 
terras que se localizavam fora da Europa. 
Podemos concluir que a formação de Portugal estava ligada às lutas de 
reconquista da Península Ibérica, tais lutas ocorreram dentro das características do 
feudalismo. A dinastia de Avis que foi o auge de D. João no poder, representou a 
vitória de um começo do nacionalismo, subiu ao trono para reinar dois séculos 1385-
1580. 
O Grupo Mercantil, embora não tivesse força para mudar a sociedade 
portuguesa na época de Avis, conseguiu, temporariamente competir com a nobreza 
então titulada. Entre os fatores que possibilitaram tal competição, destacam-se: a 
situação geográfica de Portugal. A guerra contra os mouros obrigava o governo a 
contrair empréstimo, sendo posteriormente pagos através de arrecadação de 
impostos. 
Verificou-se que o país não contava com uma sólida estrutura capitalista 
mercantil que permitisse enfrentar os novos concorrentes que tinham aparecido: 
holandeses, franceses e ingleses. Portugal é um país voltado para o mar, o sal e a 
pesca, já constituem riquezas básicas. Isso também possibilitou as descobertas 
técnicas: bússola, astrolábio, caravela. 
Movidos pelo desejo de acabar com o monopólio italiano, os portugueses 
começaram com a ocupação de Ceuta, Cabo da Boa Esperança, e a tentativa de 
descoberta do caminho para as Índias. A Espanha, incentivada pela expulsão dos 
Mouros, e com a descoberta de Colombo (América em 1492), aceitava o projeto (da 
busca do caminho alternativo para as Índias). 
O Tratado de Tordesilhas (1494) acabou determinando que o Brasil, ou pelo 
menos boa parte dele, pertencesse a Portugal. A "descoberta" oficial ocorreu em 
1500. Porém segundo alguns historiadores, na ocasião do Tratado de Tordesilhas, 
já existia uma razoável certeza quanto a existência de terras a Ocidente. 
 
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Descoberta ou acidente? Rejeitando-se tais hipóteses, qual seria a intenção 
da expedição de Cabral? A colonização veio como consequência do descobrimento, 
não tendo sido esta finalidade. 
 
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UNIDADE 3 - O DESCOBRIMENTO E A CHEGADA DOS 
PORTUGUESES 
 
Em 22 de abril de 1500, chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas 
lideradas porPedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de 
um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi 
celebrada a primeira missa no Brasil. 
Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra 
descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para 
Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi 
descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. 
A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da 
descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser 
chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil. 
Como vimos até o momento, a descoberta do Brasil ocorreu no período das 
grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca 
de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão 
Colombo, navegando pela Espanha, chegou a América, fato que ampliou as 
expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições 
e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha 
assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. Conforme este acordo (figura 1), 
Portugal ficou com as terras recém-descobertas que estavam a leste da linha 
imaginária (200 milhas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou 
com as terras a oeste desta linha. 
 
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Figura 1 – Tratado de Tordesilhas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava 
empenhado no comércio com as Índias, onde encontravam: cravo, pimenta, canela, 
noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, entre outros. Enquanto realizava 
este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, 
explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era 
comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os 
indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e 
chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de 
madeira até as caravelas. 
Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin 
Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização 
da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em 
perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de 
Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e 
piratas destes povos estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas 
matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para 
tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de-
açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa. 
 
 
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UNIDADE 4 - EXPEDIÇÕES, PAU-BRASIL, CAPITANIAS E 
INVASÕES 
 
O medo de invasões estrangeiras no território brasileiro que já acontecia 
pelos piratas ingleses, franceses e holandeses levou Portugal a administrar a colônia 
de forma mais eficiente. Para tanto, tivemos três tipos de expedições: exploradoras, 
guarda-costas e colonizadoras. 
A primeira expedição exploradora foi chefiada por Gaspar de Lemos. Ele 
viajou pelo litoral e deu nome a vários acidentes geográficos que encontrou. Na 
volta, levou os navios cheios de pau-brasil para Portugal. Todos os direitos de 
exploração do pau-brasil e seu lucro pertenciam à Coroa Portuguesa. 
No ano de 1503, mais uma expedição exploradora veio ao Brasil. Seu 
comandante foi Gonçalo Coelho, e seu objetivo era localizar os pontos onde havia 
maior quantidade de pau-brasil. Fazendo parte dessa expedição, o conhecido 
navegante Américo Vespúcio fundou a feitoria de Cabo Frio. 
Os portugueses não eram os únicos, nesta época, a explorar o pau-brasil. 
Franceses vinham ao litoral brasileiro em busca da preciosa madeira. Muitas vezes, 
entraram em combate com os portugueses. 
Para evitar a chegada de navios piratas franceses ao Brasil, foram 
organizadas expedições guarda-costas. Duas dessas expedições, chefiadas por 
Cristóvão Jaques, terminaram com a prisão de vários navios franceses. A feitoria de 
Itamaracá, uma das mais importantes do Nordeste, foi fundada por ele. 
O rei enfrentava alguns problemas. O lucro com o comércio das especiarias 
vindas da Índia começava a diminuir. Era necessário, também, garantir a posse do 
território brasileiro. 
Os franceses continuavam levando o pau-brasil. Enquanto isso, chegavam à 
corte portuguesa notícias de que a Espanha havia encontrado ouro e prata nas 
terras que havia descoberto no Novo Mundo. 
A primeira expedição colonizadora foi comandada por Martin Afonso de 
Souza, que veio ao Brasil com as seguintes obrigações: 
 
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 Expulsar os franceses; 
 Explorar o litoral, chegando ao interior na busca de ouro e prata; 
 Fundar núcleos de povoado e defesa; 
 Aumentar o domínio português, estendendo-o até o Rio da Prata, 
ultrapassando a linha do Tratado de Tordesilhas. 
Tendo cumprido sua missão, Martin Afonso, na volta de Rio da Prata, 
fundou, no litoral, a vila de São Vicente – a primeira do Brasil. Seguindo para a outra 
vila – Piratininga. Introduziu o cultivo da cana-de-açúcar e construiu o primeiro 
engenho, que chamou de Engenho do Governador. 
Tão grandes quanto a terra, eram os problemas. Oitenta homens que tinham 
ido ao interior em busca de ouro morreram em luta com os indígenas. Não 
adiantava fundar uma vila aqui e outra ali, pois era tudo muito distante. A terra 
brasileira continuava sem proteção. O rei de Portugal teve que pensar em outra 
solução. 
A primeira solução foram as Capitanias Hereditárias, assim, entre os anos 
de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III resolveu dividir a terra brasileira em 
faixas, que partiam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas 
enormes faixas de terras foram doadas para nobres e pessoas de confiança do rei. 
Estes que recebiam as terras, chamados de donatários, tinham a função de 
administrar, colonizar, proteger e desenvolver a região. Cabia também aos 
donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir à ocupação do 
território. Em troca destes serviços, além das terras, os donatários recebiam 
algumas regalias, como a permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da 
região. Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou seja, passariam 
de pai para filho. Fato que explica o nome deste sistema administrativo. 
As dificuldades de administração das capitanias eram inúmeras. A distância 
de Portugal, os ataques indígenas, a falta de recursos e a extensão territorial 
dificultaram muito a implantação do sistema. Com exceção das capitanias de 
Pernambuco e São Vicente, todasacabaram fracassando. Desta forma, em 1549, o 
rei de Portugal criou um novo sistema administrativo para o Brasil: o Governo-Geral. 
 
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Este seria mais centralizador, cabendo ao governador geral as funções antes 
atribuídas aos donatários. 
Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias 
Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição 
desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade 
no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem 
grandes propriedades rurais. 
Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: 
 São Vicente (Martim Afonso de Sousa); 
 Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa); 
 Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira); 
 Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho); 
 Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho); 
 Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia); 
 Bahia (Francisco Pereira Coutinho); 
 Pernambuco (Duarte Coelho); 
 Ceará (António Cardoso de Barros); 
 Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da Cunha e Fernando 
Álvares de Andrade). 
 
O Governo Geral pode ser definido como primeiro esboço do poder público 
no Brasil. O Marquês de Pombal, sabendo da carência de gente para administrar a 
colônia, se valeu de brasileiros. O centralismo político já tinha ultrapassado a fase de 
experiências para se tornar um projeto mais amplo. 
Os primeiros Governadores Gerais foram encarregados de tarefas 
administrativas e militares por um prazo de 3 anos. 
 
 
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Bandeirismo 
A questão do bandeirismo evidencia as dificuldades das comunidades 
afastadas do centro exportador dominante, o nordeste açucareiro. Os paulistas 
viram-se compelidos a buscar meios de enriquecimento. Disto resultaram as 
bandeiras – empresas móveis, misto de aventureirismo épico, e oportunismo 
empresarial. 
As bandeiras representaram um importante fator na configuração das 
fronteiras, pois dirigiram-se rumo às áreas desabitadas do interior, pelas quais os 
espanhóis não haviam se interessado, voltados como estavam para a mineração 
andina. 
Devido à carência de recursos da terra à qual não tinham por que se 
prender, os paulistas dos primórdios acabaram por favorecer o surgimento de uma 
ideologia que muito ajudaria a classe dominante regional do futuro, a ideologia da 
iniciativa privada. São Paulo se colocou na vanguarda econômica e política da 
nação, essa ideologia muito serviu à classe dominante regional como instrumento do 
federalismo. 
Devido ao aspecto do pioneirismo desbravador, o primitivo isolamento da 
comunidade paulista, contribuiu para a formação de uma mentalidade regionalista 
fortemente arraigada, cujo resultado último e extremo, veio a ser a Revolução 
Constitucionalista de 1932. 
 Na primeira grande fase do bandeirismo, o objetivo era aprisionar índios 
para vendê-los como escravos em lugares que não usavam o negro por ser muito 
caro, era o único bom negócio possível aos paulistas. Tal negócio foi facilitado, pois, 
devido à união Ibérica, o Tratado de Tordesilhas não estava em vigor, isto foi uma 
das causas da destruição do primeiro ciclo missioneiro no sul da colônia. 
As bandeiras tiveram seu auge durante a ocupação de Angola pelos 
holandeses, pois foi interrompido o tráfego negreiro, e a mão-de-obra escrava 
escasseou ainda mais, gerando um aumento nos preços dos escravos. 
O seu declínio foi por ocasião da expulsão dos holandeses da costa 
africana, ao mesmo tempo em que os índios aldeados nas missões sulinas, 
 
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começaram a reagir aos ataques dos bandeirantes. Após dois contra-ataques bem 
sucedidos, por parte dos índios, principalmente o "combate do M’bororé", os 
bandeirantes interromperam seus assédios às missões. 
Segundo alguns autores, a palavra bandeira, talvez derive de “bando” 
(reunião de bandos). Possuía uma certa organização. Apesar de submetida a uma 
autoridade absoluta, era muito heterogênea. 
A alimentação dessas hordas consistia principalmente de caça, pesca, 
coleta, e eventuais roças de milho (bivaques). As expedições duravam anos, e 
eventualmente havia quem as financiasse, o que reforça a ideia da combinação do 
espírito aventureiro, com o espírito empresarial, impregnado do desejo de lucro. 
Quando o açúcar deixou de dar lucros, a Coroa resolveu encontrar metais 
preciosos. Houve a contratação de técnicos espanhóis pelo governo português para 
ensinar aos bandeirantes as técnicas de mineração, e as bandeiras passaram a se 
dedicar à busca de pedras e minerais preciosos, tornado-se uma empresa quase 
estatal, ao final do século XVII. 
 
Os Quilombos 
Foi em Alagoas, na serra da Barriga, que se formou Palmares, o quilombo 
mais famoso, em fins do século XVI, início do século XVII, por volta de 1600. 
Palmares congregou várias aldeias, chegou a agrupar 20.000 pessoas, em 
27.000km2, incluindo índios, mulatos e até mulheres brancas (capturadas em 
incursões), atraiu também muitos marginalizados. Sua capital, o mocambo dos 
macacos, agrupou aproximadamente 5.000 pessoas, incluindo o Rei do Quilombo, 
Zumbi dos Palmares. 
Nesta época, a busca pela liberdade, a fuga pelas matas impenetráveis, e a 
não aceitação da condição servil, caracterizou o primeiro passo para a formação dos 
quilombos. Sua estrutura política era de “monarquia despótica” e centralizada de 
forma eletiva, visto o perigo da diversidade cultural existente nos quilombos. Seus 
reis foram respectivamente, Ganga Zumba e Zumbi. 
 
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A formação de quilombos foi uma atitude próspera que muito atraiu os que 
não aceitavam o caráter antiprodutivo latifundiário. Devido à diversidade cultural, 
quanto à língua, adotaram-se heranças lusitanas, os costumes africanos tiveram a 
sua continuidade, naquilo que não influenciaria a administração do quilombo. No 
aspecto econômico, Palmares evoluiu da coleta e do ataque à fazenda e aldeias, 
para uma economia de base coletivista e não monetária. 
A invasão holandesa a Pernambuco (1630-1654) acelerou as fugas de 
escravos pelo “afrouxamento geral”, no controle sobre estes. A introdução holandesa 
de novas técnicas de tortura (muito desumanas), gerou ainda mais revolta entre os 
negros. Os holandeses opuseram-se ao quilombo, mas foram rechaçados 
ferozmente por duas vezes, expulsos os holandeses, os portugueses retomaram a 
luta anti-Palmares. Os lusitanos viam Palmares não só como “algo fora do comum”, 
mas também como um “caso de polícia”, queriam reaversua propriedade (os 
negros), e colocá-los novamente nas lavouras. Os lusos depararam-se com uma 
eficaz tática de guerrilha, que, de defensiva, passou a ofensiva. A primeira tentativa 
de tomar Palmares, por parte de Fernão de Carrilho, fracassou. Além da busca de 
mão-de-obra, a terra ali, era vista pelos portugueses como extremamente fértil para 
a agricultura açucareira. 
Em 1678, os luso-brasileiros fizeram um acordo com os quilombolas e 
reconheceram o direito dos Palmares. Revoltados com o acordo, os palmarinos 
mataram Ganga Zumba, e firmaram o famoso Zumbi no comando do quilombo. 
Destruir Palmares, para os lusitanos era “imperativo político e obrigação da 
coroa”, era impossível um quisto daqueles, visto um nordeste latifundiário e 
aristocrático. 
Em 1687, Domingos Jorge Velho, assume a direção da campanha contra 
Palmares. O quilombo passa de uma tática guerrilheira móvel, para uma defesa fixa, 
o que apressou o seu fim. A distância entre negros e homens livres (estes mesmos 
pobres e oprimidos) foi grande fator para a derrota. Os escravos se viram 
compelidos a levar sozinhos uma luta que, em caso de resultado positivo, 
favoreceria também a outra classe dominada. Após prolongada luta, em 06 de 
fevereiro de 1694, Palmares é destruída, o rei Zumbi escapa e continua a existência 
 
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de outros quilombos. Em 1695, Zumbi foi morto e teve sua cabeça espetada num 
poste na praça do Recife para mostrar aos escravos que ele não era imortal. 
 
As invasões 
Em 1580, com o objetivo de unificar a Península Ibérica, Felipe II, rei da 
Espanha, incorpora pacificamente o reino Português, tornando-se o mais poderoso 
monarca europeu. Felipe II era um campeão do reacionarismo católico-feudal. Era 
apoiado pelo clero português que queria preservar seus privilégios. O seu reinado 
era legítimo e perfeitamente dentro dos conceitos. A Europa aceitava, dentro das 
teorias políticas feudais, a presença de outros reis, formando (pelo grau de 
parentesco), uma “grande família”. 
O conceito de “domínio espanhol” é um tanto errado, pois apenas o rei da 
Espanha passou a ser o mesmo de Portugal, as nações se mantiveram separadas 
havendo apenas um vice-rei em Lisboa. 
A principal consequência da união ibérica para o Brasil foi o incentivo à 
penetração pelo interior, pois o Tratado de Tordesilhas, que dividia terras entre 
Portugal e Espanha, foi suspenso, favorecendo a expansão da pecuária e as 
necessidades do bandeirismo. Gerou também novas e intensas incursões europeias, 
baseadas nos conflitos entre Espanha e o resto da Europa. A união dinástica durou 
de 1580 a 1640, quando a aristocracia lusa rumou a uma tirania, e com o apoio 
francês, independizou Portugal com a implantação da nova dinastia: a de Bragança, 
sustentada até a proclamação da República, em 1910. 
 Interessados na colônia, os franceses tentaram apoderar-se do Maranhão, 
onde poderiam intervir no Caribe, por onde passavam navios espanhóis carregados 
de metais preciosos. Chefiados por Daniel de La Touche, fundaram a cidade de São 
Luís, e queriam fundar a França Equinocial. O fracasso francês deu início à 
colonização do Maranhão e sua transformação em colônia separada do Brasil. Era o 
estado do Maranhão, com seis capitanias, sendo hoje as atuais áreas do Pará e 
Amazonas. 
 
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As invasões holandesas foram ocasionadas pelo conflito entre o capitalismo 
comercial batavo em expansão, e a monarquia espanhola aristocrática e 
monopolista. 
O nacionalismo holandês tornou-se vitorioso contra a tirania espanhola nos 
países baixos, aliada pelo catolicismo romano, vivendo o Concílio de Trento, e a 
Inquisição. Contra isso, Felipe II rompeu ligações luso-brasileiras com a Holanda. 
Assim criou-se a Companhia do Comércio (holandesa), que invadiu a zona 
canavieira da colônia. Para o Brasil, tal atitude foi em termos, um contato com o 
capitalismo e sua ocupação deu-se para fins de política e economia. 
Tendo fracassado a invasão à Bahia, os holandeses rumaram à 
Pernambuco, e seu sucesso inicial, em termos, deve-se a Calabar (figura 
contestada, que teria auxiliado os holandeses na terra desconhecida). Mas a 
invasão teve como maior responsável, Maurício de Nassau, hábil político de 
financiamentos e reconstrutor de engenhos, agradando aos latifundiários. Nassau, 
com seu caráter inovador, criou uma sociedade europeia, urbana, burguesa, e 
calvinista. 
O fim do governo Nassau, e as cobranças aos latifundiários, foi o sinal para 
a ruptura. Os senhores, ameaçados de perderem as terras arrendadas, expulsaram 
os holandeses, caracterizando a insurreição pernambucana, que não passou de 
uma luta entre classes dominantes (latifundiários devedores X comerciantes 
credores). Após a expulsão dos holandeses, o açúcar entra em declínio, pela perda 
do monopólio. A segunda metade do século XVII, foi tempo de crise. Passa-se a 
estimular o bandeirismo para a busca do ouro nas Minas Gerais, que marcaria a 
segunda fase da colonização. 
As invasões francesas do Brasil registram-se desde os primeiros tempos da 
colonização portuguesa, chegando até ao ocaso do século XIX. 
Inicialmente dentro da contestação de Francisco I de França ao Tratado de 
Tordesilhas, ao arguir o paradeiro do testamento de Adão e incentivar a prática do 
corso para o escambo do pau-brasil (Caesalpinia echinata), ainda no século XVI 
evoluiu para o apoio às tentativas de colonização no litoral do Rio de Janeiro (1555) 
e na costa do Maranhão (1594). 
 
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Até ao século XVIII, era comum piratas e corsários de diversas 
nacionalidades pilharem povoados e engenhos no litoral brasileiro. A descoberta de 
ouro no sertão das Minas Gerais reacendeu a cobiça desses elementos, atraindo-os 
para o litoral da região Sudeste. Entre os assaltos mais famosos, registram-se, em 
agosto de 1710, o do corsário Jean-François Duclerc (1671-1711), e, em Setembro 
de 1711, o de René Duguay-Trouin, ambos ao Rio de Janeiro. 
 
A invasão de Duclerc (1710) 
No contexto de hostilidades entre a França e a Inglaterra, o rei Luís XIV de 
França autorizou o corso aos domínios ultramarinos de Portugal, tradicional aliado 
dos britânicos. Por essa razão, em meados de Agosto de 1710, Jean-François 
Duclerc, no comando de seis navios e cerca de 1.200 homens, surgiu na barra da 
baía de Guanabara hasteando pavilhões ingleses como disfarce. 
As autoridades no Rio de Janeiro, alertadas pela Metrópole, já aguardavam 
a vinda do corsário francês, razão pela qual o fogo combinado da Fortaleza de Santa 
Cruz da Barra e da Fortaleza de São João repeliu a frota que tentava forçar a barra 
(16 de agosto). 
Os franceses navegaram pelo litoral para Sudoeste, rumo à baía da Ilha 
Grande, saqueando fazendas e engenhos. Lá, aportaram à barra de Guaratiba onde 
desembarcaram, marchando por terra para a cidade do Rio de Janeiro. No percursopassaram pelo Camorim, por Jacarepaguá, pelo Engenho Novo e pelo Engenho 
Velho dos Padres da Companhia de Jesus, descansando neste último. 
No dia seguinte prosseguiram pela região do Mangue, alcançando a falda do 
morro de Santa Teresa (depois rua de Mata-Cavalos, atual rua do Riachuelo), até ao 
morro de Santo Antônio, que contornaram até à Lagoa do Boqueirão. Pela rua da 
Ajuda (atual Melvin Jones) e de São José, alcançaram o Largo do Carmo (atual 
Praça XV de Novembro), onde encontraram a resistência dos habitantes em armas, 
tendo se destacado a ação dos estudantes do Colégio dos Jesuítas, liderados por 
Bento do Amaral da Silva, que desceram o morro do Castelo. 
Nesta escaramuça, afirma-se que os franceses perderam 400 homens. 
Duclerc, que os comandava, foi detido em prisão domiciliar à atual rua da Quitanda, 
 
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vindo a ser assassinado em condições misteriosas por um grupo de encapuzados, 
alguns meses mais tarde, a 18 de março de 1711, alguns autores supondo que por 
questões passionais. 
A população da cidade festejou entusiasticamente a vitória durante vários 
dias. Infelizmente, as autoridades coloniais superestimaram a capacidade do 
sistema defensivo da barra, difundindo-se a crença generalizada de que, após 
tamanha derrota, corsário algum voltaria tentar forçá-la, o que se mostrou 
dramaticamente incorreto. 
 
A invasão de Duguay-Trouin (1711) 
À iniciativa de Duclerc, seguiu-se outra, maior e mais bem equipada, no ano 
seguinte. 
Em setembro de 1711, coberta pela bruma da manhã, aproveitando um 
vento favorável, uma esquadra de 17 ou 18 navios, artilhada com 740 peças e 10 
morteiros com um efetivo de 5 764 homens, sob o comando do corsário francês 
René Duguay-Trouin ousadamente entrou em linha pela barra da baía de 
Guanabara, furtando-se ao fogo das fortalezas, desguarnecidas três dias antes, 
graças a uma notícia recebida pelo então Governador da Capitania do Rio de 
Janeiro, Francisco de Castro Morais (1699-1702), que dava como falsa a notícia da 
chegada desta esquadra francesa. 
Duguay-Trouin enfrentou apenas a resistência de três habitantes 
inconformados com as decisões do governador Francisco de Castro Morais, 
apelidado de “o Vaca”: o normando naturalizado português, Gil du Bocage, Bento do 
Amaral Coutinho, que lutara contra os paulistas na guerra dos Emboabas, e seu 
companheiro Frei Francisco de Menezes, ao lado dos alunos dos frades beneditinos, 
filhos de Domingos Leitão, de Rodrigo de Freitas, de Gurgel do Amaral, Teles de 
Menezes, Martim Clemente e Aires Maldonado. O sucesso do corsário custou caro à 
cidade, que necessitou pagar valioso resgate pela liberdade (novembro de 1711): 
610.000 cruzados em moeda, 100 caixas de açúcar e 200 cabeças de gado bovino. 
Voltando a falar das invasões holandesas, esse é o nome normalmente 
dado, na historiografia brasileira, ao projeto de ocupação da Região Nordeste do 
 
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Brasil pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (W.I.C.) durante o século 
XVII. 
Em linhas gerais, as invasões holandesas no Brasil podem ser recortadas 
em dois grandes períodos: 
1624-1625 – Invasão de Salvador, na Bahia; 
1630-1654 – Invasão de Olinda e Recife, em Pernambuco; 
1630-1637 – Fase de resistência ao invasor; 
1637-1644 – Administração de Maurício de Nassau; 
1644-1654 – Insurreição pernambucana. 
A invasão de Salvador (1624-1625) 
Cientes da vulnerabilidade das povoações portuguesas no litoral Nordeste 
brasileiro, os administradores da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais 
(WIC – West-Indische Compagnie) decidiram pelo ataque à então capital do Estado 
do Brasil, a cidade de Salvador, na capitania da Bahia. 
Desse modo, uma armada da WIC transportando um efetivo de cerca de 
1.700 homens sob o comando do almirante Jacob Willekens, em 10 de Maio de 
1624, atacou e conquistou a capital. Em pânico, os habitantes retiraram-se para o 
interior. O governador-geral, Diogo de Mendonça Furtado (1621-1624), 
entrincheirou-se no palácio, mas tanto ele como o filho e alguns oficiais foram 
aprisionados e enviados para os Países Baixos O governo da cidade passou a ser 
exercido pelo fidalgo holandês Johan Van Dorth. 
A aquisição de mão-de-obra escrava tornou-se imperativa para o sucesso da 
colonização Neerlandesa. Por essa razão, a armada começou a traficar escravos da 
África para o Brasil. 
Em 1625, a Espanha enviou, como reforço, uma poderosa armada de 
cinquenta e dois navios, sob o comando de D. Fadrique de Toledo Osório, marquês 
de Villanueva de Valduesa, a maior então enviada aos mares do Sul: a famosa 
Jornada dos Vassalos, com quase quatorze mil homens. Essa expedição derrotou e 
expulsou os invasores holandeses em 1º de maio desse mesmo ano. 
 
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A invasão de Olinda e Recife (1630-1654) 
O enorme gasto com a fracassada invasão às terras da Bahia foi recuperado 
quatro anos mais tarde, num audacioso ato de corso quando, no mar do Caribe, o 
Almirante Piet Heyn, a serviço da WIC, interceptou e saqueou a frota espanhola que 
transportava o carregamento anual de prata extraída nas colônias americanas. 
De posse desses recursos, os neerlandeses armaram nova expedição, desta 
vez contra um alvo menos defendido, mas também lucrativo, na região Nordeste do 
Brasil. O seu objetivo declarado era o de restaurar o comércio do açúcar com os 
Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha. Uma nova esquadra, com 64 
navios e 3.800 homens, investirá agora sobre a capitania de Pernambuco onde, em 
fevereiro de 1630, conquistam Olinda e depois Recife. Com a vitória, as forças 
Neerlandesas foram reforçadas por um efetivo de mais 6.000 homens, enviado da 
Europa para assegurar a posse da conquista (BOXER, 1961; MELLO, 1981; 
MELLO, 1998; ROSTY, 2002). 
 
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UNIDADE 5 - ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO 
COLONIAL 
 
A base da colonização foi o açúcar, riqueza trazida de fora, onde, Portugal já 
tinha experiência com plantio e a comercialização do produto nas Ilhas Atlânticas. 
Havia o predomínio do latifúndio, típico da economia açucareira. Gerava altos 
lucros, ocorria a não diversificação de atividades e a monocultura. 
A mais significativa atividade propiciada pelo açúcar foi a criação de gado, 
para a qual utilizava-se o braço indígena e seu descendente mestiço. A cana-de-
açúcar, exigiu muita mão-de-obra, a solução inicial foi a escravidão indígena, porém, 
o índio se mostrou um “mau trabalhador”. Até os jesuítas acabaram se opondo 
escravidão dos indígenas. Portugalprecisou, então, do braço africano. 
Os negros vinham nos navios “negreiros”, também chamados de 
“tumbeiros”, dada a quantidade de pessoas que morriam durante a travessia do 
atlântico, devido às más condições de higiene, fome, sede, doenças, e superlotação 
dos porões dos navios. 
Já na colônia, submetidos a um duro trabalho, o negro quilombo (fujão), era 
o mais sofrido, era submetido à novena ou trezena (nove, ou treze chibatadas). 
Outros tipos de punições a que estavam sujeitos ainda, eram o tronco, viramundo, 
cepo, bacalhau (relho de cinco pontas), o mais comum (MESGRAVIS, 1994). 
As classes de negros não eram iguais. Havia uma certa distinção entre 
escravos domésticos, escravos de ganho, e os escravos de eito, estes, submetidos 
a um trabalho mais árduo, nos canaviais. Os escravos não formavam um todo 
homogêneo, os crioulos não gostavam dos recém-chegados da África, os mulatos 
(em especial os que assumiam funções remuneradas: feitores, mestres-de-açúcar, 
etc.), desprezavam os escravos em geral, os escravos urbanos viam com certa 
superioridade os escravos agrários e, às vezes até ajudavam na luta contra os 
quilombos. Os ladinos se julgavam melhores que os boçais. Afora isso, haviam 
ainda as diferenças culturais, os negros islamizados (fula, mandinga e haussá), por 
exemplo, eram rebeldes, e não se misturavam aos companheiros de infortúnio, 
mantendo-se isolados (AZANHA; VALADÃO, 1991). 
 
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De a cordo com Lopes (1991), “o negro foi a base do sistema colonial do 
Brasil. Mais do que pés e mãos do engenho, foi pés e mãos do Brasil”. A condição 
servil não estimulava ninguém a produzir, o negro mostrou por todos os meios o 
quanto aquela situação não lhe servia. Reagiu sempre que, e como pôde, fugindo, 
assassinando e rebelando-se. 
 
Ciclo da cana-de-açúcar 
Período da história econômica do Brasil em que a cultura açucareira era a 
principal atividade produtiva da Colônia, isto é, o açúcar constituía o ciclo, pois é ele 
que atraía mais os fatores de produção. 
O Brasil havia concentrado o produto conjuntural procurado, acarretando a 
um modelo mercantilista mais sofisticado, pois tratava-se da exportação de um 
produto industrializado, requerendo com isso maiores aplicações de capitais, 
refletindo na importação de escravos e criação de gado, ocupação territorial e 
organização político-administrativa. 
O açúcar dominou na economia brasileira durante 150 anos. As primeiras 
mudas de cana-de-açúcar foram trazidas da ilha da Madeira, em 1502, e em 
meados do século XVI, as plantações canavieiras se estendiam por grandes 
extensões no litoral brasileiro, concentrando-se, sobretudo, em Pernambuco e na 
Bahia. Na metade do século XVII, o Brasil era o maior produtor mundial de açúcar, 
mas gradativamente perdeu essa posição para as concorrentes mundiais, 
particularmente as Antilhas. Embora nunca tenha desaparecido no Brasil colonial, a 
cultura canavieira foi substituída no século XVIII como principal fonte de renda da 
Colônia pela atividade mineradora que deu origem ao Ciclo do Ouro. 
Em decorrência disso, a economia canavieira moldou no Brasil uma 
sociedade que correspondia aos objetivos de sua produção: os engenhos se 
localizavam em latifúndios e a mão-de-obra empregada, o escravo negro, se tornaria 
a base da economia brasileira até o final do século XIX. Praticamente existia uma 
camada social intermediária entre o senhor e o escravo, o que configurava uma 
sociedade tipicamente patriarcal. 
 
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Condicionamentos Externos do ciclo da cana-de-açúcar: 
O crescimento da demanda do açúcar na Europa ocidental, em 
consequência da expansão demográfica, aumento da renda, apesar de que somente 
as classes mais abastadas consumiam o açúcar, pelo seu elevado preço. 
 
Condicionamentos Internos: 
Terras propícias, em grande quantidade (extensas) clima adequado, matas 
próximas (lenha para as fornalhas), água corrente desembocando para o mar, 
cursos d'água (para o transporte, energia para os engenhos de água). Canaviais 
bastante duráveis. 
 
Mão-de-obra: 
Colonos brancos – escassos, pois tinham espírito mercantilista, desapego à 
terra, em face dessa dificuldade, o povoamento foi compulsório, através de 
degredados ou fugitivos da justiça. 
Índios – embora fosse uma solução escravista, não funcionou, porque os 
índios não se adaptavam ao trabalho sedentário no engenho ou nas culturas, 
resistência do índio à escravidão e à invasão de suas terras, os jesuítas foram 
contrários à escravidão dos índios, assim como o poder real proibiu essa prática. 
Escravos negros – foi a base da força de trabalho a partir de 1549, 
justificando-se porque o negro tinha nível cultural superior ao índio, possuía 
conhecimentos de agricultura, mineração e artesanato, habilidoso e resistente. A 
escravidão provocou desincentivo ao investimento e à renovação tecnológica, 
criação de uma jornada de trabalho sem recompensa, refletindo em certo desprezo 
pelo trabalho manual. 
 
Tecnologia: 
Rudimentar no desflorestamento e na produção, somente enxada e foice 
como instrumento de trabalho básico. 
 
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Capital: 
Capital de giro, fundamental, pois o açúcar exigia investimentos em 
escravos, investimentos de trabalho, construção de máquinas, compras de bois, 
compra de lenha, e pagamento de salários a trabalhadores especializados. 
 
Políticas Econômicas: 
Fundação das Capitanias Hereditárias, em relação à mão-de-obra e capitais, 
isenção de impostos dos engenhos novos. Em face das dificuldades financeiras dos 
engenhos, foi proibida a execução dos donos dos engenhos e lavradores até certo 
limite ou a de sequestrar escravos e bois em serviço permanente, os cobres e 
penhorar as moendas. 
 
Regime Agrário: 
Concessão de Sesmarias (concessão a um empresário capitalista com 
vistas à monocultura para a exportação) com carência de 388 anos, com obrigação 
de pagar o dízimo à Coroa, e no tempo dos donatários o redízimo para estes, com 
isto, marginalizando os colonos menos abastados, enfraquecendo o setor agrícola 
local. 
 
Regime Fiscal: 
Além da intermediação compulsória em Lisboa, no comércio exterior, o 
imposto básico era o dízimo, 10% ad-valorem, pagável in natura. Em 1534, foi criada 
a pensão paga pelos engenhos aos donatários (que reclamavam também o 
redízimo). 
Vintena, 5% sobre a quantidade produzida (1631 a 1650). Impostos 
excepcionais, subsídio de 300 réis por caixa de açúcar, para a formação da 
infantaria, 5% (vintena) para o dote da princesa Catarina, rainha da Inglaterra. 
 
Transportes: 
 
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