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MATERIAL DIDÁTICO HISTÓRIA DO BRASIL CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004 0800 283 8380 www.portalprominas.com.br Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 UNIDADE 2 - A TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE E AS GRANDES NAVEGAÇÕES ................. 5 UNIDADE 3 - O DESCOBRIMENTO E A CHEGADA DOS PORTUGUESES .......................................... 19 UNIDADE 4 - EXPEDIÇÕES, PAU-BRASIL, CAPITANIAS E INVASÕES .............................................. 21 UNIDADE 5 - ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO COLONIAL .................................................. 33 UNIDADE 6 - CICLO DO OURO ..................................................................................................................... 38 UNIDADE 7 - CONFLITOS E REVOLTAS INTERNAS ............................................................................... 48 UNIDADE 8 - A CORTE, A ABERTURA DOS PORTOS, ELEVAÇÃO A REINO E FIM DA COLÔNIA ............................................................................................................................................................................... 53 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 60 Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 3 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO Para alguns historiadores do século XIX, a história do Brasil começou com a descrição do meio geográfico, após os primeiros habitantes vistos e, então, o Descobrimento pelos portugueses. Outros autores começaram com a história do Brasil pelo próprio descobrimento como Pedro Alvarez Cabral, Pero Vaz de Caminha, Vincente Yanez Pinzón, Américo Vespúcio. Evidentemente que essas visões contêm doses de patriotismo nas discussões sobre a primazia de navegadores portugueses ou espanhóis. Há uma terceira visão histórica do Brasil, recusando-se esta última até a dominação romana na Península ibérica. Esta visão diminui as presenças indígenas e africanas na formação brasileira. Atualmente tende para situar o Descobrimento do Brasil no vasto processo da expansão europeia. Este processo é uma complexa trama de relação que se estendia por toda a Europa, ocidental e central. Após a idade média formou-se um novo mundo no qual o Brasil foi incorporado a partir de 1500. O novo mundo foi resultado de uma gestação multissecular, na qual tem início a história do Brasil. Conforme anotações de Cotrim (2008), a conquista da América não foi um fato instantâneo, nem terminou com os primeiros combates e vitória de portugueses e espanhóis sobre os povos nativos. Foi um processo lento e contínuo, que durou vários séculos. Mas as primeiras décadas da chegada europeia foram cruciais. Grande parcela da população da América foi dizimada num curto período (cerca de 50 anos): algumas estimativas revelam que metade (outras, até dois terços) da população teria sido exterminada. Por isso, esse episódio é considerado, em seu conjunto, como um dos mais violentos da história da humanidade. Sem desmerecer as ponderações de Cotrim, não nos ateremos a toda essa violência que se traduz no extermínio lento e gradual dos indígenas, pois esse primeiro período que estudaremos apresenta muitos outros pontos interessantes e importantes. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 4 Denomina-se Brasil Colônia, o período da história entre a chegada dos primeiros portugueses, em 1500, e a independência, em 1822, quando o Brasil estava sob domínio socioeconômico e político de Portugal. Salientamos que este trabalho é uma compilação de estudos de vários autores e material do que entendemos ser o mais importante em termos de Brasil Colônia. Dúvidas podem surgir e pedimos desculpas por eventuais lacunas, mas tanto, por isso, ao final da apostila estão diversas referências utilizadas e consultadas pelas quais poderão aprofundar algum conhecimento que chame a atenção ou tenha despertado dúvida. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 5 UNIDADE 2 - A TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE E AS GRANDES NAVEGAÇÕES O início da modernidade se dá no Renascimento, século XVI. A idade média agrária, dominada pela igreja, senhores feudais e as superstições, contrapunha-se a uma idade moderna comercial, aventureira, antieclesiástica, absolutista e dona de uma postura crítica em relação aos textos sagrados. Na França, um intelectual como Rabelais celebrava os novos tempos comparando-os com a barbárie medieval. Em Roterdã, Erasmo defendia uma religião mais humanizada e íntima, refutando o obscurantismo medieval, que atribuía sacerdotes analfabetos ou dotados de má-fé. Na Inglaterra, Tomas Morus, em Utopia, via a possibilidade de o homem ser feliz, longe da opressão religiosa. Na Alemanha, Lutero rompeu com Roma. Na Península Ibérica este sentimento existiu fortemente, influenciado inclusive a pedagogia. Após a Segunda Guerra Mundial surgiu outra versão, a do início da modernidade no final do séc XVIII, com a revolução industrial, em razão das modificações radicais na vida e economia da população e o deslocamento deste para a cidade. O mundo foi dividido entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos e houve o conceito de terceiro mundo. Mais recentemente, os historiadores recusam a modernidade para o século XIV, o principal argumento desta corrente é o de que a economia, a sociedade, a política e os intelectuais já se encontravam presentes ali. Um argumento contrário a esta perspectiva será sua tendência a antecipar a importância de características que somente amadureceriam a época do renascimento ou revolução industrial. Todas as interpretações são justificáveis, o importante é compreender que se trata de um largo processo histórico no qual se forjou o mundo a que pertencemos. O processo permitiu a convivência do medieval e do moderno na mesma época. No Brasil colonial a mentalidade medieval e moderna mesclou-se nos colonizadores tornando-se mais completa com a entrada do índio e dos negros, pertencentes há tempos culturais mais diversos. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escritodo Instituto Prominas. 6 No feudalismo houve avanço do artesanato, organização em corporações de ofícios e o comércio de alguns produtos agrícolas europeus ou importados do oriente. Também nessa época houve a multiplicação das rotas comerciais. A expansão do século XIII mobilizou também parte dos recursos agrícolas, a nobreza senhorial também participou. A crise do século XIV e a peste negra atrapalharam a expansão, acredita-se que essa doença tenha causado a morte de um terço da população europeia. O ciclo de peste prejudicou o comércio, o povo se deslocou em razão dos flagelos. Gênova e Veneza entraram em guerra devido à decadência do ritmo econômico, o que beneficiou Portugal, pois usou mão-de-obra genovesa nas navegações pela costa africana. A guerra dos Cem anos também contribuiu para a instabilidade da expansão marítima. Houve a regressão feudal com a liberação da mão-de-obra. No século XIII, chegou-se ao mundo pleno que viria a ser o padrão da modernidade ocidental. Maior proximidade física entre as pessoas, maior circulação de bens e de ideias. Assim o mundo pleno foi responsável por sustentar a economia durante a crise de século XV, o reaquecimento da produção, inclusive de Portugal. Houve nesta época a falta de numerário que seria revertido a partir de 1520, com a entrada em circulação do ouro e da prata retirados da América pela Espanha. A Europa desta época era dividida em comunidades estratificadas em ordem, a primeira ordem era o clero que tinha como finalidade orientar a vida cristã da comunidade e preparar-lhe o caminho da salvação eterna, na classificação sociológica, pode-se falar em alto e baixo clero, os primeiros eram os dignitários das Igrejas, eram estritamente ligados com a nobreza. O segundo era composto por uma multidão de padres, freiras e curas de paróquias, em geral provinha do campesinato, com pouca ou nenhuma instrução. A nobreza era a segunda ordem, representava a espada, defendia os bons cristãos contra os hereges e os tiranos. Ela se dividia em nobreza rural e nobreza cortesã, ou mesmo entre uma nobreza de sangue, de espada, originada dos séculos anteriores. Ou ainda alta nobreza, composta por príncipes aparentados da família real, duques, marqueses e condes, a nobreza menor, de viscondes, barões e Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 7 castelões. O povo compunha a terceira ordem, representava mais de 90 por cento da população compostos de burgueses, artesãos e camponeses. A sociedade aspirava à nobreza, a riqueza servia de trampolim para a nobreza. A compra de títulos nobiliários, cargos enobrecedores era desejo da burguesia. A sociedade de ordens dos séculos XVIII, no início do século XIX, tinha valores individualistas, espírito de pesquisa, a curiosidade pelo desconhecido, a rebelião contra fórmulas tradicionais, posições hierárquicas e desigual. A transição para a modernidade passou, também, pela transformação das estruturas de poder. A relação soberana entre Estados começou a ser doutrinariamente definida no século XVI, quando por isso mesmo, nasceu o direito internacional público. A monarquia se centraliza, acontece a abertura de câmaras municipais, em Portugal surgem os conselhos. Houve pressões e contrapressões do clero, da nobreza e do povo. O poder real se enfraquece em todos os países com guerras, crises econômicas e até a mentalidade feudal de alguns monarcas, que fizeram concessões comprometedoras à centralização. Nos países absolutistas foram desenvolvidos órgãos públicos, a cobrança de impostos e a aplicação das leis deram tanto poder, como na França, a este segmento que alguns autores o consideram, o quarto estado. A cobrança de tributos reais gerou o tesouro público, o exército permanente ajudou na centralização e a criação de uma legislação real contribuiu para definir a esfera do poder real. Sempre houve tensão política entre agentes centralizadores do estado e a reação das forças locais, tanto na Metrópole como no Brasil. Em Portugal também existiu a concentração do poder real e neste processo temos que considerar as duas regiões distintas no Portugal medieval: a do norte, onde se instalou a dinastia Borgonha, e a do sul arduamente retomada dos muçulmanos na luta multissecular da reconquista. As terras do sul foram doadas aos nobres e clérigos quando ocorria a Reconquista. Ocorreu a emigração de populações do norte, mesclando-se às comunidades moçárabes, cristãs e judaicas existentes no sul. Criaram-se os conselhos no norte e um sul reconquistado. O senhorio das regiões eram os Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 8 magistrados, muitas vezes era o próprio rei que impunha normas tributárias e avocava a si a aplicação das leis. Da mescla heterogênea de instituições de origem romana, germânica, islâmica, e das próprias circunstâncias na guerra da Reconquista, nasceu o Reino de Portugal. O rei ou a nobreza não dava regalias para o governo local aplicando a justiça. O poder do rei se fortaleceu e foram construídos núcleos: burocrático fiscal e judiciário junto ao monarca. O poder não ficou concentrado nas mãos do rei, a reação da nobreza territorial e da igreja neutralizou muitas ações centralizadoras da monarquia. A própria ação centralizadora da monarquia não foi coerente. Durante o século XIV, Portugal foi atingido pelo ciclo de pestes. A lei da sesmaria surge da crise do século XIV. O declínio demográfico fez o rei aumentar o controle sobre os camponeses coagindo os detentores de terras a expandir a produção. O governo convocou a corte para solicitar novos subsídios. No reinado de Dom Afonso V ocorreu o conflito entre o regente Dom Pedro, continuador da política de centralização dos antecedentes. Na batalha de Alfarrobeira, em 1449, na qual o regente foi morto, representou a vitória do regime senhoral sobre a centralização monárquica. A monarquia foi consolidada e Dom João II pôde retomar o processo de expansão marítima. A transição para a modernidade, em Portugal, coincidiu com o surgimento do humanismo na Península Ibérica. As universidades contribuíram para colocar o país nos circuitos intelectuais renascentistas. Só se entende a evolução de Portugal no século XVI associada à expansão marítima. Comerciantes e técnicos pescadores se lançaram em alto-mar. A bússola, sextante, e as melhorias dos navios foram fatores que possibilitaram a expansão. Com a experiência em navegação criaram-se mapas, roteiros e cartas geográficas, graças a navegadores portugueses, genoveses, castelhanos e muçulmanos. As causas da expansão portuguesa foram várias, entre elas a união em 1469 de Castela e Aragão pelo casamento de Isabel e Fernando, além da escassez Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 9 de ouro na Europa e a falta de cereais. O espírito de cruzada também foi um fator importante. A expansão portuguesa se fez por etapas no século XV, os sucessos da rota marítima paraas Índias e o Descobrimento do Brasil ofuscaram as realizações anteriores. Somente a partir de 1474 é que foi definido um plano sistemático para se atingir as Índias. O primeiro movimento expansionista concentrou-se em Ceuta, zona produtora de trigo e centro de rotas comerciais africanas. Os muçulmanos direcionaram a expansão portuguesa para o oceano atlântico, o “Mar Tenebroso”. O infante Dom Henrique, que representa a expansão, tinha objetivos bem definidos para o Norte da África, as ilhas do atlântico e a descida pelo litoral africano. Quando parcialmente frustrada a ação no norte da áfrica, iniciou-se a política oceânica. A partir do século XV começaria a colonização sistemática de Madeira e Açores, com a introdução do sistema de capitanias hereditárias, a fundação de vilas e a distribuição de sesmarias. Para objetivos comerciais de burgueses e do próprio governo e para o espírito de cruzada antimuçulmana, era importante trafegar pela costa africana. A instalação de feitorias para troca de produtos com as populações locais consolidou a presença portuguesa até o golfo de Guiné. A morte do infante, em 1460, provocou um hiato nessa política. Com Dom João II, a monarquia conciliou sua consolidação interna com políticas expansionista. A chegada de Vasco da Gama à Índia e a consequente confirmação do novo caminho marítimo foi recebida com verdadeiro pavor nas cidades italianas que monopolizavam o comércio de especiarias. O objetivo declarado da expedição de Cabral era chegar às Índias. Mas provavelmente teria recebido também instrução para estender a rota preestabelecida, de modo a descobrir e incorporar oficialmente ao domínio português as novas terras, assim, em 22 de abril de 1500, Cabral chegou ao que chamou de Ilha de Vera Cruz. O relatório foi feito por Pero Vaz de Caminha, após a expedição continuou para a Índia. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 10 Gaspar Lemos leva a notícia para Portugal. Os sucessivos descobrimentos marítimos desde o final do século XV despertaram o imenso interesse na Europa. O governo português, logo informado do descobrimento enviou uma expedição de reconhecimento, comandada por Gaspar Lemos. Houve informação do pau-brasil e de indígenas que falavam a mesma língua por todo o litoral. Em razão dessas informações, o governo português arrendou, por três anos, em 1502, a exploração do pau-brasil a comerciantes. As feitorias estabelecidas pelos portugueses a partir dessa data no litoral brasileiro obedeceram a regras semelhantes usadas para entrepostos comerciais que funcionavam na África. O arrendamento de 1502 foi renovado em 1505, provavelmente por dez anos, e em 1513. Apesar de pertencer à Portugal a nova terra nas primeiras décadas do século XVI, foi intensamente frequentada por espanhóis e franceses. Sobre presença espanhola, sabemos que antes de Cabral passaram pela costa brasileira Diego de Lepe e Vincente Pinzón. A presença francesa foi igualmente precoce. Sabemos também que Binot de Gonneville aqui esteve, em 1504, carregando pau-brasil, mas ele relatou presença francesa antes. Na década de 1520 continuaram as incursões francesas, como as de Parmentier Roger, Verrazano e outros. Devido a habilidade diplomática e dinheiro, práticas na nascente diplomacia renascentista, o governo português conseguiu eliminar a ameaça estrangeira no Brasil. Através das sucessivas descobertas no século XV, os contatos estabelecidos com diferentes povos se intensificaram. Houve a integração dos diferentes universos-tempo. O século XVI costuma ser associado à expansão econômica europeia, ao estado absolutista, às lutas entre protestantes e católico, às guerras internacionais, ao renascimento e ao humanismo. A economia do século XVI foi aparentemente paradoxal, demonstrou enorme dinamismo. Esse paradoxo era apenas aparente. A economia do capitalismo comercial era responsável pelas trocas inter-regionais europeias, que ligavam o mediterrâneo ao mar báltico. A Europa passou a ser eixo de comércio que Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 11 intercambiava ouro, prata, marfim, pau-brasil e açúcar. A estrutura da época sofreu modificações importantes, “outros fatores”, em oposição às “persistências medievais”. O aumento do investimento foi outro elemento importante de inovação que deu maior lucro ao comerciante. A forma de associação surgida no século XVI, e que cresceria de importância posteriormente, foram as companhias de comércio, que tenderam a ofuscar os empreendimentos menores muitas vezes individuais ou familiares. A técnica contábil também foi aprimorada, com a utilização da partida dobrada, lançamento simultâneo do “deve” de uma conta e no “haver” de outra. O campo europeu foi menos atingido pelas inovações. A expansão comercial gerou, entretanto fatos importantes. Aumento da produção de cereais, pois na América os produtos da economia plantation (monocultura) já constituíam itens importantes das exportações brasileiras para Portugal e deste país para outros. A atividade manufatureira era controlada pelas corporações nos núcleos urbanos que eram meros prolongamentos do campo e não eram admitidos como cidades. Depois, o crescimento das atribuições do estado e do próprio funcionalismo, além do poder real, em detrimento do poder local e dos estamentos, transformando- o em arbítrio, refletiu-se na administração colonial do século XVIII. Os conflitos europeus tiveram grandes implicações para a história colonial já no século XVI, porque normalmente se refletiram na ocupação territorial. Para colonizar o Brasil, a ruptura com o movimento humanista foi importante, pois condicionou os quadros mentais do novo país aos estreitos limites da ortodoxia católica. A história do Brasil entre os séculos XVI e XIX não pode ser estudada fora do contexto do império colonial criado pelos portugueses. O império Português organizou-se a partir da população do reino, proporcionalmente pequena para as necessidades de uma expansão em escala mundial. A geografia do império mostra diferentes formas de ocupação no século XVI. A política imperial no litoral africano e no oriente foi diversa. Nessas regiões o domínio português manifestou-se na fundação de feitorias e fortalezas. No oriente, Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 12 em meados do século XVI, os portugueses haviam construído uma rede de feitorias e fortalezas na Índia, Ormuz, Malaca, Colombo, Moluscas e Macau. A morte de Sebastião na batalha de Alcácer Quibir contra os mouros, em 1578, abriu grave crise em Portugal. Morrendo sem herdeiros, o trono foi ocupado pelo cardeal Dom Henrique. A posição da nobreza fortemente abalada pelo desastre militar de Alcácer Quibir, no qual perdeu muitos membros foi decisiva para a solução. As feitorias satisfaziam momentaneamente aos interesses dos comerciantes portugueses e do próprio estado. Portugal enviou expedições comandadaspor Martim Afonso de Sousa para o desdobramento de acordos entre Portugal, Espanha e França. As atribuições dadas a Martim Afonso não foram as de um mero explorador, mas de um governante. Houve viagens e muitas notícias de ouro e prata no interior e no litoral de São Paulo. A feitoria de Pernambuco, aliás, foi arduamente disputada por franceses e portugueses. A missão colonizadora não foi levada a cabo por Martim Afonso nem na Bahia, onde encontrou Diogo Álvares, o Caramuru que havia se entrosado com os nativos. De acordo com Neves (2007), discutiu-se muito sobre a característica feudal das capitanias hereditárias. A delegação não alienava a soberania do rei e não o transformava em suserano. A fim de tornar atrativo o empreendimento, o governo português concedeu, aos donatários diversas fontes de renda. Recebiam em sesmaria dez léguas de costa na extensão de toda a capitania. As capitanias foram doadas a donatários que em geral pertenciam à nobreza de serviços já associada aos empreendimentos governamentais na Ásia. A maior riqueza concentrou-se em Pernambuco, onde havia boa quantidade de pau- brasil, cuja exploração garantia retorno rápido do capital, e solo muito mais favorável ao cultivo da cana. No final da década de 1540, o rei Dom João III estabeleceu o Governo geral, pelo fracasso das capitanias. Conforme Neves (2007), o governo Geral consolidou o processo colonizador. Houve núcleos dispersos de colonização, pequena produção açucareira em Pernambuco e ainda menos em São Vicente e Espírito Santo, além da Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 13 exploração do pau-brasil. O estado português criou, nessa ocasião, o primeiro corpo administrativo do Brasil. Não foram fáceis os primeiros anos. Tomé de Sousa precisou relacionar-se com os índios, estabelecendo alianças, reorganizou a distribuição de terras, fundou a cidade de Salvador. Seu sucessor, Duarte da Costa, continuou a obra administrativa e o apoio à colonização. AS GRANDES NAVEGAÇÕES Até o século XV, pouco se sabia a respeito dos oceanos e da geografia da Terra. As informações que os europeus possuíam eram imprecisas e povoadas de lendas e histórias religiosas. Tais informações, em sua maioria, foram colhidas pelos europeus dos gregos, que desde a Antiguidade viajavam pelos mares e contavam aquilo que haviam visto em histórias fabulosas, cheias de mitos e seres maravilhosos e monstruosos. Somavam-se às histórias transmitidas pelos gregos, aquelas que os próprios europeus criaram, nas quais a religiosidade cristã estava muito presente. O que se sabia até então era que a Terra estava dividida em três partes (Europa, Ásia e África), que estavam separadas por mares estreitos e pelos rios Ganges, Eufrates, Tigre e Nilo, e, por fim, que ela era cercada por um único oceano, cheio de perigos e habitado por monstros aterrorizantes. Dessa forma, apesar de o oceano exercer fascínio sobre os europeus, eles restringiam suas viagens marítimas a regiões que ficavam próximas ao litoral. Contudo, não era apenas o medo que os europeus tinham do oceano que os impedia de viajar por ele, havia também o problema de que eles não possuíam instrumentos de navegação, nem embarcações que lhes dessem maior segurança para se afastar do litoral. Apesar do medo que o oceano provocava e das dificuldades técnicas de se viajar por ele, nos fins do século XV, os europeus conseguiram desvendar seus mistérios, movidos por questões econômicas, políticas, religiosas, e até mesmo pelo fascínio que ele despertava. O que permitiu as grandes viagens marítimas, neste período, foi o desenvolvimento dos instrumentos de navegação, a criação de Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 14 embarcações mais resistentes e modernas, os incentivos e investimentos financeiros e também a disposição dos navegadores para viajar. Instrumentos como a ampulheta, a balestilha, o astrolábio, a bússola, o quadrante, entre outros, há muito tempo conhecidos no oriente, foram, nesse período, bastante divulgados entre os europeus e aperfeiçoados por eles. A criação da caravela pelos portugueses, foi outro importante fator que possibilitou as viagens marítimas, pois ela era uma embarcação forte, que permitia enfrentar correntes e tempestades do alto mar, era veloz e dotada de bom espaço para carregar a tripulação e a carga. Uma vez que os navegadores europeus contavam com equipamentos mais seguros, com financiamentos e com motivações bastante fortes, eles partiram para as grandes viagens que lhes revelaram um mundo bastante diferente daquele que a geografia descrevia até então. Uma das principais motivações era chegar até as Índias, pois corria pela Europa a notícia de que naquela região havia abundância de ouro, marfim, pimenta e escravos, produtos que eram imensamente valorizados pelos europeus. Ter acesso a esses produtos significava a possibilidade de enriquecimento. Contudo, a busca por riquezas não era o único motivo das viagens pelo oceano. O homem europeu, que era profundamente religioso, acreditava que devia levar a fé cristã a todas os lugares, convertendo os povos infiéis. Ora, no Oriente havia muitos povos infiéis, como, por exemplo, os muçulmanos, e viajar para lá pelo oceano possibilitaria o domínio desses povos e sua conversão. Também era interessante aos governos europeus o fato de que conquistar regiões novas significava aumentar suas posses e consequentemente seu poder e importância junto aos demais países europeus (MESGRAVES, 1994). Os portugueses foram os primeiros a se aventurarem pelo oceano Atlântico, movidos pelos interesses correntes na época. Enquanto a maior parte da Europa se encontrava, no século XV, dividida em várias pequenas regiões rivais entre si, Portugal já era um reino unificado desde o século XII, o que possibilitou seu crescimento e desenvolvimento. Esses antecedentes do reino português, somados ao aprimoramento dos instrumentos de navegação e ao fato de existir uma população portuária enriquecida e com desejo de expandir seu comércio, permitiram aos portugueses empreender grandes viagens pelo oceano (SOUZA, 2006). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 15 A Espanha também empreendeu, nesse período, grandes viagens, e, numa delas, Cristóvão Colombo chegou às terras de um continente, que era desconhecido por todos até então. Tais terras, que posteriormente receberam o nome de continente Americano, constituíam um Novo Mundo, totalmente diferente daquele que era conhecido pelos europeus. A conquista de Ceuta, um grande centro comercial muçulmano situado no norte da África, pelos portugueses, em 1415, foi o primeiro passo rumo à concretização do desejo de construir um grande império português. Daí em diante, os portugueses continuaram com suas viagens, chegando a outros tantos lugares diferentes. Mas até fins do século XV, os portugueses não haviam conseguido chegar às Índias, o que era umdos principais objetivos de suas viagens. Somente em 1498 é que uma expedição portuguesa, comandada por Vasco da Gama, conseguiu chegar à cidade de Calicute, na Índia, quando, por fim, o sonho português foi concretizado (KOSHIBA; PEREIRA, 1996). Depois que Vasco da Gama retornou da expedição à Índia, o rei português Dom Manuel enviou uma outra expedição para lá , a fim de estabelecer relações comerciais com os indianos. À frente dessa expedição estava Pedro Álvares Cabral, que, partindo de Lisboa, em março de 1500, acabou chegando, em 22 de abril do mesmo ano, em terras que eram até então desconhecidas dos portugueses e dos demais europeus. Cabral pediu então que Pero Vaz de Caminha escrevesse uma carta ao rei português, informando-o do “achamento” da terra que recebeu o nome de Vera Cruz. Cabral permaneceu mais de uma semana nas terras e manteve contato com os habitantes do lugar, os indígenas. Mas em seguida continuou sua viagem, que tinha por destino final a Índia. A princípio, as terras descobertas não despertaram grande interesse nos portugueses. O que delas se podia retirar de valioso era o pau-brasil, madeira da qual se extraía um pigmento vermelho usado para tingir tecidos. Para garantir a exploração dessa madeira, os portugueses estabeleceram algumas fortificações na região e se aproximaram dos indígenas a fim de que eles trabalhassem retirando a madeira, que depois era negociada. Em troca do pau-brasil, os portugueses davam toda espécie de objetos que nem sempre tinham muita utilidade, ou eram valiosos. Mas os indígenas ficaram encantados Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 16 pelos espelhos, colares, pentes, vasilhas, e outros tantos objetos que eles não conheciam e que os portugueses trataram de apresentar-lhes. O interesse português pelas terras do “Novo Mundo” tornou-se maior a partir do momento em que o comércio com o Oriente não estava mais sendo tão lucrativo. Além disso, a constante presença de concorrentes, sobretudo de franceses, nas novas terras, alertou a Coroa portuguesa para a necessidade de colonizá-las, efetivando sua posse. Um importante passo nesse sentido foi a criação das Capitanias Hereditárias, dividindo o Brasil em 14 grandes lotes de terras, que foram entregues pela Cora portuguesa a seus respectivos donatários. (TUFANO, 1999). Dessa forma, coube ao investimento de particulares o início do processo de colonização portuguesa do Brasil. Contudo, não foram apenas os motivos político- econômicos que levaram à colonização das terras da América pela Espanha e por Portugal. Os motivos religiosos, ligados à expansão da fé cristã, eram de extrema importância. Os indígenas, que eram enxergados como o oposto do cristão europeu, precisavam ser salvos. Isto pode ser percebido, por exemplo, na Carta de Pero Vaz de Caminha, na qual ele afirma ao rei português o seguinte: “[...] Porém, o melhor fruto que dela [da terra descoberta] se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar. [...]” Assim, a partir das viagens iniciadas no século XV, a América passou a fazer parte dos mapas europeus, bem como o restante dos lugares descobertos por eles, as rotas marítimas passaram a ser mais seguras e precisas, e os instrumentos de navegação aperfeiçoaram-se cada vez mais. Contudo, essa nova tecnologia de navegação e o conhecimento das rotas não significaram o fim do perigo de se navegar em alto-mar, uma vez que muitos acidentes, desvios de rota, naufrágios, entre outros, ainda continuaram ocorrendo. O conhecimento da geografia terrestre e de seus oceanos não significou o desaparecimento das ideias que desde muito tempo faziam parte do cotidiano europeu. As fábulas sobre terras povoadas por monstros e criaturas maravilhosas, sobre a existência de um paraíso na terra, entre outros, permaneceram ainda por muito tempo na mentalidade dos europeus. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 17 De todo modo, apesar da persistência dos mitos, os europeus desenvolveram uma tecnologia de navegação bastante eficaz, que, somada a outros fatores, permitiu que eles partissem para grandes viagens, que lhes revelaram um mundo novo, diferente daquele que eles conheciam. Permitiu, ainda, a concretização de muitos dos objetivos políticos, econômicos e religiosos por meio da conquista de terras que se localizavam fora da Europa. Podemos concluir que a formação de Portugal estava ligada às lutas de reconquista da Península Ibérica, tais lutas ocorreram dentro das características do feudalismo. A dinastia de Avis que foi o auge de D. João no poder, representou a vitória de um começo do nacionalismo, subiu ao trono para reinar dois séculos 1385- 1580. O Grupo Mercantil, embora não tivesse força para mudar a sociedade portuguesa na época de Avis, conseguiu, temporariamente competir com a nobreza então titulada. Entre os fatores que possibilitaram tal competição, destacam-se: a situação geográfica de Portugal. A guerra contra os mouros obrigava o governo a contrair empréstimo, sendo posteriormente pagos através de arrecadação de impostos. Verificou-se que o país não contava com uma sólida estrutura capitalista mercantil que permitisse enfrentar os novos concorrentes que tinham aparecido: holandeses, franceses e ingleses. Portugal é um país voltado para o mar, o sal e a pesca, já constituem riquezas básicas. Isso também possibilitou as descobertas técnicas: bússola, astrolábio, caravela. Movidos pelo desejo de acabar com o monopólio italiano, os portugueses começaram com a ocupação de Ceuta, Cabo da Boa Esperança, e a tentativa de descoberta do caminho para as Índias. A Espanha, incentivada pela expulsão dos Mouros, e com a descoberta de Colombo (América em 1492), aceitava o projeto (da busca do caminho alternativo para as Índias). O Tratado de Tordesilhas (1494) acabou determinando que o Brasil, ou pelo menos boa parte dele, pertencesse a Portugal. A "descoberta" oficial ocorreu em 1500. Porém segundo alguns historiadores, na ocasião do Tratado de Tordesilhas, já existia uma razoável certeza quanto a existência de terras a Ocidente. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 18 Descoberta ou acidente? Rejeitando-se tais hipóteses, qual seria a intenção da expedição de Cabral? A colonização veio como consequência do descobrimento, não tendo sido esta finalidade. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 19 UNIDADE 3 - O DESCOBRIMENTO E A CHEGADA DOS PORTUGUESES Em 22 de abril de 1500, chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas porPedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil. Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil. Como vimos até o momento, a descoberta do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando pela Espanha, chegou a América, fato que ampliou as expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. Conforme este acordo (figura 1), Portugal ficou com as terras recém-descobertas que estavam a leste da linha imaginária (200 milhas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta linha. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 20 Figura 1 – Tratado de Tordesilhas Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, onde encontravam: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, entre outros. Enquanto realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas. Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes povos estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de- açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 21 UNIDADE 4 - EXPEDIÇÕES, PAU-BRASIL, CAPITANIAS E INVASÕES O medo de invasões estrangeiras no território brasileiro que já acontecia pelos piratas ingleses, franceses e holandeses levou Portugal a administrar a colônia de forma mais eficiente. Para tanto, tivemos três tipos de expedições: exploradoras, guarda-costas e colonizadoras. A primeira expedição exploradora foi chefiada por Gaspar de Lemos. Ele viajou pelo litoral e deu nome a vários acidentes geográficos que encontrou. Na volta, levou os navios cheios de pau-brasil para Portugal. Todos os direitos de exploração do pau-brasil e seu lucro pertenciam à Coroa Portuguesa. No ano de 1503, mais uma expedição exploradora veio ao Brasil. Seu comandante foi Gonçalo Coelho, e seu objetivo era localizar os pontos onde havia maior quantidade de pau-brasil. Fazendo parte dessa expedição, o conhecido navegante Américo Vespúcio fundou a feitoria de Cabo Frio. Os portugueses não eram os únicos, nesta época, a explorar o pau-brasil. Franceses vinham ao litoral brasileiro em busca da preciosa madeira. Muitas vezes, entraram em combate com os portugueses. Para evitar a chegada de navios piratas franceses ao Brasil, foram organizadas expedições guarda-costas. Duas dessas expedições, chefiadas por Cristóvão Jaques, terminaram com a prisão de vários navios franceses. A feitoria de Itamaracá, uma das mais importantes do Nordeste, foi fundada por ele. O rei enfrentava alguns problemas. O lucro com o comércio das especiarias vindas da Índia começava a diminuir. Era necessário, também, garantir a posse do território brasileiro. Os franceses continuavam levando o pau-brasil. Enquanto isso, chegavam à corte portuguesa notícias de que a Espanha havia encontrado ouro e prata nas terras que havia descoberto no Novo Mundo. A primeira expedição colonizadora foi comandada por Martin Afonso de Souza, que veio ao Brasil com as seguintes obrigações: Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 22 Expulsar os franceses; Explorar o litoral, chegando ao interior na busca de ouro e prata; Fundar núcleos de povoado e defesa; Aumentar o domínio português, estendendo-o até o Rio da Prata, ultrapassando a linha do Tratado de Tordesilhas. Tendo cumprido sua missão, Martin Afonso, na volta de Rio da Prata, fundou, no litoral, a vila de São Vicente – a primeira do Brasil. Seguindo para a outra vila – Piratininga. Introduziu o cultivo da cana-de-açúcar e construiu o primeiro engenho, que chamou de Engenho do Governador. Tão grandes quanto a terra, eram os problemas. Oitenta homens que tinham ido ao interior em busca de ouro morreram em luta com os indígenas. Não adiantava fundar uma vila aqui e outra ali, pois era tudo muito distante. A terra brasileira continuava sem proteção. O rei de Portugal teve que pensar em outra solução. A primeira solução foram as Capitanias Hereditárias, assim, entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III resolveu dividir a terra brasileira em faixas, que partiam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas enormes faixas de terras foram doadas para nobres e pessoas de confiança do rei. Estes que recebiam as terras, chamados de donatários, tinham a função de administrar, colonizar, proteger e desenvolver a região. Cabia também aos donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir à ocupação do território. Em troca destes serviços, além das terras, os donatários recebiam algumas regalias, como a permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da região. Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou seja, passariam de pai para filho. Fato que explica o nome deste sistema administrativo. As dificuldades de administração das capitanias eram inúmeras. A distância de Portugal, os ataques indígenas, a falta de recursos e a extensão territorial dificultaram muito a implantação do sistema. Com exceção das capitanias de Pernambuco e São Vicente, todasacabaram fracassando. Desta forma, em 1549, o rei de Portugal criou um novo sistema administrativo para o Brasil: o Governo-Geral. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 23 Este seria mais centralizador, cabendo ao governador geral as funções antes atribuídas aos donatários. Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes propriedades rurais. Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: São Vicente (Martim Afonso de Sousa); Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa); Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira); Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho); Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho); Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia); Bahia (Francisco Pereira Coutinho); Pernambuco (Duarte Coelho); Ceará (António Cardoso de Barros); Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade). O Governo Geral pode ser definido como primeiro esboço do poder público no Brasil. O Marquês de Pombal, sabendo da carência de gente para administrar a colônia, se valeu de brasileiros. O centralismo político já tinha ultrapassado a fase de experiências para se tornar um projeto mais amplo. Os primeiros Governadores Gerais foram encarregados de tarefas administrativas e militares por um prazo de 3 anos. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 24 Bandeirismo A questão do bandeirismo evidencia as dificuldades das comunidades afastadas do centro exportador dominante, o nordeste açucareiro. Os paulistas viram-se compelidos a buscar meios de enriquecimento. Disto resultaram as bandeiras – empresas móveis, misto de aventureirismo épico, e oportunismo empresarial. As bandeiras representaram um importante fator na configuração das fronteiras, pois dirigiram-se rumo às áreas desabitadas do interior, pelas quais os espanhóis não haviam se interessado, voltados como estavam para a mineração andina. Devido à carência de recursos da terra à qual não tinham por que se prender, os paulistas dos primórdios acabaram por favorecer o surgimento de uma ideologia que muito ajudaria a classe dominante regional do futuro, a ideologia da iniciativa privada. São Paulo se colocou na vanguarda econômica e política da nação, essa ideologia muito serviu à classe dominante regional como instrumento do federalismo. Devido ao aspecto do pioneirismo desbravador, o primitivo isolamento da comunidade paulista, contribuiu para a formação de uma mentalidade regionalista fortemente arraigada, cujo resultado último e extremo, veio a ser a Revolução Constitucionalista de 1932. Na primeira grande fase do bandeirismo, o objetivo era aprisionar índios para vendê-los como escravos em lugares que não usavam o negro por ser muito caro, era o único bom negócio possível aos paulistas. Tal negócio foi facilitado, pois, devido à união Ibérica, o Tratado de Tordesilhas não estava em vigor, isto foi uma das causas da destruição do primeiro ciclo missioneiro no sul da colônia. As bandeiras tiveram seu auge durante a ocupação de Angola pelos holandeses, pois foi interrompido o tráfego negreiro, e a mão-de-obra escrava escasseou ainda mais, gerando um aumento nos preços dos escravos. O seu declínio foi por ocasião da expulsão dos holandeses da costa africana, ao mesmo tempo em que os índios aldeados nas missões sulinas, Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 25 começaram a reagir aos ataques dos bandeirantes. Após dois contra-ataques bem sucedidos, por parte dos índios, principalmente o "combate do M’bororé", os bandeirantes interromperam seus assédios às missões. Segundo alguns autores, a palavra bandeira, talvez derive de “bando” (reunião de bandos). Possuía uma certa organização. Apesar de submetida a uma autoridade absoluta, era muito heterogênea. A alimentação dessas hordas consistia principalmente de caça, pesca, coleta, e eventuais roças de milho (bivaques). As expedições duravam anos, e eventualmente havia quem as financiasse, o que reforça a ideia da combinação do espírito aventureiro, com o espírito empresarial, impregnado do desejo de lucro. Quando o açúcar deixou de dar lucros, a Coroa resolveu encontrar metais preciosos. Houve a contratação de técnicos espanhóis pelo governo português para ensinar aos bandeirantes as técnicas de mineração, e as bandeiras passaram a se dedicar à busca de pedras e minerais preciosos, tornado-se uma empresa quase estatal, ao final do século XVII. Os Quilombos Foi em Alagoas, na serra da Barriga, que se formou Palmares, o quilombo mais famoso, em fins do século XVI, início do século XVII, por volta de 1600. Palmares congregou várias aldeias, chegou a agrupar 20.000 pessoas, em 27.000km2, incluindo índios, mulatos e até mulheres brancas (capturadas em incursões), atraiu também muitos marginalizados. Sua capital, o mocambo dos macacos, agrupou aproximadamente 5.000 pessoas, incluindo o Rei do Quilombo, Zumbi dos Palmares. Nesta época, a busca pela liberdade, a fuga pelas matas impenetráveis, e a não aceitação da condição servil, caracterizou o primeiro passo para a formação dos quilombos. Sua estrutura política era de “monarquia despótica” e centralizada de forma eletiva, visto o perigo da diversidade cultural existente nos quilombos. Seus reis foram respectivamente, Ganga Zumba e Zumbi. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 26 A formação de quilombos foi uma atitude próspera que muito atraiu os que não aceitavam o caráter antiprodutivo latifundiário. Devido à diversidade cultural, quanto à língua, adotaram-se heranças lusitanas, os costumes africanos tiveram a sua continuidade, naquilo que não influenciaria a administração do quilombo. No aspecto econômico, Palmares evoluiu da coleta e do ataque à fazenda e aldeias, para uma economia de base coletivista e não monetária. A invasão holandesa a Pernambuco (1630-1654) acelerou as fugas de escravos pelo “afrouxamento geral”, no controle sobre estes. A introdução holandesa de novas técnicas de tortura (muito desumanas), gerou ainda mais revolta entre os negros. Os holandeses opuseram-se ao quilombo, mas foram rechaçados ferozmente por duas vezes, expulsos os holandeses, os portugueses retomaram a luta anti-Palmares. Os lusitanos viam Palmares não só como “algo fora do comum”, mas também como um “caso de polícia”, queriam reaversua propriedade (os negros), e colocá-los novamente nas lavouras. Os lusos depararam-se com uma eficaz tática de guerrilha, que, de defensiva, passou a ofensiva. A primeira tentativa de tomar Palmares, por parte de Fernão de Carrilho, fracassou. Além da busca de mão-de-obra, a terra ali, era vista pelos portugueses como extremamente fértil para a agricultura açucareira. Em 1678, os luso-brasileiros fizeram um acordo com os quilombolas e reconheceram o direito dos Palmares. Revoltados com o acordo, os palmarinos mataram Ganga Zumba, e firmaram o famoso Zumbi no comando do quilombo. Destruir Palmares, para os lusitanos era “imperativo político e obrigação da coroa”, era impossível um quisto daqueles, visto um nordeste latifundiário e aristocrático. Em 1687, Domingos Jorge Velho, assume a direção da campanha contra Palmares. O quilombo passa de uma tática guerrilheira móvel, para uma defesa fixa, o que apressou o seu fim. A distância entre negros e homens livres (estes mesmos pobres e oprimidos) foi grande fator para a derrota. Os escravos se viram compelidos a levar sozinhos uma luta que, em caso de resultado positivo, favoreceria também a outra classe dominada. Após prolongada luta, em 06 de fevereiro de 1694, Palmares é destruída, o rei Zumbi escapa e continua a existência Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 27 de outros quilombos. Em 1695, Zumbi foi morto e teve sua cabeça espetada num poste na praça do Recife para mostrar aos escravos que ele não era imortal. As invasões Em 1580, com o objetivo de unificar a Península Ibérica, Felipe II, rei da Espanha, incorpora pacificamente o reino Português, tornando-se o mais poderoso monarca europeu. Felipe II era um campeão do reacionarismo católico-feudal. Era apoiado pelo clero português que queria preservar seus privilégios. O seu reinado era legítimo e perfeitamente dentro dos conceitos. A Europa aceitava, dentro das teorias políticas feudais, a presença de outros reis, formando (pelo grau de parentesco), uma “grande família”. O conceito de “domínio espanhol” é um tanto errado, pois apenas o rei da Espanha passou a ser o mesmo de Portugal, as nações se mantiveram separadas havendo apenas um vice-rei em Lisboa. A principal consequência da união ibérica para o Brasil foi o incentivo à penetração pelo interior, pois o Tratado de Tordesilhas, que dividia terras entre Portugal e Espanha, foi suspenso, favorecendo a expansão da pecuária e as necessidades do bandeirismo. Gerou também novas e intensas incursões europeias, baseadas nos conflitos entre Espanha e o resto da Europa. A união dinástica durou de 1580 a 1640, quando a aristocracia lusa rumou a uma tirania, e com o apoio francês, independizou Portugal com a implantação da nova dinastia: a de Bragança, sustentada até a proclamação da República, em 1910. Interessados na colônia, os franceses tentaram apoderar-se do Maranhão, onde poderiam intervir no Caribe, por onde passavam navios espanhóis carregados de metais preciosos. Chefiados por Daniel de La Touche, fundaram a cidade de São Luís, e queriam fundar a França Equinocial. O fracasso francês deu início à colonização do Maranhão e sua transformação em colônia separada do Brasil. Era o estado do Maranhão, com seis capitanias, sendo hoje as atuais áreas do Pará e Amazonas. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 28 As invasões holandesas foram ocasionadas pelo conflito entre o capitalismo comercial batavo em expansão, e a monarquia espanhola aristocrática e monopolista. O nacionalismo holandês tornou-se vitorioso contra a tirania espanhola nos países baixos, aliada pelo catolicismo romano, vivendo o Concílio de Trento, e a Inquisição. Contra isso, Felipe II rompeu ligações luso-brasileiras com a Holanda. Assim criou-se a Companhia do Comércio (holandesa), que invadiu a zona canavieira da colônia. Para o Brasil, tal atitude foi em termos, um contato com o capitalismo e sua ocupação deu-se para fins de política e economia. Tendo fracassado a invasão à Bahia, os holandeses rumaram à Pernambuco, e seu sucesso inicial, em termos, deve-se a Calabar (figura contestada, que teria auxiliado os holandeses na terra desconhecida). Mas a invasão teve como maior responsável, Maurício de Nassau, hábil político de financiamentos e reconstrutor de engenhos, agradando aos latifundiários. Nassau, com seu caráter inovador, criou uma sociedade europeia, urbana, burguesa, e calvinista. O fim do governo Nassau, e as cobranças aos latifundiários, foi o sinal para a ruptura. Os senhores, ameaçados de perderem as terras arrendadas, expulsaram os holandeses, caracterizando a insurreição pernambucana, que não passou de uma luta entre classes dominantes (latifundiários devedores X comerciantes credores). Após a expulsão dos holandeses, o açúcar entra em declínio, pela perda do monopólio. A segunda metade do século XVII, foi tempo de crise. Passa-se a estimular o bandeirismo para a busca do ouro nas Minas Gerais, que marcaria a segunda fase da colonização. As invasões francesas do Brasil registram-se desde os primeiros tempos da colonização portuguesa, chegando até ao ocaso do século XIX. Inicialmente dentro da contestação de Francisco I de França ao Tratado de Tordesilhas, ao arguir o paradeiro do testamento de Adão e incentivar a prática do corso para o escambo do pau-brasil (Caesalpinia echinata), ainda no século XVI evoluiu para o apoio às tentativas de colonização no litoral do Rio de Janeiro (1555) e na costa do Maranhão (1594). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 29 Até ao século XVIII, era comum piratas e corsários de diversas nacionalidades pilharem povoados e engenhos no litoral brasileiro. A descoberta de ouro no sertão das Minas Gerais reacendeu a cobiça desses elementos, atraindo-os para o litoral da região Sudeste. Entre os assaltos mais famosos, registram-se, em agosto de 1710, o do corsário Jean-François Duclerc (1671-1711), e, em Setembro de 1711, o de René Duguay-Trouin, ambos ao Rio de Janeiro. A invasão de Duclerc (1710) No contexto de hostilidades entre a França e a Inglaterra, o rei Luís XIV de França autorizou o corso aos domínios ultramarinos de Portugal, tradicional aliado dos britânicos. Por essa razão, em meados de Agosto de 1710, Jean-François Duclerc, no comando de seis navios e cerca de 1.200 homens, surgiu na barra da baía de Guanabara hasteando pavilhões ingleses como disfarce. As autoridades no Rio de Janeiro, alertadas pela Metrópole, já aguardavam a vinda do corsário francês, razão pela qual o fogo combinado da Fortaleza de Santa Cruz da Barra e da Fortaleza de São João repeliu a frota que tentava forçar a barra (16 de agosto). Os franceses navegaram pelo litoral para Sudoeste, rumo à baía da Ilha Grande, saqueando fazendas e engenhos. Lá, aportaram à barra de Guaratiba onde desembarcaram, marchando por terra para a cidade do Rio de Janeiro. No percursopassaram pelo Camorim, por Jacarepaguá, pelo Engenho Novo e pelo Engenho Velho dos Padres da Companhia de Jesus, descansando neste último. No dia seguinte prosseguiram pela região do Mangue, alcançando a falda do morro de Santa Teresa (depois rua de Mata-Cavalos, atual rua do Riachuelo), até ao morro de Santo Antônio, que contornaram até à Lagoa do Boqueirão. Pela rua da Ajuda (atual Melvin Jones) e de São José, alcançaram o Largo do Carmo (atual Praça XV de Novembro), onde encontraram a resistência dos habitantes em armas, tendo se destacado a ação dos estudantes do Colégio dos Jesuítas, liderados por Bento do Amaral da Silva, que desceram o morro do Castelo. Nesta escaramuça, afirma-se que os franceses perderam 400 homens. Duclerc, que os comandava, foi detido em prisão domiciliar à atual rua da Quitanda, Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 30 vindo a ser assassinado em condições misteriosas por um grupo de encapuzados, alguns meses mais tarde, a 18 de março de 1711, alguns autores supondo que por questões passionais. A população da cidade festejou entusiasticamente a vitória durante vários dias. Infelizmente, as autoridades coloniais superestimaram a capacidade do sistema defensivo da barra, difundindo-se a crença generalizada de que, após tamanha derrota, corsário algum voltaria tentar forçá-la, o que se mostrou dramaticamente incorreto. A invasão de Duguay-Trouin (1711) À iniciativa de Duclerc, seguiu-se outra, maior e mais bem equipada, no ano seguinte. Em setembro de 1711, coberta pela bruma da manhã, aproveitando um vento favorável, uma esquadra de 17 ou 18 navios, artilhada com 740 peças e 10 morteiros com um efetivo de 5 764 homens, sob o comando do corsário francês René Duguay-Trouin ousadamente entrou em linha pela barra da baía de Guanabara, furtando-se ao fogo das fortalezas, desguarnecidas três dias antes, graças a uma notícia recebida pelo então Governador da Capitania do Rio de Janeiro, Francisco de Castro Morais (1699-1702), que dava como falsa a notícia da chegada desta esquadra francesa. Duguay-Trouin enfrentou apenas a resistência de três habitantes inconformados com as decisões do governador Francisco de Castro Morais, apelidado de “o Vaca”: o normando naturalizado português, Gil du Bocage, Bento do Amaral Coutinho, que lutara contra os paulistas na guerra dos Emboabas, e seu companheiro Frei Francisco de Menezes, ao lado dos alunos dos frades beneditinos, filhos de Domingos Leitão, de Rodrigo de Freitas, de Gurgel do Amaral, Teles de Menezes, Martim Clemente e Aires Maldonado. O sucesso do corsário custou caro à cidade, que necessitou pagar valioso resgate pela liberdade (novembro de 1711): 610.000 cruzados em moeda, 100 caixas de açúcar e 200 cabeças de gado bovino. Voltando a falar das invasões holandesas, esse é o nome normalmente dado, na historiografia brasileira, ao projeto de ocupação da Região Nordeste do Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 31 Brasil pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (W.I.C.) durante o século XVII. Em linhas gerais, as invasões holandesas no Brasil podem ser recortadas em dois grandes períodos: 1624-1625 – Invasão de Salvador, na Bahia; 1630-1654 – Invasão de Olinda e Recife, em Pernambuco; 1630-1637 – Fase de resistência ao invasor; 1637-1644 – Administração de Maurício de Nassau; 1644-1654 – Insurreição pernambucana. A invasão de Salvador (1624-1625) Cientes da vulnerabilidade das povoações portuguesas no litoral Nordeste brasileiro, os administradores da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC – West-Indische Compagnie) decidiram pelo ataque à então capital do Estado do Brasil, a cidade de Salvador, na capitania da Bahia. Desse modo, uma armada da WIC transportando um efetivo de cerca de 1.700 homens sob o comando do almirante Jacob Willekens, em 10 de Maio de 1624, atacou e conquistou a capital. Em pânico, os habitantes retiraram-se para o interior. O governador-geral, Diogo de Mendonça Furtado (1621-1624), entrincheirou-se no palácio, mas tanto ele como o filho e alguns oficiais foram aprisionados e enviados para os Países Baixos O governo da cidade passou a ser exercido pelo fidalgo holandês Johan Van Dorth. A aquisição de mão-de-obra escrava tornou-se imperativa para o sucesso da colonização Neerlandesa. Por essa razão, a armada começou a traficar escravos da África para o Brasil. Em 1625, a Espanha enviou, como reforço, uma poderosa armada de cinquenta e dois navios, sob o comando de D. Fadrique de Toledo Osório, marquês de Villanueva de Valduesa, a maior então enviada aos mares do Sul: a famosa Jornada dos Vassalos, com quase quatorze mil homens. Essa expedição derrotou e expulsou os invasores holandeses em 1º de maio desse mesmo ano. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 32 A invasão de Olinda e Recife (1630-1654) O enorme gasto com a fracassada invasão às terras da Bahia foi recuperado quatro anos mais tarde, num audacioso ato de corso quando, no mar do Caribe, o Almirante Piet Heyn, a serviço da WIC, interceptou e saqueou a frota espanhola que transportava o carregamento anual de prata extraída nas colônias americanas. De posse desses recursos, os neerlandeses armaram nova expedição, desta vez contra um alvo menos defendido, mas também lucrativo, na região Nordeste do Brasil. O seu objetivo declarado era o de restaurar o comércio do açúcar com os Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha. Uma nova esquadra, com 64 navios e 3.800 homens, investirá agora sobre a capitania de Pernambuco onde, em fevereiro de 1630, conquistam Olinda e depois Recife. Com a vitória, as forças Neerlandesas foram reforçadas por um efetivo de mais 6.000 homens, enviado da Europa para assegurar a posse da conquista (BOXER, 1961; MELLO, 1981; MELLO, 1998; ROSTY, 2002). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 33 UNIDADE 5 - ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO COLONIAL A base da colonização foi o açúcar, riqueza trazida de fora, onde, Portugal já tinha experiência com plantio e a comercialização do produto nas Ilhas Atlânticas. Havia o predomínio do latifúndio, típico da economia açucareira. Gerava altos lucros, ocorria a não diversificação de atividades e a monocultura. A mais significativa atividade propiciada pelo açúcar foi a criação de gado, para a qual utilizava-se o braço indígena e seu descendente mestiço. A cana-de- açúcar, exigiu muita mão-de-obra, a solução inicial foi a escravidão indígena, porém, o índio se mostrou um “mau trabalhador”. Até os jesuítas acabaram se opondo escravidão dos indígenas. Portugalprecisou, então, do braço africano. Os negros vinham nos navios “negreiros”, também chamados de “tumbeiros”, dada a quantidade de pessoas que morriam durante a travessia do atlântico, devido às más condições de higiene, fome, sede, doenças, e superlotação dos porões dos navios. Já na colônia, submetidos a um duro trabalho, o negro quilombo (fujão), era o mais sofrido, era submetido à novena ou trezena (nove, ou treze chibatadas). Outros tipos de punições a que estavam sujeitos ainda, eram o tronco, viramundo, cepo, bacalhau (relho de cinco pontas), o mais comum (MESGRAVIS, 1994). As classes de negros não eram iguais. Havia uma certa distinção entre escravos domésticos, escravos de ganho, e os escravos de eito, estes, submetidos a um trabalho mais árduo, nos canaviais. Os escravos não formavam um todo homogêneo, os crioulos não gostavam dos recém-chegados da África, os mulatos (em especial os que assumiam funções remuneradas: feitores, mestres-de-açúcar, etc.), desprezavam os escravos em geral, os escravos urbanos viam com certa superioridade os escravos agrários e, às vezes até ajudavam na luta contra os quilombos. Os ladinos se julgavam melhores que os boçais. Afora isso, haviam ainda as diferenças culturais, os negros islamizados (fula, mandinga e haussá), por exemplo, eram rebeldes, e não se misturavam aos companheiros de infortúnio, mantendo-se isolados (AZANHA; VALADÃO, 1991). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 34 De a cordo com Lopes (1991), “o negro foi a base do sistema colonial do Brasil. Mais do que pés e mãos do engenho, foi pés e mãos do Brasil”. A condição servil não estimulava ninguém a produzir, o negro mostrou por todos os meios o quanto aquela situação não lhe servia. Reagiu sempre que, e como pôde, fugindo, assassinando e rebelando-se. Ciclo da cana-de-açúcar Período da história econômica do Brasil em que a cultura açucareira era a principal atividade produtiva da Colônia, isto é, o açúcar constituía o ciclo, pois é ele que atraía mais os fatores de produção. O Brasil havia concentrado o produto conjuntural procurado, acarretando a um modelo mercantilista mais sofisticado, pois tratava-se da exportação de um produto industrializado, requerendo com isso maiores aplicações de capitais, refletindo na importação de escravos e criação de gado, ocupação territorial e organização político-administrativa. O açúcar dominou na economia brasileira durante 150 anos. As primeiras mudas de cana-de-açúcar foram trazidas da ilha da Madeira, em 1502, e em meados do século XVI, as plantações canavieiras se estendiam por grandes extensões no litoral brasileiro, concentrando-se, sobretudo, em Pernambuco e na Bahia. Na metade do século XVII, o Brasil era o maior produtor mundial de açúcar, mas gradativamente perdeu essa posição para as concorrentes mundiais, particularmente as Antilhas. Embora nunca tenha desaparecido no Brasil colonial, a cultura canavieira foi substituída no século XVIII como principal fonte de renda da Colônia pela atividade mineradora que deu origem ao Ciclo do Ouro. Em decorrência disso, a economia canavieira moldou no Brasil uma sociedade que correspondia aos objetivos de sua produção: os engenhos se localizavam em latifúndios e a mão-de-obra empregada, o escravo negro, se tornaria a base da economia brasileira até o final do século XIX. Praticamente existia uma camada social intermediária entre o senhor e o escravo, o que configurava uma sociedade tipicamente patriarcal. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 35 Condicionamentos Externos do ciclo da cana-de-açúcar: O crescimento da demanda do açúcar na Europa ocidental, em consequência da expansão demográfica, aumento da renda, apesar de que somente as classes mais abastadas consumiam o açúcar, pelo seu elevado preço. Condicionamentos Internos: Terras propícias, em grande quantidade (extensas) clima adequado, matas próximas (lenha para as fornalhas), água corrente desembocando para o mar, cursos d'água (para o transporte, energia para os engenhos de água). Canaviais bastante duráveis. Mão-de-obra: Colonos brancos – escassos, pois tinham espírito mercantilista, desapego à terra, em face dessa dificuldade, o povoamento foi compulsório, através de degredados ou fugitivos da justiça. Índios – embora fosse uma solução escravista, não funcionou, porque os índios não se adaptavam ao trabalho sedentário no engenho ou nas culturas, resistência do índio à escravidão e à invasão de suas terras, os jesuítas foram contrários à escravidão dos índios, assim como o poder real proibiu essa prática. Escravos negros – foi a base da força de trabalho a partir de 1549, justificando-se porque o negro tinha nível cultural superior ao índio, possuía conhecimentos de agricultura, mineração e artesanato, habilidoso e resistente. A escravidão provocou desincentivo ao investimento e à renovação tecnológica, criação de uma jornada de trabalho sem recompensa, refletindo em certo desprezo pelo trabalho manual. Tecnologia: Rudimentar no desflorestamento e na produção, somente enxada e foice como instrumento de trabalho básico. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 36 Capital: Capital de giro, fundamental, pois o açúcar exigia investimentos em escravos, investimentos de trabalho, construção de máquinas, compras de bois, compra de lenha, e pagamento de salários a trabalhadores especializados. Políticas Econômicas: Fundação das Capitanias Hereditárias, em relação à mão-de-obra e capitais, isenção de impostos dos engenhos novos. Em face das dificuldades financeiras dos engenhos, foi proibida a execução dos donos dos engenhos e lavradores até certo limite ou a de sequestrar escravos e bois em serviço permanente, os cobres e penhorar as moendas. Regime Agrário: Concessão de Sesmarias (concessão a um empresário capitalista com vistas à monocultura para a exportação) com carência de 388 anos, com obrigação de pagar o dízimo à Coroa, e no tempo dos donatários o redízimo para estes, com isto, marginalizando os colonos menos abastados, enfraquecendo o setor agrícola local. Regime Fiscal: Além da intermediação compulsória em Lisboa, no comércio exterior, o imposto básico era o dízimo, 10% ad-valorem, pagável in natura. Em 1534, foi criada a pensão paga pelos engenhos aos donatários (que reclamavam também o redízimo). Vintena, 5% sobre a quantidade produzida (1631 a 1650). Impostos excepcionais, subsídio de 300 réis por caixa de açúcar, para a formação da infantaria, 5% (vintena) para o dote da princesa Catarina, rainha da Inglaterra. Transportes: Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação
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