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Obras literárias UEPG 2020

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Obras literárias 
UEPG 2020 
Vidas Secas
- Graciliano Ramos
“Vidas Secas”, romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. 
Segunda fase do modernismo (regionalista).
Uma das mais bem sucedidas obras da época.
O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão.
RESUMO:
Vidas Secas é um profundo retrato da sociedade brasileira, sobretudo de seus problemas sociais.
Dessa forma, Graciliano traça uma crítica social retratando as dificuldades encontradas por uma família pobre de retirantes. Eles tem de conviver constantemente com a miséria e a seca que assola o sertão nordestino.
Fabiano e Sinhá Vitória é um casal simples que possuem dois filhos: o mais novo e o mais velho. Dos filhos, nenhum nome é mencionado durante toda a estória. Mesmo convivendo constantemente com a miséria, ele são crianças que possuem sonhos. O mais velho é muito curioso, e o mais novo anseia por fazer algo importante, para que todos fiquem orgulhoso dele.
A Baleia é a cadela que curiosamente tem um nome, e faz referência a um animal aquático, ou seja, uma baleia, em contraste com a seca. Ela é muito adorada pelos meninos e no decorrer da história adoece e por fim, morre. Interessante notar que a baleia é considerada um ser humano.
Vale lembrar que a obra muitas vezes não possui diálogos. Fabiano, deveras ignorante, tem dificuldade de se expressar e prefere ficar quieto. Sua mulher, Sinhá Vitória, é uma lutadora que busca melhorar a situação, sendo menos ignorante que seu marido, que a admira muito.
Quando a família encontra um lugar para descansar do sol escaldante, se deparam com o dono da terra, que será o patrão de Fabiano.
Ele permanece no local com sua família, trabalhado como vaqueiro na fazenda. Fabiano é preso injustamente pelo soldado amarelo, momento em que reflete sobre sua vida e sua condição.
O romance é repleto de pequenas felicidades dentro da família de retirantes. No entanto, os problemas sociais e animalização das personagens permeiam toda obra.
Além disso, o sonho do sofrimento acabar, permanece em todos, na esperança de encontrar melhores oportunidades.
Note que o último capítulo “Fuga” aponta que a seca vem novamente assolar a região, com o verão que se aproxima. Assim, se inicia uma nova fuga sendo a mesma do início: a fuga da seca.
Personagens:
· Fabiano: nordestino pobre e alcoólatra, Fabiano representa o chefe da família e designa um homem ignorante e grosseiro.
· Sinhá Vitória: nordestina sofrida e lutadora, mulher de Fabiano e a mãe dos 2 filhos.
· Filhos: representam os filhos de Fabiano e Vitória, o "menino mais novo" e o "menino mais velho". Tal qual seus pais, são pobres e sofridos.
· Baleia: é a cadela da família, muito querida por todos, sobretudo pelos meninos. Ela é tratada como um membro da família. Pensa, age e fala.
· Patrão: representa o patrão de Fabiano, explorador e dono da fazenda em que ele trabalha.
Sobre Graciliano Ramos:
Artista do segundo movimento modernista, Graciliano Ramos denunciou fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão nordestino. Adoece gravemente em 1952 e vem a falecer de câncer do pulmão em 20 de março de 1953 aos 60 anos.
Obra Completa
- Murilo Rubião
- Pai da literatura fantástica e surrealista no Brasil 
- Coletânea com 33 contos
Todos os contos do Rubião vão em direção a desvendar a alma humana no seu íntimo, como, por exemplo, O Coelhinho Teleco, um bicho que pode se metamorfosear no que quiser e que, por isso, sente que não tem uma identidade própria, ou Barbara, conto em que toda vez que o marido satisfaz a esposa, ela fica mais gorda. A Cidade, em que um turista é preso por ficar fazendo perguntas. Ainda há outros como Elisa, uma história de amor. 
Sobre Murilo Rubião:
Nasceu em Silvestre Ferraz, hoje Carmo de Minas (MG), em 1916, e foi criado em Belo Horizonte. Como escritor, dedicou-se exclusivamente ao conto. Perfeccionista, deixou apenas 33 histórias, que reescreveu interminavelmente, muitas delas traduzidas na Europa e nos Estados Unidos. Em vida, publicou os livros O ex-mágico (1947), A estrela vermelha (1953), Os dragões e outros contos (1965), O pirotécnico Zacarias (1974), O convidado (1974), A Casa do Girassol Vermelho (1978) e O homem do boné cinzento(1990). Morreu em Belo Horizonte, em 1991.
Vestido de noiva
- Nelson Rodrigues
- Peça teatral 
Encenada pela primeira vez em 1943, a peça de Nelson Rodrigues mostra ações simultâneas em três planos – da realidade, da alucinação e da memória e deu início ao processo de modernização do teatro brasileiro.
Primeiro Ato
A peça inicia-se com sons bastante conhecidos pelos habitantes de qualquer metrópole: “Buzina de um automóvel. Rumor de derrapagem violenta. Som de vidraças partidas. Silêncio. Assistência. Silêncio”.
Cria-se, dessa forma, na imaginação do espectador, a cena de um atropelamento. Acende-se o plano da alucinação, e Alaíde chama por Madame Clessi. Encontra-se com vários personagens desconhecidos, ele que, aos poucos, lhe informam que Clessi fora assassinada. Alaíde desespera-se.
Acende-se o plano da realidade, com várias pessoas falando pelo telefone ao mesmo tempo. São repórteres que noticiam o atropelamento. No plano da alucinação, Alaíde está num bordel e recebe um homem que tem o rosto de seu marido. Suas atitudes são extremadas: acaricia o homem e o esbofeteia. Alaíde repara que todos os homens que aparecem têm o rosto de seu marido e encontra Madame Clessi, que a ajuda a lembrar-se da infância.
O plano da memória registra o diálogo entre os pais de Alaíde a respeito de Madame Clessi, antiga habitante da casa.
No plano da realidade, o diálogo lacônico entre os médicos revela que Alaíde está sobre uma mesa de operação. Alternam-se os diálogos entre Alaíde e Clessi no plano da alucinação e cenas do passado no plano da memória. Alaíde diz a Clessi ter matado seu marido.
Aparece também a Mulher de Véu, cuja identidade Alaíde parece não querer revelar. Madame Clessi pede a Alaíde que recorde o dia em que se casou. Alaíde lembra-se de que sua futura sogra elogiou o vestido de noiva pouco antes de ela entrar na igreja. Relembra também que havia mais alguém com elas, mas não consegue identificar essa pessoa.
Segundo Ato
Diálogo entre Alaíde e Clessi ao microfone. No plano da memória, Alaíde e a Mulher de Véu discutem violentamente. A segunda parece disposta a estragar o casamento de Alaíde. Aos poucos, descobre-se o motivo: o noivo fora namorado da Mulher de Véu, e Alaíde roubara-o dela. Clessi interroga Alaíde sobre a identidade da Mulher de Véu.
Plano da realidade: os médicos tentam os últimos recursos para salvar a vida de Alaíde. Sua memória está em franca desagregação; acendem-se as luzes das escadas laterais, das quais descem dois homens empunhando círios e se ajoelham diante de uma cruz, no plano da alucinação. Duas cenas são apresentadas de maneira entrecortada. Numa delas, a Mulher de Véu revela a Alaíde seu desejo de vingança; na outra, Clessi conversa com um jovem namorado, e este sugere que os dois se matem de amor. A mulher não parece levar a sério a conversa do garoto.
No plano da alucinação, uma mulher se senta junto aos dois homens. Estão diante de um ataúde, dialogam num cínico tom de flerte. A conversa entre Alaíde e a Mulher de Véu se torna cada vez mais tensa. Alaíde revela a Clessi que a cena na qual os dois homens estão ajoelhados ante um ataúde é a do enterro da própria Madame Clessi. A identidade da Mulher de Véu é descoberta: trata-se de Lúcia, irmã de Alaíde.
Plano da realidade: Pedro pergunta aos médicos sobre a condição de sua esposa. Os médicos informam que o estado da paciente é grave, mas o homem não demonstra nenhum abalo emocional.Terceiro Ato
Alaíde descobre que não matou o marido. Novo diálogo entre Clessi e o jovem namorado, em que ele lhe pede para morrerem juntos. Alaíde e Lúcia discutem no plano da alucinação, e aparecem outros personagens no meio da discussão, entre os quais Pedro e Dona Lígia. Clessi e o namorado conversam, ela entrega-lhe algum dinheiro. A mãe do jovem aparece e inicia uma discussão com Clessi, na qual pede que a mulher deixe de ver seu filho. Alaíde lamenta-se por confundir essas pessoas com personagens da ópera La Traviata e do filme …E o Vento Levou. A discussão termina com Clessi expulsando a mãe do rapaz de casa.
Plano da realidade: repórteres noticiam o acidente de Alaíde, descobrem se tratar de alguém importante, mulher do industrial Pedro Moreira. No plano da alucinação, Alaíde conta a Clessi suas recordações sobre a morte da mulher. Pedro surge e Clessi desaparece. Alaíde acusa Pedro de não a amar e diz saber que ele e Lúcia desejam sua morte. Surge Lúcia de luto fechado, os três juntam suas cabeças. Corte para o plano da realidade, no qual o diálogo entre os médicos revela a morte de Alaíde. No plano da alucinação, Alaíde e Clessi aparecem de costas para a platéia. Os repórteres noticiam a morte de Alaíde e dizem que a irmã chora muito.
No plano da realidade, Pedro é repelido por Lúcia, que diz ter jurado diante do cadáver da irmã não mais se aproximar dele. Diálogo entre Alaíde e Lúcia, no qual Alaíde ameaça a irmã. Lúcia acusa Pedro de ter incutido nela o desejo de que Alaíde morresse; falam de um “crime”, mas sempre entre aspas, o que confere ambigüidade ao termo.
Cenas sucessivas apresentam saltos cronológicos: discussão entre Lúcia e sua mãe; Lúcia volta de uma viagem, mais gorda e mais corada; Lúcia se prepara para o casamento com Pedro e faz a Laura a mesma pergunta que Alaíde fizera: “Estou muito feia, D. Laura?” – ao que Laura responde: “Linda! Um amor!”. Lúcia pede o buquê, e essa é sua última fala. Madame Clessi sobe uma escada. Surge também Alaíde, que caminha em direção a Lúcia como quem vai lhe entregar o buquê. A cena se apaga, exceto por uma luz que ilumina o túmulo de Alaíde.
Personagens:
Alaíde: a protagonista. Casada com um homem importante (Pedro), é atropelada no começo da peça. A tensão dramática se constrói sob a expectativa de sua morte. Não se sabe se o atropelamento foi criminoso, acidental ou decorrente de tentativa de suicídio, e esse é um dos grandes êxitos da obra.
Lúcia (mulher de véu): irmã de Alaíde, surge inicialmente como a Mulher de Véu. Conforme a situação se descortina, descobre-se que Lúcia fora escondida sob um véu em consequência da culpa que Alaíde sentia em relação a ela. 
No passado, Pedro havia sido namorado de Lúcia, que acusava a irmã de tê-lo roubado dela.
Pedro: industrial bem-sucedido. Após o casamento com Alaíde, continua a desejar Lúcia, a ex-namorada, e com ela planeja matar sua mulher. Seu principal traço de caráter é o cinismo.
Madame Clessi: antiga prostituta de luxo assassinada por um jovem amante em 1905. A casa onde os pais de Alaíde e Lúcia foram morar tinha sido a habitação de Madame Clessi e o local onde ela exercia sua profissão. Sua figura é construída na imaginação de Alaíde, que, quando pequena, encontrara no sótão da casa o diário de Madame Clessi.
Dona Lígia: mãe de Alaíde e de Lúcia, mulher de costumes conservadores, representa o peso da tradição e dos bons costumes, que atuam sobre os personagens principais.
Gastão: marido de Dona Lígia, pai de Alaíde e de Lúcia. Sua principal aparição se dá no plano da memória, no qual está conversando com sua mulher sobre as atividades que eram exercidas na casa na época de Madame Clessi. “O negócio acabava numa orgia louca”, o curto diálogo, no qual Gastão profere essas palavras, marca profundamente a protagonista.
Sobre Nelson Rodrigues:
Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 23 de agosto de 1912, e mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro. Aos 13 anos começou a trabalhar em jornal. Escreveu sua primeira peça, “A Mulher sem Pecado”, em 1941. Dois anos depois, a montagem de Vestido de Noiva revolucionou o teatro nacional e transformou-o num dos principais dramaturgos brasileiros.  Suas obras causaram polêmica ao abordar temas sexuais e morais, como o tabu do incesto e a infidelidade, de forma mórbida, obsessiva e moralista.
Toda poesia
- Paulo Leminski
- No Livro Toda Poesia é possível encontrar tudo que foi escrito e publicado por Leminski. O texto é curto, mas possui muita profundidade naquelas palavras. Caminhar pelas páginas do livro é viajar pelos sentimentos que perpassam cada poesia. Deparamos com temas sobre o amor, a vida, alegrias, medos, tristezas são assuntos que permeiam o cotidiano de cada um.
É muito fácil se envolver com a escrita do autor, já que os poemas, em sua maioria, são curtos e carregam uma marca que não passa despercebida: a sensibilidade – sensibilidade para encontrar em variados temas o que há de mais profundo e bonito.
 
Sobre Paulo Leminski:
Paulo Leminski nasceu em Curitiba, em 1944. Foi poeta, romancista, tradutor, compositor, biógrafo e ensaísta.
Quarto de despejo: diario de uma favelada
- Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus era uma anônima até o lançamento do seu primeiro livro, Quarto de Despejo. Publicado em agosto de 1960, a obra era uma reunião de cerca de 20 diários escritos pela mulher negra, mãe solteira, pouco instruída e moradora da favela do Canindé (em São Paulo).
RESUMO:
O livro de Carolina Maria de Jesus narra de modo fiel o cotidiano passado na favela. Em seu texto, vemos como a autora procura sobreviver como catadora de lixo na metrópole de São Paulo, tentando encontrar naquilo que alguns consideram como sobra o que a mantenha viva. Os relatos foram escritos entre 15 de julho de 1955 e 1 de janeiro de 1960. As entradas no diário são marcadas com dia, mês e ano e narram aspectos da rotina de Carolina. Muitas passagens sublinham, por exemplo, a dificuldade de ser mãe solteira nesse contexto de extrema pobreza. Carolina Maria é mãe de três filhos e dá conta de tudo sozinha. Para conseguir alimentar e criar a família ela se desdobra trabalhando como catadora de papelão, metal, e como lavadeira. Apesar de todo o esforço, muitas vezes sente que não dá conta. Nesse contexto de frustração e extrema pobreza, é importante se sublinhar o papel da religiosidade. Diversas vezes, ao longo do livro, a fé aparece como um fator motivador e impulsionador da protagonista. Carolina encontra na fé força, mas também muitas vezes explicação para situações cotidianas. Quarto de Despejo explora os meandros da vida dessa trabalhadora mulher e transmite a dura realidade de Carolina, o constante esforço contínuo para manter a família de pé sem passar maiores necessidades. Por ser a única a prover o sustento da família, Carolina trabalha dia e noite para dar conta da criação dos filhos.
Os seus meninos, como ela costuma chamar, passam muito tempo sozinhos em casa e vira e mexe são alvo de críticas da vizinhança que dizem que as crianças "são mal inducadas".
Embora nunca se diga com todas as letras, a autora atribui a reação das vizinhas com os seus filhos pelo fato de ela não ser casada ("Elas alude que eu não sou casada. Mas eu sou mais feliz do que elas. Elas tem marido.")
Ao longo da escrita, Carolina sublinha que sabe a cor da fome - e ela seria amarela. A catadora teria visto o amarelo algumas vezes ao longo dos anos e era daquela sensação que mais tentava fugir:
“Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos”.
Além de trabalhar para conseguir comprar comida, a moradora da favela do Canindé também recebia doações e buscava restos de alimento nas feiras e até no lixo quando era preciso. Em uma das suas entradas no diário, comenta:
“A tontura do álcool nos impede de cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago”.
Pior do que a fome dela, a fome que mais doía era aquela que assistia nosfilhos. E é assim, tentando escapar da fome, da violência, da miséria e da pobreza, que se constrói o relato de Carolina.
Acima de tudo, Quarto de Despejo é uma história de sofrimento e de resiliência, de como uma mulher lida com todas as dificuldades impostas pela vida e ainda consegue transformar em discurso a situação limite vivida.
IMPORTÂNCIA SOCIAL DA OBRA:
Além de falar sobre o seu universo pessoal e os seus dramas cotidianos, o Quarto de Despejo também teve importante impacto social porque chamou a atenção para a questão das favelas, até então um problema ainda embrionário na sociedade brasileira.
Foi uma oportunidade de se debater tópicos essenciais como o saneamento básico, a recolha de lixo, a água encanada, a fome, a miséria, em síntese, a vida em um espaço onde até então o poder público não havia chegado.
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Sobre Carolina Maria de Jesus:
Nascida no dia 14 de março de 1914, em Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus foi mulher, negra, mãe solteira de três filhos, catadora de lixo, favelada, marginalizada. Instruída até o segundo ano em uma escola primária de Sacramento, interior de Minas Gerais, Carolina assume: Semianalfabeta, Carolina nunca deixou de escrever, ainda que fosse em cadernos encardidos amontoados cercada de afazeres domésticos e trabalhos de catadora e lavadora de roupa na rua para sustentar a casa. Foi na rua A, no barraco número 9 da favela do Canindé (em São Paulo) que Carolina deixou registradas as suas impressões cotidianas. Seu livro Quarto de Despejo foi um sucesso de vendas e de crítica e acabou por ser traduzido para mais de treze línguas. Nos três primeiros dias após o lançamento, mais de dez mil exemplares foram vendidos e Carolina virou um fenômeno literário da sua geração.

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