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resenha crítica o que é educação

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Universidade Gama Filho
Disciplina: CSO 911 - Oficina I: Políticas Públicas e Educação
Professor: Mário
Alunos:
Fábio Brasil 
Carlos Rodrigues Brandão nasceu no Rio de Janeiro em 14 de abril de 1940, casado com dois filhos. Formou-se em psicologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC RIO, especializou-se em educação no México, possui Mestrado em Antropologia na Universidade de Brasília – UNB, Doutorado em Ciências Sociais na USP e Pós-Doutorado na Itália e na Espanha, lecionou em mais de 12 universidades no Brasil e no exterior. Possui mais de 80 livros publicados, entre eles: Somos as águas puras., Campinas, SP:Papirns Editora – 1994; A partilha da vida., São Paulo, SP:Geic/Cabral Editora – 1995; O dia de sempre., Goiânia, GO:Editora Universidade Federal de Goiás – 1997; Memória sertão., São Paulo, SP:Editora Cone Sul and Editora Universidade de Uberaba – 1998. Publicou cerca de 80 artigos originais no Brasil e exterior, orientou 10 Doutores e 30 Mestres, participou de centenas de congressos no Brasil, América Latina e Europa além de assinar a autoria de 180 pareceres científicos. Atualmente é professor colaborador voluntário do departamento de Antropologia social da UNICAMP, e docente do doutorado em Saúde Mental Comunitária, da Universidad Veracruzana do México. É também pesquisador 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. Consultor em vários projetos, da FAPESP, FAPERJ e da ANPOCS.
Deixando de lado o curriculun, Carlos Rodrigues Brandão, ao avaliarmos sua trajetória, revela-se um apaixonado pela docência, pela natureza e pela vida. A pluralidade de temas abordados nas dezenas de livros que escreveu faz dele autor único cuja comparação, mesmo que a atenção esteja voltada para um tema específico, se torna inútil tendo em vista a singularidade com que esse tema é abordado. Em seu O que é educação., 33ª Ed. Brasiliense, São Paulo. 1995, ao analisar seus quatro primeiros capítulos podemos observar a abrangência da abordagem que Brandão dá ao propor uma conceituação do processo de ensinar desde os primeiros grupos sociais, organizados em tribos com um sistema sócio-cultural rudimentar, ao período clássico, onde a educação começa a se estruturar de maneira mais consistente e tomar a forma que conhecemos hoje. Brandão determina claramente a função de cada um dos agentes envolvidos na ação de “ensinar-aprender” e esclarece os objetivos que levavam os mais velhos a passarem seus conhecimentos aos mais novos, identifica a natureza desse conhecimento (técnico, religioso, histórico...) e sua aplicação. 
Afirmando que “ninguém escapa da educação”, Brandão nos obriga a atentar para o fato de que a todo o momento estamos aprendendo algo com alguém, sem que para isso tenhamos que ir a escola ou ter contato com um professor profissional. A aprendizagem adquirida no dia-a-dia, através do convívio social, é tão importante hoje quanto era nas sociedades ditas primitivas, em que a educação vinha do constante contato das crianças com membros adultos da tribo. 
“Quando a escola é a aldeia” são muitas as formas de ensinar. Os velhos da tribo reúnem os pequenos para contar as histórias que formam a consciência mística da tribo, revelando através dos mitos e lendas, as aventuras de seus ancestrais. Os guerreiros deveriam ensinar aos meninos a arte da caça e da sobrevivência ao passo que as meninas eram orientadas na coleta de raízes, folhas, frutos, no preparo dos alimentos e na manutenção da vida da tribo. É importante a observação que faz Brandão a respeito das diferenças culturais entre as sociedades, onde deixa claro que o que é bom para um grupo não é necessariamente bom para outro (exemplo da carta das seis nações indígenas americanas).
O acúmulo de conhecimento leva o homem a desejar saber mais, ou seja, quanto mais o homem sabe mais quer saber. Dessa forma a organização social se torna cada vez mais complexa e segmentada, com os homens adquirindo níveis de conhecimento específicos que os diferenciam hierarquicamente e faz com que a relação “ensinar-aprender” obedeça a critérios que determinarão a formação do jovem. O que fica claro quando Brandão cita um antropólogo que afirma o seguinte: “Onde é necessário aprender habilidades especiais as crianças estão, em regra geral, ansiosas por saber o que seus pais conhecem. O orgulho do trabalhador e o prestígio do bom artesão dominam sua vida e eles necessitam de muito pouco estímulo para procurá-los por si mesmas.”
Brandão sugere o surgimento de uma estrutura de ensino seletiva, onde os jovens devem aprender o “ofício” a ser desenvolvido por eles dentro da tribo (comunidade) a que pertencem adquirindo níveis diferenciados de saber de acordo com o papel a ser desempenhado pelo indivíduo (rei, sacerdote, guerreiro, “professor”, artesão, etc...).
Segundo Brandão, a divisão social da relação “ensinar-aprender” se fortalece na polis grega com a paideia, cuja estrutura é o mais próximo do que conhecemos por educação. A segmentação do processo de conhecimento se torna mais clara, já que a estrutura social da polis separa de forma marcante a população em níveis sociais onde os cidadãos plenos e ricos têm a oportunidade de aprofundar seu conhecimento ao passo que os menos abastados se limitam a um nível menor de aprendizado, o suficiente para que ele seja visto como cidadão. Dentro do sistema de organização social da polis, se destaca a posição que ocupavam, os responsáveis por esse processo educacional. Os pedagogos eram escravos que “conduziam” as crianças e adolescentes através dos preceitos e crenças da polis. Os mestres-escola e os educadores nobres tinham a função de formar o cidadão dentro dos princípios da paideia. 
Brandão nos apresenta duas citações que revelam como deveria ser a formação do homem educado e a divisão social que determinava a estrutura de organização da polis.
“As crianças devem, antes de tudo, aprender a nadar e a ler; em seguida, os pobres devem exercitar-se na agricultura ou em uma indústria qualquer, ao passo que os ricos devem se preocupar com a música e a equitação, e entregar-se à filosofia, à caça e à freqüência aos ginásios.”
Sólon (legislador grego)
“Só os que podem criar os seus filhos para não fazerem nada é que os enviam à escola; os que não podem, não enviam.”
Xenofonte (historiador, poeta, filósofo e militar grego)
Brandão chama nossa atenção para os primórdios da “educação” ou do processo de “ensinar-aprender” e narra uma seqüência de realidades culturais cuja evolução deu origem ao sistema educacional de hoje. Não nos surpreendemos ao ver que nos dias de hoje ainda existem tribos de índios no Brasil ou em sociedades pouco desenvolvidas de algumas ilhas da Indonésia, da Oceania ou na África, que, após milhares de anos, possuem uma estrutura educacional baseada na passagem de conhecimento dos mais velhos aos mais novos. Brandão também nos mostra com clareza que nenhuma forma de transmissão de conhecimento deve ser desprezada, e que as diferentes culturas adquirem e transmitem esse conhecimento de forma a satisfazer suas necessidades deixando claro que o que vale para um grupo nem sempre vale para outro. Dessa forma, tanto o cidadão pleno da polis grega quanto o membro de uma das sociedades tribais de caçadores-coletores transmitem, com igual importância, o conhecimento acumulado durante a vida. 
Fonte
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4780720Y4
http://www.abc.org.br/sjbic/curriculo.asp?consulta=crbrandao
Bibliografia
BRANDÃO. Carlos R. O que é educação, 33ª Ed. Brasiliense, São Paulo. 1995.
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