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LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I Semestre 5 Prof.ª Maria Emilia Sardelich UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I� UNIMES VIRTUAL L782c LOBO, Maurício Nunes Curso de Pedagogia: Atividades Curriculares Acadêmicas Adicionais (por) Prof. Maurício Nunes Lobo. Semestre 2. Santos: UNIMES VIRTUAL. UNIMES. 2006. 22p. 1. Pedagogia 2. Atividades Curriculares Acadêmicas Adicionais. CDD 371 Universidade Metropolitana de Santos Campus II – UNIMES VIRTUAL Av. Conselheiro Nébias, 536 - Bairro Encruzilhada, Santos - São Paulo Tel: (13) 3228-3400 Fax: (13) 3228-3410 www.unimesvirtual.com.br Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. www.unimesvirtual.com.br FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I � UNIMES VIRTUAL UNIMES – Universidade Metropolitana de Santos - Campus I e III Rua da Constituição, 374 e Rua Conselheiro Saraiva, 31 Bairro Vila Nova, Santos - São Paulo - Tel.: (13) 3226-3400 E-mail: infounimes@unimes.br Site: www.unimes.br Prof.ª Renata Garcia de Siqueira Viegas da Cruz Reitora da UNIMES Prof. Rubens Flávio de Siqueira Viegas Júnior Pró-Reitor Administrativo Prof.ª Rosinha Garcia de Siqueira Viegas Pró-Reitora Comunitária Prof.ª Vera Aparecida Taboada de Carvalho Raphaelli Pró-Reitora Acadêmica Prof.ª Carmem Lúcia Taboada de Carvalho Secretária Geral mailto:infounimes@unimes.br www.unimes.br FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I� UNIMES VIRTUAL EQUIPE UNIMES VIRTUAL Diretor Executivo Prof. Eduardo Lobo Supervisão de Projetos Prof.ª Deborah Guimarães Prof.ª Doroti Macedo Prof.ª Maria Emilia Sardelich Prof. Sérgio Leite Grupo de Apoio Pedagógico - GAP Prof.ª Elisabeth dos Santos Tavares - Supervisão Prof.ª Denise Mattos Marino Prof.ª Joice Firmino da Silva Prof.ª Márcia Cristina Ferrete Rodriguez Prof.ª Maria Luiza Miguel Prof. Maurício Nunes Lobo Prof.ª Neuza Maria de Souza Feitoza Prof.ª Rita de Cássia Morais de Oliveira Prof. Thiago Simão Gomes Angélica Ramacciotti Leandro César Martins Baron Grupo de Tecnologia - GTEC Luiz Felipe Silva dos Reis - Supervisão André Luiz Velosco Martinho Carlos Eduardo Lopes Clécio Almeida Ribeiro Grupo de Comunicação - GCOM Ana Beatriz Tostes Carolina Ferreira Flávio Celino Gabriele Pontes Joice Siqueira Leonardo Andrade Lílian Queirós Marcos Paulo da Silva Nildo Ferreira Ronaldo Andrade Stênio Elias Losada Tiago Macena William Souza Grupo de Design Multimídia - GDM Alexandre Amparo Lopes da Silva - Supervisão Francisco de Borja Cruz - Supervisão Alexandre Luiz Salgado Prado Lucas Thadeu Rios de Oliveira Marcelo da Silva Franco Secretaria e Apoio Administrativo Camila Souto Carolina Faulin de Souza Dalva Maria de Freitas Pereira Danúsia da Silva Souza Raphael Tavares Sílvia Becinere da Silva Paiva Solange Helena de Abreu Roque Viviane Ferreira FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I � UNIMES VIRTUAL AULA INAUGURAL Bem-vindo (a) ao curso de Fundamentos de Expressão e Linguagem em Multimeios I! É um grande prazer poder contar com a sua presença para podermos falar sobre o processo de configuração da fotografia e do vídeo como sistemas de expressão. Juntos, vamos falar a respeito das conquistas da tecnologia visual. Desde sempre, a humanidade vem utilizando a tecnologia disponível de seus con- textos históricos para plasmar a vida em imagens. As projeções ópticas utilizadas pelos artistas do século XV possibilitaram um novo modo de representação. Como nosso curso refere-se à fotografia e ao vídeo, nos- so olhar retrospectivo focalizará, apenas, alguns momentos-chave para a consolidação dessas tecnologias. Vamos falar do trabalho de homens e mulheres que pesquisaram formas de utilizar suas máquinas fotográficas e videográficas a fim de ampliarem os limites impostos por elas; que ultrapassaram o uso desses dispositivos como ferramentas de registro ou de documentação para construírem um discurso de si e do mundo. Espero que, juntos, possamos compartilhar nossos saberes, construir no- vas experiências e colaborar para a nossa formação quanto a esses siste- mas de expressão que ainda estão em processo de elaboração. Também nos cabe uma boa parte de ação nesse work in progress. Vamos começar? Bom Estudo! Maria Emilia Sardelich FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I� UNIMES VIRTUAL FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I � UNIMES VIRTUAL Índice Unidade I - Tecnologia visual: formação histórica da imagem técnica e seus modos de relação no mundo contemporâneo ................................................... 11 Aula: 01 - Tecnologia visual e imagens técnicas ......................................................... 12 Aula: 02 - Imagens técnicas e visualidade .................................................................. 15 Aula: 03 - A invenção da fotografia: o processo óptico ............................................... 18 Aula: 04 - A invenção da fotografia: o processo químico ............................................ 21 Aula: 05 - A invenção da fotografia no Brasil: as pesquisas de Hércules Florence ...... 24 Aula: 06 - Imagens de movimento aparente e eletrônicas ........................................... 28 Aula: 07 - A consolidação da imagem eletrônica ........................................................ 29 Aula: 08 - Modos de relação imagem/mundo: simbólico, epistêmico e estético ......... 32 Aula: 09 - Modos de relação imagem/mundo: vigilância e manipulação ..................... 35 Resumo - Unidade I ..................................................................................................... 38 Unidade II - A linguagem fotográfica e videográfica .......................................... 43 Aula: 10 - A linguagem fotográfica .............................................................................. 44 Aula: 11 - A abordagem de Roland Barthes ................................................................. 47 Aula: 12 - A abordagem de Phillipe Dubois ................................................................. 50 Aula: 13 - Elementos formais da linguagem fotográfica: o plano, o foco, a forma e a textura ... 53 Aula: 14 - Elementos formais da linguagem fotográfica: o ângulo, a iluminação, as cores ... 56 Aula: 15 - Elementos formais da linguagem fotográfica: o contraste, o movimento, o ritmo, o equilíbrio e a relação espacial imagem/intérprete ...................................... 59 Aula: 16 - Elementos formais da linguagem videográfica: os planos, os movimentos de câmera, as cores ......................................................................................... 62 Aula: 17 - Elementos da linguagem videográfica: a iluminação, a tonalidade, o som, a edição - a transparência e a opacidade dos meios ...................................... 65 Aula: 18 - Projetos com imagens fotográficas e videográficas .................................... 68 Resumo - Unidade II .................................................................................................... 71 Unidade III - A produção fotográfica nos séculos XIX e XX ............................... 79 Aula: 19 - A fotografia e os meios de comunicação no século XIX .............................. 80 Aula: 20 - A fotografia no Brasil do século XIX: a construção de uma imagem ........... 83 Aula: 21 - Carte-de-visite: a elaboração da crônica familiar ........................................ 86 Aula: 22 - O movimento do Pictorialismo .................................................................... 89 Aula: 23 - A fotografia moderna .................................................................................. 92 Aula: 24 - A fotografiadocumentária ........................................................................... 94 Aula: 25 - A fotografia documentária social entre guerras........................................... 97 Aula: 26 - A fotografia documentária social do pós-guerra........................................ 100 Aula: 27 - A fotografia documentária no Brasil .......................................................... 102 Resumo - Unidade III ................................................................................................. 105 FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I10 UNIMES VIRTUAL Unidade IV - A produção videográfica no século XX ........................................ 111 Aula: 28 - A imagem videográfica e a configuração da videoarte .............................. 112 Aula: 29 - A videoarte e as ações performáticas ....................................................... 115 Aula: 30 - A videoinstalação ...................................................................................... 118 Aula: 31 - O videoclipe .............................................................................................. 121 Aula: 32 - Videoarte: narrativas pessoais .................................................................. 124 Resumo - Unidade IV ................................................................................................. 127 FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 11 UNIMES VIRTUAL Unidade I Tecnologia visual: formação histórica da imagem técnica e seus modos de relação no mundo contemporâneo Objetivos Contextualizar o processo histórico da formação técnica da imagem e seus modos de relação no mundo contemporâneo. Caracterizar as diferenças exis- tentes entre a consecução da imagem fotográfica e videográfica. Apresentar os modos: simbólico, epistêmico e estético de relação imagem/mundo e seus possíveis usos para a vigilância e manipulação. Plano de Estudo Esta unidade conta com as seguintes aulas: Aula: 01 - Tecnologia visual e imagens técnicas Aula: 02 - Imagens técnicas e visualidade Aula: 03 - A invenção da fotografia: o processo óptico Aula: 0� - A invenção da fotografia: o processo químico Aula: 0� - A invenção da fotografia no Brasil: as pesquisas de Hércules Florence Aula: 0� - Imagens de movimento aparente e eletrônicas Aula: 0� - A consolidação da imagem eletrônica Aula: 0� - Modos de relação imagem/mundo: simbólico, epistêmico e estético Aula: 0� - Modos de relação imagem/mundo: vigilância e manipulação FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I12 UNIMES VIRTUAL Aula: 01 Temática: Tecnologia visual e imagens técnicas Em nossa primeira aula abordaremos a compreensão dos conceitos de Tecnologia Visual e Imagem Técnica, pois es- ses conceitos são centrais para a compreensão dos funda- mentos de expressão e linguagem dos multimeios. Vamos iniciar nossa exposição sugerindo que você olhe ao seu redor. O que você vê? Revistas, cartões-postais, anúncios de produtos, exposições de Fotografia, Videografia, Vídeo-performances, Instalações Multimídia etc. Milhares de imagens fazem parte do universo visual e ambiental do cidadão comum do século XXI. Estamos imersos em um mundo de imagens técnicas e seduzi- dos pelas cores dos anúncios publicitários e das sutilezas do preto e bran- co. Seja na televisão, revistas ou outdoors, a mídia, em sua multiplicidade de formatos, penetra em nossas casas e nos conduz à inúmeras viagens sem sairmos do lugar. Somos tomados pela informação visual e fazemos parte desse cenário, pois não somos, apenas, meros espectadores. Quase tudo do pouco que conhecemos, em relação ao conhecimento pro- duzido, chega até nós via Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) que, por sua vez, constroem imagens do mundo. Nômades em nossas pró- prias casas, capturamos imagens, muitas vezes, sem modelo, sem fundo, cópias de cópias, no cruzamento de inúmeras significações. São imagens para deleitar, entreter e vender que nos dizem sobre o que vestir, comer, aparentar ou pensar. Homens e mulheres, jovens e crianças, ocidentais e orientais, todos são integrados por uma avalanche de informações visuais que criam expecta- tivas em cada um de nós. A experiência do homem contemporâneo não pode ser compreendida fora de suas relações com a imagem técnica. As imagens não são gratuitas. Elas são feitas para serem vistas por pesso- as que, além da capacidade perceptiva, possuem seus diversos saberes, afetos e crenças configuradas pelo grupo sociocultural ao qual pertencem. A supremacia da comunicação visual no século XX levou Debord (1997) a conceber a sociedade pós-industrial como sendo uma “sociedade do es- petáculo”. A constatação de Debord (1997, p. 15) é a de que o espetáculo e as imagens tecnicamente produzidas interferem na capacidade de a hu- manidade “ver e interpretar” criticamente o mundo. Esta é a base da alie- nação da sociedade contemporânea. Desse modo, o excesso de imagens FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 13 UNIMES VIRTUAL obstruiria o processo de elaboração do pensamento humano e estimularia os sentidos a tal ponto que o sujeito dessa sociedade, o consumidor de espetáculos, preferiria a representação à realidade por considerar sagra- da a ilusão imagética e por considerar a verdade profana. Isso quer dizer que aquilo que não é mostrado em imagens torna-se estranho ao conhe- cimento e à sensibilidade do homem contemporâneo. As TIC apresentam os acontecimentos em formato de espetáculo, do mesmo modo que os próprios acontecimentos são encenados como espetáculos. Mirzoeff (2003) é outro estudioso da contemporaneidade que identifica a visualização, ou seja, o ato de plasmar a vida em imagens ou visualizar a existência, como sendo a grande característica do nosso tempo. Tal como Debord (1997), Mirzoeff (2003) também entende que pouco conhecemos sobre as imagens e seu poder. Os estudos de Mirzoeff (2003) dão prioridade à experiência cotidia- na do visual, aos acontecimentos visuais nos quais o consumidor busca informação, significado e/ou prazer conectados à “tecnologia visual”. O autor define a “tecnologia visual como qualquer forma de dispositivo dese- nhado para ser observado e/ou para aumentar a visão natural, abarcando da pintura a óleo até a televisão e a Internet”. (MIRZOEFF, 2003, p. 19) A humanidade tem desenvolvido a tecnologia visual para ampliar seus li- mites e contar sua História com imagens por meio de diversos suportes, tais como pedra, argila, osso, couro, madeira, metais, papéis, acetatos, suportes digitais; e técnicas, como desenho, pintura, escultura, fotografia, cinema, vídeo, web. É tão instigante a obstinação da humanidade para eternizar os momentos de sua vida como a sua capacidade de criar solu- ções técnicas para a perenização desses momentos. O desejo de reproduzir e guardar imagens fiéis de uma paisagem, pessoa, animal ou objeto foi perseguido incansavelmente pela humanidade ao lon- go dos séculos. No panorama gráfico da Pré-História ao Renascimento, a imagem sem réplica foi, praticamente, hegemônica. Durante muitos sé- culos, um número reduzidíssimo de pessoas pôde possuir determinadas imagens, usufruir da sua contemplação e, eventualmente, permitir fazer cópias delas. Ao longo da História do mundo ocidental, podemos perce- ber um adensamento progressivo das imagens. Esse aden- samento tem acontecido nos planos quantitativo e qualita- tivo. Os procedimentos para reprodução de imagens, como a xilogravura, tornaram possível realizar cada vez mais cópias de uma mesma imagem. Com a xilogravura, o desenho tornou-se, pela primeira vez, tecnicamente FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I1� UNIMES VIRTUAL reprodutível, muito antes que a imprensa prestasse o mesmo serviço para a palavra escrita (BENJAMIN, 1986). Vamos utilizar o conceito de Flusser (1985) de “imagem técnica”, como sendo a imagem realizada por aparelhos. Esse tipo de imagem foi uma busca constante de investigadoresda arte e da ciência, de todas as épo- cas, que atingiu seu objetivo com o advento da fotografia. O processo fotográfico permitiu não só captar e exibir uma imagem, mas, também, reproduzi-la tecnicamente. A fotografia é uma palavra composta por duas expressões da língua grega (photo + graphos), que significa “escrever/desenhar com a luz”. A foto- grafia permitiu a produção de incontáveis cópias de uma imagem original. Aumentou, também, a circulação social das imagens confinadas durante séculos às igrejas, palácios e museus. Desde o século XIX, as imagens aparecem nas ruas, em jornais diários, revistas, televisão ou Internet. Como define Kossoy (1989, p. 40), “a fotografia é uma representação plás- tica (forma de expressão visual) indivisivelmente incorporada ao seu su- porte e resultante dos procedimentos tecnológicos que a materializam”. A fotografia reproduz signos, imagens, e também formas de memória extra-somática que alteram e ampliam nossas noções sobre o que e como olhar, que nos provocam a sen- sação de podermos abarcar o mundo inteiro em uma outra memória, que não a corporal, e nos compelem a guardar imagens que já não são as ex- perienciadas. A fotografia tem alterado, ao mesmo tempo em que também tem configurado, a visualidade humana. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 1� UNIMES VIRTUAL Aula: 02 Temática: Imagens técnicas e visualidade Em nossa aula anterior, conceituamos a Tecnologia Visual como qualquer forma de dispositivo desenhado para ser ob- servado e/ou para aumentar a visão natural. Foi possível per- ceber que a tecnologia, que permitiu não só captar e exibir uma imagem, mas também reproduzi-la tecnicamente, foi a Fotografia. Afirmamos que essa tec- nologia tem alterado e configurado a visualidade humana. Passemos agora a diferenciar o processo fisiológico da visão no fenômeno da visualidade. A máquina fotográfica é considerada uma máquina sensória, pois imita os aparelhos receptores dos humanos e registra, fixa em um suporte, aquilo que os sentidos captam, ao mesmo tempo em que amplia a capacidade humana de ver, instaurando novas perspectivas que, sem ela, o mundo não teria. De que modo a máquina fotográfica altera a visualidade humana? Walker e Chaplin (2002) nos auxiliam a responder a esta questão ao defi- nirem a visão como sendo o processo fisiológico em que a luz impressiona os olhos e a visualidade como o olhar socializado. Podemos afirmar que a visualidade é o olhar que aprendeu a olhar o mundo com as próprias ima- gens que tem criado sobre o mundo. Isso quer dizer que o sistema ótico de um brasileiro, um africano ou um europeu não são diferentes, mas sim o modo de descrever e representar o mundo de cada um deles, já que eles possuem diferentes maneiras de olhar para o mundo, o que, conseqüente- mente, dá lugar aos diferentes sistemas de representação. A “representação” é um conceito que vem sendo estudado pela filosofia desde a escolástica medieval para referir-se a signos, símbolos, imagens e outras formas de substituição. De um modo geral, é compreendida como o processo de apresentação de alguma coisa por meio de signos. Atual- mente, o conceito de representação se encontra no centro da teoria das ciências cognitivas, entendido como o próprio conteúdo do pensamento. Neste curso, compreendemos a representação como a ca- pacidade de evocar mediante um signo (uma imagem), um objeto ausente ou uma ação não consumada. Nossa noção de signo está inspirada no modelo semiótico de Charles Peirce. Nesse mo- delo um signo é algo que está no lugar de alguma coisa para alguém, em alguma relação ou alguma qualidade. (SANTAELLA, 1994). FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I1� UNIMES VIRTUAL Potencialmente, os signos são capazes de produzir efeitos de sentido, de real, de verdade, no intérprete dos signos. Quando usamos os signos, eles podem produzir no intérprete a idéia da verdade acontecida. Todo discurso é uma simulação da realidade, pois é feito de signos que, por sua vez, são representantes da realidade. Um texto discursivo, portanto, pode produzir efeitos no intérprete da mensagem. A fotografia como imagem, como representação, também é um discurso e, portanto, uma ferramenta de expressão e de comunicação. Seja ela ex- pressiva ou comunicativa, é possível admitir que uma imagem sempre irá constituir uma mensagem para o Outro. A Fotografia como imagem, e como tecnologia visual, abre espaço para um “discurso sincrético como um meio eficien- te de persuadir” (JOLY, 1996,13). Todas as potencialidades da linguagem corporal, sonora e visual são exploradas no discurso sincré- tico e podem levar o sujeito a dar resposta a esse discurso, agindo muito mais com a emoção e não somente com a razão. Como quem constrói o discurso tem à sua disposição uma série de possi- bilidades para construir sua idéia, todo produto discursivo é feito de uma seleção de elementos escolhidos para transmitir uma idéia dentro de uma série de possibilidades existentes a partir de um modelo qualquer. Quando combinados dentro de um espaço textual, esses elementos começam a agir entre si, produzindo a significação do texto. Pelo momento histórico em que a Fotografia configurou-se (meados do século XIX), ela também respondeu às características próprias do sistema de produção de sua época, isto é, o sistema industrial. O processo fotográ- fico não se constitui em uma única etapa de trabalho, como ocorre com as técnicas artesanais do desenho e da pintura, também denominadas quirográficas por alguns autores, para definir a feitura à mão. No processo fotográfico, feita a exposição da chapa à luz, há uma divisão de tarefas e etapas que finalizam a cópia fotográfica. Laurentiz (1988) observa que a fotografia incluiu a meca- nização no sistema de expressão do homem ocidental. A cópia fotográfica, como produto mecânico, carrega consigo as qualidades do sistema industrial, ou seja, a representação ganha veloci- dade na sua produção; despersonifica-se a autoria por meio da interação entre homem e máquina; produzem-se objetos similares entre si, eliminan- do-se as diferenças individuais comuns às técnicas artesanais. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 1� UNIMES VIRTUAL Contemporaneamente, a Fotografia está presente nas manifestações ar- tísticas e cientificas, em suas diversas modalidades, seja na Medicina, Biologia, Astronomia, Agronomia, na Propaganda e na área da Comuni- cação, de um modo geral, incluindo-se, então, a área editorial que tem contado com enormes possibilidades de interferência ou manipulação, em virtude da tecnologia digital. A conquista da “imagem técnica” deve-se a investigadores que estavam realizando pesquisas em vários países ao mesmo tempo. Na França, na In- glaterra e também no Brasil do século XIX, os investigadores trabalhavam com materiais diversos, porém perseguiam o mesmo objetivo: fixar uma imagem, guardar uma memória “objetiva” de pessoas e de suas coisas. Não é fácil precisar as datas e etapas do processo que leva- ram à “invenção da Fotografia”, já que esta invenção deve- se a um sem número de investigadores nas mais diversas épocas e lugares. Entretanto, é possível apontar alguns destes fatos e descobertas como sendo relevantes para a sua configuração atual, como poderemos acompanhar na nossa próxima aula. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I1� UNIMES VIRTUAL Aula: 03 Temática: A invenção da fotografia: o processo óptico Nas aulas anteriores foi possível perceber como a “invenção da fotografia” instaura uma nova forma de a humanidade se relacionar com o mundo e agrega um instrumento que serve para ver o próprio mundo e interpretá-lo. Deste modo, a Fotografia é um instrumento de conhecimento ao fornecer informações sobre os objetos, os lugares ou as pessoas, em formas visuais tão diversas, além de preser- vá-los no tempo. O mundo tornou-se de certa forma ‘familiar’ após o advento da fotografia;o homem passou a ter um co- nhecimento mais preciso e amplo de outras realida- des que lhe eram, até aquele momento, transmitidas unicamente pela tradição escrita, verbal e pictórica. Com o advento da fotografia e, mais tarde, com o de- senvolvimento da indústria gráfica, que possibilitou a multiplicação da imagem fotográfica em quantidades cada vez maiores através da via impressa, iniciou-se um novo processo de conhecimento do mundo, porém de um mundo em detalhe, posto que fragmentário em termos visuais e, portanto, contextuais. Era o início de um novo método de aprendizagem do real, em função da acessibilidade do homem dos diferentes estratos sociais à informação visual direta dos hábitos e fatos dos povos distantes. Micro aspectos do mundo pas- saram a ser cada vez mais conhecidos através de sua cópia ou representação. O mundo, a partir da alvorada do século XX, se viu, aos poucos, substituído por sua imagem fotográfica. O mundo tornou-se, assim, por- tátil e ilustrado. (KOSSOY, 1989, p.15) Tecnicamente, a Fotografia constitui-se por dois processos distintos: um físico e outro químico. O processo físico refere-se às leis da Óptica (as ob- jetivas e a caixa escura que permitem a formação e captura da imagem). Esse processo já estava bastante avançado no final do Século XVIII. Nesse período, o processo químico, o que permite o registro latente da imagem em algum tipo de suporte sensibilizado, começava a amadurecer. Vamos indicar alguns momentos-chaves no desenvolvimento histórico desses dois processos. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 1� UNIMES VIRTUAL O processo físico da Fotografia origina-se na “Câmara Escura”. Trata-se de um quarto escuro, cujas salas são pequenas, onde era projetada na parede oposta, ou sobre uma tela, uma imagem invertida da vista exterior. Alguns historiadores afirmam que a primeira descrição sobre o funcio- namento de uma câmara escura data do Século V antes de Cristo. Essa descrição teria sido feita pelo sábio chinês Mo Tzu (479-438 a.C.). Dois séculos mais tarde, seria a vez do filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) referir-se à possibilidade de conservar a configuração do Sol e da Lua se observados através de um buraco sem forma determinada em qualquer lugar de penumbra que recebesse, de modo propício, um facho luminoso. Posteriormente, o sábio árabe que vivia em Constantinopla, Abu al-Hasan Ibn al-Haytham (965-1038, d.C.), conhecido no Ocidente como Alhazen, demonstrou a constatação de Aristóteles. Atribui-se a Leonardo da Vinci (1452-15l8) a comprovação da tese de Aristóteles, porém Leonardo conhecia a obra do árabe Alhazen. A proeza de Leonardo da Vinci foi aplicar o manejo da câmara escura para além da observação natural dos fenôme- nos astronômicos. Em suas anotações sobre “Como as imagens dos ob- jetos percebidos pelo olho se encontram no humor cristalino”, por volta de 1515, Leonardo demonstrou um paralelismo entre o funcionamento da câmara escura e o olho humano, sendo, neste caso, o primeiro a estabe- lecer tal comparação: Uma experiência que mostra como os objetos trans- mitem imagens ou simulacros que se cruzam dentro do olho no humor cristalino. Isso fica demonstrado quando por um pequeno orifício circular penetram em uma sala muito escura imagens de objetos muito iluminados Se recebes essas imagens em um papel branco situado dentro da sala e muito perto do tal ori- fício, verás no papel esses objetos com suas formas e cores íntegras, apesar de, por culpa do cruzamento, em menor tamanho e de cabeça para baixo. Se essas imagens procedem de um lugar iluminado pelo sol, pa- recerão como sendo pintadas no papel que deverá ser muito fino e apreciado ao contrário. (VINCI, [s.d.]). Depois de Leonardo, Gerolamo Cardano (1501-1576) adicionou uma lente de cristal biconvexo ao experimento da câmara escura para obter uma imagem mais brilhante e melhorar, assim, a visão do objeto. Seu discí- pulo Giambattista Della Porta (1535-1605) aperfeiçoou a lente introduzida por Cardano, adicionando ao mecanismo uma combinação de espelhos côncavos e convexos que, ao receber as imagens ao contrário, rebate as FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I20 UNIMES VIRTUAL imagens no sentido correto. Em sua obra Magiae Naturalis, aparecida em Nápoles por volta de 1589, Della Porta afirma: Se não sabeis pintar, com esse procedimento pode- reis desenhar o contorno das imagens com um lápis. Então não tereis mais que aplicar as cores. (...) Qual- quer pessoa, mesmo que ignore a arte do pintor, po- derá desenhar a imagem de qualquer objeto com um lápis ou uma pena. Um professor da Universidade de Pádua, Daniello Bárbaro (1513-1570), em sua obra “A prática da Perspectiva” advertiu quanto à possibilidade de diminuir as aberrações esféricas produzidas nas imagens pela câmara escura empregando um diafragma. Johannes Kepler (1571-1630) estudou a câmara escura em sua obra “Dióptrica” e construiu uma câmara trans- portável que levou em suas viagens para realizar desenhos topográficos e paisagens. A forma da câmara escura transportável de Kepler assemelha- va-se a uma barraca de acampar, de formato cônico e tecido negro, com um dispositivo giratório, a modo de periscópio em seu vértice, com um tubo com lente biconvexa e um espelho inclinado para projetar as imagens sobre um cavalete de desenho dentro da barraca. Em sua obra “Magiae Optica”, de 1657, Kaspar Schott co- menta que uma câmara escura, suficientemente pequena para ser levada embaixo do braço, trazida por um viajante vindo da Espanha lhe inspirara a construir uma câmara com duas caixas de madeira. As duas caixas de madeira da câmara de Schott deslizavam uma no interior da outra e permitiam graduar o enfoque da imagem proporcio- nada pelo tubo regulável formado por lentes biconvexas. Em 1686, Johann Zahn ilustrou sua obra “Oculis artificialis teledioptricus” com vários tipos de câmaras ópticas portáteis de tamanhos reduzidos e dispositivos de visores diferenciados com lentes que se moviam no in- terior para enfocar melhor a imagem, além de aberturas reguláveis para controlar a entrada de luz na câmara. No século XVIII, a câmara escura já era de uso e conheci- mento de vários estudiosos e alguns nobres curiosos. Os tratados de óptica e pintura da época oferecem detalhadas descrições sobre a variedade de modelos e tamanhos disponíveis naquele período. Era, porém, um objeto precioso presente na classe privilegiada e um instrumento de trabalho indispensável para os pintores. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 21 UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: A invenção da fotografia: o processo químico No decorrer de nossas aulas temos acompanhado o modo como a humanidade encontrou uma das formas mais práti- cas para gravar e reproduzir suas manifestações culturais. Baseados no princípio da “câmara escura”, os artistas e cientistas foram simplificando o trabalho de copiar objetos e cenas, utilizando “câmaras” dos mais diversos formatos e tamanhos. Ao princípio era necessário en- fiar-se dentro da própria “câmara” para conseguir uma imagem refletida em uma tela ou pergaminho preso na parede oposta ao orifício da caixa. Posteriormente, uma lente colocada no orifício da câmara melhorou o aproveitamento da luz; conjuntos de espelhos foram adaptados para reba- ter a imagem na tela; outros mecanismos foram adaptados para facilitar o enquadramento do assunto. Com esses e outros aperfeiçoamentos, a “câmara escura” foi se tornando cada vez menor. Assim, os produtores de imagens já podiam trabalhar do lado de fora da câmara, tracejando a imagem, protegidos por um pano escuro. Para o processo tornar-se mais automático, faltava substituir o pergami- nho por um material sensível à ação da luz capaz de registrar, “fixar” a ima- gem ao ser atingida pela luz refletida de um objeto. Vejamos quais foram os momentos-chaves na conquista desse processo químico. Em 1602, o cientista italiano Ângelo Saladescobriu que alguns compo- nentes de prata (nitrato de prata) escureciam quando expostos à luz. Sala chegou a reproduzir algumas imagens com o nitrato. As imagens desapa- reciam assim que a reação química tornava a prata negra. Sala e os de- mais investigadores que lhe sucederam nessa pesquisa, não haviam con- seguido encontrar um meio de interromper o processo de enegrecimento da prata. Em linguagem técnica, eles não conseguiram “fixar” a imagem antes que ela se tornasse um borrão totalmente negro. No final do Século XVIII e início do Século XIX, foi a vez do inglês Thomas Wedgwood repetir os mesmos experimentos com derivados de prata. Fi- lho de um produtor de cerâmicas, Wedgwood reproduzia silhuetas de fo- lhas e asas de insetos sobre placas de vidro tratadas com nitrato de prata. Wedgwood podia ver as imagens formando-se e desaparecendo gradual- mente, mesmo quando o processo era feito em um quarto escuro, onde a única luz provinha de uma vela. Suas inúteis tentativas para interromper FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I22 UNIMES VIRTUAL o processo de revelação consistiam em lavar com sabão e envernizar as placas. Ele foi um dos primeiros pesquisadores que tentaram reproduzir uma imagem externa ao colocar uma placa sensibilizada com prata dentro de uma câmara escura. Se ele já conhecesse as experiências comprova- das pelo sueco Carl Scheele, teria usado a amônia para fixar a imagem, tal como propusera Scheele. Nas primeiras décadas do século XIX, pesquisadores de di- versos países e das mais variadas profissões ajudaram a desenvolver a emulsão à base de sais de prata que tornaria possível o desenvolvimento da fotografia a partir de 1839. Os historiado- res são unânimes em afirmar que a primeira imagem reproduzida mecani- camente pela técnica, que seria denominada anos mais tarde de fotogra- fia, foi obtida entre 1824 e 1827 pelo inventor e tipógrafo francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833). A família de Niépce possuía uma gráfica, e seus experimentos com a reprodução mecânica de imagens tinham como objetivo a impressão direta de originais no papel. A tecnologia de então permitia apenas a impressão de desenhos e gravuras. Apesar de a capacidade de reação à luz do sol dos sais de prata ser um fato já conhecido entre pesquisadores desde o início do Século XVII, Niépce não obteve bons resultados durante o período em que os utilizou em suas expe- riências, pois as imagens que conseguia surgiam em negativo. O francês decidiu provar certo tipo de asfalto como emulsão fotográfica, conhecido por betume da Judéia, que proporcionava imagens já positivadas dos ob- jetos. A maior contribuição de Niépce surgiu em 1826, quando ele teve a idéia de colocar uma das placas revestidas com betume dentro de uma “câmara escura”. Após oito horas de exposição à luz, a placa foi retirada da câmara e banhada em óleo de lavanda. O resultado final da experiência produziu uma enfumaçada e pálida imagem das chaminés e telhados que podiam ser vistos da janela do seu laboratório. Esta vista é considerada a primeira “fotografia” da História, pois foi a primeira imagem a ser reprodu- zida mecanicamente sobre uma emulsão sensível à luz do sol. Paradoxalmente, a História, não atribui a Niépce a invenção da fotografia. Esta coube a outro francês, Louis-Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Informado das pesquisas de Niépce, Daguerre propôs sociedade à Niép- ce, em 1829. A sociedade não chegou a produzir frutos, pois Niépce não conseguiu fazer com que sua técnica baseada em uma “emulsão” à base de asfalto betuminoso, progredisse. Daguerre se concentrou em estudar maneiras de controlar as reações químicas provocadas pelo contato dos haletos de prata com a luz. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 23 UNIMES VIRTUAL Em 1837, Daguerre conseguiu, de forma acidental, reproduzir com fidelida- de uma vista de seu estúdio parisiense. Uma placa de metal, sensibilizada com iodeto de prata, que já havia sido exposta à luz numa câmara escura, foi guardada em um armário onde havia um termômetro quebrado. No dia seguinte, ao abrir o armário, Daguerre descobriu que os vapores de mer- cúrio que haviam vazado do termômetro, tinham revelado a imagem que havia sido gravada na chapa fotográfica. Nos dois anos que se seguiram, o artista parisiense iria aprimorar a técnica que possibilitaria a reprodução de imagens pela luz com uma qualidade até então nunca vista. A experiência de Daguerre foi o primeiro passo prático para a fotografia em toda a Europa, possibilitando combinar a chapa foto- sensível e a câmera escura. A partir daí, o aperfeiçoamento da técnica fotográfica teve muitas colaborações. Em uma reunião oficial da Academia de Ciências da França, em 19 de agosto de 1839, em Paris, relatou-se formalmente a descoberta do pro- cesso que permitira, com relativa facilidade e extraordinária qualidade, a fixação e a preservação de imagens captadas com as então rudimentares câmeras fotográficas. Nas semanas que se seguiram ao anúncio da inven- ção da fotografia, Paris foi tomada por fotógrafos amadores que, munidos de um vasto e pesado equipamento, invadiam as praças e ruas da cidade para experimentar a febre da daguerreotipia. A fotografia tornou-se domínio público em 1839, quando alguns deputados franceses, liderados por François Arago, propuseram à Câmara dos Deputados que o Estado francês comprasse a invenção de Daguerre, através do pagamento de uma pensão vitalícia ao inventor e ao filho e herdeiro de Joseph Niépce, para que o in- vento pudesse ser utilizado sem ônus de patente por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. (FREUND,1995) FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I2� UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: A invenção da fotografia no Brasil: as pesquisas de Hércules Florence A fotografia não foi inventada por uma única pessoa em uma época determinada da História. Ela é fruto de um tra- balho contínuo de pesquisas que vêm acontecendo desde o século V a.C. até os nossos dias. Muitos mecanismos e processos di- ferentes surgiram e desapareceram para guardar uma imagem “objetiva” das pessoas, lugares e coisas. Dedicaremos esta aula ao processo de in- vestigação de Hércules Florence (Nice, 1804 - Campinas, 1879) no Brasil do século XIX. O processo fotográfico do Daguerreótipo foi apresentado na Academia de Ciências de Paris em agosto de 1839. Seis meses depois, um jovem bra- sileiro de 14 anos, seduzido pelo novo invento, adquiria seu equipamento de daguerreotipia. O jovem em questão era dom Pedro II, com uma “visão” prospectiva sobre o papel que a fotografia poderia vir a desempenhar em vários setores culturais. Dom Pedro II foi responsável pela primeira grande coleção de Fotografia do Brasil. Até então havia poucas vistas do território brasileiro, pois, durante o período colonial, os portugueses proibiam a representação do Brasil para não atiçar a cobiça dos invasores. Muito se pode saber sobre o país no século XIX, analisando essa coleção de mais de 20 mil imagens guardadas pela Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Várias dessas imagens são de autoria do próprio dom Pedro II. As primeiras demonstrações da prática fotográfica no Brasil aconteceram no dia 17 de janeiro de 1840, quando o abade francês Louis Compte, re- gistrou o Passo da Cidade do Rio de Janeiro e o Mosteiro de São Bento, entre outras vistas tomadas. Dos daguereótipos feitos por Compte, só se conservam três deles que são considerados os mais antigos feitos nas Américas. Apesar de os norte-americanos terem sido os primeiros a rea- lizar um daguerreótipo na América, na cidade de Nova York, em 1836, não se conserva nenhum desses registros. Quando as primeiras experiências com o daguerreótipo começaram a ser comentadas na incipiente imprensa brasileira, os jornais do Rio de Janeiro e São Paulo receberam cartas e artigos de um francês chamado Hércules Florence, radicado na Vila de São Carlos, atualcidade de Campinas, estado de São Paulo, que reivindicava o descobrimento de um método capaz de FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 2� UNIMES VIRTUAL reproduzir imagens mecanicamente, criado por ele seis anos antes, em 1833. Florence afirmava que havia desenvolvido uma técnica que permitia a impressão, direta no papel, de gravuras e desenhos originais, por meio de placas de vidro e cópias em papéis tratados com sais de prata sensibi- lizados pela luz do sol. Em 1825, o francês Antoine Hércules Romuald Florence chegou ao Brasil para participar, como desenhista, de uma expedição científica ao interior do Brasil. Ao final da expedição, em 1829, Florence decidiu fixar residência em Campinas, onde realizou as suas primeiras “experiências fotográficas”. A partir de 1830, para suprir a ausência de uma gráfica em sua cidade, Flo- rence, que já havia trabalhado numa tipografia, começou a pesquisar uma forma de reproduzir os desenhos originais coloridos depois de testes com vários sais de prata e de outros metais, como o ouro. O francês conseguir imprimir rótulos para frascos de farmácia e diplomas em papéis tratados com nitrato de prata. Ele descobriu uma forma de preparar uma emulsão fotográfica eficiente: misturar nitrato de prata com sal de cozinha e hidró- xido de potássio, que podia ser fixada com amônia. Ao tomar conhecimento que um compatriota seu, Daguerre, havia descoberto um processo mais eficaz que o seu para “desenhar com a luz”, abandonou a sua investigação, mas não sem antes reivindicar, em vão, a paternidade do termo “Fotografia” e dos processos que desenvolvera no Brasil. As descobertas de Florence e sua luta por reconhecimento internacional caíram no esquecimento até que, em meados da década de 1970, o pesquisador paulista BORIS KOS- SOY (1980) conseguiu resgatar os originais dos trabalhos fotográficos e os registros dos procedimentos que o francês anotou meticulosamente em diários, em poder de descendentes do inventor. Hercules Florence morreu no ano de 1879 sem que a imprensa, cientis- tas e historiadores lhe dessem o devido crédito por sua invenção, apesar de ter enviado correspondências relatando seus experimentos até para a Academia de Ciências da França (KOSSOY, 1980). A data da invenção de Florence surpreende se a comparar- mos com o processo heliográfico de Niepce, em 1826 e a Daguerreotipia em 1839. É importante ressaltar que destes inventos, o processo de Hercules Florence era baseado no princípio da re- produtibilidade, tal como conhecemos o processo negativo/positivo. Dada a simultaneidade nas descobertas tecnológicas, torna-se difícil identificar um único inventor da Fotografia. Os avanços tecnológicos são provocados por uma necessidade emergente da sociedade como um todo. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I2� UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: Imagens de movimento aparente e eletrônicas Tacca (2005) observa que, entre o final do século XVIII e começo do século XIX, muitos aparelhos foram inventados para produzir imagens em movimento, desenhos principal- mente, e aparelhos que catalisaram o uso da perspectiva renascentista em um único ponto de fuga. Essa forma de representação foi homogeneizada por padrões de representação dos quais fomos herdeiros até a consolida- ção da tecnologia do vídeo. Vamos apresentar alguns momentos-chave na configuração dessa tecnologia. No final do século XIX, com cinco décadas de História do processo fotográ- fico, a grande expectativa nas investigações com a imagem era a conquis- ta do movimento. As pesquisas sobre a fisiologia do movimento humano e animal foram lideradas por Edweard Muybridge (1830-1904) e Etienne- Jules Marey. Muybridge (1830-1904) produziu uma obra memorável com seqüências de imagens de movimento humano linear, foto a foto. Essas experiências foram posteriormente apropriadas por artistas, como Marcel Duchamp (1887-1948) na pintura com seu Nu descendo a escada. Partindo de outro princípio, que não o quadro a quadro, Marey foi se apare- lhando para produzir imagens baseadas nas estruturas físicas do corpo hu- mano. Marey criou um modelo de roupa preta com pontos escolhidos em branco nas articulações, conseguindo imagens que mostram esses pontos de movimento no tempo. A diferença entre os dois reside na ordenação técnica. Muybridge produziu imagens em seqüências foto a foto e atingiu seu ápice quando o mesmo movimento foi fotografado de três ângulos diferentes em simultaneidade. Marey realizava suas imagens em um único negativo; o tempo do movimento era apreendido de modo contínuo sem as interrupções do quadro-a-quadro. As fotografias de imagens do movimento, obtidas por volta de 1878 por Muybridge e Marey, os pioneiros da “cronofotografia”, tiveram como re- sultado a invenção do cinematógrafo, pelos irmãos Auguste (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948), na França, e nos laboratórios do inventor norte-americano Thomas Edison (1847-1931). Edison designou seu assis- tente William Kennedy Laurie Dickson (1960-1935) para usar o fonógrafo como modelo para fazer imagens animadas que pudessem ser observadas por meio de um visor. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 2� UNIMES VIRTUAL Na época, o artista George Méliès (1861-1938), considerado o primeiro artista da tela técnica, decidiu experimentar introduzir fusões, fotografias com intervalo de tempo e iluminação artística ao cinematógrafo. Em sua obra de 1902, A Trip to the Moon (Viagem à Lua), Méliès mostra um “fogue- te” pousando no olho do homem da Lua. A arte da filmagem atraiu inúme- ros artistas, como: o norte-americano D.W. Griffith (1875-1948) com seu épico O Nascimento de uma Nação; o francês Abel Gance (1889-1981); os alemães Murnau (1888-1931) e Fritz Lang (1890-1976); o britânico Charles Chaplin (1889-1977); o russo Sergei Eisenstein (1898-1948). Todos foram dando forma ao que hoje conhecemos como cinema. No cinema temos um fenômeno denominado “movimento aparente”. Dois pontos luminosos pouco afastados no es- paço criam variações da distância temporal entre eles. Na medida em que o intervalo entre esses dois flashes for pequeno, eles são percebidos como contínuos. Caso contrário, se o intervalo for grande, os dois flashes serão vistos como dois acontecimentos distintos e sucessi- vos. É na zona intermediária, de 30 a 200 milisegundos entre cada flash, que surge o movimento aparente. Ao movimento aparente foram relacio- nadas diversas fórmulas denominadas a partir de letras do alfabeto grego, tais como o movimento alfa, com dois flashes situados no mesmo lugar, mas com tamanhos diferentes; o movimento beta corresponde à experi- ência do movimento de um ponto a outro. O conjunto desses fenômenos, muito diferentes entre si, porém aparentados, costuma ser chamado de efeito phi. Foi graças ao efeito phi que se desenvolveu a tecnologia do cinematógrafo. (AUMONT, 1995) O cinema faz uso de imagens fixas que, a partir de uma cadência regular (na passagem de um fotograma ao outro), resulta na chamada ilusão de realidade, ou melhor, ilusão de movimento. Desse modo, é possível afirmar que o espectador de cinema desfruta de um movimento aparente, constru- ído pelo estímulo luminoso descontínuo, que dá uma impressão de conti- nuidade e, além disso, uma impressão de movimento interno à imagem. As investigações com a imagem não pararam ao longo de todo século XX. Na década de 1920, em Nova York, nos estúdios da Radio Corporation of America (RCA), pesquisava-se intensamente para sincronizar o som às imagens do cinematógrafo. Ao mesmo tempo, as experiências realizadas com a eletricidade geravam os primeiros aparelhos que iriam transformar a captação e distribuição de imagens. A idéia de poder gravar um sinal elétrico através da magnetização de uma fita e, em seguida, reproduzi-la sem qualquer processamento já estava sendo desenvolvida para o som. O próximo passo seria adaptar essa tecnologia do áudiopara gravar o sinal elétrico contínuo produzido por uma câmera. A maior amplitude e a quan- FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I2� UNIMES VIRTUAL tidade de informação contida em uma imagem dificultava o processo em relação à tecnologia de áudio. Por volta de 1923, foram patenteados os primeiros ins- trumentos de varredura, baseados em tubos de raios ca- tódicos, que transformavam em freqüência eletrônica as imagens em movimento. A mutação desses aparelhos levou à obtenção da imagem eletrônica e à evolução da televisão. Uma imagem eletrônica é composta por cerca de 200 mil pontos de luz que preenchem a tela, compondo 525 linhas, segundo o padrão americano e em sua adaptação brasileira, ou 625 linhas, segundo o padrão europeu, em uma velocidade média de 50 ou 60 campos por segundo. Essa velocidade depende da tensão da rede elétrica. A imagem eletrônica é a tradução de um campo visual para sinais de energia elétrica. Obtém-se esse processo retalhando a imagem em uma série de linhas que são, por sua vez, varridas por um feixe de elétrons. As imagens que as lentes refratam são projetadas em uma superfície fotossensível reticulada chamada target. A capacidade do target para conduzir eletricidade varia de acordo com a quantidade de luz que incide sobre cada um dos seus pontos. A tecnologia da imagem eletrônica é complexa, porém as idéias básicas que a tornam possível podem ser facilmente compreensíveis. Vídeo é luz. A câmera eletrônica capta a luz, que a “enxerga” por meio de varredura com feixe de elétrons da mes- ma forma que seus olhos lêem este texto, da esquerda para a direita e de cima para baixo. Imagine que cada quadro pode ser compreendido como cada página deste texto que teria, no caso, 525 ou 625 linhas. A informa- ção destas linhas pode ser retransmitida por ondas eletromagnéticas. O televisor capta essas ondas e faz a mesma coisa que a câmera, porém ao contrário. Ele recebe o sinal codificado e o retransmite para os pontos da sua tela. Estes pontos brilham quando são varridos pelo feixe proveniente dos canhões eletrônicos do televisor. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 2� UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: A consolidação da imagem eletrônica A tecnologia da imagem eletrônica e todas as demais tec- nologias dela derivadas não surgiram por acaso, como o daguerreótipo. Ela resultou de uma acumulação de capital na área de entretenimento de massa. A tecnologia do período industrial foi voltada para a produção de bens públicos, como as estradas de ferro, a iluminação elétrica e o cinema. A tecnologia do início do século XX dirige- se aos bens de consumo individual e doméstico, dos indivíduos isolados em sua privacidade. O termo vídeo abrange o conjunto de todos esses fe- nômenos significantes que se deixam estruturar na forma simbólica da imagem eletrônica, ou seja, como imagem codificada em linhas sucessivas de retículas luminosas. Nesse sentido, abrange também isso que convencionalmente nós chamamos de televisão, ou seja, o modelo de broadcasting de difusão da imagem eletrônica”. (MACHADO, 1995, p. 7) O modelo broadcasting refere-se ao modelo de radiodifusão, o da emissão de ondas hertzianas. A partir da década de 1940, vultosos financiamentos permi- tiram florescer uma estrutura de transmissão televisual massiva nos Estados Unidos. O ritmo desse desenvolvimento caiu um pouco no período da Segunda Guerra Mundial. Na Europa, ele ganhou impulso com o fim da Segunda Guerra. Desde sua origem, o sistema televisual utilizou as ondas eletromagnéticas para a sua distribuição. Os diferentes Estados declararam a necessidade técnica de distribuir faixas de onda, de modo a evitar o congestionamento do espectro e a interferência mútua das emissoras. A maioria dos gover- nos nacionais instituiu sistemas de controle das emissões, sendo a única autoridade com poderes para emitir sinais de tevê, como foi a opção euro- péia, ou para conceder licenças de emissão, como o modelo americano. Trazida ao Brasil pela mão de Assis Chateaubriand, em 1950, a transmissão televisual no Brasil é uma concessão do Estado que pode ser suspensa a depender de fatores políticos, econômicos, sociais e culturais. Na década de 1970, viveu um de seus momentos de maior expansão, fomentada pelo regime militar instalado com o golpe de Estado de 1964, assim como, 40 anos antes, foi promovida a difusão do rádio pelo Estado Novo. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I30 UNIMES VIRTUAL A estrutura de transmissão eletromagnética, que parte de um pólo irra- diador aos receptores individuais distribuídos por uma grande extensão geográfica, potencializa a homogeneização política e a pasteurização cul- tural. Milhões de aparelhos receptores distribuídos por um território rece- bem diariamente a mesma informação autorizada pela mesma instituição governamental. Esse fato tem levado muitos estudiosos, como Theodor Adorno (1903-1969), Jerry Mander, Gunther Anders (1902-1992), a criti- carem severamente o meio televisivo por compreendê-lo como fonte de comportamentos passivos que gera a autocracia e os regimes totalitários. A discussão acerca dos possíveis efeitos da transmissão televisual sobre as pessoas tem sido polarizada entre a veneração pelo progresso técnico e a rejeição a esse meio, que enfatiza os efeitos semi-hipnóticos e criadores de “teledependência”. Apesar das enfáticas críticas que têm sido feitas ao sistema televisual, os aparelhos receptores estão distribuídos pelo mundo. Com a configuração das tecnologias do videoteipe, entre 1952 e 1956, do portapack, em 1965, e do videocassete, em 1970, as possibilidades do sis- tema televisual começam a ser exploradas enquanto sistema expressivo. Assim surgiu uma produção artística conhecida como videoarte, a qual se inseriu no debate cultural do sistema televisual a partir da década de 1960. Vários artistas trataram de navegar contra a corrente dos meios de comunicação de massa e a teledependência que esses meios poderiam, potencialmente, criar nos visualiza- dores. Essa corrente pretendia uma intervenção anárquica no mundo dos dispositivos eletrônicos a partir da desconstrução dos princípios formativos da imagem técnica. Salientava as tecnologias utilizadas pelo poder institu- cional para o controle e disciplina do cidadão, como, por exemplo, os circui- tos internos de televisão, a escuta telefônica ou o detector de mentira. A videoarte ou arte do vídeo nasceu nos estúdios de emissoras de tele- visão, em São Francisco, Nova York e em laboratórios experimentais de universidades européias. O sistema televisual de retransmissão tem, em geral, ignorado essa produção que, paradoxalmente, utiliza adequadamen- te o código videográfico. Vamos nos referir ao código videográfico, compreendendo o conceito de código como um conjunto de regras reconhe- cível tanto pelo produtor quanto pelo intérprete por meio do qual as mensagens são construídas ou convertidas de um sistema de re- presentação à outro. Desse modo, o sistema televisual de retransmissão ignora a produção de videoarte que utiliza adequadamente o código vide- ográfico e retransmite produções criadas para outros meios como podem ser os filmes para o cinema. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 31 UNIMES VIRTUAL Assistimos a produtos desfigurados na tela da tevê, filmes cinematográficos comprimidos e dublados, enquanto a produção videográfica propriamente dita teve de encontrar outro espaço para fazer circular sua produção. A produção de videoarte, ou arte do vídeo, teve de encontrar um outro espaço para fazer circular sua produção. Um espaço menos comprometido com a centralização de interesses e com o alto custo do modelo broadcasting: O vídeo stricto sensu, ou seja, aquele produzido e difundido fora do circuito televisual, pode investir no aprofundamento da função cultural da televisão, avan- çando, de um lado, na experimentação das possibili- dadesda linguagem eletrônica, e buscando exprimir, de outro, as inquietações mais agudas dos homens de nosso tempo. Ele executa, no domínio da televi- são, uma função cultural de vanguarda, no sentido produtivo do termo: ampliar os horizontes, explorar novos caminhos, experimentar outras possibilidades de utilização, reverter a relação de autoridade entre produtor e consumidor. de modo a forçar um progres- so da instituição convencional da tevê, demasiada- mente inibida pelo peso dos interesses que nela são colocados em jogo. (MACHADO, 1995:10) Os avanços alcançados nas câmeras de vídeo e nos supor- tes de gravação magnéticos estão cada vez mais afetados pela tecnologia digital. O crescente uso da tecnologia da in- formática em vídeo está levando à substituição dos suportes de gravação magnéticos pelas memórias de estado sólido (chips), utilizadas nos com- putadores. Esse fato está levando a um barateamento dos custos desses equipamentos, o que os torna cada vez mais acessíveis à população de um modo geral, e, potencialmente, pode transformar a condição geral da população de intérpretes de imagens em produtores de imagens. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I32 UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: Modos de relação imagem/mundo: simbólico, epistêmico e estético Por meio da fotografia, algo ou alguém situado em um dado momento diante do objetivo de uma câmera é registrado em um suporte que permitirá sua difusão, coleção e exibição. O que aparece em uma fotografia esteve diante do objetivo da câmera. A fotografia é o que foi, isto é, o que existiu em um momento dado. Tal como a fotografia, o vídeo também tem sido utilizado como uma ferramenta de registro documental. Essa característica agrega à fotografia um status de “cópia da realidade”, porém a fotografia não é uma cópia fiel da realidade, nem somente uma re- produção de algo que existe ou existiu em um momento dado. A fotografia é uma representação muito mais codificada do que habitualmente se admite. A imagem fotográfica se separa da realidade e até mesmo da percepção humana da realidade. Ela elimina as informações sonoras, táteis e olfativas que não são suscetíveis de serem reproduzidas pelos meios ópticos. Re- duz a tridimensionalidade característica da realidade à bidimensionalidade própria do plano, enfatizada em um quadro escolhido pelo fotógrafo como limite, em uma evidente alteração da escala de representação. A foto- grafia não reproduz o movimento, mesmo que seja capaz de captar esse movimento mediante recursos convencionais da linguagem visual, como estudaremos na Unidade 2. No plano testemunhal, em sua dimensão histórica, trata-se a fotografia como um documento, integrado por suporte e informação, transmissor de uma mensagem codificada que exige um esforço de decodificação por par- te do destinatário. Quando um documentalista analisa uma fotografia, ele não analisa a realidade, mas sim uma representação da realidade que tem sido percebida pela humanidade como muito fiel, apesar dos seus códigos de representação. Este fato confere à fotografia uma função de memória individual e coletiva. Gastaminza (2002) indica que a fotografia pode estabelecer três modos de relação com o mundo: Modo simbólico: presente desde as origens da humanidade na utilização da imagem como símbolo mágico ou religioso, desde os bisontes de Altamira. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 33 UNIMES VIRTUAL Modo epistêmico: a imagem aporta informações de caráter visual sobre o mundo. Tem uma função geral de conhecimento. A imagem fotográfica cumpre essa função mediadora; o fotógrafo representa o lugar do fato e incorporamos o que não foi vivido por nós à nossa memória. Esta função de conhecimento e mediação é especialmente significativa na fotografia documental, científica e de imprensa. Modo estético: a imagem fotográfica está destinada a proporcionar sen- sações específicas. A partir desses três modos de relação imagem/mundo, têm surgido classificações, cujo objetivo é estabelecer uma tipologia para a prática fotográfica. Barthes (1984) indica que a fotografia se esquiva de qualquer classificação. As divisões às quais ela é submetida são de fato ou empíricas (Profissionais/Amadores), ou retóricas (Pai- sagens/Objetos/Retratos/Nus) ou estéticas (Realismo/ Pictorialismo), de qualquer modo exteriores ao objeto, sem relação com a sua essência, que só pode ser (caso exista) o Novo de que ela foi o advento, pois essas classificações poderiam muito bem aplicar-se a outras formas, antigas, de representação. Diríamos que a Fo- tografia é inclassificável. (BARTHES, 1984, p. 13) Apoiando-nos em Barthes (1984), a respeito da inclassificação da Fotografia, vamos estabelecer um eixo organizador da nossa exposição a partir da rela- ção mais “declarada” pelo produtor da imagem. Nesse sentido, entendemos que alguns fotógrafos buscariam uma relação mais estética com o mundo por meio das imagens produzidas. Desse modo, apresentaremos a produção fotográfica que se identifica sob o movimento do pictorialismo, fotografia artística, foto-arte. Outros fotógrafos estabelecem uma relação mais epistê- mica com as imagens, que seria a produção documentária e para imprensa. Lembramos que fazemos esta divisão a fim de apresentar a produção foto- gráfica ao longo da História na Unidade 3, pois consideramos que todas as imagens podem estabelecer uma relação multimodal com o mundo. Gastaminza (2002) exemplifica esse aspecto multimodal da Fotografia com a imagem produzida por Robert Capa, do Soldado Republicano morto na Guerra Civil da Espanha. Essa fotografia foi produzida para um contexto jornalístico para informar sobre a Guerra Civil Espanhola, ou seja, estabele- cer uma relação epistêmica. Porém, ao mesmo tempo, essa imagem tam- bém apresenta um forte apelo estético. Na época, essa imagem transfor- mou-se em um símbolo para os republicanos espanhóis e todos os demais FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I3� UNIMES VIRTUAL cidadãos do mundo que se identificavam e para aqueles que continuam se identificando com a causa da liberdade e da democracia. As fronteiras entre esses modos de relação de uma imagem com o mundo são difusas. Na aula 2 afirmamos que, potencialmente, os signos podem produzir efeitos de sentido de verdade no intérprete do sig- no. Esse efeito de verdade tem acompanhado a Fotografia desde seus inícios, sobretudo por sua reprodução técnica e sua suposta neutralidade. O discurso da fotografia como um espelho do real, repro- duzido pelo aparelho técnico, sem influência da mão humana é, também, um discurso ideológico. Esse discurso ideológico tem sido explorado para reforçar a posição de grupos sociais hegemônicos em diversos períodos históricos através da vigilância e manipulação, como poderemos constatar na próxima aula. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 3� UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: Modos de relação imagem/mundo: vigilância e manipulação Em nossa primeira aula conceituamos a tecnologia visual como qualquer forma de dispositivo desenhado para ser ob- servado e/ou para aumentar o processo fisiológico da visão humana, como a câmera fotográfica. Na aula 8 afirmamos que as imagens técnicas podem estabelecer um modo simbólico, epistêmico e estético com o mundo. O modo epistêmico enfatiza as informações de caráter vi- sual sobre o mundo, o que pode estar acontecendo em algum lugar, em algum momento e “fixar” essa informação. Esta função também têm sido explorada para espionar, para “provar”, tanto como para “vigiar” e mani- pular determinados fatos. Benjamin (1986) observa que a Fotografia, desde o início, também tem sido utilizada para espionar. Um dos primeiros fotógrafos e retratistas do século XIX, Nadar (nome adotado por Gaspard-Félix Tournachon,1820-1910) uti- lizou a câmera fotográfica e as imagens que produziu com uma finalidade militar, acompanhandoos movimentos das tropas prussianas, durante a Guerra Franco-Prussiana. Também no século XIX, os “Comuneros” de Pa- ris deixaram-se, ingenuamente, fotografar e representar seu júbilo para o mundo. Essas mesmas imagens foram utilizadas para identificar cada um dos participantes no levante e puni-los por sua participação. Essa possibilidade da imagem técnica, fixa ou em movimento, tem sido amplamente utilizada ao longo de todo o século XX. O regime militar instau- rado no Brasil de 1964-1986, por exemplo, utilizou a fotografia para identi- ficar e punir os participantes das manifestações estudantis e operárias da época. O exército americano utilizou as imagens produzidas por soldados na guerra do Iraque, como prova da conduta desumana desses soldados com os prisioneiros de guerra, na prisão de Abu Ghraib, em 2006. A força do discurso sincrético que a tecnologia visual, potencialmente, pro- picia cria novos modelos de vigilância e manipulação, tanto em regimes to- talitários como em regimes democráticos, ou supostamente democráticos. Principalmente os regimes autoritários usaram do re- toque químico na fotografia para criar um imaginário social e uma convenção reducionista da realidade, fa- zendo desaparecer da representação os opositores ou algo que fosse contrário à ideologia dominante, além FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I3� UNIMES VIRTUAL do culto à personalidade. As imagens de Mao, na Chi- na, de Guevara, em Cuba, de Stálin, na União Sovié- tica, e o culto à personalidade no nazismo são exem- plos do ícone na esfera do simbólico, assim como o são as imagens de Elvis, Marilyn e os novos ídolos da comunicação de massa. (TACCA, 1995, p.15) No Brasil, durante o regime do Estado-Novo (1937-1945), o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão da Presidência da República, atuou como peça-chave para a manutenção desse projeto político-ideológico. As imagens e documentários produzidos por essa máquina de comuni- cação promoveram o culto personalista de Getúlio Vargas, como o “Pai dos Pobres”. A produção cultural do DIP englobava o Cinejornal Brasileiro, documentário de curta metragem, de exibição obrigatória, que antecedia a programação dos cinemas. O documentário traduzia a crônica política nacional na voz e figura de Getúlio Vargas e seus ministros nas diversas inaugurações de obras públicas e cerimônias oficiais. A força das ima- gens assegurava à população a credibilidade das realizações do regime, porém muitas dessas imagens recebiam tratamento especial no processo de montagem. Henrique Pongetti, responsável pela produção e edição de grande número desses documentários, trucou imagens para aumentar a estatura de Getúlio Vargas e transformá-lo em um exímio jogador de golfe, apesar das desastrosas tacadas do presidente. Podemos fazer uma exer- cício de imaginação sobre o poder dessas imagens na população do Brasil que, em 1940, contava com 56,4% de não-letrados (GOULART,1990). As imagens produzidas por Leni Reifhensthal (1912-2003) também podem ser utilizadas como outro exemplo do uso da fotografia, e do cinema, para “impor uma única visão da sociedade, um único olhar social construído sobre a realidade na qual ‘você só pode ver com meus olhos’. Uma rea- lidade construída ilusoriamente, mas reconhecida como uma convenção pela sociedade oprimida e sem alternativas para outros olhares críticos e distanciados do jugo totalitário” (TACCA, 1995, p. 15) O jornalista francês Alain Joubert organizou, em 1986, uma exposição, que também ganhou formato de livro, intitulada As fotos que falsificam a história. Nessa coleção Joubert expôs documentos históricos fotográficos que sofreram todo tipo de manipulação a mando de governos totalitários. Muitas imagens dessa coleção foram produzidas para monumentalizar de- terminados acontecimentos a partir dos próprios recursos da linguagem formal, como a angulação, que será abordada na Unidade 2. Outras ima- gens foram “trucadas” para fazer desaparecer personagens incômodos a determinados regimes. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 3� UNIMES VIRTUAL A coleção As fotos que falsificam a história, de Joubert, constata como as imagens também podem ser utilizadas com a intenção de falsificar a História. Essa constatação reforça o posicionamento de artista e educadores que enfatizam o modo de relação epistêmico da imagem na Pedagogia Cultural. Nesse enten- dimento, a Cultura (e seus modos de produção) refere-se ao espaço em que se estabelecem e, ao mesmo tempo, podem ser contestadas as di- ferenças culturais. A esfera cultural é o espaço no qual se trava a disputa dos significados. Os grupos culturais com maior poder tentam fixar certos significados e os grupos subordinados procuram fazer frente à imposição de significados que sustentam os interesses dos grupos culturais mais poderosos. Nesse sentido, as imagens fotográficas e videográficas, como textos culturais, também oferecem um espaço no qual o significado pode ser fixado e negociado. Uma das alternativas de resistência à fixação de significa- dos das imagens é conhecer os elementos formais da lin- guagem visual, atividade que desenvolveremos em nossa próxima Unidade. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I3� UNIMES VIRTUAL Resumo - Unidade I Nesta Unidade focalizamos a sociedade contemporânea, pós-industrial, que tem sido compreendida por alguns au- tores a partir da metáfora da “sociedade do espetáculo”. Trata-se de uma sociedade imersa nas imagens tecnicamente produzidas que interferem na capacidade de a humanidade “ver e interpretar” critica- mente o mundo, sendo o “espetáculo” a base da alienação da sociedade. A Tecnologia Visual, toda e qualquer forma de dispositivo desenhado para ser observado e ou para aumentar a visão natural, produz a ”imagem téc- nica”, aquela realizada por aparelhos. A fotografia é um modo de expressão visual, isto é, uma representação plástica resultante de procedimentos tecnológicos. Incluiu a mecanização no sistema de expressão do Homem ocidental. Pelo momento histórico em que a fotografia configurou-se, meados do século XIX, ela também res- pondeu às características próprias do sistema de produção de sua época: o sistema industrial. A máquina fotográfica é considerada um dispositivo sensório que imita os aparelhos receptores humanos, altera a visualidade humana e produz formas de memória extra-sensória. A visão refere-se ao processo fisiológico em que a luz impressiona os olhos e a visualidade como a construção do olhar socializado. A conquista da “imagem técnica” deve-se a investigadores que estavam realizando pesquisas em vários países ao mesmo tempo. Os investiga- dores trabalhavam com materiais diversos, porém perseguiam o mesmo objetivo: fixar uma imagem, guardar uma memória “objetiva” de pessoas, coisas. A História Ocidental atribui a Louis-Jacques Mandé Daguerre (1787-1851) a invenção da Fotografia por ter relatado seu processo de captação da imagem na Academia de Ciências da França, em 19 de agos- to de 1839. A fotografia tornou-se domínio público em 1839, quando o Estado francês comprou a invenção de Daguerre. No Brasil do século XIX, o francês Hércules Florence conseguiu reprodução de imagens em papéis tratados com sais de prata e sensibilizados pela luz do sol, em 1833. As fotografias de imagens do movimento, obtidas por volta de 1878 por Muybridge e Marey, pioneiros da “cronofotografia”, resultaram na inven- ção do cinematógrafo, pelos irmãos Lumière, na França, e nos laboratórios do inventor norte-americano Thomas Edison. No cinema temos um fenô- meno denominado “movimento aparente”. Dois pontos luminosos pouco FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I 3� UNIMES VIRTUAL afastados no espaço criam variações da distância temporal entre eles. O conjunto desses fenômenos é denominado efeito phi. Foi graças ao efeito phi que se desenvolveu a tecnologia do cinematógrafo. As experiências realizadascom a eletricidade geraram os primeiros aparelhos que iriam transformar a captação e distribuição de imagens. A idéia de poder gravar um sinal elétrico por meio da magnetização de uma fita e, em seguida, reproduzi-la sem qualquer processamento levou à obtenção da imagem eletrônica. Uma imagem eletrônica é composta por cerca de 200 mil pontos de luz que preenchem a tela compondo 525 linhas, no padrão americano e na sua adaptação brasileira, ou 625 linhas no padrão europeu, em uma velo- cidade média de 50 ou 60 campos por segundo. Essa velocidade depende da tensão da rede elétrica. Obtém-se esse processo retalhando a imagem em uma série de linhas que são, por sua vez, varridas por um feixe de elé- trons. As imagens que as lentes refratam são projetadas em uma superfí- cie fotossensível reticulada, chamada target. A capacidade do target para conduzir eletricidade varia de acordo com a quantidade de luz que incide sobre cada um dos seus pontos. A tecnologia da imagem eletrônica, e todas as demais tecnologias dela derivada, não surgiu por acaso, como o daguerreótipo. Ela resultou de uma acumulação de capital na área de entretenimento de massa. A estrutura de transmissão eletromagnética, que parte de um pólo irradiador aos recep- tores individuais distribuídos por uma grande extensão geográfica, poten- cializa a homogeneização política e a pasteurização cultural. A discussão acerca dos possíveis efeitos da transmissão televisual sobre as pessoas tem sido polarizada entre a veneração do progresso técnico e a rejeição a esse meio que enfatiza os efeitos semi-hipnóticos e criadores de “telede- pendência”. Apesar das enfáticas críticas que têm sido feitas ao sistema televisual, os aparelhos receptores estão distribuídos pelo mundo. Com a consolidação da tecnologia videográfica entre as décadas de 1960 e 1970, elas começaram a ser exploradas enquanto sistema expressivo. Assim surgiu uma produção artística conhecida como videoarte. As imagens podem estabelecer três modos de relação com o mundo: simbólico, epistêmico e estético. O modo epistêmico fixa determinadas informações, produz uma “ilusão especular”, um discurso ideológico das imagens técnicas como cópia fiel da realidade que também pode ser ex- plorada para espionar, para “provar”, bem como para “vigiar” e manipular determinados fatos. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I�0 UNIMES VIRTUAL Referências Bibliográficas ABADIA, J.M. Introducion a la tecnologia audiovisual. Barcelona: Edi- ciones Paidos, 1993. AUMONT, Jacques. A imagem. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995. BARTHES, R. A câmara clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. BENJAMIN, Walter. Pequena história da fotografia. in: Magia e técnica, arte e política. 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A máquina fotográfica incorpora, em seu mecanismo, dispositivos químicos que permitem a transmissão das imagens por ondas hertzianas. A máquina fotográfica é um dispositivo sensório que imita os aparelhos receptores humanos. A máquina fotográfica é um tipo de dispositivo mecânico que retalha as imagens em 525 linhas varridas por um feixe de elétrons. 4) Sobre o conceito “visualidade”, pode-se afirmar que: Refere-se ao processo fisiológico da visão. Refere-se ao processo tecnológico da vigilância. Refere-se ao processo de construção do olhar socializado. Refere-se ao processo técnico de manipulação das imagens. 5) Das alternativas a seguir, identifique a alternativa falsa: O processo fotográfico permite captar, exibir e reproduzir tecnicamente uma imagem. O processo fotográfico diminuiu o fenômeno de circulação das imagens desde o século XIX. O processo fotográfico alterou e também tem configurado a visualidade humana. O processo fotográfico permite a reprodução de signos e formas de memória extra-somática. a) b) c) d) a) b) c) d) a) b) c) d) a) b) c) d) a) b) c) d) FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM EM MULTIMEIOS I �3 UNIMES VIRTUAL Unidade II A linguagem fotográfica e videográfica Objetivos Contextualizar a questão da linguagem nas Artes Visuais. Abordar as propostas interpretativas da imagem fotográfica de Roland Barthes e Phillipe Dubois. Apre- sentar os elementos formais dos códigos fotográficos e videográficos, indicando suas diferenças e aproximações. Plano de Estudo Esta unidade conta com as seguintes aulas: Aula: 10 - A linguagem fotográfica Aula: 11 - A abordagem de Roland Barthes Aula: 12 - A abordagem de Phillipe Dubois Aula: 13 - Elementos formais da linguagem fotográfica: o plano, o foco, a forma e a textura Aula: 1� - Elementos formais da linguagem fotográfica: o ângulo, a iluminação, as cores Aula: 1� - Elementos formais da linguagem fotográfica: o contraste, o movimento, o ritmo, o equilíbrio e a relação espacial imagem/intérprete Aula: 1� - Elementos formais da linguagem videográfica: os planos, os movimentos de câmera, as cores Aula: 1� - Elementos da linguagem videográfica: a iluminação, a tonalidade, o som, a edição - a transparência e a opacidade dos meios Aula: 1� - Projetos com imagens
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