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Trabalho de Direito Penal. Erro de Proibição - Erro de Tipo - Erro de Pessoa - Resultado diverso do Pretendido

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Trabalho de Direito Penal A2 
 
1) Erro de proibição 
 
 a) Definição doutrinária: 
 
É sabido que uma vez publicada no Diário Oficial da União, a lei se presume 
conhecida por todos. Logo, não nos é dado desconhecer a lei. É possível, no 
entanto, que o agente, mesmo conhecendo a lei, incida em erro quanto à 
proibição do seu comportamento, valorando equivocadamente a 
reprovabilidade da sua conduta, podendo acarretar a exclusão da 
culpabilidade (CUNHA, 2016, p. 298) 
 
b) Decisão: 
 
DIREITO PENAL. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. ERRO DE 
PROIBIÇAO ESCUSÁVEL CARACTERIZADO. REFORMA DA SENTENÇA. 
Ementa 
1) Aplica-se a excludente de culpabilidade de erro de proibição escusável, 
prevista no art. 21 do Código Penal, ao ribeirinho rurícola e morador do interior 
de nosso Estado que possui arma de fogo a fim de proteger sua família e caçar 
animais para prover a subsistência de sua família; 
2) Recurso provido. 
 
 2) Erro de tipo 
 
 a) Definição doutrinária: 
 
“Erro de tipo é aquele que incide sobre o elemento essencial do tipo. É a falsa 
representação deste elemento, não importa se o objeto do erro se localiza no 
mundo dos fatos, importa que faça parte do tipo legal” 
Bitencourt, nesse sentido, exemplifica: Por exemplo, no crime de calúnia, o 
agente imputa falsamente a alguém a autoria de um fato definido como crime 
que, sinceramente, acredita tenha sido praticado. Falta-lhe o conhecimento da 
elementar típica `falsamente´, uma condição do tipo. Se o agente não sabia 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637584/artigo-21-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/código-penal-decreto-lei-2848-40
que a imputação era falsa, não há dolo, excluindo-se a tipicidade, 
caracterizando o erro de tipo. Igualmente, no crime de desacato, o agente 
desconhece que a pessoa contra a qual age desrespeitosamente é funcionário 
público, imaginando que se trata de um particular normal. Falta a elementar do 
tipo `funcionário público´, desaparecendo o dolo do crime de desacato, 
podendo configurar, como forma subsidiária, quem sabe, o crime de injúria. 
 
(BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte Geral. São 
Paulo: Editora Saraiva, 2006. Pg.473) 
 
 b) Decisão: 
 
RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME DESCRITO NO ART. 14 DA LEI Nº 
10.826/2003. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR FALTA DE JUSTA 
CAUSA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA. DECLARAÇÃO DE EXTINÇÃO 
DA PUNIBILIDADE. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO. 
ALTERAÇÃO DO PANORAMA FÁTICO-PROCESSUAL. PERDA DE OBJETO. 
DECISÃO 
Contra a decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas que denegou a 
Ordem no HC n. 0802892-90.2015.8.02.0000 (fls. 55/62), por unanimidade de 
Votos, interpõe recurso ordinário Bruno Henrique dos Santos – preso em 
Flagrante em 14/2/2014, sob a acusação da prática do crime de porte ilegal de 
Arma de fogo de uso permitido (art. 14 da Lei nº 10.826/2003) encontrada no 
Veículo em que conduzia. O acórdão tem esta ementa (fl. 56): 
Neste Tribunal Superior, o recorrente almeja, em síntese, o 
Trancamento da ação penal a que responde, por falta de justa causa. 
Em seu favor, traz as seguintes razões (fls. 65/68): 
Superior Tribunal de Justiça 
O automóvel no qual foi apreendida a arma de fogo pertencia à mãe do 
paciente, a qual trabalhava, na época, como guarda municipal, desconhecendo 
ele que se encontrava escondida embaixo do banco do motorista uma arma de 
fogo. 
Naquele dia, o paciente havia saído com o carro da mãe para dar uma volta 
com os amigos e, ao ser parado numa blitz, foi surpreendido com a apreensão 
da arma de fogo. 
Ouvida perante a autoridade policial, a mãe do paciente confirma a propriedade 
da arma de fogo e o desconhecimento, pelo seu filho, de que o artefato se 
encontrava no veículo. 
Vê-se então, que o caso em exame configura hipótese do chamado Erro de 
Tipo, isto é, uma situação que impede a compreensão, pelo agente, do caráter 
criminoso do fato ou que conheça alguma circunstância a ele relacionada, 
assim excluindo a tipicidade. 
Com efeito, ao sair para passear com amigos no carro da mãe, Bruno Henrique 
dos Santos Silva, desconhecia ter escondido, no veículo, uma arma de fogo 
sem registro. Sua mãe costumava sair armada de casa, e não é razoável 
esperar que, ao utilizar o veículo da família, o jovem fizesse uma busca no 
carro ou verificasse embaixo dos bancos, nos tapetes e porta-luvas do carro, 
porque assim ninguém o faz. 
De maneira alguma houve dolo na sua conduta, exatamente pela circunstância 
dele desconhecer que praticava qualquer ilícito penal naquela oportunidade. O 
paciente não teria como prever que no veículo havia escondido, em local de 
difícil acesso, uma arma de fogo, sendo sua conduta então atípica, por erro de 
tipo inevitável. 
Nesse sentido, ausente o dolo, falta elemento integrante e fundamental da 
configuração típica do art. 14 da Lei 10.826/03 (não há previsão de tipo 
culposo), assim determinando a absolvição sumária do agente, nos termos do 
art. 20 do Código Penal. 
Nessa vereda, seja pela ausência de dolo em razão de erro de tipo, seja pela 
ineficácia absoluta do meio empregado - Não constituindo crime o fato narrado, 
não resta dúvida de que o recebimento da denúncia levada a efeito pelo MM. 
Juízo de Direito da 4ª Vara Criminal da Capital representa constrangimento 
ilegal à liberdade de locomoção do paciente. 
Superior Tribunal de Justiça 
Requer, em sede de liminar, a suspensão do trâmite da ação penal 
até o julgamento de mérito do presente recurso. 
(STJ - Recurso em Habeas Corpus Nº 76.701 - AL - 2016/0259350-4. Relator: 
Ministro Sebastião Reis Júnior - DJe: 23/11/2016 Pág. 3 de 4) 
 
 3) Erro de pessoa 
 
 a) Definição doutrinaria: 
 
O erro quanto a pessoa contra qual o crime é praticado não isenta de pena. 
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão 
as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
Nesta espécie de erro, o dolo existe, pois há vontade livre e consciente de 
praticar a conduta delituosa. O agente se confunde na identificação da vítima e 
nada modifica a classificação do crime por ele cometido. 
Exemplo: Maria em estado puerperal decide matar seu filho. A noite, vai ao 
berçário e mata a criança. No dia seguinte, descobre que por erro, matou outra 
criança ao invés do seu filho. Mesmo assim, Maria responderá pelo crime de 
Infanticídio do art. 123 do CP c/c art. 20§ 3º CP, pois não deve-se levar em 
consideração as condições e qualidades da vítima e sim as da pessoa contra 
quem o agente queria praticar o crime. 
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal Parte Geral, (art. 1 ao 
120). Vol. Único. 4º. Ed. Rev. Ampl. E atual. Salvador: JusPODIVM, 201 
 
b) Decisão: 
 
HABEAS CORPUS. ERRO DE PESSOA NÃO COMPROVADO. 
EXACERBAÇÃO INDEVIDA DA 
1. PENA INOCORRENCIA. DOCUMENTO FALSIFICADO: USO NÃO 
DEMONSTRADO. NÃO CONSEGUINDO DEMONSTRAR O PACIENTE, NO 
ÂMBITO ESTREITO DO 'HABEAS CORPUS' QUE HAVIA ERRO QUANDO A 
SUA PESSOA, EM LHE SER ATRIBUIDO O ILICITO, NÃO E POSSIVEL 
DECLARA-LO ISENTO DE CULPABILIDADE. A PENA IMPOSTA NÃO E DE 
SE TER COMO INDEVIDAMENTE EXACERBADA SE E CERTO QUE 
APENAS HOUVE, NO ACÓRDÃO, ERRO MATERIAL AO SER INDICADO O 
ART. 155, PARÁGRAFOS II E III, QUANDO DEVERIA SER O ART. 155, 
PARÁGRAFOS 
2. E SE A DENUNCIA NÃO FAZ QUALQUER REFERENCIA A COMO ERAM 
USADOS DOCUMENTOS FALSOS, NEM A SENTENÇA OU O ACÓRDÃO 
FAZEM REFERENCIA A TAL USO,,E SE VERIFICADO ANTES QUE A 
ACUSAÇÃO DE USO DECORRE APENAS DE PRESUNÇÃO, A PENA 
APLICADA QUANTO A ESSE ILICITO HÁ DE SER CANCELADA. 'HABEAS 
CORPUS' DEFERIDO, EM PARTE, A FIM DE SER EXCLUIDO DA 
CONDENAÇÃO A PENA IMPOSTA AO PACIENTE PELO USO DE 
DOCUMENTO FALSO. ESTENDIDA, EM CONSEQUENCIA A DECISÃO, NO 
PARTICULAR, AO CO-RÉU ARY PRATA, COM APLICAÇÃO DA REGRA DO 
ART. 580 DO CPP. PRECEDENTE RTJ 101/127-9. 
3. Considerando a superveniência de novos documentos, mormente o examedatiloscópico, dando conta de que houve erro de pessoa no processo originário 
destes autos, conclui-se pelo afastamento da agravante da reincidência, 
reconhecida com base em condenação de outrem. 
Diante desse quadro, considerando a superveniência de novos documentos, 
mormente o exame datiloscópico, corroborados pelas informações prestadas 
pelos juízes singulares, conclui-se pela pertinência da alegação da defesa, no 
sentido de que houve erro de pessoa no processo-crime nº 0123.16.004595-1, 
originário dos presentes autos, e via de consequência, foi reconhecida a 
agravante da reincidência com base em condenação de outrem. 
(TJ-MG - ED: 10123160045951002 MG, Relator: Wanderley Paiva, Data de 
Julgamento: 20/11/2018, Data de Publicação: 30/11/2018) 
 
 4) Resultado diverso do pretendido: 
 
a)Definição doutrinaria: 
 
Resultado diverso do pretendido ou aberratio criminis. 
"Prevista no art. 74 do CP, na aberratio criminis, o agente, por acidente ou erro 
na execução, pretendendo lesionar um determinado bem jurídico, acaba por 
lesionar outro, de espécie diversa, ou a ambos. O que se altera, aqui, não é a 
pessoa atingida, como na aberratio ictus, mas o título do delito, pois o agente 
realiza um crime diverso do pretendido. 
Exemplos: “A”, visando a danificar uma vitrine, atira uma pedra e atinge uma 
pessoa, causando-lhe lesões. “A” responderá por lesões corporais culposas 
(art. 74, CP). Todavia, se “A”, com uma pedra, pretende atingir “B”, mas acaba 
atingindo somente uma janela, não responderá por crime de dano, visto que 
não há previsão culposa para este delito. Dependendo do elemento subjetivo, 
poderá responder por tentativa de homicídio ou lesões corporais." 
(PACELLI, Eugênio. Manual de Direito Penal. 5ª. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
p. 320-321). 
 
b) Decisão: 
 
Trata-se de recurso que se opõe à decisão do VII Juizado Especial Criminal da 
Comarca da Capital, que condenou a apelante a pena de 03 (três) meses de 
detenção em regime aberto, tendo-lhe sido concedida a suspensão condicional 
da pena pelo prazo de 02 (dois) anos, condenando-lhe ainda ao pagamento 
das custas processuais, porque incursa no art. 129, caput, do Código Penal 
(fls. 207/214). Denúncia, fls. 02-a/02-b. Registro de Ocorrência, fls. 03/05. 
Termo de representação, fl. 07. Termos de Declarações prestadas em sede 
policial fls. 08/10. Certidão de Antecedentes Criminais, fl. 14. Laudo de Exame 
de Corpo de Delito, fl. 17, apontando para a ocorrência de lesão. Audiência 
Preliminar, fl. 24, impossível a conciliação e manifestada pela vítima seu desejo 
de representar. Fls. 29/36, Termos de Declarações de testemunhas. Proposta 
de transação penal formulada pelo Ministério Público, fl. 39. Nova Audiência 
Preliminar, fl. 43, ocasião em que foi oferecida e não aceita a proposta de 
transação penal pela suposta autora do fato. Fl. 50 e 64, Audiências Especiais 
designadas a requerimento do Ministério Público à fl. 44 e 61, infrutíferas. Fls. 
57/60, declarações de testemunhas retificadoras das anteriormente prestadas. 
Declarações da representante legal da vítima relativas a ameaças 
supostamente praticadas pela autora do fato, fls. 73 e 132. Audiência de 
Instrução e Julgamento, fls. 103/104, ocasião em que foi renovada e não aceita 
a proposta de transação penal; recebida a denúncia; oferecida a proposta de 
suspensão condicional do processo, também não aceita. Folha de 
Antecedentes Criminais, fls. 115/117. Continuação da Audiência de Instrução e 
Julgamento, fls. 133/145, ocasião em que foram ouvidas 05 (cinco) 
testemunhas e a representante legal da vítima. Audiência de acareação de 
testemunhas, fls. 163/165. Alegações finais do Ministério Público, fls. 178/182, 
e da ré, fls. 138/205. Sentença, fls. 207/214. Embargos de Declaração, fls. 216, 
aos quais foi dado provimento conforme fl. 220, esclarecendo que a pena 
privativa de liberdade é de 03, e não de 06 meses de detenção. Termo de 
recurso, e razões, fls. 223/228, requerendo a absolvição da recorrente. Decisão 
de deferimento de gratuidade de justiça à recorrente, fl. 231. Recebimento do 
recurso, fl. 233. Contrarrazões às fls. 235/238, requerendo a manutenção da 
sentença. Parecer do Ministério Público junto à Turma Recursal, fls. 240/244, 
opinando pelo conhecimento e improvimento do recurso. VOTO Lesão 
Corporal. Condenação na modalidade dolosa. Prova testemunhal que 
comprova ter sido a lesão corporal ocorrida através de resultado diverso do 
pretendido pela agente, que visava danificar a casa onde a vítima se 
encontrava e acabou por acidente atingindo pessoa. Art. 74 do Código Penal. 
Aberratio delicti. Verbete sumular 453 do Supremo Tribunal Federal - 
impossibilidade da aplicação do art. 384 do Código de Processo Penal - 
mutatiolibelli - na segunda instância. Impossibilidade, neste momento 
processual, de adequação da acusação ao fato típico efetivamente praticad o 
pela recorrente. Recurso exclusivo da defesa. Hipótese de anulação da 
sentença, que, contudo, não poderá ser realizada diante da impossibilidade de 
reformatio in pejus, vez que abriria oportunidade ao Estado-acusador de aditar 
a denúncia. Por estas razões o meu voto é no sentido de conhecer do recurso 
interposto e dar-lhe provimento, para absolver a recorrente diante da ausência 
do elemento subjetivo do tipo. Tratam os autos de apelação através da qual 
busca a recorrente a decretação de nulidade do feito, diante da alegação de 
não observância do art. 81 da lei 9.099/95, argumentando não lhe ter sido 
oportunizado o momento da defesa prévia, bem como o fato de testemunhas 
terem sido ouvidas pelo Ministério Público sem a presença do seu patrono. No 
mérito, pleiteia sua absolvição ao argumento de que os depoimentos que 
embasaram a condenação são contraditórios. No que concerne às alegações 
de nulidade, ambas merecem ser rechaçadas. Na assentada de fl. 104 está 
claríssimo que foi dada a palavra à defesa antes do recebimento da denúncia, 
por quem inclusive foi "dito que os fatos não se deram como narrado na inicial". 
Além disso, foram oferecidas as propostas despenalizadoras previstas na lei 
9.099/95, ambas recusadas pela acusada. Quanto à alegação de que há nos 
autos declarações prestadas sem a presença do defensor da acusada, também 
não merece prosperar. Conforme consta à fl. 57, as testemunhas 
compareceram espontaneamente à Promotoria, entretanto foram 
encaminhados a Juízo a fim de prestar novas declarações, em momento 
processual no qual ainda não havia se estabelecido o contraditório. Além disso, 
as declarações de Sílvio e Maria da Glória, assim como seus depoimentos 
prestados em juízo, nem sequer foram consideradas na fundamentação da 
sentença como razão de decidir, razão porque tal argumento também não deve 
ser acolhido. Passo à análise do mérito. Da leitura da prova testemunhal 
colhida em sede de Audiência de Instrução e Julgamento pode-se extrair sem 
que haja dúvidas que a ré atirou as pedras em direção à casa da vítima, e, por 
acidente, a menor que estava lá dentro acabou por ser atingida pelos 
estilhaços dos vidros quebrados, o que lhe causou as lesões narradas no auto 
de exame de corpo de delito. A intenção da ré foi acertar a casa, não a criança. 
Trata-se da hipótese de resultado diverso do pretendido - aberratio delicti - 
prevista no art. 74 do Código Penal. Em tese, teria aplicação o art. 384 do 
Código de Processo Penal, a fim de que a acusação procedesse à 
mutatiolibelli, uma vez que a acusada foi denunciada pela prática de lesão 
corporal dolosa, quando na verdade, conforme o conjunto probatório, praticou 
crime de dano que resultou em lesão corporal culposa, de forma que outra 
deveria ser a classificação jurídica do fato no que tange ao crime de ação penal 
pública. Ocorre que nestes autos há somente recurso da defesa, e, ao teor do 
que dispõe o verbete sumular 453 do Supremo Tribunal Federal, "não se 
aplicam à segunda instânciao art. 384 e parágrafo único do Código de 
Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, 
em virtude de circunstância elementar não contida explicita ou implicitamente 
na denúncia ou queixa." A este respeito os acórdãos do mesmo Tribunal abaixo 
transcritos: HC 92464 / RJ - RIO DE JANEIRO HABEAS CORPUS Relator (a): 
Min. MENEZES DIREITO Relator (a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO 
Julgamento: 18/10/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Ementa - PROCESSO 
PENAL - BALIZAS - ARTIGO 384 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - 
SEGUNDA INSTÂNCIA - OBSERVAÇÃO - IMPROPRIEDADE. Descabe, em 
grau de revisão, acionar o disposto no artigo 384 do Código de Processo Penal 
- Verbete nº 453 da Súmula do Supremo: "Não se aplicam à segunda instância 
o art. 384 e parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam dar 
nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar 
não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa". RECURSO - 
REFORMA PREJUDICIAL AO RECORRENTE. Implica reforma prejudicial, 
considerado recurso da defesa, a anulação da sentença para abrir-se 
oportunidade ao Estado-acusador de aditar a denúncia, presente o artigo 384 
do Código de Processo Penal. HC 76156 / SP - SÃO PAULO HABEAS 
CORPUS Relator (a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE Julgamento: 31/03/1998 - 
Órgão Julgador: Primeira Turma EMENTA: I. Habeas corpus e recurso 
especial. Não impede o conhecimento pelo STF de habeas corpus contra 
decisão de segundo grau, que o STJ não haja conhecido de recurso especial 
interposto do mesmo acórdão, se diversos os fundamentos suscitados em cada 
uma das duas vias simultâneas de impugnação do julgado. II. Apelação 
criminal: individualização da pena: devolução ampla. A apelação da defesa 
devolve integralmente o conhecimento da causa ao Tribunal, que a julga de 
novo, reafirmando, infirmando ou alterando os motivos da sentença apelada, 
com as únicas limitações de adstringir-se à imputação que tenha sido objeto 
dela (cf. Súmula 453) e de não agravar a pena aplicada em primeiro grau ou, 
segundo a jurisprudência consolidada, piorar de qualquer modo a situação do 
réu apelante. Insurgindo-se a apelação do réu contra a individualização da 
pena, não está, pois, o Tribunal circunscrito ao reexame dos motivos da 
sentença: reexamina a causa, à luz do art. 59 e seguintes do Código, e pode, 
para manter a mesma pena, substituir por outras as circunstâncias judiciais ou 
legais de exasperação a que a decisão de primeiro grau haja dado relevo. 
Assim, diante da impossibilidade de adequação da imputação à conduta 
efetivamente praticada pela recorrente, não resta outra solução senão absolvê-
la da acusação constante da denúncia, diante da ausência do elemento 
subjetivo do tipo o dolo - que em nenhum momento restou demonstrado em 
relação à lesão corporal, uma vez que, em verdade, as provas carreadas aos 
autos não deixam dúvida de que a mesma, pretendendo danificar a casa, 
causou lesão corporal por acidente, diversamente do que pretendia, pela qual, 
nos termos do art. 74 do Código Penal, deve responder na modalidade 
culposa, e não dolosa, conforme foi acusada e condenada. Po r estas razões, o 
meu voto é no sentido de conhecer do recurso, e dar-lhe provimento, para 
absolver Anna de La Salette Silva Couto de Castro, diante da ausência do 
elemento subjetivo do tipo. 
(TJ-RJ-APR: 00059237320088190211, RJ 0005923-73.2008.8.19.0211, 
Relator: Cezar Augusto Rodrigues Costa, Segunda Turma Recursal Crimina, 
Data de Publicação: 24/10/2011) 
	DIREITO PENAL. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. ERRO DE PROIBIÇAO ESCUSÁVEL CARACTERIZADO. REFORMA DA SENTENÇA.
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