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GEOGRAFIA APLICADA A HISTÓRIA

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Prévia do material em texto

GEOGRAFIA 
APLICADA À 
HISTÓRIA
Professora Me. Emília Bandeira Perissatto
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; PERISSATTO, Emília Bandeira. 
 
 Geograia Aplicada à História. Emília Bandeira Perissatto. 
 Reimpressão
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018.
 246 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Geograia. 2. Aplicada. 3. História. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0275-1
CDD - 22 ed. 400
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincof
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Coordenador de Conteúdo
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Qualidade Editorial e Textual
Daniel F. Hey, Hellyery Agda
Design Educacional
Maria Fernanda Vasconcelos
Iconograia
Amanda Peçanha dos Santos
Ana Carolina Martins Prado
Projeto Gráico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Thomas Hudson Costa
Robson Yuiti Saito
Revisão Textual
Daniela Ferreira dos Santos
Keren Thaise de Carvalho Pardini
Hellyery Agda Gonçalves da Silva
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desaio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eiciência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que izermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando proissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por im, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou proissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desaios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação proissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e proissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Professora Me. Emília Bandeira Perissatto
Possui graduação em Geograia pela Universidade Estadual de Maringá 
(UEM-2006) e Mestre em Geograia pela mesma instituição (2009), cursando 
graduação em Direito. Na Geograia tem ênfase em Geograia Agrária, 
atuando principalmente nos seguintes temas: conlitos rurais, assentamentos 
rurais e desenvolvimento local. Foi professora colaboradora no curso de 
Geograia da UEM, nas disciplinas de Introdução à Ciência Geográica, 
Geograia Econômica e Geograia das Redes. Foi professora de Ensino 
Médio e Fundamental. Atuou como coordenadora de Centro de Referência 
de Assistência Social (CRAS). No momento é Coordenadora de Projetos da 
Secretaria de Assistência Social e Cidadania (SASC) em Maringá, realizando/
revisando apresentação de projetos para recebimento de verbas federais e 
estaduais, dentro do campo da Assistência Social.
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SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a)! 
É com imenso prazer que apresento a você o material da disciplina de Geograia Apli-
cada à História, assumindo o desaio de demonstrar como os elementos geográicos se 
relacionam e condicionam os fatos históricos. Esse material, bem como a disciplina, não 
pretende “ensinar” Geograia, busca, sobretudo, apresentar propostas de como ensinar 
História usando os conceitos e ferramentas propriamente geográicas.
No ensino brasileiro, História e Geograia, e mais recentemente, a Sociologia e a Filo-
soia são as disciplinas escolares que atuam diretamente na formação cidadã, política 
e comunitária dos alunos. Há algumas décadas, durante o período ditatorial, História e 
Geograia foram extintas, dando espaço à disciplina de Estudos Sociais. 
Hoje, sabemos que essa foi uma estratégia empreendida com vistas a anular o poder 
de formação crítica das disciplinas, para conter a organização das massas. Os temas ge-
ográicos e históricos eram tratados de forma supericial, limitando-se a exposição de 
fatos históricos devidamente selecionados, memorização de datas, nomes de lugares 
(principalmente uma lista exaustiva de capitais), nomes de rios e montanhas. O conte-
údo visava impor um nacionalismo infundado e esconder a realidade do olhar crítico.
Após a redemocratização do país e com a reestruturação dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN), Geograia e História voltam a ser reconhecidas como disciplinas autô-
nomas, mas sempre caminhando muito próximas, ainal, os fatos históricos acontecemno espaço geográico.
Na unidade I será apresentada a história de formação do pensamento geográico, desde 
o período Clássico até os dias atuais. Logo de início, reconheceremos similaridades entre 
o processo de desenvolvimento cientíico, histórico e geográico.
Na unidade II, trataremos de uma ferramenta tipicamente geográica, mas tão impor-
tante nos estudos de História: os mapas. Discutiremos sobre o avanço da Cartograia, 
considerada hoje, ao mesmo tempo, ciência, arte e técnica, desde mapas anteriores ao 
desenvolvimento da escrita, até a tecnologia de imagens de satélite, que em conjunto 
com a internet, traz “o mundo” para dentro de nossas casas.
Os elementos e fenômenos naturais serão foco dos nossos estudos na unidade III. Re-
levo, clima, hidrograia, vegetação, geologia são alguns dos conceitos apresentados, 
de forma sucinta, com intuito de facilitar a elucidação do contexto histórico dos fatos, 
percebendo a inluência do meio ambiente no desenvolvimento da humanidade. Tra-
taremos ainda das questões voltadas à sustentabilidade e a necessidade de mudança 
cultural na relação do homem e o meio ambiente.
Já a unidade IV tratará de globalização, demonstrando como os conceitos de território 
e dominação precisam ser pensados na atualidade, e como os fatos históricos foram 
determinantes para alcançarmos essa realidade.
APRESENTAÇÃO
GEOGRAFIA APLICADA À HISTÓRIA
Por im, a unidade V discute sobre geopolítica, demonstrando o vínculo do conheci-
mento geográico com as estratégias bélicas e de domínio territorial, desde o surgi-
mento do Estado-nação até a ordem geopolítica contemporânea.
Espero que os momentos de estudo e discussões sejam enriquecedores, e que pos-
samos, juntos (você, eu, a História e a Geograia), construirmos formas inovadoras 
de ensinar, comparar e pensar.
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
A CIÊNCIA GEOGRÁFICA
15 Introdução 
16 A Ciência Geográica 
17 Objeto da Geograia 
18 Evolução do Pensamento Geográico (Breve Histórico) 
32 Categorias Geográicas (Paisagem, Região, Território e Lugar) 
39 Espaço Geográico e a História 
40 Considerações Finais 
UNIDADE II
O PAPEL DA CARTOGRAFIA NO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO E 
HISTÓRICO
49 Introdução 
50 O Papel da Cartograia no Conhecimento Geográico e Histórico 
81 Cartograia e Geograia 
84 Cartograia na Antiguidade 
86 Cartograia na Idade Média 
88 Cartograia, Colonialismo e Imperialismo 
92 Cartograia e as Guerras 
93 Cartograia e Geoprocessamento: Ferramenta Didática 
94 Considerações Finais 
SUMÁRIO
UNIDADE III
ELEMENTOS NATURAIS E PRODUÇÃO DO ESPAÇO
105 Introdução 
106 Elementos Naturais e Produção do Espaço 
109 Principais Elementos da Natureza 
144 Desenvolvimento Industrial e a Natureza 
146 Questão Ambiental Versus Desenvolvimento Econômico 
149 Considerações Finais 
UNIDADE IV
GLOBALIZAÇÃO E ECONOMIA GLOBAL
159 Introdução 
160 Globalização 
165 Meio Técnico-Cientíico-Informacional 
169 Sociedade e as Redes 
178 Divisão do Trabalho 
182 Urbanização 
189 O Lugar Resiste 
192 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
GEOPOLÍTICA
199 Introdução 
200 Geopolítica 
201 Geograia Política 
206 Estado-Nação 
208 Blocos Econômicos 
212 O Papel da Guerra 
215 Geopolítica no Brasil 
223 Ordem Mundial Contemporânea e a Geopolítica 
226 Considerações Finais 
 
231 CONCLUSÃO
233 REFERÊNCIAS
243 GABARITO
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Professora Me. Emília Bandeira Perissatto
A CIÊNCIA GEOGRÁFICA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Reconhecer as peculiaridades e objeto da Ciência Geográica e sua 
relação com a História.
 ■ Conhecer o processo de evolução histórica da Ciência Geográica.
 ■ Identiicar e compreender as categorias geográicas.
 ■ Compreender o espaço geográico como construção da sociedade, 
entendendo-o como registro histórico.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A Ciência Geográica
 ■ Objeto da Geograia
 ■ Evolução do Pensamento Geográico (Breve Histórico)
 ■ Categorias Geográicas (Paisagem, Região, Território e Lugar)
 ■ Espaço Geográico e a História
INTRODUÇÃO
Olá, seja bem-vindo(a)! 
Na unidade I, estudaremos o processo histórico de formação do pensamento 
geográico, desde o período Clássico até a atualidade, dando ênfase aos aspectos 
mais importantes para o desenvolvimento desta disciplina.
De um conhecimento meramente descritivo (com os Gregos Clássicos), a 
Geograia evolui para instrumento de planejamento do Estado, auxiliando no 
processo de conquistas de territórios e elaboração de diagnósticos. Hoje, uma 
das correntes de pensamento busca estudar a segregação e desigualdade no pro-
cesso de apropriação do espaço.
Tendo como objeto o espaço geográico, que é o espaço produzido pela 
sociedade, pois estuda tanto os elementos naturais (clima, relevo, vegetação e 
geologia) quanto o elemento humano (economia, produção rural, produção 
industrial, urbanização e crescimento populacional), caracterizando-se como 
uma ciência transversal (não é apenas humana e nem apenas natural).
No Brasil, identiicaremos alguns dos principais pensadores, como Milton 
Santos e Aziz Nacib Ab’Saber, compreendendo as principais inluências que 
levaram a formação da Geograia em nosso país. O texto é escrito de forma a 
incentivar a relexão e associação sobre a relação das duas disciplinas – História 
e Geograia, apresentando também textos e imagens que aproximam o conte-
údo geográico do aporte didático do professor de História.
Os fatos históricos estão intimamente vinculados ao espaço em que ocor-
rem, pois o território relete a materialização das ações da sociedade ao longo 
do tempo. Por isso, essa disciplina busca demonstrar tais vínculos, com intuito 
de enriquecer a apresentação do conteúdo pelo futuro professor de História. 
Se no passado História e Geograia foram uniicadas no currículo escolar, com 
o objetivo implícito de frear o potencial relexivo dos estudos, aqui, queremos 
“uni-las” como forma de aprofundar a capacidade relexiva por parte dos pro-
fessores e alunos. Espero que você possa se apropriar desses conhecimentos e 
integrá-los a sua formação. 
Vamos lá? 
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Introdução
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A CIÊNCIA GEOGRÁFICA
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I
A CIÊNCIA GEOGRÁFICA
A Geograia se constituiu como ciência no 
século XIX, na Alemanha, tendo Alexander von 
Humboldt e Karl Ritter como sistematizado-
res, chamados também de “pais da Geograia”.
Desde o surgimento do termo, na anti-
guidade, até os dias atuais, o pensamento 
geográico passou por diversas transforma-
ções, vinculado tanto na evolução da Ciência 
de forma geral, quanto aos acontecimen-
tos históricos. Para que a sistematização do 
conhecimento geográico ocorresse, foram 
necessários alguns pressupostos históricos, 
dos quais se cita: aprimoramento da cartogra-
ia, conhecimento de toda extensão terrestre, grande quantidade de informações 
sobre diferentes lugares e a constituição do sistema capitalista.
Para que possamos estabelecer um diálogo entre as duas ciências – História 
e Geograia_, passamos a apresentar alguns conceitos básicos, bem como um 
breve histórico da evolução do pensamento geográico.
Figura 1: Alexander von Humboldt
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Objeto da Geograia
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OBJETO DA GEOGRAFIA
A Geograia tem como objeto 
o espaço geográfico, o 
espaço produzido e transfor-
mado pela sociedade. Estuda 
a localização e a distribuição 
dos fatores que inluenciamnessa construção (recursos 
naturais, características cli-
máticas, produção industrial, 
urbanização, entre outros), 
bem como sua dinâmica, sua 
“reconstrução”.
No aspecto escolar, a 
Geograia é a disciplina que contribui para o desenvolvimento da noção de 
localização e orientação, objetivando que o aluno perceba todos os fatores que 
atuam direta e indiretamente em sua realidade, e, ainda, se reconhecer também 
como produtor dessa realidade.
No campo cientíico, a Geograia estuda a dinâmica natural, social e eco-
nômica, se fazendo assim uma ciência transversal, ora se valendo de temas das 
“ciências naturais”, ora das “ciências sociais”, com intuito de compreender a dinâ-
mica de produção/transformação do espaço ao longo do tempo. Nas palavras 
de Claval (2010, p. 08),
Ao lado das obras didáticas ou enciclopédicas que chamam a atenção, a 
Geograia está presente nas práticas, nas habilidades, nos conhecimen-
tos, que todos sempre mobilizamos em nossa vida diária, nos preceitos 
que os governos observam para dirigir seus países e nos procedimentos 
aos quais recorrem os empreendedores para conceber, fabricar e divul-
gar os bens que eles produzem e vendem. 
No contexto dessa nossa disciplina (Geograia aplicada à História) se faz mister 
evidenciar a relação quase indissociável da Geograia com a Cartograia, fazendo 
com que o mapa, que é um produto cartográico, esteja presente praticamente 
em todos os trabalhos geográicos e, em especial, na Geograia escolar.
A CIÊNCIA GEOGRÁFICA
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I
A Cartograia consiste no conjunto de técnicas utilizadas para a represen-
tação de elementos da superfície terrestre, sejam eles humanos ou naturais, ou 
seja, podemos dizer que a Cartograia realiza a representação do espaço geográ-
ico. Na segunda unidade desse livro, trataremos exclusivamente sobre a relação 
da Cartograia e da Geograia, mostrando como você, futuro(a) professor(a) de 
História, poderá utilizar tais recursos em suas aulas.
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO (BREVE 
HISTÓRICO)
Geograia, em seu sentido 
etimológico, signiica “des-
crição da Terra” (geo=Terra; 
graia=escrita, descrição). O 
termo surgiu na Grécia Antiga 
e foi utilizado por Ptolomeu 
como título de sua obra 
“Geograia” que é composta 
por oito volumes contendo 
descrição e localização de 
vários lugares. Isso relete a 
característica do pensamento 
geográico da época, con-
forme Moreira (2007, p. 14):
Na Antiguidade, a Geograia é um registro cartográico de povos e ter-
ritórios. Estado, viajantes e comerciantes requerem do geógrafo as infor-
mações de caráter estratégico que os orientem em seus deslocamentos no 
interior dos modos espaciais de vida de cada povo. De maneira que a Geo-
graia e o geógrafo agem e se exprimem através do método e da linguagem 
que combinam no mapa os símbolos da cosmogonia e as informações ter-
ritoriais de cada um dos povos, úteis para os ins da ação prática.
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Evolução do Pensamento Geográico (Breve Histórico)
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Os gregos antigos já conheciam a esfericidade da Terra, baseados na sombra 
projetada na Lua, bem como em outros estudos. Eratóstenes (276 a.C. a 194 
a.C.), sabendo da forma redonda do planeta, realizou o cálculo da circunferên-
cia terrestre que, dentre os propostos no período clássico, mais se aproximou ao 
valor real: “42.000 quilômetros, medida quase idêntica à hoje aceita de 40.000”. 
(ANDRADE, 1987, p. 25)
No entanto, os estudos de Ptolomeu, posteriores a Eratóstenes, foram mais 
aceitos e utilizados até o período das grandes navegações, o detalhe é que Ptolomeu 
chegou a uma circunferência bem menor, 28 mil quilômetros. Especulações 
não comprovadas cientiicamente dizem que o “possível caminho às Índias pelo 
Atlântico” foi inluenciado pela ideia de que a Terra seria menor do que é.
Na Europa, durante a Idade Média, as atividades tidas como geográicas são 
inluenciadas diretamente pela Igreja. Nesse contexto, Moreira (2007, p. 14) airma 
que “A geograia medieval é uma extensão da Bíblia e o geógrafo, um cartógrafo 
do fantástico”. A produção cartográica nesse período acaba por representar todo 
imaginário Bíblico, inclusive com representações do “Céu e do Inferno”. O enfo-
que no doutrinamento e na difusão dos ideais da Igreja era mais importante do 
que a adequada representação do espaço geográico.
“Ptolomeu [...] proclamou que a população do mundo vivia em um pequeno 
planeta, com 28 mil quilômetros [...]. Infelizmente, o trabalho de Ptolomeu, 
e principalmente o que ele deixou de fora, inluenciou profundamente ex-
ploradores posteriores. Um deles foi Cristóvão Colombo, cuja tripulação não 
cansou de ouvi-lo resmungar: ‘De acordo com esse maldito Ptolomeu, a essa 
altura eu devia estar nas Índias’”.
Fonte: Léon (2007, p. 225).
A CIÊNCIA GEOGRÁFICA
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Enquanto isso, no mundo árabe, sur-
gia uma nova religião monoteísta e com 
peculiar interesse pelos temas geográi-
cos – o Islamismo. Em posse da biblioteca 
de Alexandria, traduziram obras gregas 
clássicas e passaram a estudar técnicas de 
localização e deslocamento para viagens, 
das quais uma merece destaque: o cami-
nho para Meca. De acordo com a pregação 
de Maomé, todo islâmico precisa ir à Meca 
ao menos uma vez na vida.
Os muçulmanos ainda necessitam 
conhecer meios de orientação, pois suas ora-
ções diárias, entre outras atividades, como 
o abate de animais para alimentação, pre-
cisam ser feitas voltadas à Meca.
Com isso, enquanto na Europa a Geograia e a Cartograia icaram restri-
tas a “representações fantásticas”, no mundo árabe, as técnicas de cartograia e 
deslocamento avançaram (conforme já mencionado, trabalharemos mais deta-
lhadamente com a Cartograia na unidade II).
A Idade Moderna é marcada por fatos históricos que provocaram grandes 
transformações territoriais, inluenciando diretamente o pensamento geográico 
do período. Estado moderno, grandes navegações, colonialismo, capitalismo, 
europeização – a Geograia passa a trabalhar em favor da construção dessa “nova 
Europa”, criando métodos e instrumentos que são utilizados até hoje, deixando, 
não apenas nas gerações passadas, o peso da dominação europeia.
A Cartograia também cresce enquanto técnica, nitidamente vinculada à 
ideia de Europa como centro do mundo:
É o momento que presencia a invenção do planisfério por Mercator 
(1569), mostrando os continentes e as linhas imaginárias que irão sus-
tentar a plotagem do movimento dos céus na superfície terrestre, que 
servirá de base para matematização da natureza e a divisão da superfí-
cie terrestre na sucessão de fusos horários que padronizam o tempo do 
mundo a partir do fuso horário da Inglaterra, (MOREIRA, 2007, p. 14)
Figura 2: Mapa de Psalter (1250) - uma das páginas de 
ilustrações de um livro de salmos do século XIII
Fonte: Noronha (2000, online).
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Figura 3: Planisfério de Mercator
Há algum erro no mapa abaixo? Por quê? O que a História pode dizer sobre 
isso?
Fonte da imagem: Mapas... (adaptado, online). 
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I
É no período moderno também que a Geograia passa a se relacionarcom as 
questões políticas, iniciando o que, posteriormente, chamaremos de Geopolítica 
(da qual trataremos com mais propriedade na unidade V).
GEOGRAFIA CLÁSSICA OU TRADICIONAL
As ações ocorridas a partir do século XIX e até a primeira metade do século XX, 
no que tange ao desenvolvimento do pensamento geográico, caracterizaram o que 
podemos chamar de Geograia Clássica (ou Tradicional). Estudiosos da Alemanha, 
França e Estados Unidos merecem destaque graças às produções que coniguram 
o pilar da Geograia cientíica, propondo conceitos que são utilizados até hoje.
HUMBOLDT, RITTER E RATZEL – ESCOLA ALEMÃ
A sistematização da Geograia como ciência, conforme já dito, se deu no século 
XIX, na Alemanha, um país cujas peculiaridades históricas levaram ao desen-
volvimento de uma ciência voltada ao espaço, ao território. As singularidades 
do período dizem respeito ao:
[...] caráter tardio da penetração das relações capitalistas nesse país. Na 
verdade, o país não existe enquanto tal [séc. XIX], pois ainda não se cons-
tituiu como Estado Nacional. A Alemanha de então é um aglomerado 
de feudos (ducados, principados, reinos) cuja única ligação reside em 
alguns traços culturais comuns. Inexistente qualquer unidade econômi-
ca ou política, a primeira começando a se formar no decorrer do século 
XIX, a segunda só se efetivando em 1870, com a uniicação nacional. As-
sim, a Alemanha não conhece a monarquia absoluta (forma de governo 
própria do período de transição), nem qualquer outro tipo de governo 
centralizado. O poder está nas mãos dos proprietários de terras, sendo 
absoluto e a nível local – a estrutura feudal permanece intacta. É neste 
quadro que as relações capitalistas vão penetrar, sem romper (ao contrá-
rio, conciliando) com a ordem vigente. Tal penetração vai produzir um 
arranjo singular, aquilo que já foi chamado por alguns autores de “feuda-
lismo modernizado”. Isto é, um relativo desenvolvimento do capitalismo, 
engendrado por agentes sociais próprios do feudalismo – a aristocracia 
agrária; uma transformação econômica, que se opera sem alterar a estru-
tura do poder existente (MORAES, 2003, p. 59).
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Humboldt e Ritter viveram na mesma época e estavam ligados às classes domi-
nantes da Alemanha, e apesar de formações distintas, suas ideias convergiam 
para os mesmos princípios (ANDRADE, 1987, p. 51).
Humboldt teve formação naturalista, mais especiicamente em Botânica. No 
entanto, procurava estudar também as relações sociais e políticas, buscando vín-
culos com as condições naturais encontradas ao longo da superfície terrestre. 
Adquiriu seus conhecimentos também em diversas viagens realizadas na pró-
pria Europa, Ásia Central e Setentrional e América Latina. Seus principais livros 
foram “Quadros da natureza” e “Cosmos”, nos quais Humboldt tratou de paisa-
gens, vendo-as como resultado da interação homem e meio.
Ritter, por sua vez, era de formação humana (Filosoia e História) e atuou como 
professor, buscando relacionar os elementos do clima, relevo, hidrograia à cons-
trução histórica. Ele, inclusive, apresentou um estudo chamado “A coniguração 
dos continentes sobre a superfície do globo e suas funções na História”. Assim, 
podemos dizer que a Geograia de Ritter é um estudo de lugares.
“As preocupações sociais de Humboldt eram muito grandes e entre os livros 
que escreveu destaca-se o “Ensaio político sobre o reino de Nova Espanha”, 
que seria posteriormente utilizado por Malthus ao formular as suas teorias 
demográicas”.
Fonte: Andrade (1987).
A teoria criada por Thomas Robert Malthus (1766-1834), economista e de-
mógrafo inglês, que ganhou o nome de “Malthusianismo”, foi à primeira 
teoria populacional a relacionar o crescimento da população com a fome, 
airmando a tendência do crescimento populacional em progressão geo-
métrica, e do crescimento da oferta de alimentos em progressão aritmética.
Fonte: Faria (online a).
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I
A uniicação alemã – da qual Humboldt participou diretamente no im de 
sua vida, trabalhando com o Rei da Prússia – ocorreu por meio de alianças entre 
os soberanos locais (pequenos “estados” que formavam a “Pré-Alemanha”) e os 
grupos burgueses. Os envolvidos buscavam uma uniicação territorial, nacio-
nal e política capaz de encarar as disputas imperialistas, já iniciadas por países 
como Inglaterra e França.
Friedrich Ratzel, também alemão, foi aluno de Ritter e viveu em um cená-
rio diferente dos dois teóricos citados anteriormente: não mais um território 
tomado pelo ideal de uniicação, e sim o Estado já uniicado, em suas primei-
ras décadas. Seu trabalho aplicou o pensamento evolucionista de Darwin, que 
escreveu “A Origem das Espécies”, ao contexto social, justiicando, assim, a exis-
tência de raças humanas mais evoluídas, mais fortes, com maior capacidade de 
se adaptar ao meio em que vivem e, com isso, capazes de dominar povos mais 
fracos, menos evoluídos.
Partindo de tal pensamento, sua obra surgiu como uma espécie de manual 
do imperialismo, pois estava vinculado aos ideais expansionistas. Ainda airmava 
que o poder de um Estado estava no tamanho de seu território e que a capacidade 
de dominar novas áreas indicava progresso, enquanto a redução territorial repre-
sentava decadência. “Daí se desenvolveria a ideia de espaço vital, tão usada por 
Hitler nos meados do século XX, e que seria a relação entre a população de um 
Estado e a capacidade de utilização de seu território” (ANDRADE, 1987, p. 55).
Com a uniicação tardia, a Alemanha acabou não conquistando colônias, 
como França e Inglaterra izeram e, dessa forma, começou a expandir seus ter-
ritórios na própria Europa.
As principais obras de Ratzel são “Antropogeograia” e “Geograia Política”. 
Apesar das críticas ao vínculo desse pensador com o imperialismo, ele agiu posi-
tivamente trazendo ao campo geográico os temas políticos e sociais. Suas ideias 
inluenciaram outros pensadores, fazendo surgir posteriormente o que chama-
mos de Geopolítica (que trataremos na unidade V).
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LA BACHE – ESCOLA FRANCESA
A escola francesa de Geograia formou-se no início do século XX, tendo como 
principal pensador o historiador Paul Vidal de La Blache. Crítico à forte ligação 
da Geograia de Ratzel com a política propôs uma perspectiva mais liberal que, 
entretanto, apresentava uma politização mais sutil, menos declarada.
O desenvolvimento da Geograia francesa ocorreu em um período no qual 
o governo da França empenhou grande preocupação com a educação, em espe-
cial, com o ensino de História e Geograia. Um dos fatos históricos que mais 
inluenciou tal preocupação, segundo Andrade (1987), foi a derrota da França 
perante a Alemanha na Guerra Franco-Prussiana, em 1871. 
A qualidade do ensino francês (tido como inferior ao alemão) teria preju-
dicado o país e levado a França a se ver “[...] humilhada, derrotada, dependente 
de uma astronômica dívida de guerra, e tendo a Alsácia e parte da Lorena des-
membradas” (ANDRADE, 1987, p. 69).
O historiador La Blache deiniu o objeto da Geograia como a relação homem-
-natureza, trabalhando fortemente com o conceito de região. É interessante aqui 
um comparativo entre as correntes de pensamento da Geograia alemã e francesa, 
em que a primeira icou marcada pelo determinismo, pela inluência direta do 
meio no homem, utilizando-se disso, inclusive, para justiicar a “inferioridade”de alguns povos. As ideias deterministas se desenvolveram com discípulos de 
Ratzel, apesar desse não ter se pautado no determinismo puro, pois considerava 
o poder de transformação o meio.
Já a escola francesa, a partir de La Blache, considerava que o meio exercia 
inluência sobre o homem, mas que este poderia, também, ao se desenvolver tec-
nicamente, inluenciar o meio – possibilismo (como sugestão, leia a unidade V 
do livro da disciplina Teorias da História).
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I
O Quadro 1 demonstra as principais diferenças entre possibilismo e determi-
nismo, no contexto da evolução do pensamento geográico: 
DETERMINISMO POSSIBILISMO
Origem Alemanha França
Principais defensores Friedrich Ratzel (idealizador).
Defensores: Ellen Churchill Semple e 
Ellsworth Huntington.
Paul Vidal de La Blache (ideali-
zador).
Defensores: Emmanuel de Mar-
tonne, Jean Brunhes e Albert De-
mangeon.
Contexto histórico Uniicação reacionária (e tardia) do 
império Alemão sob as mãos de Otto 
von Bismarck.
Terceira República Francesa e 
conlito de interesses com a 
Alemanha
Ideia de objeto da 
Geograia
Estudo da inluência que a natureza 
exerce sobre o Homem.
A relação Homem-Natureza é 
percebida a partir da interpreta-
ção da paisagem.
Relação homem e 
natureza
A natureza determinaria o sucesso ou 
o fracasso de um povo.
O homem passa a ser ativo, 
podendo abrir possibilidades 
de desenvolvimento diante da 
paisagem.
Principais conceitos 
defendidos
Espaço Vital: Estabelecido por meio 
da obtenção do equilíbrio entre a po-
pulação e os recursos disponíveis em 
dado espaço, de forma a garantir sua 
sobrevivência e desenvolvimento. 
Forneceu as bases para o desenvolvi-
mento da Geopolítica.
Gênero de vida: Conjunto de 
técnicas e costumes passados 
no decurso histórico de um 
povo em seu processo de adap-
tação e/ou transformação do 
meio natural buscando garantir 
a sobrevivência e desenvolvi-
mento da população.
Pragmatismo mar-
cante
Defesa do expansionismo Germâni-
co.
Defesa do colonialismo Fran-
cês e crítica ao expansionismo 
germânico.
Quadro 1: Determinismo e Possibilismo
Fontes: Moraes (2003) e Andrade (1987).
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HARTSHORNE – ESCOLA NORTE AMERICANA
A partir da década de 1930, nos Estados Unidos, Richard Hartshorne, baseado 
nas ideias do alemão Hettner - que foram pouco divulgadas - elabora uma pro-
posta de estudo geográico que vai além do determinismo e do possibilismo: 
o estudo da integração dos elementos com a diferenciação de áreas (região). É 
válido mencionar que, no campo geográico, os Estados Unidos, até então, eram 
vistos como meros repetidores das teorias europeias.
A proposta de Hartshorne estava focada na metodologia, admitindo duas 
formas de estudo: 
 ■ Nomotética: Geograia Geral, generalizadora, utilizando poucos elemen-
tos, mas comparando várias áreas (ex.: Geograia do Petróleo, Geograia 
do Café etc.).
 ■ Ideográica: Estudo regional, a partir do particular, com mais detalha-
mentos e elementos envolvidos.
As principais obras de Hartshorne são “A Natureza da Geograia” (1939) “Questões 
sobre a natureza da Geograia” (1959). O pensamento de Hartshorne fecha o ciclo 
da Geograia Tradicional – já dando um primeiro passo para o movimento de 
renovação posterior –, caracterizada pela síntese de fenômenos, sendo o geó-
grafo uma espécie de planejador, desenvolvendo teorias sobre região, localização 
e análise de recursos, a serviço do Estado. 
Nas palavras de Moreira (2007, p. 17), o geógrafo leva:
[...] para a elaboração dos planos governamentais, as técnicas cartográ-
icas da inventariação, da descrição e da sistematização sobre as repar-
tições e diferenciações dos modos de vida territoriais dos povos e seus 
ambientes que aprendera desde a Antiguidade. Tudo isso vazado na 
técnica dos relatórios detalhados, aos quais adiciona agora o poder da 
análise, quadro a quadro, dos estágios regionais do desenvolvimento 
econômico-social da sociedade moderna. E assim transforma a Geo-
graia numa ciência de síntese para o im do plano dos grandes arranjos 
e a si mesmo num especialista do planejamento.
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I
MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO
As transformações ocorridas no cenário mundial na primeira metade do século 
XX, oriundas de fatos históricos como as duas Guerras Mundiais, a crise do libe-
ralismo, a crise de 1929, urbanização e êxodo rural, mostraram a necessidade de 
mudança também no pensamento geográico. 
É, então, a partir da década 1950 que os primeiros passos para um movi-
mento de renovação começam a aparecer. E graças à diversidade de pensamentos 
surgem várias especulações sobre proposições metodológicas, e o pensamento 
geográico se fragmenta. Quanto ao movimento de renovação, podemos citar 
dois grupos predominantes: a Geograia Pragmática e a Geograia Crítica.
A Geograia Pragmática, por vezes com outras denominações (Quantitativa, 
Teorética ou Nova Geograia), caracteriza-se pelo foco metodológico, com aplica-
ção propriamente dita do conhecimento geográico. Com discurso de neutralidade 
cientíica e racionalidade, busca explicar e aplicar o conhecimento geográico 
por meio de técnicas estatísticas e matemática, com a deinição de médias, índi-
ces, padrões, modelos e sistemas.
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Com o avanço das técnicas de sensoriamento remoto (imagens de satélite), 
fotos aéreas, programas de informática para processamento de imagens, entre 
outros, em conjunto com a determinação de índices, modelos, sistemas, o con-
teúdo geográico continuou servindo, mas agora de maneira mais eicaz, para a 
elaboração de estratégias e planejamentos por parte dos governos dos Estados. 
Com isso, vários autores concordam em dizer que a Geograia Pragmática apre-
sentou uma renovação metodológica, mas não alterou seu conteúdo social, pois 
assim como a Geograia Tradicional continuou a servir para estratégias políticas 
e de poder (ANDRADE, 1987; MOREIRA, 2007; MORAES, 2003). Em suma, 
podemos dizer que mudou a forma, mas não o conteúdo, continuando a servir 
as classes dominantes, orientando as estratégias de capital.
No Brasil, a Geograia Pragmática foi difundida principalmente durante o 
período militar, utilizando-se das informações do Instituto Brasileiro de Geograia 
e Estatística (IBGE), criado em 1934 e fortalecido com as ideias da Nova Geograia.
O que é IDH?
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do 
progresso em longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimen-
to humano: renda, educação e saúde. O objetivo da criação do IDH foi o 
de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto 
Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômi-
ca do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do 
economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia 
de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral e sintética que, apesar de 
ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, não abrange nem 
esgota todos os aspectos de desenvolvimento.
Fonte: Desenvolvimento... (online). 
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Ao “transformar” a sociedade em população e as condições sociais em índices, 
o espaço geográico deixa de ser visto como “Teatro da História”, e apenas como 
uma tabela de dados cronológicos. A realização de diagnósticos territoriais por 
parte da Geograia é de extrema importância para as políticas públicas mais 
diversas, porém não podemos deixar de ser críticos ao observar os números e 
identiicar que os “números” são a sociedade, rica por sua história e evolução.
O movimento da Geograia Crítica ou Radical, dentro do movimento de reno-
vação do pensamento geográico, se mostra crítico tanto à Geograia Tradicional 
quanto à Geograia Pragmática, por apresentar uma preocupação com a questão 
da desigualdade de classes. Critica essa Geograia historicamente comprometida 
com o poder do Estado e com o capitalismo.
Uma das principais obras desse período, e que evidencia essa crítica, é o livro 
de Yves Lacoste (1985) “Geograia - isso serve em primeiro lugar para fazer a 
guerra”. Estudaremos de forma mais profunda a obra na unidade V, quando trata-
remos de Geopolítica, mas, basicamente, ele critica a forma de uso das informações 
geográicas em prol dos detentores do poder, bem como a “Geograia escolar”, 
que agiria também de modo a não formar cidadãos politicamente conscientes.
De modo geral, o pensamento da Geograia Crítica está atrelado em enfati-
zar a realidade social, o resultado espacial contemporâneo, a construção histórica 
(materialismo histórico). Passa a tratar, de forma crítica, temas como pobreza, 
desnutrição, favelização, buscando na desigualdade social, na luta de classes, a expli-
cação para esses fenômenos e, além de explicitá-los, propõe formas de resolvê-los.
O IDH brasileiro atual é 0,744, próximo ao de países considerados com alta 
qualidade de vida (a partir de 0,8). Esse dado relete a realidade do povo 
brasileiro?
Fonte: A autora.
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No Brasil, há vários autores que seguem a linha crítica, trazendo ideias 
marxistas em seu discurso. Destaque para Milton Santos (1926-2001), autor da 
conhecida frase “Existem apenas duas classes sociais, as do que não comem e 
as dos que não dormem com medo da revolução dos que não comem”. Nesse 
aspecto, notamos a forte inluência francesa na Geograia brasileira.
Outro geógrafo brasileiro que merece destaque é Aziz Nacib Ab´Saber (1924-
2012), que propôs a divisão do território brasileiro em Domínios Morfoclimáticos.
Figura 4: Domínios morfoclimáticos 
Fonte: Gobbi (online).
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CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (PAISAGEM, REGIÃO, 
TERRITÓRIO E LUGAR)
Categorias geográicas são diferentes formas de se observar o espaço geográico 
(objeto da Geograia), seja com objetivo de pesquisa ou ensino. Consideramos 
quatro categorias geográicas:
 ■ paisagem;
 ■ lugar;
 ■ região;
 ■ território.
Sobre a paisagem, Santos (1988, p. 61) airma que: 
Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. 
Esta pode ser deinida como o domínio do visível, aquilo que a vista 
abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, mo-
vimentos, odores, sons, etc.
O termo paisagem pode apresentar outros conceitos em outras áreas do conhe-
cimento, como nas Artes e na Arquitetura. Mas, aqui, nos limitaremos à visão 
geográica.
O estudo da paisagem, dentro do pensamento geográico, se deu com a 
Geograia Francesa, principalmente com La Blache (como observamos no Quadro 
1) Na atualidade, Georges Bertrand, geógrafo francês (nascido em 1932), é a 
maior referência nos estudos sobre paisagem e geograia.
A paisagem não é a simples adição de elementos geográicos dispara-
tados. É, em uma determinada porção do espaço, o resultado da com-
binação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e 
antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da 
paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução. 
(BERTRAND, 2004, p. 141)
Com o intuito de reconhecimento e apropriação da realidade por parte dos alunos, 
a Geograia escolar costuma trabalhar com a diferenciação entre paisagem natural 
e paisagem alterada (ou, ainda, humanizada ou antropizada), na qual a primeira 
se trata da paisagem que ainda não sofreu inluência da sociedade, e a segunda, 
como o próprio termo revela, já foi alterada, transformada, para o uso da sociedade.
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Categorias Geográicas (Paisagem, Região, Território e Lugar)
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É praticamente nula a existência de paisagens naturais na atualidade, pois 
mesmo as áreas não habitadas recebem indiretamente o resultado da ação humana, 
como poluição atmosférica. Basta reletirmos que o buraco na camada de ozônio 
se encontra sobre a Antártica, local não habitado por seres humanos.
Já a paisagem alterada está presente no nosso dia a dia e podemos considerá-
-la como resultados dos diversos fatos históricos ocorridos ao longo do tempo. 
Nesse contexto, o professor de História pode se utilizar da paisagem para aná-
lise de fatos históricos. 
Observe:
A paisagem que acabamos de observar é marcada predominantemente por um 
fato histórico: II Guerra Mundial. Mas ela também traz outros elementos, que 
reletem não apenas as ações da guerra, mas sobre o que havia antes da guerra 
(prédios que outrora não estavam destruídos, por exemplo). E, ainda, notamos a 
presença humana, mesmo em meio a uma paisagem de destruição, aguardando 
o momento de “reconstruir” sua história.
Figura 5: Berlim (1945)
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I
Na atualidade, não há como se falar em Geograia de paisagem sem rela-
cionar com a questão ambiental. É direito e responsabilidade de todos (direito 
difuso) e nunca foi tão discutido como nas últimas décadas.
A outra categoria geográica a ser tra-
tada é o lugar, que pode ser deinido como 
“A base da reprodução da vida e pode ser 
analisado pela tríade habitante-identida-
de-lugar. [...]. É o espaço passível de ser 
sentido, pensado, apropriado e vivido atra-
vés do corpo.” (CARLOS, 2007, p. 17)
Em uma análise baseada na escala local, 
podemos compreender melhor o indivíduo, 
sua história especíica (usos e costumes espe-
cíicos) e, ao mesmo tempo, percebendo 
como a globalização inluencia o local (usos e costumes que se tornaram glo-
bais). Trataremos sobre globalização na unidade IV.
Quando tratamos de 
região, encontramos vários 
significados ao longo da 
evolução do pensamento 
geográfico, mas que, de 
forma resumida, podemos 
deinir como diferenciação 
de áreas, mediante crité-
rios previamente deinidos. 
Podemos adotar diversos 
critérios para deinirmos 
uma região: produção agrí-
cola, produção industrial, 
vegetação, clima, fatores 
políticos, relevo, entre mui-
tos outros.
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Figura 6: Mundo Socialista
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Categorias Geográicas (Paisagem, Região, Território e Lugar)
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A Figura 6 demonstra uma regionalização realizada no globo (durante a 
Guerra Fria), separando países socialistas e capitalistas, ou seja, baseada no sis-
tema econômico.
A proposta de regionalização do IBGE, que divide o Brasil em cinco regiões, levou 
em consideraçãouma série de elementos, como economia, clima e vegetação, 
processo histórico de formação do território. Os estudos para o estabelecimento 
de uma regionalização do Brasil tiveram início na década de 1940, conforme 
consta no site do IBGE:
Figura 7: Regiões Brasileiras
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I
Os estudos da Divisão Regional do IBGE tiveram início em 1941, sob a coor-
denação do Prof. Fábio Macedo Soares Guimarães. O objetivo principal de seu 
trabalho foi de sistematizar as várias ‘divisões regionais’ que vinham sendo pro-
postas, de forma que fosse organizada uma única Divisão Regional do Brasil para 
a divulgação das estatísticas brasileiras. Com o prosseguimento desses trabalhos, 
foi aprovada, em 31/01/42, através da Circular nº 1 da Presidência da República, 
a primeira Divisão do Brasil em regiões, a saber: Norte, Nordeste, Leste, Sul e 
Centro-Oeste. A Resolução 143 de 6 de julho de 1945, por sua vez, estabelece 
a Divisão do Brasil em Zonas Fisiográicas, baseadas em critérios econômicos 
do agrupamento de municípios. Essas Zonas Fisiográicas foram utilizadas até 
1970 para a divulgação das estatísticas produzidas pelo IBGE e pelas Unidades 
da Federação. Já na década de 60, em decorrência das transformações ocorri-
das no espaço nacional, foram retomados os estudos para a revisão da Divisão 
Regional, a nível macro e das Zonas Fisiográicas.1
1 Veja mais em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geograia/default_div_int.shtm?c=1>. 
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Figura 8: Histórico da divisão territorial no Brasil
Fonte: IBGE (1999).
Veriica-se, então, que são vários os critérios utilizados para a regionalização e 
que a contínua transformação do espaço geográico precisa ser considerada nesse 
processo, conforme podemos ver em outro trecho do texto encontrado no site 
do IBGE (DIVISÃO... online):
O caráter intrínseco da revisão da Divisão Regional do Brasil refere-se 
a um conjunto de determinações econômicas, sociais e políticas que 
dizem respeito à totalidade da organização do espaço nacional, referen-
dado no caso brasileiro pela forma desigual como vem se processando 
o desenvolvimento das forças produtivas em suas interações como o 
quadro natural. Sem deixar de lado as partes constitutivas da referida 
totalidade, a Divisão Regional em macrorregiões a partir de uma pers-
pectiva histórico-espacial enfatiza a divisão inter-regional da produção 
no País, a par da internacionalização do capital havida pós-60, buscan-
do as raízes desse processo na forma como o estado ora tende a intervir, 
ora a se contrair, em face da evolução do processo de acumulação e de 
valorização do capital, que pode ser traduzido nos sucessivos e varia-
dos Planos de Governo.
Existem outras propostas de regionalização para o território brasileiro. A pró-
pria deinição dos domínios morfoclimáticos de Ab´Saber (que vimos a pouco) 
é um exemplo dessas propostas. Uma, em especial, tem sido amplamente utili-
zada e aceita, tanto em livros didáticos quanto por pesquisadores – Os quatro 
“Brasis” de Milton Santos.
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I
Figura 9: O quatro “Brasis” de Milton Santos
Fonte: Brasil... (online a).
Milton Santos e Maria Laura Silveira, na obra “O Brasil: Território e Sociedade no 
século XXI” (Editora Record, 2008), tratam da formação da região concentrada, 
assim considerada e denominada por concentrar, desde a década de 1930, as relações 
econômicas, sejam elas as comerciais e, posteriormente, as industriais e inanceiras. 
A industrialização e a produção agrícola mais moderna – concentradas 
do Sudeste – e o consumo – mais difuso que a produção, mas também 
concentrado – constituem o conteúdo mal visível do novo processo ter-
ritorial. Acelera-se a tendência à disparidade estrutural de um espaço 
nacional já diferenciado, com a produção de uma situação em que se 
torna mais clara a existência de uma periferia e de um pólo (a “Região 
Concentrada”) (SANTOS; SILVEIRA, 2008, p. 46).
Na proposta em questão, diferente do IBGE, sul e sudeste formam uma mesma 
região, pois, para Santos e Silveira (2008), as diferenças naturais são pouco rele-
vantes no processo de construção do espaço, no que tange às referidas regiões 
do país.
Em suma, a região pode ser deinida por uma ininidade de critérios, isola-
dos ou analisados em conjunto. A escolha dos critérios será determinada pelo 
objetivo da regionalização.
Por im, o território consiste em parcela do espaço geográico, geralmente, 
delimitada por uma fronteira, onde há o exercício do poder e da soberania 
(países, estados, municípios). É a categoria geográica mais presente no estudo 
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Espaço Geográico e a História
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das guerras, envolvendo tomada de territórios, redeinição de fronteiras. 
A História está repleta de casos de redeinições de fronteiras, a exemplo da ex-Iu-
goslávia, e mais recentemente com a divisão do Sudão (fazendo surgir o Sudão 
do Sul – assunto esse do qual trataremos na leitura complementar da unidade).
ESPAÇO GEOGRÁFICO E A HISTÓRIA
Finalizamos essa unidade buscando justiicar: por que “Geograia aplicada à 
História”?
Primeiramente, porque o espaço geográico, como já vimos, é o espaço 
produzido pela sociedade e se faz fato histórico por si só. A cidade está ali, as 
estruturas de segurança estão ali, a poluição e a degradação ambiental. Ao com-
preendermos os fatores que levaram à construção do espaço, reconheceremos a 
História e, em contrapartida, ao apontarmos o resultado da construção da socie-
dade ao longo do tempo, reconheceremos a Geograia.
Em se tratando de ensino, o uso do espaço geográico como fato, “prova” histórica, 
principalmente se próximo e conhecido do aluno, efetiva a compreensão da História.
Outro ponto que devemos considerar: a História ocorre em algum lugar, 
em algum território, em alguma região e cria paisagens. A História não ocorre 
“solta no espaço”, mas sempre no espaço geográico, que, por sua vez, só existe 
graças aos acontecimentos históricos.
O que estudamos até aqui evidenciou a intrínseca ligação entre a História, a 
Geograia e a Cartograia. O mapa é uma espécie de símbolo da Geograia, pois 
é a abstração do espaço geográico. O professor de História, comumente, faz uso 
do mapa como recurso didático, principalmente dos mapas políticos.
Entretanto, o espaço geográico pode ser observado, pelos olhos da Cartograia, 
em outros aspectos, tão signiicantes para História quanto à divisão política. 
Napoleão não perdera a guerra para o inverno rigoroso da Rússia? Para tratar 
desse tema, por exemplo, tão conhecido na História, por que não utilizar um 
mapa de climas? Ou de isotermas (linhas que marcam a variação da temperatura)? 
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Discutiremos tal abordagem na próxima unidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudamos, nessa unidade, como a Geograia, a ciência do espaço produzido e 
transformado pela sociedade, evoluiu de uma prática descritiva até seus conhe-
cimentos serem utilizados com ins políticos e estratégicos, dando embasamento 
para acontecimentos históricos, como as grandes navegações, o colonialismo, o 
imperialismo, bem como as guerras.
Ao evidenciarmostais fatos, torna-se simples e necessário relacionar os 
conhecimentos da Geograia e da História. A interdisciplinaridade, tão discu-
tida atualmente, possibilita ao pesquisador resultados consistentes e socialmente 
aplicáveis; no âmbito escolar, promove um ensino crítico, formador de alunos-ci-
dadãos, capazes de interpretar e relacionar os conteúdos apresentados, superando 
o ensino fragmentado, dissociado, meramente conceitual (“decoreba”).
O processo de estudo da evolução do pensamento geográico ocorre simul-
taneamente à sistematização de outras ciências sociais, como a própria História 
e também a Sociologia. Apresenta aspectos peculiares, pois a ciência geográica, 
como vimos, não é nem somente social, nem somente natural – é transversal. 
Humboldt e Ritter, considerados os pais da Geograia Moderna, demonstram 
isso por suas formações: o primeiro botânico, o segundo historiador.
Conhecer o processo de formação do conhecimento geográico, por outro 
lado, se faz necessário para que olhemos também de forma crítica ao que ele nos 
apresenta. Índices, médias, padrões: até que ponto representam a realidade? Até 
que ponto mascaram a realidade? As divisões territoriais: que fatos históricos 
carregam? São benéicas a todos? O olhar conjunto da História e Geograia pode 
nos dar respostas valiosas para tais perguntas.
As atividades a seguir ajudarão na relexão e na ixação do conteúdo visto 
até aqui. 
Bons estudos! 
41 
1. Etimologia é o estudo gramatical da origem e história das palavras, de onde 
surgiram e como evoluíram ao longo dos anos. Tal estudo auxilia na compreen-
são do contexto histórico do surgimento dos diversos termos e terminologias. 
Quanto à etimologia da palavra Geograia, assinale a alternativa correta:
a) O seu signiicado expressa o principal objetivo da ciência geográica: descrever 
a superfície terrestre, para que as outras ciências interpretem a produção do 
espaço pela sociedade.
b) O termo foi criado pelos árabes, durante a Idade Média, que viam na Geograia 
os conhecimentos necessários para mapear o caminho à Meca.
c) O termo foi criado por Humboldt, conhecido como pai da Geograia.
d) A origem da palavra é grega e signiica “escrever sobre a Terra” ou “descrição 
da Terra”. Apesar do signiicado, a Geograia quanto ciência, atualmente, não se 
limita a descrever lugares.
e) O termo foi introduzido no meio cientíico por Ratzel, e expressa a ideia de es-
tratégias para dominação de territórios.
2. Categorias geográicas são diferentes formas de se observar o espaço geográ-
ico, seja com objetivo de pesquisa ou ensino. Em relação a tais categorias, 
analise as sentenças:
I. Motivo de conlitos ao longo da História, essa categoria geográica está vincula-
da ao poder político, possui geralmente fronteiras delimitadas e marca o limite 
da soberania.
II. Enfatizada no método geográico por Hartshorne, essa categoria pode abordar 
uma classiicação mais generalizada, com poucos elementos, ou uma análise 
mais detalhada, em uma área menor, contendo vários elementos.
III. Apreendida pelos sentidos humanos, revela, instantemente, elementos visíveis 
presentes no processo de construção daquele espaço.
IV. Espaço vivido, espaço construído e utilizado diretamente por cada indivíduo; 
palco de resistências culturais.
As sentenças acima, quanto às categorias geográicas, representam, respec-
tivamente:
a) Lugar, paisagem, território, região.
b) Região, lugar, paisagem, território.
c) Paisagem, região, lugar, território.
d) Território, região, paisagem, lugar.
e. Território, paisagem, região, lugar.
3. A evolução do pensamento geográico, ao longo da história, é marcada pela in-
luência dos interesses de dominação europeia sobre outros territórios, deixan-
do traços notórios em nossa cultura e conceitos sobre espaço. Assinale Verda-
deiro (V) ou Falso (F) para as sentenças:
( ) Nossa cultura é fortemente marcada pelo que podemos chamar de europei-
zação. Acostumamos ver a Europa como centro e na “parte de cima” do mundo 
nos mapas. O interessante é que nosso planeta não tem “parte de cima” ou “de 
baixo”: temos norte e sul, que podem ser representados de diferentes formas, 
sendo necessária apenas a correta indicação da direção pela Rosa dos Ventos.
( ) A Geograia Crítica foi abandonada pela maior parte dos geógrafos, principal-
mente no Brasil, por não contribuir para a evolução do pensamento geográico.
( ) A Geograia como ciência surgiu na Alemanha, país cujas peculiaridades his-
tóricas se tornaram solo propício para discussões sobre território e produção do 
espaço.
( ) A Geograia cientíica surgiu primeiramente na França, com os estudos de La 
Blache, inluenciada pelos ideais da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e 
fraternidade.
A sequência correta é:
a) V,F,V,F.
b) F,V,F,V.
c) F,V,F,V.
d) V,V,F,V.
e) F,F,V,F.
4. Existem diversas correntes do pensamento geográico, algumas já praticamen-
te abandonadas (como o determinismo), e outras ainda ativas, inluenciando as 
atuais ações voltadas ao estudo e percepção do espaço geográico. Relacione 
as informações fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geograia e Estatís-
tica (IBGE) à corrente de pensamento geográico pertinente, enfatizando 
seus objetivos e compromisso social. 
Para mais informações, consulte o site: <www.ibge.gov.br>).
43 
O PAPEL DO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O 
DESENVOLVIMENTO (PNUD) NA CONSTRUÇÃO DO GOVERNO DA 
REPÚBLICA DO SUDÃO DO SUL
A República do Sudão do Sul declarou sua independência em julho de 2012 a partir de 
referendo realizado sobre a separação com o Norte, após décadas de conlito civil entre 
ambas as partes, marcando o desmembramento da porção sul do território sudanês. O 
mais recente país africano nasce em pobreza absoluta como Estado fraco, devastado 
por décadas de guerras e abalado por conlitos étnicos.
A falta de hospitais, clínicas, estradas, saneamento básico, assistência social e serviços 
básicos, de maneira geral, demanda a atuação conjunta de organizações internacionais 
que promovam a reconstrução estatal sul-sudanesa, em áreas essenciais para o desen-
volvimento do país, como assistência humanitária, construção civil, repatriação de refu-
giados e reconstrução do Estado de direito, por exemplo, pois o Estado parece necessi-
tar de apoio inanceiro, estrutural, material e logístico para reestruturar-se.
Existem diversas organizações internacionais atuando no país, mas o Programa das Na-
ções Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) destaca-se pela atuação multidimensio-
nal, atuando em ações diversas junto às instituições do Governo em todos os níveis, 
de acordo com as diretrizes expressas. Entretanto, diversas organizações internacionais 
atuam também em áreas comuns à atuação do PNUD, algumas desenvolvendo políticas 
isoladas, outras conjuntas.
O Sudão, maior país do continente africano, após uma longa e recorrente história de 
conlitos interétnicos e entre facções contrárias ao governo, vivenciou um processo de 
secessão que culminou com a declaração de independência da República do Sudão do 
Sul em julho de 2011, resultado inal da implementação do Acordo de Paz (CPA) im-
plementado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005 como tentativa de 
reconciliação entre Norte e Sul.
O conlito entre o Governo do Sudão e o Exército Popular do Sudão teve suas raízes in-
cadas na disputa por recursos, poder e religião, conlito este que devastou grande parte 
do país, causou o deslocamento de refugiados, minou recursos naturais já escassos, con-
tribuindo, assim, para a falta de desenvolvimento da região.
Leia mais no link disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/ 
123456789/107274/319514.pdf?sequence=1&isAllowed=y>.
Fonte: Guimarães (2013).
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Professora Me. Emília Bandeira Perissatto
O PAPEL DA CARTOGRAFIA 
NO CONHECIMENTO 
GEOGRÁFICO E HISTÓRICO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Reconhecer e compreender o papel da Cartograia no 
desenvolvimento dos conhecimentos históricos e geográicos.■ Discutir a relação intrínseca existente entre a Cartograia e a 
Geograia, em especial, no ambiente escolar.
 ■ Reconhecer a produção cartográica na Antiguidade, relacionando os 
resultados com o contexto histórico.
 ■ Reconhecer a produção cartográica na Idade Média, relacionando os 
resultados com o contexto histórico.
 ■ Identiicar a relação existente entre a evolução do conhecimento 
cartográico e as conquistas colonialistas e imperialistas.
 ■ Compreender a importância estratégica das informações 
cartográicas em períodos de guerra.
 ■ Identiicar os atuais recursos digitais disponíveis no que tange a 
materiais cartográicos, discutindo sobre aplicação didática dos 
mesmos, dentro das aulas de História.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O papel da Cartograia no Conhecimento Geográico e Histórico
 ■ Cartograia e Geograia
 ■ Cartograia na Antiguidade
 ■ Cartograia na Idade Média
 ■ Cartograia, Colonialismo e Imperialismo
 ■ Cartograia e as Guerras
 ■ Cartograia e Geoprocessamento: Ferramenta Didática
INTRODUÇÃO
Olá, seja bem-vindo(a)! 
A Cartograia, como veremos, consiste em um misto de ciência, técnica e arte. 
Tem como principal objetivo registrar, da forma mais precisa e clara possível, as 
informações sobre o espaço, seja este habitado ou não. Com isso, percebemos 
a importância do reconhecimento dos materiais cartográicos como verdadei-
ros documentos históricos, demonstrando as mutações ocorridas na visão de 
mundo realizada por nossos antepassados.
O estudo de mapas antigos evidencia o histórico de ocupação do território, da 
troca de informações entre povos, rotas comerciais, conlitos e dominação de terri-
tórios, entre outras tantas informações. Vários estudiosos admitem que o homem 
aprendeu a fazer mapas antes mesmo de aprender a escrever, o que torna ainda 
mais notável a importância dos conhecimentos cartográicos para comunicação.
Apesar da tarefa de fazer mapas não ser necessariamente geográica, os mapas 
aparecem como uma espécie de símbolo, e material essencial para o desenvolvimento 
do conhecimento geográico, seja no âmbito cientíico, seja no âmbito escolar.
Reconhecer as informações implícitas e explícitas presentes nos materiais 
cartográicos é de extrema importância para o futuro professor de História que 
deseja contextualizar espacialmente os fatos estudados. Além das informações 
históricas, como processo de ocupação, temos com os mapas a possibilidade de 
expor características naturais, sociais, econômicas levando a um estudo mais 
profundo, crítico e estruturado.
Os mapas caminham junto com a Geograia também em seu papel histó-
rico de auxílio à dominação, ao poder. Perceberemos ao longo do estudo dessa 
unidade (e depois com a unidade V também) que a Geograia e a Cartograia 
apresentam-se, historicamente, como instrumentos de poder e dominação, e 
reletindo também os interesses dos mais poderosos (por que a Europa é repre-
sentada no centro do mapa?).
Na unidade II, trataremos da Cartograia, em seus conceitos, relações históri-
cas, objetivos e desdobramentos atuais, em face do desenvolvimento tecnológico. 
Vamos aos estudos?
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Introdução
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O PAPEL DA CARTOGRAFIA NO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO
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O PAPEL DA CARTOGRAFIA NO CONHECIMENTO 
GEOGRÁFICO E HISTÓRICO
De acordo com Aguirre e Mello Filho (2009, p. 4), “[...] o homem aprendeu 
primeiro a elaborar mapas rudimentares antes de aprender a ler e escrever”. O 
pensamento cartográico surge, então, da necessidade do ser humano de conhe-
cer o mundo que habita, preocupando-se com o deslocamento sobre este espaço 
e com suas características.
O termo Cartograia, em seu sentido etimológico, refere-se a “descrição de 
cartas”, entendendo aqui que o termo carta pode ser utilizado como sinônimo 
de mapa em algumas situações (mais detalhes posteriormente). Na prática, era 
utilizado para designar a atividade de traçar mapas.
Apesar de uma atividade tão antiga, considerações conceituais sobre a 
Cartograia são consideravelmente recentes, como exposto no site do IBGE 
(NOÇÕES... online):
Em 1949, a Organização das Nações Unidas reconhecia a importância da 
Cartograia através da seguinte assertiva, lavrada em Atas e Anais: ‘CAR-
TOGRAFIA no sentido lato da palavra não é apenas uma das ferramen-
tas básicas do desenvolvimento econômico, mas é a primeira ferramenta 
a ser usada antes que outras ferramentas possam ser postas em trabalho’. 
Considerada ao mesmo tempo ciência, técnica e arte, a deinição dada pela 
Associação Cartográica Internacional (ACI) e ratiicada pela Organização das 
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) é:
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O Papel da Cartograia no Conhecimento Geográico e Histórico
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A Cartograia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações cien-
tíicas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observa-
ções diretas ou da análise de documentação, volta-se para a elaboração de 
mapas, cartas e outras formas de expressão ou representação de objetos, 
elementos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos, bem como 
o seu estudo e a sua utilização. (AGUIRRE; MELLO FILHO, 2009, p. 4)
Nos estudos geográicos acadêmicos contemporâneos a “Geograia das Redes” é uma 
forma tão importante de olhar o território, que se constitui em disciplina obrigató-
ria em vários cursos de graduação no Brasil, seja de licenciatura ou bacharelado é o 
que traz o site do IBGE sobre noções básicas de cartograia e a deine dessa forma.
É ciência e técnica porque o resultado gráico, para alcançar a exatidão e pre-
cisão necessárias, utiliza-se do apoio cientíico no que tange aos conhecimentos 
astronômicos, geodésicos, topográicos, fotogramétricos e de Sistemas Globais de 
Navegação por Satélites Artiiciais (GPS), por exemplo. Ou seja, utiliza-se de concei-
tos de Astronomia, que consiste basicamente no estudo dos corpos celestes (planetas, 
estrelas, satélites, entre outros); de Geodésia, que se preocupa com a forma da Terra 
(conheceremos mais detalhes sobre Geodésia, posteriormente); de Topograia, que 
aborda a descrição e registro das caraterísticas presentes na superfície de um territó-
rio; de Fotogrametria, que consiste no levantamento e interpretação de informações 
topográicas por meio de fotos (áreas ou não); e enim, de Sensoriamento Remoto, 
contando com dados de satélites artiiciais, radares, que em conjunto com os avanços 
de processamento informacional, trazem dados cada vez mais precisos e detalhados.
A sigla GPS (Global Positioning System) tem sido traduzida como Sistema 
de Posicionamento Global. Essa tradução popularizou-se sem qualquer tipo 
de questionamento pela comunidade técnico-cientíica da área. No entan-
to, uma análise aprofundada da tradução mostra sua incoerência. Haja vista 
que global é a característica fundamental do sistema, e não o posiciona-
mento do ponto, que é único. Portanto, se o objetivo é a determinação de 
pontos sobre a superfície terrestre (X,Y, Z e altura elipsoidal), a tradução cor-
reta da sigla GPS deve ser Sistema Global de Posicionamento. 
Fonte: Aguirre e Mello Filho (2009, p. 4).
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II
A Cartograia é, ainda, uma arte, tendo em vista que a representação gráica se 
subordinaàs leis estéticas da simplicidade, clareza e harmonia, procurando atin-
gir, também, um ideal artístico de beleza, satisfação visual (Conf. AGUIRRE; 
MELLO FILHO, 2009, p. 4).
Observe a imagem, que tem como tema a temperatura.
Agora relita: o mapa não tem legenda, mas é difícil entender onde as tem-
peraturas são mais altas e onde são mais baixas? A informação foi passada 
de forma clara e, esteticamente, adequada?
Fonte: A autora
©shutterstock
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Figura 11: Domínios morfoclimáticos 
Fonte: Gobbi (online).
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Figura 12: Biomas do Brasil
Fonte: SNIF... (online).
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II
Os dois mapas evidenciam a questão da subjetividade presente na pro-
dução cartográica. O Pantanal, por exemplo, não aparece quanto domínio 
Morfoclimáticos, e as Araucárias, por sua vez, não constam como bioma.
Partindo dessa percepção, entendamos que a Cartograia não é neutra, e 
questões relacionadas a interesses subjetivos sempre estiveram presentes nos 
resultados cartográicos. Que a Cartograia, desde os primórdios, caracterizou-
-se pela necessidade de orientação e registros de informações sobre lugares, já 
sabemos, ou pelo menos imaginávamos. Todavia, a inalidade mais marcante na 
história dos mapas foi a de estarem voltados à prática, a serviço da dominação 
e do poder. Registrando o que interessava a minoria, e investindo no constante 
aperfeiçoamento dentro desse pensamento. Sendo assim:
Os mapas, junto a qualquer cultura, sempre foram, são e serão formas 
de saber socialmente construído; portanto, uma forma manipulada do 
saber. São imagens carregadas de julgamentos de valor. Não há nada de 
inerte e passivo em seus registros (MARTINELLI, 2008, p. 8)
Bioma é um conjunto de diferentes ecossistemas, são as comunidades bio-
lógicas, organismos da fauna e da lora, como lorestas tropicais úmidas, 
tundras, savanas, desertos árticos, lorestas pluviais, subtropicais ou tem-
peradas, biomas aquáticos, como recifes de coral, zonas oceânicas, praias 
e dunas.
Essa palavra foi criada por um ecólogo americano chamado Frederic Cle-
ments, que deiniu bioma como uma comunidade de plantas e animais, ge-
ralmente de uma mesma formação. Desde a sua criação, bioma vem sofren-
do algumas modiicações e muitas deinições.
Os biomas apresentam tipos isionômicos semelhantes de vegetação, os 
mesmos fatores ecológicos e estão estreitamente relacionados às faixas de 
latitude, por conseguinte ao clima. Por exemplo: nas áreas de baixa latitude 
ou de clima tropical, predominam as lorestas tropicais; nas áreas de média 
latitude surgem as lorestas temperadas.
Fonte: Bioma In: Signiicados (online).
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Ainda nessa unidade, no item Cartograia, Colonialismo e Imperialismo, tra-
taremos mais profundamente dessa relação da Cartograia com os interesses de 
poder e dominação política, territorial, econômica e cultural.
Analisando ainda as iguras 10, 11 e 12, expostas a pouco, percebemos tam-
bém como a técnica cartográica evoluiu: não encontrou nas duas últimas iguras 
árvores ou outras plantas como meio de representar as referidas vegetações, 
enquanto na igura 10, temos a representação do relevo por meio de “desenhos” 
propriamente dito de montanhas. A evolução das técnicas cartográicas está rela-
cionada à própria evolução do conhecimento cientíico, mas, principalmente, às 
diferentes “visões de mundo” que a humanidade apresentou ao longo da histó-
ria. Nessa unidade também trataremos sobre as peculiaridades da Cartograia 
ao longo da História, de forma mais detalhada do que já vimos na unidade I.
Sobre a relação entre percepção do mundo vivido, e produção cartográica 
Martinelli (2008, p. 8) airma que:
Como linguagem, os mapas conjugam-se com a prática histórica, po-
dendo revelar diferentes visões de mundo. Carregam, outrossim, um 
simbolismo que pode estar associado ao conteúdo neles representado. 
Constituem um saber que é produto social, icando atrelados ao pro-
cesso de poder, vinculados ao exercício da propaganda, da vigilância, 
detendo inluência política sobre a sociedade.
E acompanhando o progresso do conhecimento da humanidade, a Cartograia 
modiica continuamente sua metodologia, em acordo com a disponibilidade 
tecnológica. Assim, os mapas estão presentes “praticamente em todas as ativi-
dades humanas, haja vista que é a primeira ferramenta usada para qualquer tipo 
de planejamento do espaço físico da superfície terrestre” (AGUIRRE; MELLO 
FILHO, 2009, p. 4).
Para que consigamos compreender adequadamente as informações trazidas 
pelos materiais cartográicos e, por consequência, utilizá-los como instrumento 
didático, conheçamos alguns dos conceitos básicos da Cartograia.
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II
CONCEITOS BÁSICOS DE CARTOGRAFIA
Caro(a) aluno(a), os conceitos aqui explicitados não contemplam a totalidade 
das deinições que envolvem o processo de produção cartográica, até porque 
alguns deles são muito especíicos e fogem do contexto e objetivos da nossa dis-
ciplina. Com isso, nosso foco estará na interpretação e uso do mapa para ins 
didáticos, pensando na realidade e pretensões do futuro professor de História. 
Até os professores de Geograia não estudam profundamente todos os aspec-
tos da Cartograia, pois, como já dito, são utilizados na produção cartográica 
conhecimentos oriundos de diversas ciências.
Iniciemos, então, com a diferenciação de mapa e carta. Em suma, a dife-
rença entre os dois materiais está na escala e no detalhamento e precisão das 
informações emitidas.
Figura 13: Exemplo de Mapa: Pontos extremos e fronteiras brasileiras
Fonte: Pontos... (online).
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Figura 14: Exemplo de carta: Geologia do Estado de Roraima
Fonte Disponivel em: tp://geotp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/geologia/unidades_federacao/rr_geologia.
pdf; Acesso em 29/11/15.
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II
Na igura 13, podemos notar a demonstração de informações simples, com 
pouco detalhamento, em um material cartográico de escala pequena, ou seja, 
cobre um vasto território, mas sem dar muitos detalhes sobre ele.
Enquanto isso, a igura 14 é tão rica em detalhes que o limite do tamanho 
da página desse livro impede a visualização das informações (acessando o link 
é possível ver todos os detalhes). Na Carta Geológica de Roraima, a escala é 
grande, e acessando o material pelo site do IBGE é possível ver detalhadamente 
cada variação rochosa do estado.
A diferença entre os dois materiais é enfatizada por Aguirre e Mello Filho 
(2009, p. 5-6), mostrando que:

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