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Slides D Penal III

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UNIFESO
Direito Penal III
Prof. Renato Meirelles Guerra Neto
4º período B
Considerações sobre o período:
Prezados, é com muito prazer que iniciamos mais um período em Direito Penal, dessa
vez ministrando o final da parte geral do Código Penal e iniciando a parte especial
(artigos 121 a 212 do CP), onde passaremos a ver os crimes em espécie.
Aproveitamos essa oportunidade para reiterar alguns pontos da nossa relação no
período:
• Comunicação professor – aluno  minha comunicação com vocês será única e
exclusivamente via blog do CCHS (por exemplo, disponibilização de material,
comunicados, etc.). Não utilizaremos e-mail da turma, ou qualquer outro canal.
• Comunicação aluno – professor  a comunicação de vocês comigo se dá
preferencialmente nas aulas, caso o aluno entenda necessário poderá encaminhar
e-mail para o endereço renato-meirelles@hotmail.com, assim que possível
responderei com o maior prazer. Lembrem-se que isso não inviabiliza o acesso ao
professor, pelo contrário, saibam que vocês possuem ampla liberdade para
trazerem dúvidas, críticas, etc.
• Prova  a AV1 será realizada com 3 (três) instrumento, tal como vocês já estão
acostumados. Todas as provas serão divididas em duas partes: a 1ª parte será uma
prova objetiva, preferencialmente com 10 (dez) questões retiradas de concursos,
exames de ordem, ENADE ou feitas pelo próprio professor, NÃO sendo permitida
nenhuma espécie de consulta; a 2ª parte será um prova discursiva, com questões de
concurso ou feitas pelo professor, sendo permitida consulta apenas ao Vade Mecum.
Cada parte valerá 5 (cinco) pontos.
a) 1º instrumento da AV1  será realizada em dupla ou trio (sem exceções), sendo
uma exceção à regra da 2ª parte da prova, ou seja, somente aqui é permitida a
consulta à doutrina e material do aluno (ex: livros, caderno, etc.).
b) 2º instrumento da AV1  será um trabalho, o tema ainda será definido com a
turma em sala de aula. Desde já recordo que o trabalho deve conter no mínimo 5
(cinco) páginas e será MANUSCRITO (trabalhos digitados não serão corrigidos).
c) 3º instrumento da AV1 e demais avaliações  prova individual, obedecendo a regra
geral acima.
Obs.: em todas as provas o professor fará inspeção no código dos alunos, caso seja
encontrado algum material de cola, imediatamente será atribuída nota zero.
NÃO É PERMITIDA CONSULTA A NENHUM MEIO ELETRÔNICO (ex: celular, tablet, etc.).
• Vade Mecum  é sempre importante recordá-los da importância de ler a letra
da lei, não há como chegar ao objetivo de vocês, serem OPERADORES DO
DIREITO, sem ter intimidade com o instrumento de trabalho, ou seja, é
fundamental que saibam como operar com o código. Claro que não podemos
esquecer que muitos trabalham e carregar o vade mecum não é fácil, mas não
deixem que isso os prejudique, baixem algum aplicativo no celular e
acompanhem as aulas fazendo a leitura dos dispositivos.
Obs.: ainda com relação ao vade mecum é importante que esteja atualizado.
OU
AÇÃO PENAL
1.1 Conceito; 1.2 Espécies; 1.3 Princípios orientadores.
CONCEITO
Na história da civilização podemos identificar o momento de rompimento da
autotutela com o surgimento do chamado direito de ação penal, onde o Estado
reclama para si o direito de dirimir questões envolvendo os indivíduos.
Segundo a doutrina majoritária “[...] ação penal é o direito público subjetivo de
pedir ao Estado-juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto.
Funciona, portanto, como o direito que a parte acusadora – Ministério Público ou
o ofendido (querelante) – tem de, mediante o devido processo legal, provocar o
Estado a dizer o direito subjetivo no caso concreto” (LIMA, 2014, p. 185).
Importante ressaltar que a ideia de direito de ação como direito subjetivo
prevalece, também, no Processo Civil, Humberto Theodoro Júnior (2012, p. 69)
ressalta que tal direito é consequência da intervenção estatal na solução de
conflitos, caracterizando verdadeiro direito à jurisdição.
A CRFB/1988 em seu artigo 5º, XXXV prevê “a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, de onde retiramos o fundamento
constitucional de tal direito fundamental.
O ordenamento jurídico penal e processual penal contempla o direito subjetivo de ação nos
artigos 100 a 106 do CP e 24 a 62 do CPP, denota-se a partir daí que o tema tem uma natureza
mista, tendo caráter penal (material-penal) e processual penal (adjetivo-processual), posto que
o exercício do direito de ação tem íntima ligação com o ius puniendi estatal (direito de punir).
Comprovando esse raciocínio temos o exemplo da Lei nº 12.015/2009 que mudou o
entendimento aplicado aos crimes sexuais (Título VI do CP – artigos 213 e seguintes), que
passaram de ação penal privada para ação penal pública condicionada à representação. Logo,
em termos de ação penal devemos aplicar a lei mais favorável ao acusado (princípio da
retroatividade da lei mais benigna – art. 5º, XL da CRFB/1988) e não o artigo 2º do CPP (tempus
regit actum).
1.1.1 Características do direito de ação:
a) Direito Público – já que é exercido contra o Estado (TOURINHO FILHO, 2012, p. 160), ou
seja, a atividade estatal que é provocada. Até mesmo nas ações penais de INICIATIVA
privada a ação penal continua sendo um direito público, o que se transfere é apenas a
possibilidade de ingressar em juízo (art. 100, §§2º e 3º do CP).
b) Direito Subjetivo – “porque sempre que alguém pode exigir alguma coisa de outrem tem,
nada mais nada menos, um direito subjetivo” (TOURINHO FILHO, 2012, p. 160).
c) Direito Autônomo – não se confunde com o direito material debatido no bojo do processo.
d) Direito Abstrato – existe mesmo quando o Juiz decide pela improcedência do pedido
de condenação.
e) Direito Determinado – é “[...] instrumentalmente conexo a um fato concreto, já que
pretende solucionar uma pretensão de direito material” (LIMA, 2014, p. 186).
f) Direito Específico – tem conteúdo, que é a infração penal que é atribuída ao acusado,
ou seja, o objeto da imputação.
1.1.2 Condições da ação:
O tema será estudado e aprofundado em Processo Penal, contudo, entendemos que o
estudo da ação penal reclama breve compreensão das condições da ação, posto que
elas condicionam o exercício do direito subjetivo de ação (art. 395, II do CPP). São elas:
a) Legitimidade das partes;
b) Interesse de agir;
c) Possibilidade jurídica do pedido; e
d) Justa causa.
Legitimidade das Partes
Segundo Vicente Greco Filho (2012) legitimidade “refere-se às partes, sendo denominada,
também, legitimação para agir ou, na expressão latina, legitimatio ad causam”. Em regra, só
pode exercer o direito subjetivo de ação aquele que está envolvido na relação jurídica material
trazida à juízo (legitimação ordinária), excepcionalmente a lei permite que pessoas exerçam o
direito subjetivo de ação sem estarem diretamente envolvidas na relação de direito material
(legitimação extraordinária) – artigo 18 do CPC/2015.
A legitimidade se divide em:
• Ativa – esta é expressamente determinada pela lei, via de regra pertence ao Ministério
Público (ação penal pública), podendo ser do ofendido (ação penal privada).
Artigo 100 do CP – “A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido”.
A legitimidade ativa ainda se subdivide em primária e secundária, esta última ocorre quando a
lei permite que em determinadas situações excepcionais outra pessoa haja ao invés do titular
original.
• Legitimidade passiva – é contra quem se propõe a ação penal, ou seja, aquele a quem é
imputada a prática de infração penal narrada na inicial (denúncia ou queixa).
Interesse de Agir (ou Processual)
Segundo André Nicolitt (2016, p. 247), “[...] embora o Estado tenha o monopólio
da jurisdição, o aparato judicial só pode ser acionado quando houver necessidade
e utilidade” (NICOLITT, 2016, p, 247).
a) Necessidade – para sabermos se há o interesse de agir temos que nos
perguntar “é necessária a intervenção do Poder Judiciário para a solução
daquele conflito?”, ou seja, a necessidade estará semprepresente que o autor
não puder pacificar a questão sem o auxílio da justiça. Como na seara penal é
vedada a autotutela, devendo sempre o Estado intervir, a necessidade é
presumida (nulla poena sine judicio).
b) Utilidade – diz Rogério Greco “[...] embora sempre haja o interesse-
necessidade, às vezes pode faltar ao legitimado ativo o chamado interesse-
utilidade da medida”, ou seja, embora sendo necessária a intervenção do
Poder Judiciário sua atuação não é mais útil (por exemplo, já ocorreu a
prescrição)
Possibilidade Jurídica do Pedido
Segundo Gustavo Badaró (2012, p. 101) “[...] o pedido será juridicamente possível
sempre que, em tese, a conduta imputada ao acusado for típica. Se alguém for
denunciado, por exemplo, por furto de uso ou por incesto, a denúncia deverá ser
rejeitada. Além da atipicidade, o pedido também será juridicamente impossível,
nos casos em que o fato não constituir crime, como no ato infracional praticado
por menor de 18 anos” (BADARÓ, 2012, p. 101).
Justa Causa
Nem todos os autores a definem como uma
das condições da ação. Trata-se do lastro
probatório mínimo capaz de dar suporte à
imputação narrada na peça inaugural (artigo
395, III do CPP).
Segundo André Nicolitt (2016, p. 255) “[...] a
justa causa consiste em um lastro probatório
mínimo sobre a a existência (materialidade) e
autoria do fato criminoso” (NICOLITT, 2016, p.
255).
Portanto, não se admite o exercício do direito
subjetivo de ação se não houver indícios
suficientes de autoria e prova da
materialidade (existência do crime).
Espécies de Ação Penal:
Nosso ordenamento jurídico prevê somente duas espécies de ação penal – AÇÃO
PENAL PÚBLICA (regra) e AÇÃO PENAL PRIVADA (exceção).
Artigo 100 do CP – “A ação penal é PÚBLICA, salvo quando a lei expressamente a
declara privativa do ofendido”.
ATENÇÃO: A ação penal de iniciativa do ofendido não perde seu caráter público, o
direito subjetivo continua sendo exercido contra o Estado, portanto, público. A
divisão está meramente ligada à iniciativa do ofendido para início da persecução
penal.
AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
Incondicionada. Privada propriamente dita.
Condicionada à representação do ofendido ou a requisição do 
Ministro da Justiça.
Privada subsidiária da pública.
----------------------------------------------------------------------------------- Privada personalíssima.
Ação Penal de Iniciativa 
Pública Incondicionada
É a ação em que o titular é o Ministério Público (artigos 129, I CRFB e 24 do CPP)
NÃO estando esse ente submetido/condicionado a nenhuma manifestação para
iniciar a persecução penal.
Diz Gustavo Badaró (2012, p. 121) “[...] no silêncio do legislador – isto é, quando
não determina que a ação penal é pública condicionada ou privada - , a ação
penal será pública incondicionada” (BADARÓ, 2012, p. 121).
Nos casos em que a ação penal é PÚBLICA INCONDICIONADO, os órgãos
investigativos podem proceder de ofício às investigações (por exemplo, Polícia,
MP, etc.) e o MP poderá iniciar a ação penal do mesmo modo.
Em razão disso, nos crimes de ação penal pública de iniciativa incondicionada,
qualquer do povo poderá provocar a iniciativa do MP, é a chamada notitia
criminis (artigo 27 do CPP).
Ação penal de Iniciativa Pública 
Condicionada à Representação do Ofendido 
ou de Requisição do Ministro da Justiça
Aqui o titular também é o Ministério Público, contudo, sua atuação e dos órgãos
investigativos fica condicionada à manifestação do ofendido ou do Ministro da
Justiça.
A representação de que trata a lei não requer formalismos exagerado, por
exemplo, a simples ida da vítima à delegacia já demonstra sua intenção em
representar, dispensando a assinatura de termos e documentos que demonstrem
cabalmente sua vontade.
ATENÇÃO: Falamos que o MP continua titular da ação penal, ou seja, a
representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça NÃO obrigam o
MP à oferecer denúncia, podendo este órgão opinar pelo arquivamento das
peças de informação ou do inquérito policial.
Artigo 38 do CPP – o prazo para a oferecimento da representação é de 6 (seis)
meses, contados a partir do dia em que o ofendido souber quem é o autor.
Ação Penal de Iniciativa
Privada Propriamente Dita
É aquela em que o direito de acusar (ius acusationis) pertence exclusivamente ao
ofendido ou a quem tenha condições de representá-lo (artigos 100, §4º do CP e 31 do
CPP). Diferentemente da ação penal pública, onde a peça inaugural chama-se denúncia,
na ação penal privada a peça inaugural chama-se queixa, que deve ser feita pelo
ofendido ou por deva representa-lo.
Sobre o tema diz Rogério Greco (2014, p. 691):
“Embora o Estado sempre sofra com a prática de uma infração penal, pois o seu
cometimento abala a ordem jurídica e coloca em risco a paz social, existem situações
que interessam mais intimamente ao particular do que propriamente ao Estado”.
Por essa razão o Estado abre mão do seu direito de acusar e entrega ao particular, já
que esse tem maior interesse. Muitas vezes a persecução penal é mais vexatório ao
ofendido, preferindo este o silêncio do que invocar o exercício do direito de ação.
Artigo 38 do CPP – o prazo para a oferecimento da queixa é de 6 (seis) meses, contados
a partir do dia em que o ofendido souber quem é o autor.
Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
Essa espécie de ação penal recebe proteção Constitucional no artigo 5º, LIX, estando
prevista, também, nos artigos 100, §3º do CP e 29 do CPP. Trata-se, portanto, de direito
fundamental do acusado em ver as ações públicas serem propostas, devendo ele
acompanhar o andamento das investigações.
Havendo desídia do Ministério Público para a propositura da ação penal de iniciativa
pública (por exemplo, em razão do excesso de trabalhos), deixando este órgão
transcorrer in albis o prazo de que trata o artigo 46 do CPP (5 dias réu preso; 15 dias réu
solto), abre-se ao ofendido o direito de oferecer queixa no lugar da denúncia do MP.
ATENÇÃO: A possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública só se abre com a
DESÍDIA do MP, caso este órgão esteja requerendo diligências ou o arquivamento do
inquérito policial NÃO se abre ao acusado a possibilidade de exercício desse direito de
ação.
Oferecida a queixa supletiva no prazo de 6 meses, o MP funcionará como fiscal da lei
(custus legis), podendo aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal (artigo 29 do CPP). Isso em razão do caráter público inicial da ação, que apenas
permitiu a queixa em razão da desídia do ente estatal, não desnaturando a ação penal.
Ação Penal Privada Personalíssima
São as ações em que não se admite substituição na
propositura da ação penal, somente o ofendido tem
o poder de propô-la, mais ninguém, não se aplicando
os artigos 100, §4º do CP o 31 do CPP. Isso se justifica
pelo fato de que determinados crimes possuem
caráter extremamente íntimo e pessoal.
Como exemplo de crime com esta espécie de ação
penal privada temos o Induzimento a Erro Essencial e
Ocultação de Impedimento (artigo 236 do CP), que
em seu parágrafo único diz “a ação penal depende de
queixa do contraente enganado e não pode ser
intentada senão depois de transitar em julgado a
sentença que, por motivo de erro ou impedimento,
anule o casamento”.
Havendo morte do ofendido, nenhuma pessoa
poderá iniciar a ação penal no seu lugar, restando
extinta a punibilidade do acusado.
Princípios Orientadores
AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA
Obrigatoriedade (ou legalidade) – O MP tem o dever de dar
início à ação penal quando diante de fato aparentemente
típico, ilícito e culpável e que atenda às condições da ação
(legitimidade, interesse das partes, possibilidade jurídica do
pedido e justa causa)
Oportunidade – nas ações de iniciativa privada há FACULDADE
do ofendido no exercício do direito de ação, devendo este
analisar os critériosde conveniência e oportunidade para
tanto.
Oficialidade – as ações de iniciativa pública são procedidas
por órgão oficial, o MP (artigos 129, I da CRFB/1988 e 24 do
CPP).
Disponibilidade – ao contrário do MP, o ofendido pode dispor
da ação penal através de alguns institutos jurídicos, por
exemplo, a perempção (artigos 60, I do CPP e 107, IV do CP).
Indisponibilidade – o MP não pode desistir da ação penal.
ATENÇÃO: Isso não significa que o MP não pode requerer a
absolvição ao final da ação penal.
Indivisibilidade – este princípio é comum às duas espécies de
ação penal, não pode o ofendido se valer da ação penal e
escolher contra quem exerce seu direito, posto que o Direito
não serve para vinganças (artigo 48 do CPP).
Indivisibilidade – quando a infração penal é praticada em
concurso de agentes, todos devem receber do MP o mesmo
tratamento, não podendo este órgão escolher contra quem
será processado.
-----------------------------------------------------------------------------------
Intranscendência – a ação penal só pode ser proposta contra
quem praticou a infração penal.
-----------------------------------------------------------------------------------
Referências Bibliográficas
• BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Processo Penal. Rio de Janeiro/RJ: Editora
Campus Elsevier, 2012.
• GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – parte geral. 15ª edição. Niterói/RJ: Editora
Impetus, 2014.
• GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. 9ª edição. São Paulo/SP: Editora
Saraiva, 2012.
• LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 2ª edição. Salvador/BA: Editora
Juspodivm, 2014.
• NICOLITT, André. Manual de Processo Penal. 6ª edição. São Paulo/SP: Editora Revista
dos Tribunais, 2016.
• THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo Civil – teoeria geral do direito processual
civil e processo de conhecimento – vol I. 53ª edição. Rio de Janeiro/RJ: Editora
Forense, 2012.
• TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 15ª edição. São
Paulo/SP: Editora Saraiva, 2012.
Extinção da Punibilidade
Conceito
PERGUNTA: O que é a PUNIBILIDADE (ou PRETENSÃO PUNITIVA)?
Trata-se do direito estatal de aplicar a pena cominada no preceito secundário do
tipo penal contra aquele que praticou infração penal (crime ou contravenção),
gerando dano ou perigo de dano ao bem jurídico tutelado.
Nesse sentido é a lição de Damásio de Jesus (2006, p. 675):
“Quando o sujeito pratica um crime surge a relação jurídico-punitiva: de u lado,
aparece o Estado com o jus puniendi; de outro, o réu, com a obrigação de não
obstaculizar o direito de o Estado impor a sanção penal. Com a prática do crime,
o direito de punir do Estado, que era abstrato, torna-se concreto, surgindo a
punibilidade, que é a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção” (JESUS,
2006, p. 675).
ATENÇÃO: Crime = FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL  Onde está a
punibilidade? NÃO podemos esquecer que a punibilidade não integra o conceito
analítico de crime, apenas figura como sua CONSEQUÊNCIA jurídica.
Condições Objetivas de Punibilidade
Sabemos que no Direito Penal a prática de um crime, em regra, faz surgir a
punibilidade (ou pretensão punitiva). Em certas situações seu aparecimento está
condicionado a determinadas circunstâncias, as chamadas condições objetivas de
punibilidade.
Estas condições estão localizadas entre o PRECEITO PRIMÁRIO (descrição da
conduta criminosa) e o PRECEITO SECUNDÁRIO (pena cominada). Suas
características são:
a) Situam-se fora do crime;
b) Estão fora do dolo do agente.
Ex: artigo 7º, §2º, b e c do CP – “ser o fato punível também no país em que foi
praticado” e “estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza à extradição”.
Causas Extintivas da Punibilidade
Artigo 107 do CP – Extingue-se a punibilidade:
I – pela morte do agente;
II – pela anistia, graça ou indulto;
III – pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV – pela prescrição, decadência ou perempção;
V – pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
VI – pela retratação do agente, nos casos em a lei a admite;
VII e VIII – revogados pela Lei nº 11.106/2005;
IX – pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
PERGUNTA: O rol do artigo 107 do CP é TAXATIVO ou EXEMPLIFICATIVO?
O rol do artigo 107 do CP é meramente EXEMPLIFICATIVO, ou seja, as hipóteses
capazes de extinguir a pretensão punitiva estão espalhadas pela legislação penal.
Ex: artigo 312, §3º do CP, artigos 74 (composição civil dos danos), 76 (transação
penal), 89 (cumprimento regular da suspensão condicional do processo), todos
da Lei nº 9.099/1995 (Lei de Juizados Especiais), a reparação do dano nos crimes
contra a ordem tributária, etc.
PERGUNTA: Existe causa supralegal de extinção da punibilidade?
.
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE PUNIBILIDADE
Causas supralegais de exclusão do crime.
Causas supralegais de 
exclusão da punibilidade.
Ex: princípio da insignificância 
– exclui a tipicidade material.
Ex: consentimento do 
ofendido.
Ex: desobediência civil – ato
de insubordinação.
Requisitos: desobediência
fundada na proteção dos
direitos fundamentais e que o
dano causado não seja
relevante. Ex: invasões MST.
Ex: Súmula nº 554 do STF.
Oportunidade para Declaração e 
Decretação da Extinção da Punibilidade
Artigo 61 do CPP – “Em qualquer fase do processo, o juiz se reconhecer extinta a
punibilidade, deverá declará-lo de ofício”.
Da regra prevista no Código de Processo Penal podemos extrair que a extinção da
punibilidade:
a) Só pode ser declarada após o início da ação penal, ou seja, em fase de
investigação NÃO é possível;
b) Pode ser declarada em qualquer fase do processo;
c) Pode ser declarada de ofício pelo juiz, após iniciado o processo;
d) Quando arguido pelo Ministério Público, querelante ou pelo acusado, o juiz
mandará autuar em apartado, ouvindo a parte contrária, podendo produzir
provas, podendo proferir decisão ou se reservar a apreciar a matéria na
sentença final (artigo 61, parágrafo único do CPP).
Morte do Agente
É a primeira das causas extintivas da punibilidade (artigo 107, I do CP), posto que nenhuma
pena passará do acusado (artigo 5º, XLV, 1ª parte da CRFB/1988). Segundo o artigo 62 do CPP, a
extinção da punibilidade em razão da morte do agente, o juiz só poderá declará-la mediante
apresentação da CERTIDÃO DE ÓBITO, e depois de ouvido o Ministério Público.
Não raro vemos falsificações do documento probatório do óbito, com o intuito de obter a
declaração de extinção da punibilidade, diante disso indaga-se: se é descoberta uma certidão
de óbito falsa após o trânsito em julgado?
1ª Corrente – o trânsito em julgado leva à impossibilidade de reforma da decisão (reforma pro
societate), devendo o réu ser processado apenas pelo crime de falso Nesse sentido Luiz Régis
Prado (2012, p. 819):
“Transitada em julgado a sentença declaratória da extinção da punibilidade, a eventual,
comprovação da falsidade da certidão de óbito não autoriza a reabertura do processo” (PRADO,
2012, p. 819).
2ª Corrente – o fato jurídico capaz de ensejar a extinção da punibilidade é a morte, se a
certidão de óbito é falsa notadamente a morte é inexistente e incapaz de surtir os efeitos do
artigo 107 do CP (STF, HC nº 60.095/RJ).
ATENÇÃO: A pena de multa é dívida de valor (artigo 51 do CP) e, portanto, pode ser executada
em face dos herdeiros.
Anistia, Graça e Indulto
PERGUNTA: Qual a natureza jurídica da anistia, graça e do indulto?
São formas de renúncia do Estado ao seu ius puniendi (direito de punir), classificando-
se, assim, como causas extintivas da pretensão punitiva (ou da punibilidade – artigo
107, II do CP).
PERGUNTA: Quem concede estas causas extintivas da punibilidade?
Depende:
• Anistia – Poder Legislativo (Congresso Nacional);
• Graça e indulto – Poder Executivo (Presidente da República), podendo esta atribuição
ser delegada ao Procurador Geral da República, ao Advogado Geral da União ou a
Ministros de Estado.
PERGUNTA: Então esta causade extinção da punibilidade dispensa decisão judicial?
Não, muito cuidado, mesmo sendo decretadas pelos outros poderes (Legislativo e
Executivo) é fundamental a decisão para que se declare formalmente a extinção da
punibilidade, oportunidade que o juiz irá verificar se o réu preenche os requisitos do
decreto.
ANISTIA GRAÇA INDULTO
Benefício concedido pelo Congresso Nacional, com a sanção
do Presidente (art. 48, VIII, CF/88) por meio do qual se
“perdoa” a prática de um fato criminoso.
Normalmente incide sobre crimes políticos (ex: Lei nº
6.683/1979), mas também pode abranger outras espécies de
delito.
Concedidos por Decreto do Presidente da República. Apagam o efeito executório da condenação.
A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
• Procurador Geral da República
• Advogado Geral da União
• Ministros de Estado
É concedida por meio de uma lei federal ordinária. Concedidos por meio de um Decreto.
Pode ser concedida:
• antes do trânsito em julgado (anistia própria)
• depois do trânsito em julgado (anistia imprópria)
Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação.
Esse entendimento, no entanto, está cada dia mais superado, considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que
seja concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não
para agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
Classificação:
a) Propriamente dita: quando concedida antes da condenação.
b) Impropriamente dita: quando concedida após a
condenação.
a) Irrestrita: quando atinge indistintamente todos os autores
do fato punível.
b) Restrita: quando exige condição pessoal do autor do fato
punível. Ex: exige primariedade.
a) Incondicionada: não se exige condição para a sua
concessão.
b) Condicionada: exige-se condição para a sua concessão. Ex:
reparação do dano.
a) Comum: atinge crimes comuns.
b)Especial: atinge crimes políticos.
Classificação:
a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena (comutação).
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.
b) Condicionado: quando impõe condição para sua concessão.
a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex: exige primariedade.
b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do agente
Extingue os efeitos penais (principais e secundários) do crime.
Os efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
Só extinguem o efeito principal do crime (a pena). Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil permanecem
íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se cometer novo crime
não será reincidente.
O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto se cometer novo crime será reincidente.
É um benefício coletivo que, por referir-se somente a fatos,
atinge apenas os que o cometeram.
É um benefício individual (com destinatário certo).
Depende de pedido do sentenciado.
É um benefício coletivo (sem destinatário certo).
É concedido de ofício (não depende de provocação).
Abolitio Criminis
Artigo 2º do CP – “Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de ser considerar crime, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos penais da sentença condenatória”.
O abolitio criminis (artigo 107, III do CP) significa que o Estado
ponderou os princípios da lesividade e da intervenção mínima e
entendeu que o bem jurídico tutelado não merece mais estar
acobertado pela proteção penal, em razão disso afasta todas as
incriminações e processos que versem sobre a matéria.
ATENÇÃO: O artigo 2º do CP fala em “efeitos penais”, ou seja, os
efeitos extrapenais da condenação permanecem, devendo ser
executados na vara cível.
PERGUNTA: Quais seus requisitos?
São REVOGAÇÃO FORMAL + SUPRESSÃO MATERIAL DA CONDUTA.
Havendo a revogação formal da conduta, mas não existindo a
supressão material da conduta, não podemos falar em abolitio
criminis, mas sim em aplicação do PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
NORMATIVA (ex: artigo 214 do CP – revogado pela Lei nº
12.015/2009, mas que continua com sua conduta no artigo 213 do
CP).
Decadência e Perempção
ATENÇÃO: A prescrição será analisada separadamente na próxima aula, conforme
programa didático disponível no blog do CCHS.
DECADÊNCIA – “[...] é o instituto jurídico mediante o qual a vítima, ou quem tenha
qualidade de representa-la, perde o seu direito de queixa ou de representação em
virtude do decurso de um certo espaço de tempo” (GRECO, 2014, p. 706). Trata-se do
prazo insculpido no artigo 103 do CP 6 meses contados a partir de quando se sabe
quem é o autor.
PEREMPÇÃO – há divergência quando o seu conceito, para alguns “trata-se de sanção
processual imposta ao querelante inerte ou negligente” (SANCHES, 2012, p. 190), para
outros efeito natural da conduta processual penal omissa (nesse sentido: Roberto
Delmanto).
Suas hipóteses estão no artigo 60 do CPP, além dessas entende que a morte do
querelante na hipótese do artigo 236 do CP (ação penal privada personalíssima) é outra
hipótese de perempção.
ATENÇÃO: A perempção só se aplica às ações penais de iniciativa privada.
Renúncia ao Direito de Queixa
O direito de queixa pode ser renunciado de forma:
• Expressa – o ofendido, seu representante legal ou procurador com poderes
especiais (artigo 50 do CPP) formalizam documento renunciando ao seu direito
de queixa.
• Tácita – o ofendido pratica atos incompatíveis com a vontade de exercer o
direito de queixa (ex: chamar o autor do crime para ser seu padrinho de
casamento).
Artigo 74, parágrafo único da Lei nº 9.099/1995 – “Tratando-se de ação penal de
inciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o
acordo homologado acarreta à renúncia ao direito de queixa ou representação”.
PERGUNTA: Havendo concurso de agente, a renúncia ao direito de queixa em
relação a um deles, deve aproveitar a todos?
Artigo 49 do CPP – “A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um
dos autores do crimes a todos se estenderá”.
Perdão do Ofendido
O perdão do ofendido só tem aplicação nas hipóteses
que se procede mediante queixa. Suas hipóteses são:
a) Processual – é o perdão feito nos autos da ação
penal privada;
b) Extraprocessual – é o perdão feito dos autos da
ação penal privada;
c) Expresso – é o perdão formalizada em documento
escrito pelo ofendido, representante legal ou
procurador com poderes especiais (artigo 56 do
CPP);
d) Tácito – é o perdão concedido em razão da prática
de atos incompatíveis com a vontade de prosseguir
na ação penal (artigo 106, §1º do CP).
Artigo 106 do CP – O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I – se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
Obs.: tal como acontece na renúncia ao direito de queixa.
II – se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
Obs.: havendo multiplicidade de vítimas, uma não pode ver seu direito
prejudicado pelo atos da outra, por esse motivo o perdão extinguirá a
punibilidade somente para aquele que quis perdoar.
III – se o querelado o recusa, não produz efeitos.
Obs.: o perdão tem caráter BILATERAL, podendo o acusado recusá-lo e provar sua
inocência.
ATENÇÃO: A renúncia ao direito de queixa NÃO é bilateral, já que trata-se do
exercício do direito de ação, exercido perante o Estado.
O ofendido que será perdoado tem 30 (trinta) dias para se manifestar, sob pena
de perempção e consequente aceitação tácita, levando à extinção da
punibilidade.
Retratação do Agente
Segundo Luiz Régis Prado (2012, p. 826):
“Retratação é o ato de desdizer-se, de retirar o que foi dito. Cuida-se de ato
unilateral – independe de aceitação por parte do ofendido – que tem por escopo
buscar e resguardar a verdade – interesse superior da justiça. É irrelevante a
espontaneidade da declaração, bem como os motivos que a fundaram, mas é
imprescindível sua voluntariedade. De outro lado, por tratar-se de ato pessoal, a
retratação feita por um dos querelados não se aplica aos demais” (PRADO,2012,
p. 826).
Ex: artigos 143 e 342, §2º, ambos do CP.
É fundamental que a retratação seja feita ANTES da sentença de 1ª instância, se
posterior será apenas considerada atenuante (artigo 65, III, b do CP).
Perdão Judicial
Segundo Damásio de Jesus (2006, p. 685):
“Perdão judicial é o instituto pelo qual o
juiz, não obstante comprovada a prática da
infração penal pelo sujeito culpado, deixa
de aplicar a pena em face justificadas
circunstâncias” (JESUS, 2006, p. 685).
Não se trata de hipótese de aplicação
discricionária, pelo contrário, somente se
aplica quando PREVISTO EM LEI.
Muito se discutiu sobre a natureza jurídica
da sentença que concede o perdão judicial,
contudo, a Súmula nº 18 do STJ,
entendendo se tratar de sentença
declaratória da extinção da punibilidade.
PERDÃO DO OFENDIDO
(artigo 107, V do CP)
PERDÃO JUDICIAL
(artigo 107, IX do CP)
É concedido pelo sujeito
passivo do crime de ação
penal privada, dependendo
de aceitação.
É concedido pelo juiz e não
depende de aceitação.
PERGUNTA: Trata-se de faculdade do juiz ou direito subjetivo do agente?
Concordamos com Damásio de Jesus e Rogério Greco que entendem ser um
DIREITO SUBJETIVO do acusado, ou seja, presentes as suas condições deve o
magistrado aplicar a causa extintiva da punibilidade.
PERGUNTA: E os crimes do CTB?
ANTES DO ADVENTO DA LEI Nº 9.503/1997 DEPOIS DA LEI Nº 9.503/1997
Mobilização social pelo recrudescimento das penas dos crimes
de homicídio e lesões corporais culposas praticados no
trânsito.
Diante das mobilizações houve a edição do CTB.
Antes os que praticavam homicídios ou lesões corporais
culposas ao volante respondiam pelos crimes dos artigos 121,
§3º e 129, §6º, ambos do CP.
Atualmente respondem pelos crimes dos artigos 302 e 303 do
CTB.
Havia aplicação do perdão judicial.
Previa o perdão judicial, mas o Presidente resolveu vetá-lo em
razão de já estar previsto na parte geral do CP e pela previsão
do art. 291 do CTB. Contudo, há questionamentos já que o
perdão só pode ser aplicado quando previsto em lei.
Referências Bibliográficas
• CUNHA, Rogério Sanches. Código Penal para Concursos. 5ª edição. Salvador/BA:
Editora Juspodvim, 2012.
• GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – parte geral. 15ª edição. Niterói/RJ:
Editora Impetus, 2014.
• JESUS, Damásio E. de. Direito Penal – vol. 1: parte geral. 28ª edição. São Paulo:
Editora Saraiva, 2006.
• PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro – vol. 1: parte geral. 11ª
edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
Escusas Absolutórias
ou
Imunidades
PERGUNTA: O que são escusas absolutórias (ou imunidades)?
Segundo Damásio de Jesus (2006, p. 677) “[...] são causas que fazem com que a um fato típico e
antijurídico, não obstante a culpabilidade do sujeito, não se associe pena alguma por razões de
utilidade pública” (JESUS, 2006, p. 677).
Sua função é a proteção da família, que segundo o artigo 226 da CRFB/1988 é base da
sociedade, recebendo especial proteção do Estado. Assim, mesmo diante de um crime
PATRIMONIAL (fato típico, antijurídico e culpável) o Estado prefere não exercer o seu ius
puniendi para não criar máculas no seio familiar.
Há uma escolha pelo chamado “controle social informal” (GRECO, 2012, p. 354), onde a própria
família repreende o infrator, ao invés dele sofrer as consequências da persecução penal.
Ex: artigos 181, 182 e 348, §2º do CP.
As escusas absolutórias (ou imunidades) dividem-se em:
• Absolutas – artigo 181 do CP  “É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
previstos neste título, em prejuízo: I – do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II –
do ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural”.
Afasta-se a punição e impede, inclusive, a persecução penal quando o crime contra o
patrimônio (Título II do CP) é praticado em detrimento de cônjuge, ascendente ou
descendente. Importante ressaltar que quanto às duas últimas espécies o legislador não
arbitrou grau, tornando a imunidade válida desde que haja parentesco em linha reta.
Observação:
Art. 181, I do CP – “[...] na constância da sociedade conjugal”, a qualidade de cônjuge
é após a livre manifestação de construção do vínculo matrimonial perante autoridade
(civil ou religiosa) que esteja celebrando o casamento, declarando esta que os
nubentes estão casados (artigo 1514 do Código Civil). O artigo 1751 do Código Civil
diz que “a sociedade conjugal termina: I – pela morte de um dos cônjuges; II – pela
nulidade ou anulação do casamento; III – pela separação judicial; IV – pelo divórcio”.
Nesse sentido devemos interpretar a expressão do CP (“na constância da sociedade
conjugal”) como o período da celebração do casamento até sua dissolução, nos termos
da Lei Civil, pouco importando para fins penais se o casal estava separado de fato.
PERGUNTA: E os que vivem sob o regime da união estável?
1ª Corrente (Guilherme de Souza Nucci e Cézar Roberto Bitencourt) – “[...] a
expressão é de interpretação restritiva, não se ampliando para o companheiro (a) ou
concubino (a)” (NUCCI, 2012, p. 893).
2ª Corrente (Rogério Greco, Damásio de Jesus, Julio Mirabete) – “[...] quando a lei
penal beneficia e, principalmente, quando estamos diante de situações idênticas, que
não receberam o mesmo tratamento da lei penal, a aplicação da analogia é obrigatória,
a fim de ser preservada a isonomia [...]” (GRECO, 2012, p. 356).
ATENÇÃO: Prevalece que a imunidade não beneficia os parentes por afinidade.
• Relativas – artigo 182 do CP  “Somente se procede mediante REPRESENTAÇÃO, se o crime previsto
neste título é cometido em prejuízo: I – do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II – de
irmão, legítimo ou ilegítimo; III – de tio ou sobrinho, com que o agente coabita”.
Alguns doutrinadores consideram que “na verdade, não se trata de imunidade, absoluta ou relativa,
mas simplesmente alteração da espécie de ação penal [...]” (BIRTENCOURT, 2012), embora a doutrina
tradicional chame de imunidade relativa.
De fato as situações previstas no artigo 182 do CP não extinguem a punibilidade, esta restará extinta
apenas se a vítima não exercer no prazo de 6 (seis) meses (artigo 103 do CP) o seu direito de ação
através da representação, aplicando-se o instituto da decadência (artigo 107, IV do CP).
Observações:
Art. 182, I do CP – “[...] desquitado ou judicialmente separado” – em relação ao desquite devemos
fazer interpretação contextualizada, já que em 1977 este foi substituído pela separação judicial e pelo
divórcio.
ATENÇÃO: A separação de fato é causa de imunidade absoluta, já que não rompe com o vínculo
matrimonial.
 Art. 182, II do CP – “[...] legítimo e ilegítimo” – em que peses a doutrina civilista ainda fazer
diferenciação para fins didáticos, a CRFB/1988 e o Código Civil/2002 não mais permite qualquer
distinção entre irmãos.
Art. 182, III do CP – é fundamental que os colaterais (tios ou sobrinhos) vivam juntos NO MOMENTO
DO CRIME, ou seja, a coabitação é INDISPENSÁVEL.
ATENÇÃO: O requisito é a coabitação, o que não significa que o crime tem que ser cometido na casa
comum de ambos.
Artigo 183 do CP “NÃO se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I – se o
crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja o emprego de grave
ameaça ou violência à pessoa; II – ao estranho que participa do crime; III – se o
crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos”.
A não aplicação das imunidades nos crimes praticados com violência ou grave
ameaça justifica-se em razão desses crimes não atingirem apenas o patrimônio,
como crimes pluriofensivos o legislador não pôde abrir mão do ius puniendi já
que temos outros bens jurídicos tutelados (ex: vida, integridade física, etc.).
Em relação aos estranhos, é natural que estes fiquem afastados das imunidades,
lembremos que o objetivo do instituto é a preservação da família.
Por fim, o inciso III foi inserido pela Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso),
visando protege-los. Sobre o tema diz Guilherme de Souza Nucci (2012, p.896):
“A medida é salutar, pois é notória a atuação de muitos descendentes que se
apropriam de pensões ou de outros bens de seus pais idosos, largando-os a
própria sorte.
ATENÇÃO: Maria Berenice Dias (2010, p. 117) entende que as imunidades (ou
escusas absolutórias) não se aplicam aos crimes patrimoniais cometidos com
violência doméstica e familiar contra a mulher (artigo 5º da Lei nº 11.340/2006),
em razão de uma interpretação principiológica da Lei Maria da Penha, in verbis:
“Diante da nova definição de violência doméstica, que compreende a violência
patrimonial, quando a vítima é mulher e mantém com o autor da infração vínculo
de natureza familiar, não se aplicam as imunidades absolutas ou relativa dos arts.
181 e 182 do Código Penal” (DIAS, 2010, p. 117).
Não se trata de posição majoritária na doutrina, como destaca Gustavo Octaviano
Diniz Junqueira (2012, p. 297):
“Ousamos discordar, eis que seria a abolição de uma causa de isenção de pena
sem previsão legal, em evidente analogia in malam partem. Além disso, a
constatação da violência patrimonial pode gerar todos os efeitos protetivos da lei,
sem que seja necessária a repercussão penal, que deve quedar sempre como
ultima ratio” (JUNQUEIRA, 2012, p. 297).
Prescrição
Conceito e Natureza Jurídica
Segundo Guilherme de Souza Nucci (2012, p. 588):
“É a perda do direito de punir do Estado pelo não exercício em determinado lapso de tempo.
Não há mais interesse estatal na repressão do crime, tendo em vista o decurso do tempo e
porque o infrator não reincide, readaptando-se à vida social” (NUCCI, 2012, p. 588).
Há controvérsia na doutrina se a prescrição é a perda ou renúncia ao jus puniendi (direito de
punir do Estado), contudo, prevalece na doutrina que a extinção da punibilidade ocorre em
razão de perda do jus puniendi (nesse sentido: Rogério Greco, Gustavo Junqueira, André
Estefam, Victor Eduardo Rios Gonçalves, Damásio de Jesus, Luiz Régis Prado, Fernando Capez,
Rogério Sanches).
Do mesmo modo há controvérsia quanto a natureza jurídica do instituto, alguns doutrinadores
sustentam sua natureza penal, enquanto outros dizem se tratar de instituto de natureza
jurídica processual penal ou mista (penal e processual penal).
Entendendo pela natureza penal diz Fernando Capez (2012, p. 614): “prescrição é um instituto
de Direito Penal, estando elencada pelo CP como causa de extinção da punibilidade (art. 107,
IV). Embora leve também à extinção do processo, esta é mera consequência da perda do
direito de punir, em razão do qual se instaurou a relação processual” (CAPEZ, 2012, p. 614).
Nesse sentido também: Damásio de Jesus (2006, p. 718), André Estefam e Victor Eduardo Rios
Gonçalves (2012, 697).
Essa discussão influi diretamente na contagem do prazo prescricional, como prevalece que o
instituto tem natureza jurídica material (ou seja, penal), deve se incluir o dia do seu início.
Decadência ≠ Prescrição ≠ Perempção
DECADÊNCIA PRESCRIÇÃO PEREMPÇÃO
Atinge diretamente o direito de ação.
Atinge diretamente o direito de punir ou
executar punição já imposta.
Atinge o direito de prosseguir na ação.
Só ocorre nos crimes de ação penal
privada e nos crimes de ação penal
pública condicionada à representação do
ofendido (6 meses) – art. 103 do CP.
Pode ocorrer tanto nas ações penais
púbicas, quanto nas ações penais
privadas.
Só ocorre nos crimes de ação penal
privada (exclusiva ou personalíssima).
Sempre ocorre antes da ação penal.
Pode ocorrer em qualquer momento,
inclusive após o trânsito em julgado da
sentença.
Só ocorre após o início da ação penal.
Quadro retirado do livro do Professor Rogério Sanches Cunha (2012, p. 193).
Espécies de Prescrição
a) Prescrição da pretensão punitiva (PPP) – suas principais características são:
• Ocorre ANTES do trânsito em julgado;
• Faz desaparecer todos os efeitos de eventual condenação (penais e extrapenais).
Divide-se em quatro:
1. Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita ou em abstrato (artigo 109 do CP);
2. Prescrição da pretensão punitiva retroativa (artigo 110, §1º do CP);
3. Prescrição da pretensão punitiva superveniente ou intercorrente (artigo 110, §1º do CP);
4. Prescrição da pretensão punitiva virtual (antecipada, por prognose ou em perspectiva) – jurisprudência).
b) Prescrição da pretensão executória (PPE) – suas principais características são:
• Ocorre DEPOIS do trânsito em julgado;
• Impede a execução da sanção (os demais efeitos da condenação permanecem – penais e extrapenais);
• Prevista no artigo 110, caput do CP.
Prescrição da pretensão punitiva 
PROPRIAMENTE DITA (ou em abstrato)
Previsão legal: artigo 109 do CP.
Tendo o Estado a tarefa de buscar a punição do agente, deve dizer quando essa
punição já não mais o interessa, eis a finalidade do artigo 109 do CP.
Sendo incerta a pena que será fixada pelo juiz na sentença, o prazo prescricional
é resultado da pena máxima prevista abstratamente no tipo e a escala do artigo
109 do CP.
ANTES DA LEI Nº 12.234/2010 DEPOIS DA LEI Nº 12.234/2010
Prazo máximo de prescrição: 20 anos (artigo 109, I do CP). Manteve o prazo máximo de 20 anos.
Prazo mínimo de prescrição: 2 anos (artigo 109, VI do CP).
Alterou o prazo mínimo, passando a ser de 3 anos (artigo 109,
VI do CP).
PENA COMINADA EM ABSTRATO PRESCRIÇÃO
Pena superior a 12 anos. Prescreve em 20 anos.
Pena superior a 8 anos e inferior a 12 anos. Prescreve em 16 anos.
Pena superior a 4 anos e inferior a 8 anos. Prescreve em 12 anos.
Pena superior a 2 anos e inferior a 4 anos. Prescreve em 8 anos.
Pena de 1 ano a 2 anos. Prescreve em 4 anos.
Pena menor que 1 ano. Prescreve em 3 anos.
Obs.: a prescrição da pretensão punitiva PROPRIAMENTE DITA leva em conta a PENA MÁXIMA cominada abstratamente no
tipo penal. Ou seja, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime (Teoria da Pior das Hipóteses).
PERGUNTA: Para se saber o prazo prescricional consideram-se as causas de
aumento ou de diminuição de pena?
Sim, já que é necessário encontrar a maior pena para saber o prazo prescricional.
Portanto, devemos nos ater à seguinte regra:
Tratando-se de aumento variável, considera-se o MAIOR aumento;
Tratando-se de diminuição variável (ex: tentativa), considera-se a MENOR
redução.
PERGUNTA: Consideram-se as agravantes e atenuantes de pena?
Não. Porque o patamar de aumento e diminuição não está previsto em lei,
ficando a critério do juiz. A exceção a esta regra está prevista no artigo 115 do CP,
onde são consideradas para fins prescricionais as atenuantes da menoridade e
senilidade e a agravante da reincidência.
PERGUNTA: E as regras de concurso de crimes?
Conforme prevê o artigo 119 do CP, não incidem as regras de concurso de crimes
para fins de prescrição, devendo cada um ter seu prazo considerado
isoladamente.
Consequências da Prescrição
da Pretensão Punitiva em Abstrato
Suas consequências são:
1. Desaparece para o Estado o seu direito de punir (jus puniendi) – falamos no
começo da aula que a prescrição é a perda desse direito pelo decurso do tempo;
2. Eventual sentença condenatória provisória é RESCINDIDA, não se operando
qualquer efeito (penal ou extrapenal) – diz Rogério Greco (2014, p. 720): “A
conclusão pela prescrição da pretensão punitiva terá repercussões
importantíssimas tanto na esfera penal como na civil. Réu no processo no qual foi
reconhecida a prescrição da pretensão punitiva ainda continuará a gozar do status
de primário e não poderá ver maculado seus antecedentes penais, ou seja, será
como se não tivesse praticado a infração penal. Na esfera cível, a vítima não terá
como executar o decreto condenatório, quando houver, visto que a prescrição da
pretensão punitiva impede a formação do título executivo judicial;
3. O acusado não será responsabilizado pelas custas processuais;
4. Terá direito à restituição integral da fiança.
Termo inicial da prescrição 
da pretensão punitiva em abstrato
Artigo 111 do CP – “A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa
a correr: I – do dia em que o crimese consumou; II – no caso de tentativa, do dia em
que cessou a permanência; III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou a
permanência; IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento
do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido; V – nos crimes contra a
dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já
houver sido proposta a ação penal”.
PERGUNTA: Qual o termo inicial da prescrição da pretensão punitiva em abstrato nos
CRIMES HABITUAIS?
De acordo com o STF o prazo da prescrição inicia-se da data da última das ações que
constituem o fato típico. Vale recordar que crimes habituais são os que exigem
reiteração de atos para que ele exista, ou seja, um só ato não caracteriza esse delito (ex:
casa de prostituição – art. 229 do CP). A partir da primeira reiteração o crime já existe.
Causas interruptivas da prescrição 
da pretensão punitiva em abstrato
Artigo 117, I a IV do CP – devem ser entendidas como causas que “zeram o
cronômetro”, a prescrição vai começar novamente, são elas:
• Recebimento da denúncia ou da queixa (art. 117, I do CP) – em provas costuma-se
trocar “recebimento” por “oferecimento”, o que torna a questão errada.
PERGUNTA: Recebimento do aditamento da denúncia interrompe a prescrição?
O recebimento do aditamento, por si só, NÃO interrompe a prescrição por ausência de
previsão legal. Excepcionalmente, o aditamento à denúncia que acrescenta fato novo
gera a interrupção, mas tão somente em relação a este novo fato (STF).
• Pela decisão confirmatória da pronúncia (art. 117, II do CP c/c Súmula nº 191 do
STJ);
• Pela decisão confirmatória da pronúncia (rito do júri – art. 117, III do CP);
ATENÇÃO: Os incisos V e VI se referem a prescrição da pretensão executória.
• Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis (artigo 117, IV
do CP).
ATENÇÃO: Acórdão condenatório – publicação na própria sessão de julgamento.
Esquematizando:
1ª Situação:
Sentença condenatória (INTERROMPE)  Acórdão CONFIRMATÓRIO da
condenação (NÃO INTERROMPE) – acórdão meramente confirmatório não
interrompe a prescrição por não ter previsão legal.
2ª Situação: 
Sentença absolutória (NÃO INTERROMPE)  Acórdão CONDENATÓRIO (reforma
decisão de 1º grau) – (INTERROMPE).
3ª Situação: 
Sentença condenatória (INTERROMPE)  Acórdão CONFIRMATÓRIO da
condenação, mas que MAJORA substancialmente a pena (INTERROMPE) – de
acordo com o STF também interrompe a prescrição (HC, nº 155.290/SP).
Portanto, temos as seguintes balizas () prescricionais (artigos 111 c/c 117, ambos do
CP):
• Rito diverso do júri:
Início (artigo 111 do CP)  Recebimento da inicial  Publicação da condenação 
Trânsito em julgado.
Obs.: a cada baliza, zera-se o cronômetro e conta-se novamente (basicamente, 3 balizas
() prescricionais – cuidado com acórdãos confirmatórios que alteram
substancialmente a pena, segundo o STF estes podem “zerar o cronômetro”).
• Rito do júri:
Início (artigo 111 do CP)  Recebimento da inicial  Pronúncia  Sentença
confirmatória da pronúncia Publicação da condenação Trânsito em julgado final.
Obs.: basicamente 5 balizas () prescricionais.
ATENÇÃO: Súmula 191 do STJ – “A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda
que o tribunal do júri venha a desclassificar o crime” – Ex: Júri desclassifica de
homicídio doloso contra a vida para homicídio culposo. A sentença de pronúncia jamais
existiria em crime culposo, mas por força da Súmula nº 191 do STJ ela permanece
interrompendo a prescrição.
Exemplo:
Furto simples (artigo 155, caput do CP pena de 1 a 4 anos e multa).
PERGUNTA: Qual o prazo da prescrição da pretensão punitiva em abstrato?
Aplicando a tabela do artigo 109, IV do CP = 8 anos.
Significa que do início da prescrição até o recebimento da denúncia, o Estado tem
8 anos para receber essa denúncia. Se receber nesse prazo “zera o cronômetro”,
tendo mais 8 anos para publicação da sentença condenatória. Condenando
“zera” novamente, mais 8 anos para julgar definitivamente todos os recursos.
Obs.: artigo 61 do CPP – o juiz pode reconhecer a prescrição da pretensão
punitiva em abstrato.
PERGUNTA: Existe prescrição de ato infracional?
Súmula nº 338 do STJ – “A prescrição penal é aplicável nas medidas
socioeducativas”.
Prescrição da Pretensão 
Punitiva RETROATIVA
Previsão legal: artigo 110, §1º do CP – “A prescrição, depois da sentença condenatória com
trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da
denúncia ou queixa”.
Início da prescrição Recebimento da inicial Publ. Condenação Trânsito
P. Pret. P. Retroativa
ATENÇÃO: Não existe mais a prescrição da pretensão punitiva retroativa do recebimento à data
do fato (revogada como advento da Lei nº 12.234/2010).
A prescrição da pretensão punitiva retroativa regula-se pela PENA APLICADA NA SENTENÇA
(não mais a pena em abstrato). Antes da sentença recorrível, não se sabe qual a quantidade da
pena a ser fixada pelo magistrado, razão pela qual se regula o prazo prescricional de acordo
com a pena máxima prevista em lei.
Contudo, fixada a pena, ainda que provisoriamente, transitando esta em julgado para a
acusação (ou sendo o seu recurso improvido), não mais existe razão para se levar em conta a
pena máxima, já que, mesmo diante do recurso da defesa, é proibida a reformatio in pejus.
Surge, então, um novo norte, qual seja a pena recorrível efetivamente aplicada.
Características da Prescrição da 
Pretensão Punitiva Retroativa
Suas características são:
1. Pressupõe sentença ou acórdão penal condenatório;
2. Pressupõe trânsito em julgado para a acusação, no que se relaciona com a
pena aplicada;
3. Os prazos prescricionais são os mesmos do artigo 109 do CP;
4. Regula-se pela pena aplicada na condenação;
5. Conta-se a prescrição da publicação da sentença condenatória/acórdão
condenatório, até a data do recebimento da inicial;
6. Tem as mesmas consequências da prescrição da pretensão punitiva em
abstrato (vide slide nº 52).
Exemplo:
1º) Furto simples (pena de 1 a 4 anos e multa) – lembrando que a prescrição da 
pretensão punitiva em abstrato é de 8 anos.
Início 3 anos Recebimento da inicial 5 anos Publ. (cond. 1 ano, MP NÃO recorre)
PPPR (4 anos)
Como a condenação TRANSITOU EM JULGADO PARA O MP, houve a prescrição
retroativa do fato, já que o Estado demorou mais de 4 anos entre o recebimento
da denúncia e a publicação da sentença condenatória.
2º) Furto simples (pena de 1 a 4 anos e multa) – lembrando que a prescrição da
pretensão punitiva em abstrato é de 8 anos.
Início 3 anos Recebimento da inicial 5 anos Publ. (cond. 1 ano, MP recorre)
PPPR (4 anos)
PERGUNTA: Mas se o recurso da acusação (MP ou querelante) for contra a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos? Ou seja, o
recurso do MP contra a substituição (concordando com a quantidade da pena)
impede a prescrição da pretensão punitiva retroativa?
De acordo com a doutrina e jurisprudência modernas, eventual recurso da
acusação só evita a prescrição da pretensão punitiva retroativa se, buscando o
aumento da pena, for provido.
PERGUNTA: A prescrição da pretensão punitiva retroativa pode ser reconhecida
em juízo de 1º grau?
Temos duas correntes:
1ª Corrente (Fernando Capez) – o juiz de 1º grau não pode reconhecê-la, uma
vez que, ao proferir a sentença condenatória esgotou sua atividade jurisdicional,
sendo impossível reconhecer que o Estado tem direito de punir e, em seguida,
declarar extinto esse mesmo direito.
2ª Corrente (Luiz Flávio Gomes) – sendo a prescrição matéria de ordem pública
pode ser reconhecida pelo juiz, desde que a pena fixada tenha transitado em
julgado para a acusação – MAJORITÁRIA.
Prescrição da pretensão punitiva
SUPERVENIENTE ou INTERCORRENTE
Artigo 110, §1º do CP – “A prescrição, depois da sentença condenatóriacom trânsito
em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula=se pela pena
aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à
denúncia ou queixa”.
Início PPPA Recebimento da inicial PPPA Publ. Cond. PPPA Trânsito
PPPR PPPS
É idêntica a prescrição da pretensão punitiva retroativa, só que se conta da publicação
para frente, sendo que ambas pressupõe trânsito em julgado para o MP.
As características da pretensão da pretensão punitiva SUPERVENIENTE são as mesmas
da prescrição da pretensão punitiva RETROATIVA, com a peculiaridade de contar-se o
prazo prescricional da condenação até o trânsito em julgado final.
Exemplo: Furto simples (pena de 1 a 4 anos e multa). Prescrição da pretensão punitiva 
em abstrato em 8 anos.
Início  Recebimento da inicial  Publ. Cond. (1 ano)  Trânsito
P. Pret. Pun. Sup.
PERGUNTA: Quanto tempo tem o Estado para o trânsito em julgado final?
• Se o MP recorre buscando o aumento da pena – continuamos falando em prescrição
da pretensão punitiva em abstrato (8 anos) – não transitou em julgado para o MP;
• Se o MP não recorre da pena imposta – a pena de 1 anos passou a ser a pena
máxima para o caso, falamos então em prescrição da pretensão punitiva
superveniente. Essa pena de 1 ano combinada no artigo 109 do CP, dá uma prescrição
da pretensão punitiva superveniente de 4 anos, ou seja, o Estado teria 4 anos para o
trânsito em julgado – houve o trânsito em julgado para o MP;
• Se o MP recorre somente contra a substituição da pena – não impede a prescrição
da pretensão punitiva superveniente, continua sendo 4 anos.
Prescrição da Pretensão Punitiva Por Prognose, 
Virtual, em Perspectiva ou Antecipada
A prescrição virtual nada mais é do que uma antecipação do reconhecimento da
prescrição da pretensão punitiva retroativa considerando as circunstâncias do
caso concreto (o juiz reconhece antecipadamente a prescrição da pretensão
punitiva retroativa, pois falta ao autor interesse de prosseguir com a ação).
Exemplo:
• Furto simples (pena de 1 a 4 anos e multa). 
Início  Receb. inicial  Decurso de 5 anos sem cond. 
Sabendo que o acusado é:
a) Primário;
b) De bons antecedentes.
CUIDADO: Não tem previsão legal, é uma criação da jurisprudência.
ATENÇÃO: Os Tribunais Superiores não admitem essa espécie de prescrição.
Súmula nº 438 do STJ – “É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição 
da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente 
da existência ou sorte do processo penal”. 
Recentemente a 1ª Turma do STF também se manifestou a respeito do tema no
Inq 3574 AgR/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2015 (Info 788),
trazendo os mesmos argumentos do STJ para negar o cabimento desta espécie de
causa extintiva da punibilidade:
• Ausência de previsão legal;
• Representaria uma afronta ao princípio da presunção de não-culpabilidade (ou
de inocência).
Rogério Greco discorda do STF dizendo que os processos que se encontram nessa
situação carecem de condição da ação, mormente o interesse-utilidade, posto
que não é viável levar esse processo ao final.
Prescrição da pretensão EXECUTÓRIA
Artigo 110, caput do CP – “A prescrição depois de transitar em julgado a sentença
condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no
artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é
reincidente”.
Trata-se de prescrição de pena efetivamente imposta, que pressupõe trânsito em
julgado para AMBAS AS PARTES (porém, com termo inicial no trânsito em julgado
para a acusação) e que se verifica dentro dos prazos estabelecidos pelo artigo
109 do CP, os quais são aumentados de 1/3 se o condenado é reincidente.
Reconhecida a prescrição da pretensão executória, extingue-se a pena aplicada
sem, contudo, rescindir a sentença condenatória (que produz efeitos penais e
extrapenais).
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
PUNITIVA RETROATIVA
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
PUNITIVA SUPERVENIENTE
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
EXECUTÓRIA
Conta-se da publicação da sentença
condenatória para traz.
Conta-se da publicação da sentença
condenatória para frente.
Pub. da S. Cond.  Trânsito para a
acusação Trânsito para a defesa.
Ambas pressupõe trânsito em julgado para a acusação.
Pressupõe trânsito para as duas partes, mas
começa a contar do trânsito para a acusação.
CUIDADO: Temos decisão na 5ª Turma do STJ
entendendo que o início do prazo da
prescrição da pretensão executória se dá com
o trânsito em julgado para as duas partes. O
que está errado.
Causas Interruptivas do Prazo de Prescrição da 
Pretensão Executória
Artigo 117, V e VI do CP – “O curso da prescrição interrompe-se: V – pelo início
ou continuação do cumprimento da pena; VI – pela reincidência”.
Obs.: lembrando que os incisos I a IV referem-se à prescrição da pretensão
punitiva em abstrato.
Trânsito para MP  Trânsito para defesa  Art. 117, V e VI do CP
Exemplo:
Publ. (5 anos)  Trânsito (MP) – 10/1/90  Trânsito (Defesa) – 07/2/90
PERGUNTA: Quanto tempo tem o Estado para iniciar o cumprimento da pena?
Pena de 5 anos, combinada com o artigo 109 do CP, prazo prescricional de 12
anos. Ou seja, pode fazer o autor cumprir a pena até 09/01/2002.
ATENÇÃO: Se no dia 05/03/2000 o procurado pratica novo crime interrompe a
prescrição. Passando o Estado a ter mais 12 anos (04/03/2012).
Artigo 113 do CP – “No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o
livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena”.
Exemplo:
Condenação de 5 anos – prescrição da pretensão executória de 12 anos. O
condenado cumpre 2 anos e foge, nascendo uma nova prescrição da pretensão
executória, porém pelo tempo que falta cumprir (5-2=3 anos c/c artigo 109 do CP
– 8 anos de PPE, para capturar novamente o acusado).
Causas Suspensivas da Prescrição
Artigo 116, I e II do CP – “Antes de passar e julgado a sentença final, à prescrição não corre: I –
enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência
do crime; II – enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro”.
Não são causas que “zeram o cronômetro”, apenas “param o cronômetro”, ou seja, ao desaparecer a
causa suspensiva da prescrição o prazo volta a ser contado de onde parou.
• Art. 116, I do CP – prescrição da pretensão punitiva (PPP);
Ex: Réu processado por bigamia questiona no juízo cível a validade do primeiro casamento. Enquanto
não resolvida à questão prejudicial no cível suspende o curso do prazo prescricional do crime de
bigamia.
ATENÇÃO: Resolvida a causa suspensiva em prejuízo do réu a prescrição torna a correr considerando-se
o tempo já decorrido anteriormente ao aparecimento da questão prejudicial, ou seja, de onde o prazo
parou.
• Art. 116, II do CP – prescrição da pretensão executória (PPE).
Obs.: temos outras causas suspensivas da prescrição:
• No artigo 54, §§ 3º, 4º e 5º da CRFB/1988 – quando o Congresso Nacional suspende o andamento de 
processo contra parlamentar;
• No artigo 366 do CPP, réu citado por edital, não comparece e não constitui defensor, suspende-se o 
processo e o curso do prazo prescricional;
• Também no CPP, artigo 368, réu citado por carta rogatória, etc.
Imprescritibilidade
A Constituição trouxe duas exceções à regra da prescritibilidade, são elas: 
a) Prática do racismo (artigo 5º XLII da CRFB/1988) – regulamentada pela Lei nº 
7.716/1989 (Lei do Racismo).
b) Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático (artigo 5º, XLIV da CRFB/1988) – regulamentada pela Lei 
nº 7.170/1983 (Lei de Segurança Nacional)
Referências Bibliográficas
• BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte I. 17ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.
• CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, vol. I: parte geral. 16ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.
• CUNHA, Rogério Sanches. Código Penal para Concursos. 5ª edição. Salvador/BA: Editora Juspodivm, 2012.
• DIAS, Maria Berenice. A Lei Mariada Penha na Justiça: a efetividade da Lei 11.340/2006 de combate à violência
doméstica e familiar contra a mulher. 2ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
• ESTEFAM, André. GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: parte geral. 2ª edição. São
Paulo: Editora Saraiva, 2013.
• GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 15ª edição. Niterói/RJ: Editora Impetus, 2014.
• GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: vol. III. 9ª edição. Niterói/RJ: Editora Impetus, 2012.
• JESUS, Damásio E. Direito Penal, vol. I: parte geral. 28ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.
• JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. Direito Penal. 12ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
• NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 11ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2012.
• PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal Brasileiro: vol. I. 11ª edição: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2012.

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