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VIII Contextos e Conceitos 
Mostra de Produção Científica e Extensão 
Instituto Federal do Paraná – Campus Palmas
O Instituto da Colaboração Premida frente aos seus Elementos Caracterizadores Constantes na Lei nº 12.850/13
Josemar Biskoski da Silva
Candida Joelma Leopoldino
 
Resumo: O presente trabalho tem como finalidade conceituar o instituto premial conhecido como colaboração premiada através de uma breve explanação ao instituto, trazendo a sua origem quando o Brasil ainda pertencia a Portugal, através do código filipino. Desde sua independência somente em1990 com a lei nº 8072/90, o Brasil chegou a prever a colaboração premiada em seu ordenamento jurídico o qual desde então passou por diversos dispositivos chegando à lei nº 12850/13, a qual atualmente disciplina o instituto em nosso ordenamento jurídico. A existência de críticas negativas ao instituto é algo inevitável pela polemica gerada na colisão aos bens jurídicos tutelados pelo estado no que se refere aos direitos individuais e constitucionais, sendo eles a presunção de inocência, o direito ao silêncio e os princípios do contraditório e da ampla defesa, alem dos argumentos de falta de ética, em contra partida a defesa entende que não há afronta aos bens jurídicos, muito menos falta de ética devido não haver um código de lealdade no meio da organização criminosa. Atualmente existe um projeto de lei que se aprovada prevê uma mudança quanto aos procedimentos da colaboração premiada, principalmente a utilização do acordo por réu preso cautelarmente afirmando que o uso nesses casos descaracterizaria a voluntariedade do acordo.
Palavra Chave: colaboração premiada. eficácia. voluntariedade, 
Abstract: The present study aims to conceptualize the legal institute known as prize collaboration through a brief explanation to the institute, bringing its origin when Brazil still belonged to Portugal, through the Philippine code. Since its independence only in 1990 under the Law No. 8072/90, Brazil has come to expect the award-winning collaboration in its legal system, which since then has passed through various provisions reaching the law n.12850/13, which currently governs the institute in our brazilian legal system. The existence of negative criticism of the institute is inevitable due to the controversy generated in the collision of the legal rights protected by the State in terms of individual and constitutional rights, such as the presumption of innocence, the right to silence and the principles of adversarial and ample defense, in addition to the arguments of unethical, in contrast the defense understands that there is no affront to legal goods, much less lack of ethics because there is a code of loyalty in the middle of the criminal organization. Currently there is a law project that if approved will provide a change in the procedures of the award-winning collaboration, especially about the use of the agreement by a defendant who was arrested cautiously stating that use in such cases would detract from the willingness of the agreement
Keyword:prize collaboration. efficiency. voluntariness. 
1. Introdução.
O presente trabalho consiste em apresentar um estudo referente à colaboração premiada na legislação brasileira. Primeiramente será apresentando um histórico da origem da delação premiada na historia brasileira demonstrando sua origem quando o Brasil ainda pertencia a Portugal. Na leis brasileiras a delação premiada foi prevista primeiramente em 1990 com a lei 8.072/90, passando por diversos dispositivos chegando a atual lei nº 12.850/13, sendo esta a que melhor disciplinou o instituto. A referida lei foi criada em resposta a convenção de Palermo ocorrido em 2000, no combate as organizações criminosas transnacionais (FILIPETTO; APOLINÁRIO, 2016). Como todo método de repressão, a colaboração premiada sofre observações tanto negativas quanto positivas por se tratar de uma “traição” pode ser reconhecido como algo deplorável, que vai de encontro aos costumes, ou como o único meio eficaz e célere no combate as organizações criminosas. Essas críticas estão relacionadas á ética, e a afronta aos princípios do contraditório, ampla defesa, a quebra da isonomia e o direito de permanecer em silêncio.
Basicamente o objetivo é ter uma melhor compreensão da colaboração premiada, trazendo suas características, bem como os requisitos necessários para a obtenção de um acordo premial. A complexidade envolvendo o crime organizado torna o sistema investigativo ineficaz ao deslinde dos delitos, o que traz a colaboração premiada como um método mais eficiente no combate. 
 Para atingir os objetivos deste trabalho foi utilizado o método dedutivo através de pesquisas de caráter bibliográfico, documental e jurisprudencial. Buscando por meio de livros, artigos e pesquisas on line obtendo conteúdos relevantes ao tema proposto neste trabalho. 
2 O Instituto da Colaboração Premiada 
O ato de delatar tem sido utilizado durante muito tempo, historicamente marcou sua presença em diversos momentos. Quem não se recorda da passagem bíblica, quando Judas Iscariotes acordou com o chefe dos sacerdotes em delatar a identidade de Jesus de Nazaré, recebendo em troca da traição prestada o valor de 30 moedas de ouro? (MATEUS, 26:14-16, 48:50).
No Brasil colônia (entre 1603 e 1830), a delação premiada foi utilizada através das Ordenações Filipinas a qual instituía o crime de “lesa majestade”. As punições aos delitos estavam previsto no item 12 no Titulo VI, e os benefícios cedidos aos delatores eram disciplinados no titulo CXVI. (GREGHI, 2007)
Em busca da soberania do Estado brasileiro, ocorreram movimentos sociais que clamavam pela liberdade do povo brasileiro do domínio Lusitano. As traições dentro desses grupos trouxeram grandes repercussões históricas as quais são estudadas ainda nos dias atuais, devido as marcas deixadas em nosso passado. Casos como a de Tiradentes, a conjuração baiana, foram momentos marcados pelas falsidades, consistente na incriminação dos lideres desses movimentos em troca de favores pessoais. A ditadura militar após o AI5 (ato institucional nº 5), utilizaram-se de métodos para silenciar ou exterminar opositores ao governo. Muitos colaboravam na tentativa de evitar represarias e torturas, as quais eram frequentes. (FONSECA, 2008)
2.1 A delação premiada no ordenamento jurídico brasileiro.
Com a sua independência, o Brasil incluiu como o primeiro dispositivo a Lei nº 8.072/90, posteriormente passando a ser disciplinado em diversos dispositivos. 
Código Penal (artigo 159, §4º, com redação dada pela Lei n. 9.269, de 02.04.1996); Lei n 7.492, de 16.06.1986, (artigo 25, §2º, acrescentado pela Lei n. 9.080, de 19.07.1995); Lei n. 8.072, de 25.07.1990 (artigo 8º, parágrafo único); Lei n. 8.137, de 27.12.1990 (artigo 16, parágrafo único, acrescentado pela Lei n. 9.080/95); Lei n. 9.034, de 03.05.1995 (artigo 6º), já revogada; Lei n. 9.613, de 03.03.1998, com nova redação da Lei n. 12.683, de 09.07.2012 (artigo 1º, §5º); Lei n. 9.807, de 13.07.1999 (artigos 13/15); Lei n. 11.343, de 23.08.2006 (artigo 41) e Lei n. 12.850, de 02.08.2013 (artigo 3º, I, cc. os artigo 4º a 7º). (SANCTIS, 2015, p. 181)
Essa previsão legal e os benefícios existentes na lei despertaram o interesse de criminosos em aproveitar os benefícios ofertados, entretanto faltava algo de extrema importância para que os auxílios tivessem uma procura maior, o Estado deveria proteger a integridade física e psíquica do delator e seus familiares, devido os colaboradores arriscarem suas próprias vidas ao desempenharem uma função essencial para a sociedade e a segurança publica ao denunciar uma organização criminosa (BORGES, 2018. MOTA; LEITE, 2015). Existindo de fato uma despreocupação do judiciário quanto aos perigos sofridos pelos delatores e a demora para vigorar uma lei que suprisse essa falha, ocorrendo uma delonga de aproximadamente uma década para que o legislador perceber o mal que poderia ou que estaria ocorrendo com o colaborador, vindo a promulgando a lei nº 9.807/99, (BITTAR, 2011).As informações trazidas pelo auxilio do infrator tem grande importância nas investigações, sem as quais não seriam possíveis de se conseguir elementos probatorios. As coações que possivelmente venha a ocorrer podem interferir nas coletas de provas devido a desmotivação e até pelo temor de algum mal maior contra ele ou a sua família. Ao descobrir que algum integrante da organização esta colaborando com o judiciário, os riscos de ser eliminado pela chamada “queima de arquivo” é cada vez mais alto.
2.2 A previsão da colaboração na lei n٥12850/13.
Primeiramente nota-se a importância de conceituar a colaboração ou delação premiada. Nas palavras de Mezzomo:
Delação e um vocábulo que deriva do latim, delatione, e semanticamente significa o ato de delatar, denunciar, revelar, acusar. A delação traz em si, desde os primórdios, um sentido extremamente pejorativo por tratar-se de uma traição, apresentando-se, na maioria das vezes, como um produto de vingança, ódio ou paixão.
Emerge para combater a criminalidade organizada e, para tanto, lançasse mão de um recurso extremamente polemico que é a traição, o ato de semear a discórdia no seio da organização criminosa oferecendo vantagem ao delator. (MEZZOMO, 2017, p.85)
A delação premiada é o ato exercido pelo acusado que utiliza os meios previstos em lei para auxiliar com as investigações em troca de benefícios pessoais, por exemplo uma redução de pena. Essa ajuda se dá no momento em que o investigado afirma um acordo com o Ministério Publico, ou com os delegados da Policia Federal ou Civil. Neste acordo o investigado revela elementos probatórios quanto ao funcionamento e participação dos demais integrantes, ou seja, ele deixa de seguir o grupo e passam a colaborar com as investigações efetuando uma troca, suas declarações pelos benefícios previstos em lei.
Existe uma distinção entre delação e colaboração premiada por se tratarem de institutos diferentes, onde o termo empregado como colaboração possui uma abrangência superior a delação, sendo esta uma espécie derivada da colaboração premiada (LIMA, 2017). Essas espécies são divididas em quatro: a primeira a delação premiada (agente revelador); que consiste no delator confessar o crime e assumir sua participação ainda indicando os demais agentes do delito; a segunda espécie é conhecida como colaboração para libertação, consistindo na indicação do local onde o sequestrado encontra-se encarcerado. A terceira é a colaboração para a localização e recuperação de ativos, seguindo a mesma linha da segunda espécie, a diferença se dá pela localização dos produtos e bens adquiridos ilicitamente; e por ultimo, a quarta espécie é a colaboração preventiva, pelo próprio nome diz, com as informações prestadas serão aplicadas medidas para evitar futuros delitos ou cessar uma ação delituosa (ARAS apud LIMA, 2017). Toas as espécies encontram-se na Lei 12850/13, art. 4º incisos I ao V.
Denota-se que a lei indica a voluntariedade como um dos requisitos na concessão do acordo, essa voluntariedade deve ocorrer de forma livre, sem o uso de qualquer coerção física ou psicológica, onde deverá haver o interesse por parte do acusado em afirmar o acordo. Pode-se ainda haver incentivos de terceiros e do próprio Ministério Publico desde que não seja forçado a aceitar. 
O que realmente interessa para fins de colaboração premiada é que o ato seja voluntário, pois ao contrário do ato espontâneo, nada obsta que haja interferência alheia, isto é, não há impedimento para que o agente seja aconselhado e incentivado por terceiro, desde que não haja coação ou qualquer tipo de constrangimento. (WAGNER; ZART, 2016 p. 26)
Outro requisito é a necessidade da eficácia é essencial, o Ministro Celso de Mello, em decisão a Medida Cautelar em Mandado de Segurança nº 34.831/DF, segue as decisões já proferidas pela suprema corte onde “a concessão dos benefícios de caráter premial estará sempre condicionada à eficácia da cooperação do agente colaborador”. (BRASIL; STF, 2017, p.11), devido às provas adquiridas nas investigações serem indispensáveis para a persecução criminal onde através delas será possível a identificação dos demais integrantes, as infrações praticadas por eles, a hierarquia ocupada bem como a divisão das tarefas, a previsão de futuras infrações penais, recuperação total ou parcial de produtos e localização de eventuais vitimas com vida. As declarações por si só não poderão servir como provas, uma vez que a sua natureza jurídica é a de obtenção de provas. (VASCONCELLOS, 2014).
A simples imputação do crime a um terceiro não será objeto de condenação, o juiz não poderá fundamentar sua sentença apenas nas declarações reduzidas a termo. A colaboração apenas irá balizar o setor investigativo, guiando o seu caminho para a colheita de provas.
2.3 Críticas à colaboração premiada. 
As críticas ao instituto são diversas. Os discursos baseiam-se na falta de ética, e violações de garantias fundamentais e constitucionais, entre outros. A exemplo temos:
A colaboração premiada utilizada nas Ordenações Filipinas já nascia morta em seus fundamentos, pois não havia prudência no interrogatório em busca da obtenção de provas, nem mesmo cautela para afastar o absurdo método de submeter uma pessoa ao crivo da tortura, coação moral e física, abuso de poder, onde os resultados podem ser os mais variados, sem qualquer garantia de êxito (CORREIA, OLIVEIRA, 2016, p.144)
Bezerra e Mello (2016) entendem que o uso das colaborações é algo intolerável devido a premiação de um criminoso em troca da traição à confiança existente dentro da organização. As confissões não trazem garantias de veracidade podendo ser motivadas por vingança.
Embora ainda existam diversas criticas negativa, no pólo positivo vários atores defendem o uso do instituto entendendo ser um mal necessário ao combate de crimes mais complexos. Nesse sentido temos a exemplo o desembargador do TRF da 3º Região, Sanctis (2015), comentando sua visão do instituto que vivenciou ao longo de sua carreira jurídica afirmando que o instituto é útil na prevenção e obtenção de informações dos delitos e ético por atender as necessidades repressivas e a proteção do bem jurídico.
A chamada lealdade entre os criminosos é bem lembrada por Brito, Fabretti e Lima F. (2015) como sendo algo imaginário, suas relações são regidas simplesmente pelo interesse pessoal e pode-se dizer que pelo medo daquele que comando a organização. 
2.3.1 A ética e traição na colaboração premiada.
A utilização de um meio imoral que é a “traição” é algo que causa grande fervor entre os penalistas. Entende-se que o estado não deveria utilizar-se de meios imorais em sua legislação, muito menos premiar algo nesse sentido. Segundo o advogado Ade Tasse:
Com efeito, mesmo não estando a atual estrutura judicial circunscrevendo seu nível de análise totalmente apegada aos conceitos éticos e morais, a reflexão científica da delação premiada não pode ignorar o sentimento de desrespeito a tais valores que produz, gerando idéia de que a traição e a deslealdade são hipóteses positivas e que devem ser premiadas (TASSE, 2006 p.3)
A utilização da “traição” como meio de repressão ao crime organizado fere a moral e a ética. O investigado utiliza-se da colaboração premiada por ter interesse próprio nos benefícios, não existindo a intenção de reparar o erro cometido, muito menos por causa de valores morais (RAMOS; SOUZA, 2013).
Matos Filho afirma que deverá ser repelida a colaboração premiada em determinados momentos de repressão a sociedade, entretanto, o autor complementa afirmando que a lei deve seguir o melhor interesse social devem prevalecer nos casos em que se trata de crimes considerados graves que podem causar grandes lesões a sociedade em geral, devendo se utilizar dos meios cabíveis para assim chegar aos criminosos (MATOS FILHO, 2017). 
Vale salientar que se deve buscar a diferença entre as fases históricas e entender que no presente momento é a melhor ferramenta para se limitar as organizações criminosas. É equivocado confundir uma denuncia de um líderdo PCC, com a traição a um revolucionário como Tiradentes por serem algo completamente diferente (DEMERCIAN, 2016)
Nesse sentido o Juiz Sergio Fernando Moro acrescenta:
Sobre a delação premiada, não se está traindo a pátria ou alguma espécie de “resistência francesa”. Um criminoso que confessa um crime e revela a participação de outros, embora movido por interesses próprios, colabora com a Justiça e com a aplicação das leis de um país. Se as leis forem justas e democráticas, não há como condenar moralmente a delação; é condenável nesse caso o silêncio. (MORO 2004, p.58).
Ressaltando que no mundo do crime não deve existir essa valoração ética e moral, “deixar de lado a delação premiada é fechar os olhos para a segurança social e a impunidade em relação às organizações criminosas (...)” (RIBEIRO. S, 2010)
2.3.2 Presunção de inocência e o direito ao silêncio.
O principio da presunção de inocência está presente em nossa constituição federal em seu artigo 5º, LVII disciplinando que todos serão inocentes até que se prove o contrário em uma sentença condenatória com transito em julgado.
As censuras são inúmeras quanto à afronta da constituição pelo instituto premial. Em relação ao direito em permanecer em silêncio, previsto no art. 186 do CPP, o §4º da lei nº 12.850/13, viola esse direito ao positivar a renuncia ao direito de silêncio. (BORGES, 
2018).
 A colaboração como já visto anteriormente, possui uma de suas características condicionada à voluntariedade do colaborador entendendo que aquele que venha a firmar um acordo presume-se estar disposto a colaborar, confessando sua participação no crime do qual esta sendo acusado e auxiliando nas investigações, informando tudo o que é de seu conhecimento sobre a organização da qual faz ou fez, parte.
Em decisão do Agravo em Recurso Especial Nº 553.804-RS (20140189301-8) o Relator Rogério Schietti Cruz do STJ reafirmou sobre a importância da voluntariedade do réu ao aceitar o acordo de colaboração premiada e a prestação de uma colaboração produtiva. 
É um direito subjetivo do individuo o acordo de colaboração, não havendo sentido concordar em efetuar um acordo e permanecer em silêncio. A voluntariedade é a característica mais marcante nesse contesto, sendo a única justificativa para o afastamento do direito ao silêncio (AIRES; FERNANDES, 2017). Uma vez que assim desejar, poderá utilizar-se de seus direitos constitucionais em permanecer calado, o qual fica a disposição do acusado que deve prevalecer aquilo que entender ser mais vantajoso.
Quanto a presunção de inocência ressalta-se que a simples imputação do crime a um terceiro não será objeto de condenação, o juiz não poderá fundamentar sua sentença apenas nas declarações reduzidas a termo. A colaboração apenas irá balizar o setor investigativo para onde deve ser direcionado e o que poderá (deverá) ser procurado. Por isso a importância da colaboração ser eficaz, ela deve demonstrar novas provas ao processo, para se desmantelar a organização existente, deve ser consistente trazendo autoria dos participantes, assim como o funcionamento da organização criminosa (RIBEIRO, 2017). 
É importante destacar que a utilização da colaboração premiada foi instituída para assim haver a possibilidade de romper com o silencio existente entre os integrantes das organizações, o beneficio é apenas um incentivo para aqueles que aderirem ao programa de colaboração. (ALMEIDA; OLIVEIRA FILHO, 2017).
Um importante ponto suscitado por Frederico Pereira é de que:
As provas a cargo do órgão de acusação devem ser capazes de superar a presunção de inocência do acusado, premissa que revela o grau de civilidade da sociedade, impondo ao poder estatal atenção à dignidade do cidadão e respeito primário a sua liberdade e segurança; ficando expresso, de antemão, a relação indivíduo sociedade encampada na conformação do ordenamento jurídico. (PEREIRA F. 2009)
Havendo duvidas de autoria através das provas obtidas na colaboração, o juiz deverá utiliza-se do principio in dúbio pro reo, absolvendo o acusado.
2.3.3 Princípio do contraditório e da ampla defesa.
Os princípios do contraditório e da ampla defesa são princípios inerentes ao devido processo legal. O contraditório e a ampla defesa são partes necessárias para o devido processo legal, ao angariar as provas deve ser posta ao contraditório e ampla defesa, sendo objeto de nulidade a supressão dos princípios (BRITO, FABRETTI; LIMA M. 2015)
Cabe ao estado o dever de garantir a todo o acusado uma defesa justa e possível, onde a parte ré deva estar presente em todos os momentos processuais, não sendo limitando a sua manifestação. O STF editou a súmula vinculante nº 14 “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. Não se pode limitar ao acusado ou investigado a possibilidade de acompanhar nos autos as provas produzidas e assim poder formular uma defesa mais técnica. (STF, BRASIL.)
Segundo o Ministro Dias Toffoli, em sua decisão monocrática do Habeas Corpus nº 127.483/PR, enfatizou que:
De todo modo, nos procedimentos em que figurarem como imputados, os coautores ou partícipes delatados - no exercício do contraditório - poderão confrontar, em juízo, as declarações do colaborador e as provas por ele indicadas, bem como impugnar, a qualquer tempo, as medidas restritivas de direitos fundamentais eventualmente adotadas em seu desfavor.
A lei prevê que o delator no curso do processo de colaboração estará acompanhado de seu advogado. O problema argüido se apresenta pelo delatado que não possui acesso as informações. A lei nº 12.850/13 limita ao delatado o direito em acompanhar o processo do qual faz parte, não tendo conhecimento de quais provas foram produzidas em seu desfavor, possivelmente dificultando um defesa técnica com mais qualidade e eficiência. 
2.3.4 A colaboração premiada e o investigado preso.
A prisão preventiva deve ser decretada seguindo os tramites legais constantes no Art. 312 do CPP, tendo como requisitos a garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, sempre que houver prova da existência do crime e indícios suficientes de sua autoria (TABAAKI, 2015 ). Existe uma querela onde se afirma que as colaborações advindas de réu preso, infringem a voluntariedade do acusado. A restrição indevida através da prisão preventiva pode ter ocorrido com a intenção de fomentar a obtenção de um número ainda maior de colaboradores (AIRES; FERNANDES, 2017). 
Para estimular ainda mais a discussão, o Deputado Wadih Damous do PT/RJ, apresentou a PL 4372/2016, para a alteração da lei 12.850/13, justificando que essa ação serve para:
(...) preservar o caráter voluntário do instituto e para evitar que a prisão cautelar seja utilizada como instrumento psicológico de pressão sobre o acusado ou indiciado o que fere a dignidade da pessoa humana, alicerce do estado democrático de direito. Da mesma forma, a alteração protege as regras processuais que tratam da prisão preventiva e evita que prisões processuais sejam decretadas sem fundamentação idônea e para atender objetos outros, alheios ao processo ou inquérito. (DAMOUS, 2016, on line)
O projeto de lei vem a contribuir com a lei 12.850/13, aperfeiçoando-a ao propor a homologação de acordo colaborativo somente com o acusado em liberdade, evitando uma pressão para o aceite do acordo. Assim como a proteção ao nome das pessoas que auxiliam nas investigações sem serem partes do processo e por fim evitar a divulgação de conteúdos da colaboração (VILAR, 2017).
Embora o projeto de lei esteja tramitando desde 2016, até o presente momento, encontra-se na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, aguardando apreciação do plenário e o seu julgamento ainda vai gerar muitas discussões, pró e contra a aprovação. 
3 Considerações Finais.
A colaboração premiada foi utilizada aindanas ordenações filipinas, passando pela conjuração baiana e mineira, assim como na ditadura militar. Foram tempos onde a repressão estava presente, e o estado utilizava-se do instituto premial em proveito próprio, passando por cima de direitos que ali ainda não eram respeitados ou amparados. Esses fatos deixaram uma negatividade ao se falar da colaboração premiada, devido ás marcas causadas em momentos distinto do nosso passado.
Embora seja um meio de obtenção de prova, a falta da existência de veracidade e eficácia das informações, não poderá ser motivo de uma condenação. As declarações obtidas serão apenas balizadores ao setor investigativo informando o que se deve procurar. A voluntariedade também deve se fazer presente ao firmar o acordo sendo passível de nulidade a sua falta. Nesse sentido quanto a presunção de inocência e direito ao silencio, deve-se notar que a colaboração é uma opção, devendo o investigado escolher o que seria melhor para si, onde o seu direito ao silencia será preservado uma vez que assim o desejar, entretanto não fará jus aos benefícios previstos em lei. 
Ao vislumbrar as colaborações de um modo geral, nota-se que os meios investigativos não estão devidamente preparados para combater o crime organizado, sendo necessária a utilização de ferramentas como as colaborações para combater a impunidade dos crimes cometidos por organizações criminosas.
Referências
AIRES, M. T; FERNANDES. A. F. A Colaboração Premiada como Instrumento de Política Criminal: A Tensão em Relação às Garantias Fundamentais do Réu Colaborador. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, vol. 3, n. 1, 2525-510X, 2017.
ALMEIDA, J. R; OLIVEIRA FILHO, Ê. W. de A Evolução da Colaboração Premiada na Legislação Nacional e no Direito Comparado. Revista Vertentes do Direito, Vol. 4, nº 1, 2017.
BEZERRA. E. A.; MELLO, L. F. M de. Colaboração Premiada: Um Instituto Questionável para a Produção de Provas. IURISPRUDENTIA: Revista da Faculdade de Direito da Ajes - Juína/MT, Ano 5, nº 9, p. 9-42, Jan/Jun , 2016. 
BIBLIA SAGRADA, Mateus 26:14-16, 48-50, disponível em <https://www.bibliaonline.com.br/acf/mt/26/15+> acesso em 12 Abr 2018. 
BITTAR, W. B. Delação Premiada no Brasil e na Itália uma Análise Comparativa. Revista Brasileira de Ciências Criminais, vol. 88, p. 225 – 269, Jan/Fev, 2011.
BORGES, B. N. S. Tráfico Internacional de Pessoas para Fins de Exploração Sexual, Revista Jurídica Iuris in Mente: Direito Fundamentais e Políticas Públicas. Ano III, n. 4. Itumbiara/GO, jan.-jun, 2018.
BRASIL, lei nº 12.850 de 2 de Ago de 2013, Organização Criminosa, Distrito Federal, 2013
BRITO, A. C. de; FABRETTI, H. B.; LIMA, M. A. F. Processo Penal Brasileiro, 3º. ed. São Paulo, Atlas, 2015.
CORREIA, E. A; OLIVEIRA. K. K. R. Inovações da lei nº 12.850, de 02 de agosto de 2013, no tocante a colaboração premiada. Fractum, Periódico Jurídico da Católica do Tocantins, Abril, 2016 nº 2. disponível em < https://ge.catolica-to.edu.br:8443/revistas/index.php/factum/article/view/44> acesso em 05/03/18
DAMOUS. W, Projeto Lei nº 4372/2016, disponível em <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2077165> acesso em 20/06/18.
DEMERCIAN, P. H. A Colaboração Premiada e a Lei das Organizações Criminosas, Revista Jurídica da Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. São Paulo: ESMP 2016.
FILIPPETTO, R.; APOLINÁRIO, M. da C. B, Máfia, Crime Organizado e Associação Criminosa: elementos para uma Perspectiva Brasileira. Doutrina Nacional, v. 15. n. 27, Jul – Dez 2016. p. 77-115
FONSECA, P. H. C. da. A Delação Premiada. De Jure - Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, n. 10, jan./jun. 2008.
GREGHI, F. A Delação Premiada no Combate ao Crime Organizado. Revista de Direito Público, Londrina, v. 2, n. 3, p. 3-24, Set./Dez. 2007.
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� Acadêmico do curso de Direito do Instituto Federal do Paraná – Campus Palmas, email: biskoski@gmail.com
� Orientadora, Doutora em Direito pela Universidade Federal do Paraná, com ênfase nos Direitos Humanos e Democracia com estágio de Doutorado "Sanduíche" concluído na Università degli Studi di Firenze, no Departamento de Diritto Comparato do Dottorato de Ricerca in Giurusprudenza. Visiting researcher da University of Florida, na Levin Law College. Mestre em Direito pela Universidade Federaldo Paraná com especialização em Didática e Metodologia do Ensino Superior e pós graduação em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná. É advogada, avaliadora do INEP e Professora do Curso de Direito do Instituto Federal de Educação do Paraná – Campus Palmas, email: candida.leopoldino@ifpr.edu.br.
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15 e 18 de agosto de 2018
ISSN: XXXX-XXX

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