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CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS PARA USO EM SAÚDE ESTÉTICA

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC 
 
CURSO DE TECNOLOGIA EM CERÂMICA 
 
 
 
 
 
 
ALDORI ABEL 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS PARA USO EM SAÚDE E 
ESTÉTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2009
ALDORI ABEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS PARA USO EM SAÚDE E 
ESTÉTICA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado 
para obtenção do grau de Tecnólogo em 
Cerâmica no curso de Tecnologia em Cerâmica 
da Universidade do Extremo Sul Catarinense, 
UNESC. 
 
Orientador: Prof. Dr. Adriano Michael Bernardin 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2009
 
ALDORI ABEL 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS PARA USO EM SAÚDE E 
ESTÉTICA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela 
Banca Examinadora para obtenção do Grau de 
Tecnólogo em Cerâmica, no Curso de 
Tecnologia em Cerâmica da Universidade do 
Extremo Sul Catarinense, UNESC. 
 
 
Criciúma, 02 de dezembro de 2009. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Adriano Michael Bernardin, Dr. Eng. - (UNESC) – Orientador 
 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Gilson Bez Fontana Menegali, Esp. – (UNESC) 
 
_______________________________________________________ 
Profª Simone Meister Sommer Bilessimo, Dra. Eng. - (UNESC) 
 
 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha mulher 
Tereza e aos meus filhos Paulo e Karla 
que sempre me motivaram nessa 
caminhada e esse apoio foi 
fundamental para a conclusão do 
curso. 
 
 3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Todo agradecimento que tentamos fazer procuramos ser o mais justos 
possível, mas são tantas as pessoas que convivemos que nos deram apoio que 
seria impossível lembrar-se de todos, e tentar mencionar todos com certeza haveria 
injustiça, mas todos estarão eternamente em meu coração. 
Agradeço primeiramente a Deus pela vida, e por me acompanhar nos 
momentos em que tive dúvidas e não me deixou fraquejar. 
Em especial a minha esposa Tereza e os meus filhos Paulo e Karla pela 
compreensão que tiveram no transcorrer do curso. 
A minha família, pais e irmãos que sempre acreditaram e torceram por 
mim. 
Aos meus amigos de curso que sempre tiveram uma palavra de conforto e 
motivação nos momentos de dificuldades. 
Ao meu orientador Prof. Dr. Adriano Michael Bernardin pelo apoio na 
escolha do tema, e também pela dedicação durante o desenvolvimento do trabalho. 
A todos os professores do curso de Tecnologia em Cerâmica, que foram 
mais que professores, foram amigos e incentivadores. 
A todos meus amigos e colegas do cotidiano que de uma forma ou de 
outra me ajudaram a concretizar esse sonho. 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Tente, não diga que a vitória está 
perdida, pois é de batalha que se vive a 
vida, vai tente outra vez”. 
 
Raul Santos Seixas 
 
 5 
 
RESUMO 
 
 
A argila é um dos medicamentos mais antigos conhecidos pelo homem, mas apenas 
há algumas décadas a geoterapia começou a ser utilizada. A maioria das doenças 
pode ser tratada com o uso desta substância devido à grande quantidade de 
minerais presentes em sua composição. Ela é uma das matérias-primas mais 
utilizadas na indústria cerâmica; mais não é sua única finalidade, apresenta 
características especiais podendo ser utilizada para tratamentos medicinais e 
estéticos. Este estudo objetivou caracterizar as argilas utilizadas em tratamentos 
medicinais e estéticos por meio da análise química por fluorescência de raios X, de 
fases por difração de raios X, análise bacteriológica e capacidade de troca catiônica. 
Foram submetidas a estes testes três amostras de cores diferentes e a partir dos 
resultados destas análises concluiu-se que a argila verde tem maior potencial para 
uso terapêutico, porém apresentou baixa CTC e não apresenta ação bactericida 
sobre os microorganismos E. coli e S. aureus. 
 
Palavras-chave: Argila. Saúde. Estética. Caracterização de argilominerais. 
 
 
 6 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1. Aplicação de argila com finalidade medicinal, Lamaita, 2009 ....................16 
Figura 2. Aplicação de argila com finalidade estética, Müller, 2009..........................16 
Figura 3. Cores de argilas, Passos, 2009 .................................................................20 
Figura 4. Aplicação de argila na cabeça e garganta, Spethmann, 2004 ...................26 
Figura 5. Aplicação de argila no tórax e coração, Spethmann, 2004 ........................26 
Figura 6. Aplicação de argila nos rins e costas, Spethmann, 2004. ..........................27 
Figura 7. Aplicação de argila na região lombo-ventral, Spethmann, 2004. ...............27 
Figura 8. Extração de argila mecanizada, Cerâmica Matieli, 2009............................28 
Figura 9. Extração de argila manual, Cola da web, 2009..........................................28 
Figura 10. Estufa para secagem e esterilização de argila, Ideal equipamentos para 
laboratórios, 2009................................................................................................29 
Figura 11. Moinho de bolas, Eq cerâmicos, 2009 .....................................................30 
Figura 12. Agentes moedores de alta alumina, sílex e ágata, Eq cerâmicos, 2009 ..30 
Figura 13. Fluxograma com as etapas de trabalho, Autor, 2009...............................31 
Figura 14. Difratograma de amostra da argila verde, LAMIR, 2009 ..........................35 
Figura 15. Difratograma de amostra da argila cinza, LAMIR, 2009...........................36 
Figura 16. Difratograma de amostra da argila amarela, LAMIR, 2009 ......................36 
Figura 17. Difusão em Agar com as bactérias E. coli e S. aureus para amostras da 
argila verde, UNESC, 2009 .................................................................................38 
Figura 18. Difusão em Agar com as bactérias E. coli e S. aureus para amostras da 
argila cinza, UNESC, 2009..................................................................................39 
Figura 19. Difusão em Agar com as bactérias E. coli e S. aureus para amostras da 
argila amarela, UNESC, 2009 .............................................................................39 
 
 
 7 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1. Enfermidades e tratamentos geoterápicos ...............................................24 
 
 
 8 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1. Análise química das argilas por FRX (% em massa).................................34 
Tabela 2. Capacidade de troca catiônica das argilas estudadas (meq/100g) ...........37 
 9 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
CTC – Capacidade de Troca Catiônica 
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral 
DRX – Difração de Raios X 
FRX – Fluorescência de Raios X 
IPENAI – Instituto de Pesquisas Naturais de Acupuntura e Iridologia 
 
 10 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 
1.1 Objetivos .............................................................................................................11 
1.1.1 Objetivo geral ...................................................................................................11 
1.1.2 Objetivos específicos........................................................................................11 
1.2 Justificativa e importância do estudo...................................................................12 
2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO .........................................................................13 
2.1 A história da argila...............................................................................................13 
2.2 Argila parasaúde e estética ................................................................................15 
2.2.1 Tipologia de argilas ..........................................................................................17 
2.2.2 Cores das argilas .............................................................................................17 
2.3 Funções terapêuticas da argila ...........................................................................20 
2.3.1 Indicações e tratamentos de saúde..................................................................22 
2.4 Geoterapia...........................................................................................................23 
2.5 Processo de extração e beneficiamento das argilas medicinais .........................27 
2.5.1 A coleta das argilas ..........................................................................................28 
2.5.2 Secagem ..........................................................................................................29 
2.5.3 Moagem ...........................................................................................................29 
2.5.4 Peneiramento ...................................................................................................30 
3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................31 
3.1 Caracterização das matérias-primas...................................................................31 
3.2 Preparação das amostras ...................................................................................32 
4 ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.....................................................34 
4.1 Análise química das argilas.................................................................................34 
4.2 Análise mineralógica das argilas .........................................................................35 
4.3 Capacidade de troca catiônica das argilas..........................................................37 
4.4 Análise bactericida das argilas ............................................................................38 
5 CONCLUSÃO.........................................................................................................40 
5.1 Sugestões para trabalhos futuros........................................................................40 
REFERÊNCIAS.........................................................................................................42 
 
 
 11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A argila é um dos medicamentos mais antigos conhecidos pelo homem e 
provavelmente um dos mais efetivos, pois a maioria das doenças podem ser 
tratadas com o uso desta substância; tal fato só é possível devido a grande 
quantidade de minerais presentes em sua composição, que se assemelham aos 
presentes no corpo humano. 
Mesmo sendo um medicamento tão antigo apenas a algumas décadas a 
geoterapia vem sendo mais utilizada, porém voltando-se mais para tratamentos 
estéticos e terapias alternativas. 
O presente trabalho propõe como objetivo demonstrar que a argila tem 
grande importância em tratamentos de saúde e não deve ser usada apenas com fins 
estéticos e alternativos, pois apresenta usos medicinais. 
 
 
1.1 Objetivos 
 
 
A seguir estão descritos os objetivos geral e específicos deste trabalho. 
 
 
1.1.1 Objetivo geral 
 
 
Caracterizar argilas para uso em tratamentos de saúde e estética. 
 
1.1.2 Objetivos específicos 
 
 
Abaixo estão descritos os objetivos específicos deste trabalho: 
• estudar o uso da argila em tratamentos de doenças e em estética; 
 12 
 
• verificar quais argilas são indicadas para uso medicinal e estético; 
• analisar a composição química, mineralógica e propriedades 
biológicas das argilas. 
 
 
1.2 Justificativa e importância do estudo 
 
 
A argila é uma das matérias-primas mais utilizadas na indústria cerâmica, 
ela compõe as formulações usadas para a fabricação de revestimentos cerâmicos, 
louças, utensílios domésticos e decorativos. Porém a argila, além de seu uso na 
indústria cerâmica, apresenta características especiais podendo ser utilizada para 
tratamentos medicinais e estéticos. 
Mesmo tendo funções terapêuticas reconhecidas há milênios, apenas há 
algumas décadas começaram os fomentos de estudos científicos acerca deste 
tratamento milenar chamado argiloterapia ou geoterapia (RIBEIRO, 2009). 
Juntamente com a água e as plantas, a argila é um dos três mais antigos e 
poderosos medicamentos da humanidade (LARANJEIRA, 2009). 
Existe uma carência literária muito grande sobre este tema na área 
cerâmica, apenas sendo encontradas nos livros definições técnicas da composição 
química da argila; já artigos sobre suas funções terapêuticas e estéticas são 
encontrados em sites, apostilas e revistas voltadas para a área da beleza e de 
terapias alternativas. Isto ocorre devido a uma dedicação quase que exclusiva do 
tecnólogo em cerâmica para a área de revestimentos, deixando de lado possíveis 
alternativas de utilização da argila. 
A pesquisa proposta poderá propiciar à área cerâmica um novo foco de 
pesquisa para a utilização da argila, que seguirá paralelamente a linha de pesquisa 
tradicional, que é a fabricação de revestimentos cerâmicos. 
 
 13 
 
2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 
 
 
Neste capítulo estão descritas a história da argila, seu uso em 
tratamentos de saúde e estética, suas funções terapêuticas, indicações para uso e o 
seu processo produtivo. 
 
 
2.1 A história da argila 
 
 
A argila origina-se de alterações em rochas ígneas, metamórficas e 
sedimentares; estas alterações são causadas pela ação química da água, gases de 
enxofre e intemperismo (GEREMIAS, 2003). Em sua composição predominam os 
filossilicatos de alumínio hidratados, às vezes substituídos por magnésio ou ferro, 
contendo também outros tipos de minerais em menor quantidade como o titânio, 
cobre, zinco, alumínio, cálcio, potássio, níquel, manganês lítio e sódio (ANDRADE, 
2009). De acordo com Barba et al (1997), a argila pode ser definida como um 
material com textura fina, com comportamento plástico quando misturado com uma 
quantidade limitada de água. 
As argilas são rochas sedimentares compostas de partículas muito finas 
de silicatos de alumínio, associados a óxidos que lhes dão tonalidades diversas. 
Embebidas em água, formam uma pasta mais ou menos plástica, que pode ser 
moldada. Dividem-se em dois tipos: argilas primárias, originadas da decomposição 
do solo por ações físico-químicas do ambiente natural, durante anos, apresentando-
se normalmente na forma de pó; e argilas secundárias, decorrentes da 
sedimentação de partículas transportadas pelas chuvas e ventos, que se 
apresentam na forma pastosa ou de lama (argila mais água) (DORNELLAS e 
MARTINS, 2009). 
Entre as inúmeras utilidades da argila conhecidas atualmente destaca-se 
a fabricação de revestimentos cerâmicos, louças, utensílios domésticos e 
decorativos; porém a argila também pode ser utilizada em tratamentos estéticos e de 
saúde. 
 14 
 
O uso da argila é muito antigo; segundo Azoubel (2009) no antigo Egito já 
se utilizava a argila conhecida como lama do Nilo para a mumificação, conservação 
de manuscritos, estética e cura. 
O grande filósofo Aristóteles referiu-se à argila como um recurso que 
conserva e trata a saúde; Galileno e Discóride, anatomistas gregos, relatam em seus 
escritos que recorreram várias vezes ao uso da argila para tratamentos de saúde, 
confirmando sua eficácia. O grande unificador da Índia, Mahatma Gandhi 
aconselhava a cura pela argila, e graças a ele e alguns naturapeutas do início do 
século XX, como Strumpt, Luis Kuhme, Adolf Just e Kneipp que relatos importantes 
foram deixados sobre tratamentos com argila (AZOUBEL, 2009). Hipócrates, médico 
grego considerado o pai da medicina, utilizava e ensinava a seus discípulos o uso 
medicinal da argila (LAMAITA, 2009).Na América alguns grupos indígenas tinham por tradição enterrar seus 
doentes terminais, na posição vertical, dentro de um buraco cavado na terra 
deixando apenas a cabeça para o lado de fora, para que o doente permanecesse 
em contato com a terra durante muitas horas. Durante a Guerra do Vietnã, os 
vietnamitas e os coreanos empregaram o banho de argila para tratar queimaduras 
sérias. Atualmente a argila ainda é utilizada no Japão e na China para conservar 
ovos e alimentos de procedência animal (DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
De acordo com Miranda (2009) foi pela observação dos animais feridos 
que procuravam certas lamas para nelas melhorarem e cicatrizarem suas feridas 
que muitas argilas medicinais foram descobertas. 
A medicina oriental utiliza a argila para desintoxicar e transformar 
energias perversas em energias mais qualificadas trazendo equilíbrio para melhorar 
a circulação do Qi. Hoje as clínicas naturalistas utilizam a argila, sozinha ou 
associada a outras técnicas terapêuticas, assim como os maiores centros estéticos 
mais avançados do mundo (DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
O Brasil é um país rico em argila, mas ainda é pequeno o seu uso com 
finalidade terapêutica; apenas algumas clínicas e spas que atuam com a proposta 
de atendimento terapêutico baseado em práticas naturais começam a despontar no 
mercado e alguns balneários e profissionais que utilizam esta técnica do uso de 
argilas em tratamentos de saúde e protocolos estéticos associados a outras terapias 
(DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
 
 15 
 
2.2 Argila para saúde e estética 
 
 
“A argila é um agente de saúde que pode acalmar as dores mais agudas 
em pouco tempo” (MIRANDA, 2009, p.2). Entre suas propriedades medicinais 
podem-se destacar a recuperação de células doentes, purificação do organismo pela 
eliminação de impurezas, limpa o sangue e aumenta o número de glóbulos 
vermelhos além de agir como bactericida, antiparasitária, cicatrizante, absorvente e 
depurativo. 
“Atualmente as argilas são muito utilizadas em procedimentos estéticos 
devido à ação absorvente, antisseborréica, cicatrizante e anti-séptica que 
apresentam” (MIRANDA, 2009, p. 2). 
De acordo com Dornellas e Martins (2009), os argilominerais presentes na 
composição química da argila atuam nos tratamentos de saúde e estéticos da 
seguinte forma: 
• alumínio: atua contra a falta de tonicidade, tem ação cicatrizante, e 
inibe o desenvolvimento de estafilococo áureo em cultura; 
• ferro: tem papel importante na respiração celular e na transferência 
de elétrons. Na pele, as carências deste elemento manifestam-se 
por uma epiderme fina, seca e com falta de elasticidade; 
• magnésio: tem o poder de fixar os íons de potássio e do cálcio e a 
manutenção do gel celular, ou seja, a hidratação e na síntese das 
fibras do colágeno; 
• manganês: tem ação específica na biossíntese do colágeno, tem 
ação antiinfecciosa, cicatrizante, antialérgico; 
• silício: tem papel fundamental na reconstituição dos tecidos 
cutâneos e na defesa do tecido conjuntivo. Tem ação hemostática, 
purificante, adstringente e remineralizante. Tem efeito hidratante na 
pele e reduz as inflamações. Também tem ação na elasticidade da 
pele atuando em flacidez cutânea; 
• sódio e potássio: Ajudam a manter a hidratação e o equilíbrio iônico 
das células cutâneas. 
A argila aplicada no tratamento medicinal atua como antiinflamatório, 
antitraumático, antitóxico, emoliente, absorvente, anti-séptico, analgésico, 
 16 
 
tonificante, cicatrizante, desodorizante, catalisador, anti-reumático, além de outros 
efeitos medicinais. Em tratamentos estéticos atua como tonificante corporal, e auxilia 
a drenagem linfática quando aplicada em compressas em áreas de concentração de 
gânglios linfáticos para promover a eliminação de toxinas (DORNELLAS e 
MARTINS, 2009). 
 
 
Figura 1 – Aplicação de argila com finalidade medicinal. 
Fonte: Lamaita, 2009. 
 
 
 
Figura 2 – Aplicação de argila com finalidade estética. 
Fonte: Müller, 2009. 
 
 
 17 
 
2.2.1 Tipologia de argilas 
 
 
A qualidade das argilas depende muito da região onde é extraída, 
destacam-se especialmente as argilas amazônicas ricas em fito-ativos, o que torna 
este material repleto de propriedades cosméticas, além da presença de outros 
minerais como ferro, alumínio, boro, potássio, cálcio e enxofre, que são 
colaboradores das reações fundamentais da pele (CARVALHO, 2009). 
De acordo com Miranda (2009), a concentração dos minerais presentes 
na argila é responsável por definir a sua tipologia e manter as suas propriedades 
básicas. 
“Existem vários tipos de argila e cada uma é indicada para uma finalidade 
específica. Antes de usá-la, é preciso conhecer sua composição” (DORNELLAS e 
MARTINS, 2009, p.3). 
 
 
2.2.2 Cores das argilas 
 
 
Como citado anteriormente no capítulo 2.1 as argilas apresentam em sua 
composição inúmeros minerais que são responsáveis pela coloração da argila, ou 
seja, argilas brancas são ricas em carbonato de cálcio e magnésio, as esverdeadas 
contem óxido de cromo, as rosadas óxido de ferro, cada uma destas substâncias 
dará uma qualidade especial para a argila (CARVALHO, 2009). 
A seguir serão descritas as cores de argilas utilizadas para fins medicinais 
e estéticos. 
Argila verde: pertence ao grupo da montmorilonita, é a argila que possui 
a maior diversidade de elementos como óxido de ferro associado a magnésio, cálcio, 
potássio, manganês, fósforo, zinco, alumínio, silício, cobre, selênio, cobalto e 
molibdênio. Apresenta pH neutro, grande função absorvente, combate edemas, 
secativo, emoliante, anti-séptica, bactericida, analgésica e cicatrizante, é indicada 
para peles oleosas e acnêicas e para a produção de produtos destinados ao 
tratamento de cabelos oleosos (SCHEFFER, 2009). Oxigena as células, é esfoliante 
suave, promove a desintoxicação e regula a produção sebácea (PASTORI, 2009). 
 18 
 
Argila branca: também chamada de caulim, contém um maior percentual 
de alumina, caulinita e sílica, possui um pH muito próximo da pele promovendo 
ações de adsorver oleosidade sem desidratar a pele, suavizar, cicatrizar e catalisar 
reações metabólicas do organismo, é clareadora, indicada para o tratamento de 
manchas em peles sensíveis e delicadas, desidratadas, envelhecidas e acnêicas, 
porém apenas para o rosto, pois em tratamentos corporais não dá bom resultado. 
Atua como antiinflamatório devido à presença de manganês e magnésio em peles 
acnêicas. Dentre as argilas utilizadas em tratamentos estéticos é a que menos 
resseca a pele. A presença do silício reduz as inflamações, tem ação purificante, 
adstringente e remineralizante, com efeito anti-séptico, cicatrizante (DORNELLAS e 
MARTINS, 2009). 
Argila branca da Amazônia: argila nativa formada nas ribanceiras dos 
rios após as inundações provocadas em época de chuva, rica em ferro, alumínio, 
boro, potássio, cálcio e enxofre. É hidratante e antioxidante, tem coloração branca 
acinzentada. Seus nutrientes e sais minerais ajudam a eliminar as toxinas da 
superfície da pele, ativam a regeneração celular, combatem os radicais livres, 
canalizam energia positiva, fortalecem o tônus da pele; reduz as rugas e elimina 
gorduras localizadas e celulite. Indicada para máscaras faciais e capilares, cremes, 
loções e sabonetes corporais para produtos cosméticos destinados à regeneração e 
limpeza da pele e esfoliantes corporais (DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
Argila preta: também conhecida como lama negra é um material muito 
nobre; tem esta coloração devido à grande quantidade de matéria orgânica e 
enxofre; é a mais ácida das argilas utilizadas para fins medicinais e estéticos; tem 
ação antisseborréica e antioxidante; indicada para peles oleosas (CARVALHO, 
2009). É uma argila muito rara, com efeitos antiinflamatórios, cicatrizantes e 
desintoxicantes; ativa a circulação e contribui com a renovação celular (MIRANDA, 
2009). Devido à presençade alumínio e silício e baixo percentual de ferro, pode ser 
usado tanto para cosmética como para tratamento de doenças; o titânio agrupado 
com elevados percentuais de alumínio e silício indica um material com excelente 
agente rejuvenescedor (DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
Argila cinza: chamada de bentonita, são argilas ricas em silício e 
alumínio; é a mais indicada para o combate as inflamações nas articulações e lesões 
devido a sua função antiinflamatória e cicatrizante (MIRANDA, 2009). Também pode 
 19 
 
ser usada em casos de peles extremamente inflamadas devido à presença de acnes 
promovendo o alívio e a retirada da vermelhidão da pele (IPENAI, 2009). 
Argila vermelha: rica em silício e ferro, muito indicada para peles 
sensíveis, avermelhadas e alérgicas. É responsável por ativar a circulação e regular 
a microcirculação cutânea (MIRANDA, 2009). Previne o envelhecimento da pele, 
ajuda na redução de peso e medidas. O óxido de ferro presente nesta argila tem 
extrema importância na respiração celular e transferência de elétrons (PASTORI, 
2009). 
Argila rosa: é a mistura da argila branca com a vermelha ideal para peles 
cansadas e sem viço; atua na revitalização da pele; devolve a luminosidade natural 
da pele; aumenta a circulação; absorve toxinas e hidrata a pele; possui ação 
desinfetante, suavizante, emoliente. Tem propriedades cicatrizantes e suavizantes; é 
indicada para peles sensíveis, delicadas, com vasinhos e rosácea (DORNELLAS e 
MARTINS, 2009). 
Argila amarela: contém silício e alumínio. Produz na pele efeito 
desinfiltrante, adstringente e desintoxicante. Em peles oleosas atua como um bom 
esfoliante, porém deixa a pele ressecada. É indicada para tratamentos de celulite e 
edemas; dá boa rigidez à pele, contribui com o equilíbrio iônico e hidratante do gel 
celular (MIRANDA, 2009). Este tipo de argila ajuda na formação de base de 
colágeno da pele devido à presença do silício que funciona como um catalisador, 
sendo assim indicada para o rejuvenescimento pois combate o envelhecimento 
cutâneo (PASTORI, 2009). 
Argila marrom: é rara devido a sua pureza e rica em silício, alumínio e 
titânio e baixo percentual de ferro; funciona como ativadora da circulação, além de 
equilibrar e revitalizar a pele; atua como desinfiltrante, adstringente e desintoxicante 
(MIRANDA, 2009). É indicada para peles oleosas, acnéicas e mistas (IPENAI, 2009). 
O alumínio atua contra a falta de tonicidade; tem ação cicatrizante; o silício atua na 
reconstituição dos tecidos cutâneos e na defesa do tecido conjuntivo. Tem ação 
hemostática, purificante, adstringente e remineralizante. Tem efeito hidratante na 
pele e reduz as inflamações. Também tem ação na elasticidade da pele atuando em 
flacidez cutânea (DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
Argila bege: é a mistura da argila marrom com a argila branca. Desta 
forma ela incorpora de forma mais suave as propriedades das duas argilas 
(DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
 20 
 
Argila marinha: rica em minerais, tem uma cor verde bem escura e é 
obtida do fundo do mar. Ela tem uma grande concentração de algas marinhas o que 
a faz perfeita para purificar e tonificar o corpo (DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
De acordo com Medeiros (2009), existem três principais tipos de argilas: a 
vermelha, a verde e a branca. 
 
 
Figura 3 – Cores de argilas. 
Fonte: Passos, 2009. 
 
 
2.3 Funções terapêuticas da argila 
 
 
Como citado no capitulo 2.1 a argila era utilizada no Antigo Egito para a 
mumificação dos faraós; tal procedimento só era possível devido às propriedades 
antissépticas da argila que os egípcios já conheciam. 
A argila possui partículas microscópicas com elevado poder de absorção 
de toxinas e calor; possui também os elementos químicos semelhantes aos do corpo 
humano, como silício, alumínio, cálcio, ferro, potássio, magnésio entre outros; tem 
propriedades antiinflamatórias, cicatrizantes e desintoxicantes (LAMAITA, 2009). 
De acordo com Dornellas e Martins (2009) são os sais minerais como 
ferro, silício e magnésio presentes na argila que lhe confere as propriedades 
terapêuticas fundamentais descritas a seguir: 
 21 
 
• absorção: adquire plasticidade quando misturada com água, 
obtém-se uma pasta eficaz no tratamento de inflamações, edemas 
e inchaços; 
• liberação: tem facilidade para liberar elementos ativos que fazem 
parte de sua constituição produzindo efeito protetor e absorvedor 
de toxinas em vários órgãos, principalmente a pele e mucosas; 
• adsorção: consiste num processo físico-químico pela qual as 
argilas deixam passar moléculas, elementos gasosos e partículas 
microscópicas do meio ambiente e bactérias com o intuito de 
deslizaram para o interior da pele; este processo é muito útil na 
fixação de toxinas presentes no organismo para uma posterior 
eliminação das mesmas. 
 
É a concentração de determinados minerais na argila que lhe confere 
qualidades especiais para curar, promovendo no organismo os seguintes efeitos: 
• desobstrui os interstícios celulares; 
• elimina toxinas; 
• estimula a microcirculação cutânea; 
• segundo certas crenças permite a troca de energia dos minerais 
com a parte afetada; 
• promove uma microabrasão (peeling suave); 
• regula a produção sebácea; 
• regula a queratinização; 
• regulariza a temperatura do órgão enfermo, uniformizando a 
irrigação sanguínea (DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
 
Dornelas e Martins (2009) citam que as propriedades normalizadoras das 
argilas devem-se às trocas energéticas, iônicas e radiônicas exercidas pelos elétrons 
livres existentes nos minerais de sua composição. 
Outro aspecto interessante é que não há necessidade de preocupar-se com 
a ação da argila,..., seja sedar, tonificar, estimular ou absorver, além de 
potencializar o sistema imunológico e não ser tóxica (DORNELLAS e 
MARTINS, 2009, p. 2). 
 
As funções terapêuticas das argilas são muito variadas, podendo ser 
indicadas para o tratamento de várias enfermidades. Deve-se observar, além da 
 22 
 
indicação terapêutica, a forma, o local da aplicação e a temperatura da argila ao ser 
usada. 
A temperatura da argila aplicada depende da região do corpo beneficiada 
pelo tratamento, ou seja, em locais excessivamente frios pode-se aplicar a argila um 
pouco aquecida, já em locais quentes deve-se usá-la em temperatura ambiente. 
Sua aplicação quente é recomendada para tratamentos que beneficiam 
problemas nos ossos e articulações, pulmões, fígado, vesícula biliar, rins e coluna 
vertebral. Existem, porém, algumas exceções onde se deve utilizar argila fria; é o 
caso de articulações com doenças infecciosas e congestivas, com vermelhidão, dor 
e calor (ANDRADE, 2009). 
De acordo com Pastori (2009), a argila pode ser usada para diversos 
casos devido a sua diversidade de funções como adsorção de venenos, 
inflamações, muco, gases, toxinas, mau cheiro, tem ação bactericida, é anti-séptica 
promovendo a limpeza de feridas e drenando suas secreções, é analgésica, estimula 
o sistema circulatório, regula a temperatura interna e externa do local onde é 
aplicada, realiza peeling suave, é antiinflamatória, descongestinante, regeneradora 
celular, refrescante e revitalizante. 
 
 
2.3.1 Indicações e tratamentos de saúde 
 
 
Os tratamentos terapêuticos feitos com argila são indicados no combate 
de inúmeras enfermidades como inflamações diversas, úlceras, gastrite, eczemas, 
erisipela (infecção bacteriana), febres internas e externas, infecções, prisão de 
ventre, nervos, picadas venenosas, cólicas de rins, fígado e vesícula, queimaduras, 
fraturas contusões, acne, hemorragias, tratamentos de pele, vermes, olhos, dentes, 
hérnias, varizes, dores ciáticas, congestão, enxaquecas, assaduras, bronquite, 
faringite, amidalite, otite, rinofaringites, sinusites, anginas, alergias respiratórias, 
asma, problemas pulmonares, hepatite, rins, feridas, gota, problemas nas 
articulações como artrite, artrose entre outras, furúnculos,dores nos ombros, 
pescoço e coluna vertebral (PASTORI, 2009). 
O uso da argila em tratamentos terapêuticos pode ser feito de duas 
formas: interno e externo. Para uso interno a argila passa por uma série de controles 
 23 
 
como processo de esterilização e testes microbiológicos; deve também constar em 
sua embalagem o registro da ANVISA, além do registro da empresa e o técnico 
responsável. Já a argila para uso externo classifica-se como isenta de registro sendo 
apenas usado o registro da empresa e o técnico responsável. Popularmente a argila 
é mais usada externamente na forma de cataplasma ou emplastro (RIBEIRO, 2009). 
Segundo Lamaita (2009, p. 1), 
quando se faz um tratamento interno é imprescindível que a argila seja de 
ótima procedência e que, de preferência, tenha sido submetida a testes 
laboratoriais que garantam a inexistência de bactérias patogênicas e se 
tratar de material confiável no que diz respeito à sua composição química. 
Nos tratamentos externos é importante também saber qual a temperatura 
ideal que a argila deve estar (fria ou quente), também em função do tipo de 
adoecimento e do local a ser aplicado. Entre os benefícios dos tratamentos 
com argila podemos ressaltar a desintoxicação geral do organismo e 
conseqüentemente o aumento da vitalidade. 
 
De acordo com Miranda (2009), argilas utilizadas para fins terapêuticos 
devem ser aplicadas em camadas mais grossas e para fins estéticos usar uma 
camada mais fina. O uso de argilas com óleos essenciais dá ótimos resultados 
estéticos e terapêuticos. 
 
 
2.4 Geoterapia 
 
 
A geoterapia consiste na aplicação de argila nas partes afetadas do 
organismo com objetivo terapêutico. Também é utilizada com finalidade preventiva 
pela grande capacidade de desintoxicar o organismo, favorecendo a eliminação de 
toxinas e aumentando as defesas (DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
De acordo com Medeiros (2009) a palavra geoterapia origina-se da 
combinação entre o termo grego geo que significa terra e o termo latim terapia que 
significa tratamento e tem como base os princípios da geologia, geoquímica e 
geofísica em sua utilização; trabalha além do físico da pessoa tratada, o emocional e 
também o energético. Mesmo sendo uma técnica muito antiga dificilmente 
encontram-se poucas publicações sobre geoterapia no Brasil. 
A aplicação de argila para tratamentos geoterápicos pode ser feita de 
várias formas: aplicando-a diretamente sobre a pele em seu estado puro (in natura) 
coberta com um pano e mantida assim até secar completamente, em forma de 
 24 
 
compressa diluindo-a em água ou como banhos de lama cujos banhos são indicados 
para eliminar toxinas nocivas do corpo, para aliviar situações de stress, tensão e 
perturbações relacionadas com o sistema nervoso (BEM TRATAR, 2009). 
Segundo Spethmann (2004) a compressa é a forma de geoterapia mais 
utilizada, pode-se aplicar a argila pura ou combinada com outros ingredientes como 
cebola ralada, carvão vegetal, cenoura ralada, mel de abelhas, óleo de eucalipto, 
óleo de linhaça, orégano, sal, arnica macerada, chá de camomila, chá de malva, 
polpa de babosa entre outros. Estas compressas devem ter uma duração máxima de 
duas horas em pacientes com mais de oito anos de idade, nos mais novos a duração 
máxima deve ser de uma hora. A geoterapia não é recomendada para mulheres 
grávidas ou durante o período menstrual e pacientes muito debilitados. 
“As compressas de argila podem ser aplicadas em qualquer parte do 
corpo, diretamente sobre a região enferma” (SPETHMANN, 2004, p. 44); dentre 
estas regiões pode-se destacar a cabeça, garganta, coração, tórax, costas, rins e 
região lombo-ventral. Inúmeras enfermidades podem ser tratadas com o uso da 
geoterapia; o quadro 1 descreve as enfermidades e o tratamento geoterápico 
indicado para esta enfermidade e a região do corpo onde a argila deve ser aplicada. 
 
 
Enfermidade Usos terapêuticos da argila 
Abscessos Compressa local de argila com mel de abelhas, chá de malva, polpa de 
babosa e carvão vegetal em pó. 
Acne Banhos de argila com arnica; 
Compressas locais de argila com cenoura e cebola ralada e mel de abelhas; 
Ingestão de argila diluída em água. 
Aftas Compressa lombo-ventral; 
Bochechos de argila diluída em chá de arnica; 
Pulverização local de argila. 
Alergia Compressa lombo-ventral; 
Ingestão de argila diluída. 
Amigdalite Compressa lombo-ventral; 
Gargarejo com argila diluída 
Artrite Compressa lombo-ventral; 
Compressa de argila (morna) e óleo de eucalipto, óleo de linhaça e orégano, 
no tórax e costas, 30 minutos. 
Broncopneumonia Compressa lombo-ventral; 
Compressa no tórax e costas de argila (morna) e óleo de eucalipto, óleo de 
linhaça e orégano, 30 minutos. 
Bronquite Compressa lombo-ventral; 
Compressa no tórax e costas de argila (morna) e óleo de eucalipto, óleo de 
linhaça e orégano, 30 minutos. 
Colite Compressa lombo-ventral com cebola ralada; 
Ingestão de argila diluída. 
Conjuntivite Compressa local de argila com mel de abelhas e chá de camomila. 
Contusões Compressa local de argila com arnica e óleo de eucalipto. 
Diabete Compressa lombo-ventral de argila com cebola ralada; 
 25 
 
Ingestão de argila diluída em suco de berinjela. 
Difteria Compressa lombo-ventral; 
Gargarejos de argila diluída. 
Distúrbios nervosos Compressa lombo-ventral de argila com cebola ralada. 
Doenças de pele Banhos de argila com arnica; 
Compressas locais de argila com cenoura e cebola raladas e mel de abelhas; 
Ingestão de argila diluída. 
Doenças do coração Compressa lombo-ventral; 
Compressa no tórax com argila e alecrim. 
Doenças do fígado Compressa lombo-ventral de argila com chá de camomila, carqueja e picão. 
Doenças 
ginecológicas 
Compressa lombo-ventral de argila com cebola ralada. 
Eczema Banhos de argila com arnica; 
Compressas locais de argila com cenoura e cebola raladas e mel de abelhas; 
Ingestão de argila diluída 
Enterite Compressa lombo-ventral; 
Ingestão de argila diluída. 
Estomatite Compressa lombo-ventral; 
Ingestão de argila diluída. 
Estresse Compressa lombo-ventral de argila com cebola ralada. 
Flebite Compressa lombo-ventral; 
Banhos de argila; 
Ingestão de argila diluída. 
Frieira Banhos locais de argila com arnica; 
Compressas locais de argila com cenoura e cebola raladas e mel de abelhas. 
Furúnculos Compressa local de argila com mel de abelhas, chá de malva, polpa de 
babosa e carvão vegetal. 
Gases intestinais Compressa lombo-ventral; 
Ingestão de argila diluída 
Gastrite Compressa lombo-ventral; 
Ingestão de argila diluída 
Gengivite Compressa lombo-ventral; 
Bochechos de argila diluída em cha de arnica; 
Pulverização local de argila em pó. 
Gota Compressa lombo-ventral; 
Compressa local com argila e cebola ralada. 
Hálito, mau Gargarejos com argila diluída em água. 
Hemorragias uterinas Compressa lombo-ventral com argila e cebola ralada. 
Hematomas Compressa local com argila e arnica macerada e óleo de eucalipto. 
Hemorróidas Compressa lombo-ventral; 
Compressa local de argila com repolho macerado; 
Ingestão de argila diluída. 
Hipercloridria Compressa lombo-ventral; 
Ingestão de argila diluída 
Insônia Compressa na região da nuca. 
Intoxicação intestinal Compressa lombo-ventral de argila e cebola ralada; 
Ingestão de argila diluída. 
Leucorréia Compressa lombo-ventral de argila e cebola ralada. 
Micose Banhos de argila com arnica; 
Compressas locais de argila com cenoura e cebola raladas e mel de abelhas; 
Ingestão de argila diluída. 
Nefrite Compressas locais de argila com cebola ralada. 
Neurastenia Banhos de argila com cebola ralada. 
Oftalmia Compressa local de argila com mel de abelhas e chá de camomila. 
Pancadas Compressa local de argila com arnica macerada e óleo de eucalipito. 
Picada de inseto Compressa local de argila com própolis. 
Pleurisia Compressa quente de argila com semente de linhaça e gengibre, no tórax e 
nas costas, 20 minutos. 
Problemas Compressa lombo-ventral de argila e cebola ralada.26 
 
menstruais 
Queimaduras Compressa local de argila com polpa de babosa e/ou bananas assadas 
(frias). Substituir a cada 10 minutos. 
Reumatismo Banhos de argila com cebola ralada; 
Compressa local de argila (morna) com cebola ralada, gengibre e óleo de 
linhaça, 30 minutos. 
Úlcera gástrica Compressa lombo-ventral de argila e cebola ralada e/ou polpa de babosa; 
Ingestão de argila diluída. 
Urticária Compressa lombo-ventral; 
Ingestão de argila diluída. 
Varizes Compressa local de argila com arnica macerada. 
Verminose Compressa lombo-ventral; 
Ingestão de argila diluída em água de alho. 
Vômito Ingestão de argila diluída. 
Quadro 1 – Enfermidades e tratamentos geoterápicos. 
Fonte: Spethmann, 2004. 
 
As figuras 4 a 7 demonstram algumas partes do corpo onde a argila pode 
ser aplicada. 
 
 
 
Figura 4 - Aplicação de argila na cabeça e garganta. 
Fonte: Spethmann, 2004. 
 
 
 
 
Figura 5 - Aplicação de argila no tórax e coração. 
Fonte: Spethmann, 2004. 
 
 27 
 
 
Figura 6 - Aplicação de argila nos rins e costas. 
Fonte: Spethmann, 2004. 
 
 
 
Figura 7- Aplicação de argila na região lombo-ventral. 
Fonte: Spethmann, 2004. 
 
 
2.5 Processo de extração e beneficiamento das argilas medicinais 
 
 
A extração da argila para fins medicinais e estéticos deve ser feita de 
forma controlada e com o cuidado de evitar solos contaminados por poluição e 
agrotóxicos (DORNELLAS e MARTINS, 2009). 
De acordo com a Constituição Federal de 1988 a argila é um recurso 
mineral de subsolo que necessita de licença ambiental para extração, pois é um bem 
da União. O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é o órgão 
responsável pelas autorizações para a exploração dos minerais e fiscaliza a 
mineração com base no Código de Mineração. 
 28 
 
O processo de fabricação de argila para estética e saúde deve ser 
desenvolvido em local limpo e arejado e os equipamentos utilizados nesse processo 
devem estar sempre em bom estado de conservação para evitar a contaminação do 
produto. 
 
 
2.5.1 A coleta das argilas 
 
 
Deve ser efetuada na jazida do material já extraído por máquinas ou 
extrair manualmente com ferramentas adequadas. A argila deve ser armazenada em 
recipientes limpos fechados ou amarrados para evitar possível contaminação no 
transporte. 
 
 
Figura 8 – Extração de argila mecanizada. 
Fonte: Cerâmica Matieli, 2009. 
 
 
Figura 9 – Extração de argila manual. 
Fonte: Cola da web, 2009. 
 29 
 
2.5.2 Secagem 
 
 
Faz-se necessário desagregar a argila para facilitar a secagem e ao 
mesmo tempo efetuar a limpeza para retirar torrões, raízes e outros materiais que 
possam influenciar na qualidade e definição da argila. O material deve ser disposto 
em bandejas de alumínio em camadas não muito espessas e colocar em estufa 
elétrica ou lâmpadas com temperaturas de 110 a 120 ºC por um período suficiente 
para secar totalmente, e nesse mesmo processo promover a esterilização da argila. 
 
 
 
Figura 10 – Estufa para secagem e esterilização de argila. 
Fonte: Ideal equipamentos para laboratórios, 2009. 
 
 
2.5.3 Moagem 
 
 
A moagem é feita em moinhos elétricos cilíndricos revestidos de pedra de 
sílex ou de alta alumina; o corpo moedor deve ser de pedra de seixos rolado, 
porcelana ou alta alumina. Esse tipo de material, além de promover uma moagem de 
alta qualidade evita a contaminação da argila. A moagem deverá sempre obedecer a 
uma pesagem e um tempo determinado para garantir a mesma finura, ou seja, a 
mesma distribuição de tamanho de partículas. Isso é fator determinante para a 
qualidade do material. 
 30 
 
 
Figura 11 – Moinho de bolas. 
Fonte: Eq cerâmicos, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 – Agentes moedores de alta alumina, sílex e ágata. 
Fonte: Eq cerâmicos, 2009. 
 
 
2.5.4 Peneiramento 
 
 
A argila deve ser descarregada primeiro em peneira de inox malha 5 para 
facilitar a descarga e a separação dos corpos moedores (bolas) do material moído 
(argila). Em seguida todo material é passado em malha 20 (inox) para retirar a parte 
mais grosseira da moagem e promover a preparação para etapa seguinte. Em 
seguida passa-se o material restante em peneira malha 40 (inox) que deixará o 
material super fino que é a condição de uso. Todo o material deve ser colocado em 
recipiente limpo e fechado e armazenar em local seco e arejado. 
 31 
 
3 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
Neste capítulo estão descritas as metodologias de caracterizações das 
principais argilas utilizadas em tratamentos de saúde e estética para o 
desenvolvimento deste trabalho. 
 
3.1 Caracterização das matérias-primas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 – Fluxograma com as etapas de trabalho. 
Fonte: Autor, 2009. 
 
Para uma perfeita análise das argilas utilizadas em tratamentos de saúde 
e estéticos fazem-se necessários alguns ensaios de laboratório (figura 13) como 
difração de raios X (DRX) e fluorescência de raios X (FRX), ambos os ensaios foram 
realizados pelo método qualitativo, pois o objetivo foi analisar quais óxidos estavam 
presentes na amostra e não a quantidade em percentual destes óxidos. Outro 
ensaio realizado e de grande importância foi a análise bacteriológica, cujo objetivo é 
 
FRX 
Preparação 
das 
amostras 
 
CTC 
DRX 
qualitativo 
Análise 
bacteriológica 
 32 
 
verificar a presença de contaminantes que possam prejudicar o tratamento medicinal 
e estético. 
As análises químicas foram realizadas em pérola fundida, por 
fluorescência de raios X utilizando um espectrômetro por dispersão de comprimento 
de ondas tipo WDS (Philips PW2400). 
As análises de fases foram realizadas com as amostras secas, 
pulverizadas, por difração de raios X (Philips PW 1830). As fases foram identificadas 
com auxílio do aplicativo X’Pert HighScore (Philips), com radiação incidente CuKα 
(1,5418Å), operando a 30kV e 15mA, com intervalo 2θ entre 0° e 75°, passo de 
0,05° e tempo de leitura de 1s). 
A capacidade de troca catiônica (CTC) é a quantidade de cátions que um 
mineral argiloso ou argila pode adsorver ou trocar. Para determinação da CTC 1g de 
argila seca foi posta em contato com 40mL de água deionizada em béquer de 
250mL, mantendo sob agitação enérgica durante tempos preestabelecidos, de 20 e 
45 minutos. Após o tempo de adsorção, a suspensão foi centrifugada e no 
sobrenadante foi dosada a quantidade de íons trocáveis, especificamente Na+, K+, 
Mg2+ e Ca2+, dados em meq/100g. 
Finalmente, para a realização do teste de atividade antibacteriana em 
meio sólido o seguinte procedimento foi adotado: Células bacterianas provenientes 
de pré-inóculos (placas de meio PCA) crescidas por 16 horas foram rastreadas em 
novas placas contendo o mesmo meio. Foi produzida uma placa para cada espécie 
bacteriana e duas mostras de cada substância foram adicionadas em círculos de 1,1 
cm de diâmetro na superfície da mesma. As placas foram incubadas a 37o C por 24 
horas e posteriormente fotografadas e tiveram o diâmetro total de seus halos de 
inibição medidos e expressos como médias adicionadas de desvio padrão. 
 
 
3.2 Preparação das amostras 
 
 
Para a realização deste trabalho foram utilizadas três argilas que 
apresentam cores distintas: amarela, cinza e verde, estas cores são as mais 
utilizadas em tratamentos de saúde e estéticos. 
 33 
 
A argila verde foi extraída na região de Timbé do Sul – SC, a amarela na 
região de Cocal do Sul – SC e a argila cinza origina-se da região de São Gerônimo 
Oeste do estado Rio Grande do Sul. 
Inicialmente fez-se o processo de beneficiamento das amostras de argila 
com base no método descrito no item 2.5 do capítulo anterior. As amostras foram 
coletadas em local livre de contaminações por poluição ou agrotóxicos, e 
processadas em local limpo e arejado utilizando-se equipamentos em bom estado de 
conservação. Foram coletadas aproximadamente 1 kg de amostras de ambas as 
cores de lotesde aproximadamente 30 kg. 
As amostras in natura foram desagregadas para facilitar a secagem, fez-
se também durante esta etapa a retirada de impurezas como torrões e raízes, foram 
depositadas em bandeja e dispostas em estufa do tipo mufla com temperatura entre 
110 a 120°C, o tempo de permanência na estufa variou de acordo com o grau de 
umidade de cada amostra. 
Após a secagem as argilas foram moídas em moinho de bolas do tipo 
excêntrico cujo agente moedor são esferas de alta alumina; o tempo de moagem 
varia de acordo com as características individuais de cada amostra. Ao término da 
etapa de moagem as argilas foram peneiradas em peneira malha 40 e enviadas para 
ensaios de FRX, DRX qualitativo, CTC e análise bacteriológica, segundo 
metodologia descrita no item 3.1. 
 
 34 
 
4 ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
 
Neste capítulo serão descritos os resultados das análises das caracterizações 
das argilas utilizadas no desenvolvimento deste trabalho cujos conceitos estão 
descritos no capítulo 3. 
 
4.1 Análise química das argilas 
 
 
A tabela 1 apresenta os resultados da análise química das argilas utilizadas 
para o desenvolvimento deste trabalho por fluorescência de raios X. Pela análise da 
composição química destas argilas percebe-se que todas são ricas em óxidos de 
silício e alumínio, pois estes óxidos aparecem como majoritários. Segundo Dornellas 
e Martins (2009) o sílicio teria efeito hidratante, e o alumínio inibiria o crescimento de 
microorganismos em cultura. Desta forma, a argila verde, pelo maior teor de sílica, 
deveria apresentar um maior efeito de hidratação, e a argila cinza deveria 
apresentar-se como inibidora de crescimento de microorganismos como bactérias, 
pela maior quantidade de alumina que apresenta em sua composição. 
Como elementos minoritários as argilas apresentam óxido de ferro e de 
potássio em todas as amostras, além de óxido de magnésio e sódio na argila verde. 
Os elementos traços apresentam composição muito variada, predominando os 
óxidos de sódio, magnésio e cálcio. Ainda segundo Dornellas e Martins (2009), o 
ferro, por transferência de elétrons, agiria na respiração celular, e o potássio, como o 
sódio, agiria no equilíbrio iônico das células, auxiliando na sua hidratação. Desta 
forma, a argila verde, pelos teores dos óxidos de sódio e potássio, deveria auxiliar na 
hidratação celular, e a argila amarela deveria auxiliar na respiração da pele. 
 
 Tabela 1 – Análise química das argilas por FRX (% em massa) 
Argila SiO2 Al2O3 TiO2 Fe2O3 CaO MgO K2O Na2O P2O5 PF 
Verde 74,3 13,2 0,5 2,4 0,3 1,2 2,9 1,1 0,1 4,0 
Cinza 60,8 24,3 0,9 2,0 0,1 0,6 1,5 0,2 0,1 9,5 
Amarela 70,0 16,2 0,9 3,7 <0,1 0,7 1,8 0,1 0,1 6,5 
 Fonte: LAMIR, 2009 
 35 
 
4.2 Análise mineralógica das argilas 
 
 
A análise mineralógica da argila verde, Figura 14, apresenta a fase caulinita 
como predominante e a presença de quartzo, ilita ou mica, e provável presença de 
um mineral expansivo, talvez esmectita. Deve ser observado que em todos os 
difratogramas são mostrados apenas os espaçamentos basais das amostras. Apesar 
de a indústria cerâmica reconhecer o efeito das argilas expansivas como argilas que 
absorvem água e outros líquidos, nada é mencionado sobre este argilomineral nos 
estudos sobre argilas medicinais, o que dificulta um estudo mais científico sobre as 
mesmas. Além disso, não foram quantificados os minerais presentes nas argilas 
estudadas. 
 
 
Figura 14 – Difratograma de amostra da argila verde. 
Fonte: LAMIR, 2009. 
 
A argila cinza, por sua vez, apresenta também caulinita como fase 
majoritária, com presença de quartzo e ilita ou mica em sua composição. Há 
provável presença de argila expansiva, talvez esmectita, Figura 15. 
 
posição (2θ) 
contagem (cps) 
 36 
 
 
Figura 15 – Difratograma de amostra da argila cinza. 
Fonte: LAMIR, 2009. 
 
 
 
Figura 16 – Difratograma de amostra da argila amarela. 
Fonte: LAMIR, 2009. 
 
Finalmente, a Figura 16 apresenta o difratograma para a argila amarela, com 
composição mineralógica similar à argila cinza, ou seja, caulinita como fase 
posição (2θ) 
contagem (cps) 
posição (2θ) 
contagem (cps) 
 37 
 
majoritária, com presença de quartzo e ilita ou mica, mas sem presença de 
argilomineral expansivo. 
Mais uma vez deve ser observado que em todos os difratogramas foram 
mostrados apenas com os espaçamentos basais das amostras, pela dificuldade 
inerente no tratamento das mesmas para sua identificação, e que não foi realizada a 
quantificação das fases minerais presentes nas mesmas. 
Outra consideração importante a ser feita é a dificuldade, na literatura 
existente sobre argilas para uso medicinal e cosmético, em relacionar os minerais 
presentes nas argilas e seus usos, pois a literatura apenas relaciona os possíveis 
usos terapêuticos das argilas com suas cores, e não com sua composição 
mineralógica. 
 
 
4.3 Capacidade de troca catiônica das argilas 
 
 
A capacidade de troca catiônica das argilas determinada por 
espectrometria de absorção atômica, e que demonstra quantitativamente os íons 
trocáveis presentes em cada argilomineral, é mostrada na tabela 2 para os íons Na+, 
K+, Mg2+ e Ca2+. 
 
Tabela 2. Capacidade de troca catiônica das argilas estudadas (meq/100g) 
Argila Na+ K+ Mg2+ Ca2+ Total 
Verde 0,76 0,76 1,50 7,52 10,54 
Cinza 0,38 0,52 0,94 2,73 4,56 
Amarela 0,32 0,40 1,26 1,27 3,25 
 Fonte: SENAI, 2009 
 
 
Pela análise de capacidade de troca catiônica para os íons Na+, K+, Mg2+ e 
Ca2+ percebe-se que a argila verde apresenta a maior CTC, ~11meq/100g, mas o 
valor é muito inferior ao considerado na indústria para argilominerais usados como 
adsorventes de líquidos ou para seqüestro de metais pesados, no mínimo 
50meq/100g. 
 38 
 
Porém, deve ser observado que o uso da argila é para fins terapêuticos, em 
contato com a pele humana, e não para remoção de metais pesados ou grande 
capacidade de adsorção de líquidos. Novamente há falta de estudos científicos que 
relacionem a CTC à capacidade terapêutica de uma argila. 
 
 
4.4 Análise bactericida das argilas 
 
 
As figuras 17, 18 e 19 mostram os resultados do experimento de difusão 
em Agar com as bactérias E. coli e S. aureus para as amostras das argilas verde, 
cinza e amarela, respectivamente. Como esperado em função do resultado do 
ensaio de capacidade de troca catiônica, o teste não demonstrou halo de inibição de 
crescimento das bactérias, ou seja, nenhuma argila apresenta efeito bactericida para 
as bactérias estudadas. 
 
 
 
 
 
Figura 17 – Difusão em Agar com as bactérias E. coli e S. aureus para amostras da argila verde. 
Fonte: UNESC, 2009. 
 
 
 
 39 
 
 
Figura 18 – Difusão em Agar com as bactérias E. coli e S. aureus para amostras da argila cinza. 
Fonte: UNESC, 2009. 
 
 
 
Figura 19 – Difusão em Agar com as bactérias E. coli e S. aureus para amostras da argila amarela. 
Fonte: UNESC, 2009. 
 
 
As bactérias E.coli e S.aureus são bactérias gram-positivas e gram-
negativas, respectivamente, tendo sido escolhidas por serem as mais comuns, e que 
provocam vários problemas de saúde. A ação bactericida das argilas, se houvesse, 
estaria relacionada à capacidade de troca catiônica e ao tipo de íon trocável, pois o 
efeito bactericida está relacionado, entre outros, à destruição da parede celular 
destes microorganismos, efeito muito intenso para a prata iônica. 
 
 40 
 
5 CONCLUSÃO 
 
 
A análise química das argilas estudadas mostra semelhança entre todas, 
pois apresentam grande quantidade de óxidos de alumínio e silício, além da 
presença de óxidos de ferro e potássio. A argila verde também apresentou pequena 
quantidade dos óxidos de magnésio e sódio. 
Com relação à análise mineralógica, todas as argilas apresentam caulinita 
como fase majoritária e ilita ou mica e quartzo com fases minoritárias. Na argila 
verdetambém foi detectada a presença de algum argilomineral expansivo, talvez 
esmectita, mas em pequena quantidade. Para a argila cinza o mineral expansivo 
ocorre apenas como traço, e este argilomineral não foi identificado na argila amarela. 
A presença de argilomineral expansivo em maior quantidade garantiria um caráter 
absorvente à argila em estudo, com efeitos sobre a hidratação da pele, mas os 
minerais não foram quantificados e nem foi realizado um ensaio de inchamento para 
analisar esta característica das amostras estudadas. 
Com relação à capacidade de troca catiônica das amostras estudadas 
nenhuma delas apresentou valores significativos, que denotariam uma ação 
adsorvente ou de troca de íons, o que poderia ter ação terapêutica sobre a pele. 
Porém, como não há estudos relacionando a CTC e seu efeito sobre o organismo, 
não se sabe qual o valor mínimo de CTC que teria ação sobre a pele humana. 
Finalmente, nenhuma argila apresentou ação bactericida para Escherichia 
coli ou Staphylococus aureus no teste de difusão em Agar, ou seja, sem tratamento 
as argilas não apresentam ação sobre estes microorganismos. 
Desta forma, conclui-se que os objetivos traçados para o desenvolvimento 
deste trabalho foram alcançados com sucesso e que a argila com maior potencial 
para uso terapêutico entre as amostras estudadas é a argila verde. 
 
 
5.1 Sugestões para trabalhos futuros 
 
 
 Para trabalhos futuros sugere-se a determinação da distribuição de tamanhos 
de partículas das argilas estudadas, para verificar se à efeito de sua área superficial 
 41 
 
sobre sua capacidade de adsorção, além de testes de inchamento e de capacidade 
de troca catiônica para alumínio, silício e ferro, para verificar a possível presença 
destes elementos como íons trocáveis, e não apenas compondo a estrutura dos 
argilominerais presentes nas argilas. 
 42 
 
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