Buscar

Direito da Sociedade da Informação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 176 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 176 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 176 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2016
Direito Da SocieDaDe Da informação
Prof. Marjo Jucimara Andreata
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof. Marjo Jucimara Andreata
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
A556d 
 Andreata; Marjo Jucimara 
Direito da sociedade da informação / Marjo Jucimara 
Andreata : UNIASSELVI, 2016.
 
 168 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0015-6
 1.Direito digital. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
 
 CDD 343.0999
III
apreSentação
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico!
A disciplina que você irá estudar compreende o estudo do Direito 
da Sociedade da Informação. Para tanto, primeiramente será efetuada uma 
análise sobre a evolução da Sociedade para a Era da Informação, bem como 
o impacto do surgimento da internet nas relações jurídicas.
Para melhor compreendermos a tutela do Direito Digital, abordaremos 
alguns conceitos indispensáveis, tais como o de sistema computacional, 
banco e base de dados e provedores de acesso, nomes de domínio, hiperlynks 
e bens informáticos.
Analisaremos também as relações entre o direito e a informática, visto 
que cada vez mais, com as inovações tecnológicas, o direito necessita adaptar-
se para regulamentar as relações jurídicas provenientes de tais inovações.
Exemplos de tais regulamentações diferenciadas são as desenvolvidas 
para o regramento do processo eletrônico, que sofreu inovações com o Novo 
Código de Processo Civil, que entrou em vigor em 2016.
Ademais, conheceremos o regramento disposto para os direitos 
autorais sobre os bens informáticos, bem como a aplicação da legislação civil 
para os contratos eletrônicos.
Em um terceiro momento, analisaremos a responsabilização civil e 
penal no Direito Digital, mediante uma análise dos principais aspectos do 
Marco Civil da Internet, bem como dos principais crimes digitais e suas 
modalidades.
Mediante tais estudos compreenderemos o Direito da Sociedade da 
Informação. Bom Estudo!!
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 - PROCESSO ELETRÔNICO .......................................................................................1
TÓPICO 1 - A ERA DA INFORMAÇÃO ..........................................................................................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE PARA A ERA DA INFORMAÇÃO ........................................3
3 SURGIMENTO DA INTERNET ......................................................................................................7
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................16
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................17
TÓPICO 2 - SISTEMAS COMPUTACIONAIS ...............................................................................19
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................19
2 SISTEMAS COMPUTACIONAIS ...................................................................................................19
3 BANCO E BASE DE DADOS ...........................................................................................................24
4 PROVEDORES DE ACESSO, NOMES DE DOMÍNIO E HIPERLYNKS ................................26
4.1 PROVEDORES DE ACESSO ........................................................................................................26
4.2 NOMES DE DOMÍNIO .................................................................................................................27
4.3 HIPERLYNKS .....................................................................................................................................36
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................38
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................39
TÓPICO 3 - DOS DIREITOS SOBRE BENS INFORMÁTICOS ..................................................41
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................41
2 BENS JURÍDICOS VINCULADOS À INFORMÁTICA .............................................................41
3 RELAÇÕES ENTRE O DIREITO E A INFORMÁTICA ..............................................................43
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................49
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................50
UNIDADE 2 - DIREITO ELETRÔNICO ...........................................................................................51
TÓPICO 1 - INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL ..................................................53
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................53
2 NORMATIZAÇÃO DO PROCESSO ELETRÔNICO ..................................................................54
3 PETICIONAMENTO ELETRÔNICO .............................................................................................60
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................70
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................71
TÓPICO 2 - DIREITOS AUTORAIS SOBRE BENS INFORMÁTICOS
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................73
2 CONCEITUAÇÃO DE BENS INFORMÁTICOS SUJEITOS A DIREITO AUTORAL ........73
3 DIREITOS AUTORAIS SOBRE BENS INFORMÁTICOS........................................................75
4 LICENÇAS E CONTRATOS DE USO ............................................................................................80
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................87
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................88
Sumário
VIII
TÓPICO 3 - CONTRATOS ELETRÔNICOS ....................................................................................89
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................89
2 CONCEITO E FORMAÇÃO DO CONTRATO ELETRÔNICO ................................................89
3 PRINCÍPIOS, CONDIÇÕES E VALIDADE DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS ..............93
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................103
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104
UNIDADE 3 - A RESPONSABILIDADE E O DIREITO DIGITAL .............................................105
TÓPICO 1 - O MARCO CIVIL DA INTERNET – LEI 12.965, DE 23 DE ABRIL DE 2014 .......107
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107
2 PRINCIPAIS ASPECTOS DO MARCO CIVIL DA INTERNET ...............................................109
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................125
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................126
TÓPICO 2 - RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL NO DIREITO DIGITAL ......................................127
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127
2 NOÇÕES GERAIS SOBRE A RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL ................................................127
3 A RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL NO DIREITO DIGITAL .....................................................130
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................139
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................140
TÓPICO 3 - DOS CRIMES DIGITAIS E SUAS MODALIDADES..............................................141
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141
2 NOÇÕES GERAIS SOBRE OS CRIMES DIGITAIS ...................................................................144
3 PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL DE PROGRAMA DE COMPUTADOR .144
4 INTERCEPTAÇÃO DE INFORMAÇÃO ........................................................................................146
5 LEI CAROLINA DIECKMANN ......................................................................................................148
6 REFLEXOS PENAIS DO MARCO CIVIL DA INTERNET ........................................................151
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................157
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................158
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................159
1
UNIDADE 1
PROCESSO ELETRÔNICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• apontar a evolução da sociedade para a Era da Informação;
• relatar noções indispensáveis acerca dos sistemas computacionais;
• enumerar os bens jurídicos vinculados à informática;
• demonstrar a relação entre o direito e a informática.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o ajudarão a refletir e a fixar os conhecimentos 
abordados.
TÓPICO 1 – A ERA DA INFORMAÇÃO
TÓPICO 2 – SISTEMAS COMPUTACIONAIS
TÓPICO 3 – DOS DIREITOS SOBRE BENS INFORMÁTICOS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A ERA DA INFORMAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Vivenciamos uma realidade em que as informações circulam com uma 
velocidade impossível de se controlar. Aconteceu, está na rede! Mas não foi 
sempre assim. Pode-se até dizer que tal realidade é bastante recente em nossa 
sociedade.
Neste tópico será abordada a evolução da sociedade da informação e o 
surgimento da internet, uma das principais invenções que possibilitou nosso 
estágio atual de revolução digital. 
2 EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE PARA A ERA DA INFORMAÇÃO
Atualmente nos encontramos no que se convencionou chamar de Era da 
Informação ou Era Digital. 
Informação é conceituada pelo dicionário on-line Michaelis , entre outros 
significados, como o conjunto de conhecimentos acumulados sobre certo tema por 
meio de pesquisa ou instrução. Explicação ou esclarecimento de um conhecimento, 
produto ou juízo; comunicação. Notícia trazida ao conhecimento do público pelos 
meios de comunicação.
Assim, constatamos que o atual período de tempo possui como principal 
bem a informação, seu acesso pela sociedade e a forma de utilização de tal 
informação. 
Peter Drucker (EXAME, 1998), chamado de pai da administração, afirma 
que a atual revolução da informação é a quarta revolução da informação na história 
da humanidade. Esclarece o autor que primeiro foi a invenção da escrita há 5.000 
anos, na Mesopotâmia, milhares de anos mais tarde na China e depois pelos maias 
na América Central. A segunda revolução da informação aconteceu com a invenção 
do livro escrito, primeiro na China e depois na Grécia. A terceira revolução da 
informação teve início com a invenção da prensa de Gutenberg e dos tipos móveis, 
entre 1450 e 1455, e também pela invenção contemporânea da gravura.
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
4
Pode-se dizer que a atual Era da Informação surgiu juntamente com diversas 
novas tecnologias, que foram inseridas na sociedade e que alteraram nosso modo 
de viver, produzir e conviver como sociedade, como o computador e a internet. 
A Era da Informação iniciou após a Segunda Guerra Mundial, quando a 
revolução digital iniciou trouxe um avanço nas tecnologias da informação.
Tecnologia da informação ou TI consiste em um conjunto de ferramentas 
e recursos tecnológicos que permitem administrar ou armazenar variadas 
quantidades de informações 
(PORTAL EDUCAÇÃO).
ATENCAO
As inovações tecnológicas revolucionaram a indústria, modificando 
a expertise do trabalhador, a forma de produzir e prestar serviços e o próprio 
modelo de organização da sociedade. Modificaram a forma como as pessoas se 
relacionam e se comunicam. Impactaram a ciência e a tecnologia.
“No século XX, descobertas sucederam o pós-guerra, com a inserção de 
grandes conglomerados e o surgimento da precisão ligada aos computadores”. 
(ABRÃO, 2011, p. 3) Para Liliana Minardi Paesani (2013, p. 1), os meios de 
comunicação em massa, potenciados por novas tecnologias, rompem fronteiras 
culturais, políticas, religiosas e econômicas. Ainda, define que a internet reduziu 
drasticamente as barreiras de tamanho, tempo e distância entre pesquisadores, 
empresas e governos, facilitando o crescimento baseado no conhecimento, na 
pesquisa de ponta e no acesso à informação. 
Peter Drucker, em 1998, já destacava que a próxima revolução de 
informação estavaa caminho. Destacava que tal revolução responderia qual o 
significado da informação e o seu propósito. Relatava o autor:
A próxima revolução da informação já está a caminho. Mas ela não 
vai atingir as áreas em que os cientistas, executivos e a indústria da 
informação esperam encontrá-la. Não é uma revolução na tecnologia, 
nas máquinas ou no software. É uma revolução de conceitos. Até agora, 
a revolução da informação estava centralizada nos dados – sua coleta, 
transmissão, análise e apresentação. Ela estava focada no chamado 
"T" da "IT" (Tecnologia da Informação). A próxima revolução da 
informação tenta responder à seguinte pergunta: qual é o significado 
da informação e qual é o seu propósito? Esse questionamento exige, 
de imediato, a redefinição não apenas das tarefas que são realizadas 
com a ajuda da informação, mas também das instituições que efetuam 
essas tarefas. A próxima revolução da informação certamente 
atingirá todas as grandes instituições. Ela já começou e atua com 
TÓPICO 1 | A ERA DA INFORMAÇÃO
5
maior intensidade dentro do mundo corporativo. Nas empresas, está 
forçando a redefinição do conceito de empreendimento empresarial. 
Ou seja, passa a considerá-lo como a "criação de valor e de riqueza” 
(DRUCKER, 1998, s/d.).
A informação hodiernamente possui uma valoração cada vez mais 
crescente, sendo indispensável que todos nós tenhamos como rotina um estudo 
continuado, com aprendizagem contínua, para que possamos sempre aumentar 
nosso valor como profissionais.
Ademais, conectividade nos permite um maior acesso às informações, 
reduzindo a desigualdade em sua obtenção.
José Carlos de Araújo Almeida Filho (2011, p. 45) destaca que “estamos em 
um território virtual, com quebras de barreiras geofísicas mediante a informática, 
e comunicações quase que imediatas”. Todas estas mudanças nos transformaram 
em uma Sociedade da Informação, cujo conceito possui muitas divergências 
doutrinárias, em especial acerca de seu início. 
Sociedade da Informação é um estágio de desenvolvimento social 
caracterizado pela capacidade de seus membros (cidadãos, empresas e 
administração pública) de obter e compartilhar qualquer informação, 
instantaneamente, de qualquer lugar e da maneira mais adequada 
(TELEFÔNICA DO BRASIL, 2002, p. 16).
 
A problemática que se verifica é que esta Sociedade da Informação acaba 
por causar diversos problemas legais, tendo em vista a quebra de barreiras 
geofísicas.
Tudo o que estudamos sobre jurisdição e competência acaba sendo abalado 
quando abordamos situações virtualmente vivenciadas, cujos limites territoriais 
tornam-se inexistentes.
José Carlos de Araújo Almeida Filho (2011, p. 45) destaca que esta nova 
sociedade da informação, que intitula sociedade da informação tecnológica, necessita 
enfrentar a questão da jurisdição em ambientes informatizados. Cita (ALMEIDA 
FILHO, 2011, p. 52), por exemplo, que um crime pode ser praticado no Brasil, 
com a utilização de um provedor americano, e provocar seus efeitos na China. 
Outro exemplo mencionado é a contratação, na modalidade de teletrabalho, de 
um cidadão que vive no Brasil, por uma empresa americana, a fim de prestar seus 
serviços, on-line, no Japão!
Como tais situações seriam enfrentadas? Qual a autoridade judiciária que 
teria competência para julgar tal crime? E tal relação de emprego?
A maior problemática enfrentada diz respeito ao pilar do Direito 
Processual: a jurisdição. Preocupamo-nos com a efetividade das 
decisões, mas a tendência moderna do uso cada vez mais constante 
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
6
do computador, em ambientes de trabalho, vem proporcionando 
facilidades e provocando problemas, sem que nos apercebamos 
do problema relativo à competência, que é um desdobramento da 
jurisdição (ALMEIDA FILHO, 2011, p. 53).
Torna-se necessário aos operadores do direito compreenderem tal nova 
realidade, de forma a atuarem conscientes acerca da inexistência de uma legislação 
transnacional que possa solucionar grande parte dos conflitos da era eletrônica, 
mas também da necessidade de integração de tal lacuna legislativa. 
Importa, para tanto, aplicar o disposto na Lei de Introdução às Normas 
do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942), que, em seu 
artigo 4º, determina que, quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo 
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Acerca da lacuna legislativa, verificam-se inúmeras decisões judiciais que 
reconheceram a vedação, ao julgador, de eximir-se de prestar jurisdição sob o 
argumento de ausência de previsão legal. Deve, ao revés, o julgador, integrar o 
direito utilizando-se das fontes subsidiárias do Direito, quais sejam, a analogia, 
os costumes e os princípios gerais de direito.
E o que são analogia, os costumes e os princípios gerais de direito? Sílvio 
de Salvo Venosa (2008) conceitua Analogia como sendo um processo de raciocínio 
lógico pelo qual o juiz estende um preceito legal a casos não diretamente 
compreendidos na descrição legal. Para o citado autor, o juiz pesquisa a vontade 
da lei, para transportá-la aos casos que a letra do texto não havia compreendido. 
Já os costumes, estes se perfazem com o uso reiterado de uma conduta. 
Forma-se paulatinamente, sendo que, em um determinado momento, tal prática 
reiterada é tida como obrigatória (2008).
Sobre os princípios gerais de direito, Sílvio de Salvo Venosa (2008) afirma 
que sua conceituação é tarefa árdua. Destaca, entretanto, que são regras oriundas 
da abstração lógica do que constitui o substrato comum do Direito.
Exemplo de uso das fontes subsidiárias do Direito é a memorável decisão 
acerca da união homoafetiva, que se utilizou da analogia com o objetivo de 
alcançar este caso não expressamente contemplado pelo legislador, mas que 
continha, em sua essência, coincidência com outros tratados pelo legislador. 
Neste sentido, manifestou-se o Superior Tribunal de Justiça: 
PROCESSO CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE UNIÃO 
HOMOAFETIVA. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO 
JUIZ. OFENSA NÃO CARACTERIZADA AO ARTIGO 132, DO 
CPC. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. ARTIGOS 1º DA 
LEI 9.278/96 E 1.723 E 1.724 DO CÓDIGO CIVIL. ALEGAÇÃO DE 
LACUNA LEGISLATIVA. POSSIBILIDADE DE EMPREGO DA 
ANALOGIA COMO MÉTODO INTEGRATIVO.
1. Não há ofensa ao princípio da identidade física do juiz, se a 
TÓPICO 1 | A ERA DA INFORMAÇÃO
7
magistrada que presidiu a colheita antecipada das provas estava em 
gozo de férias, quando da prolação da sentença, máxime porque 
diferentes os pedidos contidos nas ações principal e cautelar.
2. O entendimento assente nesta Corte, quanto à possibilidade 
jurídica do pedido, corresponde a inexistência de vedação explícita no 
ordenamento jurídico para o ajuizamento da demanda proposta.
3. A despeito da controvérsia em relação à matéria de fundo, o fato 
é que, para a hipótese em apreço, onde se pretende a declaração de 
união homoafetiva, não existe vedação legal para o prosseguimento 
do feito.
4. Os dispositivos legais limitam-se a estabelecer a possibilidade de 
união estável entre homem e mulher, dês que preencham as condições 
impostas pela lei, quais sejam, convivência pública, duradoura e 
contínua, sem, contudo, proibir a união entre dois homens ou duas 
mulheres. Poderia o legislador, caso desejasse, utilizar expressão 
restritiva, de modo a impedir que a união entre pessoas de idêntico 
sexo ficasse definitivamente excluída da abrangência legal. Contudo, 
assim não procedeu.
5. É possível, portanto, que o magistrado de primeiro grau entenda 
existir lacuna legislativa, uma vez que a matéria, conquanto derive 
de situação fática conhecida de todos, ainda não foi expressamente 
regulada.
6. Ao julgador é vedado eximir-se de prestar jurisdição sob o 
argumento de ausência de previsão legal. Admite-se, se for o caso, a 
integraçãomediante o uso da analogia, a fim de alcançar casos não 
expressamente contemplados, mas cuja essência coincida com outros 
tratados pelo legislador.
5. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 820.475/RJ, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Rel. 
p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, 
julgado em 02/09/2008, DJe 06/10/2008) 
Em suma, constata-se a absoluta relevância da informática à vida atual, 
seu impacto no exercício das atividades ao operador do direito e, ainda mais, a 
necessidade de um crescente estudo das várias facetas do Direito Digital. 
3 SURGIMENTO DA INTERNET
A internet é uma tecnologia que nos permite interligar milhões de 
computadores, localizados em todo o mundo, possibilitando que seja acessada uma 
quantidade de informações imensurável. Através dela, acaba-se com a distância 
territorial que outrora impossibilitava o compartilhamento de conhecimento.
Hoje em dia o uso da internet está tão difundido na sociedade brasileira 
que nem conseguimos imaginar nossa vida sem ela. No entanto, o seu surgimento 
não é antigo, e não teve como objetivo seu uso atual.
Manuel Castells (2007, p. 82-89), em sua obra A era da Informação: economia, 
sociedade e cultura, volume I, efetua uma interessante narrativa sobre a origem da 
internet, conforme será relatado.
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
8
Inicia o autor informando que a internet teve origem no trabalho da 
Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA) do Departamento de Defesa 
dos Estados Unidos da América. De início, objetivou-se criar um sistema de 
comunicação invulnerável a ataques nucleares, de forma tal que esta rede de 
comunicação seria independente de centros de comando e controle. Fazia-se 
necessário um mecanismo de troca de informações, de forma a conectar recursos 
informáticos isolados.
Continua o autor indicando que a primeira rede de computadores, que 
se chamaria ARPANET, entrou em funcionamento em 1º de setembro de 1969. 
Após um período, em 1983, permitiu-se o acesso à rede de cientistas de todas 
as disciplinas, com uma divisão entre a ARPANET, dedicada somente a fins 
científicos, e a MILNET, dedicada à finalidade militar.
Outras redes foram surgindo, utilizando como espinha dorsal a ARPANET, 
tanto é que a rede das redes se chamava inicialmente ARPA-INTERNET, para 
somente após um período denominar-se efetivamente INTERNET.
Seguiram-se, assim, vários anos de adaptações tecnológicas, especialmente 
privadas, com o objetivo de possibilitar que os computadores pudessem se 
comunicar, sendo relevante citar a invenção do sistema UNIX, um sistema 
operacional que viabilizava o acesso de um computador a outro.
 Manuel Castells (2007) relata que o que realmente provocou muito 
entusiasmo foi a comunicação via correio eletrônico entre os participantes da rede, 
efetuado mediante um aplicativo criado por Ray Tomlinson da BBN, aplicativo 
este que continua sendo o uso mais popular da comunicação entre computadores 
em todo o mundo.
O e-mail é a ferramenta mais utilizada pelos usuários da rede mundial de 
computadores. Todos nós usamos o e-mail constantemente, sendo que já não é 
mais possível imaginar nossa atividade sem tal ferramenta.
Ocorre que, no início dos anos noventa, aqueles que não possuíam 
conhecimento de informática ainda tinham dificuldade para usar a internet. Foi 
necessária nova evolução tecnológica para o uso da internet atingir a sociedade 
como um todo, qual seja, a criação de uma teia mundial – a world wide web – 
www – que organizava o teor dos sítios da internet por informação, e não por 
localização, permitindo aos usuários um sistema de pesquisa para encontrar as 
informações que buscavam.
A invenção da WWW deu-se na Europa, em 1990, no Centre Européen 
poour Recherche Nucleaire (CERN), em Genebra, um dos principais 
centros de pesquisas físicas do mundo. Foi inventada por um grupo 
de pesquisadores do CERN chefiado por Tim Berners Lee e Robert 
Cailliau. Não montaram a pesquisa segundo a tradição da ARPANET, 
mas com a contribuição da cultura dos hackers da década de 1970 
(CASTELLS, 2008, p. 88).
TÓPICO 1 | A ERA DA INFORMAÇÃO
9
O software WWW foi disponibilizado gratuitamente. Logo após, Marc 
Andreessen criou o navegador da web Mosaic, que funcionava em computadores 
pessoais, que fora distribuído também gratuitamente em novembro de 1993.
O Mosaic foi o navegador responsável por popularizar a World Wide 
Web. Sua primeira versão é de 1993, servindo como cliente para protocolos de 
transferência de arquivos (FTP), leitura de fóruns de discussão via Usenet (NNTP) 
e Gopher, uma espécie de predecessor da WWW. O Mosaic foi precedido por 
dois outros navegadores, o Erwise e o ViolaWWW.
FIGURA 1 - BROWSER MOSAIC
FONTE: Multimedia Man Wordpress (2016)
A partir de tal momento, milhões de pessoas já usavam tal navegador. 
O próprio Andreessen e sua equipe, juntamente com um empresário do Vale 
do Silício, Jim Clark, fundaram outra empresa, a Netscape, que produziu e 
comercializou o primeiro navegador da internet confiável, chamado Netscape 
Navigator, lançado em outubro de 1994.
A partir daí novos navegadores foram criados e a internet expandiu sua 
rede mundialmente, até atingir a proporção atual. 
Dan Schiller (2002, p. 29) destaca que “a internet que conhecemos aceitou o 
desafio de satisfazer a procura de informação e ofereceu uma tecnologia acessível 
e sem precedente para a interligação das redes”. Mas como surgiu a internet no 
Brasil?
O histórico da internet no Brasil é retratado por Érico Guizzo, na sua obra 
Internet, o que é, o que oferece, como conectar-se (1999). Serão utilizadas, a seguir, as 
indicações histórias apresentadas por este autor.
Retrata Érico Guizzo (1999) que a internet no Brasil se iniciou em setembro 
de 1988, quando, no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), 
localizado no Rio de Janeiro, foi conseguido acesso à Bitnet, mediante uma 
conexão de 9.600 bits por segundo estabelecida com a Universidade de Maryland.
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
10
A Bitnet foi uma predecessora da internet, sendo uma rede de universidades 
fundada em 1981 e que ligava a Universidade da Cidade de Nova York (CUNY) à 
Universidade Yale, em Connecticut.
Dois meses depois, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São 
Paulo (FAPESP) também se conectou à Bitnet, através de uma conexão com o 
Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), em Chicago. Depois de um 
tempo, a própria FAPESCP criou a rede ANSP (Academic Network at São Paulo), 
com o objetivo de interligar a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade 
de Campinas (Unicamp), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o Instituto 
de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Mais tarde, ligaram-se à 
ANSP a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul (UFRS).
Em maio de 1989 constituiu-se o terceiro ponto de acesso à internet no 
exterior, quando a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também se ligou 
à rede Bitnet, através da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA).
A ideia de envio de informações via correio eletrônico surgiu no Brasil 
através do IBASE, que é o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. O 
IBASE é uma organização de cidadania ativa, sem fins lucrativos, que desenvolveu 
o Alternex, que foi o primeiro provedor brasileiro a possibilitar o acesso à internet 
por pessoas físicas.
Conforme informações do Portal IBASE (IBASE), a ideia do Alternex teve 
início em 1984, quando o IBASE passou a fazer parte de uma rede internacional 
de troca de informações via correio eletrônico, algo até então inédito.
 
Para fins de implantar um projeto de troca de informações via correio 
eletrônico no Brasil, o IBASE lançou em julho de 1989, com o apoio do Programa 
das Nações Unidas para o Desenvolvimento(Pnud), o Alternex.
O crescimento do Alternex ocorreu com a Conferência das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92), realizada no Brasil. Na ocasião, 
o IBASE importou para o Brasil equipamentos de internet e instalou uma rede de 
computadores na conferência.
Assim, o Alternex era um serviço internacional de mensagens eletrônicas 
e conferências que possibilitava a troca de mensagens em diversos sistemas de 
correio eletrônico, incluindo a internet. 
Em 1994, o Alternex operava o primeiro servidor www do país fora da 
comunidade acadêmica. Ainda em 1994, o governo brasileiro divulgou, através do 
Ministério de Ciência e Tecnologia e do Ministério das Comunicações, a intenção 
de investir na internet. A criação da estrutura necessária para a exploração 
comercial da internet ficou a cargo da Embratel e da RNP (Rede Nacional de 
Pesquisa).
Já no final de 1994 foi iniciado o serviço experimental de acesso à internet 
pela Embratel. Foram escolhidos cinco mil usuários para testar o serviço. Vejam 
TÓPICO 1 | A ERA DA INFORMAÇÃO
11
só que interessante o comunicado publicado pela Embratel acerca do lançamento 
do Serviço Internet Comercial: 
FIGURA 2 - COMUNICADO DA EMBRATEL PUBLICADO EM JORNAL
FONTE: Arruda (2016)
Em maio de 1995, o acesso à internet através da Embratel começou a 
funcionar de modo definitivo. Logo foi criado o Comitê Gestor Internet Brasil, 
que objetivava traçar os rumos da implantação, administração e uso da internet 
no país. 
Pode-se afirmar que o crescimento vertiginoso da internet no Brasil 
ocorreu durante o ano de 1996, já que neste ano foram lançados grandes portais e 
provedores de conexão à internet no país.
Assim, em 2015, a internet no Brasil comemorou 20 anos. Nestes 20 anos, 
muita coisa mudou. Para melhor visualizar toda esta evolução, olhem a linha do 
tempo disposta a seguir.
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
12
FIGURA 3 – LINHA DO TEMPO DA INTERNET NO BRASIL E NO MUNDO
FONTE: Jornal Diário da Região (2016) 
É relevante reconhecer que o aumento do uso da internet e seu 
desenvolvimento devem, muito, ao surgimento dos buscadores. Antes deles, 
apenas tinha-se conhecimento sobre algo da internet quando tal fato era 
mencionado por alguém. Conseguem imaginar como era isto? Existiam as páginas 
de internet, mas ninguém sabia delas!
Para tentar auxiliar, algumas páginas de internet disponibilizavam listas 
de outras páginas por assunto, para fins de facilitar a informação acerca da 
existência de tais páginas. Logo, serviços como o Altavista, o Lycos e, mais tarde, 
o Google, que procuram o que se objetiva na internet e indexavam sites acerca da 
temática buscada, viabilizaram a utilidade atual da internet.
As redes sociais também modificaram o uso da internet, criando um 
ambiente de relações interpessoais. Fernando Daquino (2016) apresenta a história 
das redes sociais.
Destaca o autor que o ano de 1994 marcou a quebra de paradigmas e 
mostrou ao mundo os primeiros traços das redes sociais com o lançamento do 
GeoCities, que fornecia recursos para que as pessoas pudessem criar suas próprias 
páginas na web, sendo categorizadas de acordo com a sua localização. Ele chegou 
a ter 38 milhões de usuários, foi adquirido pela Yahoo! cinco anos depois e foi 
fechado em 2009. Outros serviços com propósitos assemelhados também foram 
criados.
Em 2002 nasceram o Fotolog e o Friendster. O Fotolog consistia em 
publicações baseadas em fotografias acompanhadas de ideias, sentimentos ou 
o que quisesse o internauta. Além disso, era possível seguir as publicações de 
conhecidos e comentá-las. Já o Friendster foi o primeiro serviço a receber o status 
de “rede social”, uma vez que permitia que as amizades do mundo real fossem 
transportadas para o espaço virtual. 
TÓPICO 1 | A ERA DA INFORMAÇÃO
13
O ano das redes sociais pode ser considerado o ano de 2004, pois nesse 
período foram criados o Flickr, o Orkut e o Facebook, que são algumas das redes 
sociais mais populares até hoje. Apesar de ter sido criado em 2004, dentro do 
campus da Universidade de Harvard, o Facebook só chegou à grande massa 
de usuários no ano de 2006. O Facebook divulgou, no final de janeiro de 2016, 
que possui 1,6 bilhão de usuários mensais no mundo, dos quais 99 milhões são 
brasileiros. Ou seja, 8 em cada 10 brasileiros conectados estão no Facebook.
O Facebook também controla o WhatsApp, que, conforme o blog do aplicativo, 
registrou no dia 1º de fevereiro de 2016 a marca de 1 milhão de usuários.
Assim, é impossível ignorar o efeito da internet nas relações (pessoais 
ou profissionais) do brasileiro. Atualmente, no Brasil, as diretrizes estratégicas 
relacionadas ao uso e desenvolvimento da internet e as diretrizes para a execução 
do registro de Nomes de Domínio, alocação de Endereço IP (Internet Protocol) e 
a administração pertinente ao Domínio de Primeiro Nível “.br” é atribuição do 
Comitê Gestor da Internet no Brasil, o CGI.br.
O CGI.br foi criado em 3 de julho de 1995, com as seguintes atribuições e 
responsabilidades, entre outras:
 a proposição de normas e procedimentos relativos à regulamentação das 
atividades na internet; 
 a recomendação de padrões e procedimentos técnicos operacionais para a 
internet no Brasil; 
 o estabelecimento de diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e 
desenvolvimento da internet no Brasil; 
 a promoção de estudos e padrões técnicos para a segurança das redes e serviços 
no país; 
 a coordenação da atribuição de endereços internet (IPs) e do registro de nomes 
de domínios usando “.br”; 
 a coleta, organização e disseminação de informações sobre os serviços internet, 
incluindo indicadores e estatísticas.
Ainda sobre a internet no Brasil, releva apresentar um panorama da 
demanda por serviços de internet no país. 
O Brasil ainda tem o desafio de universalizar o acesso à rede, sobretudo 
nos domicílios, mas as pesquisas realizadas pelo Cetic.br em diversos setores 
apontam a crescente penetração da internet entre distintos públicos e diversas 
organizações, conforme disposto no quadro a seguir (COMITÊ GESTOR DA 
INTERNET NO BRASIL, 2016, p. 32):
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
14
QUADRO 1 - DADOS SOBRE O ACESSO À INTERNET NOS DIFERENTES SETORES DA 
SOCIEDADE E DESAFIOS A SEREM SUPERADOS
Pesquisa Acesso à internet Principais desafios
TIC Domicílios
(2005–2014)
50% dos domic í l ios 
conectados à internet
(2014)
Conectar a população de baixa renda, 
enfrentar desigualdades regionais e 
acesso reduzido em locais de baixa 
atratividade mercadológica por parte 
dos grandes provedores, sobretudo nas 
áreas rurais.
TIC Empresas
(2005–2014)
9 6 % d a s p e q u e n a s , 
m é d i a s e g r a n d e s 
empresas conectadas à 
internet, sendo 61% com 
velocidades de até no 
máximo
10 Mbps (2014)
Conectar microempresas, aumentar 
as conexões de alta velocidade e 
alta qualidade e fomentar o uso das 
tecnologias para aumento da eficiência e 
para a inovação.
TIC Educação
(2010-2014)
92% das escolas públicas 
urbanas conectadas à 
internet (2014)
Conectar escolas rurais, aumentar a 
velocidade de conexão e investimento 
em logística de suporte e manutenção de 
equipamentos.
TIC Saúde
(2013-2014)
72% dos estabelecimentos 
públicos de saúde e 81% 
dos estabelecimentos sem 
internação conectados à 
internet (2014)
Conectar estabelecimentos públicos e 
sem internação (em especial unidades de 
atenção básica), aumentar a velocidade 
de conexão para garantir a adoção de 
aplicações de alto consumo de banda, por 
exemplo, compartilhamento de imagens 
e streaming de vídeo, e incorporação de 
registros eletrônicos do paciente.
T I C G o v e r n o 
Eletrônico
(2013)
100% dos órgãos federais 
e estaduais e 100% das 
prefeituras conectados à 
internet (2013)
Fortalecer áreas de governançade TI, 
aumentar a oferta de serviços on-line pelo 
setor público e implementar novos canais 
on-line como forma de comunicação 
e participação dos cidadãos com as 
organizações públicas.
TIC Organizações 
S e m F i n s 
Lucrativos
(2012 e 2014)
68% das organizações sem 
fins lucrativos conectadas 
à internet (2014)
Conectar organizações de menor porte e 
baseadas no voluntariado.
FONTE: Comitê Gestor da Internet no Brasil. Pesquisa Tic provedores (2014)
Para as novas gerações, parece impossível ter existido vida antes da 
internet. Ela possui uma importância tão grande em nossa vida que a Organização 
das Nações Unidas reconhece que o direito ao acesso à internet é inclusive um 
direito humano.
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) aprovou, no 
dia 1º de julho de 2016, uma resolução segundo a qual as tentativas de barrar o 
acesso à internet constituem uma violação dos direitos humanos.
TÓPICO 1 | A ERA DA INFORMAÇÃO
15
Conforme informações disponibilizadas no site da Organização das Nações 
Unidas (ONU) (2016), de acordo com a Resolução L.20 do Conselho de Direitos 
Humanos da ONU, os mesmos direitos que os cidadãos têm off-line precisam ser 
protegidos no ambiente on-line, “particularmente a liberdade de expressão, que é 
aplicável independentemente das fronteiras e da mídia utilizada”.
O Conselho de Direitos Humanos solicita nesta resolução que os Estados 
enderecem suas preocupações com segurança na internet de acordo com suas 
obrigações de direitos humanos internacionais para garantir a proteção da 
liberdade de expressão, associação, privacidade e outros direitos humanos on-
line.
Segundo a Resolução L.20, “O Conselho condena quaisquer violações aos 
direitos humanos e abusos como tortura, mortes extrajudiciais, desaparecimentos 
forçados e prisão arbitrária, expulsão, intimidação e assédio, assim como violência 
baseada em gênero, cometidas contra pessoas por exercerem seus direitos 
fundamentais e liberdades na internet”.
Foi solicitado ainda que todos os Estados garantam transparência sobre 
o tema e que facilitem a cooperação internacional no desenvolvimento de novas 
tecnologias de informação, mídia e comunicação.
A proposta de tal resolução havia sido construída pela Suécia, em nome 
de Brasil, Nigéria, Tunísia, Turquia e Estados Unidos. A resolução foi proposta 
de forma complementar às resoluções 20/8 e 26/13, de 2012 e 2014, adotadas por 
consenso e que já enfatizavam que todos os direitos humanos valem tanto para o 
ambiente on-line como off-line.
A popularização da internet trouxe novas discussões, por exemplo, 
questionamentos acerca de direitos de propriedade, crimes digitais, contratos 
eletrônicos e inclusive debates acerca de direito de informação disponível em tal 
veículo.
Analisaremos muitas destas discussões nas próximas unidades de estudo! 
Dica de Filme: The Social Network
Já que estamos falando do impacto da internet na sociedade, 
sugiro que assistam ao filme The Social Network (A Rede Social). 
Este filme norte-americano aborda a criação da rede social 
Facebook.
DICAS
16
Neste tópico, você estudou que:
• Atualmente nos encontramos em uma Sociedade da Informação, na qual as 
informações são compartilhadas quase que instantaneamente.
• A internet é uma tecnologia que nos permite interligar milhões de computadores, 
localizados em todo o mundo, possibilitando que seja acessada uma quantidade 
de informações imensurável.
• A internet trouxe um grande impacto às relações pessoais, profissionais e 
empresariais do brasileiro, tornando indispensável uma nova visão jurídica 
acerca de institutos afetados pela rede.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
1 Como pode ser compreendida a Era da Informação? Como ela se originou?
2 O que é a internet?
3 Discorra sobre o surgimento da internet no Brasil.
AUTOATIVIDADE
18
19
TÓPICO 2
SISTEMAS COMPUTACIONAIS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A revolução trazida pela invenção do computador é incontestável.
Para compreender melhor o impacto desta invenção – e de outras 
subsequentes – no Direito, torna-se indispensável conhecer algumas das 
terminologias que são constantemente utilizadas no Direito Digital.
E é isto que faremos no presente tópico!
2 SISTEMAS COMPUTACIONAIS
Para o dicionário on-line Michaelis, na informática, computador é a 
máquina destinada ao recebimento, armazenamento e/ou processamento de 
dados, em pequena ou grande escala, de forma rápida, conforme um programa 
específico.
Sistemas computacionais são sistemas baseados em computador. Os 
sistemas computacionais são um conjunto de dispositivos eletrônicos que 
possuem a capacidade de processar informações.
Como surgiram os computadores? Vamos conhecer de forma sucinta 
um breve histórico da computação? A era dos dispositivos mecânicos iniciou com a 
criação do ábaco:
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
20
FIGURA 4 - ÁBACO
FONTE: Free images (2016)
O ábaco é um instrumento de cálculo, utilizado na antiguidade pelos 
egípcios e pelos chineses. O ábaco consiste em um quadro de madeiras com 
cordas ou arames transversais, no qual cada corda corresponde a uma posição 
digital (unidades, dezenas etc.). Nas cordas ou arames estão os elementos de 
contagem (contas, fichas, bolas etc.) que são deslizados para efetuar as operações. 
Também é relevante citar o tear de Jacquard (1804):
FIGURA 5 - TEAR DE JACQUARD
FONTE: Museu Virtual de Informática (2016) 
Joseph Marie Jacquard criou um tear que permitia programação, 
utilizando cartões perfurados para definir o padrão do tecido (floral, geométrico 
etc.). Tal ideia de cartão perfurado foi utilizada na computação.
TÓPICO 2 | SISTEMAS COMPUTACIONAIS
21
Em 1934 surgiu a invenção que tornou Charles Babbage conhecido 
como o “pai do computador”. Charles Babbage foi um matemático inglês que 
criou o primeiro projeto de computador no mundo. Não chegou a funcionar 
enquanto Charles estava vivo, visto que não existia a tecnologia para produzir as 
engrenagens necessárias para seu funcionamento.
A máquina analítica tinha memória, processador, saída para impressora e 
realizava programas. Esse conceito foi utilizado como base para os computadores 
atuais (MONTEIRO, 2001).
A era dos dispositivos eletrônicos iniciou em 1889, com o uso da máquina 
de tabulações, criada por Hermann Hollerith. Herman Hollerith inventou um 
dispositivo de perfuração de cartões, um leitor de cartão eletrônico, um dispositivo 
de classificação e uma forma de codificar respostas a perguntas. Baseou-se no 
modelo de cartões do tear de Jacquard. Foi também um dos fundadores da IBM.
Em 1946 iniciava a era da evolução dos computadores eletrônicos, com a 
criação do ENIAC.
FIGURA 6 - COMPUTADOR ENIAC
FONTE: <hardware.com.br> (2016) 
O ENIAC (Eletronic Numerical Integrator And Computer) foi o primeiro 
computador eletrônico inventado. Foi fabricado na Universidade da Pensilvânia, 
por John Eckert e John Maucly, para fazer cálculos balísticos durante a Segunda 
Guerra Mundial. Somente se tornou operacional com o patrocínio do exército dos 
Estados Unidos após a guerra, em 1946.
Este computador tinha que ser operado manualmente, pois não possuía 
um programa para gerenciar seus recursos. Para o ENIAC funcionar era 
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
22
necessário conectar fios, relês e sequências de chaves para que fosse determinada 
a tarefa a ser executada. Uma sequência de lâmpadas expressava a resposta. Tal 
computador foi nominado como computador de primeira geração, que utilizava 
válvulas para funcionar.
Em seguida vieram computadores de segunda geração, que se 
caracterizavam por serem computadores transistorados; os de terceira geração, 
que continham circuitos integrados, e, após, os de quarta geração, que começaram 
a utilizar componentes em miniatura, o que tornou possívelo desenvolvimento 
de microcomputadores pessoais (MONTEIRO, 2001).
São elementos fundamentais do sistema computacional o hardware, o 
software e o peopleware, cujos conceitos são de conhecimento necessário.
Hardware é uma palavra que tem origem na união de duas palavras em 
inglês: hard (duro) e ware (artigo/componente). Assim, a expressão hardware deve 
ser utilizada quando se indicam as partes físicas do computador.
FIGURA 7 - HARDWARE
FONTE: Ciapassostec (2016)
Há uma brincadeira, sem autoria identificada, que afirma que o hardware 
é a parte do computador que a gente chuta! O segundo elemento do sistema 
computacional, o peopleware, é uma expressão proveniente da junção de people 
(pessoa) e ware (artigo/componente), sendo utilizada para designar as pessoas 
que trabalham na área de informática e os usuários. É o elemento que efetiva a 
ligação lógica entre o hardware e o software.
TÓPICO 2 | SISTEMAS COMPUTACIONAIS
23
FIGURA 8 - PEOPLEWARE
FONTE: Clip-art word
 
A palavra software também é originada de duas palavras em inglês: soft 
(macio/maleável) e ware (artigo/componente). Logo, a expressão software refere-se 
aos programas de computador. Continuando a brincadeira, dizem que o software 
é a parte do computador que a gente xinga!
FIGURA 9 - SOFTWARE 
FONTE: Ciapassostec (2016)
Juridicamente, tornou-se indispensável conceituar software – programa 
de computador –, tendo em vista as várias implicações de tal bem na sociedade 
atual. Tal labor fora atingido pela Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998. 
Para a Lei nº 9.609/1998, programa de computador é a expressão de um 
conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida 
em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas 
automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou 
equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los 
funcionar de modo e para fins determinados. Para fins de conhecimento, importa 
saber quais são as categorias de softwares disponíveis no mercado.
João Antônio Carvalho (2013) categoriza software em três tipos principais: 
software básico, software utilitário e software aplicativo. O software básico é 
subdividido em sistemas operacionais, linguagens de programação e tradutores 
(compiladores/interpretadores).
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
24
Continua João Antônio Carvalho (2013, p. 186), dispondo explicações 
sobre cada um deles.
Sistemas operacionais são softwares que gerenciam os recursos do 
computador, fazendo-o funcionar corretamente. As linguagens de programação 
são os códigos usados pelos programadores para criar os softwares. Os tradutores 
são os softwares responsáveis por transformar o código criado pela linguagem 
de programação em software executável, uma vez que as máquinas só entendem 
0 (zero) e 1 (um) devidamente organizados para serem interpretados como 
instruções. Utilitários são programas que permitem a manutenção dos recursos 
da máquina, como ajustes em discos, memória, conserto de outros programas etc. 
Aplicativos são softwares voltados para a solução de problemas dos usuários, por 
exemplo, os programas para edição de texto, planilhas de cálculos etc.
 Assim, para o processamento de informação ser realizado por um sistema 
computacional, é necessária a completa interação entre hardware, software e o 
peopleware, a exemplo da figura abaixo disposta.
FIGURA 10 - HARDWARE, SOFTWARE E O PEOPLEWARE
FONTE: A autora
3 BANCO E BASE DE DADOS
As duas terminologias – Banco e Base de Dados – são sinônimos. A 
única diferença é que Banco de Dados é a expressão utilizada no português do 
Brasil, enquanto Base de Dados é utilizada no português da Europa. Também é 
conhecido como Data Base - DB, em inglês.
Mas o que eles são?
Bancos de Dados nada mais são que um conjunto de informações sobre 
um certo assunto, armazenadas de forma organizada a possibilitar melhor acesso 
a tais dados. Tais bases de dados podem ser concebidas para fins de qualificar os 
dados e as informações.
Dependendo da espécie de informação, este Banco de Dados é disponível 
de forma livre a todos, muitas vezes até pela internet.
TÓPICO 2 | SISTEMAS COMPUTACIONAIS
25
FIGURA 11 - BANCO DE DADOS
Fonte: Portal do Bibliotecário (2015)
Cunha e Cavalcanti (2008, p. 43) definem Base de Dados como:
conjunto de arquivos e programas de computador coordenados e 
estruturados que constituem um depósito de informações que pode 
ser acessado por diversos utilizadores. A base de dados contém: a) os 
arquivos ou depósitos de informação; b) os programas de tratamento 
que são colocados à disposição do usuário com o intuito de lhe assegurar 
serviços básicos de acesso, interrogação, apresentação dos resultados e, 
em alguns casos, tratamento da informação contida na base de dados.
Hoje em dia você encontra Bancos de Dados em qualquer lugar, desde 
uma universidade, uma biblioteca ou até na Receita Federal do Brasil! Tais Bancos 
de Dados são tutelados conforme a espécie de informação disposta neles. Assim, 
por exemplo, o Banco de Dados da Receita Federal do Brasil não possui acesso 
público, tendo em vista a disposição legal que determina o sigilo de informações 
fiscais (como regra geral).
Diferentemente, o Banco de Dados de obras disponíveis de uma biblioteca 
pública, por exemplo, é de consulta livre, inexistindo proteção específica de seus 
dados.
Os Bancos de Dados possuem como desafio constante proteger seus dados 
com segurança, evitando qualquer ação que possa denegrir sua integralidade e 
confidencialidade, quando esta for existente.
É possível afirmar que os principais eixos de um sistema que coleta, 
processa, transmite e dissemina informações são o hardware, o software, o 
peopleware, a Rede e o Banco de Dados, atuando de forma interligada.
FIGURA 12 - BANCO DE DADOS
FONTE: Papo de bixo (2013)
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
26
4 PROVEDORES DE ACESSO, NOMES DE DOMÍNIO E 
HIPERLYNKS
4.1 PROVEDORES DE ACESSO
A terminologia provedor de acesso é bastante utilizada no meio informático 
e no meio jurídico, especialmente quando se pretende buscar responsabilização 
acerca de certas ocorrências da internet.
Mas o que são provedores de acesso? “De forma resumida, são uma 
empresa prestadora de serviços de conexão à internet e de serviços de valor 
adicionado” (PECK, 2002, p. 52). 
Para o direito os provedores de acesso possuem grande importância, uma 
vez que estes possibilitam o acesso dos usuários à internet, oferecendo (além do 
acesso) conteúdo, hospedagem, e-mail ou aplicações.
Tal fato traz como consequência que muitas das soluções jurídicas que 
possibilitam a proteção de valores sociais e das relações entre pessoas na internet 
têm seu início nos provedores, podendo ser controladas ou melhor controladas 
por meio deles (PECK, 2002).
Sobre os provedores no país, releva trazer dados disponibilizados pelo 
Comitê Gestor da Internet no Brasil, que no ano de 2016 publicou pesquisa 
sobre o setor de provimento de serviços de internet em território nacional: TIC 
Provedores 2014 (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, 2016). 
Tal pesquisa identificou 2.138 empresas atuando no mercado de 
provedores no Brasil em 2014. Dos 2.138 provedores de serviços de internet, 68% 
estão sediados nas regiões Sul e Sudeste. Já a região Norte é sede para apenas 5% 
das empresas de provimento de serviços de internet.
O Sudeste, apesar de contar com o maior número de provedores atuantes, 
não é a região que possui a maior densidade de provedores: há 1,08 provedores 
para cada 100 mil habitantes. Considerando os tamanhos populacionais, as 
maiores densidades de provedores são encontradas nas regiões Sul (2,29) e 
Centro-Oeste (2,10). O resultado mais baixo é o Nordeste (0,82).
A maioria dos provedores de serviços de internet(PSI) oferece seus 
serviços para o mercado privado (90%) e domiciliar (88%). As empresas atuam em 
menor escala no mercado público: 63% têm como clientes governos municipais, 
31% os estaduais e 21% o federal.
TÓPICO 2 | SISTEMAS COMPUTACIONAIS
27
4.2 NOMES DE DOMÍNIO
A FAPESP conceitua nome de domínio como sendo um nome que serve 
para localizar e identificar conjuntos de computadores na internet. O nome de 
domínio foi concebido com o objetivo de facilitar a memorização dos endereços 
de computadores na internet. Sem ele, teríamos que memorizar uma sequência 
grande de números para conseguirmos acessar uma página da internet (FAPESC, 
2016).
De forma simples, podemos dizer que domínio é o endereço virtual da 
empresa.
Para o Direito Digital, o domínio não é um endereço eletrônico, e sim a 
união entre território e valor. Deter o nome de uma empresa na rede é 
deter seu valor; é deter sua capacidade de ser alcançada por seu público-
alvo, o que pode representar um sério problema, especialmente no caso 
de marcas conhecidas do público em geral. (PECK, 2002, p. 64).
Patrícia Peck afirma que os domínios são muito mais que o representante 
virtual do ponto comercial. Para a autora, o domínio determina a visibilidade da 
empresa e a capacidade de ela ser localizada, quando não imprime também valor, 
agindo como marca virtual (PECK, 2002).
Sobre o nome de domínio, não existe um marco jurídico regulatório no 
Brasil. Não obstante, sua importância é reconhecida pela doutrina, que acaba 
integrando-o à parcela incorpórea do estabelecimento empresarial.
Tal é o posicionamento, por exemplo, do Conselho da Justiça Federal, que 
na I Jornada de Direito Comercial estabeleceu que: “o nome de domínio integra o 
estabelecimento empresarial como bem incorpóreo para todos os fins de direito”.
Mas o que é estabelecimento empresarial?
O nome serve à identidade, permitindo que a pessoa seja reconhecida 
e referida. O nome não apenas individualiza; dá uma identidade ainda 
maior, agregando passado (uma história), valores sociais (a imagem, 
a honra) etc. O que se chama de nome empresarial nada mais é do que a 
ideia e a prática do nome aplicadas à empresa e às relações negociais, 
identificando o empresário ou a sociedade empresária. As mesmas 
regras, contudo, aplicam-se às sociedades simples. O mercado 
reconhece seus agentes por meio de seus nomes, seja nas relações que 
as empresas mantêm entre si, seja nas relações que mantêm com seus 
clientes [...] (MAMEDE, 2012, p. 118).
A proteção aos bens incorpóreos do estabelecimento comercial tem 
adquirido crescente importância no cenário atual, uma vez que o nome 
empresarial, o nome de fantasia, a marca e até mesmo sua embalagem tornam-
se elementos decisivos na atração do consumidor e identificação dos produtos e 
seus fabricantes.
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
28
No atual sistema brasileiro, o nome empresarial encontra guarida, do 
ponto de vista material, no Código Civil (BRASIL, 2002), em seu artigo 1.155, 
destacando que este tem como finalidade a identificação da pessoa jurídica, 
indicando sua relação direta com os direitos de personalidade empresarial. 
Dispõe o mencionado artigo 1.155:
Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação 
adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de 
empresa.
Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da 
proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e 
fundações.
Interessa, no presente momento, destacar ainda a existência de um novo 
instituto, identificado como ponto empresarial eletrônico. Necessário esclarecer que tal 
instituto é diverso do domínio e do nome empresarial, contendo uma conceituação 
mais ampla que tais institutos.
Gladston Mamede (2012) destaca que tal ponto empresarial eletrônico 
corresponde a um número telefônico ou a um endereço eletrônico, seja para 
mensagens, seja para navegação pela world wide web (www).
Ainda abordando sobre o domínio no Brasil, releva informar que seu registro 
é função do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
No ano de 1995, essa função cabia ao CGI.br (Comitê Gestor Internet no 
Brasil). Em maio de 1998, tal competência foi transferida à Fundação de Amparo 
à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), objetivando-se redução de custos e 
considerando-se que ela já realizava esse serviço relativo ao Projeto Rede Nacional 
de Pesquisas (RNP).
Em dezembro de 2005, por meio da Resolução nº 001/2005, o Comitê Gestor, 
nos termos autorizados pelo Decreto nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, atribuiu ao 
NIC.br a execução do registro e do cancelamento de nomes de domínio, por meio do 
Registro.br.
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) é uma 
entidade civil, sem fins lucrativos, que desde 2005 recebeu a atribuição das funções 
administrativas e operacionais relativas ao domínio.br. 
Além de manter a atividade de registro de domínio, o NIC.br investe em 
ações e projetos que trazem melhoria das atividades relacionadas à infraestrutura da 
internet disponível no Brasil, conforme orientações do Comitê Gestor da internet no 
Brasil.
Os Procedimentos para Registro de Nomes de Domínio no Brasil estão 
previstos na Resolução nº 008/2008 (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL), 
aprovada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil CGI.br, que estabeleceu, dentre 
outras disposições, que:
TÓPICO 2 | SISTEMAS COMPUTACIONAIS
29
 Um nome de domínio disponível para registro será concedido ao primeiro 
requerente que satisfizer, quando do requerimento, as exigências para o 
registro do mesmo;
 Constitui-se em obrigação e responsabilidade exclusivas do requerente a escolha 
adequada do nome do domínio a que ele se candidata; 
 Não poderá ser escolhido nome que desrespeite a legislação em vigor, que 
induza terceiros a erro, que viole direitos de terceiros, que represente conceitos 
predefinidos na rede Internet, que represente palavras de baixo calão ou 
abusivas, que simbolize siglas de Estados, Ministérios, ou que incida em outras 
vedações que porventura venham a ser definidas pelo CGI.br;
 É permitido o registro de nome de domínio apenas para entidades que 
funcionem legalmente no país, profissionais liberais e pessoas físicas. No caso 
de empresas estrangeiras poderá ser concedido o registro provisório, mediante 
o cumprimento das exigências definidas pelo CGI.br;
 Um nome de domínio escolhido para registro sob um determinado DPN (Domínio 
de Primeiro Nível) – em inglês TLDs (Top Level Domains) – considerando-se 
somente sua parte distintiva mais específica, deve:
o I. Ter no mínimo 2 (dois) e no máximo 26 (vinte e seis) caracteres. 
o II. Ser uma combinação de letras e números [a-z;0-9], hífen [-] e os 
seguintes caracteres acentuados [à, á, â, ã, é, ê, í, ó, ô, õ, ú, ü, ç].
o III. Não ser constituído somente de números e não iniciar ou terminar 
por hífen.
o IV. O domínio escolhido pelo requerente não deve tipificar nome não 
registrável.
 Somente será permitido o registro de um novo domínio quando não houver 
equivalência a um domínio preexistente no mesmo DPN, ou quando, havendo 
equivalência no mesmo DPN, o requerente for a mesma entidade detentora do 
domínio equivalente;
 Os Domínios de Primeiro Nível se subdividem da seguinte forma:
o I. DPNs com restrição e destinados exclusivamente a Pessoas Jurídicas: 
a) .am.br, destinado a empresas de radiodifusão sonora AM. Exige-se o CNPJ e a 
autorização da Anatel para o serviço de radiodifusão sonora AM;
b) .coop.br, destinado a cooperativas. Exige-se o CNPJ e comprovante de registro 
junto à Organização das Cooperativas Brasileiras;
c) .edu.br, destinado a Instituições de Ensino e Pesquisa Superior, com a devida 
comprovação junto ao Ministério da Educação e documento comprovando que 
o nome de domínio a serregistrado não é genérico, ou seja, não é composto por 
palavra ou acrônimo que defina conceito geral ou que não tenha relação com o 
nome empresarial ou seus respectivos acrônimos.
d) .fm.br, destinado a empresas de radiodifusão sonora FM. Exige-se o CNPJ e a 
autorização da Anatel para o serviço de radiodifusão sonora FM;
e) .gov.br, destinado ao Governo Brasileiro (Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário), ao Ministério Público Federal, aos Estados e ao Distrito Federal. 
Excetuados os órgãos da esfera federal, os demais deverão ser alojados sob a 
sigla do Estado correspondente (ex: al.gov.br, am.gov.br, etc). Exige-se o CNPJ 
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
30
e a autorização do Ministério do Planejamento;
f) .g12.br, destinado a instituições de Ensino Fundamental e Médio. Exige-se 
CNPJ e a comprovação da natureza da instituição;
g) .mil.br, destinado aos órgãos militares. Exige-se CNPJ e a autorização do 
Ministério da Defesa;
h) .org.br, destinado a organizações não governamentais e sem fins lucrativos. 
Exige-se a comprovação da natureza da instituição e o CNPJ. Em casos especiais, 
a exigência do CNPJ para essa categoria poderá ser dispensada;
i) .psi.br, destinado a provedores de serviços internet em geral. Exige-se o CNPJ 
e a comprovação de que a entidade é um provedor de acesso à internet, bem 
como o contrato de backbone ou o contrato social, desde que comprove no objeto 
social de que se trata de um provedor de serviço.
o II. DPNs sem restrição e destinados a Pessoas Jurídicas:
a) .agr.br, destinado a empresas agrícolas e fazendas;
b).art.br, destinado a instituições dedicadas às artes, artesanato e afins;
c) .com.br, destinado a instituições comerciais;
d) .esp.br, destinado a entidades relacionadas a esportes em geral;
e) .far.br, destinado a farmácias e drogarias;
f) .imb.br, destinado a imobiliárias;
g) .ind.br, destinado a instituições voltadas à atividade industrial;
h) .inf.br, destinado aos fornecedores de informação;
i) .radio.br, destinados a entidades que queiram enviar áudio pela rede;
j) .rec.br, destinado a instituições voltadas às atividades de recreação e jogos, em 
geral;
k) .srv.br, destinado a empresas prestadoras de serviços;
l) .tmp.br, destinado a eventos temporários, de curta duração, como feiras, 
seminários, etc;
m) .tur.br, destinado a entidades da área de turismo. 
n) .tv.br, destinado a entidades que queiram enviar vídeo pela rede;
o) .etc.br, destinado a instituições que não se enquadrem em nenhuma das 
categorias acima.
o III. DPNs sem restrição destinados a Profissionais Liberais:
a) .adm.br, destinado a administradores;
b) .adv.br, destinado a advogados;
c).arq.br, destinado a arquitetos;
d) .ato.br, destinado a atores;
e) .bio.br, destinado a biólogos;
f) .bmd.br, destinado a biomédicos;
g) .cim.br, destinado a corretores;
h) .cng.br, destinado a cenógrafos;
i) .cnt.br, destinado a contadores;
j) .ecn.br, destinado a economistas;
k) .eng.br, destinado a engenheiros;
l) .eti.br, destinado a especialistas em tecnologia de informação;
m) .fnd.br, destinado a fonoaudiólogos;
TÓPICO 2 | SISTEMAS COMPUTACIONAIS
31
n) .fot.br, destinado a fotógrafos;
o) .fst.br, destinado a fisioterapeutas;
p) .ggf.br, destinado a geógrafos;
q) .jor.br, destinado a jornalistas;
r) .lel.br, destinado a leiloeiros;
s) .mat.br, destinado a matemáticos e estatísticos;
t) .med.br, destinado a médicos; 
u) .mus.br, destinado a músicos;
v) .not.br, destinado a notários;
x) .ntr.br, destinado a nutricionistas;
w) .odo.br, destinado a odontólogos;
y) .ppg.br, destinado a publicitários e profissionais da área de propaganda e 
marketing;
z) .pro.br, destinado a professores;
aa) .psc.br, destinado a psicólogos;
ab) .qsl.br, destinado a radioamadores;
ac) .slg.br, destinado a sociólogos;
ad) .trd.br, destinado a tradutores;
ae) .vet.br, destinado a veterinários;
af) .zlg.br, destinado a zoólogos. 
o IV. DPNs sem restrição destinados a Pessoas Físicas:
a) .nom.br, pessoas físicas, seguindo os procedimentos específicos de registro 
neste DPN;
b) .blog.br, destinado a "blogs";
c) .flog.br, destinado a "foto logs";
d) .vlog.br, destinado a "vídeo logs";
e) .wiki.br, destinado a páginas do tipo "wiki";
o V. DPN restrito com obrigatoriedade da extensão DNSSEC:
a) .b.br: destinado exclusivamente às instituições financeiras;
b) .jus.br: destinado exclusivamente ao Poder Judiciário, com a aprovação do 
Conselho Nacional de Justiça; 
 o VI. DPN sem restrição, genérico 
a) .com.br, a pessoas físicas ou jurídicas que exercem atividade comercial na rede.
b) .net.br, a pessoas físicas ou jurídicas que exercem atividade comercial na rede.
o VII. DPN pessoa física, especial:
a) .can.br, destinado aos candidatos à eleição, durante o período de campanha 
eleitoral.
Necessário citar que, apesar da marca e o nome de domínio serem institutos 
diversos, o registro do domínio deverá respeitar os direitos reconhecidos sob 
o escopo da Lei de Propriedade Industrial, para que se evite que o registro de 
domínio com marca de terceiro seja interpretado como violadora de direitos. 
Tal entendimento inclusive já foi temática de decisão judicial proferida 
pela 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, que 
UNIDADE 1 | PROCESSO ELETRÔNICO
32
estabeleceu que o registro de nome de domínio na internet deve respeitar os 
direitos sobre marcas existentes:
PROPRIEDADE INDUSTRIAL – NOMES DE DOMÍNIO NA 
INTERNET – UTILIZAÇÃO POR QUEM NÃO TEM REGISTRO 
DA MARCA PERANTE O INPI – VIOLAÇÃO AO DIREITO 
DE PROPRIEDADE – ABSTENÇÃO DO USO DOS NOMES DE 
DOMÍNIO PERTENCENTES À APELADA – SENTENÇA MANTIDA 
– RECURSO IMPROVIDO. […] Como cediço, a resolução n° 1/98 
(Comitê Gestor Internet do Brasil) em seu artigo 1o, determina o 
registro do nome de domínio em favor daquele que primeiro o 
requerer (princípio do first come, first serve). Entretanto, o registro de 
“nome de domínio” na internet deve respeitar os direitos sobre marcas 
existentes. (TJSP. 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça 
de São Paulo. Apelação nº 0078378-34.2004.8.26.0000. Relator: Des. 
Adilson de Andrade. Julgado em 29.07.08).
 
Ainda sobre o registro de domínio, como se apresentou, sua primeira e 
principal regra é a regra “First Come, First Served”, que determina que o domínio 
será concedido ao primeiro requerente que satisfizer as exigências para o registro.
Sobre o tema, já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça, quando da 
análise de situação onde se constatou que ambos os litigantes possuíam registros 
vigentes. Em sua decisão, o STJ destacou que deveria ser aplicado integralmente 
o princípio “First Come, First Served”. Vejamos:
DIREITO EMPRESARIAL. RECURSO ESPECIAL. COLIDÊNCIA 
ENTRE MARCAS. DIREITO DE EXCLUSIVA. LIMITAÇÕES. 
EXISTÊNCIA DE DUPLO REGISTRO. IMPUGNAÇÃO. AUSÊNCIA. 
TÍTULO DE ESTABELECIMENTO. DIREITO DE PRECEDÊNCIA. 
INAPLICABILIDADE. NOME DE DOMÍNIO NA INTERNET. 
PRINCÍPIO "FIRST COME, FIRST SERVED". INCIDÊNCIA.
1. Demanda em que se pretende, mediante oposição de direito de 
exclusiva, afastar a utilização de termos constantes de marca registrada 
do recorrente.
2. O direito de precedência, assegurado no art. 129, § 1º, da Lei n. 
9.729/96, confere ao utente de marca, de boa-fé, o direito de reivindicar 
para si marca similar apresentada a registro por terceiro, situação que 
não se amolda a dos autos.
3. O direito de exclusiva, conferido ao titular de marca registrada sofre 
limitações, impondo-se a harmonização do princípio da anterioridade, 
da especialidade e da territorialidade.
4. "No Brasil, o registro de nomes de domínio na internet é regido 
pelo princípio 'First Come, First Served', segundo o qual é concedido 
o domínio ao primeiro requerente que satisfizer as exigências para o 
registro". Precedentes.
5. Apesar da legitimidade de o registro do nome do domínio poderser contestada ante a utilização indevida de elementos característicos 
de nome empresarial ou marca devidamente registrados, na hipótese 
ambos os litigantes possuem registros vigentes, aplicando-se 
integralmente o princípio "First Come, First Served".
6. Recurso especial desprovido.
(REsp 1238041/SC, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 07/04/2015, DJe 17/04/2015).
33
A adoção de tal preceito não significa, contudo, que a legitimidade do 
registro do nome do domínio obtido pelo primeiro requerente não possa ser 
contestada pelo titular de signo distintivo similar ou idêntico anteriormente 
registrado - seja nome empresarial, seja marca. 
Tal pleito, entretanto, não pode prescindir da demonstração de má-fé, a ser 
aferida caso a caso, podendo, se configurada, ensejar inclusive o cancelamento ou 
a transferência do domínio e a responsabilidade por eventuais prejuízos, conforme 
manifestou-se o Superior Tribunal de Justiça no julgado abaixo ementado:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ABSTENÇÃO DE USO. NOME 
EMPRESARIAL. MARCA. NOME DE DOMÍNIO NA INTERNET. 
REGISTRO. LEGITIMIDADE. CONTESTAÇÃO. AUSÊNCIA DE MÁ-
FÉ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. 
AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. 1. A anterioridade do registro 
no nome empresarial ou da marca nos órgãos competentes não 
assegura, por si só, ao seu titular o direito de exigir a abstenção de 
uso do nome de domínio na rede mundial de computadores (internet) 
registrado por estabelecimento empresarial que também ostenta 
direitos acerca do mesmo signo distintivo. 2. No Brasil, o registro de 
nomes de domínio é regido pelo princípio "First Come, First Served", 
segundo o qual é concedido o domínio ao primeiro requerente que 
satisfizer as exigências para o registro. 3. A legitimidade do registro do 
nome do domínio obtido pelo primeiro requerente pode ser contestada 
pelo titular de signo distintivo similar ou idêntico anteriormente 
registrado – seja nome empresarial, seja marca. 4. Tal pleito, contudo, 
não pode prescindir da demonstração de má-fé, a ser aferida caso a 
caso, podendo, se configurada, ensejar inclusive o cancelamento ou a 
transferência do nome de domínio e a responsabilidade por eventuais 
prejuízos. 5. No caso dos autos, não é possível identificar nenhuma 
circunstância que constitua sequer indício de má-fé na utilização do 
nome pelo primeiro requerente do domínio. 6. A demonstração do 
dissídio jurisprudencial pressupõe a ocorrência de similitude fática 
entre o acórdão atacado e os paradigmas. 7. Recurso especial principal 
não provido e recurso especial adesivo prejudicado.
(STJ - REsp: 658789 RS 2004/0061527-8, Relator: Ministro RICARDO 
VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 05/09/2013, T3 – 
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/09/2013).
Na lide acima exposta constata-se que a improcedência foi fundamentada 
na ausência de prova de má-fé por parte do primeiro requerente do domínio.
Outra decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça reitera a 
necessidade de demonstração de má-fé, conforme descreve sua ementa:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ABSTENÇÃO DE USO. NOME 
EMPRESARIAL. NOME DE DOMÍNIO NA INTERNET. REGISTRO. 
LEGITIMIDADE. CONTESTAÇÃO. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ. 
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. 
AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA.
1. A anterioridade do registro no nome empresarial no órgão 
competente não assegura, por si só, ao seu titular o direito de 
exigir a abstenção de uso do nome de domínio na rede mundial de 
34
computadores (internet) registrado por estabelecimento empresarial 
que também ostenta direitos acerca do mesmo signo distintivo.
2. No Brasil, o registro de nomes de domínio na internet é regido pelo 
princípio "First Come, First Served", segundo o qual é concedido o 
domínio ao primeiro requerente que satisfizer as exigências para o 
registro.
3. A legitimidade do registro do nome do domínio obtido pelo primeiro 
requerente pode ser contestada pelo titular de signo distintivo similar 
ou idêntico anteriormente registrado - seja nome empresarial, seja 
marca.
4. Tal pleito, contudo, não pode prescindir da demonstração de má-fé, 
a ser aferida caso a caso, podendo, se configurada, ensejar inclusive o 
cancelamento ou a transferência do domínio e a responsabilidade por 
eventuais prejuízos.
5. No caso dos autos, não é possível identificar nenhuma circunstância 
que constitua sequer indício de má-fé na utilização do nome pelo 
primeiro requerente do domínio.
6. A demonstração do dissídio jurisprudencial pressupõe a ocorrência 
de similitude fática entre o acórdão atacado e os paradigmas.
7. Recurso especial não provido.
(REsp 594.404/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 05/09/2013, DJe 11/09/2013).
Acerca da proteção ao domínio, releva citar duas condutas que podem ser 
consideradas práticas extorsivas. 
A primeira é o cybersquatting, que é quando uma empresa registra o 
domínio de uma marca famosa com o objetivo de ganhar valores com isso. A 
segunda modalidade é o typosquatting, que ocorre quando uma empresa registra 
um domínio de marca famosa por pequenos erros de digitação (PECK, 2002).
Tais condutas, dependendo da situação real, poderão caracterizar inclusive 
concorrência desleal, uma vez que poderão afrontar direitos dos consumidores.
Conforme Carolina de Aguiar Teixeira Mendes (ÂMBITO JURÍDICO), 
para evitar ações de cybersquatters e typosquatters e preservar sua reputação, a 
empresa deve registrar as variáveis de suas marcas junto aos órgãos de domínio 
de internet nacionais e internacionais. O ideal é que se faça o registro de domínio 
tão logo seja registrada a marca, preferindo endereços que se desta aproximem, a 
nomes genéricos, para melhor protegê-la.
Sobre o tema cybersquatters, interessante decisão foi proferida pelo Tribunal 
de Justiça do Estado de São Paulo, cuja ementa de acórdão cita-se a seguir:
REGISTRO DE DOMÍNIO NA INTERNET. Ação cominatória 
para abstenção de uso indevido de marca c.c. indenização. Marca 
titularizada pelas apelantes que não é notória, de modo que o registro 
do domínio "rosettastone.com.br", por si só, não implica violação 
de direito. Princípio do "first come, first served". Blog mantido pelo 
apelado que, todavia, não tem utilidade econômica ou intelectual 
para o seu titular, tampouco para os que venham a consultar a página. 
Ofensa à função social da propriedade. Finalidade exclusiva de obter 
lucro com a venda do domínio para as apelantes, que foi demonstrada, 
35
o que configura a ilícita prática de "cybersquatting". Prejuízo material 
não demonstrado. Dano moral, todavia, que se verifica. Condenação 
do apelado a abster-se de usar o domínio, bem como a transferi-lo 
às apelantes, além do pagamento de indenização por danos morais 
no total de R$ 20.000,00. Sentença reformada. Recurso parcialmente 
provido.
(TJ-SP - APL: 01124271420128260100 SP 0112427-14.2012.8.26.0100, 
Relator: Teixeira Leite, Data de Julgamento: 14/08/2014, 1ª Câmara 
Reservada de Direito Empresarial, Data de Publicação: 19/08/2014)
Em tal decisão, verifica-se que o Tribunal de Justiça de São Paulo constatou 
das provas dos autos que o primeiro registrador efetuou conduta de cybersquatting, 
além de deixar de atribuir uma utilidade relevante ao domínio, o que motivou a 
decisão de condenar o primeiro registrador a transferir o domínio em lide em 
benefício da pretendente, bem como a indenizar a ofendida em danos morais.
Ainda, registrar domínio sem a observância de direitos de marca poderá 
caracterizar aproveitamento parasitário, que seria um exercício irregular do 
direito de livre concorrência. 
O aproveitamento parasitário de marca configura abuso de direito, 
conceituado no artigo 187 do Código Civil, que determina que também comete 
ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os 
limites impostos

Continue navegando