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Na adolescência e no início da vida adulta, a depressão (não clínica) desenvolvida pode ser identificada em várias categorias: as depressões de ordem intelectual, de ordem moral, de ordem sentimental (melancólica) etc. As depressões de ordem intelectual caracterizam-se pelo contato do sujeito com as ideias de um ou mais intelectuais. Essas ideias, geralmente vindas de intelectuais niilistas ou existencialistas (vide Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer, Jean-Paul Sartre, Michel Houellebecq, Albert Camus e outros), são a causa determinante – com a exceção, talvez, de quando o sujeito chega às ideias por raciocínio próprio – das depressões de ordem intelectual. O adolescente ou jovem que tem contato com essas ideias, geralmente, quase sempre, é incapaz de ponderar sobre elas seriamente e as aceita como se fossem verdades absolutas que expressam a totalidade da realidade; não raras as vezes que o sujeito as deturpa – talvez, devido à falta de conhecimento necessário para entende-la – dando a elas um outro sentido. Consequentemente, ele pauta a sua vida com base nessas ideias e degenera-se até, na pior das hipóteses, cometer suicídio. Quanto às mencionadas ideias, não nos cabe aqui apresentá-las. As depressões de ordem sentimental ou de temperamento melancólico caracterizam-se pela exagerada inclinação do sujeito à tristeza e à melancolia. Quando algo lhe acontece, impacta-o profundamente na alma e remói sozinho sua amargura. São muitas vezes inclinados ao pessimismo, ao ver somente o lado difícil das coisas, ao exagerar as dificuldades. Melancólicos são tímidos, desconfiados, desalentos, indecisos, tem humor depressivo e dificuldade em mudar os hábitos. Muitos tem dificuldade na transição da adolescência para a vida adulta, pois a vida adulta representa uma nova vida com novas responsabilidades onde ele precisa ser autônomo – vida essa que, provavelmente, é muito diferente da que teve na adolescência e infância, quando estava sob o cuidado dos pais. No entanto, os melancólicos também são naturalmente inclinados à reflexão, à solidão, ao silêncio, à piedade, e vida interior1. As depressões de ordem moral advém, segundo o sociólogo John Carroll, da culpa existencial; porém, há um segundo tipo de culpa: a culpa moral. A culpa moral é quando o sujeito faz algo que viola explicitamente o próprio código moral. A culpa existencial é mais profunda e permanente que a culpa moral e reflete uma falha ou fracasso existencial que o sujeito está vivenciando. Essa culpa vem do fracasso em realizar um modelo escolhido. O sujeito pode assumir muitas culpas morais que não são adequadas — e que por vezes são totalmente falsas – como camuflagem ou compensação da culpa existencial profunda. Em outras palavras, o sujeito camufla a culpa maior com a culpa menor; engana-se. Na adolescência, o sujeito pode ter um modelo de vida muito difícil ou impossível de ser realizado no prazo proposto, então, ele coloca como causa elementos de culpa moral, e não existencial; nesse sentido, a depressão moral tem como causa motivos irracionais. Na vida adulta é mais razoável esse tipo de depressão pois o adulto tem mais experiência de vida. 1 https://padrepauloricardo.org/blog/os-quatro-temperamentos-e-nossa-vida-interior https://padrepauloricardo.org/blog/os-quatro-temperamentos-e-nossa-vida-interior
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