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Aula6 - Principio da Legalidade

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1
Curso	Ênfase	©	2019
DIREITO	PENAL	-	PARTE	GERAL	–	MARCELO	UZEDA
AULA6	-	PRINCIPIO	DA	LEGALIDADE
1.PRINCÍPIO	DA	LEGALIDADE
O	 princípio	 da	 legalidade	 se	 desdobra	 em	 dois	 aspectos,	 quais	 sejam:	 reserva	 legal	 e	 a
anterioridade.	E,	está	previsto	no	art.	5º,	XXXIX	da	Constituição	Federal	e	no	art.	1º	do	Código
Penal,	ipsis	litteris:
Art.	5º.
[...]
XXXIX	-	não	há	crime	sem	lei	anterior	que	o	defina,	nem	pena	sem	prévia	cominação
legal.
	Anterioridade	da	Lei
	Art.	1º	 -	 Não	 há	 crime	 sem	 lei	 anterior	 que	 o	 defina.	 Não	 há	 pena	 sem	 prévia
cominação	legal.
Ademais,	 trataremos	 de	 três	 desdobramentos	 do	 Princípio	 da	 Legalidade,	 são	 eles:	 a
tipicidade,	a	anterioridade	e	a	taxatividade.
1.1.	RESERVA	LEGAL
Inicialmente,	perceba	que	não	é	incorreto	falar	em	Princípio	da	Reserva	Legal.	Isso	porque,
a	reserva	legal	é	um	dos	aspectos	do	princípio	da	legalidade,	visto	que	somente	a	lei	em	sentido
formal	pode	criminalizar	condutas	e	cominar	penas.
Por	conseguinte,	é	vedada	a	edição	de	medida	provisória	em	matéria	penal,	consoante	art.
62	da	Constituição	Federal,	in	verbis:
Art.	62.	Em	caso	de	relevância	e	urgência,	o	Presidente	da	República	poderá	adotar
medidas	 provisórias,	 com	 força	 de	 lei,	 devendo	 submetê-las	 de	 imediato	 ao
Congresso	Nacional.	(Redação	dada	pela	Emenda	Constitucional	nº	32,	de	2001)
§	1º	É	vedada	a	edição	de	medidas	provisórias	sobre	matéria:	(Incluído	pela
Emenda	Constitucional	nº	32,	de	2001)
I	–	relativa	a:	(Incluído	pela	Emenda	Constitucional	nº	32,	de	2001)
a)	 nacionalidade,	 cidadania,	 direitos	 políticos,	 partidos	 políticos	 e	 direito
eleitoral;	(Incluído	pela	Emenda	Constitucional	nº	32,	de	2001)
b)	 direito	 penal,	 processual	 penal	 e	 processual	 civil;	 (Incluído	 pela	 Emenda
Constitucional	nº	32,	de	2001)
[...]
Direito	Penal	-	Parte	Geral	–	Marcelo	Uzeda
Aula6	-	Principio	da	Legalidade
2
Curso	Ênfase	©	2019
Portanto,	 veda-se	 a	 edição	 de	medidas	 provisórias	 em	matéria	 penal,	 porque	 a	 lei	 em
sentido	 formal	 é	 o	 veículo	 adequado	 para	 tratar	 das	 questões	 inerentes	 ao	 tema,	 visto	 que
envolve	um	debate	com	a	sociedade	e	a	iniciativa	da	função	Legislativa	do	Estado	para	a	seleção
de	condutas.
Nesses	 termos,	 consoante	afirmado	nas	aulas	anteriores,	 o	 legislador	 faz	a	 seleção	das
condutas	e	dos	bens	jurídicos	que	merecem	proteção	legal,	com	base	em	observação,	análise	e
debate	na	seara	adequada,	que	é	o	parlamento,	o	Poder	Legislativo.
Com	base	nessa	lógica,	considera-se	lei	em	sentido	formal	a	Lei	Ordinária.,	bem	como,	a
Lei	Complementar,	embora	essa	esteja	adstrita	às	matérias	específicas	previstas	na	Constituição
e	sujeite-se	a	um	processo	legislativo	mais	rígido	e	elaborado.	
Em	síntese,	portanto:
•	a	lei	ordinária	é	o	instrumento	para	a	veiculação	da	matéria	penal	e	criminal;	e
•	é	vedada	a	edição	de	medidas	provisórias	em	matéria	incriminadora,	isto	é,	para	impor
penas	e	tipificar	delitos.
Desta	feita,	questiona-se:	é	possível	a	edição	de	medidas	provisórias	descriminalizadoras,
ou	que	criem	alguma	causa	de	extinção.	de	punibilidade?
Entende-se	 que	 não,	 a	 matéria	 penal	 descriminalizadora	 tem	 que	 partir	 do	 Poder
Legislativo.	
Contudo,	 há	 precedentes	 de	 medidas	 provisórias	 que	 criaram	 a	 abolitio	 criminis
temporária,	 como,	 por	 exemplo,	 a	 Lei	 de	 Armas.	 Nesse	 sentido,	 rememore	 que	 em	 2008,	 na
segunda	fase	do	desarmamento,	ocorreu	a	chamada	abolitio	criminis	 temporária,	decorrente	de
uma	medida	provisória,	posteriormente	convertida	em	Lei	que	alterou	a	Lei	de	Armas.	
Observe	que	não	houve	descriminalização	(ou	abolitio	criminis	no	sentido	próprio)	[1],	mas
abolitio	criminis	temporária	ou	vacatio	legis	 indireta,	ou	seja,	um	período	de	não	incidência	da	lei
penal	(de	2008	a	2009).
Ademais,	 temos,	 também,	 como	 exemplo,	 o	 Refis	 II	 (Parcelamento	 Especial),	 que	 deu
origem	à	Lei	10.684/2003,	a	qual	prevê	causa	extintiva	de	punibilidade.
Desse	modo,	ao	dispor	que	matéria	criminal	não	pode	ser	tratada	por	medida	provisória,	a
Constituição	 teve	 por	 intuito	 evitar	 que	 o	 instrumento	 inadequado,	 fosse	 utilizado	 de	 forma
abusiva	pelo	Executivo	para	tratar	de	matéria	penal:	criminalizando,	cominando	penas,	aplicando
sanções	mais	graves,	e	até	descriminalizando.	Porque,	enfatize-se,	essa	tarefa	é	do	legislador.
Direito	Penal	-	Parte	Geral	–	Marcelo	Uzeda
Aula6	-	Principio	da	Legalidade
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Logo,	em	resumo:
a)	em	regra,	não	cabe	medida	provisória	em	matéria	penal.	
b)em	 passado	 recente,	 editou-se	 medida	 provisória	 que,	 embora	 não	 fosse
exclusivamente	criminal,	tinha	repercussões	nessa	seara,	quais	sejam:
•	O	Refis	II,	convertido	na	Lei	10.683/2003,	trouxe	previsão	de	uma	causa	de	extinção	de
punibilidade	pelo	pagamento	do	tributo	e	suspensão	da	pretensão	punitiva	pelo	parcelamento.
Naquela	ocasião,	tratou-se	de	matéria	penal,	inicialmente,	em	medida	provisória,
posteriormente	convertida	em	Lei.	Não	houve	declaração	de	inconstitucionalidade	[2].	E,
•	modificando	a	Lei	de	Armas,	a	medida	provisória	de	fevereiro	2008,	posteriormente
convertida	em	lei,	tratou	do	desarmamento	e	criou	uma	abolitio	criminis	temporária,	de	modo
que	quem	entregasse	a	arma	teria	a	extinta	a	punibilidade.
Portanto,	esse	 tema	merece	atenção,	pois,	em	que	pese	a	vedação,	existem	exemplos
recentes	 de	 emprego	 de	 medida	 provisória	 em	 matéria	 penal,	 em	 abordagem	 benéfica	 [3],
inclusive,	criando	causa	extintiva	de	punibilidade.	
Logo,	a	medida	provisória	não	pode	descriminalizar	condutas	[4],	nos	termos	do	caput	do
art.	2º	Código	Penal,	in	verbis:
Art.	 2º	 -	Ninguém	pode	 ser	 punido	 por	 fato	 que	 lei	 posterior	 deixa	 de	 considerar
crime,	 cessando	 em	 virtude	 dela	 a	 execução	 e	 os	 efeitos	 penais	 da	 sentença
condenatória.	
Assim	sendo,	se	o	legislador	é	quem	criminaliza,	também	deverá	ser	quem	descriminaliza
codnutas,	ou	seja,	a	abolitio	criminis	precisa	ser	veiculada	por	meio	de	lei,	sob	pena	de	usurpação
do	Poder	Legislativo,	e	da	função	legislativa.
Desse	 modo,	 em	 síntese,	 o	 primeiro	 aspecto	 importante	 acerca	 da	 Reserva	 Legal	 é:
Somente	a	lei,	em	sentido	estrito	[5],	pode	criminalizar	comportamentos	e	dispor
sobre	 a	 cominação	 e	 agravamento	 de	 penas.	 Por	 conseguinte,	 medidas	 provisórias,
decretos	e	regulamentos	não	podem	incriminar	condutas.
Superados	esses	aspectos,	passamos	a	estudar	a	tipicidade.
1.2.	TIPICIDADE.
A	tipicidade	é	desdobramento	do	princípio	da	legalidade,	e	indica	que	somente	a	prática
de	conduta	prevista	em	lei	pode	caracterizar-se	como	infração	legal,	isto	é,	não	há
crime	sem	lei	que	o	defina.
Direito	Penal	-	Parte	Geral	–	Marcelo	Uzeda
Aula6	-	Principio	da	Legalidade
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Desta	feita,	somente	a	prática	da	conduta	descrita	no	tipo	penal	pode	ser	infração	penal
[6].
Nesse	 âmbito,	 o	 tipo	 penal	 é	 um	 padrão	 de	 comportamento	 (um	 standard)	 eleito	 pelo
legislador	 para	 caracterizar	 a	 conduta	 proibida.	 Ademais,	 o	 tipo	 penal	 tem	 uma	 função
garantidora.	
Então,	rememore	que	o	princípio	da	legalidade	decorre	da	limitação	do	poder	punitivo	do
Estado.	Surge,	portanto,	no	momento	em	que	se	percebe	a	necessidade	de	conter	os	excessos
do	Estado	na	seara	penal,	como	forma	do	Estado	de	Direito	se	autolimitar.	
Assim,	 o	 Estado,	 ao	 exercer	 o	 poder	 de	 punir,	 deverá	 observar	 regras	 previamente
estabelecidas,	por	força	da	segurança	jurídica	e	como	garantia	conferida	à	sociedade.	Logo,	o	tipo
penal	exerce	função	garantidora,	e	essa	é	fundamental.
Outrossim,	observe	as	disposições	sobre	a	anterioridade.
1.3.	ANTERIORIDADE
A	anterioridade	determina	que	a	Lei	Penal	deve	estar	em	vigor	na	prática	do	fato.	Então,
não	há	crime	sem	lei	anterior	que	o	defina.
Nesses	 termos,	 a	 anterioridade,	 assim	como	a	 tipicidade,	 é	uma	garantia	da	 sociedade,
ante	o	poder	de	punir	do	Estado.
Em	suma,	é	necessário	que	esta	regra	já	esteja	prevista	expressamente	em	Lei,	antes	da
prática	 da	 conduta.	 Ademais,	 a	 Lei	 nova	 não	 poderáretroagir	 para	 incriminar	 ou	 agravar
situações,	senão	para	beneficiar	o	réu,	nos	termos	do	art.	5º,	XL,	in	verbis:
Art.	5º.
[...]
	XL	-	a	lei	penal	não	retroagirá,	salvo	para	beneficiar	o	réu;
Desse	modo,	em	resumo,	o	Princípio	da	Anterioridade	determina:
•	Para	ser	aplicável,	a	Lei	deve	estar	em	vigor	antes	de	ser	praticada	a	conduta	nela
prevista;	e,
•	a	Lei	Penal	não	retroage	para	alcançar	fatos	anteriores,	de	modo	a	incriminar
comportamentos	ou	agravar	as	penas,	mas	retroage	quando	for	benéfica	ao	réu.
Finalmente,	observe	apontamentos	sobre	a	taxatividade.
1.4.	PRINCÍPIO	DA	TAXATIVIDADE
Direito	Penal	-	Parte	Geral	–	Marcelo	Uzeda
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O	 princípio	 da	 taxatividade	 determina	 que	 a	 lei	 penal	 deve	 ser	 certa,	 não	 se	 admitindo
descrições	vagas	e	imprecisas	da	conduta	proibida.	Portanto,	assim	como	os	demais,	o	princípio	da
taxatividade	também	é	uma	garantia.
Nesse	sentido,	verifica-se	crítica	importante	no	emprego	da	expressão	"gestão	temerária"
pelo	artigo	4º	da	Lei	7.492.	Trata-se	de	uma	descrição	vaga	e	 imprecisa	de	um	tipo	penal,	que
gera	dúvidas	por	conta	da	indefinição.	Desse	modo,	cabe	a	jurisprudência	conceituar	o	instituto.
Assim,	gestão	temerária	seria	aquela	que	extrapola	o	risco	tolerado	no	mercado	financeiro,
colocando	em	risco	os	investidores	e	a	instituição	financeira	(por	exemplo:	conceder	empréstimos
sem	lastro	de	garantia).	
Nesses	 termos,	 tem-se	 que	 a	 construção	 desse	 conceito	 é	 casuística	 e,	 na	 prática,
demanda	o	uso	das	regras	do	mercado	e	das	normas	que	orientam	o	sistema	financeiro	 (para
identificar	se	a	conduta	é	ou	não	temerária).
Contudo,	aos	presentes	estudos,	basta	saber	que	se	o	art.	4º	da	Lei	7.492	é	criticado	pela
doutrina,	em	razão	de	sua	vagueza	e	imprecisão,	as	quais	acabam	prejudicando	a	abordagem	da
Legalidade.	.	
Para	mais,	no	que	se	 refere	a	 taxatividade	e	a	 tipicidade,	é	 importante	que	se	 trate	do
conceito	de	norma	penal	em	branco.
2.	NORMA	PENAL	EM	BRANCO
A	norma	penal	em	branco,	ou	primariamente	remetida,	é	aquela	em	que	a	descrição	da
conduta	punível	se	mostra	incompleta	ou	lacunosa,	que	necessita	de	outro	ato	normativo	para	a
sua	integração	ou	complementação.
Trata-se,	 em	 essência,	 de	 uma	 técnica	 legislativa,	 em	 que	 o	 legislador,	 ao	 tipificar	 um
comportamento,	deixa	lacunas	na	figura	típica.	Haverá,	desse	modo,	um	processo	de	integração
ou	complementação.	E,	uma	norma	complementar	irá	integrar	a	norma	penal	em	branco.
Em	 suma,	 há	 norma	 penal	 em	 branco	 quando	 a	 descrição	 da	 conduta	 punível	 está
incompleta,	ou	seja,	existe	uma	lacuna	que	demanda	complemento.	
Todavia,	 rememore	 que,	 em	 razão	 do	 princípio	 da	 taxatividade,	 a	 lei	 deve	 ser	 certa	 e
taxativa.	Logo,	cabe	ao	legislador	descrever	precisamente,	na	figura	típica,	o	comportamento	que
é	proibido,	não	podendo	se	valer	de	tipos	penais	abertos	ou	vagos.	Nesses	termos,	o	tipo	penal
deverá	ser	fechado	(sempre	que	possível),	com	a	descrição	pormenorizada	dos	comportamentos
e	elementos	do	crime,	com	vistas	a	respeitar	o	princípio	da	legalidade.
Em	vista	disso,	questiona-se:	A	norma	penal	em	branco	viola	o	princípio	da	legalidade?
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A	doutrina	majoritária	diz	que	a	norma	penal	em	branco	não	viola	o	princípio	da	legalidade,
desde	que	respeitados	dois	elementos.	Então,	para	não	haver	ofensa	à	absoluta	 reserva	de	 lei
exigida	pelo	Princípio	da	Legalidade	e	incorrer	em	inconstitucionalidade,	a	lei	penal	em	branco	deve
prever	 o	 núcleo	 essencial	 da	 conduta,	 ou	 seja,	 a	 essência	 do	 comportamento
proibido.
Além	disso,	a	previsão	imperativa	deve	fixar	com	transparência	os	precisos	limites	de
sua	integração	por	outro	dispositivo	legal	[7],	isto	é,	o	procedimento	de	remissão,	pois	o	caráter
delitivo	da	conduta	só	pode	ser	delimitado	pelo	poder	competente.
Desta	feita,	admite-se	a	norma	penal	em	branco,	sem	prejuízo	ao	Princípio	da	Legalidade,
quando	além	da	(a)	descrição	do	núcleo	essencial,	(b)	houver	expressamente	a	remissão.	Nesse
sentido,	pode	ser	citada	como	exemplo,	as	Lei	de	Drogas,	que:
•	no	artigo	1º	indica	que	se	consideram	drogas	aquelas	substâncias	psicotrópicas
enumeradas	em	uma	Portaria	do	Ministério	da	Saúde;	e
•	no	artigo	66,	parte	final,	determina	que,	enquanto	não	for	atualizado	o	rol	de	substâncias
proibidas,	aplica-se	a	Portaria	344/98	e	suas	atualizações.
Trata-se,	 por	 conseguinte,	 de	 norma	 penal	 em	 branco	 que	 não	 viola	 o	 Princípio	 da
Legalidade,	na	medida	em	que	atende	os	dois	requisitos	necessários,	quais	sejam	(relembre):
a)	descrição	do	núcleo	essencial	da	conduta	proibida;	e
b)	indicação	do	procedimento	de	remissão.
Ademais,	existem	vários	outros	exemplos	de	Lei	Penal	em	branco,	como,	por	exemplo,	a
Lei	 de	 Armas,	 na	 medida	 em	 que,	 modernamente,	 essa	 técnica	 é	 muito	 utilizada,	 sobretudo
quando	o	complemento	não	é	a	própria	lei.
Por	fim,	verifique	a	classificação	das	normas	penais	em	branco.
2.1	CLASSIFICAÇÃO	DAS	NORMAS	PENAIS	EM	BRANCO
As	normas	penais	em	branco	são	classificadas	em	dois	grupos,	nos	termos	seguintes:
•	Heterogêneas,	e
•	Homogêneas.
As	Normas	Penais	Heterogêneas	 (em	sentido	estrito)	ou	Próprias	 (ou	Propriamente
Ditas)	são	aquelas	cujo	complemento	é	oriundo	de	fonte	normativa	diversa	daquela	que	a	editou,
como,	por	exemplo:	decreto,	regulamento,	portaria,	etc.
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Assim,	essa	técnica	tem	por	objetivo	a	mantunção	da	atualidade	da	 lei,	por	meio	de	um
complemento	com	maior	 fluidez	para	atualizar	o	corpo	principal,	por	 isso	é	chamada	de	norma
penal	em	branco	própria,	propriamente	dita	ou	em	sentido	estrito.
Em	 suma,	 a	 lei	 será	 complementada	 por	 outra	 fonte	 normativa	 de	 categoria
hierarquicamente	inferior	(decreto,	regulamento,	portaria,	etc.),	como	ocorre,	por	exemplo,	com	a
Lei	de	Drogas	e	a	Lei	de	Armas.
Nesse	 âmbito,	 a	 vantagem	desse	modelo	 é	 rápida	 atualização,	 visto	 que	 surgindo	 uma
droga	 nova,	 por	 exemplo,	 um	 ato	 do	 executivo	 a	 incluirá	 na	 lista	 de	 substâncias	 proscritas,	 e
consegue-se	atualizar	 a	norma	principal.	 Perceba	que	a	discussão	e	procedimento	 seriam	mais
extensos	e	demorados	se	tal	mudança	ocorresse	por	meio	de	Lei.
Por	 seu	 turno,	 a	 Norma	 Penal	 em	 Branco	 Homogênea	 (em	 sentido	 amplo)	 ou
Imprópria	tem	complemento	oriundo	da	mesma	fonte	de	produção	normativa.	Nesse	caso,	a	lei	é
complementada	por	outra	Lei.	É	o	que	ocorre,	por	exemplo,	no	crime	de	uso	de	documento	falso,
previsto	 no	 art.	 304	 do	 Código	 Penal,	 o	 qual	 faz	 referência	 aos	 artigos	 297	 a	 302	 do	mesmo
diploma.	A	referência	aos	documentos,	portanto,	embora	em	outro	tipo,	está	própria	lei	penal,	o
que	configura	uma	norma	penal	em	branco	homogênea.	
Para	mais,	existem	outros	tipos	penais	que	vão	fazer	referência	a	Lei	civil,	administrativa,
tributária,	etc.	Desta	feita,	a	norma	penal	em	branco	homogênea	será	complementada	por	norma
de	integração	de	mesma	fonte,	ou	seja,	produzidas	pelo	Poder	Legislativo.	
Outrossim,	as	normas	penais	em	branco	homogêneas	podem	ser	(a)	homovitelinas	ou	(b)
heterovitelinas.
Nesses	termos,	as	normas	penais	em	branco	homogêneas	homovitelinas	são	 aquelas
cujo	 complemento	 é	 oriundo	 da	mesma	 instância	 legislativa	 (mesma	 estrutura	 normativa).	 Ou
seja,	 a	 Lei	 penal	 complementa	 a	 norma	 principal.	 Nesse	 âmbito,	 podem	 ser	 citados,	 como
exemplo:
•	o	art.	304	do	Código	Penal,	que	faz	referência	aos	documentos	dos	arts.	297	a	302	do
próprio	CP;	e,
•	o	art.	312	do	Código	Penal	que,	ao	descrever	o	crime	de	peculato,	remete-se	a	figura	do
funcionário	público	conceituada	pelo	art.	327	da	mesma	estrututra	normativa.
Por	outro	lado,	consideram-se	heterovitelinas	aquelas	cujo	complemento	é	emanado	de
outra	instância	ou	estrutura	legislativa.	Aqui,	citam-se,	como	exemplos:
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•	o	art.	178	do	Código	Penal,	que	trata	do	crime	de	emissão	irregular	de	conhecimento	de
depósito	ou	"warrant",	e	é	complementado	pelo	Decreto	1.102/1903
•	o	art.	236	do	Código	Penal,	que	tipifica	a	figura	do	induzimento	a	erro	essencial	e
ocultação	de	impedimento	(que	não	seja	outro	casamento),	cujo	complemento	é	encontrado	no
art.	151	do	Código	Civil.
Portanto,	a	norma	heterovitelina	é	complementada	por	normas	de	outras	esferas	que	não
a	penal.	Os	complementos,	nesse	caso,	derivam	da	lei	empresarial,	civil,	administrativa,	tributária,
etc.
Em	resumo,	pode-se	dizer	que:
a)	na	norma	homovitelina	o	complemento	vem	do	próprio	direito	penal	e	da	respectiva
estrutura	normativa;
b)	na	norma	heterovitelina	o	complemento	vem	de	outras	instâncias	ou	estruturas
normativas,	de	modo	que	a	Lei	é	complementada	por	norma	civil,	empresarial,	etc.
Por	fim,	observe	a	lei	penal	incompleta.
3.	LEI	PENAL	INCOMPLETA
A	 Lei	 Penal	 Incompleta	 também	é	 chamada	de	 estruturalmente	 incompleta;	 secundária
remetida;	em	branco	às	avessas	ou	ao	revés	ou	invertida;	ou	Lei	Penal	Imperfeita.	
Nesse	 caso,	 há	 previsão	 apenas	do	preceito	 penal	 incriminador,	 e	 o	 preceito	 secundário
(sanção	penal)	é	remetido	a	outro	dispositivo	da	própria	Lei	ou	em	diferente	texto	legal.
Ou	seja,	o	legislador	estrutura	o	tipo	penal	e,	com	relação	à	sanção,	faz	remissão	a	outra
figura	típica.	Logo,	a	Lei	Penal	Incompleta	sempre	será	homogênea.
Nesse	 sentido,	 cita-se,	 como	exemplo,	 o	art.	 304,	CP	que	é,	 ao	mesmo	 tempo,	norma
penal	em	branco	e	norma	penal	incompleta,	verifique:
Art.	304	-	 Fazer	 uso	 de	 qualquer	 dos	 papéis	 falsificados	 ou	 alterados,	 a	 que	 se
referem	os	arts.	297	a	302:
Pena	-	a	cominada	à	falsificação	ou	à	alteração.
Observe	 que,	 na	 medida	 em	 que	 dispõe	 que	 a	 pena	 aplicada	 será	 aquela	 cominada	 à
falsificação	ou	à	alteração,	torna-se	norma	penal	imperfeita	ou	incompleta.
Nesse	âmbito,	é	importante	que	as	figuras	não	sejam	confundidas,	rememore:
•	na	norma	penal	em	branco	é	o	preceito	primário	(descrição	da	conduta)	que	demanda
Direito	Penal	-	Parte	Geral	–	Marcelo	Uzeda
Aula6	-	Principio	da	Legalidade
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Curso	Ênfase	©	2019
complemento,	e
•	na	lei	penal	incompleta	é	o	preceito	secundário	(sanção)	que	é	remetido	a	outro	tipo	penal.
2.	NOTAS	DE	RODAPÉ
[1]	veremos	essa	questão	mais	à	frente	e	analisaremos	a	Súmula	do	STJ	quanto	ao	tema.
[2]	nem	da	Lei,	nem	da	Medida	Provisória.
[3]	 Já	 que	 não	 houve	 uma	 abordagem	 de	 aumento	 de	 pena	 ou	 de	 incriminação	 de
comportamento,	por	exemplo.
[4]	Nota	do	monitor:	o	professor	pontua	que	esse	é	o	seu	entendimento.
[5]	Trata-se,	no	caso,	de	lei	Ordinária.
[6]	Claro	que,	também,	a	sanção	penal	correspondente	deve	estar	na	lei.	
[7]	Ou,	até	mesmo,	infralegal,	por	exemplo,	por	um	decreto	ou	regulamento.

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