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Aula5 - Princ¡pio da Insignificóncia

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1
Curso	Ênfase	©	2019
DIREITO	PENAL	-	PARTE	GERAL	–	MARCELO	UZEDA
AULA5	-	PRINCÍPIO	DA	INSIGNIFICÂNCIA
1.	PRINCÍPIO	DA	INSIGNIFICÂNCIA	(CONTINUAÇÃO)
Dando	sequência	ao	estudo	sobre	o	princípio	da	 insignificância,	neste	segundo	momento
serão	 abordadas	 algumas	 decisões	 e	 súmulas	 do	 STJ	 com	 pertinência	 temática,	 das	 quais	 se
verifica	a	evolução	da	abordagem	da	insignificância	na	jurisprudência	dos	Tribunais	Superiores.
Nesses	termos,	vejamos	o	julgado	do	Superior	Tribunal	de	Justiça,	a	seguir	colacionado:
1.1.	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA:	HC	425168	SC
HABEAS	 CORPUS	 SUBSTITUTIVO	 DE	 RECURSO	 PRÓPRIO.	 INADEQUAÇÃO	 DA
VIA	ELEITA.	FURTO	SIMPLES	TENTADO.	PRINCÍPIO	DA	INSIGNIFICÂNCIA.	VALOR
EXPRESSIVO	DA	RES	FURTIVAE	E	REINCIDÊNCIA.	 INAPLICABILIDADE.	REGIME
PRISIONAL.	 PENA	 QUE	 NÃO	 EXCEDE	 4	 ANOS	 E	 PACIENTE	 REINCIDENTE.
SÚMULA	269/STJ.	ADEQUAÇÃO	DO	REGIME	SEMIABERTO.	CONSTRANGIMENTO
ILEGAL	 NÃO	 CONFIGURADO.	 HABEAS	 CORPUS	 NÃO	 CONHECIDO.	 1.	 O
Supremo	Tribunal	Federal,	por	sua	Primeira	Turma,	e	a	Terceira	Seção	deste	Superior
Tribunal	 de	 Justiça,	 diante	 da	 utilização	 crescente	 e	 sucessiva	 do	 habeas	 corpus,
passaram	 a	 restringir	 a	 sua	 admissibilidade	 quando	 o	 ato	 ilegal	 for	 passível	 de
impugnação	pela	via	 recursal	própria,	sem	olvidar	a	possibilidade	de	concessão	da
ordem,	de	ofício,	nos	casos	de	flagrante	ilegalidade.	2.	O	princípio	da	insignificância
deve	 ser	 analisado	 em	 conexão	 com	 os	 postulados	 da	 fragmentariedade	 e	 da
intervenção	mínima	do	Estado	em	matéria	penal,	no	sentido	de	excluir	ou	afastar	a
própria	tipicidade	penal,	observando-se	a	presença	de	"certos	vetores,	como	(a)	a
mínima	ofensividade	da	conduta	do	agente,	(b)	a	nenhuma	periculosidade	social	da
ação,	 (c)	 o	 reduzidíssimo	 grau	 de	 reprovabilidade	 do	 comportamento	 e	 (d)	 a
inexpressividade	da	lesão	jurídica	provocada"	(HC	98.152/MG,	Rel.	Ministro	CELSO
DE	 MELLO,	 Segunda	 Turma,	 DJe	 5/6/2009).	 3.	A	 jurisprudência	 desta	Corte
Superior	de	Justiça	firmou-se	no	sentido	de	ser	incabível	a	aplicação	do
princípio	da	insignificância	quando	o	montante	do	valor	da	res	furtivae
superar	 o	 percentual	 de	 10%	 do	 salário	 mínimo	 vigente	 à	 época	 dos
fatos.	 Precedentes.	 4.	 O	 princípio	 da	 insignificância	 não	 tem
aplicabilidade	 em	 casos	 de	 reiteração	 da	 conduta	 delitiva,	 salvo
excepcionalmente,	quando	demonstrado	ser	tal	medida	recomendável
diante	das	circunstâncias	concretas.	Precedentes.	5.	No	caso,	além	de	o
paciente	ser	multirreincidente,	inclusive	em	delitos	patrimoniais,	o	valor
das	coisas	subtraídas	-	R$	200,00	em	espécie	e	uma	carteira	de	cigarro	-
não	pode	ser	considerado	ínfimo,	na	medida	em	que	representa	mais	de
Direito	Penal	-	Parte	Geral	–	Marcelo	Uzeda
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Curso	Ênfase	©	2019
20%	do	salário	mínimo	vigente	ao	tempo	da	subtração	(R$	937,00).	6.
Habeas	corpus	não	conhecido.
(STJ	 -	HC:	425168	SC	2017/0297946-8,	Relator:	Ministro	REYNALDO	SOARES	DA
FONSECA,	 Data	 de	 Julgamento:	 07/06/2018,	 T5	 -	 QUINTA	 TURMA,	 Data	 de
Publicação:	DJe	15/06/2018)
Logo,	apreciando	caso	de	furto,	o	STJ	fixou	entendimento	no	sentido	de	que	é	admitida	a
aplicação	do	princípio	da	insignificância	quando	o	montante	do	valor	da	res	furtivae	não	superar	o
percentual	de	10%	do	salário	mínimo	vigente	à	época	dos	fatos
Nesses	termos,	para	melhor	compreensão	do	tema,	imagine	que	o	salário	mínimo	equivale
a	 R$	 1.000,00,	 de	 modo	 que	 se	 o	 valor	 da	 coisa	 furtada	 for	 de	 até	 R$	 100,00,	 admite-se	 a
aplicação	do	Princípio	da	Insignificância
Contudo,	 perceba	 que	 esse	 critério	 matemático,	 puramente	 objetivo,	 não	 é	 adotado	 de
forma	isolada.	Tal	critério	soma-se	aos	vetores	da	insignificância,	estudados	na	última	aula,	quais
sejam:
•	mínima	ofensividade	da	conduta;
•	inexistência	de	periculosidade	social	da	ação;
•	reduzidíssimo	grau	de	reprovabilidade	do	comportamento;	e,
•	inexpressividade	da	lesão	jurídica	provocada.
Note-se	que	ao	estabelecer	esse	critério	objetivo[1]	de	10%	do	salário	mínimo,	o	STJ	trata
da	inexpressividade	da	lesão	jurídica	provocada.
Ademais,	quando	se	fala	em	reiteração	da	conduta	delitiva	é	necessário	atenção,	pois	se	o
sujeito	 se	 dedica	 a	 atividades	 criminosas,	 o	 modus	 vivendi	 e	 a	 habitualidade	 à	 dedicação	 a
atividade	criminosa	é	incompatível	com	a	insignificância.
Assim,	caso	o	sujeito	furte	um	objeto	de	pequeno	valor,	mas	a	conduta	seja	reiterada,	pois
o	 agente	 se	 dedica	 a	 essas	 atividades	 de	 crimes	 patrimoniais,	 a	 reiteração	 delituosa	 pode	 será
óbice	à	aplicação	da	insignificância	ou	bagatela.
Isso	 porque,	 embora	 aparentemente	 a	 afetação	 seja	 de	 pequeno	 valor	 (em	 vista	 da
inexpressividade	da	lesão	jurídica	provocada),	quando	a	prática	delituosa	é	reiterada,	há	prejuízo
aos	vetores	da	Insignificância,	ante	a	ofensividade	da	conduta,	a	periculosidade	social	da	ação	e	a
reprovabilidade	do	comportamento
Nesses	termos	no	exemplo	do	julgado,	que	é	um	caso	de	furto,	não	há	aplicabilidade	da
insignificância,	tendo	em	vista	a	reiteração	delituosa	[2].
Direito	Penal	-	Parte	Geral	–	Marcelo	Uzeda
Aula5	-	Princípio	da	Insignificância
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Curso	Ênfase	©	2019
Contudo	 o	 STJ	 ressalva	 que,	 ainda	 que	 haja	 reincidência,	 o	 Princípio	 da	 Bagatela	 ou
Insignificância	 pode	 ser	 aplicado	 quando	 demonstrado	 ser	 tal	 medida	 recomendável	 diante	 das
circunstâncias	concretas.	Em	 suma,	a	 análise	é	 casuística,	mas	 os	quatro	 vetores	devem	estar
presentes	cumulativamente	para	o	reconhecimento	da	insignificância.
Para	mais,	no	caso	em	tela,	além	de	o	paciente	se	multireincidente	[3],	inclusive	em	delitos
patrimoniais,	 o	 valor	 das	 coisas	 subtraídas	 em	 espécie	 (R$	 200,00)	 [4]	 e	 a	 res	 furtiva	 (uma
carteira	de	cigarro),	não	autorizam	a	incidência	da	bagatela.
Isso	porque,	o	montante	de	R$	200,00	equivalia	à	época	mais	de	20%	do	valor	do	salário
mínimo,	 ultrapassando,	 portanto,	 o	 parâmetro	 de	 10%	 estabelecido	 pelo	 STJ.	 Além	 disso,	 há	 a
multirreincidência,	ou	seja,	a	delinquência	habitual	(postura	do	sujeito	como,	reiteradamente,	autor
de	furto	e	de	dedicação	à	atividade	delituosa).	Portanto,	a	conduta	é	incompatível	com	o	princípio
da	insignificância,	na	medida	em	que	apresenta	reprovabilidade	social	e	periculosidade.
Outrossim,	em	caso	recente	(2018),	o	Superior	Tribunal	de	Justiça	tratou	da	subtração	de
R$	4,80.	Embora	o	valor	seja	notadamente	 ínfimo,	o	STJ	não	aplicou	a	 insignificância,	porque	a
autora	do	furto	se	valeu	do	seu	filho,	menor	impúbere,	para	subtrair	esse	valor	de	um	cofre	de
uma	instituição	de	amparo	a	pessoas	em	tratamento	de	câncer.	Nesse	cenário,	o	STJ	afastou	a
insignificância,	 em	 vista	 da	 reprovabilidade	 do	 comportamento,	 em	 detrimento	 do	 valor	 da	 res
furtivae	[5].
Ademais,	vejamos	outro	julgado	do	STJ.
1.2.	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA:	HC:	395.690	SP
In	 casu,	 não	 há	 se	 falar	 em	 aplicação	 do	 princípio	 da	 insignificância,	 diante	 da
especial	 gravidade	 depreendida	 da	 continuidade	 delitiva	 (subtração	 de
bens	 de	 duas	 lojas),	 bem	 como	 do	 valor	da	 res	 (duas	 bermudas	 e	 uma	 faca,
avaliadas	 em	 R$	 150,00)	 que	 não	 é	 ínfimo,	 além	 do	 fato	 de	 ser	 o	 paciente
reincidente	específico,	 contando	 com	 ao	 menos	 três	 condenações	 anteriores,
valoradas	 nas	 duas	 primeiras	 fases	 da	 dosimetria.	 Em	 tais	 circunstâncias,	 não	 há
como	 reconhecer	 o	 caráter	 bagatelar	 do	 comportamento	 imputado,	 havendo
afetação	do	bem	jurídico.
(STJ	-	HC:	395690	SP	2017/0081930-5,	Relator:	Ministra	MARIA	THEREZA	DE	ASSIS
MOURA,	Data	de	Publicação:	DJ	20/04/2017)
Perceba	que	o	STJ	tem	usado	o	critério	dos	10%	do	salário	mínimo.	Nesse	caso,	o	valor	da
res	 furtivae	 é	 de	 R$	 150,00,	 superando	 o	 patamar	 estabelecido	 pelo	 Tribunal.	 Além	 disso,	 há
continuidade	delitiva	e	reincidência	específica	(três	condenações	anteriores	por	crime	patrimonial,
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por	furto).	Em	tais	circunstâncias,	afirma	o	STJ,	não	há	como	reconhecer	o	caráter	bagatelar	do
comportamento	imputado,	havendo	afetação	do	bem	jurídico,
Observe	que	os	 vetores	da	 insignificância	não	 estão	presentes,	 razão	pela	 qual	houve	o
afastamento	do	Princípio	da	Insignificância,	enquanto	causa	supralegal	de	atipicidade.
Para	mais,	verifique	o	julgado	seguinte.
1.3.	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA:	PROAFR	NO	RESP:	1709029	MG
Nesse	caso,	trata-se	de	tema	afeto	à	área	federal,	na	medida	que	diz	respeito	ao	crime	de
descaminho	 e	 o	 valor	 para	 a	 aplicação	 do	 princípio	 da	 insignificância.	 Tem-se,	 dessa	 feita,	 tema
obrigatório	em	prova	e	que	certamente	será	cobrado	nas	provas	para	Delegado	Federal,	Defensor
Federal,	 AGU,	 Procurador	 Federal	 e	 Procurador	 da	 Fazenda.	 E	 que,	 portanto,	 merece	 muita
atenção.
Essa	 decisão	 é	 recente,	 e	 modificou	 o	 entendimento	 [6],	 fixando	 novo	 patamar	 para
aplicação	do	Princípio	da	Insignificância,	em	R$	20.000,00.	Observe:
RECURSO	 ESPECIAL.	 PROPOSTA	 DE	 AFETAÇÃO	 PARA	 FINS	 DE	 REVISÃO	 DO
TEMA	 N.	 157.	 APLICAÇÃO	 DO	 PRINCÍPIO	 DA	 INSIGNIFICÂNCIA	 AOS	 CRIMES
TRIBUTÁRIOS	 FEDERAIS	 E	 DE	 DESCAMINHO,	 CUJO	 DÉBITO	 NÃO	 EXCEDA	 R$
10.000,00	(DEZ	MIL	REAIS).	ART.	20	DA	LEI	N.	10.522/2002.	ENTENDIMENTO	QUE
DESTOA	DA	ORIENTAÇÃO	CONSOLIDADA	NO	STF,	QUE	TEM	RECONHECIDO	A
ATIPICIDADE	MATERIAL	COM	BASE	NO	PARÂMETRO	FIXADO	NAS	PORTARIAS	N.
75	E	130/MF	-	R$	20.000,00	(VINTE	MIL	REAIS).	AFETADO	O	RECURSO	PARA	FINS
DE	 ADEQUAÇÃO	 DO	 ENTENDIMENTO.	 Considerando	 os	 princípios	 da	 segurança
jurídica,	da	proteção	da	confiança	e	da	 isonomia,	nos	termos	do	art.	927,	§	4º,	do
Código	 de	 Processo	 Civil,	 afetou-se	 recurso	 especial	 para	 fins	 de	 revisão	 da	 tese
fixada	no	REsp	n.	1.112.748/TO	(representativo	da	controvérsia)	-	Tema	157	(Relator
Ministro	 Felix	 Fischer,	 DJe	 13/10/2009),	a	fim	de	adequá-la	ao	entendimento
externado	pela	Suprema	Corte,	 no	 sentido	 de	 considerar	 o	 parâmetro	 fixado
nas	Portarias	n.	75	e	130/MF	-	R$	20.000,00	(vinte	mil	reais),	para	aplicação	do
princípio	 da	 insignificância	 aos	 crimes	 tributários	 federais	 e	 de
descaminho.
(STJ	-	ProAfR	no	REsp:	1709029	MG	2017/0251879-9,	Relator:	Ministro	SEBASTIÃO
REIS	 JÚNIOR,	 Data	 de	 Julgamento:	 28/11/2017,	 S3	 -	 TERCEIRA	 SEÇÃO,	 Data	 de
Publicação:	DJe	01/12/2017)
Nesse	contexto,	o	Supremo	Tribunal	Federal	 tem	acolhido,	por	maioria	 (não	sendo	ainda
pacífico),	 considerando	 o	 parâmetro	 fixado	 nas	 portarias	 75	 e	 130	 do	 Ministério	 da	 Fazenda,	 o
patamar	de	R$	20.000,00	para	a	incidência	do	princípio	da	insignificância	nos	crimes	tributários
Direito	Penal	-	Parte	Geral	–	Marcelo	Uzeda
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Curso	Ênfase	©	2019
federais	e	no	crime	de	descaminho.
Logo,	verifica-se	que	a	jurisprudência	expandiu	a	análise	da	questão,	passando	a	aplicá-la,
também,	aos	crimes	tributários	federais.
Nesse	âmbito,	para	que	se	compreenda	a	lógica	aplicada,	rememore	a	redação	do	art.	20
da	Lei	10.522/2002,	ipsis	litteris:
Art.	 20.	 Serão	 arquivados,	 sem	 baixa	 na	 distribuição,	 mediante	 requerimento	 do
Procurador	da	Fazenda	Nacional,	os	autos	das	execuções	fiscais	de	débitos	inscritos
como	Dívida	Ativa	da	União	pela	Procuradoria-Geral	da	Fazenda	Nacional	ou	por	ela
cobrados,	de	valor	consolidado	igual	ou	inferior	a	R$	10.000,00	(dez	mil	reais).
Ademais,	acrescente-se	que	esse	valor	(de	R$	10.000,00)	foi	alterado	pelas	Portarias	75	e
130	do	Ministério	da	Fazenda,	de	modo	que	são	arquivados,	sem	baixa	na	distribuição	[7],	aqueles
lançamentos	e	inscrições	em	dívida	ativa	de	até	R$	20.000,00.
Tal	entendimento	é	aplicado	em	razão	de	uma	lógica	simples:	a	movimentação	da	máquina
estatal	e	da	Procuradoria	da	Fazenda	para	executar	tributos	de	até	R$	20.000,00	não	compensa.
Ou	seja,	o	custo	para	executar	não	compensa	frente	ao	que	seria	arrecadado,	de	modo	que	são
arquivados,	sem	baixa	na	distribuição,	até	que	esses	valores	estejam	consolidados,	ultrapassando
o	montante	de	R$	20.000,00.
Nesse	sentido,	é	empregado	o	seguinte	raciocínio:	se	não	há	execução	fiscal	desses	valores
[8],	por	que	o	direito	penal,	que	é	a	ultima	ratio,	deveria	incidir?	Isto	é,	se	a	Fazenda	Pública	não
cobra	(e	tem	autorização	legal	para	isso),	por	que	o	Direito	Penal,	que	é	subsidiário	e	ultima	ratio,
deveria	incidir	nesse	caso	criminalizando	esse	comportamento?
Desse	modo,	o	princípio	da	insignificância	deverá	ser	aplicado	a	crimes	tributários	federais	e
de	descaminho	quando	o	débito	 tributário	verificado	não	ultrapassar	o	 limite	de	R$	20.000,00	a
teor	do	artigo	20	da	Lei	10.522/2002.
Superado	o	tema	[9],	analise	a	Súmula	a	seguir	colacionada.
1.4.	SÚMULA	606	DO	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA
A	Súmula	606	do	Superior	Tribunal	de	Justiça	dispõe,	in	verbis:
Não	se	aplica	o	princípio	da	insignificância	a	casos	de	transmissão	clandestina	de	sinal
de	internet	via	radiofrequência,	que	caracteriza	o	fato	típico	previsto	no	art.	183	da
Lei	nº	9.472/1997.
Direito	Penal	-	Parte	Geral	–	Marcelo	Uzeda
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Curso	Ênfase	©	2019
Logo,	o	princípio	da	insignificância	não	será	aplicado	aos	casos	de	transmissão	clandestina
de	sinal	de	internet	via	radiofrequência,	visto	que	a	conduta	está	tipificada	no	artigo	183	da
Lei	Geral	de	Telecomunicações,	in	verbis:
Art.	183.	Desenvolver	clandestinamente	atividades	de	telecomunicação:
Pena	-	detenção	de	dois	a	quatro	anos,	aumentada	da	metade	se	houver	dano	a
terceiro,	e	multa	de	R$	10.000,00	(dez	mil	reais).
Parágrafo	único.	Incorre	na	mesma	pena	quem,	direta	ou	indiretamente,	concorrer
para	o	crime
Nesse	âmbito,	lembre-se	da	rádio	pirata	e	dos	provedores	de	internet	via	rádio,	etc.
Por	óbvio,	para	que	alguém	explore	o	sinal	do	provedor	de	internet	via	rádio,	deve	obter	a
autorização	do	órgão	competente,	de	modo	que	a	emissão	ou	a	transmissão	clandestina	de	sinal
de	internet	via	radiofrequência	caracteriza	o	crime	do	artigo	183.	E,	nesses	casos,	não	há	que	se
falar	em	insignificância,	conforme	Súmula	606	do	Superior	Tribunal	de	Justiça.
Ademais,	 no	 caso	 da	 rádio	 clandestina,	 poderá	 ser	 aplicada	 a	 insignificância	 desde	 que
preenchidos	alguns	critérios	(como,	por	exemplo,	com	relação	à	potência	do	transmissor).
Adiante,	verifique	a	Súmula	599	do	STJ.
1.5.	SÚMULA	599	DO	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA
A	Súmula	599	do	Superior	Tribunal	de	Justiça	dispõe,	ipsis	litteris:
O	princípio	da	insignificância	é	inaplicável	aos	crimes	contra	administração	pública.
Nesse	 ínterim,	 podemos	 verificar	 alguns	 precedentes,	 principalmente	 no	 âmbito	 do	 STF,
aplicando	a	insignificância	em	crimes	contra	a	administração,	mas	a	jurisprudência	atual	está	mais
rigorosa.	
Para	mais,	observe	a	Súmula	589	do	STJ.
1.6.	SÚMULA	589	DO	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA
Em	que	pese	a	Súmula	589	do	STJ	não	guarde	pertinência	temática	com	a	esfera	federal,
é	importante	conhecê-la,	visto	que	é	relativamente	recente.	Desse	modo,	verifique	a	sua	redação
a	seguir	transcrita:
É	 inaplicável	 o	 princípio	 da	 insignificância	 nos	 crimes	 ou	 contravenções	 penais
praticados	contra	a	mulher	no	âmbito	das	relações	domésticas.
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Logo,	o	dispositivo	versa	sobre	violência	contra	a	mulher,	e	pode	ser	aplicado,	por	exemplo,
em	vias	de	fato.
Outrossim,	 ainda	 acerca	 da	 Princípio	 da	 Insignificância,	 segue-se	 na	 análise	 de	 outros
julgados.
1.7.	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA:	RESP	1.535.956-RS
Outro	exemplo	encontrado	na	jurisprudência	da	não	aplicação	do	princípio	da	insignificância
diz	respeito	ao	dólar-cabo,	e	foi	veiculado	no	informativo	nº	578	do	STJ,	nos	termos	seguintes:
Nos	casos	de	evasão	de	divisas	praticada	mediante	operação	do	tipo	"dólar-cabo",
não	é	possível	utilizar	o	valor	de	R$	10	mil	como	parâmetro	para	fins	de	aplicação	do
princípio	da	insignificância.
A	 legislação	 autoriza,	 em	 relação	 ao	 valor	 inferior	 a	 R$	 10.000,00	 (ou	 seu
equivalenteem	 moeda	 estrangeira),	 apenas	 a	 saída	 física	 de	 moeda	 sem
comunicação	 às	 autoridades	 brasileiras.	 No	 caso	 de	 transferência	 eletrônica,	 saída
meramente	escritural	da	moeda,	a	lei	exige,	de	forma	exclusiva,	o	processamento
através	 do	 sistema	 bancário,	 com	 perfeita	 identificação	 do	 cliente	 ou	 beneficiário
(Lei	n°	9.069/1995,	art.	65,	caput)
No	 caso	 das	 operações	 “dólar-cabo”	 existe	 uma	 grande	 facilidade	 na
realização	 de	 centenas	 ou	 até	 milhares	 de	 operações	 fragmentadas
sequenciais	[10].	É	muito	mais	simples	do	que	a	transposição	física,	por	diversas
vezes,	 das	 fronteiras	 do	 país	 com	 valores	 inferiores	 a	 R$	 10.000,00.	 Admitir	 a
atipicidade	das	operações	do	tipo	“dólar-cabo”	com	valores	inferiores	a	R$	10.000,00
é	fechar	a	janela,	mas	deixar	a	porta	aberta	para	a	saída	clandestina	de	divisas.	6.	A
evasão	 de	 divisas	 pode	 ser	 praticada	 de	 diversas	 formas,	 desde	 meios	 muito
rudimentares	 –	 como	 a	 simples	 saída	 do	 país	 com	 porte	 de	 dinheiro	 em	 valor
superior	a	dez	mil	reais	sem	comunicação	às	autoridades	brasileiras	–	até	a	utilização
de	complexos	esquemas	de	remessas	clandestinas..
(REsp	1.535.956-RS,	Rel.	Min.	Maria	Thereza	de	Assis	Moura,	julgado	em	1/3/2016,
DJe	9/3/2016).
Em	princípio,	tal	julgado	é	muito	relevante,	pois	envolve	crime	de	esfera	federal,	qual	seja	o
crime	do	art.	22	da	Lei	7.492/1986.
Assim,	se	o	sujeito	faz	viagem	internacional	e	leva	consigo	menos	de	R$	10.000,00,	ou	o
equivalente	em	moeda	estrangeira,	a	ausência	de	declaração	é	atípica.	Isso	é,	a	pessoa	que	leva
R$	9.999,00,	ou	o	equivalente	em	dólares,	sem	declarar	às	autoridades,	não	comete	crime.
Portanto,	quando	a	saída	do	indivíduo	(portando	os	valores)	for	física,	e	o	montante	for	de
até	R$	10.000,00,	não	há	evasão	de	divisas.	Contudo,	superado	esse	valor,	há	crime.
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Aula5	-	Princípio	da	Insignificância
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No	 que	 se	 refere	 especificamente	 ao	 dólar-cabo,	 a	 operação	 ocorre	 por	 transferência
eletrônica,	 e	 quando	 não	 comunicada	 às	 autoridades,	 independentemente	 do	 valor,	 configura
evasão	de	divisas.	Isso	porque,	a	fiscalização	é	mais	difícil	no	meio	eletrônico.
Adiante,	 verifica-se	 que	 o	 princípio	 da	 insignificância	 não	 se	 aplica	 aos	 crimes	 de
contrabando,	senão	vejamos:
1.8.	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA:	RESP:	1735749	PR
RECURSO	 ESPECIAL.	 CONTRABANDO	 DE	 CIGARROS.	 PRINCÍPIO	 DA
INSIGNIFICÂNCIA.	 INAPLICABILIDADE.	 INSURGÊNCIA	 PROVIDA.	 1.	 Os	 Tribunais
Superiores	 possuem	 entendimento	 consolidado	 de	 que	 o	 princípio	 da
insignificância	não	se	aplica	aos	crimes	de	contrabando	de	 cigarros,	 por
menor	que	possa	ter	sido	o	resultado	da	lesão	patrimonial,	pois	a	conduta	atinge
outros	 bens	 jurídicos,	 como	 a	 saúde,	 a	 segurança	 e	 a	 moralidade
públicas.	Precedentes	do	STF	e	do	STJ.	2.	Ao	manter	a	rejeição	da	denúncia,	por
considerar	insignificante	a	importação	irregular	de	290	(duzentos	e	noventa)	maços
de	cigarros	de	origem	e	de	procedência	estrangeira	(art.	334-A	do	CP),	o	acórdão
impugnado	dissentiu	da	jurisprudência	sobre	o	tema.	3.	Recurso	especial	provido.
(STJ	-	REsp:	1735749	PR	2018/0088329-6,	Relator:	Ministro	JORGE	MUSSI,	Data	de
Julgamento:	07/08/2018,	T5	-	QUINTA	TURMA,	Data	de	Publicação:	DJe	17/08/2018)
Trata-se	de	julgado	recente,	de	agosto	de	2018,	dispondo	que	o	princípio	da	insignificância
não	se	aplica	aos	crimes	de	contrabando	de	cigarros,	e	contrabando	em	geral.	 Isso	porque,	por
menor	que	possa	ter	sido	a	lesão	patrimonial,	a	conduta	atinge	outros	bens	jurídicos	como	a	saúde
pública,	a	segurança	e	a	moralidade.
Em	 suma,	 não	 se	 aplica	 o	 princípio	 da	 bagatela	 ao	 crime	 de	 contrabando,	 consoante
entendimento	pacificado	no	STJ	e	no	STF.
Ademais,	verifique	o	julgado	a	seguir.
1.9.	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA:	AGRG	NO	RESP	1729206	/	PR
PENAL.	 AGRAVO	 REGIMENTAL	 NO	 RECURSO	 ESPECIAL.	 DESCAMINHO.
HABITUALIDADE	DELITIVA.	PRINCÍPIO	DA	 INSIGNIFICÂNCIA.	NÃO	 INCIDÊNCIA.
AGRAVO	DESPROVIDO.	1.	Esta	Corte	Superior	entende	ser	incabível	a	aplicação
do	 princípio	 da	 insignificância	 quando	 constatada	 a	 habitualidade	 delitiva	 nos
crimes	de	descaminho,	 configurada	 tanto	pela	multiplicidade	de	procedimentos
administrativos	quanto	por	ações	penais	ou	inquéritos	policiais	em	curso.	2.	Agravo
regimental	desprovido.	
(AgRg	no	REsp	1729206	/	PR,	Rel.	Ministro	JOEL	ILAN	PACIORNIK,	QUINTA	TURMA,
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julgado	em	07/08/2018,	Dje	15/08/2018)
O	julgado	preceitua	que	não	se	admite	a	aplicação	do	princípio	da	insignificância	quando	há
habitualidade	delitiva	nos	crimes	de	descaminho.
Nesse	sentido,	o	patamar	de	R$	20.000,00,	anteriormente	citado,	é	considerado	para	um
fato	 isolado.	 Desse	 modo,	 se	 o	 sujeito	 reitera	 (ou	 seja,	 há	 multiplicidade	 de	 procedimentos
administrativos,	 ações	 penais	 ou	 inquéritos	 em	 curso)	 não	 é	 aplicado	 o	 Princípio.	 Aqui,	 o	 STJ
entende	que	não	há	violação	a	Presunção	de	Inocência	e	que	são	indicativos	de	reiteração.
Assim,	 por	 exemplo,	 se	 o	 sujeito	 pratica	 várias	 viagens	 ao	 Paraguai	 e	 traz	 mercadorias
sem	 recolher	 o	 tributo	 devido,	 pratica	 descaminho	 várias	 vezes.	 Ainda	 que	 o	 montante	 não
ultrapasse	R$	20.000,00.	A	reiteração	delitiva	afasta	a	insignificância,	porque	esta	conduta	carrega
reprovabilidade	social	e	periculosidade	social	do	comportamento.
Portanto,	 a	 questão	 patrimonial	 não	 é	 a	 única	 considerada,	 visto	 que	 a	 conduta	 atinge
também	outros	interesses	como	a	livre	concorrência,,	a	economia	popular,	os	consumidores	e,	por
óbvio,	o	Fisco	que	não	recolhe	o	tributo	devido.
Outrossim,	 analisemos	 outro	 caso	 a	 respeito	 do	 princípio	 da	 insignificância	 no	 tocante	 à
posse	de	munição.
1.10.SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA:	HC	446915	RS	[11]
	PENAL	E	PROCESSO	PENAL.	 IMPETRAÇÃO	SUBSTITUTIVA	DE	RECURSO.	NÃO
CABIMENTO.	 POSSE	 DE	 MUNIÇÕES.	 AUSÊNCIA	 DE	 ARMA.	 IRRELEVÂNCIA.
CRIME	DE	PERIGO	ABSTRATO.	APLICAÇÃO	DO	PRINCÍPIO	DA	INSIGNIFICÂNCIA.
POSSIBILIDADE.	 PEQUENA	 QUANTIDADE	 DE	 MUNIÇÃO.	 AUSÊNCIA	 DE
ARTEFATO.	 PRECEDENTES	 DO	 STF	 E	 DO	 STJ.	 ENTENDIMENTO	 QUE	 NÃO	 PODE
LEVAR	 À	 PROTEÇÃO	 DEFICIENTE.	 NECESSIDADE	 DE	 ANÁLISE	 DO	 CASO
CONCRETO.	 POSSE	 DE	 2	 MUNIÇÕES	 DESACOMPANHADAS	 DE	 ARMA.
INEXPRESSIVIDADE	 DA	 LESÃO.	 ORDEM	 CONCEDIDA	 DE	 OFÍCIO,	 PARA
ABSOLVER	 O	 PACIENTE.	 1.	 O	 Supremo	 Tribunal	 Federal	 e	 o	 Superior	 Tribunal	 de
Justiça,	 diante	 da	 utilização	 crescente	 e	 sucessiva	 do	 habeas	 corpus,	 passaram	 a
restringir	sua	admissibilidade	quando	o	ato	ilegal	for	passível	de	impugnação	pela	via
recursal	própria,	sem	olvidar	a	possibilidade	de	concessão	da	ordem,	de	ofício,	nos
casos	de	flagrante	ilegalidade.	2.	Não	há	se	falar	em	atipicidade	em	virtude
da	apreensão	da	munição	desacompanhada	de	arma	de	fogo,	porquanto	a
conduta	narrada	preenche	não	apenas	a	tipicidade	formal	mas	também	a	material,
uma	 vez	 que	 "o	 tipo	 penal	 visa	 à	 proteção	 da	 incolumidade	 pública,	 não	 sendo
suficiente	 a	 mera	 proteção	 à	 incolumidade	 pessoal"	 (AgRg	 no	 REsp	 n.
1.434.940/GO,	Sexta	Turma,	Rel.	Min.	Rogerio	Schietti	Cruz,	DJe	de	4/2/2016).	Nesse
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contexto,	 verifico	 que	 permanece	 hígida	 a	 jurisprudência	 do	 Superior
Tribunal	de	Justiça,	bem	como	do	Supremo	Tribunal	Federal,	no	sentido	de	que	a
posse	de	munição,	mesmo	desacompanhada	de	arma	apta	a	deflagrá-la,	continua	a
preencher	 a	 tipicidade	 penal,	 não	 podendo	 ser	 considerada	 atípica	 a	 conduta.	 3.
Passou-se	 a	 admitir,	 no	 entanto,	 a	 incidência	 do	 princípio	 da
insignificância	 quando	 se	 tratar	 de	 posse	 de	 pequena	 quantidade	 de
munição,	 desacompanhada	 de	 armamento	 capaz	 de	 deflagrá-la,	 uma	 vez	 que
ambas	 as	 circunstâncias	 conjugadas	 denotam	 a	 inexpressividade	 da	 lesão	 jurídicaprovocada.	Precedentes	do	STF	e	do	STJ.	4.	A	possibilidade	de	incidência	do	princípio
da	 insignificância	não	pode	 levar	à	situação	de	proteção	deficiente	ao	bem	jurídico
tutelado.	Portanto,	não	se	deve	abrir	muito	o	espectro	de	sua	incidência,	que	deve
se	dar	apenas	quando	efetivamente	mínima	a	quantidade	de	munição	apreendida,
em	conjunto	com	as	circunstâncias	do	caso	concreto,	a	denotar	a	inexpressividade
da	 lesão.	 Com	 efeito,	 analisando	 os	 precedentes,	 verifico	 a	 insignificância	 se
apresenta	 em	 situações	 nas	 quais	 se	 portava	 de	 1	 a	 7	 munições.	 Outrossim,	 a
Quinta	 Turma	 já	 considerou	 que	 a	 apreensão	 de	 20	 projéteis	 não	 autorizava	 a
aplicação	do	mencionado	princípio.	5.	A	situação	apresentada	está	mais	próxima	das
hipóteses	 em	 que	 se	 reconheceu	 a	 possibilidade	 de	 incidência	 do	 princípio	 da
insignificância,	 possuindo,	 assim,	 a	 nota	 de	 excepcionalidade	 que	 autoriza	 a
incidência	 do	 referido	 princípio,	 porquanto	 apreendidos	 2	 cartuchos	 de	 calibre
.40,	desacompanhados	de	arma	de	 fogo.	 6.	 Habeas	 corpus	 não	 conhecido.
Ordem	concedida	de	ofício	para	absolver	o	paciente	pelo	crime	tipificado	no	art.	12
da	Lei	nº	10.826/03.
(STJ	 -	HC:	446915	RS	2018/0093867-7,	Relator:	Ministro	REYNALDO	SOARES	DA
FONSECA,	 Data	 de	 Julgamento:	 07/08/2018,	 T5	 -	 QUINTA	 TURMA,	 Data	 de
Publicação:	DJe	15/08/2018)
ATENÇÃO:
O	 julgado	 pontua	 que	 permanece	 hígida	 a	 jurisprudência	 do	 STJ,	 bem	 como	 do	 STF,	 no
sentido	 de	 que	 a	 posse	 de	 munição,	 mesmo	 desacompanhada	 de	 arma	 apta	 a	 deflagrá-la,
continua	a	preencher	a	tipicidade	penal,	não	podendo	ser	considerada	atípica	a	conduta.
Contudo,	passou-se	a	admitir,	a	 incidência	do	princípio	da	insignificância	quando	se	tratar
de	 posse	 de	 pequena	 quantidade	 de	 munição,	 desacompanhada	 de	 armamento	 capaz	 de
deflagrá-la,	 uma	 vez	 que	 ambas	 as	 circunstâncias	 conjugadas	 denotam	 a	 inexpressividade	 da
lesão	jurídica	provocada
Adiante,	dispõe	o	julgado	que	a	possibilidade	de	incidência	do	princípio	da	insignificância	não
pode	levar	à	situação	de	proteção	deficiente	ao	bem	jurídico	tutelado.	Portanto,	não	se	deve	abrir
muito	 o	 espectro	 da	 sua	 incidência,	 a	 qual	 deve	 se	 restringir	 àqueles	 casos	 em	 que	 for
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efetivamente	mínima	a	quantidade	de	munição	apreendida	e,	em	conjunto	com	as	circunstâncias
do	caso	concreto,	apure-se	a	inexpressividade	da	lesão	jurídica	provocada.
Desta	feita,	verifica-se	que	os	Tribunais	Superiores	têm	adotado	um	posicionamento	mais
rigoroso	quanto	à	insignificância.
Para	 mais,	 na	 decisão,	 pontua-se	 que	 tem	 sido	 admitida	 a	 incidência	 da	 Insignificância
quando	 o	 agente	 porta	 de	 1	 a	 7	 munições.	 Entretanto,	 a	 jurisprudência	 não	 se	 vale	 de	 critério
meramente	matemático,	analisam-se	as	circunstâncias	de	cada	caso	concreto.
Acrescentou-se,	ainda,	que	a	Quinta	Turma	já	considerou	que	a	apreensão	de	20	projéteis
não	autoriza	a	aplicação	do	princípio.
Ademais,	in	casu,	a	situação	se	aproximava	da	possibilidade	de	 incidência	do	princípio	da
insignificância,	visto	que	o	agente	portava	2	cartuchos	de	calibre	.40	desacompanhados	de	arma
de	fogo,	atendendo,	portanto	aos	critérios	elencados	pela	jurisprudência	do	STJ.	Restando,	desse
modo,	absolvido	o	acusado.[12]
Em	essência,	portanto,	a	jurisprudência	admite	a	aplicação	do	Princípio	da	Bagatela	no	caso
de	(a)	apreensão	de	pequena	quantidade	de	munição,	(b)	desacompanhada	de	arma	de	fogo.
Nesse	contexto,	deve-se	ter	atenção	nas	provas	do	CESPE:
•	Se	a	banca	dispor	sobre	“apreensão	de	munição	desacompanhado	de	arma	de	fogo”
trata-se	de	fato	típico;	mas,
•	se	referir	a	“apreensão	de	pequena	quantidade	munição	desacompanhada	do
armamento,	há	aproximação	à	posição	jurisprudencial	e	ao	entendimento	do	STJ	e	do	STF,
sendo	viável	a	aplicação	do	Princípio	da	Insignificância.
Por	fim,	analise	a	questão	da	(não)	aplicação	do	princípio	da	insignificância	na	importação
de	simulacros.
1.11.	SUPERIOR	TRIBUNAL	DE	JUSTIÇA:	RESP:	1727222	PR
RECURSO	ESPECIAL.	CONTRABANDO.	IMPORTAÇÃO	DE	SIMULACRO	DE	ARMA
DE	 FOGO.	 TIPICIDADE.	 ARTIGO	 26	 DA	 LEI	 N.	 10.826/2003.	 BEM	 JURÍDICO
TUTELADO.	 SEGURANÇA	 E	 INCOLUMIDADE	 PÚBLICAS.	 NÃO	 INCIDÊNCIA	 DO
PRINCÍPIO	 DA	 INSIGNIFICÂNCIA.	 1.	 Nos	 termos	 do	 artigo	 26	 da	 Lei	 n.
10.826/2003,	 são	 vedadas	 a	 fabricação,	 a	 venda,	 a	 comercialização	e	 a
importação	de	brinquedos,	réplicas	e	simulacros	de	armas	de	fogo,	 que
com	estas	se	possam	confundir.	2.	A	importação	de	arma	de	brinquedo	capaz	de
ser	confundida	com	verdadeira	configura	o	delito	de	contrabando,	diante
da	 proibição	 contida	 no	 artigo	 26	 da	 Lei	 n.	 10.826/2003,	 considerando	 os	 riscos	 à
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segurança	 e	 incolumidade	 públicas.	 3.	 No	 crime	 de	 contrabando	 a	 tutela	 jurídica
volta-se	não	apenas	ao	interesse	estatal	patrimonial,	mas	também	à	segurança	e	à
incolumidade	 pública,	 de	 modo	 a	 afastar	 a	 incidência	 do	 princípio	 da
insignificância.	Precedentes.	4.	Recurso	provido.
(STJ	-	REsp:	1727222	PR	2018/0045379-3,	Relator:	Ministro	JORGE	MUSSI,	Data	de
Julgamento:	02/08/2018,	T5	-	QUINTA	TURMA,	Data	de	Publicação:	DJe	10/08/2018)
Logo,	o	STJ	fixou	entendimento	no	sentido	que,	nos	termos	do	artigo	26	da	Lei	de	Armas,
são	vedadas	a	 fabricação,	a	venda,	a	comercialização	e	a	 importação	de	brinquedos,	 réplicas	e
simulacros	de	arma	de	fogo	que	com	estas	possam	se	confundir.
Proíbe-se,	portanto,	a	detenção	de	réplica,	brinquedo	ou	simulacro	hábil	a	gerar	o	risco	de
confusão	 com	 uma	 arma	 real.	 Entretanto,	 embora	 vedada	 pelo	 artigo	 26,	 esta	 conduta	 não	 é
criminalizada	na	Lei	de	Armas.
Contudo,	 configura-se	 a	 prática	 do	 delito	 de	 contrabando,	 na	 medida	 em	 que	 há	 a
importação	de	mercadoria	proibida.	.
Em	 resumo,	 a	 importação	 de	 simulacro	 ou	 réplica	 de	 arma	 de	 fogo,	 que	 possa	 ser
confundida	com	arma	verdadeira	caracteriza	contrabando,	pois	tal	conduta	é	vedada	pela	Lei	de
Armas.	Todavia,	reitere-se:
•	Não	há	criminalização	da	conduta	pela	Lei	de	Armas,	a	qual	se	restringe	a	proibir	a	prática;
•	não	é	contrabando	de	armas	ou	o	tráfico	de	armas;
•	é	contrabando	genérico	do	334	do	Código	Penal;
Por	 fim,	 pontue-se	 que	 se	 trata	 de	 assunto	 muito	 importante	 para	 fins	 de	 prova,	 em
especial	para	Delegado	Federal.
2.	NOTAS	DE	RODAPÉ
[1]	a	decisão	é	recente.
[2]	.	E	essa	lógica	serve	para	outros	delitos	também.
[3]	Veja-se	que	o	STJ	não	criou	uma	nova	modalidade	de	reincidência,	visto	que	o	uso	da
expressão	"multirreincidência"	apenas	indica	que	o	agente	é	reincidente	e	tem	várias	condenações
com	trânsito	em	julgado.
[4]	 Não	 pode	 ser	 considerado	 ínfimo,	 na	 medida	 em	 que	 representa	 mais	 de	 20%	 do
salário	mínimo	vigente	na	época,	que	era	R$	937.
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[5]	 Nota	 do	 monitor:	 o	 professor	 pontua	 que	 tem	 as	 suas	 críticas	 em	 relação	 a	 essa
decisão.
[6]	Houve	certa	resistência	ao	novo	entendimento.
[7]	Para	fins	de	execução.
[8]	Já	que	a	Fazenda	Nacional	e	a	Procuradoria	da	Fazenda	não	executam	esses	valores,
porque	não	compensa.
[9]	Nota	do	monitor:	o	professor	reforça	que	a	probabilidade	de	o	tema	ser	cobrado	em
prova	é	alta.
[10]	 Permitindo,	 por	 exemplo,	 que	 o	 agente	 faça	 uma	 série	 de	 transferências,
sequencialmente,	de	valores	ate	R$	10.000,00.
[11]	Nota	do	monitor:	O	professor	ressalta	que	esse	julgado	é	muito	importante,	e	que	se
trata	de	decisão	recente.
[12]	 Nota	 do	 monitor:	 o	 professor	 relata	 que	 já	 fez	 defesa	 técnica	 de	 ré	 que	 foi	 presa
portando	mil	cartuchos.	E	que,	ainda	que	ela	não	estivesse	com	a	arma,	seria	inviável	a	aplicação
do	Princípio	da	Insignificância.

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