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Aula69 - Teoria da Pena Parte12

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Curso	Ênfase	©	2019
DIREITO	PENAL	-	PARTE	GERAL	–	MARCELO	UZEDA
AULA69	-	TEORIA	DA	PENA	PARTE12
1.	TEORIA	DA	PENA	-	PARTE	12
1.1	PENA	DE	MULTA
O	professor	 já	havia	comentado	na	Aula	67	que,	nos	crimes,	a	pena	de	multa	pode	ser
cominada	cumulativa	ou	alternativamente	 com	a	pena	privativa	de	 liberdade	ou	PPL	 (primeira
parte	do	art.	1º	da	Lei	de	Introdução	ao	CP	ou	Decreto	3.914/41):
Art.	1º	Considera-se	crime	a	infração	penal	que	a	lei	comina	pena	de	reclusão	ou	de
detenção,	quer	isoladamente,	quer	alternativa	ou	cumulativamente	com	a	pena	de
multa;	(...)
Por	 exemplo,	 pena	 de	 detenção,	 de	 três	meses	 a	 um	 ano,	 e/ou	multa:	 inexistente	 tal
possibilidade.	Na	prevaricação	(art.	319,	CP),	a	pena	de	detenção	é	cumulada	com	a	de	multa:
Prevaricação
Art.	319.	Retardar	ou	deixar	de	praticar,	indevidamente,	ato	de	ofício,	ou	praticá-lo
contra	disposição	expressa	de	lei,	para	satisfazer	interesse	ou	sentimento	pessoal:
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	e	multa.
Na	corrupção	passiva	privilegiada,	a	pena	de	multa	é	alternativamente	cominada	(§	2º	do
art.	317,	CP):
§	2º	Se	o	funcionário	pratica,	deixa	de	praticar	ou	retarda	ato	de	ofício,	com	infração
de	dever	funcional,	cedendo	a	pedido	ou	influência	de	outrem:
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	ou	multa.
Logo,	 a	 pena	 de	multa	 pode	 ser	 cumulada	 ou	 alternativa	 com	 a	 PPL	 nos	 crimes.	 Nas
contravenções	penais,	pode	ser	cominada	dessa	maneira	ou	isoladamente	(segunda	parte	do	art.
1º	 da	 Lei	 de	 Introdução	 ao	 CP	 ou	 Decreto	 3.914/41):	 uma	 distinção	 formal	 entre	 crime	 e
contravenção	penal:
(...)	contravenção,	a	infração	penal	a	que	a	lei	comina,	isoladamente,	pena	de	prisão
simples	ou	de	multa,	ou	ambas,	alternativa	ou	cumulativamente.
A	 pena	 de	 multa	 também	 pode	 ser	 utilizada	 na	 substituição	 da	 pena.	 O	 professor
mencionou	essa	hipótese	na	substituição	da	PPL.
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Trabalharemos	o	critério	legal	para	a	fixação	da	pena	de	multa	(para	a	dosimetria	desta),
sendo	ela	cumulada	ou	alternativa,	ou	substitutiva	da	PPL.
O	que	é	a	pena	de	multa?
Primeira	parte	do	caput	do	art.	49,	CP:
Seção	III	-	Da	Pena	de	Multa
Multa
Art.	 49.	 A	 pena	de	multa	 consiste	 no	pagamento	ao	 fundo	penitenciário	 da
quantia	fixada	na	sentença	(...)
Destinada	ao	fundo	penitenciário.	Antecipando	uma	questão	importante:	a	pena	de	multa,
após	o	trânsito	em	julgado	da	sentença	condenatória,	é	dívida	de	valor	executada	conforme	as
regras	da	execução	fiscal	(art.	51,	CP):
Conversão	da	multa	e	revogação	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
Art.	51.	Transitada	em	 julgado	a	sentença	condenatória,	a	multa	será	considerada
dívida	de	valor,	aplicando-se-lhes	as	normas	da	legislação	relativa	à	dívida	ativa	da
Fazenda	Pública,	inclusive	no	que	concerne	às	causas	interruptivas	e	suspensivas	da
prescrição.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	9.268,	de	1º.4.96)
No	entanto,	originalmente,	possui	natureza	de	sanção	penal	–	a	pena	de	multa	é	sanção
penal	 –	 e	 sua	 execução	 se	 dá	 conforme	 as	 regras	 da	 execução	 fiscal,	 se	 não	 paga
voluntariamente.
OBSERVAÇÃO!	Mais	adiante,	o	professor	aprofundará	a	execução	da	pena	de	multa.
1.1.1	SISTEMA	DE	DIAS-MULTA
Como	a	pena	de	multa	é	fixada?
No	sistema	de	dias-multa:	segue	o	critério	de	dias-multa,	adotado	pelo	CP	(parte	final	da
primeira	parte	do	caput	do	art.	49,	CP):
(...)	calculada	em	dias-multa.	(...)
A	pena	de	dias-multa	mínima	é	de	10	dias-multa	e,	a	máxima,	de	360	dias-multa	(segunda
parte	do	caput	do	art.	49,	CP):
(...)	Será,	no	mínimo,	de	10	e,	no	máximo,	de	360	dias-multa.	(Redação	dada	pela
Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
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Portanto,	qual	o	valor	mínimo	de	dias-multa?
10.
Qual	o	valor	máximo?
360.
OBSERVAÇÃO!	 Pode	 haver	 uma	 multiplicação.	 O	 professor	 mostrará,
posteriormente,	 como	 varia	 essa	 possibilidade,	 de	 acordo	 com	 a	 capacidade	 econômica	 do
condenado.
O	sistema	de	dias-multa	estabelece	valor	pago	pelo	condenado	com	o	trânsito	em	julgado
da	 sua	 sentença	 condenatória:	 a	 pena	 de	 multa	 não	 pode	 ser	 executada	 provisoriamente.
Lembre-se	que	a	execução	provisória	é	permitida	na	PPL:	a	jurisprudência	do	STJ	tem	inadmitido
na	pena	restritiva	de	direitos	(PRD),	bem	como	na	pena	de	multa.
Não	obstante,	o	STF	não	diz	que	PRD	pode	ser	executada	provisoriamente?
Trata-se	de	uma	decisão	da	1ª	Turma.	No	entanto,	as	5ª	e	6ª	Turmas	do	STJ	(a	3ª	Seção	do
STJ)	afirmam	que	não	cabe	execução	provisória	de	PRD.
A	mesma	 lógica	 aplica-se	 a	 pena	de	multa:	 a	 sentença	 condenatória	 deve	 transitar	 em
julgado	para	ser	executada.	O	STF	admite	a	execução	provisória	de	PRD,	todavia,	essa	não	é	uma
decisão	do	seu	Plenário,	mas	da	sua	1ª	Turma.	À	vista	disso,	o	STJ	mantém	sua	divergência	e	a
orientação	da	 sua	3ª	Seção	 se	dá	nessa	 linha:	pela	não	execução	provisória	dessas	penas.	Na
visão	 do	 STJ,	 a	 execução	 provisória	 só	 abrangeria	 PPL,	 visto	 que	 todo	 o	 discurso	 e	 toda
a	fundamentação	adotada	pelo	STF	–	inclusive	no	tocante	à	autoridade	das	decisões	judiciais	–	é	a
PPL.	Sendo	assim,	não	faz	sentido	a	execução	provisória	dessas	outras	penas.
O	professor	 relembra	 tal	 contexto,	pois,	ainda	hoje,	o	 tema	é	polêmico	 -	divergindo	em
parte	o	STF	e	o	STJ	quanto	à	execução	antecipada	da	PRD,	com	o	mesmo	raciocínio	se	aplicando	à
pena	de	multa,	sendo	que,	no	STF,	não	há	referência	de	execução	antecipada	de	pena	de	multa
até	 o	momento.	 Se	 “sair”	 uma	 decisão,	 atualizaremos	 o	material	 (ou	 seja,	 se	 houver	 alguma
novidade	 no	 cenário	 jurisprudencial).	 Até	 o	momento,	 é	 o	 que	 se	 tem	 no	 tocante	 à	 execução
provisória	da	pena	de	multa.
Voltando	 ao	 sistema	 de	 dias-multa,	 a	 pena	 de	 multa	 é	 estabelecida	 por	 essa	 unidade
artificial	 e	 resulta	 da	 multiplicação	 do	 número	 de	 dias-multa	 (de	 10	 a	 360)	 pelo	 valor	 dessa
unidade.	O	valor	do	dia-multa	varia	entre	1/30	do	maior	salário	mínimo	mensal,	vigente	à	época
do	fato,	até	5	vezes	esse	salário	(§	1º	do	art.	49,	CP):
§	1º	O	valor	do	dia-multa	será	fixado	pelo	juiz,	não	podendo	ser	 inferior	a	1/30	do
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maior	salário	mínimo	mensal	vigente	ao	tempo	do	fato	nem	superior	a	5	vezes	esse
salário.	(Incluído	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
IMPORTANTE!	 O	 professor	 já	 se	 deparou	 com	decisão	 –	 contra	 a	 qual	 recorreu	 e	 cujo
recurso	 foi	 provido	 –	 do	 TRF2,	 aplicando	 o	 valor	 do	 salário	 mínimo	 vigente	 no	 momento	 da
condenação.	No	entanto,	 é	o	valor	do	maior	 salário	mínimo	mensal	 vigente	à	época	do	 fato	e
este	é	corrigido	monetariamente	(§	2º	do	art.	49,	CP):
§	 2º	 O	 valor	 da	 multa	 será	 atualizado,	 quando	 da	 execução,	 pelos	 índices	 de
correção	monetária.	(Incluído	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
Deve	ser	respeitado	o	texto	do	§	1º	do	art.	49,	CP,	que	faz	referência	ao	valor	do	maior
salário	mínimo	mensal	vigente	na	data	do	fato,	e	não	no	momento	da	sentença.	Caso	contrário,
configura	violação	da	legalidade.
A	 pena	de	multa	 é	 estabelecida	 de	 acordo	 com	a	 capacidade	 econômica	 do	 condenado
(caput	do	art.	60,	CP):
Critérios	especiais	da	pena	de	multa
Art.	60.	Na	fixação	da	pena	de	multa,	o	juiz	deve	atender,	principalmente,	à	situação
econômica	do	réu.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
Conforme	 mencionado	 pelo	 professor,	 o	 valor	 do	 dia-multa	 é	 de	 1/30	 do	 maior
salário	mínimo	mensal	vigente	ao	tempo	do	fato,	até	5	vezes	esse	salário	(§	1º	do	art.	49,	CP).
Multiplica-se	 essa	 unidade	 -	 o	 dia-multa	 -	 pela	 quantidade	 de	 dias-multa	 estabelecida	 pela
sentença	condenatória.	Inclusive,	pode	ser	triplicada	(§	1º	do	art.	60,	CP):
§	1º	A	multa	pode	ser	aumentada	até	o	triplo	se	o	juiz	considerar	que,	em	virtude	da
situação	econômica	do	réu,	é	ineficaz,	embora	aplicada	no	máximo.	(Redação	dada
pelaLei	nº	7.209,	de	11.7.84)
O	dispositivo	 em	questão	 prevê	 que,	 ainda	 que	 a	 pena	 de	multa	 seja	 aplicada	 no	 valor
máximo,	poderá,	ainda,	ser	triplicada	se	evidenciar,	pela	condição	econômica	do	condenado,	que
ela	 é	 ineficaz:	 se	 evidente	 a	 ineficácia	 da	 pena	 de	 multa	 diante	 do	 poderio	 econômico	 do
condenado,	poderá	ser	triplicada.
Suponha-se	 que	 o	 juiz	 aplique	 360	 dias-multa	 (o	 máximo	 de	 dias-multa	 da	 pena	 de
multa)	e	cada	dia-multa	equivalha	5	salários	mínimos	(valor	máximo	dessa	unidade),	totalizando
1.800	 salários	mínimos.	 Imagine,	 ainda,	 que	o	 valor	 do	 salário	mínimo	 seja	R$	1.000,00:	 sendo
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assim,	o	valor	da	pena	de	multa	é	R$	1.800.000,00.	O	juiz	pode	triplicá-lo	-	regra	do	§	1º	do	art.	60,
CP.	Mesmo	que	a	quantidade	e	o	valor	dos	dias-multa	 sejam	aplicados	no	máximo,	a	pena	de
multa	pode	ser	triplicada	–	R$	5.400.000,00	–	se	revelada	ineficaz	diante	da	capacidade	econômica
do	condenado.	Dependendo	da	condição	econômica	do	condenado,	pode	ser	interessante.
Suponha-se,	agora,	o	cálculo	o	mínimo.	A	quantidade	mínima	de	dias-multa	é	10	 (parte
inicial	da	segunda	parte	do	caput	do	art.	49,	CP)	–	ver-se-á	que	pode	variar,	também,	de	acordo
com	a	pena;	ver-se-á	o	critério	para	a	fixação	da	quantidade	de	dias-multa	e	o	que	prevalece	no
STF	 e	 na	 doutrina	 é	 o	 trifásico:	 a	 posição	 majoritária	 aponta,	 como	 regra,	 seguir	 o	 critério
trifásico	–,	o	valor	mínimo	do	dia-multa	é	de	1/30	do	salário	mínimo	e	o	valor	do	salário	mínimo	era
de	R$	900,00	no	momento	do	fato.	1/30	do	salário	mínimo	é	R$	30,00,	que,	multiplicados	por	10
(dias-multa),	resulta	em	R$	300,00,	atualizado	e	corrigido	monetariamente	(§	2º	do	art.	49,	CP).
Logo,	se	a	quantidade	de	dias-multa	é	a	mínima	(10)	o	valor	do	dia-multa	é	o	mínimo	(1/30
do	salário	mínimo)	e	o	valor	do	salário	mínimo	é	R$	900,00.	O	valor	da	pena	de	multa	é,	portanto,
R$	 300,00.	 Considera-se	 um	 bom	 valor	 para	 um	 condenado	 hipossuficiente,	 assistido	 pela
Defensoria	Pública:	a	quantidade	mínima	de	dias-multa	e	o	valor	mínimo	do	dia-multa	segue	essa
condição	econômica.
O	 professor	 expôs	 esses	 exemplos	 para	 visualizarmos	 como	 a	 pena	 de	 multa	 pode
variar	 de	 R$	 300,00	 a	 R$	 5.400.000,00.	 Observe	 a	 dimensão,	 como	 a	 dosimetria	 da	 pena	 de
multa	é	extensa	e	há	seus	extremos.
1.1.2	DIA-MULTA
Em	suma,	cada	dia-multa	=	1/30	do	maior	salário	mínimo	mensal	vigente	ao	 tempo	do
fato,	no	mínimo,	e,	no	máximo,	5	vezes	esse	salário	(§	1º	do	art.	49,	CP).	O	professor	reforça,
visto	que	já	houve	caso	concreto	em	que	fora	aplicado	valor	errado:	da	data	da	sentença,	o	atual,
mas	é	o	do	maior	 vigente	na	data	do	 fato	 (§	1º	do	art.	 49,	CP)	e,	 posteriormente,	 se	 corrige
monetariamente	(§	2º	do	art.	49,	CP).	Atualização	monetária	de	acordo	com	o	§	2º	do	art.	49,	CP:
no	momento	da	execução	da	pena	de	multa,	o	valor	desta	é	atualizado	monetariamente.
1.1.3	MULTA	SUBSTITUTIVA
O	professor	já	comentou	o	§	2º	do	art.	60,	CP,	ao	abordar	a	substituição	da	pena:
Multa	substitutiva
§	 2º	 A	 pena	 privativa	 de	 liberdade	 aplicada,	 não	 superior	 a	 seis	meses,	 pode	 ser
substituída	pela	de	multa,	observados	os	critérios	dos	incisos	II	e	III	do	art.	44	deste
Código.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
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Parte	da	doutrina	entende	que	esse	dispositivo	teria	sido	revogado	tacitamente	pelo	§	2º
do	art.	44,	CP,	pois	este	utiliza	como	critério	a	PPL	de	até	um	ano	(PPL	≤	1):	se	a	PPL	substituída
é	de	até	um	ano	(PPL	≤	1),	pode-se	aplicar	uma	PRD	ou	uma	multa	(primeira	parte	do	§	2º	do
art.	44,	CP);	se	a	PPL	substituída	é	superior	a	um	ano	(PPL	>	1),	pode-se	aplicar	duas	PRD	ou
uma	PRD	+	uma	multa	(segunda	parte	do	§	2º	do	art.	44,	CP):
§	 2º	Na	 condenação	 igual	 ou	 inferior	 a	 um	ano,	 a	 substituição	pode	 ser	 feita	 por
multa	ou	por	uma	pena	restritiva	de	direitos;	se	superior	a	um	ano,	a	pena	privativa
de	liberdade	pode	ser	substituída	por	uma	pena	restritiva	de	direitos	e	multa	ou	por
duas	restritivas	de	direitos.	(Incluído	pela	Lei	nº	9.714,	de	25/11/98)
Isto	posto,	alguns	concluíram	que	o	§	2º	do	art.	60,	CP,	teria	sido	tacitamente	revogado
pelo	§	2º	do	art.	44	,	CP.	Ledo	engano.	O	professor	concorda	com	o	Professor	Guilherme	de	Souza
Nucci,	que	defender	ser	inexistente	a	revogação:	trata-se	de	uma	relação	de	especialidade	entre
as	duas	normas.	Não	há	incompatibilidade	entre	elas,	mas	relação	de	especialidade.
O	professor	já	explicou,	na	Aula	67,	como	o	§	2º	do	art.	60,	CP,	deve	ser	aplicado:	quando
crime	for	praticado	com	violência	ou	grave	ameaça	à	pessoa.	Crime	violento	inadmite	substituição
de	pena	pela	regra	do	inciso	I	do	art.	44,	CP.	No	entanto,	no	§	2º	do	art.	60,	CP,	admite:
Art.	44.	As	penas	restritivas	de	direitos	são	autônomas	e	substituem	as	privativas	de
liberdade,	quando:	(Redação	dada	pela	Lei	nº	9.714,	de	25/11/98)
I	-	aplicada	pena	privativa	de	liberdade	não	superior	a	quatro	anos	e	o	crime	não	for
cometido	 com	violência	ou	grave	ameaça	 à	 pessoa	 ou,	 qualquer	 que	 seja	 a
pena	aplicada,	se	o	crime	for	culposo;	(Redação	dada	pela	Lei	nº	9.714,	de	25/11/98)
Desse	 modo,	 o	 rigor	 é	 maior	 quanto	 à	 PPL:	 até	 seis	 meses	 (PPL	 ≤	 6	 meses),	 a
PPL	permite	a	substituição	pela	pena	de	multa,	mesmo	que	exista	violência.	Claro	que	a	PPL	já	é
baixa	(PPL	≤	6	meses),	mas	uma	ameaça	(art.	147,	CP),	um	constrangimento	 ilegal	(art.	146,
CP),	uma	lesão	corporal	leve	(caput	do	art.	129,	CP)	admitem	a	substituição	do	§	2º	do	art.	60,
CP,	pela	regra	especial	-	mais	rigorosa	de	um	lado,	porém,	permite	o	delito	violento	ser	alcançado
pela	benesse	da	substituição.
1.1.4	METODOLOGIA	DE	FIXAÇÃO	DA	QUANTIDADE	DE	DIAS-MULTA
Como	aplicar	a	pena	de	multa?
Na	AP	470/MG	(Mensalão),	publicada	no	Informativo	691,	do	STF,	ficou	estabelecida	a	tese
de	que	o	critério	para	a	fixação	da	pena	de	multa	é	o	mesmo	da	PPL:	ou	seja,	a	dosimetria	da
pena	de	multa	segue	o	critério	trifásico.
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O	Min.	Lewandowski	defendeu	que	existem	três	correntes	doutrinárias	que	disputam
o	 critério	 de	 fixação	 da	 pena	 de	 multa.	 A	 primeira,	 diz	 que	 o	 único	 a	 ser	 utilizado	 é	 o
correspondente	 à	 situação	 econômica	 do	 condenado.	 Esse	 argumento	 é	 minoritário.	 Parte	 da
doutrina	 sugere	 que	 o	 único	 critério	 para	 a	 fixação	 -	 tanto	 dos	 dias-multa	 quanto	 do	 valor	 da
unidade	“dia-multa”	-	é	o	econômico,	visto	que	a	pena	de	multa	possui	natureza	pecuniária,	logo,
é	 pena	 pecuniária.	 Sendo	 assim,	 a	 condição	 econômica	 deve	 prevalecer.	 Portanto,	 primeira
corrente:	minoritária	e	o	único	critério	é	o	da	condição	econômica	do	condenado,	referindo-se	aos
artigos	60	e	49,	ambos	do	CP;	a	condição	econômica	do	condenado	seria	o	único	 fator	para	a
aplicação	dessa	pena.
A	segunda	leva	em	consideração	a	culpabilidade	do	agente,	porém,	afasta	agravantes	e
atenuantes,	bem	como	causas	de	redução	e	de	aumento	de	pena.	Em	outras	palavras,	a	pena-
base.	 Logo,	 o	 valor	 da	pena	de	multa	 seria	 fixado	 conforme	a	pena-base.	Quando	 se	 fala	 em
culpabilidade,	mas	que	afasta	agravantes	e	atenuantes,	e	causas	de	aumento	e	de	redução	de
pena,	essa	segunda	corrente	não	segue	o	critério	trifásico:	segue,	portanto,	a	pena-base.	A	pena
de	multa	é	aplicada	de	acordo	com	a	culpabilidade:	o	equivalente	à	pena-base.	Lembre-se	que	o
professor	já	comentou	a	visão	de	alguns	doutrinadores,	os	quais	destacam	que,	quando	o	caput
do	art.	59,	CP,	fala	em	culpabilidade,	ao	invés	de	“,”	(vírgula),	leia-se	“:”	(dois	pontos):
Capítulo	III	-	Da	Aplicação	da	Pena
Fixação	da	pena
Art.	 59.	 O	 juiz,	 atendendo	 à	 culpabilidade,	 aos	 antecedentes,	 à	 conduta	 social,	 à
personalidade	do	agente,	aos	motivos,	às	circunstâncias	e	consequências	do	crime,
bem	como	ao	comportamento	da	vítima,	estabelecerá,conforme	seja	necessário	e
suficiente	para	reprovação	e	prevenção	do	crime:	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,
de	11.7.84)
O	 professor	 expôs	 esse	 comentário	 quando	 falou	 das	 circunstâncias	 judiciais.	 Esse	 é	 o
entendimento	 de	 um	 setor	 minoritário	 da	 doutrina.	 Portanto,	 quando	 a	 segunda	 corrente	 é
indicada	 pelo	 STF,	 quando	 fala-se	 em	 culpabilidade,	 refere-se	 às	 circunstâncias	 judiciais	 (dos
critérios)	do	caput	do	art.	59,	CP.	Essa	posição	é,	também,	minoritária.
A	 terceira	 corrente	 baseia-se	 na	 posição	 do	 revisor	 (Min.	 Lewandowski),	 do	 STF	 e	 da
maioria	 da	 doutrina:	 é	 a	 majoritária.	 Segue-se	 o	 critério	 trifásico:	 o	 revisor	 aponta	 que
este	deve	prevalecer,	aduziu	que	essa	posição	encontraria	embasamento	na	redação	do	art.	59,
CP,	e	relevou	que	o	inciso	I	do	art.	59,	do	CP,	estabelece,	na	primeira	fase,	a	aplicação	das	penas
cabíveis	dentre	as	cominadas,	sem	distinguir	a	sanção	corporal	e	a	pecuniária:
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I	 -	as	penas	aplicáveis	dentre	as	cominadas;	 (Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de
11.7.84)
A	 interpretação	 concedida	 por	 essa	 corrente	 segue	 a	 lógica	 de	 que	 o	 art.	 59,	 do	 CP,
fala	das	espécies	de	pena	e	não	diferencia	quanto	à	aplicação	do	critério	trifásico	no	 inciso	 II.	O
critério	trifásico	encontra-se	referido	nesse	inciso:
II	-	a	quantidade	de	pena	aplicável,	dentro	dos	limites	previstos;	(Redação	dada	pela
Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
A	quantidade	de	pena	de	multa	seguiria	a	mesma	lógica.	Em	resumo,	esse	julgado	foi	a	AP
470,	 na	 fase	 em	 que	 o	 Mensalão	 passou	 por	 alguns	 ajustes	 na	 dosimetria	 da	 pena	 e	 o
posicionamento	adotado	pela	Corte	baseou-se	na	adoção	do	critério	 trifásico	para	a	 fixação	da
pena	de	multa.
Qual	parte?
Referente	ao	número	de	dias-multa.
AP	470/MG	-	213
(...)	 Ensinou	 que	 haveria	 3	 correntes	 doutrinárias	 quanto	 à	 (...)	 fixação	 da
quantidade	de	dias-multa.	A	primeira	entenderia	que	o	único	critério	a	ser	utilizado
(...)	seria	(...)	correspondente	à	situação	econômica	do	réu.	A	segunda	levaria	em
conta	a	culpabilidade	do	agente,	porém,	afastaria	(...)	agravantes	ou	atenuantes	e
as	causas	de	aumento	e	diminuição	da	pena.	A	terceira,	a	qual	o	Revisor	se	filiaria,
propugnaria	que	o	julgador	não	poderia	afastar-se	do	critério	trifásico	(...)	para	o
cálculo	das	penas	em	geral.	Aduziu	que	essa	posição	encontraria	embasamento
na	redação	do	art.	59	do	CP	(...).	Relevou	que	seu	inciso	I	estabeleceria,	na	primeira
fase	 da	 dosimetria,	 a	 aplicação	 das	 penas	 cabíveis	 dentre	 as	 cominadas,	 sem
distinguir	 entre	 a	 sanção	 corporal	 e	 a	 pecuniária.	 AP	 470/MG,	 rel.	 Min.	 Joaquim
Barbosa,	5	e	6.12.12.
Suponha-se	que	o	delito	apresente	pena	de	1	a	5	anos	(estelionato	previdenciário:	§	3º	do
art.	171,	CP):
Capítulo	VI	-	Do	Estelionato	e	Outras	Fraudes
Estelionato
Art.	 171.	 Obter,	 para	 si	 ou	 para	 outrem,	 vantagem	 ilícita,	 em	 prejuízo	 alheio,
induzindo	ou	mantendo	alguém	em	erro	mediante	artifício,	ardil	ou	qualquer	outro
meio	fraudulento:
Pena	-	reclusão,	de	1	a	5	anos,	e	multa,	de	500.000	réis	a	10	contos	de	réis.
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(...)
§	3º	A	pena	aumenta-se	de	1/3	se	o	crime	é	cometido	em	detrimento	de	entidade
de	 direito	 público	 ou	 de	 instituto	 de	 economia	 popular,	 assistência	 social	 ou
beneficência.
A	pena-base	fora	fixada	em	2	anos:	ou	seja,	o	dobro	do	mínimo.	Portanto,	a	pena	de	multa
será	fixada	em	20	dias-multa:	como	o	mínimo	de	dias-multa	é	10,	essa	pena	de	multa	será	de	20
dias-multa	-	lógica	adotada	pelo	STF.	Imagine	que,	na	pena	intermediária,	tenha	“subido”	metade
e,	ainda,	que	o	condenado	apresente	diversas	agravantes	(reincidente,	etc.).	Logo,	a	pena	irá	para
3	anos	e	a	pena	de	multa	para	30	dias-multa.	Na	pena	definitiva	do	estelionato	previdenciário,
aumenta-se	a	pena	intermediária	em	1/3:	logo,	a	pena	chega	a	4	anos	e	a	pena	de	multa	irá	para
40	dias-multa.	Esse	é	o	critério	que	a	ser	seguido,	segundo	o	entendimento	do	STF,	para	fixar	a
quantidade	de	dias-multa.
O	valor	do	dia-multa	varia	entre	1/30	do	maior	salário	mínimo	mensal	vigente,	ao	tempo
do	 fato,	e	5	vezes	esse	salário	 (§	1º	do	art.	49,	CP),	de	acordo	com	a	condição	econômica	do
condenado	(caput	do	art.	60,	CP):	fixa,	portanto,	a	unidade.
Quanto	vale	a	unidade	“dia-multa”?
1/30	do	maior	salário	mínimo	mensal	vigente,	ao	tempo	do	fato,	e	5	vezes	esse	salário	(§
1º	do	art.	49,	CP),	conforme	a	condição	econômica	do	condenado	(caput	do	art.	60,	CP).
A	 quantidade	 de	 dias-multa	 segue	 o	 critério	 trifásico.	 Portanto,	 é	 uma	 combinação:
estabelece-se	o	número	de	dias-multa	e,	posteriormente,	com	base	na	condição	econômica	do
condenado	(caput	do	art.	60,	CP),	o	valor	de	cada	unidade	“dia-multa”.	É	assim	que	se	observa,
no	dia	a	dia,	como	corretamente	se	aplica	na	esfera	federal:	seguindo	a	orientação	do	STF.
Caso	 o	 candidato	 acredite,	 por	 exemplo,	 que	 deve	 seguir	 seguir	 somente	 a
condição	econômica	do	condenado,	o	professor	ressalva	que,	em	uma	prova	oral	de	Defensoria
Pública	–	lembre-se:	o	examinador	é	um	defensor	público	–,	se	questionada	como	aplica-se	a	pena
de	multa,	o	candidato	pode	responder	que:
Em	que	 pese	 a	 orientação	 do	 STF	 e	 de	 uma	boa	 parte	 da	 doutrina	 –	 que	 determina	 o
critério	trifásico	para	estabelecer	o	número	de	dias-multa	–,	acredito	que	o	melhor	entendimento	é
no	sentido	da	capacidade	econômica	do	condenado	 (caput	do	art.	60,	CP)	 -	 tanto	para	 fixar	o
número	de	dias-multa,	como	o	valor	de	cada	dia-multa.
Desse	modo,	o	candidato	demonstra	que	sabe	a	corrente	dominante	(a	posição	do	STF).	O
examinador	requer	que	o	candidato	demonstre	identidade	com	a	instituição.
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Se	o	 candidato	prestar	 concurso	público	 para	 a	AGU,	 o	Direito	 Penal	 não	é	 cobrado	na
prova	oral:	pode	“cair”	até	a	segunda	fase.	Sendo	assim,	em	uma	prova	discursiva,	 redija	esta
resposta:
O	 STF	 aponta	 três	 critérios:	 o	 primeiro	 é	 somente	 a	 condição	 econômica,	 o	 segundo	 é
somente	a	pena-base	e,	o	terceiro,	o	critério	trifásico	-	posição	do	STF.
Essa	seria	a	 resposta	em	uma	prova	discursiva,	pois	apresenta	as	orientações	e	o	mais
interessante	para	a	instituição	para	a	qual	o	candidato	presta	o	concurso.
1.1.5	PRAZO	DE	PAGAMENTO
Como	se	dá	o	pagamento	da	pena	de	multa?
À	 luz	da	primeira	parte	do	caput	do	art.	50,	CP,	deve	ser	 realizado	em	dez	dias	após	o
trânsito	em	julgado	da	sentença	condenatória:
Pagamento	da	multa
Art.	50.	A	multa	deve	ser	paga	dentro	de	dez	dias	depois	de	transitada	em	julgado	a
sentença.	(...)
Transitada	em	julgado	a	sentença	condenatória,	o	condenado	é	intimado	para	pagar	a	pena
de	multa.
ATENÇÃO!	 Lembre-se	 que,	 no	 processo	 penal,	 os	 prazos	 são	 contados	 da	 data	 da
intimação	–	Súmula	710	do	STF	 –,	e	não	da	 juntada	do	mandado.	Significa	que,	 transitada	em
julgado,	expede-se	mandado	de	intimação	para	que	o	condenado	pague	a	pena	de	multa.
Com	 o	 condenado	 pagando	 a	 pena	 de	 multa	 nesses	 dez	 dias,	 voluntariamente,	 ela	 é
extinta:	se	paga	a	pena	de	multa,	ela	está	extinta.	O	recolhimento	se	dá	por	meio	de	uma	guia:	na
Justiça	Federal,	a	Guia	de	Recolhimento	da	União	(GRU).	Paga	a	guia,	recolhe-se	o	valor	da	pena
de	multa,	junta-se	a	comprovação	do	pagamento	e	o	juiz	declara	extinta	a	pena	de	multa,	seja	ela
aplicada	cumulativa	ou	isoladamente.	Se	isoladamente,	extingue-se	a	execução	da	pena.
O	pagamento	da	pena	de	multa	admite	parcelamento	(segunda	parte	do	caput	do	art.	50,
CP):
(...)	A	requerimento	do	condenado	e	conforme	as	circunstâncias,	o	juiz	pode	permitir
que	o	pagamento	se	realize	em	parcelas	mensais.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,
de	11.7.84)
O	pagamento	da	pena	de	multa	admite,	também,	“desconto	em	folha”	(§§	1º	e	2º	do	art.
50,	CP	e	§	1º	do	art.	169,	LEP):
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§	 1º	 A	 cobrança	 da	multa	 pode	 efetuar-se	mediante	 desconto	 no	 vencimento	 ou
salário	do	condenado	quando:	(Incluído	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
a)	aplicada	isoladamente;	(Incluído	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
b)	 aplicada	 cumulativamente	 com	pena	 restritiva	 de	direitos;	 (Incluído	 pela	 Lei	 nº
7.209,	de	11.7.84)
c)	 concedida	 a	 suspensão	 condicional	 da	 pena.	 (Incluído	 pela	 Lei	 nº	 7.209,	 de
11.7.1984)
§	2º	O	desconto	não	deve	 incidir	 sobre	os	 recursos	 indispensáveis	ao	sustento	do
condenado	e	de	sua	família.	(Incluído	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
§	 1°	 O	 Juiz,	 antes	 de	 decidir,	 poderá	 determinar	 diligências	 para	 verificar	 a	 real
situação	econômica	do	condenado	e,	ouvido	o	MP,	fixará	o	número	de	prestações.
Suponha-se	que	o	condenado	pretende	pagar	a	pena	de	multa,	no	entanto,	não	pode	fazê-
lo	de	uma	vez	e	solicita	o	parcelamento.	Quando	isso	ocorre	–	condenado	é	intimado	a	pagar	e,
voluntariamente,	 se	 propõe	 a	 pagar	 e	 solicita	 parcelamento	 ou	 “desconto	 em	 folha”	 –,	 essa
execução	não	caminha	para	a	execução	fiscal:	permanece	na	execução	da	pena,	no	juízo	criminal.
1.1.6	NATUREZA
Se	o	condenado	não	paga	a	pena	de	multa,	o	art.	51,	CP,	faz	referência	a	ela	como	dívida
de	valor:	 transitada	em	julgado	a	sentença	condenatória,	a	pena	de	multa	é	considerada	dívida
de	valor,	para	fins	de	execução	fiscal,	submetendo-se	às	regras	específicas	da	Lei	de	Execução
Fiscal	(LEF:	Lei	6.830/80).
ATENÇÃO!	Há	divergência.	A	posição	do	STJ	é	 tema	 já	sumulado	–	Súmula	521	–	e	da
execução	penal.	Dito	isso,	o	professor	não	aprofundará,	visto	que,	nesse	momento,	esse	não	é	o
objetivo	do	estudo.	Contudo,	na	execução	penal,	o	professor	“mergulha”	e	aprofunda	nesse	caso.
E	se	a	pena	de	multa	não	for	paga,	nem	houver	pedido	de	parcelamento	ou	de
“desconto	em	folha”	(o	legislador	pretende	recolher	a	pena	de	multa	e	o	condenado
pretende	recolhê-la)	dentro	de	dez	dias	após	a	intimação?
Na	visão	do	STJ,	expede-se	uma	certidão	comprovando	que	a	pena	de	multa	não	foi	paga
e	as	peças	 são	encaminhadas	à	 Procuradoria	 respectiva.	Na	 Justiça	 Federal,	 a	 Procuradoria	da
Fazenda	Nacional	(PFN)	executa	pena	de	multa	não	paga	voluntariamente.	Na	esfera	estadual,
encaminha-se	para	a	Procuradoria	Geral	do	Estado	 (PGE)	ou	para	a	Procuradoria	Geral	do	DF
(PGDF).
Qual	a	polêmica	quanto	ao	tema?
O	 art.	 51,	 do	 CP,	 teria	 revogado	 o	 art.	 164	 da	 LEP,	 que	 confere	 ao	 MP	 a
titularidade	para	executar	a	pena	de	multa?
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O	caput	do	art.	164,	da	LEP,	prevê	que	a	legitimidade	é	do	MP:
Capítulo	IV	-	Da	Pena	de	Multa
Art.	164.	Extraída	certidão	da	sentença	condenatória	com	trânsito	em	julgado,	que
valerá	como	título	executivo	judicial,	o	MP	requererá,	em	autos	apartados,	a	citação
do	condenado	para,	no	prazo	de	dez	dias,	pagar	o	valor	da	multa	ou	nomear	bens	à
penhora.
Já	o	art.	51,	do	CP,	diz	que	a	pena	de	multa	é	executada	seguindo	as	 regras	da	dívida
ativa.	O	STJ	assentou	entendimento,	afirmando	que	a	Procuradoria	da	Fazenda	é	legitimada:
Súmula	 521	 -	 A	 legitimidade	 para	 a	 execução	 fiscal	 de	 multa	 pendente	 de
pagamento	 imposta	 em	 sentença	 condenatória	 é	 exclusiva	 da	 Procuradoria	 da
Fazenda	Pública.	(Súmula	521,	3ª	SEÇÃO,	julgado	em	25/03/15,	DJe	06/04/15)
Há	um	caso	no	STF	(ADI	3150),	de	relatoria	do	Min.	Barroso,	em	que	o	mesmo	impõe	um
critério	intermediário:	o	Ministro	alegou	que,	se	a	pena	de	multa	não	é	paga	e	o	MP	não	a	executa,
depois	 dessa	 omissão	 do	 MP	 é	 que	 a	 Procuradoria	 da	 Fazenda	 seria	 legitimada.	 Na	 verdade,
Barroso	possui	entendimento	híbrido.	Para	ele,	a	 legitimidade	é	do	MP:	se	este	não	executa	no
prazo	 de	 noventa	 dias	 –	 estabelecido	 na	 decisão	 –,	 é	 encaminhado	 à	 Procuradoria	 para	 ela
executá-la	(na	Justiça	Federal,	a	PFN).
Trata-se	de	uma	posição	intermediária,	divergindo	da	posição	do	STJ,	na	qual	diz	que	a	pena
de	multa	 é	 executada	 pela	 Procuradoria	 da	 Fazenda:	 ou	 seja,	 o	 STJ	 entende	 que	 o	MP	 não	 é
legitimado	a	executá-la.	Todavia,	conforme	mencionado	pelo	professor,	refere-se	a	um	tema	de
execução	penal	e	o	objetivo,	nesse	momento,	é	trabalhar	a	aplicação	da	pena.	O	estudo	do	tema
de	execução,	portanto,	se	dará	em	outro	momento.
1.1.7	APLICAÇÃO	DA	MULTA	NO	CONCURSO	DE	CRIMES
Por	 fim,	 o	 art.	 72,	 CP,	 remete	 ao	 cúmulo	material.	 Quando	 o	 professor	 apresentou	 o
concurso	de	crimes,	anotou	que	a	pena	de	multa	segue	o	critério	do	cúmulo	material.	O	art.	72,
CP,	prevê	que:
Multas	no	concurso	de	crimes
Art.	 72.	 No	 concurso	 de	 crimes,	 as	 penas	 de	 multa	 são	 aplicadas	 distinta	 e
integralmente.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.84)
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Não	 se	 submetendo	 ao	 critério	 da	 exasperação,	 aplicado	 às	 PPL.	 Em	 resumo:	 se
condenado	 em	 concurso	 de	 crimes	 em	 continuidade	 (crime	 continuado),	 a	 pena	 de	 multa	 é
aplicada	somando-se	toda	a	cadeia	delitiva,	não	aplicando	o	critério	da	exasperação.	Como	a	pena
de	multa	 possui	 natureza	 diferente	 (pecuniária),	 quando	 houver	 concurso	 de	 crimes,	 submete-
se	ao	sistema	do	cúmulo	material	-	não	ao	da	exasperação.
Na	 próxima	 aula,	 o	 professor	 apresentará	 um	 novo	 novo	 tema	 e	 abordará	 sobre	 a
extinção	da	punibilidade	e	suas	causas	-	tema	de	extrema	importância	e	com	possibilidade	de	alta
incidência	em	concursos	da	esfera	federal.

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