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Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 1 facebook.com/psicologia.pt AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 2016 Débora Martins Consteila Neumann Discente do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Guaíba. Bolsista voluntária de iniciação científica - setor Psicologia da Ulbra/Guaíba Alexandra da Rosa Tariga Graduada em Psicologia pela Universidade Luterana do Brasil, Guaíba Divani Ferreira Perez Graduado em Pedagogia em licenciatura plena pela Universidade Luterana do Brasil, Guaíba. Especialização em psicopedagogia e interdisciplinariedade institucional pela Universidade Luterana do Brasil, Guaíba. Especialização em atendimento educacional especializado pela Universidade Tuiuti do Paraná. Especialização em psicopedagogia clínica e institucional. Discente do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Guaíba. Patricia Maliszewski Gomes Discente do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Guaíba Jéssica da Silva Silveira Discente do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Guaíba Dra. Luciana S. Azambuja (orientadora) Graduação em Psicologia pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Formação em Neuropsicologia e Neuropsicologia infantil pelo Hospital São Lucas da PUCRS (HSL – PUCRS). Mestrado e Doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Medicina e Ciências da Saúde da PUCRS. Docente de Psicologia na Universidade Luterana do Brasil, Guaíba E-mail de contato: deconsteila@hotmail.com RESUMO O transtorno do espectro autista (TEA) é uma desordem ainda sem etiologia e causas definidas, e sua compreensão permanece complexa devido à falta de uniformidade clínica apresentada por indivíduos com essa condição. Este transtorno é marcado por déficits no desenvolvimento que ocasionam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 2 facebook.com/psicologia.pt profissional. A partir disto, este estudo se propõe, por meio de uma revisão bibliográfica, apresentar a importância da avaliação neuropsicológica do autismo, bem como quais instrumentos vêm sendo utilizados para avaliação do TEA. Como resultado, nota-se que, entre os recursos disponíveis para avaliação neuropsicológica, ganha destaque a Escala de Avaliação de Autismo na Infância (CARS), PDDBI e Bayley. A avaliação neuropsicológica tem importante contribuição para identificar o autismo, pois a avaliação conta com instrumentos diagnósticos precisos. Palavras chave: Autismo, avaliação neuropsicológica, diagnóstico. Copyright © 2017. This work is licensed under the Creative Commons Attribution International License 4.0. https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ INTRODUÇÃO Em 2002, no DSM-IV-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), a categoria “transtornos invasivos do desenvolvimento” passou a ser denominada de “transtornos globais do desenvolvimento” (TGD). Devido ao senso comum na literatura, optou-se pelo vocábulo autismo para se referir às pessoas com esses transtornos (GARCIA e MOSQUERA, 2011). A partir do DSM-V, o TGD que antes era composto por transtornos específicos além do autismo, transtornos como de Rett, Desintegrativo da Infância, Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem outras especificações, deixa de usar essa classificação e tudo passa a ser considerado como transtorno do Espectro Autista. O nível do autismo é mensurado por especificadores de gravidade. Esses especificadores dizem respeito ao comprometimento do indivíduo e eles podem ser de nível 3 – exigindo muito apoio, nível 02 – exigindo apoio substancial e nível 01 – exigindo apoio (DSM-V, 2014). Atualmente, no DSM-V o transtorno do espectro autista passou a integrar os transtornos do neurodesenvolvimento. E este tem início no período do desenvolvimento, em geral antes da criança ingressar na escola, sendo caracterizado por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional (DSM-V, 2014). Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 3 facebook.com/psicologia.pt O presente artigo traz uma revisão bibliográfica narrativa assistemática de diversas fontes como Scientific Eletronic Library Online (SciElo), livros científicos sobre o tema, entre outros, buscando obter informações sobre a avaliação neuropsicológica do transtorno do espectro autista, pela sua importância e dificuldades diagnósticas. Como objetivo, este estudo buscou identificar a importância da avaliação neuropsicológica para o diagnóstico do transtorno, bem como quais instrumentos vem sendo utilizados para avaliação do Transtorno do Espectro Autista (TEA). 1. AUTISMO E ÁREA CEREBRAL Segundo Zilbovicius et al. (2006), investigações com exames de imagem cerebral realizadas em indivíduos autistas descobriram diferenças localizadas principalmente nos sulcos frontais e temporais. Tal estudo encontrou anormalidades da anatomia e do funcionamento do lobo temporal de indivíduos autistas. Essas alterações estão localizadas bilateralmente nos sulcos temporais superiores (STS). O STS é uma região importante para a percepção de estímulos sociais e demonstram hipoativação na percepção de face e cognição social (direção do olhar, expressões gestuais e faciais de emoção), e estão significativamente ligados com outras partes do “cérebro social”, tais como o Giro Fusiforme e a Amígdala (ZILBOVICIUS et al., 2006). Segundo Frith e Cohen (2013), de acordo com a teoria da mente a principal anormalidade do autismo é a falta de capacidade de construir elaborações sobre a mente alheia. E esse circuito neuronal especializado – os neurônios espelho, localizados no lobo frontal - que permite pensar sobre nós mesmos e sobre o outro e, desta forma, prever o comportamento de seus semelhantes (teoria da mente). Para Lameira, Gawryszenwski e Pereira (2006), o entendimento de ações (essencial para a tomada de atitude em situações de perigo), a imitação (extremamente importante para os processos de aprendizagem) e a empatia (a tendência em sentir o mesmo que uma pessoa na mesma situação sente, a qual é fundamental na construção dos relacionamentos) são funções atribuídas aos neurônios-espelho e são exatamente essas funções que se encontram alteradas em pessoas autistas. Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 4 facebook.com/psicologia.pt 2. AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DO AUTISMO De acordo com Almeida (2010), um dos principais objetivos da avaliação neuropsicológica é analisar as funções executivas, ou seja, a capacidade de desenvolvimento e planejamento de estratégias para alcançar objetivos. Ela serve para avaliar lesões e disfunções cerebrais nos mais variados casos, assim auxilia na formulação de diagnóstico. Os resultados de uma avaliação neuropsicológica servem de subsídios para o delineamento de estratégia de intervenção, como a reabilitação neuropsicológica. Essa tem por objetivo trabalhar com aspectos cognitivos, comportamentais e emocionais (prejudicados e preservados) associados aos quadros de lesões ou disfunções cerebrais, no intuito de melhorar a funcionalidade e a qualidade de vidaByard, Fine, e Reed (2011 apud CZERMAINSKI, 2012). Segundo Czermainski (2012), para realizar uma avaliação neuropsicológica o avaliador pode-se valer de testes e de tarefas objetivas, questionários e escalas, como também entrevista clínica. Familiares e pessoas próximas ao examinado podem servir de fontes de informações muito importantes quanto a dificuldades enfrentadas pelo paciente no dia a dia. Conforme Bosa (2001); Happé e Frit (1996); Joseph (1999) apud Czermainski (2012), a neuropsicologia do TEA tem tomado força nas últimas décadas, por razão de fortes evidencias de prejuízos neuropsicológicos nessa condição, e também por se tratar de uma abordagem que propõe uma investigação de prejuízos cognitivos e também de competências do indivíduo (funções preservadas). A hipótese de comprometimento das funções executivas surgiu devido à constatação de semelhanças entre o comportamento de indivíduos com disfunção cortical pré- frontal e aqueles com TEA. Através da neuropsicologia é possibilitado saber quais as áreas cerebrais são responsáveis pelos componentes executivos (habilidades cognitivas necessárias para o controle e regulação de pensamentos, emoções e comportamentos) explicando-nos estratégias clínicas e educativas que tem por objetivo principal, proporcionar ao sujeito com o transtorno do espectro do autismo, aprendizagens para o desenvolvimento da sua própria autonomia, algumas estratégias que possam contribuir para a aquisição e desenvolvimento de relações sociais, emocionais, comportamentais e comunicacionais, podendo ajudar na promoção de um desenvolvimento harmonioso e mais equilibrado destes sujeitos (CAVACO, 2015 e MORTON 2013-2015). A avaliação neuropsicológica auxilia na constatação e também serve para descartar a suspeita. Pois uma vez que o diagnóstico de autismo tenha sido confirmado ou desconfirmado, os Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 5 facebook.com/psicologia.pt profissionais precisam determinar se algum encaminhamento ainda se faz necessário. Isso inclui encaminhamentos para diversos profissionais (SILVA e MULICK, 2009). Segundo Cavaco (2015), como ciência a neuropsicologia vem se destacando no que diz respeito ao transtorno do espectro autista, pelas evidências apresentadas tanto nos prejuízos cognitivos manifestados como no que diz respeito às competências e funções preservadas na criança com o transtorno. Através da avaliação neuropsicológica pode-se perceber quais as funções e as disfunções desenvolvidas pelo indivíduo com autismo, permitindo uma intervenção e tratamento nos mais diversos contextos da criança. Conforme este autor: “Para a construção e desenvolvimento das habilidades intelectuais, que são processos básicos, ou seja, para que elas surjam harmoniosamente, as baterias neuropsicológicas possibilitam uma avaliação tanto no que concerne ao desempenho cognitivo geral e global como também, no que diz respeito à determinação das funções específicas da atenção, da linguagem, da memória e das funções executivas. Estas funções podem ser avaliadas segundo o modelo luriano, havendo a explorar funções através de tarefas específicas ou avaliadas através de testes, escalas e baterias de avaliação neuropsicológicas estruturadas” (CAVACO, 2015, p.25). 3. OS TESTES E ESCALAS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA QUE AUXILIAM NO DIAGNÓSTICO DO AUTISMO Silva e Mulick (2009) postulam que a avaliação de diagnóstico deve, idealmente, ser feita por uma equipe interdisciplinar. Atualmente, existem vários instrumentos que auxiliam na determinação de sintomas de autismo durante o processo de avaliação diagnóstica. Dentre os instrumentos em formato de questionário para os pais/ professores, podemos citar o Pervasive Developmental Disorder Behavior Inventory – PDDBI (Inventário Comportamental dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento). Os teóricos referem outro instrumento que tem sido utilizado o Childhood Autism Rating Scale – CARS (Escala de Avaliação de Autismo na Infância) no qual os comportamentos da criança são avaliados de acordo com as informações obtidas através de entrevistas com os pais e de observações diretas da criança (SILVA E MULICK, 2009). Quanto ao instrumento CARS: “A escala avalia o comportamento em 14 domínios geralmente afetados no autismo, mais uma categoria geral de impressão de autismo. Estes 15 itens incluem: relações pessoais, imitação, resposta emocional, uso corporal, uso de objetos, resposta a Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 6 facebook.com/psicologia.pt mudanças, resposta visual, resposta auditiva, resposta e uso do paladar, olfato e tato, medo ou nervosismo, comunicação verbal, comunicação não verbal, nível de atividade, nível e consistência da resposta intelectual e impressões gerais. Os escores de cada domínio variam de 1 (dentro dos limites da normalidade) a 4 (sintomas autistas graves). A pontuação varia de15 a 60, e o ponto de corte para autismo é 30” (PEREIRA, RIESGO E WAGNER, 2008, p. 488). Conforme Silva e Mulick (2009), profissionais também tem se utilizado do Autism Diagnostic Interview – Revised – ADI-R (Entrevista Diagnóstica para Autismo) e do Autism Diagnostic Observation Schedule – ADOS (Observação Diagnóstica Programática para Autismo). De acordo com os autores, “Esses dois instrumentos foram elaborados para serem utilizados de forma complementar. Enquanto o ADI-R corresponde a uma entrevista semiestruturada com os pais, o ADOS corresponde a um programa semi-estruturado de atividades e entrevistas realizadas diretamente com a criança, processo diagnóstico, fornecendo informações detalhadas acerca do funcionamento cognitivo e adaptativo da criança, o que é essencial para a formulação de um plano de intervenção individualizado” (SILVA e MULICK, 2009, p. 125). Rodrigues e Assumpção Jr (2011) colocam que Wisconsin Card Sorting Test, também tem sido utilizado para medir as funções executivas em indivíduos com TEA. Referem que no subteste Cubos das escalas de Wechsler que envolvem reunião e classificação de imagens por séries, esses sujeitos mostram a falta da tendência natural em juntar partes de informações para formar um todo provido de significado (coerência central) sendo esta uma das características mais marcantes no autismo. Muszkat et al. (2014) refere que alguns testes e escalas neuropsicológicas para avaliação de emoções e competências sociais podem ser importantes para o diagnóstico diferencial, bem como, a orientação de intervenções terapêuticas. Os autores destacam alguns destes testes entre eles estão: o Subteste de reconhecimento de Emoções da Bateria de NEPSY-II, o Teste de Compreensão Emocional indicado a crianças de 3 a 6 anos, sendo este fundamental na abordagem precoce. Ainda outro instrumento utilizado é o teste de Desenvolvimento Infantil de Bayley, ele é dividido em três escalas que avaliam questões motoras, mentais e comportamentais, as três são complementares para avaliação final. Bayley é um teste de fácil utilização que colabora para avaliar diversos aspectos importantes no desenvolvimento da criança de 1 a 42 meses (COSTA et al., 2004). Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 7 facebook.com/psicologia.pt 4. DISCUSSÃO A etiologia do autismo ainda é de origem desconhecida. Há probabilidade de ser de origem genética e que essa causa se encontre possivelmente em alterações funcionaisdo cérebro. A falta de marcadores biológicos dificulta a etiologia do transtorno, muitas vezes, baseando o diagnóstico em observações de critérios diagnósticos. Czermainski (2012) refere que a compreensão do autismo, ainda hoje, se mantém uma tarefa complexa, tendo em vista, a heterogeneidade clínica que indivíduos nessas condições apresentam. A falta de marcadores biológicos do autismo se confirma em diversos estudos (ZILBOVICIUS, 2006; FRITH, 2013; LAMEIRA, 2006). Zilbovicius (2006) traz que a partir de investigações com exames de imagem cerebral em indivíduos autistas descobriram diferenças localizadas nos sulcos frontais e temporais. Enquanto que Frith (2013) e Lameira (2006) trazem como principal anormalidade dos autistas uma falha no funcionamento da rede de neurônios espelho. Apesar de não haver um consenso quanto aos marcadores, há um consenso de que a causa seja na alteração funcional do cérebro. Para Silva e Mulick (2009), a avaliação neuropsicológica auxilia na constatação e também serve para descartar a suspeita. E a partir da confirmação ou não do diagnóstico de autismo os profissionais precisam determinar se algum encaminhamento ainda se faz necessário. Isso inclui encaminhamentos para diversos profissionais 10 , ou seja, a avaliação é uma ferramenta importante para este diagnóstico, tendo em vista, que um diagnóstico tão complexo como o do autismo, ainda seja confirmado apenas a partir da observação. A avaliação neuropsicológica faz uso de instrumentos padronizados e validados, que confirma ou desconfirma o diagnóstico com maior precisão e, desta forma, as indicações terapêuticas passam a ser mais assertivas no desenvolvimento de habilidades e reconhecimento das funções preservadas. É importante salientar que a partir dos resultados da avaliação neuropsicológica todos que trabalham e convivem com a criança com TEA serão contemplados, pois a partir daí tanto a família, como a escola, poderão compreender como se dá o funcionamento desse sujeito. Pois, conforme Byard et al. (2011 apud CZERMAINSKI, 2012) os resultados de uma avaliação neuropsicológica servem de subsídios para o delineamento de estratégia de intervenção, como a reabilitação neuropsicológica. Essa tem por objetivo trabalhar com aspectos cognitivos, comportamentais e emocionais, no intuito de melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida das crianças e adolescentes. Segundo Cavaco (2015), através da avaliação neuropsicológica pode-se perceber quais as funções e as disfunções desenvolvidas pelo indivíduo com autismo, permitindo uma intervenção Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 8 facebook.com/psicologia.pt e tratamento nos mais diversos contextos da criança. Neste aspecto, no que diz respeito à escola, a partir da avaliação poderá oferecer atendimento educacional especializado onde as atividades serão planejadas e adaptadas conforme as necessidades da criança/aluno, além disso, este profissional também será o facilitador do processo de inclusão deste indivíduo. Quanto à família além de aprender a lidar com o comportamento do filho que muitas vezes oscila, também estará em busca de profissionais que possam estimulá-lo nas áreas onde apresenta defasagens. 5. CONCLUSÃO O autismo caracteriza-se por um comprometimento em várias áreas do desenvolvimento, sem apresentar uma definição etiológica comprovada. Porém, a principal hipótese provém da área neurológica, por ser a causa mais aceita nos dias de hoje. Acredita-se que uma anormalidade no cérebro das crianças portadoras seja a razão mais provável. No entanto, as causas do autismo ainda permanecem desconhecidas. O TEA, a partir do DSM-V (2014) passou a fazer parte dos Transtornos do Neurodesenvolvimento e assim como outros transtornos do neurodesenvolvimento tem início no período do desenvolvimento infantil, podendo ser percebido por meio de déficits no desenvolvimento, os quais trazem prejuízos no funcionamento físico, social, emocional e intelectual. E só pode ser diagnosticado por meio de um laudo médico. Entende-se ainda que essas dificuldades no desenvolvimento vão desde limitações específicas de aprendizagem, do controle das funções executivas a prejuízos globais das habilidades sociais e inteligência. Dentro deste contexto, a avaliação neuropsicológica serve como um subsídio próprio e específico para auxiliar esse paciente no seu desenvolvimento global, ajudando em áreas de maior vulnerabilidade, sugerindo recursos e instrumentos de apoio e estímulo. A Avaliação Neuropsicológica tem importante contribuição para o diagnóstico correto do autismo, tendo em vista, a falta de marcadores biológicos para esse Transtorno, a avaliação conta com instrumentos diagnósticos precisos, deixando de basear-se apenas em observação de critérios diagnósticos para fechar diagnóstico. Nota-se que entre os recursos disponíveis para avaliação neuropsicológica, ganha destaque a Escala de Avaliação de Autismo na Infância – CARS - no qual os comportamentos da criança são avaliados de acordo com as informações obtidas através de entrevistas com os pais e de observações diretas da criança, PDDBI – inventário comportamental e Bayley – teste de Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 9 facebook.com/psicologia.pt desenvolvimento infantil dividido em três escalas que avaliam questões motoras, mentais e comportamentais. Tendo em vista o tema ser relevante por sua importância e dificuldade diagnóstica, sugere- se a continuidade desta pesquisa ampliando este estudo, a partir de pesquisas com psicólogos que realizam avaliação neuropsicológica e/ou familiares com integrante autista. Psicologia.pt ISSN 1646-6977 Documento publicado em 25.06.2017 Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 10 facebook.com/psicologia.pt REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida A. Avaliação Neuropsicológica de Crianças e Adolescentes com Autismo e outros transtornos Invasivos do desenvolvimento. Porto Alegre: Monografia (especialização em neuropsicologia), UFRGS, 2010. Cavaco, N.A. Autismo: Uma perspectiva neuropsicológica. Rev. Omnia, v. 3, p. 21-31, 2015. Disponível em: <http://omnia.grei.pt/n03/[3]%20CAVACO.pdf.> Acessado em: 28 de Set. 2016. Costa, D.I.; AZAMBUJA, L.S.; PORTUGUEZ, M.W.; COSTA, J.D. Avaliação neuropsicológica da criança e áreas de intervenção. J. Pediatr., v. 80, n. 2, S115-2, 2004. Czermainski, F.R. 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