Buscar

AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NO AUTISMO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 1 facebook.com/psicologia.pt 
 
 
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA 
DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 
 
2016 
 
 
Débora Martins Consteila Neumann 
Discente do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Guaíba. 
Bolsista voluntária de iniciação científica - setor Psicologia da Ulbra/Guaíba 
 
Alexandra da Rosa Tariga 
Graduada em Psicologia pela Universidade Luterana do Brasil, Guaíba 
 
Divani Ferreira Perez 
Graduado em Pedagogia em licenciatura plena pela Universidade Luterana do Brasil, Guaíba. 
Especialização em psicopedagogia e interdisciplinariedade institucional pela Universidade 
Luterana do Brasil, Guaíba. Especialização em atendimento educacional especializado pela 
Universidade Tuiuti do Paraná. Especialização em psicopedagogia clínica e institucional. 
Discente do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Guaíba. 
 
Patricia Maliszewski Gomes 
Discente do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Guaíba 
 
Jéssica da Silva Silveira 
Discente do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Guaíba 
 
Dra. Luciana S. Azambuja (orientadora) 
Graduação em Psicologia pela Universidade Católica do Rio 
Grande do Sul. Formação em Neuropsicologia e Neuropsicologia infantil pelo Hospital São Lucas da 
PUCRS (HSL – PUCRS). Mestrado e Doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Medicina e 
Ciências da Saúde da PUCRS. 
Docente de Psicologia na Universidade Luterana do Brasil, Guaíba 
 
E-mail de contato: 
deconsteila@hotmail.com 
 
 
RESUMO 
 
O transtorno do espectro autista (TEA) é uma desordem ainda sem etiologia e causas 
definidas, e sua compreensão permanece complexa devido à falta de uniformidade clínica 
apresentada por indivíduos com essa condição. Este transtorno é marcado por déficits no 
desenvolvimento que ocasionam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou 
 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 2 facebook.com/psicologia.pt 
 
profissional. A partir disto, este estudo se propõe, por meio de uma revisão bibliográfica, 
apresentar a importância da avaliação neuropsicológica do autismo, bem como quais 
instrumentos vêm sendo utilizados para avaliação do TEA. Como resultado, nota-se que, entre os 
recursos disponíveis para avaliação neuropsicológica, ganha destaque a Escala de Avaliação de 
Autismo na Infância (CARS), PDDBI e Bayley. A avaliação neuropsicológica tem importante 
contribuição para identificar o autismo, pois a avaliação conta com instrumentos diagnósticos 
precisos. 
 
 Palavras chave: Autismo, avaliação neuropsicológica, diagnóstico. 
 
Copyright © 2017. 
This work is licensed under the Creative Commons Attribution International License 4.0. 
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Em 2002, no DSM-IV-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), a 
categoria “transtornos invasivos do desenvolvimento” passou a ser denominada de “transtornos 
globais do desenvolvimento” (TGD). Devido ao senso comum na literatura, optou-se pelo 
vocábulo autismo para se referir às pessoas com esses transtornos (GARCIA e MOSQUERA, 
2011). 
A partir do DSM-V, o TGD que antes era composto por transtornos específicos além do 
autismo, transtornos como de Rett, Desintegrativo da Infância, Asperger e Transtorno Invasivo 
do Desenvolvimento sem outras especificações, deixa de usar essa classificação e tudo passa a 
ser considerado como transtorno do Espectro Autista. O nível do autismo é mensurado por 
especificadores de gravidade. Esses especificadores dizem respeito ao comprometimento do 
indivíduo e eles podem ser de nível 3 – exigindo muito apoio, nível 02 – exigindo apoio 
substancial e nível 01 – exigindo apoio (DSM-V, 2014). 
Atualmente, no DSM-V o transtorno do espectro autista passou a integrar os transtornos do 
neurodesenvolvimento. E este tem início no período do desenvolvimento, em geral antes da 
criança ingressar na escola, sendo caracterizado por déficits no desenvolvimento que acarretam 
prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional (DSM-V, 2014). 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 3 facebook.com/psicologia.pt 
 
O presente artigo traz uma revisão bibliográfica narrativa assistemática de diversas fontes 
como Scientific Eletronic Library Online (SciElo), livros científicos sobre o tema, entre outros, 
buscando obter informações sobre a avaliação neuropsicológica do transtorno do espectro autista, 
pela sua importância e dificuldades diagnósticas. Como objetivo, este estudo buscou identificar a 
importância da avaliação neuropsicológica para o diagnóstico do transtorno, bem como quais 
instrumentos vem sendo utilizados para avaliação do Transtorno do Espectro Autista (TEA). 
 
1. AUTISMO E ÁREA CEREBRAL 
 
Segundo Zilbovicius et al. (2006), investigações com exames de imagem cerebral 
realizadas em indivíduos autistas descobriram diferenças localizadas principalmente nos sulcos 
frontais e temporais. 
Tal estudo encontrou anormalidades da anatomia e do funcionamento do lobo temporal de 
indivíduos autistas. Essas alterações estão localizadas bilateralmente nos sulcos temporais 
superiores (STS). O STS é uma região importante para a percepção de estímulos sociais e 
demonstram hipoativação na percepção de face e cognição social (direção do olhar, expressões 
gestuais e faciais de emoção), e estão significativamente ligados com outras partes do “cérebro 
social”, tais como o Giro Fusiforme e a Amígdala (ZILBOVICIUS et al., 2006). 
Segundo Frith e Cohen (2013), de acordo com a teoria da mente a principal anormalidade 
do autismo é a falta de capacidade de construir elaborações sobre a mente alheia. E esse circuito 
neuronal especializado – os neurônios espelho, localizados no lobo frontal - que permite pensar 
sobre nós mesmos e sobre o outro e, desta forma, prever o comportamento de seus semelhantes 
(teoria da mente). 
Para Lameira, Gawryszenwski e Pereira (2006), o entendimento de ações (essencial para a 
tomada de atitude em situações de perigo), a imitação (extremamente importante para os 
processos de aprendizagem) e a empatia (a tendência em sentir o mesmo que uma pessoa na 
mesma situação sente, a qual é fundamental na construção dos relacionamentos) são funções 
atribuídas aos neurônios-espelho e são exatamente essas funções que se encontram alteradas em 
pessoas autistas. 
 
 
 
 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 4 facebook.com/psicologia.pt 
 
 
2. AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DO AUTISMO 
 
De acordo com Almeida (2010), um dos principais objetivos da avaliação neuropsicológica 
é analisar as funções executivas, ou seja, a capacidade de desenvolvimento e planejamento de 
estratégias para alcançar objetivos. Ela serve para avaliar lesões e disfunções cerebrais nos mais 
variados casos, assim auxilia na formulação de diagnóstico. 
Os resultados de uma avaliação neuropsicológica servem de subsídios para o delineamento 
de estratégia de intervenção, como a reabilitação neuropsicológica. Essa tem por objetivo 
trabalhar com aspectos cognitivos, comportamentais e emocionais (prejudicados e preservados) 
associados aos quadros de lesões ou disfunções cerebrais, no intuito de melhorar a funcionalidade 
e a qualidade de vidaByard, Fine, e Reed (2011 apud CZERMAINSKI, 2012). 
Segundo Czermainski (2012), para realizar uma avaliação neuropsicológica o avaliador 
pode-se valer de testes e de tarefas objetivas, questionários e escalas, como também entrevista 
clínica. Familiares e pessoas próximas ao examinado podem servir de fontes de informações 
muito importantes quanto a dificuldades enfrentadas pelo paciente no dia a dia. 
Conforme Bosa (2001); Happé e Frit (1996); Joseph (1999) apud Czermainski (2012),
 
a 
neuropsicologia do TEA tem tomado força nas últimas décadas, por razão de fortes evidencias de 
prejuízos neuropsicológicos nessa condição, e também por se tratar de uma abordagem que 
propõe uma investigação de prejuízos cognitivos e também de competências do indivíduo 
(funções preservadas). A hipótese de comprometimento das funções executivas surgiu devido à 
constatação de semelhanças entre o comportamento de indivíduos com disfunção cortical pré-
frontal e aqueles com TEA. 
Através da neuropsicologia é possibilitado saber quais as áreas cerebrais são responsáveis 
pelos componentes executivos (habilidades cognitivas necessárias para o controle e regulação de 
pensamentos, emoções e comportamentos) explicando-nos estratégias clínicas e educativas que 
tem por objetivo principal, proporcionar ao sujeito com o transtorno do espectro do autismo, 
aprendizagens para o desenvolvimento da sua própria autonomia, algumas estratégias que 
possam contribuir para a aquisição e desenvolvimento de relações sociais, emocionais, 
comportamentais e comunicacionais, podendo ajudar na promoção de um desenvolvimento 
harmonioso e mais equilibrado destes sujeitos
 
(CAVACO, 2015 e MORTON 2013-2015). 
A avaliação neuropsicológica auxilia na constatação e também serve para descartar a 
suspeita. Pois uma vez que o diagnóstico de autismo tenha sido confirmado ou desconfirmado, os 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 5 facebook.com/psicologia.pt 
 
profissionais precisam determinar se algum encaminhamento ainda se faz necessário. Isso inclui 
encaminhamentos para diversos profissionais (SILVA e MULICK, 2009). 
Segundo Cavaco (2015), como ciência a neuropsicologia vem se destacando no que diz 
respeito ao transtorno do espectro autista, pelas evidências apresentadas tanto nos prejuízos 
cognitivos manifestados como no que diz respeito às competências e funções preservadas na 
criança com o transtorno. Através da avaliação neuropsicológica pode-se perceber quais as 
funções e as disfunções desenvolvidas pelo indivíduo com autismo, permitindo uma intervenção 
e tratamento nos mais diversos contextos da criança. 
Conforme este autor: 
“Para a construção e desenvolvimento das habilidades intelectuais, que são processos 
básicos, ou seja, para que elas surjam harmoniosamente, as baterias neuropsicológicas 
possibilitam uma avaliação tanto no que concerne ao desempenho cognitivo geral e 
global como também, no que diz respeito à determinação das funções específicas da 
atenção, da linguagem, da memória e das funções executivas. Estas funções podem ser 
avaliadas segundo o modelo luriano, havendo a explorar funções através de tarefas 
específicas ou avaliadas através de testes, escalas e baterias de avaliação 
neuropsicológicas estruturadas” (CAVACO, 2015, p.25). 
 
3. OS TESTES E ESCALAS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO 
NEUROPSICOLÓGICA QUE AUXILIAM NO DIAGNÓSTICO DO AUTISMO 
 
Silva e Mulick (2009) postulam que a avaliação de diagnóstico deve, idealmente, ser feita 
por uma equipe interdisciplinar. Atualmente, existem vários instrumentos que auxiliam na 
determinação de sintomas de autismo durante o processo de avaliação diagnóstica. Dentre os 
instrumentos em formato de questionário para os pais/ professores, podemos citar o Pervasive 
Developmental Disorder Behavior Inventory – PDDBI (Inventário Comportamental dos 
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento). 
Os teóricos referem outro instrumento que tem sido utilizado o Childhood Autism Rating 
Scale – CARS (Escala de Avaliação de Autismo na Infância) no qual os comportamentos da 
criança são avaliados de acordo com as informações obtidas através de entrevistas com os pais e 
de observações diretas da criança (SILVA E MULICK, 2009). 
Quanto ao instrumento CARS: 
“A escala avalia o comportamento em 14 domínios geralmente afetados no autismo, 
mais uma categoria geral de impressão de autismo. Estes 15 itens incluem: relações 
pessoais, imitação, resposta emocional, uso corporal, uso de objetos, resposta a 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 6 facebook.com/psicologia.pt 
 
mudanças, resposta visual, resposta auditiva, resposta e uso do paladar, olfato e tato, 
medo ou nervosismo, comunicação verbal, comunicação não verbal, nível de atividade, 
nível e consistência da resposta intelectual e impressões gerais. Os escores de cada 
domínio variam de 1 (dentro dos limites da normalidade) a 4 (sintomas autistas graves). 
A pontuação varia de15 a 60, e o ponto de corte para autismo é 30” (PEREIRA, 
RIESGO E WAGNER, 2008, p. 488). 
 
Conforme Silva e Mulick (2009), profissionais também tem se utilizado do Autism 
Diagnostic Interview – Revised – ADI-R (Entrevista Diagnóstica para Autismo) e do Autism 
Diagnostic Observation Schedule – ADOS (Observação Diagnóstica Programática para 
Autismo). 
De acordo com os autores, 
“Esses dois instrumentos foram elaborados para serem utilizados de forma 
complementar. Enquanto o ADI-R corresponde a uma entrevista semiestruturada com os 
pais, o ADOS corresponde a um programa semi-estruturado de atividades e entrevistas 
realizadas diretamente com a criança, processo diagnóstico, fornecendo informações 
detalhadas acerca do funcionamento cognitivo e adaptativo da criança, o que é essencial 
para a formulação de um plano de intervenção individualizado” (SILVA e MULICK, 
2009, p. 125). 
 
Rodrigues e Assumpção Jr (2011) colocam que Wisconsin Card Sorting Test, também tem 
sido utilizado para medir as funções executivas em indivíduos com TEA. Referem que no 
subteste Cubos das escalas de Wechsler que envolvem reunião e classificação de imagens por 
séries, esses sujeitos mostram a falta da tendência natural em juntar partes de informações para 
formar um todo provido de significado (coerência central) sendo esta uma das características 
mais marcantes no autismo. 
Muszkat et al. (2014) refere que alguns testes e escalas neuropsicológicas para avaliação de 
emoções e competências sociais podem ser importantes para o diagnóstico diferencial, bem 
como, a orientação de intervenções terapêuticas. Os autores destacam alguns destes testes entre 
eles estão: o Subteste de reconhecimento de Emoções da Bateria de NEPSY-II, o Teste de 
Compreensão Emocional indicado a crianças de 3 a 6 anos, sendo este fundamental na 
abordagem precoce. 
Ainda outro instrumento utilizado é o teste de Desenvolvimento Infantil de Bayley, ele é 
dividido em três escalas que avaliam questões motoras, mentais e comportamentais, as três são 
complementares para avaliação final. Bayley é um teste de fácil utilização que colabora para 
avaliar diversos aspectos importantes no desenvolvimento da criança de 1 a 42 meses (COSTA et 
al., 2004). 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 7 facebook.com/psicologia.pt 
 
 
4. DISCUSSÃO 
 
A etiologia do autismo ainda é de origem desconhecida. Há probabilidade de ser de origem 
genética e que essa causa se encontre possivelmente em alterações funcionaisdo cérebro. A falta 
de marcadores biológicos dificulta a etiologia do transtorno, muitas vezes, baseando o 
diagnóstico em observações de critérios diagnósticos. Czermainski (2012) refere que a 
compreensão do autismo, ainda hoje, se mantém uma tarefa complexa, tendo em vista, a 
heterogeneidade clínica que indivíduos nessas condições apresentam. 
A falta de marcadores biológicos do autismo se confirma em diversos estudos 
(ZILBOVICIUS, 2006; FRITH, 2013; LAMEIRA, 2006). Zilbovicius (2006) traz que a partir de 
investigações com exames de imagem cerebral em indivíduos autistas descobriram diferenças 
localizadas nos sulcos frontais e temporais. Enquanto que Frith (2013)
 
e Lameira (2006) trazem 
como principal anormalidade dos autistas uma falha no funcionamento da rede de neurônios 
espelho. Apesar de não haver um consenso quanto aos marcadores, há um consenso de que a 
causa seja na alteração funcional do cérebro. 
Para Silva e Mulick (2009), a avaliação neuropsicológica auxilia na constatação e também 
serve para descartar a suspeita. E a partir da confirmação ou não do diagnóstico de autismo os 
profissionais precisam determinar se algum encaminhamento ainda se faz necessário. Isso inclui 
encaminhamentos para diversos profissionais
10
, ou seja, a avaliação é uma ferramenta importante 
para este diagnóstico, tendo em vista, que um diagnóstico tão complexo como o do autismo, 
ainda seja confirmado apenas a partir da observação. A avaliação neuropsicológica faz uso de 
instrumentos padronizados e validados, que confirma ou desconfirma o diagnóstico com maior 
precisão e, desta forma, as indicações terapêuticas passam a ser mais assertivas no 
desenvolvimento de habilidades e reconhecimento das funções preservadas. 
É importante salientar que a partir dos resultados da avaliação neuropsicológica todos que 
trabalham e convivem com a criança com TEA serão contemplados, pois a partir daí tanto a 
família, como a escola, poderão compreender como se dá o funcionamento desse sujeito. Pois, 
conforme Byard et al. (2011 apud CZERMAINSKI, 2012)
 
os resultados de uma avaliação 
neuropsicológica servem de subsídios para o delineamento de estratégia de intervenção, como a 
reabilitação neuropsicológica. Essa tem por objetivo trabalhar com aspectos cognitivos, 
comportamentais e emocionais, no intuito de melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida das 
crianças e adolescentes. 
Segundo Cavaco (2015), através da avaliação neuropsicológica pode-se perceber quais as 
funções e as disfunções desenvolvidas pelo indivíduo com autismo, permitindo uma intervenção 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 8 facebook.com/psicologia.pt 
 
e tratamento nos mais diversos contextos da criança. Neste aspecto, no que diz respeito à escola, 
a partir da avaliação poderá oferecer atendimento educacional especializado onde as atividades 
serão planejadas e adaptadas conforme as necessidades da criança/aluno, além disso, este 
profissional também será o facilitador do processo de inclusão deste indivíduo. Quanto à família 
além de aprender a lidar com o comportamento do filho que muitas vezes oscila, também estará 
em busca de profissionais que possam estimulá-lo nas áreas onde apresenta defasagens. 
 
5. CONCLUSÃO 
 
O autismo caracteriza-se por um comprometimento em várias áreas do desenvolvimento, 
sem apresentar uma definição etiológica comprovada. Porém, a principal hipótese provém da 
área neurológica, por ser a causa mais aceita nos dias de hoje. Acredita-se que uma anormalidade 
no cérebro das crianças portadoras seja a razão mais provável. No entanto, as causas do autismo 
ainda permanecem desconhecidas. 
 O TEA, a partir do DSM-V (2014) passou a fazer parte dos Transtornos do 
Neurodesenvolvimento e assim como outros transtornos do neurodesenvolvimento tem início no 
período do desenvolvimento infantil, podendo ser percebido por meio de déficits no 
desenvolvimento, os quais trazem prejuízos no funcionamento físico, social, emocional e 
intelectual. E só pode ser diagnosticado por meio de um laudo médico. 
Entende-se ainda que essas dificuldades no desenvolvimento vão desde limitações 
específicas de aprendizagem, do controle das funções executivas a prejuízos globais das 
habilidades sociais e inteligência. 
Dentro deste contexto, a avaliação neuropsicológica serve como um subsídio próprio e 
específico para auxiliar esse paciente no seu desenvolvimento global, ajudando em áreas de 
maior vulnerabilidade, sugerindo recursos e instrumentos de apoio e estímulo. 
A Avaliação Neuropsicológica tem importante contribuição para o diagnóstico correto do 
autismo, tendo em vista, a falta de marcadores biológicos para esse Transtorno, a avaliação conta 
com instrumentos diagnósticos precisos, deixando de basear-se apenas em observação de 
critérios diagnósticos para fechar diagnóstico. 
Nota-se que entre os recursos disponíveis para avaliação neuropsicológica, ganha destaque 
a Escala de Avaliação de Autismo na Infância – CARS - no qual os comportamentos da criança 
são avaliados de acordo com as informações obtidas através de entrevistas com os pais e de 
observações diretas da criança, PDDBI – inventário comportamental e Bayley – teste de 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 9 facebook.com/psicologia.pt 
 
desenvolvimento infantil dividido em três escalas que avaliam questões motoras, mentais e 
comportamentais. 
Tendo em vista o tema ser relevante por sua importância e dificuldade diagnóstica, sugere-
se a continuidade desta pesquisa ampliando este estudo, a partir de pesquisas com psicólogos que 
realizam avaliação neuropsicológica e/ou familiares com integrante autista. 
 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017 
 
Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 10 facebook.com/psicologia.pt 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Almeida A. Avaliação Neuropsicológica de Crianças e Adolescentes com Autismo e outros 
transtornos Invasivos do desenvolvimento. Porto Alegre: Monografia (especialização em 
neuropsicologia), UFRGS, 2010. 
 
Cavaco, N.A. Autismo: Uma perspectiva neuropsicológica. Rev. Omnia, v. 3, p. 21-31, 
2015. Disponível em: <http://omnia.grei.pt/n03/[3]%20CAVACO.pdf.> Acessado em: 28 de Set. 
2016. 
 
Costa, D.I.; AZAMBUJA, L.S.; PORTUGUEZ, M.W.; COSTA, J.D. Avaliação 
neuropsicológica da criança e áreas de intervenção. J. Pediatr., v. 80, n. 2, S115-2, 2004. 
 
Czermainski, F.R. Avaliação Neuropsicológica das Funções Executivas no Transtorno do 
Espectro do Autismo. Porto Alegre: Dissertação de mestrado, UFRGS, 2012. Disponível em: 
<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/63201/000860693.pdf?sequence=1>. 
Acessado em: 28 Set 2016. 
 
Frith, U.; COHEN, B. PAIS RACIONAIS. Crianças Autistas. 2013. Disponível em: 
http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/a_teoria_da_mente.html. Acessado em: 03 de nov. 
2016. 
 
Garcia, P.M.; MOSQUERA, F.F. Causas neurológicas do autismo. Rev. O Mosaico. v. 5. 
P. 106-10. 2011. 
 
Lameira, A.P; GAWRYSZEWSKI, L.G.; PEREIRA, A. Neurônios Espelho. Psicologia 
USP. v. 17, n. 4,p. 123 – 133. 2006. 
 
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Tradução: Maria Inês 
Corrêa Nascimento. Porto Alegre: Artmed; 2014. 5ed. p. 31-3. 
 
Morton, JB. University University of Western Ontario, Canadá: 2013-2015. CEECD/ SKC-
ECD | Funções Executivas- Enciclopédia sobre o desenvolvimento na primeira infância. 
Psicologia.pt 
ISSN 1646-6977 
Documento publicado em 25.06.2017Neumann, Tariga, Perez, Gomes, Silveira & Azambuja 11 facebook.com/psicologia.pt 
 
Disponível em: <http://www.enciclopedia-crianca.com/sites/default/files/dossiers-complets/pt-
pt/funcoes-executivas.pdf>. Acessado em: 03 de Nov. 2016. 
 
Muszkat M, Ararippe BL, Andrade NC et al. Neuropsicologia do autismo. In: 
Neuropsicologia teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
 
Pereira, A.; RIESGO, R.S.; WAGNER, M.B. Autismo infantil: tradução e validação da 
Childhood Autism Rating Scale para uso no Brasil. J. Pediatr., v. 84, n. 6, p. 487-495, 2008. 
 
Rodrigues, I.J.; ASSUMPÇÃO F.B.J. Habilidades viso-perceptuais e motoras na síndrome 
de Asperger. Temas psicologia, v. 19, n. 2, p. 361-378, 2011. 
 
Silva, M; MULICK, J.A. Diagnosticando o transtorno autista: aspectos fundamentais e 
considerações práticas. Psicol. Cienc. prof. v. 29, n. 1, p.116-121, 2009. 
 
Zilbovicius, M.; MERESSE, I.; BODDAERT, N. Autismo: neuroimagem. Rev Bras 
Psiquiatr. v.28 (Supl I). S21-8. 2006.

Continue navegando