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Contabilidade e Orçamento Público Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Marcelo Bernardino Araújo Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público • Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público · Esta unidade tem como principal objetivo apresentar as principais Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público e os Demonstrativos Fiscais brasileiros. OBJETIVO DE APRENDIZADO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) às nossas discussões sobre Contabilidade e Orçamento Público! Saiba que esta Disciplina tem como propósito apresentar conhecimentos sobre a Contabilidade aplicada ao setor público, sua obrigatoriedade e sua aplicação nas entidades de direito público e nas entidades estatais dependentes, oferecendo-lhe contato com as discussões mais recentes dessa área; além de lhe proporcionar momentos de leitura – textual e audiovisual – e reflexão sobre os temas que serão aqui discutidos, contribuindo com sua formação continuada e trajetória profissional. Esta Disciplina está organizada em cincounidades, cujo eixo principal será [nominar o eixo], ou seja, que dê conta sobre a Administração Pública e a Contabilidade, Planejamento de Orçamento Público, Receita Pública, Despesa Pública e Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público, é o que você encontrará nas próximas unidades. Ademais, perceba que a Disciplina em ensino a distância pode ser realizada em qualquer lugar que você tenha acesso à Internet e em qualquer horário. Dessa forma, normalmente com a correria do dia a dia não nos organizamos e deixamos para o último momento o acesso ao estudo, o que implicará no não aprofundamento do material trabalhado, ou ainda, na perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o “momento do estudo”. ORIENTAÇÕES Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público UNIDADE Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público Contextualização Quando se fala de política no setor público alguns logo pensam em corrupção. Você sabe o que é a corrupção no serviço público? Ela diz respeito apenas aos agentes políticos? Cabe, também, aos demais servidores, aos burocratas? Existem diferentes formas de corrupção: a corrupção ativa, a corrupção passiva, a concussão, o peculato e ainda a prevaricação. Na corrupção ativa, o crime é praticado por terceiros, ou seja, alguém de fora, sem vínculo com a Administração Pública. Ela ocorre quando alguém promete ou oferece vantagem indevida a um agente público, para que ele atrase, pratique ou deixe de praticar uma atividade que é sua competência. Na corrupção passiva, o crime é praticado pelo agente público, ou seja, todo aquele que ocupa um cargo público ou exerce uma função pública e pede uma propina ou qualquer outra vantagem, para que ele atrase, pratique ou deixe de praticar uma atividade que é sua competência. Na concussão, o crime é praticado pelo agente público que, no uso de sua autoridade, ou seja, em função do cargo exercido, pede para si, ou para outra pessoa, propina, ou qualquer vantagem, para que atrase, pratique ou deixe de praticar uma atividade que é sua competência. No peculato, o crime é praticado pelo agente público, que desvia ou apropria-se de dinheiro ou bens, público ou particular, de que tem posse em razão do exercício do cargo ou função pública, em proveito próprio ou de terceiros. Por fim, na prevaricação, o crime é praticado pelo agente público, que atrasa ou deixa de praticar, indevidamente, uma atividade que é sua competência, ou quando pratica um ato de ofício contra disposição expressa da lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Nesse sentido, há cada vez mais a cobrança por parte da sociedade para que haja transparência nos processos e serviços públicos. Os normativos mais recentes reforçam a transparência dos atos da Administração Pública, como por exemplo, a Lei de Responsabilidade Fiscal, cujos pilares são: planejamento, transparência, controle e responsabilidade. Para verificar inconsistência ou incoerências na execução orçamentária, a sociedade tem à disposição as Demonstrações e Relatórios Contábeis que fornecem informações nos mais diversos níveis de detalhamento, as quais, no setor público, exigem um certo esforço em sua leitura e entendimentos corretos. 6 7 Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público A contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. A contabilidade surgiu da necessidade de se obter mais dados ou informações sobre o patrimônio, ou seja, quando o gestor do patrimônio, precisa conhecer melhor seu negócio, para tomada de decisões, controlar, medir seu resultado, fixar preços e também medir sua riqueza. Os próprios detentores desses negócios foram criando meios rudimentares para obter tais informações. Nesta unidade, veremos os principais relatórios gerados pela Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP), que se dividem em contábeis (Balanços Públicos) e fiscais (Relatório Resumido de Execução Orçamentária - RREO e Relatório de Gestão Fiscal - RGF). O filme “Enron – os mais espertos da sala”, de Alex Gibney, mostra um estudo sobre um dos maiores escândalos corporativos da história dos Estados Unidos, em que executivos da Enron, a 7ª maior companhia do país, fugiram com bilhões de dólares e deixaram acionistas e investidores sem um único tostão. Por meio de depoimentos e gravações, é mostrado como funcionava a hierarquia interna na Enron. Ex pl or Balanços Públicos A partir da adoção obrigatória, por todos os Entes Federativos, do PCASP a partir de 31/12/2014, consequentemente, de alguns Balanços Públicos, deu-se pela Portaria STN nº 623/2014, que exigiu o Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro, Balanço Patrimonial, Demonstração das Variações Patrimoniais. Para 2015, a Portaria STN nº 733/2014, exigiu, além dos Balanços acima, também a Demonstração do Fluxo de Caixa e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Mas por que todos os Entes devem seguir o mesmo padrão? O objetivo é a consolidação nacional das contas públicas. Alguns pontos conceituais são essenciais para o levantamento dos Balanços Públicos, segundo a Resolução CFC nº 1.133/2008, que aprovou a NBC T 16.6: As demonstrações contábeis apresentam informações extraídas dos registros e dos documentos que integram o sistema contábil da entidade. As demonstrações contábeis devem conter a identificação da entidade do setor público, da autoridade responsável e do contabilista. 7 UNIDADE Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público As demonstrações contábeis devem ser divulgadas com a apresentação dos valores correspondentes ao período anterior. Nas demonstrações contábeis, as contas semelhantes podem ser agrupadas; os pequenos saldos podem ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 10% (dez por cento) do valor do respectivo grupo de contas, sendo vedadas a compensação de saldos e a utilização de designações genéricas. Para fins de publicação, as demonstrações contábeis podem apresentar os valores monetários em unidades de milhar ou em unidades de milhão, devendo indicar a unidade utilizada. Os saldos devedores ou credores das contas retificadoras devem ser apresentados como valores redutores das contas ou do grupo de contas que lhes deram origem. Balanço Orçamentário (BO) O Balanço Orçamentário tem porfinalidade evidenciar o orçamento inicial, suas alterações, incorporação de superávit e suas reestimativas, confrontando-os individualmente, com a execução da receita e da despesa. É estruturado de forma a evidenciar a integração entre o planejamento e a execução orçamentária. O Balanço Orçamentário apresenta dois tipos de resultados: de previsão (planejamento) e de execução, que podem representar: Receita = Despesa = Equilíbrio orçamentário; Receita > Despesa = Superávit orçamentário; Receita < Despesa = Déficit orçamentário. Balanço Orçamentário Receitas Orçamentárias Previsão Inicial Previsão Atualizada (a) Previsão Atualizada (b) Saldo (c) = (b-a) Receitas correntes Receitas de capital Subtotal das receitas (I) Refinanciamento (II) Operações de Crédito Internas Operações de Crédito Externas Subtotal com Refinanciamento (III) = (I + II) Déficit (IV) Total (V) = (III + IV) Saldos de exercícios anteriores Superávit Financeiro Reabertura de créditos 8 9 Despesas orçamentárias Dotação inicial (d) Dotação atualizada (e) Despesas empenhadas (f) Despesas liquidadas (g) Despesas pagas (h) Saldo (i) = (e-f) Despesas correntes Despesas de capital Reserva de contingência Reserva do RPPS Subtotal das despesas (VI) Amortização ou refinanciamento da dívida (VII) Amortização da Dívida Interna Amortização da Dívida Externa Subtotal com refinanciamento (VIII) = (VI + VII) Superávit (IX) Total (X) = (VII + IX) O Balanço Orçamentário é estruturado de forma a evidenciar a integração entre o planejamento e a execução orçamentária. Para elaboração do BO, o ente federativo deve observar a Instrução de Procedimento Contábil (IPC) IPC 07 – Metodologia para Elaboração do Balanço Orçamentário. Disponível em: http://goo.gl/nlsyh5. Ex pl or Site da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Fazenda. Além de ser o Órgão Central de Contabilidade da União, a STN tem a prerrogativa de normatizar a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, nos termos da Lei Complementar nº 101/2000, art. 50, § 2º. http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade Ex pl or Balanço Financeiro (BF) Demonstra a movimentação de disponibilidades da entidade no período a que se refere, evidenciando: a receita orçamentária arrecadada, a despesa orçamentária paga, os recebimentos (ingressos) e os pagamentos (dispêndios) extraorçamentários, o saldo inicial e o saldo final das disponibilidades (Caixa e Equivalentes de Caixa). As entradas (ingressos – receitas orçamentárias e ingressos extraorçamentários), assim como as saídas (dispêndios – despesas orçamentárias e dispêndios extraorçamentários) são evidenciadas por Fonte/Destinação de Recursos. 9 UNIDADE Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público Balanço Finançeiro Ingressos Dispêndios Especificação Ano Atual Ano Anterior Especificação Ano Atual Ano Anterior Receita Orçamentária (I) Ordinária Vinculada Previdência Social Transferências Convênios (...) (-) Deduções da Receita Orçamentária (II) Transferências Financeiras Recebidas (III) Recebimentos Extraorçamentários (III) Saldo em Espécie do Exercício Anterior (IV) Despesa Orçamentária (VI) Ordinária Vinculada Previdência Social Transferências Convênios (...) Transferências Financeiras Concedidas (VII) Pagamentos Extraorçamentários (VIII) Saldo em Espécie para o Exercício Seguinte (IX) Total (V) = (I+II+III+IV) Total (X) = (VI+VII+VIII+IX) Para elaboração do BF, o ente federativo deve observar a IPC 06 – Metodologia para Elaboração do Balanço Financeiro, disponível em: http://goo.gl/0zHLtF. Ex pl or A classificação por Fonte/Destinação de Recursos não é padronizada, ou seja, cada Ente Federativo tem sua própria classificação/codificação. Cabe a cada Ente adaptá-lo à classificação por ele adotada. Caso o Ente resolva agrupar algumas vinculações, devem ser divulgados os critérios para o agrupamento por meio de notas explicativas. Importante! A divulgação das ações governamentais é obrigação de todos os administradores públicos. Para fazer valer o direito da sociedade de saber as despesas realizadas pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, foi criada a Lei nº 12.527/2011. A Lei de Acesso à Informação (LAI) obriga órgãos públicos federais, estaduais e municipais a oferecer informações sobre suas atividades a qualquer cidadão interessado, com exceção de informações sigilosas. A LAI extingue o sigilo eterno, estabelecendo prazos de sigilo diferentes para cada nível de classificação, e após o término do prazo a informação, automaticamente, torna-se pública. Você Sabia? Balanço Patrimonial (BP) Estruturado em Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, o Balanço Patrimonial tem por objetivo evidenciar qualitativa e quantitativamente a situação patrimonial da entidade pública. A classificação dos elementos patrimoniais considera a segregação em Circulante e Não Circulante, com base em seus atributos de conversibilidade, 10 11 exigibilidade e interesse social. Alguns pontos conceituais são essenciais para a elaboração do BP, segundo a Resolução CFC nº 1.133/2008 (Redação dada pela Resolução CFC nº 1.437/2013): (a) ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade; (b) passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos; (c) patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos; (d) Contas de Compensação – compreende os atos que possam vir a afetar o patrimônio. No Patrimônio Líquido, deve ser evidenciado o resultado do período segregado dos resultados acumulados de períodos anteriores. A classificação dos elementos patrimoniais considera a segregação em “circulante” e “não circulante”, com base em seus atributos de conversibilidade e exigibilidade. Os ativos devem ser classificados como circulantes quando satisfizerem a um dos seguintes critérios: (a) estarem disponíveis para realização imediata; (b) tiverem a expectativa de realização até doze meses da data das demonstrações contábeis. Os demais ativos devem ser classificados como não circulantes. Os passivos devem ser classificados como circulantes quando satisfizerem um dos seguintes critérios: (a) corresponderem a valores exigíveis até doze meses da data das demonstrações contábeis. (b) corresponderem a valores de terceiros ou retenções em nome deles, quando a entidade do setor público for a fiel depositária, independentemente do prazo de exigibilidade. Os demais passivos devem ser classificados como não circulantes. As contas do ativo devem ser dispostas em ordem decrescente de grau de conversibilidade; as contas do passivo, em ordem decrescente de grau de exigibilidade. 11 UNIDADE Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público Balanço Patrimonial Ativo Passivo Especificação Ano Atual Ano Anterior Especificação Ano Atual Ano Anterior Ativo Circulante Caixa e Equivalentes de Caixa Créditos Demais Créditos e Valores Investimentos Temporários Estoques VPD Pagas Antecipadamente Ativo Não Circulante Ativo Realizável Longo Prazo Créditos Demais Créditos e Valores Investimentos Temporários Estoques VPD Pagas Antecipadamente Investimentos Participações Permanentes Demais Investimentos (-) Redução Valor Recuperável Imobilizado Bens Móveis Bens Imóveis (-) Depreciação, Exaustão e Amortização acumuladas (-) Redução Valor RecuperávelIntangível Softwares Marcas, Direitos e Patentes Direito de Uso de Imóveis (-) Amortização acumulada (-) Redução Valor Recuperável Passivo Circulante Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais Empréstimos e Financiamentos Fornecedores Contas a Pagar Obrigações Fiscais Demais Obrigações Provisões Passivo Não Circulante Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais Empréstimos e Financiamentos Fornecedores Obrigações Fiscais Demais Obrigações Provisões Resultado Diferido Total do Passivo (II) Patrimônio Líquido Patrimônio Social/Capital Social (-) Ações/Cotas em Tesouraria Reservas de Capital (+/-) Ajustes Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Demais Reservas (+/-) Resultados Acumulados Total Patrimônio Líquido (III) Total (I) Total (IV) = (II+III) Especificação Ano Atual Ano Anterior Especificação Ano atual Ano Anterior Ativo Financeiro Passivo Financeiro Ativo Permanente Passivo Permanente Saldo Patrimonial Atos Potenciais Ativos Ano Atual Ano Anterior Especificação Ano Atual Ano Anterior Total Total Especificação Ano Atual Ano Anterior Código da fonte/destinação Descrição da fonte/destinação Total (Déficit/Superávit Financeiro) 12 13 Para elaboração do BP, o ente federativo deve observar a IPC 04 – Metodologia para Elaboração do Balanço Patrimonial, disponível em: http://goo.gl/T5dU3G. Ex pl or Segundo a Lei nº 4.320/1964, art. 43, é no Balanço Patrimonial onde se calcula o superávit financeiro (diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro), que é fonte de recurso para abertura de Créditos Adicionais. Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) Tem por objetivo apurar o resultado patrimonial e evidenciar as variações patrimoniais qualitativas e quantitativas resultantes e independentes da execução orçamentária. As variações são agrupadas em: • Variações Patrimoniais Ativas ou Variações Patrimoniais Aumentativas (VPA): que proporcionam aumento do patrimônio líquido da entidade. • Variações Patrimoniais Passivas ou Variações Patrimoniais Diminutivas (VPD): que proporcionam redução do patrimônio líquido da entidade. O Resultado Patrimonial do Período é apurado pelo confronto entre as variações patrimoniais ativas e passivas. Assim como nas entidades de direito privado, o resultado do período pode ser positivo ou negativo. Alguns pontos conceituais são essenciais para a elaboração da DVP, segundo a Resolução CFC nº 1.133/2008, que aprovou a NBC T 16.6: As variações quantitativas são decorrentes de transações no setor público que aumentam ou diminuem o patrimônio líquido. As variações qualitativas são decorrentes de transações no setor público que alteram a composição dos elementos patrimoniais sem afetar o patrimônio líquido. Para fins de apresentação na Demonstração das Variações Patrimoniais, as variações devem ser segregadas em quantitativas e qualitativas. (Redação dada pela Resolução CFC nº 1.268/2009) O resultado patrimonial do período é apurado pelo confronto entre as variações quantitativas aumentativas e diminutivas. (Redação dada pela Resolução CFC nº 1.268/2009) 13 UNIDADE Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público Demonstração das Variações Patrimoniais Variações Patrimoniais Quantitativas Ano Atual Ano Anterior Variações Patrimoniais Aumentativas Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria Contribuições Exploração e Venda de Bens, Serviços e Direitos Variações Patrimoniais Aumentativas Financeiras Transferências e Delegações Recebidas Valorização e Ganhos com Ativos e Desincorporação de Passivos Outras Variações Patrimoniais Aumentativas Total das Variações Patrimoniais Aumentativas (I) Variações Patrimoniais Diminutivas Pessoal e Encargos Benefícios Previdenciários e Assistenciais Uso de Bens, Serviços e Consumo de Capital Fixo Variações Patrimoniais Diminutivas Financeiras Transferências e Delegações Concedidas Desvalorização e Perdas de Ativos e Incorporação de Passivos Custo das Mercadorias e Produtos Vendidos ou Serviços Prestados Outras Variações Patrimoniais Diminutivas Total das Variações Patrimoniais Diminutivas (II) Resultado Patrimonial do período (III) = (I – II) Variações Patrimoniais Qualitativas (decorrentes da execução orçamentária) Ano Atual Ano Anterior Incorporação de Ativos Desincorporação de Passivos Incorporação de Passivos Desincorporação de Ativos Para elaboração da DVP, o ente federativo deve observar a IPC 05 – Metodologia para Elaboração da Demonstração das Variações Patrimoniais. Disponível em: http://goo.gl/O6bV3X. Ex pl or Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) Segundo o MCASP (2015), a Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido (DMPL) demonstrará a evolução do patrimônio líquido da entidade. Dentre os itens demonstrados, podemos citar: a) os ajustes de exercícios anteriores; b) as transações de capital com os sócios, por exemplo: o aumento de capital, a aquisição ou venda de ações em tesouraria e os juros sobre capital próprio; 14 15 c) o superávit ou déficit patrimonial; d) a destinação do resultado, por exemplo: transferências para reservas e a distribuição de dividendos; e) outras mutações do patrimônio líquido. A DMPL complementa o Anexo de Metas Fiscais (AMF), integrante da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). É uma demonstração obrigatória para as empresas estatais dependentes, desde que constituídas sob a forma de sociedades anônimas, e facultativa para os demais órgãos e entidades dos Entes da Federação. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Especificação Patrimônio Social ou Capital Social Ações ou Cotas em Tesouraria Reservas de Capital Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Demais Reservas Resultados Acumulados Total Saldo Inicial Ano Anterior Ajustes de Anos Anteriores Aumento de Capital Resultado do Exercício Constituição ou Reversão de Reservas Dividendos Saldo Final Ano Anterior Saldo Inicial Ano Atual Ajustes de Anos Anteriores Aumento de Capital Resultado do Exercício Constituição ou Reversão de Reservas Dividendos Saldo Final Ano Atual 15 UNIDADE Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público O artigo “Análises de balanços públicos: quociente do resultado orçamentário do governo federal: 2000-2009” auxilia o gestor público na análise sobre o resultado econômico e financeiro do setor público. SILVA, Maurício Correa da et al. Análises de balanços públicos: quociente do resultado orçamentário do governo federal: 2000-2009. Revista Contabilidade Vista & Revista, v. 24, n. 3, p. 15-34, 2013. Disponível em: http://goo.gl/hFJ3rg Ex pl or Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) Apresenta a movimentação financeira histórica da entidade pública, programa, projeto, fundo ou outra unidade de acumulação relevante, permitindo ao usuário projetar cenários de fluxos futuros de caixa e elaborar análise sobre eventuais mudanças em torno da capacidade da entidade de manter o regular financiamento dos serviços públicos sob sua responsabilidade. Tal demonstração deve ser elaborada pelos métodos direto ou indireto e deve evidenciar as movimentações em três grandes grupos que são: fluxo de caixa de atividades das operações, fluxo de caixa de atividades dos investimentos e fluxo de caixa de atividades dos financiamentos. Dois conceitos são essenciais para a elaboração da DFC, segundo a Resolução CFC nº 1.133/2008, que aprovou a NBC T 16.6: Método direto: o procedimento contábil para elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa, que evidencia as movimentações de itens de caixa e seus equivalentes, a partir das principais classesde recebimentos e pagamentos brutos. Método indireto: o procedimento contábil para elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa, que evidencia as principais classes de recebimentos e pagamentos a partir de ajustes ao resultado patrimonial, nos seguintes elementos: (a) de transações que não envolvem caixa e seus equivalentes; (b) de quaisquer diferimentos ou outras apropriações por competência sobre recebimentos ou pagamentos; (c) de itens de receita ou despesa orçamentária associados com fluxos de caixa e seus equivalentes das atividades de investimento ou de financiamento. A DFC identifica as fontes de geração de fluxos de entradas de caixa, os itens de consumo de caixa durante o ano e também os saldos do caixa na data das demonstrações contábeis. A DFC ainda permite a análise da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e da utilização de recursos próprios e de terceiros em suas atividades. 16 17 Método direto Demonstração do Fluxo de Caixa Especificação Ano Atual Ano Anterior Fluxos de caixa das atividades das operações (+) Ingressos Receitas derivadas Receitas originárias Transferências Intergovernamentais Intragovernamentais (-) Desembolsos Pessoal e outras despesas correntes por função Juros e encargos da dívida Juros e correção monetária da dívida interna Juros e correção monetária da dívida externa Outros encargos da dívida Transferências Intergovernamentais Intragovernamentais (=) Fluxo de caixa líquido das atividades das operações (I) Fluxos de caixa das atividades de investimento (+) Ingressos Alienação de bens Amortização de empréstimos e financiamentos concedidos (-) Desembolsos Aquisição de ativo não circulante Concessão de empréstimos e financiamentos (=) Fluxo de caixa líquido das atividades de investimento (II) Fluxos de caixa das atividades de financiamento (+) Ingressos Operações de crédito (-) Desembolsos Amortização ou refinanciamento da dívida (=) Fluxo de caixa líquido das atividades de financiamento (III) (=) Apuração do fluxo de caixa do período (IV) = (I+II+III) (=) Geração líquida de caixa e equivalente de caixa (a) = (c – b) Caixa e equivalente de caixa inicial (b) Caixa e equivalente de caixa final (c) 17 UNIDADE Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público Importante! Os saldos inicial e final de Caixa e Equivalentes de caixa devem ser iguais aos saldos do Balanço Patrimonial. Importante! Método Indireto Demonstração do Fluxo de Caixa Especificação Ano Atual Ano Anterior Fluxos de caixa das atividades das operações Resultado patrimonial do exercício (+) Depreciação / Amortização / Exaustão (+) Variação cambial de empréstimos (=) Resultado patrimonial ajustado (+/-) Variação dos Restos a Pagar (+/-) Variação da Dívida Ativa (=) Fluxo de caixa líquido das atividades das operações (I) Fluxos de caixa das atividades de investimento (+) Ingressos Alienação de bens Amortização de empréstimos e financiamentos concedidos (-) Desembolsos Aquisição de ativo não circulante Concessão de empréstimos e financiamentos (=) Fluxo de caixa líquido das atividades de investimento (II) Fluxos de caixa das atividades de financiamento (+) Ingressos Operações de crédito (-) Desembolsos Amortização ou refinanciamento da dívida (=) Fluxo de caixa líquido das atividades de financiamento (III) (=) Apuração do fluxo de caixa do período (IV) = (I+II+III) (=) Geração líquida de caixa e equivalente de caixa (a) = (c – b) Caixa e equivalente de caixa inicial (b) Caixa e equivalente de caixa final (c) Percebeu que na DFC elaborada pelo método indireto só diferenças no Fluxo de Caixa das operações? Para a elaboração da DFC, o ente federativo deve observar a IPC 08 – Metodologia para Elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa, disponível em http://goo.gl/Xv9w9C . Ex pl or 18 19 Demonstração do Resultado Econômico (DRE) A partir da Resolução CFC nº 1.437/2013 a Demonstração do Resultado Econômico deixou de ser obrigatória, passando a sua divulgação ser facultativa até que as entidades públicas tenham sistemas de custeio implementados. A Demonstração do Resultado Econômico deve ser elaborada considerando sua interligação com o sistema de custos e apresentar na forma dedutiva, pelo menos, a seguinte estrutura: Demonstração do Resultado Econômico Especificação Ano Atual Ano Anterior Receita econômica dos serviços prestados ou dos bens ou produtos fornecidos ( - ) Custos diretos identificados com a execução da ação pública ( = ) Margem Bruta ( - ) Custos indiretos identificados com a execução da ação pública ( = ) Resultado econômico apurado Dois conceitos são essenciais para a elaboração da DRE, segundo a Resolução CFC nº 1.133/2008, que aprovou a NBC T 16.6: A receita econômica é o valor apurado a partir de benefícios gerados à sociedade pela ação pública, obtido por meio da multiplicação da quantidade de serviços prestados, bens ou produtos fornecidos, pelo custo de oportunidade. Custo de oportunidade é o valor que seria desembolsado na alternativa desprezada de menor valor entre aquelas consideradas possíveis para a execução da ação pública. Notas Explicativas (NE) Segundo o MCASP (2015), as notas explicativas são informações adicionais às apresentadas nos quadros das DCASP. Seu objetivo é facilitar a compreensão das demonstrações contábeis a seus diversos usuários. Portanto, devem ser claras, sintéticas e objetivas. Sobre a obrigatoriedade e evidenciação de Notas Explicativas, a Resolução CFC nº 1.133/2008, que aprovou a NBC T 16.6, determina: As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis. As informações contidas nas notas explicativas devem ser relevantes, complementares ou suplementares àquelas não suficientemente evidenciadas ou não constantes nas demonstrações contábeis. As notas explicativas incluem os critérios utilizados na elaboração das demonstrações contábeis, as informações de naturezas patrimonial, orçamentária, econômica, financeira, legal, física, social e de desempenho e outros eventos não suficientemente evidenciados ou não constantes nas referidas demonstrações. 19 UNIDADE Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público Mas o que eu devo informar em notas explicativas? Essa não é uma dúvida apenas na Contabilidade do setor público. Um excesso de informação também pode confundir o usuário. Fig. 01: Estrutura das Notas Explicativas Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional Demonstrativos Fiscais Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) O Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) é obrigatório para todos os Entes Federativos, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Sua periodicidade é bimestral, ou seja, para os 6 bimestres do ano. Nesse relatório, a consolidação é de todas as entidades que compõem o Ente Federativo, ou seja, que dependem do orçamento fiscal e da seguridade social. O RREO atualmente é formado por quatorze anexos: Anexo I Balanço Orçamentário Anexo II Demonstrativo da Execução das Despesas por Função / Subfunção Anexo III Demonstrativo da Receita Corrente Líquida Anexo IV Demonstrativo de Receitas e Despesas Previdenciárias Anexo V Demonstrativo do Resultado Nominal Anexo VI Demonstrativo do Resultado Primário Anexo VII Demonstrativo dos Restos a Pagar por Poder e Órgão Anexo VIII Demonstrativo das Receitas e Despesas com a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino – MDE Anexo IX Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de Capital Anexo X Demonstrativo da ProjeçãoAtuarial do Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores Públicos Anexo XI Demonstrativo da Receita de Alienação de Ativos e Aplicação dos recursos Anexo XII Demonstrativo das Receitas Líquidas de Impostos e das Despesas Próprias com Saúde Anexo XIII Demonstrativo das Parcerias Público-Privadas Anexo XIV Demonstrativo Simplificado do Relatório Resumido da Execução Orçamentária 20 21 Relatório de Gestão Fiscal (RGF) O Relatório de Gestão Fiscal (RGF) também é obrigatório para todos os Entes Federativos. Sua periodicidade é quadrimestral, ou seja, há um relatório para o 1º quadrimestre, para o 2º quadrimestre e para o 3º quadrimestre de cada ano. Já sua forma de consolidação é por Poder (Executivo, Legislativo, Judiciário), do Ministério Público, Defensoria Pública e Consórcios Públicos e ainda, um relatório consolidado de todas as entidades de cada Ente Federativo. O RGF atualmente é formado por sete anexos: Anexo I Demonstrativo de Despesas com Pessoal Anexo II Demonstrativo da Dívida Consolidada Líquida Anexo III Demonstrativo das Garantias e Contra Garantias de Valores Anexo IV Demonstrativo das Operações de Crédito Anexo V Demonstrativo das Disponibilidades de Caixa e dos Restos a Pagar Anexo VI Demonstrativo dos Restos a Pagar Anexo VII Demonstrativo Simplificado do Relatório de Gestão Fiscal O RGF é um dos pilares (Transparência da Gestão Fiscal) criados pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O RGF tem por objetivo o controle, o monitoramento e a publicidade do cumprimento, por parte dos Entes Federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), dos limites estabelecidos pela LRF: Despesas com Pessoal, Dívida Consolidada Líquida, Concessão de Garantias e Contratação de Operações de Crédito. Todos esses limites são definidos em percentuais da Receita Corrente Líquida (RCL), que é apurada em demonstrativo próprio (Anexo III Demonstrativo da Receita Corrente Líquida do RREO). Ao final do exercício, a LRF exige ainda a publicação de demonstrativos que evidenciem as Disponibilidades de Caixa e a Inscrição de Restos a Pagar, portanto, os Anexos VI e VII são elaborados apenas no 3º quadrimestre. 21 UNIDADE Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Manual de contabilidade aplicada ao setor público. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. 6. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2015. Parte V – Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público http://goo.gl/xjYTge Manual de Demonstrativos Fiscais: aplicado à União e aos Estados, Distrito Federal e Municípios. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. 6. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2014. Parte III – Relatório Resumido de Execução Orçamentária http://goo.gl/9V6ne8 Manual de Demonstrativos Fiscais: aplicado à União e aos Estados, Distrito Federal e Municípios. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. 6. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2014. Parte IV – Relatório de Gestão Fiscal. http://goo.gl/Pem8k1 Estudo sobre a capacidade informacional das novas estruturas das demonstrações contábeis aplicadas ao setor público. XAVIER JÚNIOR, Antônio Evirando; PAULO, Edilson; SILVA, José Dionísio Gomes da. Registro Contábil, Maceió, n. 1, p. 1-19, 2014 http://goo.gl/NI0ddo 22 23 Referências BRASIL. Lei Complementar nº. 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 05 mai. 2000. ___. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 6. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2015. ___. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de Demonstrativos Fiscais: aplicado à União e aos Estados, Distrito Federal e Municípios. 6. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2014. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 1.133, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC T 16.6 – Demonstrações Contábeis. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 25 nov. 2008. ___. Resolução CFC nº 1.268/2009. Altera, inclui e exclui itens das NBC T 16.1, 16.2 e 16.6. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 21 dez. 2009. ___. Resolução CFC nº 1.437/2013. Altera, inclui e exclui itens das NBCs. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 02 abr. 2013. 23