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PROJETO DESPORTO DE BASE __ (PDB) - 30 ANOS DE HISTÓRIA__ E REALIZAÇÕES (1989-2019)

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AUTOR
JOÃO FRANCISCO RODRIGUES DE GODOY
“PROJETO DESPORTO DE BASE” 
 (PDB): 30 ANOS DE HISTÓRIA
 E REALIZAÇÕES (1989/2019)
Projeto Desporto de Base (PDB): 
30 anos de história e realizações (1989/2019)
Conselho Regional de Educação Física 
da 4a Região – CREF4/SP
Conselheiros
Ailton Mendes da Silva
Antonio Lourival Lourenço
Bruno Alessandro Alves Galati
Claudio Roberto de Castilho
Erica Beatriz Lemes Pimentel Verderi
Humberto Aparecido Panzetti
João Francisco Rodrigues de Godoy
Jose Medalha
Luiz Carlos Carnevali Junior
Luiz Carlos Delphino de Azevedo Junior
Marcelo Vasques Casati
Marcio Rogerio da Silva
Marco Antonio Olivatto
Margareth Anderáos
Maria Conceição Aparecida Conti
Mário Augusto Charro
Miguel de Arruda
Nelson Leme da Silva Junior
Paulo Rogerio de Oliveira Sabioni
Pedro Roberto Pereira de Souza
Rialdo Tavares
Rodrigo Nuno Peiró Correia
Saturno Aprigio de Souza
Tadeu Corrêa
Valquíria Aparecida de Lima 
Vlademir Fernandes
Wagner Oliveira do Espirito Santo
Waldecir Paula Lima
Prof. Ms. João Francisco Rodrigues de Godoy 
(Prof. Johnny)
Projeto Desporto de Base (PDB): 
30 anos de história e realizações 
(1989/2019)
Um breve relato de experiência da cidade de 
Piracicaba/SP e uma proposta metodológica para 
programas de formação e lazer físico-esportivo 
2019
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Agência Brasileira do ISBN - Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB-7/6971 
 
 
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Comissão Especial da Coleção Literária 20 anos 
da Instalação do CREF4/SP
Responsáveis, junto a diretoria do CREF4/SP, pela avaliação, aprovação e revisão 
técnica dos livros
Prof. Dr. Alexandre Janotta Drigo (Presidente)
Profa. Ms. Érica Beatriz Lemes Pimentel Verderi
Prof. Dr. Miguel de Arruda
Editora
Malorgio Studio
Coordenação editorial
Paolo Malorgio
Capa
Felipe Malorgio
Revisão
Viviane Rodrigues
Imagens de capa
Projeto Desporto de Base (PDB)
Projeto gráfico e diagramação
Rodrigo Frazão
Copyright © 2019 CREF4/SP
Todos os direitos reservados.
Conselho Regional de Educação Física da 4a Região - São Paulo
Rua Líbero Badaró, 377 - 3o Andar - Edifício Mercantil Finasa
Centro - São Paulo/SP - CEP 01009-000
Telefone: (11) 3292-1700
crefsp@crefsp.gov.br
www.crefsp.gov.br
5
Antes de tudo, a Deus:
De quem recebemos a dádiva da vida e as bençãos na jornada, 
e a quem confiamos nossos passos !!! 
À nossa Família:
Nesse período do Projeto Desporto de Base, de 30 anos, 
perdemos e ganhamos preciosidades da vida:
Aos meus pais João e Ruth, que já nos deixaram; meu amor e minha gratidão 
pelo exemplo e por tudo que sempre fizeram por mim.
Às minhas filhas Bárbara e Bianca, que cresceram nos ouvindo falar desse 
trabalho, participaram, e que muitas vezes nos acompanharam nas atividades; meu 
amor e admiração pela dedicação que vocês tem às suas vidas, e pela esperança que 
nos trazem na nova geração que vocês fazem parte.
Em nosso Trabalho:
Dedicamos este livro a todos Profissionais de Educação Física, aos meus 
Professores e Orientadores, aos Secretários e Gestores, Dirigentes, Técnicos 
Esportivos, Estagiários, Bolsistas e os Servidores da Secretaria de Esportes, Lazer 
e Atividades Motoras e da Secretaria de Saúde, com quem, todos juntos, pudemos 
superar as dificuldades encontradas na difícil busca de um novo Desporto.
E, em especial, dedicamos este e todo nosso trabalho ao longo dos anos, àqueles 
que nos motivaram a transpor as “barreiras” do esporte, e com os quais come-
moramos muitos “gols”, “pontos” e “vitórias”, vestindo a “camisa” do “Projeto 
Desporto de Base”: Nossos alunos e atletas, razão maior de toda nossa dedicação e 
trabalho. Com afeto, carinho, respeito e amizade.
Agradecimentos
7
Em especial: 
Ao meu professor, colega de trabalho, orientador na vida acadêmica e 
profissional, e querido e estimado amigo (quimbolista também rs): 
o Prof. Dr. Wagner Wey Moreira;
Ao saudoso professor, diretor, secretário, colega de trabalho e querido e 
estimado amigo: o Prof. José Carlos Callado Hebling (“in memorian”);
Ao professor, secretário, colega de trabalho, companheiro de Panathlon e 
querido e estimado amigo: o Prof. Ms. Rubens Leite do Canto Braga;
Ao secretário, colega de trabalho, companheiro de tantas lutas, jornadas e 
desafios no esporte e pelo esporte, e querido e estimado amigo 
(boleiro também rs): o Dr. Pedro Antonio de Mello; 
E a todos meus queridos amigos, colegas de profissão e entusiastas 
conselheiros do CREF4/SP, aos quais aqui reitero meu apreço e profundo 
respeito e consideração.
“ Prá gente que é criança, é tudo muito legal, 
prá gente aprender mais, prá gente viver melhor ! “
Adão, 14 anos, aluno de futebol do PDB – Núcleo do Bairro São Dimas 
(26 de Julho de 1991)
Alunos de Futebol do PDB – Núcleo do Bairro São Dimas, 
ladeados pelos Professores do Núcleo, Mário Luiz de Almeida Leme 
e João Francisco Rodrigues de Godoy (o Johnny): durante um 
Festival Esportivo no Estádio Barão da Serra Negra
9
Sumário
Apresentação ............................................................................................................ 11
Resumo ...................................................................................................................... 13
Capítulo 1 
Introdução ................................................................................................................. 17 
Capítulo 2
Um pouco de nossa relação com o esporte .......................................................... 21
Capítulo 3
O programa esportivo e de lazer denominado 
 “Projeto Desporto de Base (PDB)” .................................................................. 27
Capítulo 4
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou 
de Rendimento: uma breve e oportuna conceituação e reflexão ..................... 31
 O Esporte de Rendimento e/ou de Representação, e seus aspectos socio-esportivos.. 35
 Um breve histórico ............................................................................................... 39 
 O Desporto: conceitos, lazer, legislação e reflexão ................................................ 42 
 O Esporte e o Poder Público ................................................................................. 66
 O cenário da época e o caso do município de Piracicaba ...................................... 69
Capítulo 5
O PDB – “O Projeto Desporto de Base” enquanto uma Política 
 de Esportes e Lazer. Uma proposta metodológica ....................................... 81
Capítulo 6
O PDB e seu reconhecimento social: o CMDCA de Piracicaba 
 e outras instâncias ........................................................................................... 107 
Capítulo 7
PDB: oportunização para novos talentos, para atletas em formação 
 ou já em carreira esportiva ............................................................................. 109
Capítulo 8
Um legado para o esporte: atletas e técnicos de destaque que 
atuam ou que atuaram em nossos Núcleos de Formação Esportiva 
e/ou em nossas Equipes de Competição ............................................................. 119
Capítulo 9
Um legado para a vida: um relato de caso para além do esporte ................... 139
Conclusão ................................................................................................................ 143 
Depoimentos ...........................................................................................................145
Referências .............................................................................................................. 157
Anexos ..................................................................................................................... 163
11
Apresentação
Esta é a segunda coleção literária que o Conselho Regional de Educação 
Física da 4ª Região - CREF4/SP lança, dessa vez para comemorar os 20 anos da 
sua instalação. O fato histórico de referência é a Resolução 011 de 28 de outubro 
de 1999, publicada pelo CONFEF, que fixou em seis, o número dos primeiros 
CREFs e, entre eles, o CREF4/SP, com sede na cidade de São Paulo e jurisdição 
em nosso Estado. 
Nesse momento, remeto-me à luta que antecedeu essa conquista, e que se 
iniciou com a “batalha” pela regulamentação de nossa profissão, marcada pela 
apresentação do Projeto de Lei nº 4.559/84, mas que somente foi efetivada pela 
Lei 9.696/98, passados 14 anos do movimento inicial no Congresso Nacional. 
Logo após essa vitória histórica, a próxima contenda foi a de atender aos requisi-
tos estabelecidos pelas normas do CONFEF para a abertura de nosso Conselho, 
que à época exigia o registro de 2 mil profissionais. Com muito orgulho me lem-
bro da participação de minha cidade natal - Rio Claro - neste contexto, por meio 
do trabalho iniciado pelo Prof. José Maria de Camargo Barros, do Departamento 
de Educação Física da UNESP. Vários professores e egressos dos Cursos se mo-
bilizaram para inscreverem-se e buscarem novas inscrições em nossa cidade, 
tarefa na qual me incluí, tendo número de registro 000200-G/SP.
Atualmente o CREF4/SP é o maior Conselho Regional em número de regis-
trados, com uma sede que, além de bem estruturada, está bastante acessível aos 
Profissionais que se direcionam para a capital, estando próximo às estações de 
metrô São Bento e Anhangabaú. Também conta com a Seccional de Campinas 
bem aparelhada e atuante em prol da defesa da sociedade e atendimento aos 
Profissionais de Educação Física. Tudo isso demonstra que esses 20 anos foram 
de muito trabalho e empenho para a consolidação de nossa profissão, e assim 
destaco a força de todos os Conselheiros do passado e do presente e dos valo-
rosos empregados que ajudaram a construir esta realidade. 
Por isso insistimos em comemorar, agora os 20 anos do CREF4-SP, ofere-
cendo aos Profissionais de Educação Física, aos estudantes, às instituições de 
formação superior, bibliotecas e à sociedade uma nova Coleção Literária com-
posta de 20 obras, uma para cada ano do aniversário. Buscamos permanecer 
“orientando o exercício profissional, agindo com excelência, justiça e ética”, 
uma das missões de nosso Conselho.
Enquanto Presidente do Conselho Regional de Educação Física da 4ª 
Região (CREF4/SP) apresento a Coleção Literária em Comemoração aos 20 Anos da 
Instalação do CREF/SP, composta por livros que procuraram acolher as neces-
sidades do campo profissional, atendendo o quesito de diversificação de con-
textos e de autores, priorizando temas inéditos em relação ao que vem sendo 
produzido por este Conselho. 
O faço na esperança de que os Profissionais de Educação Física leitores 
dessas obras demostrem o mesmo empenho e amor pela profissão que seus 
próprios autores dedicaram, oferecendo seu tempo e cedendo os direitos au-
torais dessa edição, tanto em relação ao livro físico quanto à versão digital de 
forma voluntária. Com esse gesto entram em conformidade com os pioneiros 
do CREF4/SP que assim o fizeram, e de certa forma ainda fazem, afinal não é 
por acaso que nosso lema atual é: “Somos nós, fortalecendo a profissão!” 
Parabéns para nós Profissionais de Educação Física do Estado de São Paulo. 
Nelson Leme da Silva Junior 
Presidente do CREF4/SP
13
Resumo
Este breve Relato de Experiência e Proposta Metodológica para Programas 
de Formação Esportiva e de Lazer Físico-Esportivo, sistematiza uma experiên-
cia concreta de implantação e desenvolvimento de um Projeto na área dos es-
portes e do lazer, contextualizado na realidade do município de Piracicaba, 
atualmente com 400.949 habitantes (300.000 habitantes na época da implanta-
ção do Projeto), interior do estado de São Paulo. Este Projeto, implantado no 
ano de 1989, através da então, Coordenadoria de Esportes, Lazer e Turismo 
da Prefeitura do Município (Cetel), o PROJETO DESPORTO DE BASE (PDB) 
marcou o início de uma nova diretriz para o esporte piracicabano; mais que um 
Projeto, tal trabalho simbolizou a possibilidade de viabilização de uma Política 
Municipal para o Esporte e o Lazer que buscava, prioritariamente, oportunizar 
a prática fisico-esportiva aos munícipes (crianças, adolescentes, jovens, adul-
tos, pessoas com deficiência, pessoas da 3ª idade e idosos), pois entendemos 
que todas as pessoas tem o direito constituído, não apenas à assistir espetácu-
los esportivos, mas também a praticar, conhecer e vivenciar esses esportes; já 
que a manifestação esportiva é hoje, um dos maiores, senão o maior fenômeno 
cultural contemporâneo, envolvendo todas camadas e segmentos sociais, bem 
como as mais diversas faixas etárias. Estruturado numa ampla, diversificada 
e necessária rede de inter-relações na sociedade: apoio imprescindível da ini-
ciativa privada em seu início por meio do Grupo Empresarial Dedini; apoio 
técnico-científico das universidades Unicamp e Unimep; diálogo constante 
com a comunidade e seus representantes; e principalmente “vontade política” 
das administrações que se sucederam na continuidade e na coordenação do 
Projeto. Nesse contexto o PDB encontrou condições propícias para sua implan-
tação e desenvolvimento, e hoje, após 30 anos de constantes adaptações, alte-
rações e reestruturações devido a sua concepção dialética, dinâmica e contex-
tualizada na sociedade, o Projeto constitui-se como um Programa Permanente 
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
14
de Esportes e Lazer no município. A sua forma de atuação, com relação a for-
mação esportiva, adota uma metodologia composta por 3 fases distintas, inter-
ligadas, mas não necessariamente progressivas: Fase I - Lúdica, recreativa e de 
iniciação esportiva específica; Fase II - Aperfeiçoamento técnico-esportivo; Fase 
III - Treinamento esportivo, especialização e performance de alto rendimen-
to. Todo o trabalho é desenvolvido por profissionais de educação e técnicos 
esportivos, além da participação de estagiários e atletas-bolsistas, atendendo 
diariamente e diretamente a cada ano cerca de 4.200 alunos em 400 turmas e 
em 26 modalidades esportivas distribuídas em mais de 47 comunidades / bair-
ros do município, além de cerca de 1500 atletas; sendo que as atividades são 
desenvolvidas nos próprios esportivos municipais (ginásios, piscinas, quadras, 
salas, campos de futebol, entre outros espaços), escolas, centros comunitários 
e outros locais específicos. As aulas e os treinamentos ocorrem de 2 à 5 vezes 
por semana dependendo da modalidade, da época e do nível de treinamen-
to dos alunos / atletas, abrangendo várias categorias. Enquanto um Programa 
que trabalha com concepções teóricas e metodológicas também do Lazer (ati-
vidades de interesse cultural físico-esportivo vivenciadas no tempo disponí-
vel) propõe e desenvolve 3 tipos de ações: Ação Frequente - Atividades desen-
volvidas 2 ou mais vezes por semana, como aulas e treinamentos; Eventos de 
Apoio - Festivais e Encontros Esportivos das modalidades, competições comu-
nitárias e internas, intercâmbios esportivos, entre outras; Eventos de Impacto 
– Jogos Comunitários, Desfiles, Dia do Desafio, Jogos e Competições Oficiais 
Estaduais, Jogos Estudantis, Jogos Escolares, Jogos Universitários, Eventos 
Específicos de cada Modalidade, entre outros; concretizando-o assim também 
como um Programa Permanente de Lazer, e atendendo inclusive outros inte-
resses culturais do Lazer eventualmente. Entretanto, uma Política de Esportes 
e Lazer não deve limitar-se a um Programa de Atividades e Eventos, portanto 
estabelecemos,também, uma proposta vinculada ao projeto de Utilização de 
Espaços e Equipamentos - dessacralização dos espaços, redefinição de critérios 
de utilização e animação dos espaços já existentes, acesso aos equipamentos e 
utilização de materiais esportivos de boa qualidade e em quantidade ideal; e 
de Recursos Humanos - contratação, adequação, capacitação, especialização e 
formação de quadros. Quebrando a ordem social vigente, de investimento de 
recursos e bens públicos apenas no esporte de alto rendimento e na elite espor-
tiva. Concretizamos essa nova proposta para o Esporte e o Lazer em Piracicaba, 
através de uma política de ação e, especialmente através de um projeto - O 
PROJETO DESPORTO DE BASE (PDB), que propiciou a possibilidade de op-
ção e acesso, a esse conteúdo cultural - o esporte, a uma significativa parcela 
da comunidade piracicabana e já por várias gerações (30 anos de atividades 
Resumo
15
ininterruptas). Somássemos rapidamente nosso atendimento médio anual di-
reto (pois indiretamente acabamos por atender um público ainda muito maior 
nos eventos de apoio e de impacto), pelo período de 30 anos, teríamos um aten-
dimento de 171.000 alunos e atletas que receberam atendimento direto nas di-
versas modalidades do PDB nesses anos. Dados os primeiros, e muitos passos 
a seguir, em direção a um novo Desporto (Programa de médio e longo prazo), 
resta-nos sempre continuar a caminhada nesse difícil e dinâmico trabalho, par-
tindo a cada ano, apesar de não termos apoio permanente do Estado e da União 
(carecemos de um Sistema Único de Esportes e Lazer – SUEL, no País), para sua 
ampliação e qualificação constante. Efetivou-se nesse período o processo de 
integração nessa área com outras secretárias e órgãos públicos do município, 
e mesmo fora, por meio de Federações e Confederações como exemplo, o que 
ampliou ainda mais as oportunidades de acesso as atividades físico-esportivas 
de qualidade por parte da comunidade e dos alunos, e através da capacitação 
dos recursos humanos, intensificam-se as possibilidades da educação para e 
pelo lazer (duplo aspecto educativo do lazer), bem como da superação do sim-
ples divertimento para a busca do desenvolvimento pessoal e social através 
da vivência esportiva e, também, da possibilidade de passagem de um nível 
de prática elementar e conformista, para uma prática crítica e criativa, dessa 
envolvente e hegemônica manifestação cultural da humanidade – O Desporto; 
talvez assim, e desta forma, contribuiremos ainda mais, e a cada dia, para que 
o Desporto seja um espaço de transcendência para o homem, onde o Homem 
aprenda a ser mais …. HUMANO !!!
17
Introdução
Este breve Relato de Experiência e Proposta Metodológica para Programas 
de Formação Esportiva e de Lazer (Interesses Fisico-Esportivos), em especial 
na área das Políticas Públicas Temáticas, teve sua gênese no município de 
Piracicaba/SP-BRA no ano de 1989. 
Município de porte médio do interior do estado, atualmente com 404.142 
habitantes (na época 300.000 habitantes), segundo estimativa de 2019 do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e com excelentes indica-
dores e índices de qualidade de vida da população, e que tem se destacado na 
última década por meio de várias avaliações nesse sentido em nível nacional, 
por vários órgãos públicos e instituições independentes.
Como exemplos, Piracicaba atualmente lidera o ranking nacional que 
avalia o saneamento básico em municípios com mais de 100 mil habitantes 
no país. O resultado foi divulgado em 2019 pela Associação Brasileira de 
Engenharia Sanitária e Ambiental - Abes, que avaliou 231 municípios em todo 
o país. Piracicaba está em primeiro lugar entre 14 municípios que consegui-
ram pontuação acima de 489, índice que classifica os municípios como “rumo 
à universalização” do saneamento básico. O ranking avalia abastecimento de 
água, coleta de esgoto, tratamento de esgoto, coleta de lixo e destinação de 
resíduos, além de números de internações por falta de saneamento.
Piracicaba é também o segundo melhor município do Brasil, revelou re-
centemente ranking da Macroplan. O desenvolvimento dos municípios tem 
sido observado bem de perto ao longo dos anos, isso porque o avanço tec-
nológico tende a auxiliar na aplicação das políticas públicas, contribuindo 
para o desenvolvimento dos municípios. Por isso, a Macroplan desenvolveu 
o relatório Desafios da Gestão Municipal (DGM), que mapeou o desenvol-
vimento dos municípios ao longo dos anos. De acordo com a consultoria, 
o levantamento tem como objetivo auxiliar os prefeitos e suas equipes a 
Capítulo 1
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
18
superar os desafios críticos ao desenvolvimento, sobretudo no atual cenário 
de crise econômica e restrições fiscais.
O estudo englobou as 100 cidades mais populosas do Brasil, que represen-
tam 1,8% do total de municípios do país, mas que são responsáveis por 50% 
do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A pontuação estabelecida para cada 
município é baseada em sete categorias: educação, saúde, segurança, sanea-
mento, população e economia, gestão pública e transparência e situação fiscal; 
em que quanto mais próximo do número 1, melhor são os serviços oferecidos. 
O município de Piracicaba, no interior de São Paulo, ficou em segundo lugar no 
ranking. Com 0,721 pontos, ela ficou atrás apenas de Maringá, no Paraná, que 
pontuou 0,731 pontos. A cidade do interior paulista registrou um grande salto 
no ranking, de 2002 a 2015, o município subiu 12 posições.
Já no quesito Educação, o município de Piracicaba ficou na 1ª posição, 
alcançando a pontuação de 0,645 pontos. Os critérios avaliados nessa ca-
tegoria são: Matrículas em creche sobre o total de crianças de 0 a 3 anos 
de idade; Matrículas na pré-escola sobre o total de crianças de 4 e 5 anos 
de idade; Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) Ensino 
Fundamental I – Público; IDEB Ensino Fundamental II – Público e o número 
de Museus por 100 mil habitantes.
Esta rápida contextualização inicial do município, torna-se importante 
para o leitor se referenciar na localização e no contexto onde se desenvolveu e 
está em atividade o programa esportivo que vamos relatar a seguir, neste livro.
Este breve relato de experiência na história do esporte em nosso país, 
não intencionalmente parodiando já nesta chamada, mas um título que nos 
remete à lembrança de importantes obras literárias, como a do brilhante 
físico britânico Stephen W. Hawking autor de “Uma breve história do tem-
po”, e do professor de história israelense Yuval Noah Harari autor de “Uma 
breve história da humanidade”, cujas obras recomendo pois nos levam a 
uma profunda reflexão de nossa própria existência no contexto do univer-
so e de nossa condição humana, e sem a condição de coexistência humana 
coletiva não se concebe o esporte, nem tampouco seu surgimento, já que o 
mesmo é um fenômeno que surge no seio de nossa evolução e do processo 
civilizatório ao longo da nossa História. 
É no processo evolutivo do “homo sapiens’, a única espécie de humano 
que restou, que surge o que o Prof. Jorge Bento chama de “homo sporti-
vus” (MOREIRA W.W. Formação profissional em ciência do esporte: homo 
sportivus e humanismo. In: BENTO J.O., Moreira WW. Homo sportivus: 
o humano no homem, Belo Horizonte: (Instituto Casa da Educação Física; 
2012, p.113-180).
19
Introdução
Na condição de “homo sportivus”, na qual me incluo, como esportista e 
apaixonado pelo tema e pela prática, e na convivência com outros tantos cole-
gas da mesma “espécie” (rs) ao longo da vida, foi que alguns sonhos acabaram 
por se tornar realidade no âmbito do esporte. 
É o caso deste programa esportivo o qual relataremos nas próximas pá-
ginas ao amigo leitor, o qual surge pelo sonho de algumas pessoas de nossa 
área de profissão, qual seja, a Educação Física, e como algo que permeou 
sempre a vida de cada um de nós, envolvidos em sua gênese, criação, implan-
tação, e posteriormentesua consolidação ao longo de toda sua trajetória de 
30 anos de história. 
21
Um pouco de nossa relação 
com o esporte
Certamente, assim como para a maioria dos brasileiros (pelo menos de 
minha geração, rs), o esporte fez parte de toda minha infância, adolescência 
e juventude, desde os primeiros passos em casa e no seio da família, até a vi-
vência no ambiente escolar e/ou em “escolinhas esportivas” (assim chamadas 
na época). Passando posteriormente para as competições escolares e assim 
por diante, até as competições universitárias e regionais. Após toda uma vi-
vência de aulas e treinamentos ao longo desses anos, acabei por ingressar na 
ESALQ – USP em 1981, onde cursei Agronomia até 1982, época de muitas ex-
periências com inúmeras modalidades e atletas oriundos de diversos lugares 
do país e até do exterior. 
Apesar de gostar muito da área acadêmica escolhida para minha for-
mação superior e futura profissão, não podia deixar de perceber meu en-
cantamento cada vez maior com o esporte, seu universo, e suas diversas 
manifestações. Isso muito devo também aos profissionais de educação física 
(na época ainda não havia essa denominação) que atuavam naquela univer-
sidade e que faziam (uns fazem até hoje) um ótimo trabalho na educação 
física e no esporte universitário. 
Depois de muita vivência no esporte universitário, e em várias modalidades 
(nunca me interessei pela dedicação única e exclusiva em apenas uma modali-
dade), comecei a colaborar com a centenária Associação Atlética e Acadêmica 
Luiz de Queiroz – AAALQ, “A Gloriosa” (já com 116 anos de tradição), da qual 
fiz parte como atleta de várias modalidades, e inclusive como auxiliar técnico 
e treinador de algumas equipes universitárias, as quais competiam em Jogos 
Universitários por todo estado e país. 
Inevitavelmente, e convivendo mais nos ambientes esportivos do que 
nos próprios laboratórios do Curso de Engenharia Agronômica (rs), percebi 
que deveria buscar outros sonhos e horizontes. Tranquei minha matrícula na 
Capítulo 2
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
22
ESALQ-USP por um período, prestei vestibular e passei a cursar o Curso de 
Educação Física na Unimep em Piracicaba. Para resumir uma longa história, 
acabei por me encantar com os estudos e com a futura profissão que acabaria 
por escolher, e nunca mais retornei para o Curso de Agronomia da ESALQ - 
USP, onde deixei grandes amigos e professores. Apenas, retornando às suas 
quadras e campos para competições universitárias, defendendo já então as 
cores da Unimep; e posteriormente, muitos anos depois, já na condição de 
Coordenador do Projeto Desporto de Base (objeto deste livro) para estabelecer 
e desenvolver parcerias com aquela instituição em seu Centro Esportivo. 
 Mas, além desses momentos, não poderíamos deixar de registrar uma 
outra ocasião, pois foi um dos momentos mais emocionantes neste contexto 
esportivo e de grande significado em minha vida, ocorrido em 2015, quando 
fui homenageado pela instituição, já na época então na condição de Secretário 
Municipal de Esportes do Município recebendo um belíssimo troféu estilizado, 
pela minha dedicação junto ao esporte da instituição no período que lá estudei 
e defendi as cores da “gloriosa” AAALQ, vestindo a tradicional camiseta com 
o famoso “A Encarnado” estampado, o qual nos remete a própria história da 
instituição. A homenagem também estava relacionada ao apoio que dávamos, 
como Secretário na época, ao esporte universitário do município.
Ao ingressar no Curso de Educação Física na Unimep, e já com um sonho 
intrínseco dentro de mim, mas que para o qual ainda não tinha a percepção, 
tive a felicidade e a honra de conhecer alguns renomados professores (hoje 
grandes amigos) os quais acabariam por fazer parte de minha vida acadêmica, 
e posteriormente (por obra do “destino”) de minha vida profissional, e com os 
quais, juntos, pudemos concretizar um sonho que veremos relatado ao longo 
deste livro.
Na convivência acadêmica com os queridos mestres e conceituados 
professores e esportistas Prof Dr Wagner Wey Moreira, Prof Dr Idico Luiz 
Pellegrinotti, Prof José Carlos Callado Hebling (já falecido), entre outros que-
ridos mestres, sem perceber, começava ali um sonho que se tornaria reali-
dade alguns anos depois. Cada um de nós, e por vários caminhos, sempre 
tivemos em mente criar um programa de formação esportiva diferenciado, 
dentro de princípios teórico-acadêmicos, mas que não se distanciasse da prá-
tica possível de nossa difícil realidade enquanto país. 
Na convivência diária (algo extremamente rico e que nos cursos de Ensino 
a Distância ‒ EAD não ocorre) e nas aulas, sempre conversávamos sobre esses 
assuntos, nunca imaginando que um dia estaríamos juntos construindo a histó-
ria desse importante Programa de Formação Esportiva denominado posterior-
mente de Projeto Desporto de Base (PDB).
Um pouco de nossa relação com o esporte
23
Lembro-me bem que, oriundo de nossos estudos e conversas, e tendo a rara 
oportunidade, especialmente naquele momento sendo apenas um recém for-
mado, de escrever um artigo para o mais importante veículo de comunicação 
do município na época, o Jornal de Piracicaba (onde passamos a ter uma coluna 
mensal sobre atividade física), publicamos um artigo sobre o esporte, e de certa 
forma sobre este nosso sonho coletivo, denominado: “Por uma pedagogia no 
esporte” (Jornal de Piracicaba, 10 de março de 1988 – Em anexo). 
Por caminhos distintos, e cada um seguindo sua história na Educação 
Física e no Esporte, viemos todos nos encontrar novamente trabalhando na 
Coordenadoria de Esportes de Piracicaba (Codespor), órgão que na época coor-
denava as ações do esporte no município de Piracicaba nos idos de 1989; Prof. 
José Carlos Callado Hebling, como Coordenador de Esportes do Município, 
Profs. Drs. Wagner Wey Moreira e Ídico Luiz Pellegrinotti como Assessores, 
e eu como Professor convidado trabalhando no processo de implantação dos 
Núcleos de Formação Esportiva do Projeto Desporto de Base (PDB).
Nesse período, foi criado e implantado em nosso município esse Programa 
o qual chamamos carinhosamente de PDB, por iniciativa desses renomados e, 
porque não dizer, sonhadores Profissionais de Educação Física; mas não po-
demos deixar de citar, tudo isso com a confiança e imprescindível apoio do 
então Prefeito Municipal o Prof. e Economista José Machado, que acreditou 
no “sonho” de seu Secretário e Assessores, e com os quais tive a oportunida-
de, o prazer e a honra de fazer parte dessa difícil missão: a implantação como 
professor de vários Núcleos do PDB; e posteriormente assumindo as honrosas 
funções como Coordenador de Eventos do Programa, Coordenador Geral, e 
mais a frente ocupando o cargo de Chefe do Setor de Esporte de Formação, o 
qual ocupei por vários anos. 
Nunca imaginaríamos que tal concepção, ao longo da história se consolida-
ria de tal forma que perpassaria inúmeras administrações públicas e governos 
municipais, e continua ainda, cada vez mais forte, com seu firme desígnio de 
contribuir com a democratização do acesso ao esporte, com a formação esporti-
va e com o lazer de milhares de crianças, adolescentes e jovens que anualmente 
passam pelo excelente trabalho dos Profissionais de Educação Física da admi-
nistração pública municipal de Piracicaba, e das Associações Parceiras. 
Após esse período de implantação, continuei minha carreira no setor pú-
blico como professor concursado da já então Secretaria de Esportes, Lazer e 
Turismo (em cujo concurso fui o 1º Colocado na Classificação Geral, o que 
muito nos honra), posteriormente denominada por minha sugestão em 1997 
de Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (SELAM), onde então 
continuei com minha contribuição ao PDB como Professor, depois de forma 
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
24
indireta então na condição de Coordenador do PDB, Chefe do Setor de 
Esportes de Formação e posteriormentecomo Diretor do Departamento de 
Esportes, Lazer e Atividades Motoras, encerrando esse ciclo como Secretário 
Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (foram 27 anos de con-
tribuição e trabalhos junto ao PDB, de 1989 à 2016). Nesse momento, não po-
deria deixar de agradecer aqui de público e deixar registrado, a confiança em 
mim depositada, para que ocupássemos o cargo de Secretário Municipal de 
2013 a 2016; ao Dr Pedro Mello (na época deixando a Secretaria de Esportes 
e assumindo a Secretaria de Saúde) pela honrosa indicação, e ao Prefeito 
Municipal na época, o Prof. Dr. Gabriel Ferrato dos Santos, pela confiança 
e pela parceria nos 4 anos que trabalhamos juntos pela nossa população e 
pela nosso município; meu muito obrigado pela oportunidade e confiança, 
ao que esperamos ter atendido em todas as expectativas e responsabilidades 
do honroso cargo. 
Ao longo desses 30 anos de uma bonita história e de um profícuo traba-
lho, muitos Profissionais de Educação Física deixaram sua imensurável con-
tribuição junto à milhares de crianças, adolescentes e jovens que passaram 
por esse programa socioeducativo nesse período, que envolve o Esporte 
e o Lazer, como veremos a seguir quando abordaremos os seus aspectos 
metodológicos.
Não poderíamos ter maior satisfação e alegria neste ano, de poder escre-
ver este livro, como parte do Selo Literário Comemorativo aos 20 anos da 
criação do Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região – São Paulo 
(CREF4/SP), e também pelos 30 anos de existência do Projeto Desporto de 
Base (PDB) em Piracicaba. Uma coincidência ímpar, e um momento muito 
especial, não apenas para minha vida profissional, como co-participante de 
todo esse processo da história do PDB e também como Conselheiro Regional 
do CREF4/SP, mas certamente para todos que contribuíram ou continuam 
contribuindo com o nosso PDB.
Cabe-nos neste momento, e não poderíamos deixar de fazê-lo, em agra-
decer e elogiar o nosso Conselho de Classe pela iniciativa ímpar, a qual já 
foi coroada de êxito quando do Lançamento do Selo Literário dos 20 Anos 
da Regulamentação da Educação Física em 2018. Parabéns a toda Diretoria 
e Conselheiros, por acreditar no registro da história da Educação Física e de 
seus Profissionais, e na disseminação do conhecimento produzido pelos mes-
mos, e por apoiar os colegas que ousam escrever e registrar sua modesta con-
tribuição para com a nossa Sociedade.
Um pouco de nossa relação com o esporte
25
Em 1989, como Professor do Projeto Desporto de Base 
com meus alunos / atletas do Voleibol do Núcleo do Mini Ginásio II
Em 2014, como Secretário de Esportes, na histórica conquista do 
Vice-Campeonato dos Jogos Abertos do Interior em Bauru 
27
O programa esportivo e de lazer denominado 
“Projeto Desporto de Base (PDB)” 
O Projeto Desporto de Base (PDB) é um Programa Sócio-Esportivo que tem 
como principais objetivos o acesso de crianças e adolescentes a prática espor-
tiva e a oportunização para a revelação e evolução de talentos nas diversas 
modalidades esportivas. 
Criado em 1989, desde então vem oferecendo Núcleos de Formação 
Esportiva por todas regiões do município atendendo todo ano cerca de 
4.200 alunos semanalmente em atividades diárias, em 26 modalidades es-
portivas, os quais passam pela Iniciação - Fase I, pelo Aperfeiçoamento 
- Fase II, até o Treinamento Esportivo - Fase III, de acordo com seu talen-
to e evolução, por meio das Parcerias e Convênios estabelecidos em cada 
modalidade. Além da prática regular os alunos participam de Encontros, 
Festivais, Intercâmbios Esportivos e Campeonatos Esportivos. De 2011 
à 2013 recebeu fundamental apoio da empresa Caterpillar do Brasil por 
meio do Fumdeca / Cmdca, para a aquisição de materiais esportivos 
para diversos núcleos e modalidades. Possui inúmeras outras entidades 
parceiras como Clubes e Associações Esportivas do Município, Centros 
Comunitários, Escolas, Universidades entre outras instituições, como o 
Sistema “S” (SESC, SESI e SEST), e empresas. 
Também desenvolve trabalhos conjuntos com as Secretarias de 
Desenvolvimento Social, Educação, Saúde e Ação Cultural, bem como junto 
aos Conselhos Tutelares, CMDCA e a Vara da Infância e da Juventude.
Teve seu início em 1989, mas foi a partir de 2005 que recebeu fundamentais 
e significativos investimentos em duas áreas nas quais estava carente: 
A Fase I, a qual foi extremamente intensificada com a contratação de deze-
nas de professores de Educação Física pela Secretaria Municipal de Educação, 
proporcionando o contato com o esporte a milhares de crianças por meio das 
aulas de Educação Física Escolar e por meio dos Jogos Infantis, que mobilizam 
Capítulo 3
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
28
anualmente todas Escolas Municipais, num universo de aproximadamente 20 
mil crianças e adolescentes.
E também nas Fases II e III por meio da Lei Municipal Nº 4.372, promul-
gada em 18 de dezembro de 1997 (mas que nunca havia recebido um aporte 
significativo de recursos), a qual possibilitou a formalização de Convênios de 
Parcerias com as principais associações esportivas do município, que já tinham 
um trabalho na área ou que detinham a expertise para tal. 
Esses Convênios possibilitaram alavancar o esporte do município em qua-
se todas as modalidades, bastando ver a evolução nos gráficos que postare-
mos nos próximos capítulos, quando então Piracicaba sai do ostracismo nas 
principais competições esportivas do Estado e passa a ser uma das protago-
nistas, estimulando os jovens do município que possuem talento esportivo e 
resgatando até mesmo a auto-estima da população, em especial dos esportis-
tas e de seus familiares. 
Trabalho que foi tão significativo que dezenas de atletas até mesmo de ou-
tros municípios do estado e do país passaram a querer representar nosso mu-
nicípio nas competições, pois as associações podiam então oferecer bolsas de 
estudos, bolsas auxílio e ajuda de custos, boas condições para as competições, 
técnicos de alta competência e renomados, além da excelente infra-estrutura 
que foi criada a partir de 2005 que já vimos acima (vide o depoimento do atleta 
Samoel no Capítulo X). 
Para confirmar esse fato, basta verificar que em 2017, quando não pude-
mos formalizar os convênios com as associações devido às novas exigências 
do Marco Regulatório, como as modalidades careceram desse apoio ocorrendo 
um grande êxodo de nossos atletas, e total desestímulo ao esporte de rendi-
mento quando então nosso município e as modalidades nem sequer tiveram as 
condições necessárias para competir de maneira adequada, devido ao advento 
do Marco Regulatório. 
Consequência disso pode ser verificada com a queda em todos os critérios 
de classificação de nossas equipes nas principais competições, pois sem o apoio 
do Poder Público, previsto e determinado em lei para o esporte de alto nível, os 
mesmos não sobrevivem. 
Basta ver a grande comoção nacional em prol do esporte que ocorreu no 
mês de junho de 2018, com a edição da Medida Provisória Nº 841/2018, que iria 
transferir praticamente todos recursos do Esporte para a Segurança Pública, 
afetando milhares de atletas e equipes diretamente. Entretanto, graças a uma 
grande mobilização do esporte nacional, da mídia esportiva, e dos políticos que 
apoiam o esporte, essa Medida foi revogada e mantidos todos os repasses às 
Confederações e Federações por meio da Lei Agnelo/Piva do Esporte. 
O programa esportivo e de lazer denominado Projeto Desporto de Base (PDB)
29
Cabe destacar que além da rotina de aulas e treinamentos do PDB, são rea-
lizados inúmeros Festivais Esportivos do Projeto Desporto de Base durante o 
ano todo. Inclusive, criamos em 2013 o Programa “Encontros Esportivos: o es-
porte Une” que sistematizou e congrega este tipo de atividades, o qual teve tal 
sucesso e reconhecimento que passou a receber apoio do CMDCA por meio do 
Fumdeca, e posteriormente do Governo Federal e do Governo Estadual para sua 
execução pormeio da Lei Federal de Incentivo ao Esporte. Reúne cerca de 4.200 
mil crianças e adolescentes anualmente, em Festivais, Encontros e Intercâmbios 
Esportivos entre os Núcleos Esportivos dos bairros do município e Associações 
Parceiras, em todas modalidades desenvolvidas no Projeto Desporto de Base.
Além das atividades de Formação Esportiva, estão inseridas também 
no escopo do Programa PDB, o apoio aos Esportes de Rendimento (Equipes 
Representativas do Município), a chamada Fase III.
Não temos como não falar deste importante contexto, qual seja o do Esporte 
de Competição, de Rendimento, ou de Representação (como prefiram), sem es-
tabelecer de maneira bem clara sua relação com a Fase III do PDB, a qual esta 
relacionada a esse universo do Esporte. 
Mas antes, do que exatamente estamos falando ??!! Vejamos a seguir.
Programa “Encontros Esportivos: o esporte une” 
Modalidade de Ginástica Rítmica (GR). Alunas ladeados pelo então Secretário de Esportes, Lazer e Ativida-
des Motoras Prof. Ms. João Francisco Rodrigues de Godoy (o Johnny), e pela Profa. Esp. Maria Rosana da 
Silva Reis, Coordenadora dos Núcleos de Formação em GR da Selam 
31
Capítulo 4
Esses termos usados no meio esportivo como Esportes de Representação, 
Esportes de Competição, Esportes de Alto Nível, Esportes de Alto Rendimento 
e/ou apenas Esporte de Rendimento, são terminologias que usamos, ou foram 
usadas ao longo dos anos, no meio esportivo para associar um determinado 
segmento do esporte, uma área do esporte a qual está relacionada ao univer-
so das competições esportivas onde se exige um determinado nível de per-
formance e de excelência técnica, de acordo é claro com o nível dos atletas 
que estamos abordando. Desde o segmento Escolar até o segmento de atletas 
Olímpicos e Paralímpicos. 
Portanto, quando falamos no decorrer dessas considerações, destes proces-
sos, pode-se entender Esportes de Representação como Esporte de Rendimento. 
E isso pressupõe-se vários níveis de representatividade, que poder ir desde um 
Mundial ou Olimpíada (onde os atletas e as equipes de rendimento represen-
tam um país), até competições Escolares e Universitárias (onde representam es-
colas e faculdades), passando pelos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior 
(onde as equipes e atletas representam os municípios), que estão mais afetos e 
próximos da nossa realidade enquanto municípios.
Feitas estas considerações e uma breve, mas considero, importante e 
oportuna reflexão, podemos continuar nossa breve história e “caminhada” 
rumo ao Desporto.
 Para tanto, e considerando as limitações em todos aspectos do Poder Púbico 
Municipal, e também as características inerentes ao processo competitivo e do 
esporte de rendimento, criamos em 1997 um importante mecanismo legal que 
buscasse dar conta dessa importante etapa no desenvolvimento dos atletas, e 
que atendesse às exigências da legislação e a realidade das associações que ti-
nham a expertise esportiva e o interesse em apoiar e ajudar o Poder Público no 
desenvolvimento do esporte.
Esporte de Representação, Esporte de 
Competição e/ou de Rendimento: uma breve 
e oportuna conceituação e reflexão 
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
32
Esse mecanismo legal criado em nosso município por minha solicitação e 
formulação, e que teve total apoio do então Secretário, o Prof Rubens Leite do 
Canto Braga, foi uma Lei Específica, a de Nº 4.372 de 18 de Dezembro de 1997, 
e que foi posteriormente consolidada em 2011 pela Lei Municipal Ordinária 
Nº 7.045 de 24 de Junho de 2011, a qual deu o amparo legal e as possibilidades 
de estabelecermos Convênios de Parcerias com as Associações e Clubes, para 
que as mesmas, com o suporte do Administração Municipal, pudessem de-
senvolver as várias modalidades mais tradicionais e, em especial, àquelas que 
fazem parte do rol das competições oficiais da Secretaria de Esporte, Lazer e 
Juventude do Estado (SELJ), atualmente apenas denominada de Secretaria 
Estadual de Esporte, órgão do Governo Estadual responsável pela área do 
Esporte em São Paulo. 
Essas principais competições a que nos referimos, são os Jogos Regionais, 
os Jogos Abertos do Interior “Horácio Baby Barioni” e os Jogos Abertos da 
Juventude. Além, é claro, das competições de Ligas, Federações e Confederações, 
das quais algumas equipes e atletas também participam. 
Para se ter uma ideia desse coletivo de modalidades, nos Jogos Regionais 
são 45 modalidades/categorias e nos Jogos Abertos do Interior são 52 modali-
dades/categorias (até a presente data, pois constantes alterações são feitas nos 
regulamentos dessas competições). 
Essa lei possibilitou então que começássemos um processo de evolução 
mais ampla de todas essas modalidades, em especial na parte de rendimento, 
e que nosso município tivesse representação em todas elas nessas competições. 
Esse mecanismo legal, que posteriormente foi consolidado na lei maior de Nº 
7.045 de 24 de Junho de 2011, possibilita repasse de recursos para ajuda de 
custo ou bolsa de estudos aos atletas, compra de material esportivo, alimen-
tação, transporte, taxas federativas, entre outras necessidades inerentes a cada 
modalidade esportiva e suas necessidades mais prementes. Buscava-se assim 
então fechar-se um ciclo virtuoso desde a Iniciação Esportiva até o Esporte de 
Alto Rendimento. 
Cabe destacar que essa Lei tem amparo maior na própria Constituição 
Brasileira em seu Artigo 217, mais especificamente em seu Inciso II. Entendemos 
que preceito constitucional, não apenas sustenta e da o amparo legal para essas 
ações, mas, mais que isso, determina que o Poder Público apoie o Esporte de 
Rendimento, assim denominado na Constituição. Se não, vejamos: 
Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Seção III 
- Do Desporto, em seu Artigo 217, Incisos I, II e III: “É dever do Estado 
fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada 
um, observados:
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento
33
1. a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto 
a sua organização e funcionamento;
2. a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do des-
porto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto 
rendimento;
3. o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o 
não-profissional;
Na Constituição Estadual de São Paulo - Seção III, Dos Esportes e Lazer, 
em seus Artigos: 264 - “O Estado apoiará e incentivará as práticas esportivas 
formais e não formais, como direito de todos”; 266 - “As ações do Poder Público 
e a destinação e recursos orçamentários para o setor darão prioridade: I - ao 
esporte educacional, ao esporte comunitário e, na forma da lei, ao esporte de 
alto rendimento”; Parágrafo único - “O Poder Público estimulará e apoiará as 
entidades e associações da comunidade dedicadas às práticas esportivas”.
E agora em 2017, foi estabelecido o início dos procedimentos de convênios 
com as associações via Lei Nº 13.019, de 31 de julho de 2014 (Marco Regulatório 
das Organizações da Sociedade Civil - MROSC), cujos novos procedimentos 
passaram a ser seguidos a partir do ano de 2017, conforme determina essa nova 
lei. Um item passa a ser a necessidade do denominado Chamamento Público 
para a realização dos convênios e parcerias. 
Para essa chamada Fase III da Metodologia do PDB, foi criado no 
Organograma da Administração Pública Municipal de Piracicaba um setor 
específico denominado, em nosso caso, de Setor de Esportes de Alto Nível, o 
qual Coordena o Esporte de Rendimento no município. São cerca de 55 mo-
dalidades/categorias oficiais (conveniadas com as entidades esportivas e não 
conveniadas) que representam nosso município nas principais competições 
oficiais regionais, estaduais, nacionais e até mesmo internacionais. Entre es-
tas se destacam os Jogos Abertos da Juventude, os Jogos Regionais e os Jogos 
Abertos do Interior como já frisamos anteriormente, alémdas competições de 
federações, confederações, ligas e associações. 
Desenvolvemos anualmente nesse período convênios e parcerias com 
quase todas entidades e instituições esportivas do município. Apoiamos mais 
de 55 modalidades esportivas (em várias categorias), e cerca de 1.500 atletas 
são cadastrados anualmente em ligas, federações e na Secretaria Estadual de 
Esportes, nas mais diversas modalidades que recebem algum tipo de apoio 
para o seu desenvolvimento, que vai desde as condições de espaços e equipa-
mentos para seus treinamentos até a ajuda de custo e bolsas de estudos para os 
que mais se destacam em cada modalidade. 
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
34
Em nosso entender, esse mecanismo de convênios possibilita a continui-
dade desse processo da Fase III, o que é fundamental para a consecução do 
trabalho e todos seus aspectos inerentes, não apenas os esportivos em si, mas 
os sociais também, os quais são advindos do esporte de rendimento, o que cabe 
mais algumas considerações a seguir ao nosso ver.
Há que se destacar e lembrar aqui a dedicação ímpar de alguns dos 
Professores da Selam, que ao longo de décadas vêm atuando (ou atua-
ram) nessa Fase III do PDB, qual seja a do Esporte de Alto Nível ou de 
Alto Rendimento, e se dedicando ao suporte e ao apoio às nossas equipes 
e atletas, nas diversas competições, em especial nos Jogos Regionais, Jogos 
Abertos do Interior e nos Jogos Abertos da Juventude. Os Professores da 
Selam, Carlos Alberto Felipe Soares (o Baiano), Ana Sílvia da Silva Dias e 
Joice Mara Crivellani, e o Assessor Técnico Prof. Luiz Antonio Chorilli (já 
falecido), que também prestou relevantes serviços a nossa comunidade nes-
sa área esportiva.
Com atletas e amigos gestores, coordenadores e profissionais 
da área técnica da Selam
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento
35
O Esporte de Rendimento e/ou de Representação, e 
seus aspectos socio-esportivos 
A boa representatividade de um município nas competições esportivas de-
pende da participação das equipes e também de seus resultados nas respecti-
vas competições, e aqui não falamos apenas de resultados quantitativos, pois 
isso demanda uma série de fatores. Inclusive fatores imponderáveis e imprevi-
síveis, que por vezes acabam por determinar um resultado positivo ou mesmo 
negativo devido a inúmeras variáveis subjetivas as quais o esporte, as modali-
dades, equipes, atletas e competições estão sujeitas. Como variáveis subjetivas 
podemos citar como exemplo questões de interpretação de arbitragens que por 
vezes determinam o resultados de jogos e competições. 
Muito importante fazermos estas considerações e conjecturações de início, 
pois a representatividade de um município, estado, país, clube, etc, em uma de-
terminada competição é apenas consequência de todo um trabalho que é feito no 
esporte (é apenas a ponta aparente de um “iceberg esportivo”), pelo esporte, e 
por todos aqueles que estão inseridos nesse universo, a representatividade é uma 
consequência de todo um trabalho que se faz no esporte, senão vejamos.
Não se faz representatividade nas competições, se não tivermos as equipes re-
presentativas formadas, as quais são compostas por atletas, os quais se revestem 
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
36
desse estigma, muitas vezes como se fossem super-heróis ou super-humanos, o 
que não é em sua essência verdade. Ou seja, por trás de cada aluno, atleta, existe 
um indivíduo, um cidadão que vive e convive na sociedade, com todas as dificul-
dades e necessidades como qualquer outro cidadão, ou mais dificuldades ainda, 
basta imaginarmos as questões de aposentadoria de um atleta. 
Os mesmos, além de todo trabalho no esporte, tem que estudar e ter uma 
profissão futura ou paralela a carreira de atleta, para tentar garantir um futuro 
melhor, e o esporte passa a ter então um caráter fundamental nesse processo.
Temos inúmeros casos e inclusive depoimentos de ex-atletas que se forma-
ram por meio de bolsas e ajudas de custo em nosso trabalho, e hoje são excelen-
tes profissionais e tem seu futuro garantido num mercado de trabalho, e tudo 
conseguido por meio do que ? 
Do esporte e daquilo que ele pode diretamente proporcionar como ajuda 
de custo, bolsa auxílio, bolsa de estudos, e outros tipos de apoio, os quais foram 
proporcionados por meio do esporte.
A representatividade nas competições é apenas uma consequência do tra-
balho e desenvolvimento de cada modalidade e das equipes representativas 
que participam das competições, para nós gestores é apenas uma consequência 
de todo um trabalho socio-esportivo das modalidades, e de todo um apoio que 
é dado a cada indivíduo por meio da prática esportiva competitiva.
Para nós profissionais de educação física, professores, técnicos, e em especial 
os gestores, o que mais importa no final de todo esse trabalho, e todos somos sa-
bedores desse aspecto, é o caminho saudável em todos os sentidos que o esporte 
pode proporcionar aos cidadãos, seja diretamente aos atletas e técnicos, ou indire-
tamente a toda uma comunidade. Como exemplo citamos as crianças e jovens que 
se espelham nesses atletas que se destacam, os quais se tornam exemplos vivos 
para os mesmos, e se tornam referências para todos no esporte, bem como a todos 
esportistas de uma comunidade / município que acompanham, torcem e também 
colocam o esporte como uma opção de lazer e cultura em suas vidas. 
Isto, para todos nós gestores, seja um coordenador técnico, seja um diretor, 
seja um secretário, ou mesmo um professor e até o prefeito, é o que mais impor-
ta para todos nós. A competição e esse universo, são um importante mecanis-
mo e estratégia para a inserção e o desenvolvimento social de cada indivíduo 
que acompanha ou faz parte do ambiente esportivo, e consequentemente para 
toda a sociedade. 
Há uma cobrança de todos nós envolvidos, para com nossos atletas, não ape-
nas para que tenham sucesso e bons resultados nas competições e eventos (e 
isso também faz parte), mas também que se superem em suas vidas, seja na sua 
educação, nos estudos e na formação profissional, ou mesmo já em seu trabalho. 
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento
37
Além desse apoio em suas vidas como atletas, das oportunidades surgidas 
e da possibilidade de ascenção social, acadêmica e profissional conseguida por 
meio e com a ajuda do esporte aos atletas, os mesmos se configuram em grande 
exemplo em suas famílias, para as crianças, e até mesmo para seus próprios fi-
lhos, para que, por meio do esporte, também possam conseguir sua identidade 
como cidadão, sua auto-estima e seu espaço na sociedade.
Para todos que militam no esporte, isso é o mais importante, é o que per-
manece, mas tudo isso é vivenciado e conseguido no contexto do esporte de 
alto rendimento e de representação também, onde os treinamentos e as com-
petições também fazem parte desse processo e são importantes instrumentos e 
estratégias em busca de suas potencialidades como atletas e cidadãos, e de sua 
própria superação, o que acaba por se configurar não apenas no meio esporti-
vo, mas também em todos aspectos de sua vida em sociedade. 
O esporte é um meio para uma vida plena de um cidadão, não apenas um 
fim em si mesmo. É claro que o esporte não se reveste de uma roupagem mes-
siânica, ou seja, por meio dele tudo se resolverá e todos os males e problemas 
da vida de um atleta ou de uma sociedade se resolverão. Acreditamos que to-
dos devam ter essa compreensão de que as variáveis em todos os aspectos de 
uma sociedade são muito mais complexas e multifatoriais, mas que também o 
esporte pode contribuir, e contribui, sobremaneira para uma melhor qualidade 
de vida dos atletas e das pessoas em geral, com certeza isso é de consenso. O 
esporte ajuda muito em tudo isso, mas faz parte de toda uma rede de aspectos 
sociais e de direitos constitucionais, os quais em conjunto irão garantiros ple-
nos direitos e garantias do cidadão, em especial dos nossos atletas.
Feita esta importante reflexão de caráter introdutório e de embasamento 
geral, cabe-nos também resgatar aqui a legislação relacionada ao esporte de 
rendimento, que garante o amparo legal para que o poder público, sustentado 
por essas reflexões que trouxemos, invista nos atletas e nas equipes, e em suma, 
no esporte de rendimento, competitivo ou de representação, como esse impor-
tante mecanismo que defendemos anteriormente. E a representatividade por 
um município nessas competições oficiais nas esferas estaduais fazem parte 
desse contexto e processo. E, ao ser almejado e buscado pelos atletas e todos 
envolvidos, auxilia de maneira muito significativa em todos os outros aspectos 
sociais que abordamos anteriormente. 
Além dessa reflexão, mais de caráter social e que está intrínseca em todo 
processo esportivo seja na formação ou mesmo no alto rendimento, como ten-
tamos explicitar, entendemos ser importante também citar e mostrar aqui que o 
apoio e o desenvolvimento ao esporte de rendimento em suas várias modalida-
des e etapas, também é uma obrigação do setor público. Podemos até entender 
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
38
que ocorram visões diferentes dessa questão, até mesmo no meio acadêmico, 
mas não há o que se questionar em termos de sua legalidade e dever do estado 
(União, Estados e Municípios), já a partir dos pressupostos legais e determina-
ção dadas pela própria Constituição Federal em seu Artigo 217, em especial o 
Inciso II, e toda legislação subsequente. 
Como podemos constatar, pela legislação acima citada, é um dever do poder 
público constituído apoiar o esporte de alto rendimento, e consequentemente 
todo seu contexto, como os eventos, as competições esportivas, e cada moda-
lidade (dentro do possível), para que isso se concretize. A representatividade 
de um município nas competições oficiais, se faz em sua essência, por meio de 
cada atleta que apoiamos, na medida de nossas limitações orçamentárias.
Portanto, como bem próprio à natureza dos convênios e parcerias esta-
belecidas, há aqui convergência de interesses para que, por meio do Esporte, 
seja possibilitado também o desenvolvimento social e cultural, especialmente 
dos jovens atletas. Dito de outro modo, não há qualquer interesse por parte do 
Poder Público em contrapartida publicitária ou promocional, mas tão somente 
a plena consecução das finalidades públicas as quais foram-lhe constitucional-
mente atribuídas. 
Não há como afastar-se aqui, o caráter sócio-cultural da atividade desenvol-
vida por meio do desempenho de atividades esportivas, nem, por outro lado, o 
caráter de certa forma assistencial também, vez que a associação promove o de-
senvolvimento também social dos atletas, por intermédio do esporte, inclusive 
e essencialmente por meio da concessão de bolsas de estudos e bolsas auxílio. 
Ademais, em termos materiais e operacionais, é possibilitado aos atletas, 
essencialmente por meio dos repasses realizados pelo Poder Público, o acesso 
a bons mestres, técnicos, profissionais de educação física, equipamentos e ma-
teriais de treinamento de qualidade, participação em campeonatos regionais, 
estaduais e até nacionais, sem os quais a permanência na prática desportiva de 
alto rendimento seria claramente comprometida. 
Assim, considerando que os recursos transferidos pelo Poder Público são 
exclusivamente aplicados nas respectivas modalidades esportivas, por meio 
de incentivos aos atletas, sem qualquer outra finalidade que não seja o apoio 
ao esporte, não há que se falar que as ações tomadas são incompatíveis com 
a natureza convenial dos instrumentos pactuados, e que as mesmas atingem 
amplos objetivos nos aspectos sociais, educacionais, de formação profissional, 
e porque não dizer, até mesmo culturais, no entendimento mais amplo da pa-
lavra cultura. 
Não há, portanto, como dissociar o Esporte de Rendimento de seu profun-
do caráter socioeducativo também. 
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento
39
“Em busca de sonhos, no esporte e na vida ! ”
Um breve histórico 
Este relato metodológico e histórico que denominamos “Projeto Desporto 
de Base (PDB)”, que se configura tecnicamente como um Programa Permanente 
de Formação Esportiva e de Lazer Fisico-Esportivo, toma por base e tem por iní-
cio dissertativo minha Monografia de Conclusão do Curso de Especialização na 
Unicamp, no Curso de Especialização em Lazer e Recreação da Faculdade de 
Educação Física, no ano de 1992, sob a orientação do Prof. Dr. Wagner Wey Moreira.
Essa monografia foi denominada na época de “Projeto Desporto de Base: 
Um Programa Permanente de Esportes e Lazer”.
Apesar de já ter escrito essa monografia há alguns poucos anos atrás (rs), 
sua proposta metodológica é bastante atual, e totalmente aplicável em traba-
lhos de formação esportiva e de lazer, seja no âmbito do Setor Público em suas 
várias esferas do Poder Executivo (Municipal, Estadual ou Federal), bem como 
em ambientes da iniciativa privada, como clubes, fundações, escolas entre ou-
tras. É importante ressaltar, e sempre pressupondo aqui, e já estipulando isto 
como uma das estratégias da proposta metodológica, que para podermos de-
senvolver toda sua metodologia, há a necessidade premente de se fazer e de se 
estabelecer parcerias em todas suas Etapas, ou Fases como denominamos em 
sua conceituação metodológica.
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
40
 Sempre tivemos um sonho, uma expectativa, um anseio de poder trans-
formar este trabalho de monografia estritamente acadêmico, bem como e 
em especial sua proposta metodológica, e agora, depois de 30 anos, tam-
bém, e porque não dizer, de sua consolidação histórica e metodológica, em 
uma publicação a qual todos pudessem ter acesso, seja em um livro e/ou em 
forma digitalizada. 
Essa oportunidade dada pelo CREF4/SP, não apenas a minha pessoa, mas 
há muitos outros colegas Profissionais de Educação Física que como eu certa-
mente tinham essa expectativa de poder transmitir suas experiências, conheci-
mentos adquiridos e vivenciados profissionalmente, veio a calhar com nosso 
sonho. Então apresentamos nossa proposta de publicação ao crivo da Comissão 
Literária do Conselho, composta por renomados, experientes e competentes 
especialistas na área, e com muito orgulho e satisfação vimos nossa proposta 
de publicação apreciada e aprovada, e hoje vemos esse sonho concretizado e 
podendo compartilhá-lo com o amigo leitor. 
Retrospecto
O relato crítico feito por Berlink - 1984, sobre o “Centro Popular de Cultura 
da União de Estudantes – CPC da UNE”, motivou-nos a iniciar a elaboração 
deste documento que, futuramente, será um arquivo histórico do início des-
te processo de democratização esportiva, realizado em Piracicaba; e, como tal 
projeto tornou-se, também, um Programa Permanente de Esportes e Lazer.
Não temos a pretensão (nem queremos), com esta formulação acadêmica 
de um projeto implantado e desenvolvido durante 4 anos no município de 
Piracicaba/SP - 300.000 habitantes, de transformá-lo num modelo ou manual 
teórico-prático para ser aproveitado e reproduzido literalmente em outros es-
paços (municípios, cidades, universidades, escolas, clubes, entre outros), pois 
cada novo espaço, onde se pretenda desenvolver projetos com objetivos seme-
lhantes, terá suas próprias peculiaridades, costumes, tradições, hábitos, enfim, 
sua própria cultura (vide como reflexão “Rebelião em Milagro” - Filme). 
Conscientemente, isto deverá ser considerado na implantação de qualquer 
projeto similar, caso contrário corremos o risco de cometer graves erros contra 
o povo, “melhor cometê-los com ele” (BERLINK, 1984, p.18), o que nos levará, 
certamente, ao insucesso.
Atualmente nosso município, Piracicaba/SP, já conta com 400 mil habitan-
tes, e esse Programa, que sonhávamos pudesse ter continuidade além dos 4 
anos daadministração pública da época, neste ano irá comemorar 30 anos de 
existência (uma longa história já). Talvez o amigo leitor nem tivesse nascido na 
época (rs), ou mesmo tenha sido um de nossos alunos ou atletas.
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento
41
Temos muito a comemorar e comprovar que nossos sonhos e expectativas 
foram muito além do que imaginávamos e podíamos prever na época.
Entretanto, ao término deste trabalho acadêmico, certamente teremos de-
senvolvido uma metodologia e um referencial teorico-prático que poderá con-
tribuir, e muito, para o desenvolvimento de Políticas Públicas (GODOY, 1991, 
passim) coerentes e não carentes (BRUHNS, 1990, passim) com nossa realida-
de social, na área do Desporto e do Lazer em seus interesses físico-esportivos 
(DUMAZEDIER, 1980, passim).
Barcelona 1992 ?
Rio de Janeiro 2016?
Não !
Brasileiros e brasileiras todo dia !!
Em 1982, ao ser questionado por um repórter do “Le Monde” sobre qual 
seria o melhor e mais correto e verdadeiro Método Científico, o filósofo e físico 
Paul Feyrabend respondeu:
Nenhum. Você deve descobrir por si só a resposta. No entanto, há uma ideia 
que se destaca, a de que se você elaborar corretamente sua ciência, ela conterá 
uma parcela da verdade. Quando dois cientistas se contradizem, é que um 
deles não operou corretamente. Todavia, quando um problema é realmente 
importante para uma comunidade, como poderá ela confiar nos cientistas, 
visto que sempre terão opiniões conflitantes? Ela deveria, então, fazer a sua 
própria pesquisa.” (FEYRABEND, 1984, p.29)
Até 1989, a visão que permeava as Políticas Públicas (se assim podemos 
chamá-las) dentro do município de Piracicaba era voltada quase que exclu-
sivamente ao Esporte de Alto Rendimento e ao que Umberto Eco considera 
em sua obra como um espetáculo esportivo (ECO, 1984, passin), com raros 
momentos (projetos inconsistentes, paliativos, passageiros e sem fundamen-
tação teórica) e tentativas de colocar o Esporte e o Lazer (interesses físico-es-
portivos) ao alcance de crianças e adolescentes, que não têm acesso a clubes 
associativos e outros espaços de lazer como conclui Ricardo Colpas em sua 
monografia (COLPAS, 1991).
Este trabalho na área do Desporto e do Lazer e do LAZER, procura suprir 
essa lacuna na sociedade piracicabana, garantindo assim seus direitos consti-
tuídos pela legislação, e tendo seu início em janeiro de 1989.
Entretanto, há que se lembrar que anteriormente, já em 1985, procuráva-
mos desenvolver de forma prática, juntamente com outro colega profissional 
de educação física um trabalho semelhante em um município de pequeno porte 
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
42
da região, tendo o mesmo (desenvolvia-se com muito sucesso) sido interrompi-
do após 1 ano de ótimas atividades, por questões financeiras (patrocinador teve 
que cortar os recursos) e políticas.
Posteriormente, em 10 de março de 1988, registrávamos em um artigo, no 
mais destacado jornal piracicabano, o Jornal de Piracicaba, esses nossos anseios 
e sonhos por políticas públicas sistematizadas nessa área de intervenção e de 
nossa atuação. Esse artigo jornalístico publicado, e que teve grande repercus-
são na época, foi denominado: “Por uma pedagogia do Esporte”.
Já em 1989, tentávamos novamente, em um município de menor porte na 
região, a implantação de tal trabalho, e novamente, víamos nossa proposta não 
ser colocada em prática por questões políticas.
Entretanto, em março do mesmo ano, privilegiados pela boa vontade po-
lítica de uma administração municipal, ma pessoa de seus gestores, e a visão 
comunitária de uma grande empresa do município, teríamos, enfim, a pos-
sibilidade de participar e contribuir com o desenvolvimento de tão sonhado 
trabalho no município de Piracicaba (nossa terra natal), O PDB - “PROJETO 
DESPORTO DE BASE” (GODOY et al, 1991).
Não temos a pretensão de, neste livro, retratar na dinâmica desta escrita 
e da leitura do amigo que nos dá essa honra, o que muito bem fizeram os ge-
niais autores de “Efeito Borboleta” e de “Durante a Tormenta” (ambos temos 
as versões em filme), onde o leitor ou expectador, é levado ao passado e ao 
presente constantemente, e de forma muito lúdica e interessante. Mas, muitas 
vezes o leitor desta nossa contribuição metodológica, irá se ver no final dos 
anos 80, quando este Programa foi sonhado e posteriormente implementado, 
e nos dias atuais, após 30 anos de intensas atividades desse Programa. 
O Desporto: conceitos, lazer, legislação e reflexão
“Atravessamos o século do Desporto” (MANUEL SÉRGIO, 1990, p.204)
Não discordamos dessa afirmação bem recomendada pelo renomado 
Prof. Manuel Sérgio, entretanto, quando o mesmo nos coloca a seguir que: 
“Não é de espantar, portanto, que as virtualidades desta atividade corporal 
tenham chegado, com assombrosa rapidez, ao conhecimento dos nossos con-
temporâneos” (SÉRGIO, 1990, p.204), somos obrigados a lamentar que, em 
nossa sociedade, talvez já tenha chegado o conhecimento enquanto informa-
ção e espetáculo assistido, porém a oportunidade de vivenciar tal atividade 
e, então, adquirir tais “virtualidades”, ainda é restrita a poucos privilegiados, 
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento
43
a menos que você considere que os espetáculos esportivos televisionados e 
assistidos possam substituir o sentido de sua prática (?!!).
A Prática Esportiva tem um sentido: “procurar a transcendência da mo-
tricidade”, e é assim que a entendemos, e ao nosso ver, só através de sua vi-
vência é que o “Desporto pode vir a ser um espaço onde o Homem aprende 
a ser mais Homem”, onde o “Homem transcende infinitamente o Homem”. 
(SÉRGIO, 1990, p.204)
Esse é o espaço que procuramos garantir, enquanto Dirigentes Esportivos: 
o espaço para vivência do desporto, trabalhando para que o nosso projeto - 
PDB, seja esse Desporto, enquanto “Sinal de Utopia”. (GODOY et al, 1992).
Após essas considerações iniciais, necessárias e fundamentais, a seguir 
abordaremos alguns conceitos sobre o Esporte e o Desporto para um melhor 
entendimento sobre esse fenômeno contemporâneo.
Esporte e Desporto: alguns conceitos
Esporte, Desporto, as Práticas Esportivas (ou outro termo que possa sur-
gir), da maneira como os conhecemos hoje, tem se referido conceitualmente a 
um Fenômeno Cultural da Humanidade, mais especificamente da Sociedade 
Moderna Urbana-Industrial, surgido no século XIX, na Inglaterra, no seio das 
elites da Sociedade Burguesa da época, mais propriamente nas “Public Schools” 
inglesas. (BOURDIEU, 1983, p.139).
Muitos autores distinguem esses termos, outros os consideram como si-
nônimos, mas sempre têm procurado explicitá-lo conceitualmente enquanto 
um conteúdo cultural específico, particularmente consideramos o Esporte 
como sendo definido por todos esses conceitos que temos encontrado na lite-
ratura (veremos alguns neste capítulo), diferenciando-o do Desporto, o qual 
consideramos como uma experiência que transcende o que chamamos usual-
mente de Esporte.
No término deste capitulo, em Desporto – Sinal de Utopia, procuramos 
explicitar nossa concepção sobre o Desporto, como um momento, um estágio a 
ser atingido pelo Esporte que hoje conhecemos, como sendo um aspecto com-
plexo de relações que dialeticamente envolvem e são envolvidas pelo Esporte, 
Cultura, Lazer, Prazer e Fruição, Jogo e “Fair-Play” (BOURDIEU, 1983, p.139), 
os Aspectos Biológicos e Inatos de quem o pratica, entre outras. É nessa relação 
complexa e dialética que julgamos situar-se o Desporto, e para atingi-lo toma-
-se necessária a busca de uma nova Ética para o Esporte.
Nessa busca conceitual, temos encontrado alguns estudiosos como Jorge 
Olímpio Bento, José Manoel Constantino, Wagner Wey Moreira e, em especial, 
Manuel Sérgio, com quem temos compactuado esse novo conceito e essa busca 
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
44
para o que conhecemos como Esporte, eem cujos trabalhos temos encontrado 
subsídios para a busca desse desafio. 
O Desporto: alguns conceitos 
Para Teixeira:
Desporto seriam os Esportes praticados igualmente em todo mundo, organiza-
dos por federações internacionais que definem regras oficializadas e, que são 
seguidas por todos os praticantes de determinada modalidade em todo mun-
do, sejam os Desportos coletivos ou individuais (TEIXEIRA, 1989, passim).
Por sua vez, Doralice Souza em sua monografia, citando Guilmar nos 
apresenta algumas características do Esporte a quais implicam necessaria-
mente em competição, valorizam o produto final, ou seja o resultado, exigem 
a busca do rendimento máximo, implicando assim no gosto e prazer pelo 
esforço, no treinamento e no bom nível de execução de habilidades, além de 
gerar um alto grau de tensão nos participantes, tendo ainda regras detalha-
das, determinantes e universais (SOUZA, 1989, p.17).
Manuel Sérgio refere-se as propriedades básicas da Prática Esportiva 
como sendo as seguintes:
Agonismo, o que supõe um adversário, tanto natural como humano, e en-
volve um esforço que pode ir até ao risco; Normatividade, isto é, trata-se de 
uma atividade sujeita a normas jurídicas e morais pré-estabelecidas, as quais 
pretendem canalizar a energia libidinal agressiva; Ludismo, que o mesmo é 
dizer: criatividade, gratuitidade, improdutividade; Esforço Físico e Ativida-
de Motora, e daí o poder alcançar-se saúde e aptidão (SERGIO, 1988, p.37).
E mais a frente, já questionando esse Desporto que conhecemos e pro-
pondo sua verdadeira identidade, cita Sílvio Lima: “ o verdadeiro não visa o 
record, a performance, embora todo jogador ambicione triunfar, a derrota ou 
a vitória não contam intrinsecamente dentro do próprio Desporto (...). O gru-
po vencido num campeonato não lamenta a derrota, se esta foi justa dentro 
das inflexíveis regras do “Fair-Play”; o mero exercício pelo exercício o satis-
faz, por isso o jogador joga por jogar, como o caçador caça por caçar”. (apud 
MANUEL SÉRGIO, 1988, p.37).
Eis o Desporto, que começa a transcender e superar o Esporte que hoje 
conhecemos.
Já em 1969, Michel Bouet afirmava que:
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento
45
o Desporto é uma atividade saudável que satisfaz as necessidades motoras 
do praticante; promove a realização pessoal através da afirmação do eu; re-
veste, muitas vezes, o aspecto de compensação, face ao stress e ao labor mo-
nocórdico da vida profissional. Por outro lado, a necessidade de sentir-se 
em grupo; o interesse pela competição; o desejo de vencer e de ser campeão, 
não tanto porque se ganhou, mas porque se é um “ganhador”; a comba-
tividade que transmite a vontade de vencer desportivamente falando, ou 
seja, dignamente; o amor pela natureza, bem visível nos desportos ao ar 
livre; o gosto pelo risco e uma irresistível atração pela aventura constituem 
características ao homem que poderíamos designar como um desportista, 
ou então aos pontos centrais da motivação ao desporto. (BOUET, 1969 apud 
SÉRGIO, 1990, p. 204).
Embora possamos detectar aspectos importantes nessa definição como o 
Lúdico (aventura e competição) e, como o Prazer (satisfazer necessidades mo-
toras), detectamos a ênfase na característica Compensatória do Desporto, mos-
trando uma visão Funcionalista do autor.
Com severidade, Brohm se refere a Atividade Esportiva como não sendo 
Normal.(como a dança e a marcha). Segundo Brohm, citada por Dumazedier, 
ela é masoquista, porque para ultrapassar-se a si mesmo, é preciso sofrer; e, a 
relaciona e compara com os aspectos de Produtividade e Rendimento, próprios 
do Capitalismo. Ao procurar o melhor desempenho, naturalmente, o esportista 
será guiado pelos valores da produtividade Capitalista (BROHM, 1976, p. 358 
apud DUMAZEDIER, 1980, p. 113).
Num outro extremo, o papa da Semiologia (para a qual tudo é comuni-
cação), Umberto Eco refere -se a Atividade Esportiva dominada pela ideia de 
desperdício:
Todo gesto esportivo é um desperdício de energia: se atiro uma pedra, pelo 
simples prazer de atirar - não para um fim utilitário qualquer que seja - des-
perdicei calorias acumuladas através da ingestão de alimentos, realizada 
através de um trabalho. Ora, esse desperdício - fique claro - é profundamente 
saudável. É o desperdício próprio do jogo. E o homem, como todo animal, 
tem necessidade física e psíquica de jogar. Há então, um desperdício lúdico 
ao qual não podemos renunciar: exercê-lo significa ser livre e livrar-se da 
tirania do trabalho indispensável.” (ECO, 1984, p.221).
E mais a frente, com muita propriedade, “classifica” e detecta novos “ní-
veis” ou “estágios” do Esporte, enquanto objeto apropriado pela sociedade 
“Projeto Desporto de Base” (PDB) 30 anos de história e realizações (1989/2019)
46
e manipulado por interesses diversos, “o esporte ao quadrado”, que seria 
o Espetáculo Esportivo; “o esporte ao cubo”, que seria o Discurso sobre o 
esporte assistido, o discurso da Imprensa Esportiva; e o “esporte a enésima 
potência”, que seria o Discurso sobre o Discurso da Imprensa (ECO, 1984, 
p.222 e 223).
Esses” têm sido, o Esporte, ao qual a sociedade tem tido acesso; esse é o pri-
meiro obstáculo, a primeira grande barreira que, enquanto Dirigentes Esportivos 
(SÉRGIO, 1988, passim), temos que romper, sem negá-la.
Por sua vez, historicamente Bracht se reporta ao Esporte como:
uma atividade corporal com caráter competitivo surgida no âmbito da cul-
tura europeia...” (Inglaterra dos séculos XVIII e XIX) “e que com esta expan-
diu-se para todos os cantos do nosso planeta.” E no seu conseqüente de-
senvolvimento assumiu uma forma na qual são destacados os aspectos da 
“competição, do rendimento, do record, da racionalização e controle e da 
cientifização do treinamento.” (BRACHT,1989, p.69).
Não satisfeitos, buscamos em um grupo de especialistas, a “comissão 
de Reformulação do Desporto Nacional”, que em 1985, presidida pelo Prof. 
Manoel José Gomes Tubino, indica:
O Esporte no Brasil, para efeito de legislação, deve ser considerado como 
atividade predominantemente física que enfatize o caráter formativo-e-
ducacional, participativo e competitivo, seja obedecendo à regras pré-
-estabelecidas ou respeitando normas, respectivamente em condições 
formais ou não formais. E que para efeito de entendimento e em função 
da indicação acima, deva ser entendido na abrangência das seguintes ma-
nifestações: esporte-educação, esporte-participação, esporte performance; 
devendo ser concebidas como forma de exercício do direito de todos a 
prática esportiva. (UMA NOVA POLÍTICA PARA O DESPORTO BRASI-
LEIRO, 1985, p.18).
Dentro dessa forma de entendimento e classificação, temos um artigo, 
de nossa autoria, “Por uma Pedagogia do Esporte “ (GODOY, Jornal de 
Piracicaba, 10/03/88, em anexo). Onde, diante de tantas definições, concei-
tos, características e relações, tentamos também arriscar uma formulação 
conceitual sobre o termo Esporte, e advogamos uma metodologia pedagó-
gica para o mesmo. 
Esporte de Representação, Esporte de Competição e/ou de Rendimento
47
Esporte e cultura: num “piscar de olhos” 
“Cultura é todo o conhecimento que uma sociedade tem de si mesma, so-
bre outras sociedades, sobre o meio material em que vive, e sobre a própria 
existência. Inclui ainda, as maneiras como este conhecimento é expresso por 
uma sociedade, como é o caso de sua arte, religião, esportes e jogos, tecnologia, 
ciência, política “. (SANTOS, 1986, p.41, o grifo é nosso)
Cultura num “piscar de olhos”
Nunca fomos muito aficionados aos jogos de cartas, mais especificamente os 
jogados com o nosso conhecido e famoso baralho, como os jogos de “truco”, “bu-
raco”, “sete e meio”, “tranca”, etc..., tão comuns na praia, nos dias chuvosos, nos 
bares, entre umas e outras geladas (acho que nem “rouba monte” e “mico”, gostá-
vamos de jogar quando garotos rs). Entretanto, não pudemos deixar de perceber 
nesses jogos, mais especificamente no “truco”, alguns “códigos” ((ECO, 1984, p. 
169-171),

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