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LUTAS Anot 4

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25/11/2019 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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Lutas no Contexto da Educação Física
 
 Valores como o mérito obtido pelo esforço, respeito pelos seus próximos,
criação de autonomia, a construção do conhecimento e exercício da cidadania,
com plena consciência de seus deveres e consumação de seus direitos são
qualidades do ser humano que devem ser, permanentemente, praticadas na
aplicação da disciplina de Educação Física. Trabalhar o corpo e o movimento
(PCN, 1997). Como então, se podem usar as Lutas, como meio educacional, no
mundo atual? Veja a descrição contida no PCN da Educação Física, (1997)
 As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser
subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão,
imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de
ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de
punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de
lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas
mais complexas da capoeira, do judô e do caratê (PCN, 1997). 
 O criador do judô, mestre Jigoro Kano, teve por norma que as Lutas
consistiam a melhor maneira de realizar uma atividade física educacional, se
devidamente organizadas e com elementos que permitissem a seus praticantes
as executarem sempre em segurança, sobretudo por trazerem elementos
essenciais ao desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial.
 As Lutas seriam a base da Educação Física, em sua concepção primeira
como atividade física para tornar o corpo saudável. Ao mesmo tempo, na
perspectiva intelectual, favorecer o treinamento da mente para a reflexão e
tomada de decisões. Por fim, simultaneamente, propiciar a construção de
conduta de respeito pelo seu opositor, principalmente pela experiência de ser
desafiado a superar resistências ou ataques imprevisíveis e impostos
instantaneamente pelo seu confrontante. O ulterior contacto corpóreo propiciaria
a vivência corporal interativa.
 O professor deve ter atenção por sua vez, pois lutas e modalidades
esportivas de combate expostas pela mídia fantasiosa, sensacionalista e
exagerada, exercem fascínio pela plástica visual e pela exposição de certo
domínio corporal, pelo qual determinado indivíduo, em situações específicas,
subjuga a outro ser. Não se pode considerar o sentido da vida imposto somente
por representações nas quais se deturpam as atribuições das Lutas, propagando
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que somente os mais fortes podem mais e que o fim seja o de causar dano
deliberado, pois assim seria o mesmo que briga e desse modo a incitação à
violência.
 As Lutas, no seu argumento mais denso, são instrumentos de excelência
para o desenvolvimento integral do ser humano, a partir do fato de que devem
ser mostradas como significado da conjunção equilibrada entre o uso da máxima
eficiência, com a maior habilidade de execução e o mínimo dispêndio de energia
física. Dominar, conter ou sobrepujar seu opositor, não significa eliminá-lo, mas
momentaneamente e em determinada ocasião a demonstração singular de
superação de resistências circunstanciais.
 Muitas artes marciais evoluíram no sentido de alertar para o fato de que
o adversário que se contrapõe às suas ideias, o qual resiste aos seus ataques e
impõe limites em sua atuação física ou psicossocial, não deve ser desprezado
nunca. Contudo, deve ter reconhecida a sua importância, pois seus estímulos
corporais serão importantes para se obter o próprio aprendizado.
 Ainda a respeito dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997),
esse caderno de intenções dispõe as atividades de Lutas como conteúdo a ser
versado nos planos de ensino dos ciclos fundamental e médio (Parâmetros
Curriculares Nacionais, Educação Física volume 7, 1997). O teor que fundamenta
as Lutas sugere que sua aplicação seja efetivada de maneira global apesar da
menção das modalidades de judô, karatê e capoeira para serem aplicadas aos
planos de ensino.
 Não se pode deixar de destacar que as crianças, espontaneamente,
mostram atividades de contato corporal de domínio, de supremacia corpórea e de
agitação corporal com empurrões, agarramentos e contatos contundentes. Essas
atividades são classificadas como brincadeiras turbulentas, próprias da
irrequietude infanto-juvenil. Deve-se aproveitar dessa característica que surge
nos estudantes dos ciclos fundamentais e médios nas escolas e associar o
desenvolvimento dos melhores atributos da disciplina de Lutas como questão
para a ampliação e construção de valores psicomotores e psicossociais.
 
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 Brincadeiras turbulentas 
 
 Brindadeiras turbulentas organizadas na escola
 
 Adicionalmente, chama atenção o fato da mistificação da aplicação dos
fundamentos das Lutas nas aulas de Educação Física. Existe certo esoterismo nas
relações dos instrutores e praticantes de lutas, com o mundo da educação, na
tentativa de preservar uma aura de complexidade acima da realidade. O
professor de Educação Física deve se aprofundar nas pesquisas e estudar os
elementos de construção das capacidades coordenativas e psicomotoras inerentes
das técnicas usadas nas mais variadas Lutas e, desse modo, adaptar os
conteúdos para os objetivos de estruturação da vivência corporal que permita a
plena identificação com as distinções dos aspectos cognitivos, psicossociais,
físicos e motrizes. Portanto, a utilização de especialistas ficaria mais bem
reservada à complementação específica de informações apropriadas à cultura de
particularização ao rendimento esportivo, e não à educacional. 
 Um olhar abrangente sobre a metodologia de ensino recomenda que se
aproveite de sequência pedagógicas, após análises das modalidades cujas ações
motoras mais proeminentes sejam demasiadamente complexas, efetuando plano
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de ensino que molde o aprendizado pelo encadeamento progressivo e avaliações
respectivas, sempre em consonância com os objetivos pretendidos e estipulados
pelo plano de aula e de ensino. Além disso, como as Lutas possuem o
componente de formação do pensamento dedutível e hipotético, com
fundamentos de estratégias e táticas, para atender os parâmetros de
diferenciação e demonstração de contestações esportivo-culturais, ou mesmo
competitivas, recomenda-se o emprego dos jogos de combate. Essas disputas
vão além do tradicional cabo de guerra, devem permitir a influência corporal
mútua e implicar em aprendizado efetivo. Os jogos de combate organizados por
disputas nas quais o uso do corpo é instrumento de oposição são estremamente
úteis para a descoberta de potencialidades físicas e interação com o outro,
construindo regras de respeito, compreensão das próprias limitações físicas e,
especialmente, incitação ao raciocínio de tomada de decisão imediata e, mais
importante ainda, de modo preciso e exercendo o exercício do cumprimento das
regras de atuação.
 É Importante salientar que o ensino de Lutas propicia e estimula a
ampliação de estudos interdisciplinares. Pode-se dizer que cada civilização possui
uma luta própria. Pode-se usufruir da riqueza de informações, aspectos culturais
e práticas que abrangem a filosofia, a religião, ritualização de costumes,
associação com política e momentos específicos de diversos povos, reorganização
das características de funcionamentodo corpo relacionados com idiomas e
sentidos, matemática, física, química, biologia, anatomia, biomecânica, fisiologia,
geografia, e história, que fazem parte da descoberta de determinada prática de
luta.
 A disciplina de Lutas se constitui, enfim, em uma ferramenta
imprescindível para aplicação nas aulas de Educação Física, trazendo pilares de
formação indispensável para que o indivíduo possa compreender mais
intimamente porque a Luta é um atributo intrínseco da condição humana.
 
Mário Luiz Miranda, 2012
 
Obs: esse conteúdo poderá ser usado apenas para fins acadêmicos se devidamente citado
Como citar essa referência:
Miranda, Mario Luiz. Lutas no Contexto da Educação Física. Sistemas de
discipinas on line UNIP. http://adm.online.unip.br. Curso Educação Física -
disciplina de Lutas, aula:6.Ensino de lutas na Educação Física
escolar / iniciação de habilidades esportivas, 2012. Disponível em
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<colocar o endereço eletrônico de acesso>. Acesso em: colocar dia, mes -
abreviado com três letras, ano.
 
 
Referências e leituras adicionais
BAPTISTA, C. F. dos Santos. Judô. Da Escola a Competição. 2ªedição. Rio de
Janeiro: Sprint, 2000.
 
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais :
Educação física / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF,
1997. 96p.
 
BREDA, M. et al. Pedagogia do esporte aplicada às lutas. São Paulo: Phorte,
2010. 160p.
 
 
CARTAXO, C.A. Jogos de combate. São Paulo:Vozes, 2010.280p.
 
 
CAZETTO, F. C. Lutas e Artes Marciais na Educação Física escolar: a produção
científica do Conpefe 2009. Revista Digital EFDEPORTES, Buenos Aires, ano
14, n. 138, nov. 2009. Disponível em:
<http://www.efdeportes.com/efd138/lutas-e-artes-marciais-na-educacao-fisica-
escolar.htm.> Acesso em 20 dez. 2011.
 
 
 KANO, J. Judô Kodokan / Jigoro Kano: publicado sob a supervisão do
Kodokan Editorial Committee; traduzido por Wagner Bull. São Paulo: Cultrix,
2008.
 
Lutas, Artes Marciais, Modalidades Esportivas de Combate, Brigas –
diferenciações e conceituações. Resenha descrita em:
GOMES, M. S. P. et al. Ensino das lutas: dos princípios condicionais aos grupos
situacionais. Movimento, v. 16, n. 02, p. 207-227, 2010.
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OLIVIER, J. C. Das brigas aos jogos com regras: enfrentando a indisciplina na
escola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
 
SANTOS, S. L. C. Jogos de oposição, ensino das lutas nas escolas. São
Paulo:Phorte, 2012.
 
 
SOARES DE FREITAS, W. S. Lutas: uma proposta na Educação Física Escolar,
capítulo 7, In: SCARPATO, M (Org). Educação Física.Como planejar aulas na
Educação Básica.São Paulo: Avercamp, 2007.
Fotos obtidas de sites de compartilhamento público apenas para
fins acadêmicos.
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