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Disciplina: Fisiologia Humana
Aula 9: Fisiologia do sistema gastrointestinal
Apresentação
A parede do trato gastrointestinal (TGI) contém a mucosa, que inclui o epitélio, a lâmina própria e muscular da mucosa e a
submucosa; a muscular externa, formada pelas �bras musculares longitudinal e circular; e os plexos intramurais
ganglionares, também denominados miontérico e submucoso.
Veri�caremos nesta aula os processos funcionais do sistema gastrointestinal (SGI), que ocorrem através da digestão, e do
TGI, que promove a excreção.
Objetivos
Analisar a organização morfofuncional do SGI;
Identi�car a ocorrência da motilidade no SGI;
Explicar os mecanismos envolvidos no processo de digestão e absorção dos macronutrientes.
Visão geral do sistema gastrointestinal
O trato gastrointestinal (TGI) possui duas maneiras de comunicação com o meio ambiente (cavidade oral e ânus) e é constituído
por órgãos ocos, formando o sistema gastrintestinal (SGI), que, através dos órgãos anexos, lança suas secreções no lúmen do
TGI.
O TGI é composto pelos seguintes órgãos:
 Fonte: snapgalleria / Shutterstock.
Cada uma dessas porções é delimitada por �bras musculares circulares (em forma de anel) denominadas esfíncteres. Listaremos
algumas dessas delimitações como exemplo:
Esfíncter esofágico
superior (EES), na porção
superior da faringe, a
separa do esôfago.
Esfíncter esofágico
inferior (EEI) separa o
esôfago do estômago.
Estômago é separado do
intestino delgado pelo
esfíncter pilórico.
Intestino delgado é
destacado do intestino
grosso (ceco) pelo
esfíncter ileocecal.
A porção �nal do cólon sigmoide termina no reto e, em seguida, no ânus, com seus dois esfíncteres (interno e externo). No sentido
da cavidade oral até o ânus, há os seguintes órgãos anexos do TGI:
   Vesícula biliar
Glândulas
salivares
Pâncreas Fígado (responsável pelo
armazenamento da bile
secretada pelo fígado).
A secreção das glândulas salivares é lançada na cavidade oral, enquanto as secreções provenientes do pâncreas e da vesícula
biliar são lançadas no duodeno, mais especi�camente na região da ampola hepatopancreática (ou de Vater), localizada no início
do intestino delgado (�gura 1).
 Figura 1: Esquema ilustrativo da localização das estruturas que constituem o sistema gastrointestinal. Fonte: (AIRES,
2012)
Todas as secreções, sejam elas produzidas por órgãos anexos ou estômago, intestinos delgado e grosso, atuam no
processamento químico dos alimentos provenientes da ingestão oral. Tal processamento é facilitado pela motilidade do TGI, que
propicia mistura, trituração e progressão do alimento no sentido craniocaudal. A partir daí, o alimento ingerido é degradado em
moléculas menores para facilitar sua absorção ao longo do intestino delgado. Em seguida, elas são transportadas para a
circulação.
O TGI possui um papel importante também na excreção dos produtos dos alimentos que não foram processados ou
absorvidos. (AIRES, 2012, p. 868)
Os substratos energéticos ingeridos durante nossas refeições (carboidratos, gorduras e proteínas) são degradados quimicamente
através de enzimas especí�cas presentes nas secreções do TGI. As gorduras da dieta (triacilgliceróis, fosfolipídios e ésteres de
colesterol), após a hidrólise no TGI, originam ácidos graxos livres, fosfolipídios e colesterol. Esse grupo, por sua vez, é
transportado através do epitélio do intestino delgado até a circulação linfática e, em seguida, a circulação sistêmica.
Além de serem hidrolisados pelas enzimas luminais, carboidratos e proteínas sofrem também hidrólise pelas enzimas da
membrana luminal dos enterócitos no intestino delgado. Essas enzimas são denominadas enzimas da borda em escova.
Portanto, são produtos �nais da hidrólise de:
1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0057/aula9.html
Carboidratos
Hexoses.
Proteínas
Aminoácidos livres, di, tri e
tetrapeptídeos.
 (SILVERTHON, 2010, p. 655)
Atenção
Fazendo uma rápida análise, o sistema circulatório possui uma estreita relação com o SGI, uma vez que todo produto da hidrólise
dos macronutrientes é transportado para o fígado e outros diferentes tecidos, onde será armazenado para promover a
manutenção do equilíbrio energético do organismo.
Além dos três principais macronutrientes (carboidratos, gorduras e proteínas), o TGI também é responsável pela absorção dos
micronutrientes (vitaminas e eletrólitos). Ao longo do dia, cerca de dois litros de água são ingeridos e mais de sete litros são
direcionados para o interior do TGI, o que nos leva a crer que aproximadamente nove litros de água passam pela luz do TGI.
Diariamente, é ingerida uma quantia de 5 a 10 gramas de cloreto de sódio (NaCl).
No entanto, são lançados na luz do TGI aproximadamente 25 gramas de NaCl. Desse modo, considerando que os sete litros de
água secretados correspondem a cerca de 25% da água total do organismo e que 25 gramas de NaCl equivalem a
aproximadamente 15% do NaCl total do organismo, sugere-se que o SGI participa também da manutenção do equilíbrio
hidreletrolítico do organismo, embora muito menos e�cientemente que o sistema renal. (AIRES, 2012, p. 868)
Motilidade, secreção, digestão, absorção e excreção pelo SGI
Revisitando o início desta aula, podemos a�rmar que o SGI desempenha quatro processos para a manutenção da homeostase
energética (�gura 2):
1. Motilidade;
2. Secreção;
3. Digestão ;
4. Absorção e excreção.
2
 Figura 2: Os quatros principais fenômenos relacionados às funções do SGI e suas localizações. Fonte: (SILVERTHORN, 2010).
Motilidade
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0057/aula9.html
Por conceito, ela é realizada através dos movimentos involuntários provenientes da musculatura do TGI, que propicia mistura,
trituração e transporte dos nutrientes até o reto, para que, a partir daí, sejam excretados para o meio ambiente. Observando a
estrutura das paredes do TGI, a musculatura responsável pelo tráfego alimentar encontra-se na túnica muscular (composta pelos
músculos longitudinal e circular). Esta túnica é altamente regulada pela inervação extrínseca e intrínseca do TGI (�gura 3).
 Figura 3: As quatro camadas do canal alimentar, da profunda à superficial, são a túnica mucosa, a tela submucosa, a
túnica muscular e a túnica serosa. Fonte: (TORTORA, 2016)
A inervação intrínseca corresponde ao plexo entérico (PE) ou de Auerbach. O PE é constituído por dois plexos:
Submucoso (localizado na túnica submucosa);
Miontérico (na túnica muscular, entre as camadas longitudinal e circular na túnica muscular).
Como ilustra a �gura 4, a inervação intrínseca é modulada pela atividade do sistema nervoso autonômico (simpático e
parassimpático):
 Figura 4: Organização do sistema nervoso entérico (SNE), que é composto por neurônios dispostos nos plexos
miontérico e submucoso modulados pelo sistema nervoso autonômico (simpático e parassimpático). Fonte: (TORTORA,
2016)
O plexo entérico (PE) controla, principalmente, a motilidade do canal alimentar, particularmente em relação à frequência e à força
de contração da túnica muscular. Neurônios motores, interneurônios e neurônios sensitivos são provenientes do PE. Neurônios
motores do plexo submucoso irrigam as células secretoras do epitélio da túnica mucosa, controlando as secreções dos órgãos
do canal alimentar, enquanto interneurônios interligam os neurônios dos plexos miontérico e submucoso. Já neurônios sensitivos,
que irrigam o epitélio da túnica mucosa, contêm receptores que detectam estímulos no lúmen do canal alimentar. A parede do
canal alimentar contém dois tipos principais de receptores sensitivos:
Quimiorreceptores
Respondem a diferentes estímulos químicos dos
alimentos presentes no lúmen.
Mecanorreceptores
Sensíveis ao estiramento do tecido, são ativados quando o
alimento distender a parede de um órgão do canal
alimentar.
Os neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso parassimpático fazem sinapse com os pós-ganglionares parassimpáticos
localizados no PE. Alguns dos pós-ganglionares parassimpáticos, por sua vez, fazem uma sinapse com neurôniosdo sistema
nervoso entérico (SNE) que inervam diretamente o músculo liso e as diversas glândulas na porção interna da parede do canal
alimentar.
Em geral, a estimulação parassimpática promove aumento de secreção e motilidade por meio da excitação dos neurônios do PE.
Os nervos simpáticos que irrigam o canal alimentar emergem das partes torácica e lombar superior da medula espinal. Como
ocorre com os nervos parassimpáticos, estes simpáticos formam conexões neurais com o SNE. Os pós-ganglionares simpáticos
também fazem sinapse com neurônios localizados nos plexos miontérico e submucoso: em geral, eles inervam o canal alimentar
e são responsáveis pela diminuição da secreção e motilidade gastrointestinal por meio da inibição dos neurônios do PE.
Atenção
Por esse motivo, �cam comprometidas aquelas situações que alterem nossas emoções, como raiva, medo e ansiedade, ou que
gerem algum grau de trabalho ou esforço físico ao organismo, como a prática de exercícios físicos, a digestão e a motilidade.
Nessas circunstâncias, ocorre o estímulo dos nervos simpáticos que deprimem as atividades do canal alimentar. (AIRES, 2012, p.
872)
Secreção
As secreções no SGI compreendem aquelas sintetizadas nos órgãos anexos do TGI bem como as produzidas por estômago e
intestino: elas hidrolisam enzimaticamente os nutrientes, gerando condições adequadas de pH, de tonicidade e de composição
eletrolítica para a digestão dos nutrientes orgânicos.
 Glândulas salivares. Fonte: ilusmedical / Shutterstock.
Salivação
Inicialmente, na cavidade oral, a primeira secreção que se observa é a saliva, um
líquido com eletrólitos e solutos orgânicos secretados pelas glândulas salivares
(parótidas, submandibulares e sublinguais).
Dica
A secreção salivar é importante em vários aspectos, como, por exemplo, a higiene, a saúde e o conforto da cavidade oral.
Podemos observar sua fundamental importância na neuropatia congênita causada por lesão dos VII e IX nervos cranianos, a
xerostomia (característica da boca seca), de modo que os pacientes apresentam infecções crônicas da mucosa oral e aumento
da incidência de cáries nos dentes. (SILVERTHON, 2010, p. 659)
No processo inicial da digestão, os alimentos sofrem uma grande fragmentação mecânica proveniente da atuação dos dentes
durante a mastigação. Além disso, entre as secreções das glândulas salivares, encontramos a presença de duas importantes
enzimas: α-amilase salivar (ou ptialina ) e lipase lingual.
As glândulas de von Ebner da língua são responsáveis pela secreção de amilase salivar e lipase lingual, enzima que atua na
hidrólise dos triacilgliceróis, gerando ácidos graxos livres e monoacilgliceróis. Além da lipase lingual, há também as lipases
gástrica e pancreática, ambas secretadas no estômago. Altamente dependentes de um ambiente ácido (são ativadas em
condições em que o pH se encontra abaixo de 4), as lipases lingual e gástrica realizam atividades denominadas lipases ácidas. Já
a lipase pancreática funciona de maneira oposta: ela é ativada em valores de pH mais alcalinos (entre 8,5 e 9).
O �uxo salivar é regulado pelo sistema nervoso autonômico (SNA). A atividade vagal (parassimpática) das glândulas salivares, por
exemplo, aumenta a secreção do TGI e, por sua vez, da digestão, enquanto a estimulação simpática possui um duplo efeito
(bifásico), pois ela inicialmente eleva a secreção e posteriormente a inibe devido à vasoconstrição. Além do SNA, o �uxo salivar
pode aumentar durante estímulos psíquicos desencadeados pelos órgãos dos sentidos (olfação, gustação, audição e visão) e
diminuir em situações de medo, fadiga e sono. (AIRES, 2012, p. 904)
3
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0057/aula9.html
Deglutição
Após a fase de fragmentação mecânica e enzimática, o bolo
alimentar será direcionado até o esôfago através do ato da
deglutição (engolir), caracterizado por uma ação re�exa criada
pela pressão do bolo alimentar contra o palato mole e a parte
posterior da boca.
Esse aumento de pressão ativa neurônios sensoriais que
levam informações pelo nervo glossofaríngeo (nervo craniano
IX) até o centro da deglutição no bulbo. Ao alcançar o esôfago,
o bolo alimentar é transportado até o estômago através do
esôfago (motilidade), cujo processo de secreção, assim como
a digestão, será continuado.  Fonte: Swallowing and Digestion of Food <https://www.youtube.com/watch?
v=jAP5Biyf7Nc> / AnimatedBiomedical.
Um pouco antes da chegada do alimento a seu destino (quando ele ainda estiver no esôfago), o estômago começa a relaxar e se
expandir. Tal mecanismo é chamado de relaxamento receptivo. O bolo alimentar então passa pelo esfíncter esofágico inferior
(EEI) e atinge a metade superior do estômago, onde ele �cará armazenado.
Atenção
O estômago precisa regular a velocidade na qual o bolo alimentar vai entrar no intestino delgado, principalmente quando
ingerirmos uma quantidade maior de alimentos que a necessária. Se essa regulação não acontecer, o intestino delgado não será
capaz de digerir e absorver toda essa carga alimentar, fazendo com que, por consequência, quantidades relevantes do bolo
alimentar não sejam absorvidas e acabem direcionadas para o intestino grosso. Como o intestino grosso não possui alta
capacidade absortiva, grande parte desse bolo alimentar se transformará em fezes, resultando em diarreia intensa (síndrome de
dumping).
O estômago tem funções secretórias, motoras e hormonais importantes no processo digestivo, já que, para regular a secreção
gástrica, irá secretar:
✓ Ácido clorídrico (HCl);
✓ Mucinas;
✓ HCO ;
✓ Pepsinogênio;
3-
✓ Lipase gástrica;
✓ Gastrina;
✓ Fator intrínseco;
✓ Somatostatina.
O HCl é secretado por células parietais encontradas em maior quantidade nas glândulas de uma região do corpo do estômago
denominada região oxíntica (�gura 5):
https://www.youtube.com/watch?v=jAP5Biyf7Nc
 Figura 5: Diagrama demonstrando a estrutura geral do estômago (A), suas camadas (B) e as células secretoras (C e D). Fonte: (AIRES, 2012)
Ativa, a secreção de H é mediada pelo transporte ativo primário proveniente da H /K ATPase localizada na membrana luminal
das células parietais. Durante crises de re�uxo gastroesofágico, o uso de omeprazólicos é de fundamental importância clínica,
pois eles inibem a atividade desta ATPase. O H e o HCO intracelular provêm da reação da H O com o CO catalisada pela
enzima anidrase carbônica (AC). O Cl atinge o meio intracelular pelo mecanismo de transporte ativo secundário que ocorre
através do contratransporte com o HCO . Uma vez na membrana luminal, o Cl é secretado passivamente até o lúmen gástrico.
Notem que o HCO é reabsorvido para a circulação, fato que gerará o aumento do pH sanguíneo (alcalino) na fase pós-prandial
(�gura 6): (AIRES, 2012, p. 924)
+ + +
+ 3-
2 2
-
3- -
3-
 Figura 6: Diagrama demonstrando a estrutura geral do estômago (A), suas camadas (B) e as células secretoras (C e D).
Fonte: (AIRES, 2012)
A secreção de HCl é estimulada por histamina, gastrina e acetilcolina. Já seus principais inibidores são a somatostatina, as
prostaglandinas e o fator de crescimento epidérmico. Todos esses agonistas têm receptores especí�cos na membrana
basolateral das células parietais. Secretado pelas células principais, o pepsinogênio é ativado pelo HCl, originando a pepsina, uma
endopeptidase. A lipase gástrica hidrolisa ligações ésteres de triacilgliceróis com cadeias curtas e médias de ácidos graxos com
pH próximo a 4.
Ainda no estômago, encontramos nas células gástricas as células G, que são responsáveis pela secreção do hormônio gastrina.
No geral, a secreção de gastrina é estimulada pela presença de:
✓ Aminoácidos e peptídeos no estômago;
✓ Distensão estomacal;
✓ Cafeína;
✓ Re�exos neurais.
Atenção
Pessoas com síndromes de secreção ácida excessiva devem evitar a ingestão de café.
Os re�exos curtos são mediados por um neurotransmissor do SNE chamado de peptídeo liberador de gastrina (GRP). Nos
re�exos cefálicos (intervalo que antecede o período alimentar ao observarmos o alimento e sentirmos seu cheiro),os neurônios
parassimpáticos do nervo vago estimulam as células G para que elas liberem gastrina no sangue.
A digestão enzimática das gorduras é feita por lipases, enzimas que removem dois ácidos graxos de cada molécula de
triacilglicerol (TAG). O resultado é um monoglicerol e dois ácidos graxos livres (�gura 7):
 Figura 7: Etapas de fragmentação dos TAGs, resultando na formação de monoacilglicorol e ácidos graxos livres através
da atuação das lipases e colipases. Fonte: (SILVERTHORN, 2010)
A colipase é muito importante também no processo de digestão dos TAGs. A liberação de sais biliares na ampola
hepatopancreática e no duodeno di�culta a digestão, já que a lipase é incapaz de penetrar nos sais biliares. Por isso, a digestão de
gorduras também requer a colipase, um cofator proteico secretado pelo pâncreas, porque ela consegue deslocar os sais biliares,
permitindo a atuação das lipases nas gorduras.
Enquanto os fosfolipídios são fragmentados pela fosfolipase pancreática, o colesterol livre é absorvido diretamente sem ser
fragmentado. Podemos veri�car que se unem para formar pequenas micelas no formato de discos (�gura 8):
 Figura 8: Etapas de fragmentação dos TAGs que irão resultar na formação de monoacilglicerol e ácidos graxos livres
através da atuação das lipases e colipases. Fonte: (SILVERTHORN, 2010)
Absorção
Conjunto de processos resultante do transporte, através do epitélio intestinal, de nutrientes hidrolisados, água, eletrólitos e
vitaminas da luz do TGI para as circulações linfática e sistêmica. Predominantemente, ocorre no intestino delgado a absorção de:
Todos os produtos da hidrólise dos nutrientes orgânicos;
Vitaminas;
Maior parte da água;
Eletrólitos.
A absorção no delgado se dá, preferencialmente, no duodeno e na porção proximal
do jejuno (nos 100 centímetros iniciais). Outras porções do intestino delgado são
responsáveis pelas seguintes absorções:
Íleo: Alguns substratos, como os sais biliares e a vitamina B12;
Cólon: Menor volume de água, todos os eletrólitos que o alcançam, alguns
produtos da fermentação bacteriana e carboidratos – após não serem digeridos
e absorvidos no delgado – transformados em ácidos graxos voláteis.
Dica
O cólon, que secreta K e HCO , funciona como um reservatório do material fecal, preparando-o para a excreção.+ 3-
Carboidratos
É muito variável a quantidade de carboidratos da dieta humana, pois eles são muito in�uenciados pelos fatores culturais,
geográ�cos e socioeconômicos da população. Normalmente, o consumo de carboidratos possui uma relação inversa com o
poder aquisitivo das pessoas.
Glicose e galactose são absorvidas por transporte ativo secundário (eletrogênico) mediado pelo cotransportador SGLT-1 presente
na membrana luminal (ML). A ML acopla o transporte de uma molécula das hexoses ao de duas moléculas de Na . Já a frutose é
transportada através de duas membranas:
Apical: Por difusão facilitada pelo transportador GLUT5;
Basolateral (MBL): Pelo GLUT2 (�gura 9).
+
 Figura 9: Mecanismos de absorção de glicose, galactose e frutose nas duas membranas do enterócito: ML e MBL.
Fonte: (AIRES, 2012)
Gorduras
Ácidos graxos, monoacilgliceróis e gorduras lipofílicas são absorvidos graças a um mecanismo de difusão simples. Inicialmente,
os sais biliares provenientes do fígado e as secreções pancreáticas são lançados no duodeno pela ampola hepatopancreática,
agrupando-se com os glóbulos lipídicos até haver a atuação de lipases e colipases para a formação das micelas.
Elas inicialmente aderem à membrana luminal; em seguida, as micelas são fragmentadas em ácidos graxos e monoacilgliceróis,
sofrendo difusão simples para o interior da célula (�gura 10):
 Figura 10: Mecanismos de absorção dos lipídeos nas duas membranas do enterócito: ML e MBL. Fonte: (SILVERTHORN, 2010)
Quando os monoacilgliceróis e os ácidos graxos estiverem dentro dos enterócitos, eles serão direcionados até o retículo
endoplasmático liso, onde se agrupam e formam os triacilgliceróis (�gura 10). A partir daí, esses triacilgliceróis se combinam com
colesterol e proteínas, dando início à síntese dos quilomícrons.
Devido a seu peso molecular, os quilomícrons são armazenados em vesículas secretoras pelo aparelho de Golgi. Eles, então,
deixam a célula por exocitose, mas não conseguem atravessar a membrana dos capilares sanguíneos. Por esse motivo,
quilomícrons são absorvidos pelos capilares linfáticos (�gura 10). Aqueles que não forem transportados até os grandes ductos
linfáticos na região torácica entrarão depois no sangue venoso, alcançando o átrio direito.
Em paralelo, os ácidos graxos de cadeia curta (até 10 carbonos) não são agrupados em quilomícrons. Eles geralmente
atravessam a membrana basal dos capilares, sendo direcionados até a circulação sanguínea.
Vitaminas
No intestino delgado, as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) são absorvidas juntamente com as gorduras, enquanto as vitaminas
hidrossolúveis (C e maior parte das vitaminas B) o são através do mecanismo de transporte facilitado.
A vitamina B12 é a grande exceção
A maior parte da vitamina B12 é adquirida por alimentos provenientes de derivados de frutos do mar, carnes e laticínios.
Altamente dependente do fator intrínseco (FI), sua absorção ocorre em grande parte no íleo, onde os ileócitos têm um carregador
especí�co que reconhece essa vitamina complexada para o FI. Nos ileócitos distais, existe um carregador para a B12 que
reconhece esse complexo. Ao provocar uma alteração conformacional da vitamina, ele favorece a formação de um dímero com
duas moléculas de B12 ligadas ao FI.
Complexado ao FI, o dímero liga-se ao receptor e, em seguida, ao receptor, onde a B12 e o FI são endocitados. No meio
intracelular, o FI é dissociado da vitamina B12, que se liga a uma outra proteína: a transcobalamina II. O FI é degradado nos
lisossomos junto ao receptor e à vitamina não ligada à transcobalamina. A vitamina ligada à transcobalamina II sofre exocitose da
MBL do ileócito, entrando na circulação porta. (SILVERTHORN, 2010, p. 682)
 Figura 11: Mecanismo de absorção da vitamina B12 na porção distal dos ileócito. Fonte: (SILVERTHORN, 2010)
Proteínas
No intestino delgado, encontram-se de 35 a 200 gramas de proteínas que não são provenientes da dieta (endógenas). Elas são
resultado de:
Fragmentação de células;
Muco;
Outras secreções provenientes do SGI.
Atenção
As proteínas observadas nas fezes são originadas do próprio intestino grosso.
 Fonte: Design_Cells / Shutterstock.
Essas proteínas são totalmente digeridas e absorvidas pelo SGI. As enzimas que atuam na digestão das proteínas são
classi�cadas em dois subtipos:
Endopeptidases Exopeptidases
Comumente chamadas de proteases, as endopeptidases fragmentam ligações peptídicas no interior da cadeia de aminoácidos e
quebram uma cadeia polipeptídica em fragmentos menores.
Exemplo
Destacam-se a pepsina secretada pelo estômago e a tripsina e a quimotripsina secretadas pelo pâncreas.
Por outro lado, as exopeptidases fragmentam aminoácidos livres provenientes de dipeptídeos. Aquelas que agem na extremidade
aminoterminal são denominadas aminopeptidases, enquanto as que atuam na extremidade carboxiterminal são chamadas de
carboxipeptidases. Destacam-se neste grupo as exopeptidases pancreáticas.
Os produtos resultantes da fragmentação das proteínas aparecem em três formas:
Aminoácidos livres Dipeptídeos Tripeptídeos
Devido à grande variedade da fragmentação das proteínas em aminoácidos, é possível observar múltiplos sistemas de transporte
de aminoácidos que ocorrem no intestino delgado, como o mecanismo de cotransporte com o Na . Além desse mecanismo, os
dipeptídeos e tripeptídeos são carregados até os enterócitos pelo transportador de oligopeptídeos PepT1, que usa o cotransporte
dependente de H .
No interior das células epiteliais, os oligopeptídeos possuem duas rotas distintas. A maior parte é fragmentada no meio
intracelular em aminoácidos; em seguida, eles são transportados pela membrana basolateral e pela circulação. Oligopeptídeos
remanescentesque não forem fragmentados são transportados de maneira intacta através da membrana basolateral pelo
trocador dependente de H . Graças ao transporte responsável pela absorção dos oligopeptídeos, há o deslocamento de muitos
fármacos:
+
+
+
Antibióticos
β-lactâmicos
Inibidores da enzima conversora de
angiotensina
Inibidores
da trombina
Atividade
1. Quais enzimas são secretadas pelo pâncreas e participam do processo de digestão de proteínas?
a) Tripsina e pepsina
b) Ptialina e tripsina
c) Bile e quimiotripsina
d) Tripsina e quimiotripsina
e) Pepsina e colecistoquinina
2. Após a digestão das proteínas no sistema digestivo humano, os aminoácidos passam para a corrente sanguínea. É correto
a�rmar que, no organismo, a absorção de aminoácidos ocorre no:
a) Estômago
b) Fígado
c) Intestino delgado
d) Intestino grosso
e) Pâncreas
3. Os sais biliares provenientes do fígado e as secreções pancreáticas são secretados em qual região do TGI?
a) Pelas células parietais no estômago.
b) Na ampola hepatopancreática no duodeno.
c) Através do esfíncter pilórico.
d) Na porção inicial do estômago.
e) Pelos ileócitos em sua porção distal.
Notas
Excreção 1
Excreção é a eliminação fecal dos produtos não digeridos e/ou não absorvidos.
Digestão 2
Digestão é a fragmentação dos macronutrientes pelas enzimas digestivas luminais e da borda em escova do intestino delgado,
além da secreção de água, íons e enzimas digestivas pelas glândulas salivares e gástricas, pelo pâncreas e pela vesícula biliar e a
absorção intestinal graças ao transporte dos produtos da fragmentação de macronutrientes, água, íons e vitaminas do lúmen
intestinal para as correntes sanguínea e linfática através da mucosa intestinal.
Ptialina 3
A ptialina é sintetizada pelas células acinares, que são responsáveis pela hidrólise das ligações glicosídicas presentes nas cadeias
polissacarídicas (digestão inicial dos carboidratos). Devido à grande atividade e�ciente dessa enzima, os polissacarídeos são
reduzidos a dissacarídeos (maltose) e trissacarídeos (maltotriose), além de ser formada também uma quantidade relevante de
monômeros de glicose. (SILVERTHORN, 2010, p. 660) Portanto, a ptialina hidrolisa possui cerca de 75% dos carboidratos. O
restante é hidrolisado pela amilase pancreática, que é secretada em grande quantidade pelas células acinares do pâncreas.
Referências
AIRES, M. M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
COSTANZO, L. S. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de �siologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana – uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Próxima aula
Organização morfofuncional dos néfrons renais;
Papel dos rins no controle da osmolaridade, do equilíbrio hidroeletrolítico e do equilíbrio ácido-básico;
Função dos rins no controle da pressão arterial.
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Sugestão de vídeo: Vídeo sobre saciedade e apetite <https://www.youtube.com/watch?v=6iJfV5GVQWY> .
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