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Um Sonho de Liberdade - 05 horas

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UM SONHO DE LIBERDADE
O filme “Um sonho de liberdade” traz um enredo dramático que enfoca, primeiramente, a dicotomia “prisão e liberdade”. Suas primeiras cenas são: a descoberta de Andy da traição de sua esposa, o assassinato dela e do amante e a prisão dele – Andy – acusado do duplo homicídio. Ele foi condenado por lhe acusarem de ter pronunciado a frase: “Vou vê-la no inferno, antes de vê-la em Reno”. Inocente ou não, recebeu a pena máxima, perpétua, duas vezes.
Nessa primeira cena, destaca-se a contradição entre o bancário (Andy) e o golfista (Quenny, amante). Pelas profissões, pode-se depreender que o primeiro exerce uma profissão que exige muita concentração e um grau de intelectualidade altíssimo – como foi comprovado no decorrer do filme; por isso, mais sedentária. Enquanto a profissão de Quenny exige dinâmica com o corpo, proporcionando menos tensão. Daí, percebe-se o antagonismo entre os dois personagens e a preferência da esposa pelo amante, o qual mostra-se mais propenso para a firmação da sexualidade.
Logo depois, vê-se a entrada no presídio, um momento constrangedor em que os presos são expostos aos veteranos. Aqueles são lavados, têm os cabelos raspados e caminham despidos dentro da prisão. Neste momento, presencia-se mais intensamente a bifurcação: prisão e liberdade. Percebe-se que há uma destruição da identidade deles, que passam a caracterizarem-se como seres sem rostos, cidadãos excluídos da sociedade e entregues a violência.
Nesse ínterim, infere-se que são criados outros seres, os quais tentam sobreviver como podem. Red diz “A vida lá fora desaparece num piscar de olhos”. Também, outras dicotomias surgem: inclusão e exclusão, homogeneidade e heterogeneidade. Na primeira, averigua-se que, no momento em que as celas são fechadas, outras roupas pessoais – fardas – são dadas, os detentos caem na realidade. Alguns, não suportando, gritam e choram, provocando um comportamento agressivo por parte dos guardas.
Os detentos pairam entre a exclusão da sociedade e a inclusão no novo ambiente. Há os que não conseguem ser aceitos pelos veteranos ao desejarem manter suas antigas identidades; por exemplo, Andy – o qual é violentado em sua masculinidade. Abusado sexualmente por Bogs, ora apresenta-se inconformado, ora submisso.
Na segunda, tanto as regras do presídio – nas quais, a primeira é “Não blasfemar” – quanto nas palavras do diretor: “Acredito em duas coisas: na disciplina e na Bíblia” realçam o anseio de domar os sentimentos dos presos, forçando-os a manter a falsa ideia de devotos, ou seja, de corpos dóceis (Foucault, 2005), facilmente manipulados. Todavia, Andy não aceita as imposições da prisão, com maestria transforma o meio, sem afetar a ordem pré-estabelecida pelo diretor.
Dentre as várias personagens, Andy Dufresne pode ser considerado inteligente e centrado, o qual perde sua liberdade por falta de um álibi e pela incapacidade da justiça de averiguar os fatos minuciosamente. Este personagem constitui-se o mais manipulador da trama; haja vista que consegue desviar a atenção de todos de suas reais intenções: libertar-se.
Ele utiliza a Bíblia como aliada; pode-se averiguar esse fato quando utiliza as mensagens bíblicas para persuadir seus oponentes; o diretor, em especial. O diálogo inicial dele é suscito, mas inflamado de energia: “Marcos 13: 35 – Vigiai, pois porque não sabes quando virá o senhor da casa se à tarde, se à meia noite, se ao cantar do galo, se pela manhã”; “João 8: 18 – Sou eu quem dou testemunho de mim mesmo, e o pai que me enviou dá testemunho de mim”. Esses dois versículos podem ser plurissignificativos; por um lado, representar a liderança de Norton, como homem de Deus, como é pregado por ele mesmo; por outro, demonstrar a inferioridade humana diante das leis de Deus; ainda, mostrar que Norton era o maior blasfemador, visto sua personalidade corrupta.
Ele pode ser considerado revolucionário e determinado em seus objetivos, pois aceita as regras, todavia muda-as com ações conciliadoras; as quais não são vistas como ofensivas e perigosas. Ao aceitar a imposição do diretor em desviar o dinheiro doado ao presídio, consegue velar seu intuito, ao mesmo tempo em que consegue benefícios pessoais e respeito de todos, companheiros e guardas do presídio.
Circulando tanto no espaço das autoridades quanto no dos detentos, Andy, de forma inteligente, adota papéis, como: de psicólogo institucional, pois se auto-analisa e procura crescer no processo; também, auxilia os amigos na busca de si mesmos, da realização cidadã e do resgate de uma nova identidade, mais consciente e responsável.
Outra personagem é Red, ladrão condenado, que se torna o melhor amigo de Andy. Ele, na prisão, é detentor de um status, consegue satisfazer o desejo de alguns presos, traficando – para dentro do presídio – objetos requisitados por eles; por isso, é importante. Essa personagem deseja ardentemente a liberdade (pedia para a pena ser revista de dez em dez anos), todavia a teme, pois não saberia o que fazer com ela.
Red figura como um ser que se encontra em conflito, porque se sente preso ao ambiente do presídio ao mesmo tempo em que quer e rejeita o mundo fora dele. Ele paira entre a coragem e o medo; o conhecido e o desconhecido. Ele é um exemplo de pessoas que resistem a mudanças, pelo medo da não adaptação. A história é narrada sob a visão dele, o qual se mostra, no decorrer da trama, como um filósofo e analista da situação humana. Uma de suas frases mais significativas foi dita no momento em que estavam fora da prisão, consertando o telhado de uma casa, sendo agraciados com algumas cervejas, doadas pelo sargento como pagamento por Andy ter lhe ajudado no imposto de renda: “Era como impermeabilizar o telhado de nossas casas”, a qual mostra a necessidade patente do ser em se sentir humano, respeitado e sensível.
Brooks é um réu idoso que se encontra preso há cinqüenta anos na prisão de Shawshank. Este, ao ser liberto, não consegue se desvincular do ambiente penitenciário, pois já estava institucionalizado e tinha seu corpo docilizado. Seu amigo mais íntimo era Jake, um pássaro. Como última tentativa, para permanecer na prisão, pratica um ato de agressão contra um colega; mas é impedido por Andy e Red; tendo que voltar ao convívio da sociedade.
Aos ex-presidiários – na condicional – é oferecida um sub-emprego e um local para se alojar. Brooks, por não conseguir se adaptar a essa nova situação, suicida-se; antes, escreve uma carta aos amigos contando como se sentiu no novo ambiente. Pode-se conferir que as dicotomias – estático e dinâmico, juventude e velhice, prisão liberta e liberdade vigiada – estão presentes.
A sociedade, quando ele foi preso, era mais estática; quando foi liberto, havia se modificado, tornado-se mais dinâmica. O mundo da prisão era estável, tranqüilo; diferente do ambiente que se apresentava a ele naquele momento. Ao sentir-se velho para se adaptar a essa nova realidade, percebeu-se que sua prisão representava liberdade, pois movimentava-se sem ser molestado e criticado; a liberdade de agora era fictícia, pois permanecia preso às regras estabelecida aos detentos. Havia, portanto, assimilado a identidade dos prisioneiros.
  Norton, o diretor do presídio, outro personagem marcante, era corrupto e utilizava a imagem de um asceta para castigar os presos e ganhar dinheiro fácil. Era um destruidor dos valores e da moral positiva. A Bíblia era seu álibi em defesa dos bons costumes; no entanto, seu ethos (Mangueneau, 2005) realçava a ideia de escravo do poder, do sistema capitalista, da ilusão dos prazeres mundanos. A frase “A salvação vem de dentro” ratifica o seu caráter dúbio, o qual pairava entre: a lucidez e a loucura; a sensibilidade e a agressão; a humildade e a soberba.
A última personagem em realce era Randall Stevens, um personagem fictício, criado por Andy para desviar o dinheiro sujo que o diretor ganhava; essa personagem representava um objeto, sem identidade e sem personalidade; ele caracteriza-se como a concretização e materialização da sociedade capitalista.
Apósa exposição das personagens, faz-se mister descrever o cenário e a trilha sonora. Pode-se perceber que entre ambos não há uma ligação explícita, pois o cenário triste e escuro do presídio contrasta com a música clássica (Marriange of Fígaro, de Mozart), apesar dela apresentar um drama no castelo do Conde de Almaviva, senhor infiel que tenta seduzir Susanna, que está comprometida com Fígaro; no final da ópera, o quarteto afirma seu compromisso de amor, pois o Conde descobre que a mulher que ama é sua Condessa e Fígaro casa-se com Susanna.
Confere-se que o drama apresenta mais uma dicotomia, enfocada no filme: fidelidade e infidelidade. A primeira refere-se à moral ilibada, ao aprimoramento do ser humano, e a outra a perversão dos valores e do respeito pelas outras pessoas. A fidelidade, no longa metragem, legitima-se na troca de favores entre os detentos, os quais têm como regras apostar somente cigarros; também, nunca denunciar um companheiro, com a pena de ser excluído, se assim o fizer.
Quanto ao cenário, verificou-se ser, quase sempre sombrio e escuro. No momento em que Andy descobre a traição da esposa, era noite. Ele estava bêbado e desesperado. No presídio, mesmo de dia, não havia muita luz, representando o inferno mental em que viviam os detentos e o desequilíbrio, marcado pela violência, que pairava sobre o local. A luz vai surgir apenas no final, quando Andy foge, indo para uma ilha no México.
Os detentos sempre repetem que são inocentes; daí nasce: culpado e inocente. Este por se sentirem iguais em delitos e culpados por terem sido punidos pela justiça; independente da transgressão que cometeram se homicídio, assalto ou estupro.  Foucault (2005) retrata que há várias formas de punir; uma das mais ilegais é destruir a identidade do ser humano; vigiando-o e docilizando o seu corpo.
A simbologia encontrada ora é explícita, ora é implícita. Acredita-se que as cinco personagens descritas representam símbolos da sociedade: Andy – a liberdade, Red – os seres humanos, Brooks – a prisão, Norton – o poder e Randall Stevens – o capitalismo. Pode-se observar que eles se completam; já que, na atualidade, consoante Hall (1998), o ser humano encontra-se em crise de identidade na sociedade capitalista, pois está fragmentado; a identidade é uma “celebração móvel”, formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais são representados e interpelados nos sistemas culturais que rodeiam os seres humanos.
Defende-se, então, que a prisão e a liberdade são termos relativos, pois um pode, em determinado momento, representar o outro; enquanto, os seres humanos – centro da sociedade – buscam, quase desenfreadamente, o poder que emana do capitalismo. Pode-se, a partir dessa reflexão formar um círculo que se completa e que se sucede; uma espécie de “cadeia social” que se fecha em si mesma.
Os argumentos utilizados pelas personagens deixa entrever a existência dessa ligação simbológica. Ratifica-se, dessa forma, a existência de outros símbolos advindos dos anteriores e complementares deles, respectivamente, como as metas, os conflitos, a vulnerabilidade, a vaidade e o ideal. São várias as ideologias surgidas a partir daí; o tema sugere “é necessários construir metas coerentes”; já o enredo enfatiza: “A sociedade é corrupta e corruptível”, “vive-se em uma era em que os valores morais, muitas vezes, são substituídos pelos valores monetários”, “o suicídio é um fato social e é coletivo”, “Há vários tipos de prisões: a do eu (interior) e as sociais (exteriores)”, “A esperança e a persistência são formas de vencer os desafios”.
Confere-se, portanto, que o filme é um drama que tem um caráter filosófico e psicológico, pois trabalha com os limites humanos; enfocando vários setores, como: vida pessoal, vida familiar, vida profissional, vida social, vida política – hierarquias – e vida cultural – ler, assistir a filme, jogar xadrez, ouvir música etc.
Quanto à intertextualidade, o filme resgata mito de Er, escrito por Platão, na obra República; em que, ao morrer, as almas deviam pagar por todas as injustiças cometidas; elas recebiam uma pena de viajar por baixo da terra, em sofrimento, até serem dispensadas quando estivessem curadas de suas maldades e estivessem expiando totalmente seus débitos. Outro fato é que a pena de cada injustiça era paga dez vezes mais. Andy não matou a esposa e o amante dela, mas teve a pretensão de fazê-lo; por isso, pagou, não pelo ato, mas pelo desejo, em quase vinte anos. No filme, ele demonstrava-se culpado, passou por um túnel impuro e imundo e saiu do outro lado, puro e limpo para recomeçar outra vida.
Ao dizer que todo texto se constrói como um “mosaico de citações” de outros textos, Kristeva (1974) explicita que os eventos situam-se na história e na sociedade, por isso o autor vive na história e a sociedade se escreve no texto. O filme dirigido por Frank Darabont foi adaptado da obra “Quatro Estações” (está possui quatro contos, dentre eles, Rita Hayworth e a redenção de Shawshank, em que foi baseado o filme), de Stephen King, a qual trata de problemas cotidianos.
O conto e o filme possuem pontos de confluência que são as idéias de humanismo, coragem, lealdade, amizade, esperança, liberdade e segregação da sociedade. Eles dialogam com a Bíblia, com as idéias de ética, com o capitalismo, com a globalização, com as fraquezas humanas, com os problemas sociais – representados pela desigualdade social e cultural, pelo suicídio e homicídio – com os direitos e deveres dos seres humanos.
As cores expostas nas cenas fazem uma alusão à Idade Medieval, em que os seres humanos viviam em conflito existencial, pairando entre o teocentrismo e o antropocentriso; o primeiro representado pela adoração a Deus e a ética cristã, neste, as pessoas pautam-se nas leis bíblicas para controlar e docilizar os outros. O antropocentrismo configurar o desejo do ser se reafirmar, criar uma identidade e se fazer respeitar pelos outros. Pode-se observar pela cor das roupas dos presos que os tornam iguais diante das autoridades maiores, que são os guardas e o chefe da penitenciária. A hierarquia na prisão é um fator destacado pela vestimenta, como se averigua nos guardas, dependendo do posto que ocupam; enquanto o chefe apresenta-se diferenciado dos demais.
Stephen King faz uma metalinguagem da obra “J´accuse” de Èmile Zola; nesta, Dreyfus é condenado injustamente por um sistema judicial corrupto e de uma opinião pública manipulada pela mídia; ele foi condenado a prisão perpétua com base em provas falsas. Apesar desta história mostrar um outro víeis, que Dreyfus foi condenado por ser judeu, as duas histórias mantêm pontos convergentes quanto à corrupção dos valores e da ética jurídica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos Concluir que a liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada”. As palavras do filósofo suíço podem soar forte, mas ao questionarmos situações em que há cerceamento de liberdade, podemos perceber o quanto ela faz sentido.
Ao perder a liberdade o indivíduo parece desconectar-se com a essência que o torna livre e, assim, retornar a situação em que se é livre pode ser extramente complexa, seja qual for a situação de falta de liberdade que o indivíduo se encontre.
Essa situação é retratada no filme “Um Sonho de Liberdade” (The Shawshank Redemption) do diretor Frank Darabont, em que um banqueiro é condenado à prisão perpétua após matar sua mulher e seu amante. Esse banqueiro é Andy Dufresne (Tim Robbins), sujeito meio tímido, meio calado, mas extremamente erudito. Com o seu jeito Andy vai aos poucos modificando o lugar, sobretudo, por ajudar Norton (Bob Gunton), o diretor da prisão, com as suas habilidades contábeis. O sujeito tímido também faz amigos na prisão, em especial, Red (Morgan Freeman), o qual é o narrador-filósofo da história.
Na prisão, vamos conhecendo cada personagem e percebemos a humanidade que os forma, de tal modo que rapidamente nos aproximamos deles, bem como, nos acostumamos com as grades e muros da prisão. Como diz Red em determinado momento – “A vida na prisão consiste emrotina e mais rotina” – e, assim, somos transportados para a prisão, como se estivéssemos ao lado de Andy e Red. Esse sentimento de pertencimento não se dá somente pela boa construção dos personagens e pela empatia que sentimos, mas também pelo modo realista que a prisão é retratada, cheia de muros, grades, guardas e escuridão.
Desse modo, a trama desde o inicio busca questionar o sistema prisional e o seu “modus operandi”. Ou seja, de que forma aquele sistema prisional vê os presos e como se busca a restauração dos delinquentes. Já inicialmente, percebemos a maneira que os presidiários são submetidos ao ridículo perante os demais e a violência que sofrem caso “perturbem” a ordem posta naquele local. Esses dois elementos são utilizados como forma de despersonalização e domesticação dos presidiários, a fim de que se acostumem com a prisão e se tornem institucionalizados, como bem observamos no cartão de visita dado pelo Capitão Hedley (Clancy Brown), ao ser indagado por um preso sobre o horário da comida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão. Causas e Alternativas. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
GOFFMAN, Erving. Manicômios, Prisões e Conventos. 7ª ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001.
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

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